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Outras propriedades semanticas Sinonimia e pardfrase Neste capitulo, continuaremos a estudar algumas propriedades semanticas sob uma perspectiva referencial, isto é vamos nos valer de nogées como referéncia no mundo e valor de verdade das sentencas para tratar de alguns fenémenos do significado. A primeira propriedade a ser investigada serd a sinonimia. A sinonimia lexical ocorre entre pares de palavras ¢ expresses; entretanto, definir exatamente essa relagéo é uma questo complexa, que vem perseguindo estudiosos da linguagem hé séculos. Uma primeira definigao poderia ser: sinonimia ¢ identidade de significados. Mas afirmar apenas isso nao basta, pois é uma afirmagao muito ampla e que exige um certo refinamento. Vejamos algumas observagées. Seguindo Hari e Geraldi (1987), podemos primeiro refletir que, para duas expressdes serem sindnimas, nfo basta que tenham a mesma referéncia no mundo. Veja o exemplo: (1) a. os alunos de Educagio Fisica da urMc b. os alunos mais fortes da UEMG Se eu disser que os alunos de Educagao Fisica da uFMG sao os alunos mais fortes da vemG, eu estou me referindo a um mesmo grupo de pessoas no mundo; entretanto, isso ndo basta para dizer que as expresses em (1) sejam sindnimas, pois nfo tm o mesmo sentido, ou seja, nZo denotam as mesmas propriedades no mundo. Entao, um primeiro ponto a ser salientado € que ter somente a mesma referéncia nao é uma condigo suficiente para que haja sinon{mia. Além de terem a mesma referéncia, ¢ necessdrio, também, que as expresses tenham o mesmo sentido. Mas o que significa ter o mesmo sentido? Assume-se que saber o sentido de uma sentenga é ser capaz, ¢ determinadas circunstancias, de dizer se ela ¢ verdadeira ou falsa. Duas. sentengas a aus 48 Manual de Seméntica tém 0 mesmo sentido, quando se referem a0 mesmo conjunto de f08 m0 mungs cém de ser ambas verdadeiras, ou ambas fasas. Transpondo essa nogdo de sendy . ; sentenga para o sentido da palavra ou expresso, lari e Gerald (1987: 44.5) afm i que ‘podemos dizer que duas palavras sio sindnimas sempre que podem ser substny dn q no contexto de qualquer frase sem que frase passe de falsaaverdadeira, ou vicewergg | Vejamos um exemplo, adaptado de Ilari e Geraldi: sida (2) a.Toda menina sonha virar mulher um dia, b. Toda garota sonha virar mulher um dia. Podemos dizer tanto de (a) quanto de (b) que nao alteramos a verdade ou a falsidade das sentengas. Isso decorre do fato de que as palavras menina e garota tém © mesmo sentido ¢ referéncia nas sentengas. Entretanto, apesar de uma primeira impressao nos levar a concluir que as palavras menina e garota sao sindnimas, podemos achar um determinado contexto em que isso nao se sustenta: (3) a. A Maria nao se irrita quando a chamam de menina, mas nao suporta ser chamada de garota. b. A Maria nao se irrita quando a chamam de garota, mas nfo suporta ser chamada de menina. Se trocarmos as palavras menina e garota em (3), alteraremos os sentidos ¢ as referéncias das duas sentengas e, consequentemente, a verdade ou a falsidade da sentenga em (3a) passa a ser diferente da sentenga em (3b); portanto, no podemos considerar as palavras menina e garota sindnimas no contexto de (3). Com os exemplos, percebemos que nao é possivel pensar em sinonimia de i i | : 7 i palavras fora do contexto em que estas s4o empregadas. Ainda, na maioria dos casos, pode-se dizer apenas que existe uma sinon{mia baseada somente no significado conceitual da palavra, sem se levar em conta o estilo, as associagées sociais ou dialetais, ou mesmo os registros. As palavras bandido e meliante, por exemplo, podem ser intercambidveis em determinados contextos, porém, provavelmente, a segundt ocorréncia serd mais usada por um policial e a primeira tem um uso corrente. Segund® Cruse (1986), ¢ impossivel se falar em sindnimos perfeitos; s6 faz. sentido se falar em” sinonimia gradual, ou seja, as palavras, mesmo consideradas sindnimas, sempresofrem™ um tipo de especializacao de sentido ou de uso. y Passemos agora para a nogao de sinon{mia entre sentengas, também chant paréfrase. A nogao de uma sentenga ser sinénima ou paréfrase de outra é uma que Go complexa quanto a sinonimia entre palavras e expresses. Se o conteiido explic ow 0 significado informacional ¢ 0 que interessa, entdo as sentengas a seguir Outros proptiedades seménticas 49. ser aceitas como sinénimas (adotarei o nome de sinonimia, mesmo para sentengas, seguindo Chierchia e McConnell-Ginet, 1990): (4) a. Aquelas mulheres do canto estéo chamando. b. Aquelas senhoras do canto estio chamando. c. Aquelas damas do canto estéo chamando. Imaginemos que o gerente de um restaurante tenha dito a sentenga (4a) para um gargom, que nfo a escutou bem, e que pergunta ao seu colega o que foi que o gerente lhe disse. O colega lhe responde: “Ele disse que...”