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4 Introdução à implantodontia

Implanto 10
Biologia óssea aplicada à
implantodontia

dontia 14
Imaginologia aplicada à
implantodontia

Avaliação pré-operatória em
15
implantodontia

18 Técnica cirúrgica em implantodontia

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3
DESCOMPLICANDO A
IMPLANTODONTIA
INTRODUÇÃO A
IMPLANTODONTIA
Histórico
O uso de diferentes materiais de substituição com origem animal, mineral ou humana na tentativa de
substituir elementos dentários perdidos foi comprovado através de uma série de estudos das
civilizações antigas, confirmando a importância dada a dentição. Por conta disto, pode-se observar a
evolução da implantodontia oral em diversos períodos, desde o antigo até os dias atuais.

HÁ 2 MIL ANOS 1809 ANOS 50, 60 E 70 1952

Egípcios e Pré- Maggiolo Variação de Per-Inguar Bränemark


colombianos Utilizou o primeiro tentativas Através da inserção
Encontradas supostas implante metálico em Período marcado por de micro câmeras de
tentativas de um sítio de extração. experiências e erros titânio em tíbias de
implantes utilizando (Raiz de ouro + coroa) em relação aos coelhos observou a
dentes esculpidos em princípios biológicos, integração do
marfim e dentes de com implantes material ao tecido
animais. fracassando a médio ósseo.
e curto prazo.
Estudos de Bränemark
Os estudos de Bränemark iniciaram em
1952 através de uma pesquisa sobre micro
vascularização, onde inseriu micro câmeras de
titânio em tíbias de coelhos e na fase de
remoção destes dispositivos notou que o
material havia se integrado ao tecido ósseo
vivo. Este estudo tornou-se uma base segura,
modificada e otimizada para a inserção de
implantes em maxila e mandíbula.
⤷ Primeiro paciente foi Gosta Larsson;
⤷ Em 1981 foi apresentado à comunidade
cientifica em um congresso em Toronto
no Canadá, após o acompanhamento
clínico de 15 anos; Anos após a cirurgia, o primeiro paciente
⤷ É considerado o pai da osseointegração, a receber implantes osseointegrados,
ou pai da implantodontia. Gosta Larsson, ao lado de P–I Bränemark.

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Introdução à implantodontia

Vantagens das próteses implantossuportadas em relação às próteses


convencionais
• Manutenção do osso alveolar; • Redução do tamanho da prótese;
• Manutenção da dimensão vertical; • Aumento do índice de sucesso;
• Oclusão adequada; • Aumento da durabilidade;
• Melhora da saúde psicológica; • Melhora da função;
• Recuperação da propriocepção; • Manutenção dos músculos da mastigação e
• Aumento da estabilidade e retenção; expressão facial.
• Melhora da fonética;

Tipos de implantes dentários


Os implantes dentários produzidos até os dias atuais podem ser classificados em três grandes
grupos: os implantes subperiosteais, transosteais ou transmandibulares e os endosteais.

Implantes
Subperiosteais
O implante subperiosteal surge como uma das
primeiras tentativas de devolver o caráter fixo da
dentição em pacientes edêntulos totais.
⤷ Constituído por armações de metais e ligas
metálicas sob medida para ajustar-se a
maxilas e mandíbulas totalmente edêntulas;
⤷ A técnica incluía a abertura de um retalho
para exposição do osso alveolar, onde em
seguida efetuava-se a sua moldagem para
confecção de um modelo de gesso da
anatomia óssea. Assim se fazia possível a
produção de uma estrutura metálica, a qual
era polida e fixada ao rebordo edêntulo
através de pinos de fixação ou justaposta ao
osso. Implantes Subperiosteais

Implantes
Transosteais ou transmandibulares
Projetados para resolução protética de mandíbula
edêntula com alto grau de reabsorção óssea.
⤷ A técnica é constituída de incisões extra e
intraorais ao nível da basilar e do rebordo
mandibular, necessitando de uma exposição
total do osso da mandíbula através de uma
“reversão” externa do tecido da pele e
mucosa oral;
⤷ Com o osso exposto, perfurações no sentido
basilar para oclusal são efetuadas com
auxilio de brocas e guias metálicos para a
fixação de uma placa com pinos de fixação;
⤷ Os pinos emergem intraoralmente, sendo Implantes Transosteis

base para a confecção da prótese.

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Introdução à implantodontia

Implantes
Endosteais
São implantes que se encontram totalmente
inseridos no osso alveolar, podendo ser divididos
em dois grupos: implantes laminados e agulhados e
os implantes cilíndricos.

