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Cicatrizador Personalizado em Resina Composta: Uma Técnica de Provisionalização

Article  in  The International Journal of Oral and Maxillofacial Implants · March 2019

DOI: 10.20432/jomi44

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Andrea Son
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 Edição em Português Miquelleto et al

Cicatrizador Personalizado em Resina Composta: Na data da cirurgia, o paciente recebeu anestesia

troncular alveolar inferior, bucal e lingual no lado direi-
Uma Técnica de Provisionalização to. Após a confirmação do efeito anestésico, foi realizada
uma odontosecção com broca 702 em alta rotação e ir-
Danilo E. Calgaro Miquelleto1/Ricardo Morita2/Andrea Son3 rigação com solução salina, seguida de perfuração intra-
-septal com broca lança antes da remoção das raízes (Fig
3). Em seguida, foi realizada uma incisão intrassulcular e
Um estudo clínico observacional avaliou a cicatrização da região do elemento 46 após exodontia. O intrapapilar na região do elemento afetado com lâmina
indivíduo foi submetido a uma exodontia atraumática para remoção do elemento dental condenado a fim 15C e descolamento periosteal na face tecidual vestibular
de preservar a arquitetura óssea e instalação do implante osseointegrado. Selecionou-se um munhão para realização da exodontia. O tecido vestibular e lingual
universal que foi instalado para a altura protética do caso preconizando a filosofia one-abutment one- queratinizado do paciente encontrava-se extremamen-
time, onde um cicatrizador personalizado foi confeccionado capturando um cilindro provisório com resina te frágil, causando lacerações teciduais durante as ações
do tipo flow, mantendo as medidas dimensionais aproximadas do elemento dentário que foi removido. Foi
exodônticas preconizadas ao caso. Após o elemento ter
sido removido, foram realizadas as fresagens para a recep-
realizado um acompanhamento clínico de pós-operatório de 10 e 35 dias após a cirurgia. O objetivo do
ção de um implante cônico de conexão tipo cone- morse,
artigo foi estudar a manutenção do arcabouço gengival lacerado, sem o risco de perda do implante devido que foi estabilizado com 50N (Fig 4). Um munhão univer-
ao contato oclusal durante a provisionalização. Int J Oral Maxillofac Implants - edição em português sal foi selecionado e instalado para a altura protética do
2019;1:xxx–xxx. doi: 10.20432/jomixxx. caso preconizando a filosofia one-abutment one-time (Fig
5) e, em seguida, um cicatrizador personalizado foi feito
Palavras-chave: cicatrização, gengiva, implantes dentários, osseointegração capturando um cilindro provisório com resina do tipo
flow, mantendo as medidas dimensionais aproximadas
do elemento dentário que foi removido (Fig 6). O cica-
trizador personalizado foi devidamente polido em sua
face interna fora da cavidade bucal (Fig 7) e instalado com
uma gota de cimento provisório após a inserção de en-
xerto particulado bovino nos alvéolos (Fig 8). O excesso
de cimento foi removido ainda com o retalho aberto, fa-
cilitando a visualização. Uma pequena fenda foi realizada
na parte superior do cicatrizador, acomodando uma su-
tura de contenção tecidual para evitar recessões (Fig 9).
Foi realizado o acompanhamento pós-operatório
de 10 (Fig 10) e 35 dias (Fig 11). Nos acompanhamen-
tos foram notadas acomodação e manutenção tecidu-
al adequadas e comparáveis ao quadro pré-operatório,
bem como a presença das papilas interproximais.
Quatro meses após a cirurgia inicial, foi realizada a
moldagem do caso usando um transfer personalizado
com resina do tipo flow para melhor captura dos tecidos
(Figs 12 e 13). No modelo em gesso pode ser notado o
perfil de emergência gengival adequado para a recepção
de uma prótese em cerâmica (Figs 14 e 15). Um provisório
foi confeccionado em resina acrílica, devidamente polido
e instalado com cimento provisório (Fig 16). A prótese foi
ajustada em relação à oclusão do paciente (Fig 17). Poste-
riormente, optou-se por manter em resina, pois o pacien-
te decidiu iniciar terapia ortodôntica (Figs 18 e 19).