. A escolha entre qualquer das outras duas sentencas nao faria diferenga. Actedito que, na situagao proposta, nao hd diferenga em se empregar uma das trés sentencas anteriores e que os falantes do portugués brasileiro concordarao que clas tém 0 mesmo contetido ou se equivalem semanticamente. A nogio de sinonimia envolvida aqui é 0 que Chierchia ¢ McConnell-Ginet (1990) chamam de sinonimia de contetido ¢ que pode ser definida como: (5) A sentenga (a) é sinénimo de contetido da sentenga (b), quando (a) acarretar (b) e (b) acarretar (a). Uma sinonimia de contetido requer somente que as sentengas (a) ¢ (b) sejam verdadeiras, exatamente nas mesmas circunstancias. Entretanto, assim como para a sinonimia entre palavras, existe uma outra perspectiva em que os falantes julgam que as sentencas em (4) tém diferentes significados eque, portanto, nao sio totalmente sindnimas, Escolhendo uma endo a outra sentenga, 0s falantes podem estar passando alguma informagio importante sobre atitudes em relacio & situagdo ¢ sobre os envolvidos nela. Essas diferengas so tradicionalmente conhecidas como conotagao. Imaginemos agora que o colega tenha escolhido a sentenca (4c), para se referir as mulheres da mesa do canto; por acaso, uma delas escuta e no gosta do emprego da palavra damas. Ela faz. uma reclamagao ao gerente e o garcom pode se encontrar em apuros. Nesse caso, vemos que as sentencas em (4) nao sio totalmente sinénimas ¢ a palavra damas teve uma conotacao diferente para a cliente. Vejamos outros exemplos em que se nota essa diferenga de perspectiva. As sentengas ativas e passivas, em geral, s4o consideradas como exemplos de sentencas sindnimas: (© a. Todo mundo nesta sala fala duas Iinguas. b. Duas linguas sao faladas por todo mundo nesta sala, (7) a. A policia procura a Sara. b. A Sara é procurada pela polfcia, 50 Manual de Seméntica Muitos poderiam dizer que (6) ¢ (7) sao pares de sentengas sinénimas. Entretanto, em (6), por exemplo, néo ha um consenso s¢ as duas sentengas tém exatamente os mesmos acarretamentos. E provavel que (6a) tenha duas interpretagées: existem duas I{nguas ¢ todos falam essas duas; ¢, em outra interpretagao, cada um fala duas linguas diferentes. E (6b), provavelmente, acarreta somente a primeira versio: existem duas linguas que todos falam. Assim, néo poderiamos analisar as duas sentengas como exemplo de acarretamento miituo, que é a condigéo para que haja sinon{mia entre sentengas, pois (6a) contém mais informagoes que (6b). Além disso, ainda podemos levar em conta que a escolha do t6pico da sentenga também altera a informacao passada; a escolha de perspectiva por um falante nunca é ingénua ¢ sem significagao. Existe a opcao de se colocar em evidéncia alguma coisa, de se esconder alguma coisa etc. Em (7), apesar de podermos afirmar que existe um acarretamento miituo entre (a) e (b), mesmo assim parece que temos uma interpretagao preferencial em que (b) quer dizer que Sara é uma criminosa, enquanto (a) parece sugerir que Sara esté apenas desaparecida. Existe, ainda, outra maneira em que sentengas aparentemente sinénimas podem ter diferengas de significado: ¢ a questéo da entonacio ¢ do foco.' Por exemplo, nas sentengas a seguir, a resposta adequada para a pergunta entre parénteses vai depender da expresso em que o falante coloca o foco: (8) a. A Maria bateu o bolo. (Quem bateu o bolo?) b. A Maria bateu 0 soto. (O que a Maria bateu?) Portanto, novamente chegamos & conclusio de que, mesmo entre sentengas, a sinonimia perfeita nao existe. Isso se procurarmos duas sentengas idénticas em termos de estrutura sintatica, de entonacao, de sugestdes, de possibilidades metaféricas e até mesmo de estruturas fonéticas e fonolégicas. Se esperarmos encontrar a sinon{mia nessas circunstincias, entao nao é com surpresa que poderemos afirmar que esta nao existe. Por outro lado, algum tipo de sinonimia tem de ser levado em conta. Como poderfamos fazer tradug6es ou recontar histérias que nos foram contadas, por exemplo? Algum tipo de equivaléncia semantica entre palavras e sentengas tem que ser tomada como base para se fazer operagdes linguisticas dessa natureza. A proposta é que tomemos © acarretamento miituo, ou seja, somente o contetido semantico das sentengas; como sendo essa nogao bésica para 0 que quer que seja a relagao de sinontmia. E 0 acarretamento muituo que garante a possibilidade