Implantes Agulhados

Este implante foi largamente empregado na


implantodontia nas décadas de 60 e 70, como
recurso auxiliar na reabilitação de pacientes
parcialmente edêntulos e edêntulismo unitário.
⤷ A técnica consistia na ancoragem em osso
cortical com agulhas metálicas inseridas
manualmente através de martelos cirúrgicos
e posteriormente agrupadas em forma Implantes Endosteais
triangular para a formação de um polígono
de sustentação protética.
⤷ Também utilizados para a fixação de dentes com comprometimento periodontal, denominados
implantes endodônticos, visto que utilizavam o canal radicular como caminho para a base óssea;
⤷ O prognóstico sofrível a longo prazo, estética e a difícil higienização contribuíram para o seu desuso.

Implantes Laminados
Estes implantes foram desenvolvidos por Linkow
e Chercheve e assim como os implantes agulhados,
este tipo de implante foi bastante utilizado nas
décadas de 60 e 70, tendo esta dominação devido
ao seu formato afilado.
⤷ Eram inseridos na base óssea de mandíbulas
e maxilas através da confecção de uma
fenda cirúrgica, onde o implante era inserido
e adaptado por justaposição;
⤷ A falta de íntimo contato entre osso e a
superfície do implante possibilitava o
desenvolvimento de um encapsulado fibroso
das peças implantadas;
⤷ Como estes implantes permaneciam em
contato direto com uma grande parte óssea,
alguns obtiveram funcionalidade clinica por períodos consideráveis, no entanto, relatórios de
acompanhamento longitudinal apresentam resultados pobres.

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Introdução à implantodontia

Implantes Cilíndricos

Os implantes cilíndricos e pinos representam


atualmente quase a totalidade dos implantes
comercializados na implantodontia.
⤷ A técnica de inserção cirúrgica é baseada
nos princípios de Bränemark e col., visando a
mínima agressão à base óssea no
transoperatório, possibilitando que o osso
com células vitais contate a superfície do
implante, sem encapsulamento fibroso;
⤷ Podem ser divididos em dois tipos, de acordo
com o número de cirurgias envolvidas.

Implantes de um estágio
Compostos de uma peça única, onde após a
implantação cirúrgica a porção coronária do
implante atravessa a mucosa, sendo exposto na
cavidade oral.

Implantes de dois estágios


Necessidade de duas cirurgias antes do início
da restauração protética.
⤷ Primeira para a implantação cirúrgica do
pino ou cilindro intra-ósseo;
⤷ Segunda para a colocação de um pilar que
possibilitará a conexão do implante com a
prótese.

Osseointegração
É definida como uma conexão estrutural e funcional direta entre osso organizado vivo e a superfície de
um implante submetido a carga.
⤷ Inicia a partir do contato sanguíneo com a superfície do implante e a formação de um coágulo nos
espaços livres entre a linha de perfuração e o material;
⤷ O fibrogênio presente no sangue se deposita sobre o titânio, permitindo o contato das plaquetas à
superfície, onde a degranulação libera elementos de crescimento e atraem células indiferenciadas;
⤷ Durante a formação do coágulo, forma-se uma rede tridimensional de fibrina;
⤷ A células osteogênicas reconhecem a superfície do implante como estável e progridem a
diferenciação em osteoblastos, responsáveis por secretarem a matriz proteica não colagênica,
composta por osteopontina e sialoproteína, que passam por mineralização;
⤷ A aposição óssea produz um osso trançado, com padrão desorganizado das fibras de colágeno
mineralizadas;
⤷ Os osteoblastos são incluídos na matriz óssea e se diferenciam em osteócitos;
⤷ Após as etapas de maturação óssea do osso haversiano, em organização circular concêntrica de
fibras de colágeno, as propriedades mecânicas aumentam.

Regiões do implante
Módulo do rebordo
⤷ Reter o componente protético;
⤷ Zona de transição;
⤷ Plataforma (módulo de crista)

Corpo do Implante
⤷ Design macroscópico – roscas; ÁPICE CORPO DO IMPLANTE INTERFACE PROTÉTICA

⤷ Superfície.

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Introdução à implantodontia

Tipos de conexão implante/prótese


Conexão externa Conexão Interna
⤷ Hexágono externo. ⤷ Hexágono interno;
⤷ Cone Morse.