O s protocolos de reabilitação com implantes dentá-

rios estão cada vez mais voltados para a manuten-
ção dos tecidos periodontais e peri-implantares. Diante
disso, é necessário que os profissionais procurem sem-
pre por possíveis melhorias que podem ser emprega-
das, caso a caso, para que esses efeitos sejam sentidos.
No início da Implantodontia, o período de 3 a 6
meses era preconizado para obtenção de sucesso na
osseointegração. O tempo de cicatrização, na ausência
da carga oclusal, era considerado necessário para ob-
ter índices de sucesso nos tratamentos de reabilitação
oral com implantes.
O avanço dos protocolos cirúrgicos para cirurgias de
implantes tem evoluído para aumentar a satisfação dos
pacientes alcançando, de forma contínua, suas expec-
tativas com um menor tempo de atendimento, melho-
ria estética e conforto.1
1Graduação em Odontologia pela UFPR, Curitiba, Paraná;
Especialista em CTBMF pela ABOPG; Mestrando em
Implantodontia pela UNG, São Paulo, SP, Brasil.
2Graduação em Odontologia pela Pontifícia Universidade Católica
do Paraná, Curitiba, PR, Brasil; Especialista em Prótese Dentária
pela Faculdade Sete Lagoas, Sete Lagoas, MG, Brasil.
3Graduação em Odontologia pela Universidade Paulista de São
Paulo, SP, Brasil; Especialista em Prótese Dentária pela FFO-
FOUSP, São Paulo, SP, Brasil; Mestranda em Implantodontia
pela UNG, São Paulo, SP, Brasil.
Correspondência para: Danilo E. Calgaro Miquelleto, Av. Brasil,
141, Jardim Paulista, São Paulo - SP.
CEP 01431-000. Tel: (41) 9628-5994.
Email: danilocalgaro@yahoo.com.br
É muito importante a criação de uma aparência natu-
ral da restauração no sítio desdentado. A coroa provisória
é essencial para a manutenção do tecido mole e a forma-
ção da papila interproximal, mas sua presença nos pro-
cessos mastigatórios pode levar a uma sobrecarga oclusal
no implante recém-colocado, aumentando seu índice de
falha.2 É importante que o provisório não faça pressão
sobre a gengiva pois poderia causar uma recessão gen-
gival. Posteriormente, a coroa permanente mimetizaria a
cor natural e a forma do dente de forma simétrica.
O objetivo do presente artigo foi estudar a manu-
tenção do arcabouço gengival lacerado, sem o risco
de perda do implante devido ao contato oclusal du-
rante a provisionalização.
RELATO DE CASO
Fig 1   Radiografia panorâmica do paciente, confirmando a fratura do elemento 46.
Paciente T.J.D.M., 28 anos, gênero masculino, com saú-
de plena. Apresentou-se aos nossos serviços com quei-
xas álgicas no elemento 46. Ao exame clínico realizado,
notou-se quadro de fratura coronal seccionando o
dente na porção de furca. Foram solicitados um exame
radiográfico do tipo panorâmico e uma tomografia he-
mi-mandibular do lado direito. Nos exames de imagem
(Figs 1 e 2) notou-se a confirmação da fratura, bem
como uma lesão apical na raiz mesial.
Um planejamento foi realizado para o caso de próte-
se implantossuportada com retenção cimentada sobre
um munhão universal. Para esse caso foi selecionado
um implante de conexão tipo cone-morse. Fig 2   Tomografia hemi-mandibular do lado direito do paciente, lesão apical na raiz mesial.

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Miquelleto et al Edição em Português Edição em Português Miquelleto et al

Figs 9   Uma pequena fenda foi realizada na parte superior do Fig 10   Pós-operatório de 10 dias.
cicatrizador, acomodando uma sutura de contenção tecidual
Figs 3   Odontosecção com broca 702 e perfuração intra-septal Figs 4   Instalação do implante cônico de conexão tipo cone-morse. para evitar recessões.
com broca lança antes da remoção das raízes.

Fig 11   Pós-operatório de 35 dias. Fig 12   Transfer personalizado com resina do tipo flow para me-
Figs 5  Munhão universal selecionado e instalado para a Figs 6   Confecção do cicatrizador personalizado com captura de lhor captura dos tecidos.
altura protética. um cilindro provisório com resina do tipo flow respeitando o espa-
ço dimensional do elemento extraído.