de se fazerem tradug6es de uma lingua para outra, ou para se recontarem histérias, entre outras atividades. Evidentemente, mesmo para traduc6es ou pardfrases de textos, algo mais é necessdrio do que somente a sinonimia de conteiido, mas garantir o acarretamento miituo entre as sentengas dessas operacbes lingu{sticas é, sem duivida, o ponto de partida. Outras propriedades seménticas 51 Exercicios 1, Diga se as sentengas seguintes sao exemplos de sinon{mias de contetido. Justifique sua resposta pela definicao estudada e faca os comentarios pertinentes em relagao ao uso desses exemplos na lingua: 1) 2) 3) 4) 5) 6) rn) 8) 9) 10) 11) 12) 13) 14) 15) a, A Maria nao esté viva. b. A Maria esté morta, a. O Joao € casado. b. O Jodo nao é solteiro. a. O Carlos é 0 pai do André. b. O André € 0 filho do Carlos. a. O tinico pafs da América que tem o portugués como lingua é uma repuiblica. b. O tinico pats que fala portugués na América é uma reptiblica. a. Aquela pessoa é muito esperta. b. Aquele individuo é muito esperto. a. A Maria falou que o André saiu. b. A Maria disse que o André saiu. a. Todos os trabalhadores dessa empresa recebem dois beneficios. b. Dois beneficios sao recebidos por todos os trabalhadores dessa empresa. a. Aquela menina é muito tagarela. b. Aquela menina € muito faladora. a. A Maria é linda. b. A Maria é muito bonita. a. O Pedro trabalha comigo. b. Eu trabalho com o Pedro. a. O Joao quebrou o vaso. b. O vaso foi quebrado pelo Joao. a. A Maria esté muito bonita hoje. b. Que bonita esté a Maria hoje. c. Hoje, a Maria esta bonita. a, Eu comi UM CHOCOLATE. b. ev comi um chocolate. a. A gente quer a liberdade. b. Nés almejamos a liberdade. a. Os velhos nao sao respeitados neste pais. b. Os idosos nao sao respeitados neste pats. 52 Manual de Seméntica Antonimia e contradi¢ao Geralmente, define-se anton{mia como sendo uma oposigao de sentidos entre as palavras. Entretanto, apenas essa definicao nao € suficiente, visto que os sentidos das palavras podem se opor de varias formas, ou mesmo que existem palavras que nem tém um oposto verdadeiro. Por exemplo, quente nao faz oposicao a frio de uma mesma maneira que vender opbe-se a comprar; ou alto nio faz oposicao a baixo de uma mesma maneira que morto opde-se a vivo, Por isso, seguindo Hurford e Heasley (1983), nao falarei simplesmente de oposi¢ao de sentidos, mas tentarei delimitar alguns tipos de oposicio existentes, assumindo trés tipos basicos de antonimia. Um primeito tipo é a antonimia bindria ou complementar. Anténimos binarios sao pares de palavras que, quando uma é aplicada, a outra necessariamente nao pode ser aplicada, Em outras Palavras, a negagao de uma implica na afirmacéo da outra. Por exemplo: (9) a. morto/vivo b. mével/imével c. igual/diferente Quando dizemos que alguém esta morto, necessariamente este alguém nao esta vivo, e vice-versa, Se algo esté mével, necessariamente ele nao pode estar imével, ¢ vice- versa. Por fim, se duas coisas sao iguais, elas néo podem ser diferentes, necessariamente, e vice-versa. Um segundo tipo de anténimo é chamado de inverso. Quando uma palavra descreve a relagao entre duas coisas ou pessoas ¢ uma outra palavra descreve essa mesma relacZo, mas em uma ordem inversa, tem-se, eto, o antdnimo inverso. Exemplos dessa relagdo sao: (10) a. pai/filho b. menor que/maior que Se X é pai de Y, entio Y ¢ filho de X; temos a mesma relagao em ordem inversa. O mesmo se dé em (b): se X é menor que Y, entdo Y é maior que X. 4 Um terceiro tipo ¢ 0 gradativo. Duas palavras sio anténimas gradativas quan te esto nos terminais opostos de uma escala continua de valores. Note gue a neeasto de um termo nao implica a afirmagao do outro. Ainda, uma escala geralmente de acordo com 0 contexto usado. Vejamos um exemplo: (11) a. quente/frio b. alto/baixo ‘Outras propriedades seménticas Entre quente ¢ frio, certamente, teremos uma escala como morno etc. Entre alto e baixo, teremos 0 médio etc. Como realcei anteriormente, a negagfo de uma rndo implica a afirmacio da outra. Veja que se uma coisa nao € quente, nao implica aque esta sea fra; ela pode ser morna, Se alguém nao € alto, néo implica que ele sea baixo, Também termos desse tipo dependem do contexto. Uma temperatura quente no Alasca pode ser fria no Brasil; 0 que pode ser uma pessoa alta para os pigmeus pode ser uma pessoa baixa para nés. Essa relagao gradativa é, tipicamente associada aadjetivos. Em geral, um teste para percebermos a gradagao nas palavras, como nesse caso de antonimia, é verificar se essas palavras combinam com expressGes do tipo meio, um pouco, muito etc. Por exemplo, temos a