Hexágono Externo Hexágono Interno Cone Morse

Hexágono Externo (HE)


Desenvolvido por Bränemark há mais de 40 anos, é o sistema mais utilizado até os dias atuais, visto que
apresenta simplicidade, previsibilidade, reversibilidade e compatibilidade entre diversos sistemas. São
apropriados para a abordagem em dois estágios cirúrgicos. Em contrapartida, apresenta como
desvantagem micro movimentos devido sua altura (0,7mm em média), que tendem a levar ao
afrouxamento do parafuso e pilar, fraturas do mesmo, centro de rotação elevado que causa menor
resistência a movimentos rotacionais e laterais, além de uma micro fenda entre o implante e o pilar que
causa reabsorções ósseas ao redor da região cervical do implante, denominada saucerização.

⤷ Edêntulismo total;
⤷ Edêntulismo parcial/unitário;
⤷ Padrão de referência;
⤷ Ampla variedade de componentes;
⤷ Gap implante/abutment;
⤷ Complicações biomecânicas;
⤷ Afrouxamento/fratura do parafuso;
⤷ Maior perda óssea marginal;
⤷ Mudanças na altura e diâmetro.

Hexágono Interno (HI)


Superior ao HE, o hexágono interno tende a criar uma conexão mais profunda e com maior contato do
pilar com as paredes internas do implante, diminuindo a possibilidade de micro movimentos durante as
cargas e menor estresse ao parafuso de retenção. Estabelece uma interface mais estável, aumentando a
resistência e reduzindo complicações, como afrouxamento ou fratura do parafuso de fixação, além da
facilidade no encaixe do pilar, sendo adequado para abordagens em um estágio e carga imediata.
⤷ Maior estabilidade e efeito anti-rotacional
devido à maior área de conexão entre o
implante e o pilar;
⤷ Mais adequado para restaurações unitárias;
⤷ Maior resistência a cargas laterais devido ao
centro de rotação mais apical;
⤷ Melhor distribuição das forças oclusais no
osso adjacente;
⤷ Como desvantagem a presença de paredes
mais finas ao redor da área de conexão;
⤷ Dificuldades em se ajustar divergências de
angulação entre implantes.

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Introdução à implantodontia

Cone Morse (CM)


Apresenta uma conexão cônica entre o implante e o pilar, denominada Cone Morse. A força de união
é proporcional a força de inserção, evitando que o cone macho seja removido do cone fêmea, mesmo ao
tentar girá-lo ou através de uma força axial. A angulação total das paredes da conexão proporciona
contato íntimo entre o implante e o pilar, melhorando a estabilidade mecânica e evitando o
afrouxamento. Durante a instalação do abutment junto ao implante há uma intima adaptação entre as
superfícies sobrepostas, gerando uma resistência semelhante a uma peça única.
⤷ Nenhum microgap (folga entre o abutment e o implante) existe entre os dois componentes,
conferindo ao abutment maior resistência aos movimentos rotacionais e de mastigação;
⤷ Diminuição dos pontos de tenção evitando o afrouxamento;
⤷ A alta resistência permite reproduzir, de maneira mais próxima possível, as características naturais
inerentes a anatomia e oclusão de um dente natural;
⤷ Apresenta melhor adaptação entre o componente protético e o implante, eliminando a micro fenda
entre os dois e reduzindo os níveis de reabsorção óssea;
⤷ Melhor estabilidade mecânica do pilar;
⤷ Redução de micro movimentos minimizando a ocorrência de afrouxamentos e fraturas;
⤷ Tendo como desvantagem a ausência de um mecanismo de posicionamento protético anti-
rotacional;
⤷ Limitações em compatibilidade;
⤷ Custo mais elevado.

Implantes com plataforma reduzida (Platform


Switching)
A utilização da plataforma reduzida tem sido
indicada como um tratamento satisfatório na
manutenção dos tecidos moles e duros, não só para
os implantes de dois estágios, mas também para os
implantes com carga imediata. A sua utilização
promove a migração das células inflamatórias para
mais próximo da porção central do eixo do
implante e consequentemente distante da crista
alveolar limitando a reabsorção óssea.
⤷ Mantém a crista óssea em níveis satisfatórios
em torno do implante tanto hexágono
externo como interno e cone morse;
⤷ Implantes com carga imediata com
plataforma reduzida, em regiões que não
sofrem cargas excessivas, mantém a crista
óssea em níveis satisfatórios;
⤷ A utilização de plataforma reduzida em
áreas estéticas é uma opção para manter o
nível da crista óssea, garantindo a
manutenção das papilas e melhorando os
contornos dos tecidos peri-implantares.

