Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-65-81002-02-2 (Ebook)
CDD 370
2022-3158 CDU 37
Parceria família-escola:
benefícios, desafios e proposta de ação
Parceria família-escola: passado e presente
53
05 5.1 Recapitulando
5.2 Quem faz parte do GA
67
68
5.4 Como definir as metas do GA 72
5.5 Como avaliar as metas definidas pelo GA 74
Referências 77
Anexos 80
1
Esferas Sobrepostas
2
Modelo da Capacidade Dual
3
Professores e Pais como Parceiros
Anexos
ANEXO A - Ideias referentes aos seis tipos de envolvimento 81
ANEXO F - Descrição detalhadas das ações por metas (Meta 3 - não acadêmica) 86
ANEXO G - Descrição detalhadas das ações por metas (Meta 4 - espaço e clima escolar) 87
ANEXO H - Avaliação de meio de ano sobre o programa de parceria por metas (metas acadêmicas) 88
ANEXO I - Avaliação de meio de ano sobre o programa de parceria por metas (metas não acadêmicas) 89
ANEXO J - Avaliação de meio de ano sobre o programa de parceria por metas (meta espaço e 90
clima escolar)
ANEXO K - Avaliação de meio de ano sobre o programa de parceria por grupos (estudantes) 91
ANEXO L - Avaliação de meio de ano sobre o programa de parceria por grupos (famílias) 92
ANEXO M - Avaliação de meio de ano sobre o programa de parceria por grupos (professores e funcionários) 93
4
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - Lei nº 8069/1990: artigos 4º, 53º (parágrafo único) e 55º.
5
Lei de Diretrizes e Bases (LDB) - Lei nº 9394/1996: artigos 1º, 2º, 6º, 12º, 13º e 14º.
6
Plano Nacional de Educação (PNL) - Lei nº 10172/2001.
7
Política Nacional de Alfabetização (PNA) – Decreto nº 9765/2019: artigos 1º, 3º, 5º, 7º e 8º.
9
Estudo realizado por Resende e Silva em 2016 sobre a relação
família-escola na legislação educacional brasileira concluiu que:
10
Considerando o Diferentes grupos que pensam a
cenário internacional, educação em diversas universidades criaram
as pesquisas e os pro- seus próprios modelos de intervenção, como
gramas de intervenção é o caso da Universidade Johns Hopkins, por
estão muito consolidados meio do trabalho da pesquisadora Joyce
nos EUA, onde propostas de engajamento Epstein no National Network of Partnership
familiar baseadas em evidências são uma re- Schools; da Universidade de Nebraska, por
alidade desde a década de 1990. Em 2002, meio do trabalho da pesquisadora Susan
atendendo a pedidos do Escritório de Pesqui- Sheridan no Nebraska Center for Research
sa e Melhoria Educacional do Departamento on Children, Youth, Families and Schools; da
de Educação dos EUA, foi lançado um mate- Universidade de Harvard, por meio do apoio
rial intitulado “Uma nova onda de evidências: ao trabalho da pesquisadora Karen Mapp
o impacto das conexões escola, família e co- — cujo modelo da Dual Capacity serviu de
munidade no desempenho do estudante”. base para a construção da política nacional
A intenção do material, resultado de um es- de engajamento entre escola e família na
forço colaborativo entre vários pesquisado- Austrália em 2008.
res da área, era documentar as crescentes
evidências que demonstravam as diferenças
significativas que as conexões entre famílias,
escolas e comunidades poderiam proporcio-
nar para o sucesso dos estudantes. No cenário europeu,
a formação docente
Desde então, o campo dos estudos para o trabalho em
sobre a relação família-escola vem crescen- parceria com as famí-
do naquele país e programas baseados em lias é assunto que de-
evidências buscam instrumentalizar os repre- manda atenção. Ainda
sentantes escolares (gestores, coordenado- que a importância do enga-
res pedagógicos e professores), as famílias e jamento seja valorizada e a preparação para
as comunidades a empreender ações que essa prática seja considerada fundamental
beneficiem a todos, garantindo melhorias ao no currículo da formação docente, poucas
sistema educacional e proporcionando equi- pesquisas foram conduzidas para compreen-
dade aos estudantes para que alcancem re- der como o assunto tem sido abordado nos
sultados mais satisfatórios em termos de de- cursos de preparação de professores euro-
senvolvimento cognitivo e socioemocional. peus. Resultados de um estudo conduzidos
11
Especificamente na Fin-
na Bélgica e Holanda corroboram essa cons-
lândia, país tido como
tatação, demonstrando que existem dificul-
referência em termos
dades de se implementar esse tópico de es-
educacionais, a relação
tudos nos cursos de formação de professores,
família-escola é apresen-
tal qual ocorre em diversos outros países, nos
tada como fundamental na mais recente
quais a formação docente é vista como in-
versão do currículo de educação básica,
suficiente no que se refere à instrumentali-
idealizado em 2014 e implementado de 2016
zação dos professores para lidar com as fa-
a 2019. O documento ressalta os benefícios
mílias de seus alunos (DE BRUÏNE, WILLEMSE,
obtidos por meio da parceria, enfatizando
D’HAEM et al., 2014).