expressio meio quente ou muito alto, mas nao temos wm pouco pai, meio mével etc. Estendendo a ideia mais geral de antonimia, ou seja, a oposigéo de sentidos para as sentengas, temos 0 que se chama de contradicao. Entretanto, a contradi¢ao nfo se comporta exatamente como a antonimia no que diz respeito a sua classificacao. Muitas vezes, temos até mesmo a antonimia entre palavras de determinadas sentengas, mas nfo ocorre a contradigao entre essas mesmas sentengas. Vejamos, pois, do que se trata a contradi¢ao. ‘A contradigao esté intimamente ligada A nogéo de acarretamento, como ja vimos no capitulo “Implicag6es”. Quando dizemos que “O Jodo beijou a Maria acarreta ‘A Maria foi beijada pelo Jodo”, fornos guiados pelo julgamento de que, em (12), a conjungao de (a) com a negagao de (b) é contraditéria: (12) #0 Joao beijou a Maria, mas a Maria nao foi beijada pelo Joao.” O que significa dizer que (12) € contraditério? Significa que os dois fatos descritos pela sentenga (12) nao podem se realizarao mesmo tempo ¢ nem nas mesmas circunstancias no mundo, Temos, entio, a definigéo: (13) A sentenga (a) & contraditéria quando (a) nunca puder ser verdadeiras ou quando nfo existir uma situacio possivel no mundo descrita por (a). A contradigéo também pode ser pensada como uma relagdo entre sentengas. Se eu digo, de uma mesma mesa, as seguintes sentengas: (14) a, Esta mesa é quadrada. b. Esta mesa é redonda. Possoafrmar que as sentencas em (14) sfo contraditéria;¢ teremos a seguinte finicao, segundo Chierchia e McConnell-Ginet (1990): 54 Manual de Seméntica (15) As sentengas (a) e (b) séo contraditérias quando: * (@)€ (b) ndo puderem ser verdadeiras ao mesmo tempos se (a) for verdade, (b) € falsa; e quando (b) for verdade, (a) é falsa; * a situagao descrita pela sentenga (a) nado pode ser a mesma situagio descrita pela sentenga (b). Acontradicio, assim como a antontmia, pode ocorrer de varias maneiras. Muitas veves, é a presenga de palavras antOnimas, existentes nas sentencas, que desencadeia as ideias contraditérias. Por exemplo, a antonimia bindria, em que a utilizaggo de uma palavra implica a impossibilidade da utilizagao de outra, pode desencadear uma relagio de contradigao nas sentencas: (16) a. #O Joao € casado e descasado, b. #Essa moga que est calada est falando, Quando se tem o anténimo gradativo, ou seja, palavras que esto em terminais opostos de uma escala em uma mesma sentenga, também podemos ter uma relaao de contradigao: (17) a. #O dia esta quente ¢ esta frio. b. #0 homem é alto ¢ pequeno. Em antOnimos inversos, se fixarmos o mesmo referente, igualmente podemos ter 0 desencadeamento de uma contradicao: (18) a, #Este homem é pai do José, mas também é filho do José. b. #O Jodo é maior que a Maria e menor que a Maria. Entretanto, nao é sé a anton{mia de itens lexicais que desencadeia uma relagao de contradicio. Um exemplo seria a utilizagao da negagio de uma afirmacio anterior: (19) a. #A Maria viajou, mas a Maria ndo viajou. b. #O Joao esta vivo, mas nio esté vivo. Outra maneira de expressar a contradigéo, sem usar antonimias, é negar uma das propriedades semanticas contidas em um item lexical: (20) a. #Meu irmao mora em Paris, mas meu irmao nunca esteve em Paris. b. #Eu viajei de avido, mas nunca andei de avio. a Outras propriedades seménticas 55 Ou seja, quem mora jé esteve, ¢ quem viajou de algum meio de transporte jé andou desse meio; se negarmos essas propriedades, estaremos sendo contraditérios. Também nao é sempre que ocorre a anton{mia que teremos sentencas contraditdrias. As situagGes descritas a seguir sao perfeitamente possiveis de ocorrer no mundo, apesar de os pares de sentengas conterem ant6nimos (21) Eu encontrei um rato morto no banheiro ¢ encontrei um rato vivo no banheiro. (22) Algumas pessoas amam o Brasil, mas algumas pessoas detestam o Brasil (23) Joio comprou trés animais machos como bichinhos de estimagao ¢ comprou trés animais fémeas como bichinhos de estimaco. ‘A utilizagdo da quantificacéo através dos itens wm, algumas e trés fax alternar 0s referentes dos sintagmas nas sentengas (21), (22) ¢ (23), possibilitando a utilizacao dos pares anténimos. Também a utilizacdo de anténimos inversos nem sempre gera uma contradi¢ao: (24) O Jodo comprou a casa ¢ 0 Joio vendeu a casa. (25) O Joao ¢ pai do José ¢ 0 filho do Ant6nio. Vale realcar que a contradicéo, apesar de exprimir situag6es impossiveis de ocorrer simultaneamente no mundo, é muito utilizada na linguagem como um instrumento do discurso: 0 que ¢ contraditério serve para passar alguma informacao extrassentencial, isto é, podemos inferir, pragmaticamente, informagGes