Aplicações clínicas dos implantes

Dentários Zigomático Ortodôntico


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DESCOMPLICANDO A
IMPLANTODONTIA
BIOLOGIA ÓSSEA
APLICADA À IMPLANTODONTIA
Critérios para o sucesso do implante
Sucesso do
⤷ Implante imóvel quando testado clinicamente; implante
⤷ Ausência de área radiolúcida peri-implantar;
⤷ Perda óssea vertical menor que 0,2 mm
Osseointegração
anualmente após o 1º ano em função;
⤷ Ausência de dor, infecções, neuropatias,
parestesia ou violação do canal mandibular; Condições de
Implante Qualidade óssea Técnica cirúrgica
⤷ Taxa de sobrevida superior a 85% após 5 carga

anos, e superior a 80% após 10 anos.

Osseointegração
A união anatômica e fisiológica do osso remodelado e a face do implante foi denominada de
osseointegração, sendo o reparo ósseo dependente de componentes celulares sanguíneos, suporte
nutricional e estímulos adequados, além de células mesenquimais e fatores de crescimento. A inclusão
de um implante dentário causa injurias ao tecido ósseo, incentivando a migração de células
sanguíneas que buscam reparar o dano, neste viés, é vital que o metal seja biocompatível. Este
processo pode ser subdividido em três fases distintas, mas que se sobrepõem em algum momento,
sendo elas a osteocondução, formação óssea e a remodelação óssea.

Osteocondução
Caracterizado pelo recrutamento e a migração de células osteogênicas para a superfície de um
implante. Neste caso, há a presença de coagulo sanguíneo, fazendo com que a angiogênese preceda
a osteogênese, uma vez que sem a angiogênese, as células osteogênicas não seriam levadas para os
sítios de reparo e remodelação.
⤷ Coágulo sanguíneo;
⤷ Angiogênese;
⤷ À medida que as células perivasculares (osteogênicas) migram para a superfície do implante
durante o processo de osteocondução, elas se diferenciam para tornarem-se secretoriamente
ativas e depositar matriz óssea na superfície do implante;

Formação e adesão óssea


O tecido ósseo é composto por uma matriz
extracelular mineralizada de colágeno e contém
osteócitos em sua estrutura. No entanto, os
osteoblastos, antes de sua completa diferenciação,
elaboram uma matriz extracelular mineralizada que
não contém colágeno, denominada “linha
cementante”.
⤷ A linha cementante mineralizada e sem
colágeno ocupa o espaço constantemente
criado entre o osso (antigo) e o neoformado;
⤷ As células osteogênicas inicialmente
secretam proteínas não colagenosas no
espaço extracelular;
⤷ Antes de serem mineralizadas, as proteínas
espalham-se por irregularidades e retenções
da superfície depositada;
⤷ Uma vez mineralizada, a linha cementante
ficará fortemente aderida a superfície.

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Biologia óssea aplicada a implantodontia

Remodelação óssea (Ancoragem óssea)


Tendo em vista que a osseointegração
pode ser descrita como sendo a
ancoragem funcional de um implante no
tecido ósseo, esta representa a resistência
de um implante endo-ósseo contra
remoção. Devemos imaginar espaços
vazios de qualquer tamanho e forma na
superfície do implante, no interior desses
espaços será depositado tecido ósseo eu
irá proporcionar uma resistência a
remoção. De forma hipotética, um
implante contendo grandes espaços na
sua superfície, que possibilitariam o
crescimento ósseo em seu interior, a
resistência contra a remoção desse
implante (ancoragem) seria maior que a
de um implante sem os mesmos poros.
A ancoragem pode ser diferenciada da adesão uma vez que a adesão refere-se a interface direta
entre o tecido ósseo e a superfície do implante, ocorrendo apenas na interface verdadeira do osso com a
superfície do implante, enquanto a ancoragem óssea, sob uma carga funcional, é determinada pelas
características da superfície do implante, as quais delimitam a interface funcional.

Implantes
O desenho da superfície do implante pode provocar um
grande impacto no processo de reparação peri-implantar
e na ancoragem óssea funcional. Superfícies de implantes
rugosas geralmente demonstram um aumento na
deposição óssea em comparação com superfícies polidas
ou menos complexas.
Titânio
Apresenta instabilidade, energia de superfície,
biocompatibilidade, maleabilidade.
• Titânio comercialmente puro (TCP) – grau 1 a 4 – Superfície usinada do implante obtida em MEV.
maleabilidade;
• Liga titânio – alumínio- vanádio (Ti-6AI-4V) -
resistência mecânica;
• TCP X Ti-6AI-4V – espessura da camada de
óxidos.

Superfície
• Usinada;
• Jateada por óxido de titânio ou de alumínio;
• Ataque ácido.

Superfície bioativa Superfície jateada com óxido de alumínio do implante


obtida em MEV.
• Nanotecnologia;
• Hidroxiapatita, flúor, estrôncio;
• Unitite, SLActive, Acqua.

