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Caso Clínico

Pino Anatômico – Relato de Caso Clínico


Prof. Dr. Frederico dos Reis Goyatá 1 - Prof. Orlando Izolani Neto 2

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Doutor em Prótese, Professor Adjunto I e Coordenador do É de suma importância o condicionamento dos
Curso de Odontologia da Universidade Severino Sombra (USS) pinos e sua silanização, para promover uma adesão
– Vassouras-RJ Coordenador dos Cursos de Pós Graduação
(Aperfeiçoamento e Especialização em Prótese da EAP- ABO interfacial, principalmente em região para confecção
Barra Mansa-RJ de núcleo (Khanverdi, 2011; Sumitha, 2011).
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Professor de Clínica Integrada do Curso de Odontologia da USS.
Este trabalho tem por objetivo relatar um caso
Introdução clínico demonstrando a técnica de confecção do pino
anatômico, utilizando-se resina composta e pinos de
Dentes tratados endodonticamente com grande fibra de vidro, em um incisivo central superior com a
destruição coronária tem sido um procedimento raiz enfraquecida com o objetivo de restabelecer a
clínico muito comum na prática clínica restauradora. porção cornária do dente.
Desta forma, quando nos depararmos com esta Relato de Caso Clínico
situação clínica, será eminente a necessidade da
utilização de retentores intrarradiculares para se Paciente jovem do gênero masculino, apresentou-
obter maior estabilidade e retenção da restauração ao se à Clínica Integrada do Curso de Odontologia da
remanescente dental (Torabi, 2009; Muncum, 2010). Universidade Severino Sombra necessitando de um
tratamento restaurador no dente 21. Ao exame clínico
A técnica restauradora denominada de pino
e radiográfico foi observado uma grande destruição
anatômico é proposta para a reabilitação de dentes
coronária e tratamento endodontico satisfatório
anteriores com canal radicular extensamente
(Figuras 1, 2 e 3).
comprometido e com grande remoção de tecido
dentinário (Clavijo, 2007). Figura 1 - Aspecto Clínico Inicial
Nesta modalidade restauradora além do pino
de fibra de vidro é utilizada uma resina composta
para modelar o conduto radicular com o objetivo de
diminuir o espaço que seria preenchido pelo cimento
resinoso. Desta forma, a combinação de dois materiais
restauradores (resina composta e pino) servirá e
comportará biomecanicamente como um substituto da
estrutura dentinária perdida (Martins, 2011).
Os pinos anatômicos possuem um prognótico
extremamente favorável em casos de raízes fragilizadas
devido a perda de estrutura dentinária e contribuem
sobremaneira para a reabilitação do dente tanto no
aspecto da função mastigatória quanto da estética
(Goyatá et al., 2009). Além disso, os pinos de fibra,
possuem uma distribuição de tensão mais uniforme
em região oclusal e radicular em respeito aos pinos
metálicos (Hattori, 2010).

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Figura 2- Aspecto Clínico Inicial dentário com auxílio de uma espátula suprafill #1/2
(Figuras 5 e 6). Após o preenchimento do conduto
com resina, foi inserido o pino Exacto cônico e os
pinos acessórios previamente silanizados (Silano,
Angelus, Brasil) e com a aplicação do adesivo (Fusion
Duralink, Angelus, Brasil) (Figuras 7, 8 e 9). Em seguida,
promoveu-se a fotoativação inicial do conjunto pino-
resina por 20 segundos.

Figura 5 - Resina Fill Magic NT Premium, Coltene -


Vigodent, Brasil
Figura 3 - Aspecto clínico inicial (vista oclusal)

Foi proposto ao paciente a confecção de um pino Figura 6 - Inserção da resina no remanescente


anatômico afim de recuperar a função e a estética do dentário
dente e proporcionar a reabilitação futura do dente com
uma coroa total em cerâmica.
Inicialmente, foi removido o tecido cariado do
remanescente dental e realizado a seleção do pino de
fibra de vidro (Exacto # 3, Angelus, Brasil) e também
foram selecionados pinos acessórios (Reforpin,
Angelus, Brasil) (Figuras 4).
Figura 4 - Pino de fibra de vidro #3 (Exacto) pinos
acessórios (Reforpin) Angelus, Brasil

Figura 7 - Inserção do pino Exacto na resina

Isolou-se o conduto radicular com óleo mineral e


inseriu-se a resina composta (Fill Magic NT Premium,
Coltene-Vigodent, Brasil) sobre o remanescente

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Figura 8 - Inserção dos pinos acessórios na resina Figura 11 - Fotopolimerização

Figura 12 - Marcação dos pinos para posterior recorte


Figura 9 - Aplicação de silano (Angelus, Brasil) e
adesivo (Fusion duralink - Angelus, brasil) no pino