além das que esto explicitas na sentenga.? Sao perfeitamente interpretiveis sentencas com (26) — Esse aluno é inteligente? — Ele é € nao é. Acredito que.a maior parte dos ouvintes entenderia a contradigéo anterior como: o aluno ¢ inteligente em algumas coisas, mas em outras, néo. Essa possibilidade tem relagéo com a imprecisio semantica, ou natureza relacional, de itens lexicaistais como: inteligente, grande, bonito etc. A contradigio pode ser ainda um rico instrumento para textos literdrios e poéticos. Exercicios 1. Identifique o tipo de anton{mia que se encontra nos pares de palavras a seguir: 1) amor/édio 2) adulto/crianga 56 Manual de Seméntica 3) grosso/fino 4) preto/branco 5) solteiro/casado 6) emcima/embaixo 7) avélneto 8) comprat/vender 9) grande/pequeno 10) melhor que/pior que 11) cachorro/cadela 12) fécil/dificil 13) macho/fémea 14) urbano/rural 15) bom/ruim ui, Verifique se os pares de sentengas seguintes sao contraditérios (assuma a mesma referéncia nos pares) ¢ 0 que esté getando a contradi¢ao: 1) a. O Paulo esté alegre, b. O Paulo esté triste. 2) a. 0 Paulo nio gosta de futebol. b. O Paulo vai ao campo de futebol 3) a. A Maria é mie da Rosa. b. A Rosa nao ¢ filha da Maria. 4) a. Ammesa daquele canto toda de madeira. b. A mesa daquele canto ¢ toda de ferro. 5) a. O quarto 202 é em cima do 102. bo quarto 102 é embaixo do 202. 6) a. As pessoas saudéveis moram no campo. b. As pessoas saudveis moram na cidade. 7) a. Algumas pessoas saudéveis moram no campo, b. Algumas pessoas saudéveis moram na cidade. 8) a. A Maria é casada com o Jodo. b. O Joao € vitivo. 9) a. Paulo é 0 irmio mais velho do Pedro. b. O Pedro ¢ filho tinico. 10) a. O Joio gosta muito de dormir. b. O Joao acorda cedo todos os dias. 11. Aponte as contradigées semanticas do soneto (use a definicéo): Amor é fogo que arde sem se vers E ferida que d6i e nao se sentes Outras propriedades seménticas 57 FE um contentamento descontente; E dor que desatina sem doer; £ um nio querer mais que bem querer E solitario andar por entre a gente; E nunca contentar-se de contente; E cuidar que se ganha em se perder; E querer estar preso por vontade; E servir a quem vence, o vencedor; E ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos coracées humanos amizade, Se tio contrario a si € 0 mesmo Amor? (Camées, Lirica) Anomalia Sentengas boas gramaticalmente, mas claramente incoerentes ou totalmente sem sentido, que nio geram nenhum tipo de acarretamento, sio chamadas, pelos linguistas, de anomalias: (27) a. A raiz. quadrada da mesa da Mila bebe humanidade. b. As nao coloridas ideias verdes dormem furiosamente. c. Rir é muito imido. d. O fato de que queijo é verde tropecou inadvertidamente. ¢. Minha escova ¢ loira e alta. £ Ser um teorema assusta consternagio. ‘As nogées de contradigio ¢ de anomalia, 4s vezes, se confundem. Porém, a estranheza ou incoeréncia de uma frase contraditéria, como O Joao é careca e cabeludo, € que duas situagdes possiveis ¢ nao problemdticas, isoladamente, foram colocadas juntas, Se isolarmos as sentencas, é perfeitamente posstvel deduzir verdades das duas sentencas, Mas as sentengas em (27) sio estranhas por outros motivos. Nao hé como gerar nenhum tipo de acarretamento, isto é, uma verdade necesséria, a partir de uma sentenca anémala. Podemos até imaginar uma maneira de interpretar as sentengas, usando inferéncias de natureza pragmatica. Por exemplo, em (27e) eu poderia interpretar que a escova tem 0 formato de uma mulher, mas, certamente, essa interpretago nao seria necessariamente verdade para todos. Normalmente, poetas usam, além da contradigéo, uma linguagem andmala para sugerir as mais dive 58 Manual de Seméntica interpretagbes 20s leitores: a sentenga (27b), famoso exemplo de Chomsky (1975), é a alinha final de um poema de John Hollander. / Chomsky (1965) introduziu a nogao de restrigbes selecionais para marcar tas sentengas como agramaticais.