Desenho
• Cilíndrico (sem roscas);
• Parafuso (com roscas).

Diâmetro x comprimento Tratada Usinada


• Diâmetro – dissipação de tensões;
• Comprimento – estabilidade primária. Maior contato ósseo sobre o implante de superfície
tratada.
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Biologia óssea aplicada a implantodontia

Qualidade óssea
O tecido ósseo é formado principalmente de colágeno do tipo I e hidroxiapatita, e quando maduro
(lamelar), pode ser classificado quanto a sua organização estrutural: cortical (compacto) e trabecular ou
medular (esponjoso). A qualidade óssea pode ser afetada por alterações morfológicas (colagenases),
processos infecciosos agudos disseminados e sítios infectados.
• D1 (cortical denso): osso compacto homogéneo;
• D2 (cortical poroso): osso com uma camada fina
de osso compacto à volta de um núcleo de osso
trabecular denso;
• D3 (trabeculado grosso): osso com uma camada
fina de osso cortical à volta de osso trabecular
denso, com resistência favorável;
• D4 (trabeculado fino): osso com uma camada
fina de osso cortical, com um núcleo de osso Classificação do tecido ósseo.
trabecular de baixa densidade.
O osso do tipo 2 é considerado o ideal para a colocação de implantes, devido a espessura
considerável do osso cortical que permite uma boa estabilidade primária e o osso trabecular que possui
maior vascularização, comparado ao tipo 1.

Localização dos tipos de tecido ósseo em maxila e mandíbula. Volume de tecido ósseo.

A qualidade óssea é fator de risco para implantes curtos, a densidade oferece travamento mecânico
além de permitir distribuição e transmissão de tensões da prótese para a interface osso/implante. Quanto
menos denso, menos osso estará em contato com o implante. Para diminuir o stress deve-se aliviar a força
oclusal sobre a prótese ou aumentar a área de superfície de contato do implante com o osso.
Volume
• A – abundante; • C – comprometido;
• B – suficiente; • D e E – insuficiente.

Osso D1 – Cortical denso


Vantagens Desvantagens
⤷ Altamente mineralizado; ⤷ Altura geralmente limitada;
⤷ Maior resistência a cargas intensas; ⤷ Proporção coroa/implante desfavorável;
⤷ Maior % contato osso-implante (80%); ⤷ Menor vascularização;
⤷ Estabilidade primária; ⤷ Regeneração prejudicada;
⤷ Favorece o uso de implantes curtos. ⤷ Preparo mais difícil do leito;
⤷ Superaquecimento;
⤷ Maior risco de falha cirúrgica.
Osso D2 – Cortical poroso
Vantagens Desvantagens
⤷ Excelente cicatrização; ⤷ Não possui.
⤷ Previsibilidade;
⤷ Suprimento sanguíneo intraósseo;
⤷ Fixação rígida inicial.
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Biologia óssea aplicada a implantodontia

Osso D3 – Trabeculado grosso


Vantagens Desvantagens
⤷ Mínima osteotomia no preparo do leito; ⤷ Necessita de abordagem mais delicada;
⤷ Suprimento sanguíneo excelente; ⤷ Dificuldade na inserção do implante;
⤷ Cicatrização rápida; ⤷ Pouco contato osso-implante (50%).
⤷ Alto índice de sobrevida.

Osso D4 – Trabeculado fino


Vantagens Desvantagens
⤷ Não possui; ⤷ Inexistência da crista do rebordo cortical;
⤷ Menor fixação rígida inicial;
⤷ Menor contato osso-implante (25%);
⤷ Necessidade de implantes adicionais;
⤷ Necessita de maior tempo de cicatrização;
⤷ Não permite uso de cantiléver.

Técnica cirúrgica
A cirurgia para a instalação de implantes deve ser a mais conservadora e menos traumática possível,
com ausência de inflamações agudas. O calor gerado pela fresagem na preparação do tecido ósseo
pode produzir certo grau de necrose.
⤷ Limiar de temperatura óssea por minuto – 44 a 47°C;
⤷ Utilizar fresas em bom estado de corte e conservação, pressão, forma da fresa, velocidade e torque
do motos cirúrgico corretamente programados, tempo de fresagem, qualidade do osso e a irrigação
adequada;
⤷ Motor isento de óleo, fresas com bom poder de corte, máximo de 1800 rpm e irrigação;
⤷ Sequencia gradual de fresas sob movimentos intermitentes.