Figura 13 - Remoção do pino e fotoativação final


Para finalizar, realizou-se a reconstrução coronária
com a resina composta anteriormente utilizada em
porções incrementais e fotoativação (Figuras 10 e 11).
Foi realizada uma marcação na porção mais incisal
dos pinos para orientar o posterior recorte dos pinos
(Figura 12). A seguir, o pino anatômico foi removido
e realizado a fotoativação final por 40 segundos
(Figura 13). Logo após, verifica-se a adaptação do pino
anatômico ao remanescente coronário (Figura 14).
Figura 10 - Reconstrução da porção coronária com
mesma resina composta utilizada no conduto
Figura 14 - Verificação da adaptação do pino
anatômico no remanescente dentário

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Após a fase de confecção do pino anatômico e Figura 17 - Aplicação de silano no pino por 20
porção coronária do núcleo com resina composta, segundos
inicia-se a preparação do mesmo para a cimentação
adesiva ao remanescente dentário (Figura 15).
Foi realizado o condicionamento ácido do pino por
30 segundos, sendo posteriormente lavado e seco. Em
seguida, foi aplicado o silano (Silano, Angelus, Brasil)
por 20 segundos e o adesivo (Fusion Duralink, Angelus,
Brasil) com posterior fotoativação por 20 segundos
(Figuras 16, 17 e 18).
Após preparado o pino anatômico, realizou-se o
condicionamento ácido do remanescente dentinário
por 20 segundos, lavando e secando levemente afim de
Figura 18 - aplicação de adesivo no pino
deixar a dentina úmida (Figura 19). A seguir aplicou-
se o primer dentinário e o adesivo (Sistema Fusion
Duralink, Angelus, Brasil) e fotoativou-se por 20
segundos (Figura 20).
Figura 15 - Aspecto final do pino pós
fotopolimerização

Figura 19 - Condicionamento ácido no remanescente


dentinário por 20 segundos

Figura 16 - Condicionamento ácido do pino anatômico


por 30 segundos

Figura 20 - Aplicação de primer e adesivo no


remanescente dentário (sistema Fusion Duralink
- Angelus, brasil)

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A cimentação foi realizada com cimento resinoso Figura 24 - Inserção de resina composta em porções
autopolimerizável aguardando-se o tempo de cinco incrementais para confecção do núcleo
minutos para a presa química do cimento (Figuras 21
e 22).
Finalizada a cimentação do pino anatômico,
aplicou-se o adesivo à porção coronária e fotoativou-
se por 20 segundos e foi inserida resina composta
em porções incrementais para a confecção do núcleo
(Figuras 23 e 24).
Para concluir a proposta restauradora, foi realizado
o preparo protético do núcleo para a confecção futura
de uma coroa total em cerâmica (Figura 25).
Figura 21 - Cimentação do pino com cmento resinoso
autopolimerizável
Figura 25 - Preparo protético do núcleo

Figura 22 - Aspecto clínico após cimentação (tempo


de 5 min)
Considerações Finais

O pino anatômico constitui-se numa alternativa


clínica para a reconstrução coronária e radicular em
dentes tratados endodonticamente e com grande
destruição de tecido dentinário.
Além de reabilitar o dente, esta proposta clínica
promove uma distribuição de tensões advindas
da mastigação de forma mais equilibrada sem
comprometer o remanescente dental minimizando os
riscos de fratura radicular.
Figura 23 - Aplicação do adesivo na porção coronária
Um dos fatores importantes que esta alternativa
restauradora proporciona é possibiltar um resultado
estético com a utilização de uma coroa total livre de
metal.

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Referências

1. Clavijo VGR, Avaliação da resistência à fratura


de raízes fragilizadas reabilitadas por diferentes
técnicas de construção de núcleos intra-radiculares.
Araraquara; s.n; 2007. 120 p. ilus.
2. Goyatá FR, et al. Restabelecimento estético anterior
multidisciplinar: relato de caso clínico. R Dental
Press Estet. Maringá. 2009. Out/nov/dez; 6(4): 2-11.
3. Hattori M, Takemoto S, Yoshinari M, Kawada E, Oda
Y. Durability of fiber-post and resin core build-up
systems. Dent Mater J. 2010. Mar;29(2):224-8.
4. Khanverdi Z, Kanaei S, Azarsina M, Ghegsari F.
Microtensile bond of quartz fiber posts to different
composite cores. Braz Oral Res. São Paulo. 2011.
Jul/ago; 25(4): 295-301.
5. Martins LRM, et al. Restauração com pinos
intrarradiculares anatômicos em grandes
destruições coronárias. Rev Assoc. Paul. Cir. Dent.
2011. Jan/fev; 65(1): 60-64.
6. Mumcu E, Erdemir U, Topcu FT. Comparison of
micro pushout bond strengths of two fiber posts
luted using simplified adhesive approaches. Dent
Mater J. 2010 May;29(3):286-96.
7. Sumitha M, Kothandaraman R, Sekar M. Evaluation
of post-surface conditioning to improve interfacial
in post-core restorations. J Conserv Dent. 2011.
Jan/mar; 14(1). doi: 10.4103/0972-0707.80728.
8. Torabi K, Fathahi F. Fracture of endodontically
treated teeth restored by different FRC posts: An in
vitro study. Indian J Dent Res. 2009; 20: 282-7.

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