* Imaginemos que todo falante de portugués, ao adquirir 0 verbo beber como integrante de seu léxico, também adquire a informagao lexical de que algo liquido; ais geralmente, um egurando que beber Na informagio dada deber deve estar marcado com os seguintes tracos selecionais: o seu complemento éalguma coisa bebivel ou, de uma maneira mais geral eque o seu sujeito designa alguma coisa que seja um bebedor ou, m ente animado. A ideia é que o léxico fornece um mecanismo, ass. selecione somente argumentos® que satisfagam essas condicées. no léxico, (28) beber: V, [yy [+animado]] __[,. [+liquido}} Em (28), entende-se que beber s6 deve ser inserido nos contextos sentenciais em que haja um sujeito animado precedente ¢ um obj especificagées dos sws (sintagmas nominais)® Veja 0 exemplo: jeto liquid posposto. As sio dadas a partir do nticleo do sintagma. (29) O menino bebeu a dgua. Para que essa senten ca seja gramatical, menino deve ser marcado com o traco [+animado] e égua, com 0 trago [+lfquido]. Realmente é 0 que ocorte. Entretanto, se vocé ouvir uma sentenga como: (30) 20 campo bebeu toda a dgua da chuva’ vocé diria que uma sentenga como (30) € anémala? Dificilmente alguém acharia a Sentenga incoerente, embora ela esteja violando uma das restrigées selecionais dos itens lexicais af envolvidos, Provavelmente todos interpretariamos sentenga de um mesmo modo: atribuirfamos o trago [+animado] ao campo e, de uma maneira metaférica, interpretarfamos a sentenga. A essa altura, fica facil perceber que também as anomalias sao graduais, ou seja, hd sentengas com um grau menor de anomalia, como on facilmente transforméveis em sentengas aceitas semanticamente € interprerdveis de uma tinica mancira, Em outras sentengas, altamente andmalas, peters alteremos 9s tracos selecionais, nao conseguimos chegar a uma interpretagao tinica, — Coerente. Actedito ser 0 caso das sentencas em (27). Nesse ponto, catia ee na divisio do que é do campo da semantica e do que é do campo da Lie oeerelet Por isso é necessdrio realgar que as restrigdes selecionais séo somente: ‘um Pal fonte de restrigdes, que no conseguem limitar todas as possfveis ocorréncias Outras propriedades seménticas 59 de uma sentenca. Mesmo no caso em que nao ha transformacées metaféricas, podem ocorrer outros tipos de problemas. Vejamos as restrigdes selecionais para o verbo ler (31) ler: V, [,., [+humano]] [oy -abstrato]] As informagGes em (31) poderiam gerar uma sentenga como: (32) *O analfabeto leu o carro. Para restringirmos ao maximo as ocorréncias com o verbo ler, terfamos que, praticamente, reescrever o sentido especifico do verbo em suas restrigdes selecionais; ou seja, [-analfabeto] para o sujeito ¢ [+legivel] para o objeto, o que nao traz nenhuma vantagem do ponto de vista de uma teoria. Por isso, vamos tomar as restrigdes selecionais de um item lexical apenas como um ponto de partida, uma estratégia mais geral que-o falante adquire, juntamente com outras informagGes lexicais, para evitar as construgGes de sentengas anémalas, ou mesmo para constru‘-las intencionalmente. Exercicios 1. Considerados os exemplos em (27), explique, em termos de restrig6es selecionais, por que ha anomalia. . ur. Identifique nas sentencas seguintes 0 que é anomalia ou contradigao. Justifique sua resposta, usando as definicdes estudadas: 1) © Pedro bigamo, mas nao é verdade que ele tenha duas mulheres. 2) Falar pedras significa chorar quente. 3) _Imenso trabalho nos custa a flor. 4) © Frederico é mais novo que o Henrique, mas o Frederico nasceu antes do Henrique. 5) O coracZo pulverizado range sob 0 peso nervoso. 6) Osolhos de vidro devoram os bragos da musa sem bragos. 7) O cachorro manso bravo falou mais alto que o homem, 8) Aquela mulher alta é muito pequena. 9) A ccadeira bebeu a esperanga do menino. 10) A cortina falou ao telefone. Déixis e andfora A separacao entre SemAntica e Pragmatica, como estamos vendo, nao é feita sem problemas, Assumi, aqui, que a Semantica, a0 contritio da Pragmética, estuda 0 significado da sentenga fora do uso, sem inser-la em um contexto, Embora essa distingao ee 60 — Manual de Seméntica seja til, s vezes pode nos levara enganos. Um exemplo desse fato pode ser lustrado pela nogio de déixis.* Os elementos deiticos permitem identificar pessoas, coisas, momentos e lugares a partir da situagao da fala, ou seja, a partir do contexto. Podemos associat os elementos déiticos, de uma maneira mais geral, aos pronomes demonstrativos, aos pronomes pessoais, aos tempos de verbos ¢ aos advérbios de lugar e de tempo. Sio elementos cujas interpretagdes dependem de informacées contextuais, embora exista uum cardtersistemaético para a interpretacio desses elementos. Vejamos exemplos: (33) a. Este gato é muito bonito. b. Eu adoro chocolate. c. Aqui é 0 pais da impunidade. d. Aquele ali, eu levo. ‘Temos em (33) expresses que sé podemos entender se nos remetermos ao contexto de fala, Em (33a), 0 falante tem que apontar o gato no mundo para que 9 ouvinte encontre a que gato ele se refere; em (33b), 0 ouvinte tem que localizar 0 individuo que fala para saber a quem a palavra ew se refere; em (330), 0 ouvinte tem que saber onde o falante esta situado para identificar sobre qual pais ele falas em (33d), 86 0 apontamento leva o ouvinte a identificar qual ¢ 0 