Figs 7   Cicatrizador personalizado sendo polido em sua face Fig 8   Inserção de enxerto particulado bovino nos alvéolos. Fig 13   Quatro meses após a cirurgia inicial, foi realizada a mol- Fig 14   Perfil de emergência gengival adequado para a recep-
interna fora da cavidade bucal. dagem do caso usando um transfer personalizado. ção de uma prótese em cerâmica.

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 Miquelleto et al Edição em Português Edição em Português Miquelleto et al

DISCUSSÃO Em casos subgengivais com tecido espesso, o ci-

Fig 15   Perfil de emergência gengival adequado.
Fig 17   Provisório com ajuste oclusal realizado, polido e insta-
lado com cimento provisório.
Fig 19   Radiografia periapical final do elemento 46.
Fig 16   Provisório confeccionado em resina acrílica.
Fig 18   Aspecto final da prótese provisória em resina acrílica
instalada.
A qualidade dos materiais restauradores e do desenho
dos implantes tem progredido de acordo com o aumen-
to da demanda dos pacientes quanto aos protocolos de
tratamentos mais rápidos, com menor quantidade de
cirurgias, menor morbidade e melhores resultados esté-
ticos.2 Dentre as principais solicitações dos pacientes
está a possibilidade de colocação de uma prótese logo
após a colocação do implante. Para isso, a maior parte
dos fabricantes de implantes tem introduzido compo-
nentes estéticos como pilares de zircônia ou pilares pro-
visórios com colorações que simulam a cor dos dentes.
Além da estética, esses tipos de pilares têm a importante
função de manter a forma e a manutenção da arquitetu-
ra gengival ao redor do dente/implante.
A colocação de implantes imediatos proporciona uma
alta previsibilidade. Cirurgicamente, a técnica sem aber-
tura de retalho tem importância na manutenção do teci-
do mole em comparação com as cirurgias com abertura
de retalhos na preservação óssea.5 Essa cicatrização está
associada com a interrupção da vascularização da área.
Estudos demonstraram altos níveis de sucesso em
implantes colocados em sítios com extração imediata
dos dentes.1 No estudo de Kan et al.7, houve um índi-
ce de sucesso de 100% para os 35 implantes colocados
imediatamente após a extração dos dentes.
Um estudo com 48 implantes colocados na região
posterior da mandíbula concluiu que a presença dos
abutments colocados logo após a cirurgia resulta em
uma redução significativa da remodelação óssea hori-
zontal ao redor dos implantes imediatos. Os implantes
foram imediatamente colocados e restaurados com
um abutment definitivo e acompanhados por 18 meses
com resultados radiográficos.5,6
Os implantes imediatos possuem diversas vantagens,
como a redução do número de intervenções cirúrgicas e a
diminuição do tempo de tratamento. O osso alveolar após a
extração apresenta maior resistência à reabsorção e a esté-
tica do tecido mole pode apresentar melhor manutenção.3
Bilhan4 obteve excelentes resultados estéticos e res-
posta dos tecidos moles com o uso de abutments me-
tálicos. O uso de abutments metálicos reduziu os custos
e poderia ser uma opção em comparação com as solu-
ções em zircônia para próteses permanentes e pilares
temporários para a provisionalização.
mento residual poderia causar infecção. As soluções
parafusadas poderiam ser uma alternativa.
O equilíbrio biológico alcançado pela câmara obtida
no protocolo protético seria um dos principais fatores
dos resultados favoráveis apresentados e a manuten-
ção é importante para o sucesso a longo prazo.
Barone et al.1 verificaram, em seus estudos, que quan-
do houve falhas elas ocorreram nos sítios com implantes
imediatos logo após a extração dos dentes, concluindo
que há maiores índices de riscos e falhas para esses ca-
sos. Para tanto, os resultados dos estudos deveriam ser
interpretados com cautela pela grande variedade de re-
sultados existentes nos estudos de acordo com a área de
tratamento, tipo de implante utilizado, critério de seleção
dos pacientes e protocolo de ativação dos implantes.
CONCLUSÃO
A confecção do cicatrizador personalizado, principal-
mente para casos unitários logo após a cirurgia, reduz
os custos e pode apresentar resultados estéticos promis-
sores. A indicação correta, boa técnica cirúrgica e o uso
de um protocolo protético são fatores importantes para
o sucesso da estética na terapia cirúrgica de implante.
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