Condições de carga
Técnica de 2 tempos cirúrgicos Técnica de 1 tempo cirúrgico
⤷ Reabertura em 4 meses (mandíbula); ⤷ Cicatrizador.
⤷ Reabertura em 6 meses (maxila).

Carga imediata – até 1 semana


⤷ Estabilidade primária ;
⤷ Torque de inserção;
⤷ Metabolismo ósseo;
⤷ Desenho da prótese provisória;
⤷ Padrão oclusal.

Esplintagem / Ferulização
⤷ União de 2 ou mais implantes;
Carga imediata em implante.
⤷ Redução de cargas mastigatórias;
⤷ Presença de fatores predisponentes à falha
do implante;
⤷ Efeito mais notável em HE.

Cantiléver
⤷ Extensão de próteses;
⤷ Ausência/deficiência de osso;
⤷ Amplia forças laterais;
⤷ Hábitos parafuncionais, excesso de
comprimento e o design incorreto podem
levar a falhas. Extensão de cantiléver.

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DESCOMPLICANDO A
IMPLANTODONTIA
IMAGINOLOGIA
APLICADA À IMPLANTODONTIA
Divisão didática
⤷ Imagem pré-protética do implante;
⤷ Imagem cirúrgica e interveniente do implante;
⤷ Imagem pós-protética do implante.

Modalidades de imagem
• Radiografia periapical; • Tomografia convencional;
• Radiografia oclusal; • Tomografia computadorizada;
• Radiografia panorâmica; • Imagem por ressonância magnética.
• Radiografia cefalométrica;

Radiografia periapical
Vantagens Desvantagens
⤷ Boa definição de imagem; ⤷ Região limitada;
⤷ Menor custo; ⤷ Distorção/ampliação;
⤷ Amplamente disponível; ⤷ Bidimensional.
⤷ Menor radiação.
Utilizada na fase interveniente e pós-protética.
Radiografia periapical.
Radiografia panorâmica
Vantagens
⤷ Visibilidade ampla;
⤷ Baixo custo;
⤷ Disponibilidade;
⤷ Baixa radiação.
Desvantagens
⤷ Distorção/ampliação;
⤷ Menor nitidez da imagem;
⤷ Bidimensional.

Utilizada na fase de planejamento e Radiografia panorâmica.


pós-protética.

Tomografia computadorizada Considerações finais


Vantagens • Todas as técnicas apresentadas possuem
⤷ Determinação exata das dimensões ósseas; suas indicações e limitações;
⤷ Precisão na medida das três dimensões; • A TC é o exame de eleição para diagnóstico
⤷ Localização de estruturas anatômicas e planejamento em implantodontia;
importantes: NAI, fossa nasal, forame mentual, • Alguns princípios devem ser respeitados
infraorbitário, seio maxilar. antes de escolher o exame a ser solicitado;
⤷ Permite construção de modelos em tamanho • Não existem, ainda, critérios básicos de
real; consenso para a indicação das várias
técnicas de diagnóstico por imagem.
Desvantagens
⤷ Maior dose de radiação;
⤷ Maior custo.

Utilizada na fase de planejamento e


pós-protética.
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DESCOMPLICANDO A
IMPLANTODONTIA
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA
EM IMPLANTODONTIA
Ao paciente a ser submetido a terapia com implantes dentários, deve ser realizado um
planejamento minucioso, devendo ser verificada a disposição biológica de cada caso, seja de ordem
geral (condição sistêmica do paciente) ou localizada (presença de tecido duro e moles adequados),
visando a eliminação ou redução de possíveis complicações operatórias e/ou pós-operatórias.
⤷ Riscos de problemas cirúrgicos;
⤷ Risco de perda do implante.

Avaliação pré-operatória
⤷ História médica e familiar; ⤷ Hábitos;
⤷ Exame físico; ⤷ Tratamento interdisciplinar;
⤷ Exames complementares; ⤷ Tratamentos complementares.