objeto a ser levado. Portanto, dependemos do contexto para encontrar os referentes desses elementos. Ou seja, a referéncia varia de acordo com a situagao de fala. Entretanto, o sentido permanece 0 mesmo. E facil perceber que 0 sentido das oragdes em (33) nao varia. Se eu digo: “Este gato é muito bonito”, o sentido dessa sentenga sera o de existe um determinado animal, mamifero, felino, que tem como qualidade ser bonito, em qualquer contexto. O que vai variar € 0 referente do gato no mundo. Seguindo Ilari e Geraldi (1987), podemos entender que o sentido dos déiticos é um certo “roteiro para encontrar referentes”. Por exemplo, a palavra ex tem por sentido um roteiro que consiste em identificar o falante; aqui tem por sentido um roteiro que consiste em identificar o lugar da fala; e assim por diante. Essa peculiaridade da interpretacao dos déiticos permite-nos, desde j4, ilustrar a distingdo existente entre sentido e referencia, nogoes estas que sero estudadas mais’ frente. Veja que a contextualizacao envolvida no processo da déixis € bem distinta da envolvida no uso do conhecimento pragmatico, para a interpretagao de determinadas sentencas. Quando lidamos com 0 conhecimento pragmético para atribuirmos significado as sentengas, este varia de acordo com o contexto ¢, também, distancia-se muito do sentido seméntico da prépria sentenga. Basta retomarmos a sentenga A porta estd aberta, exemplo (5) do capitulo “A investigagao do significado”, para identificarmos 0 varios significados que ela adquire de acordo com o contexto usado, totalmente distintos do sentido literal da sentenga. Entretanto, essa posigao nao é unanime na literatura, ¢ muitos autores assumem a déixis como uma propriedade pragmitica, abrangendo nio sé a deixis de pessoa, de: ret Outras propriedades seménticas 61 ede lugar, mas também a déixis de discurso ea déixis social. Segundo Benveniste (1976), adeéixis é um fenémeno que demonstra a presenga do homem na lingua, colocando em discussio algumas vis6es que limitam 0 estudo da significacao. E um fendmeno que tem como trago a distingéo da linguagem humana das linguagens artificiais, tornando-a gil capropriada para o uso em situagGes correntes, Portanto, éimportante se estudar a déixis também do ponto de vista pragmdtico, ampliando a compreensio de tal fendmeno.” Continuando com a nogio de referencialidade, vamos distinguir agora 0 fendmeno da andfora do fendmeno da déixis. A andfora também consiste em identificar objetos, pessoas, momentos, lugares e agGes; entretanto, isso se dé por uma referéncia a outros objetos, pessoas etc., anteriormente mencionados no discurso ou na sentenga: (34) a. Tem uma mulher af fora. Ela quer vender livros. b. Avise a Teresa que sat, se ela ligar. c. O técnica insistiu que ele nao achava nada errado no computador. As expressdes em itdlico sio entendidas como sendo correferenciais (tém a mesma referéncia no mundo); os itens sublinhados ¢ itdlicos funcionam como antecedentes, j4 os outros itens s6 em itélico sao referencialmente dependentes dos antecedentes. Dizemos que as expresses so interpretadas anaforicamente, quando sua interpretagio ¢ derivada da expressio antecedente. Existem expressdes que podem ser usadas ora como déiticas (35a), ora como anaféricas (35b). Entretanto, existem aleumas que s6 podem ser interpretadas anaforicamente (36); nao existe maneira de apontd-las no mundo: (35) a. Ela jé saiu. (déixis) b. A Maria estava na sala, mas ela jé saiu. (andfora) (36) a. Maria esta orgulhosa de si mesma. b. "Si mesma jd sai. Na literatura lingufstica, usa-se a mesma letra (em geral, as letras i, j, &), colocadas abaixo do antecedente e do referente, para indicar a correferéncia entre as express6es: (37) a. Tem uma mulher, af fora. Ela, quer vender livros. b. Avise a Teresa, que sat, se ela ligar. ¢.O técnico, insistiu que ele, nao achava nada de errado no computador. Essas conexées referenciais podem set mais complexas do que as apresentadas Fs p ™m (37). Vejamos alguns exemplos: 62 Manual de Seméntica (38) a. [Toda mulher}, pensa que ela, dard uma educacéo melhor 20 [seu], filho do que [sua], mae deu. b. [Nenhum homem], deveria [se], culpar pelos erros de [seus], filhos. Expressées como toda mulher ¢ nenhum homem nio se referem, no sentido intuitivo, a uma determinada pessoa no mundo. Mesmo assim, dizemos que a relagao dessas expresses com a andfora é uma relagao de correferéncia, pois podemos interpretar a expressio toda mulher como sendo “cada mulher pertencente ao conjunto das mulheres”; e também podemos interpretar a expresso nenhum homem como sendo “nao € verdade que para