Anamnese Exame clínico


A anamnese e o exame físico são O exame clinico permite de forma clara e
ferramentas importantes para compreensão do objetiva compreender quais os fatores que o
quadro clinico do paciente, visto que durante a paciente apresenta e que deverão ser
sua realização o cirurgião-dentista tem contato contabilizados no plano de tratamento.
direto com a condição sistêmica e bucal do ⤷ Espaço edêntulo;
paciente. Nesse sentido, as perguntas devem ⤷ Condições de fibromucosa;
abordar situações e medicamentos que possam ⤷ Condições dos dentes remanescentes;
influenciar de alguma maneira o quadro ⤷ Disfunções orofaciais;
sistêmico do paciente e suas condições orais. ⤷ Aspectos biomecânicos;
⤷ Aspectos estéticos.
• Uso de bisfosfonatos
O emprego terapêutico desse fármaco tem Exames radiográficos
aumentado principalmente para o tratamento e A solicitação de exames radiográficos deve
prevenção de osteoporose e osteopenia, pois o complementar o exame físico, visto que a
mesmo atua sobre o metabolismo do cálcio, ausência de tecido ósseo pode impedir um
inibindo a calcificação e a reabsorção óssea. posicionamento correto dos implantes. Esta
Em contrapartida, o seu uso está relacionado condição pode ser modificada promovendo-se
com o aparecimento e risco de desenvolvimento um aumento do tecido duro e mole através de
de osteonecrose nos maxilares, devendo assim o enxertos e técnicas cirúrgicas.
cirurgião-dentista se atentar para alguns fatores
que possam favorecer e facilitar o Escolha do tipo de implante
desenvolvimento desses processos. A escolha do tipo de implante deve ocorrer
⤷ Tipo de fármaco; de acordo com diversos fatores, dentre eles:
⤷ Forma de administração (forma espaço do rebordo, dimensão óssea, área a ser
endovenosa tem maior risco de reabilitada, tipo de osso, condição sistêmica e
aparecimento de osteonecrose); econômica do paciente.
⤷ Associação com outros fármacos ⤷ Tipos de superfície dos implantes;
(principalmente corticosteroides e alguns ⤷ Características macro e microscópicas;
quimioterápicos);
⤷ Procedimentos intrabucais mais invasivos
(colocação de implantes
osseointegrados).

Confecção de guias cirúrgicos


A confecção de guias permitem que as
brocas cirúrgicas sejam utilizadas sem que haja
um desvio na angulação do implante durante a
cirurgia, minimizando desvios de angulação.

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Avaliação pré-operatória em implantodontia

Exames complementares
Além dos exames imaginológicos, os exames laboratoriais possuem importância ao garantir que a
condição pré-operatória seja satisfatória quando se suspeita ou diagnostica-se uma doença durante a
avaliação clinica. Estes exames podem descobrir patologias “ocultas”, que na maioria das vezes são
assintomáticas e só exigem acompanhamento ou que podem interferir no tratamento odontológico.

• Hemograma
É o exame complementar que avalia, quantitativamente e qualitativamente, os elementos presentes
no sangue, auxiliando no diagnóstico de anemias, quantidades de plaquetas, alterações neoplásicas,
processos infecciosos, entre outras alterações.
⤷ Eritrograma – avalia as células vermelhas;
⤷ Leucograma – avalia as células brancas;
⤷ Plaquetograma – contagem de plaquetas.

• Coagulograma
É um conjunto de exames que avalia os mecanismos de hemostasia, sendo fundamental no pré-
operatório de cirurgias de médio e grande porte.
⤷ Deve ser solicitado para investigar sangramentos espontâneos e petéquias.

Diabetes Osteoporose
Doença decorrente do excesso de glicose no Doença sistêmica progressiva caracterizada
sangue, a qual pode evoluir com complicações por baixa massa óssea e densidade do tecido
renais, oculares, vasculares, neurológicas, entre ósseo, que leva o osso a fragilidade e fratura. A
outras. prevalência da osteoporose é aumentada em
⤷ Maior probabilidade a infecções e à pacientes idosos, principalmente no sexo
deficiência de cicatrização; feminino após a menopausa. No entanto, não há
⤷ Pacientes diabéticos podem receber relação de idade e gênero como um critério
tratamento com implantes em todos os determinante para o sucesso dos implantes.
casos de reabilitação, inclusive em áreas ⤷ Diminuição significativa da perda da
enxertadas, não apresentando grau de massa óssea em osso mandibular de
insucesso superior ao da população edentados, mas não na mandíbula
normal, desde que o nível de glicose no dentada;
plasma esteja normal ou próximo ao ⤷ Pode causar perda óssea oral, mas,
padrão; aparentemente, não influencia na
⤷ Não há contraindicação absoluta para a sobrevida de implantes;
instalação de implantes em pacientes ⤷ Não representa risco de fracasso para a
diabéticos. terapia com implantes osseointegrados.
• Exames e condutas odontológicas no paciente que relata ser diabético

Exame inicial Resultado Conduta


Glicemia plasmática de jejum e < 100 mg/dL < 7% Cirurgia de implante indicada.
hemoglobina glicada
Glicemia plasmática de jejum e > 100 mg/dL < 7% Cirurgia indicada com rigoroso
hemoglobina glicada controle metabólico pós-
operatório realizado pelo
endocrinologista.
Glicemia plasmática de jejum e < 100 mg/dL > 7% Paciente descompensado:
hemoglobina glicada encaminhar para o
endocrinologista.
Glicemia plasmática de jejum e > 100 mg/dL > 7% Paciente descompensado:
hemoglobina glicada encaminhar para o
endocrinologista.
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Avaliação pré-operatória em implantodontia

Doenças cardiovasculares Tabagismo


É um comprometimento do fluxo sanguíneo e ⤷ Vasoconstrição e diminuição da agregação
redução da oferta de oxigênio e de nutrientes plaquetária;
para os tecidos. Pacientes com este ⤷ Osseointegração prejudicada;
comprometimento necessitam de uma avaliação ⤷ Complicações pós-cirúrgicas;
minuciosa com anamnese detalhada de pacientes ⤷ Peri-implantite, inflamação tecidual,
com histórico de angina do peito, próteses formação de bolsas profundas e aumento
cardíacas, infarto do miocárdio, insuficiência da reabsorção óssea ao redor do implante;
cardíaca e arritmias. ⤷ Maior taxas de falha na maxila;
⤷ Hipertensão arterial; ⤷ Risco aumentado de falhas dos implantes,
⤷ Sangramento excessivo, tontura, mal-estar, assim como em procedimentos de enxertia.
AVC;
⤷ Não há contraindicação para pacientes
Pacientes sob radiação
com HAS controlada; ⤷ Região da cabeça e pescoço;
⤷ Uso de anticoagulantes; ⤷ Xerostomia, dificuldade de adaptação ao
⤷ Agem no sistema de hemostasia e impedem uso de próteses;
ou reduzem a capacidade do organismo de ⤷ Aumento da susceptibilidade às infecções;
produzir coágulos de fibrina; ⤷ Tecido hipocelular e hipovascularizado com
⤷ Exames complementares: Coagulograma, baixa tolerância ao trauma cirúrgico;
tempo de protrombina, tempo de ⤷ Maior taxa de insucesso de implantes;
coagulação; ⤷ Intervalo entre a radioterapia e a cirurgia;
⤷ Contato com o médico do paciente; ⤷ Tratamento com oxigênio hiperbárico.
⤷ Avaliar necessidade de suspensão
temporárias;
Doença periodontal
⤷ Menor tempo cirúrgico e menor ⤷ Riscos de infecção na região dos implantes
manipulação tecidual possível; podem estar relacionados com a presença
⤷ Cuidados com hemostasias e sutura; de concomitantes;
⤷ Cuidados pós-operatórios. ⤷ Correlação positiva entre as características
da microbiota peri-implantar coma
Mesmo assintomático, os sintomas podem periodontite;
evoluir durante o atendimento devido a situações ⤷ Não há diferenças significativas na taxa de
de estresse, medo e tensão. sobrevivência dos implantes após 5 anos,
O paciente pode apresentar alterações no entanto, uma maior proporção de
cardíacas que fazem necessitar de profilaxia pacientes com experiência prévia de
antibiótica, como a presença de válvulas periodontite foram mais afetados pela peri-
cardíacas, histórico de endocardite infecciosa ou implantite e maior perda óssea;
alterações cardíacas que necessitem de tal feito. ⤷ Tratamento periodontal prévio ao implante.

Gestação
Uso de bisfosfonatos ⤷ Período gestacional -> 2º trimestre;
Estes fármacos são utilizados em casos de ⤷ Urgência x procedimento eletivo;
osteoporose, doença de Paget, osteogênese ⤷ Fármacos;
imperfeita, câncer (metástases ósseas).
HIV/AIDS
⤷ Pamidronato, ibandronato, alendronato e ⤷ Osseointegração parece não ser afetada;
zoledronato; ⤷ Risco aumentado de peri-implantite;
⤷ Falha de implantes -> turnover ósseo; ⤷ Biossegurança;
osteonecrose; ⤷ Cobertura antimicrobiana–imunossupressão.
⤷ CTx sérico (telopeptídeo carboxiterminal do
colágeno tipo 1) (< 150 pg/mL -> maior Idade
risco); ⤷ Idade avançada não afeta o potencial
⤷ Uso concomitante a outros medicamentos clinico de osseointegração ou a taxa de
(corticoides, quimioterápicos); reabsorção da crista óssea ao redor dos
⤷ Interromper 3 meses antes da intervenção e implantes;
3 meses depois com o consentimento do ⤷ Estrutura óssea remanescente;
médico responsável pelo paciente. ⤷ Avaliar a condição sistêmica e uso de
fármacos.
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