cada homem pertencente ao conjunto dos homens”. Ainda podemos ter outros tipos de correferéncia: (39) [Quais candidatos}, vorarao [neles mesmos],? (40) A Gina, falou para a Maria, que elas, , safssem. (41) O Carlos pescou [alguns peixes}, ¢ 0 Marcos os, cozinhou. (42) Se 0 José, vir a Maria, ele, a, desculpard. Julgamento sobre possibilidades de correferéncia é um conhecimento linguistico que todo falante tem ¢ ¢ um dado fundamental para o estudo da Linguistica, Existem casos em que os julgamentos sao chamados de referéncias disjuntivas. De acordo com 0 julgamento dos falantes, as sentengas seguintes nio podem ser interpretadas como sendo anaforicamente relacionadas: (43) a. *Si mesma, € orgulhosa da Maria, b. *A Teresa,a, encontrou, saindo do cinema, c. *Ele,insistiu que (0 técnico}, nao achou nada. As sentengas (43b) ¢ (43c) s6 se tornam gramaticais se clas forem interpretadas sem a correferencialidade marcada; a sentenga (43a) € sempre agramatical. Restrigées a esses tipos de ocorréncia parecem ter sua origem na estrutura das sentengas, ou seja, na sintaxe. Chomsky (1981) propée a existéncia de principios sintéticos, denominados Principios A, B ¢ C, que restringem as possibilidades de correferéncias."° Esses princ{pios explicariarn a agramaticalidade das sentencas em (43). Baseando-nos nesses princ{pios, de uma maneira bem geral, poderfamos dizer que a sentenga em (43a) é agramatical devido ao Princ{pio A, que estabelece que a andfora a. A sentenga em (43b) seria agramatical devido ao Princ{pio B: 0 pronome a nao pode ter um antecedente em relacéo de correferéncia dentro da sentenga em que ele esté contido. A sentenga em (43¢) é agramatical devido ao Princfpio C: a expressao referencial 0 si mesma nao pode ser 0 antecedente dentro da sentenca em que ela est cont Outras propriedades seménticos ténico nao pode tomar nenhum antecedente em relacio de correferéncia dentro da mesma sentenga. Exercicios 1. Estabelega todas as relagGes de correferéncia anaférica possiveis para que as sentengas sejam gramaticais, usando a notagio de letras, Estabelega também as relades deiticas possiveis, usando uma letra sem correferéncia: 1) _Jodoacredita que poucas mulheres pensam que elas possam ser bem-sucedidas. 2) Eles conhecem poucos homens na cidade. 3) Ela pensa que Barbara esté doente. 4) A Barbara ficard em casa, se ela ficar doente. 5) Nenhum homem trabalha eficientemente, quando ele esté infeliz. 6) Nenhum dos parentes de Ana pensa que ele ¢ pago adequadamente. 7) Aquele infeliz contou para o Paulo 0 que a Matia pensa dele. 8) Qualquer garota na classe pode pular mais alto que Maria, se ela quiser. 9) A mae dela esta orgulhosa da Maria. 10) Todo homem ¢ orgulhoso de sua mae. Indica¢ées bibliogrdaficas Em portugués: Pires de Oliveira (2001, cap. 2), Ilari e Geraldi (1987, caps. 4 e 5), Levinson (2007, cap. 2). Em inglés: Saeed (1997, cap. 3), Chierchia e McConnell-Ginet (1990, cap. 1), Cruse (1986, caps. 4, 9, 10, 11 € 12) e Hurford Heasley (1983, caps. 2 3). Notas * Foco € usado para marcar o centro de interesse da sentenga; a entonagio pode ser usada para marcar 0 foco da sentenga, como é 0 caso dos exemplos em (8) (Crystal, 1985). Usarei o s{mbolo # para indicar que existe uma contradigio na sentenga. ‘Veja mais detalhes sobre o tema no capitulo “Atos de fala e implicaturas conversacionais”. ‘Agramatical é quando uma sentenga nao é considerada integrante da lingua pelos falantes nativos dess# lingua. Usa-seo simbolo * no inicio da sentenga para marcé-la como agramatical (por exemplo: *Catro o comprado Jog). De uma forma simplificada, podemos dizer que argumentos sio 0 sujeito ¢ o(s) complemento(s) do verbo. ‘Sintagma nominal (sv) € um grupo de palavras que ocorre, preferencialmente, na seguinte ordem no portugués: um determinante, um nome e um qualificador. Somente o nome, o nticleo, tem a obrigatoriedade de estar presente, sendo as outras classes de palavras opcion: Quando nao se tem certeza sobre a gramaticalidade da sentenga, esta & marcada, em seu inicio, com o simbolo da interrogacéo. Quanto maior a estranheza da sentenga, mais interrogagdes sio colocadas. © termo déixis vem do grego e significa o ato de mostra, apontar. Remeto o leitor ao livro de Levinson (2007), em que o autor faz uma exposicio bastante clara ¢ convincente sobre ‘a déixis do ponto de vista da Pragmdtica. Como nio ¢ o objetivo deste livro tratar de assuntos sintéticos, remeto o leitor a livros que tratem de introdugéo 8 Sintaxe Gerativa, tais como Mioto et al. (2007), Raposo (1995), entre outros.

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