que a cooperação família-escola auxilia os
estudantes a se prepararem para desafios
Uma comparação entre estudos con-
futuros, acarretando bem-estar individual e
duzidos na Inglaterra, Suíça, Espanha, Finlân-
comunitário. Assim como ocorre em outros
dia, Noruega, Bélgica e Holanda concluiu
contextos, no entanto, a relação família-es-
que, apesar da importância da preparação
cola no país fora tradicionalmente pautada
de professores para o estabelecimento de
pelos aspectos negativos, nos quais o apoio
parceria com as famílias ser enfatizada em
da família era necessário e desejado quando
teoria, na prática a concretização desse
ocorriam comportamentos disfuncionais ou
engajamento parece mais difícil de ocorrer.
resultados insatisfatórios de aprendizagem
Nesse sentido, os países parecem enfrentar
dos estudantes. Estudos anteriores sugerem,
momentos semelhantes. Embora apresen-
também, que o maior desafio para o esta-
tem diretrizes governamentais nacionais —
belecimento de uma cooperação família-
que reconhecem e validam a importância
-escola bem-sucedida estaria relacionado às
da formação voltada para a parceria — e
orientações práticas sobre como implemen-
contem com o apoio de agências que ava-
tar ações para atingir os objetivos desejados.
liam a qualidade dos programas de parceria,
Além de indicar meios de participação que
a tarefa de lidar com aspectos sociais e cultu-
podem ser adotados pelas famílias, o novo
rais complexos das famílias ainda não parece
documento curricular enfatiza a necessidade
ser atendida de forma satisfatória pelos pro-
de a família participar das diretrizes curricu-
fessores desses países (WILLEMSE, THOMPSON,
lares, do plano anual e do planejamento do
VENDERLINDE et al., 2018).
funcionamento da escola e da definição dos
objetivos educacionais. Ainda assim, a imple-
mentação desse novo currículo parece ser o
principal desafio enfrentado pelos seus ideali-
zadores (ORELL, PIHLAJA, 2020).
12
Na América Latina, mais ministério da educação daquele país. A estru-
precisamente no Uruguai, tura foi organizada a partir de uma série de
foi publicado em 2015 o materiais de apoio, oferecendo relatos de
material “La Colaboración pesquisa, orientações práticas e uma varie-
entre Familias y Escuelas: una dade de recursos, incluindo fichas técnicas e
guía para docentes”8. O livro é resultado de estudos de caso. O material traz evidências
estudos colaborativos entre o Departamento de inúmeras práticas positivas já existentes nas
de Psicologia do Desenvolvimento e Educa- escolas em prol da parceria, destacando que
cional da Universidade Católica do Uruguai e a adoção de uma única abordagem que se
o Grupo de Pesquisa Dinâmica das Relações adequasse a todos os espaços educacionais
Familiares da Universidade Federal do Rio do país não seria factível. O guia ressalta, no
Grande do Sul. A proposta da publicação foi entanto, que as parcerias só podem ocorrer
auxiliar os professores do ensino fundamental a partir de princípios e estratégias amplas de
a contemplar novos caminhos em favor de sustentação, sempre dando margem às flexibi-
maior abertura nas relações que estabele- lizações e customizações necessárias a cada
cem com as famílias dos alunos, apontando contexto escolar — incluindo as característi-
para possibilidades de intervenção, baseadas cas das famílias, da comunidade, da escola e
em modelos norte-americanos (TORNARÍA, dos alunos (AUSTRALIAN GOVERNMENT, 2012).
WAGNER, SARAIVA-JUNGES, 2015).
Curiosidade
mework: a guide for schools and families”9 foi ço de interlocução de ideias e comparti-
desenvolvido para auxiliar na promoção da lhamento de estratégias bem-sucedidas.
parceria escola-família, com o incentivo do (organizingengagement.org)
8
A Colaboração entre Famílias e Escolas: um guia para docentes
9
Modelo Australiano de Parceria Família-Escola: um guia para escolas e famílias
13
Um estudo conduzido por Saraiva-
Junges e Wagner (2016) teve como objetivo
conhecer o estado da arte do tema
relação família-escola na literatura científica
brasileira e concluiu, à época, que houve
No Brasil, as estratégias de parceria família- um incremento do interesse pela temática
escola ainda são tímidas se comparadas aos entre os anos de 2004 e 2012, tendo em
programas já desenvolvidos em outros países, vista a maior concentração de trabalhos
sobretudo nos EUA, onde a sistematização de publicados nesse período (19 dos 31 artigos
diversas práticas interventivas estruturadas avaliados). Ainda assim, menos da metade
e consolidadas de fomento à parceria é dos artigos traziam resultados de pesquisas,
uma realidade. Em nosso país, ainda não sendo que a maior parte abordava o tema
conseguimos transitar de um momento de teoricamente, em forma de revisão crítica da
queixas e constatação de dificuldades para literatura. Os principais tópicos abordados
um momento propositivo, que apresente nesses trabalhos foram:
ideias práticas para intervenções que visem a
aproximar as famílias da escola.
Definição de família
Formas de comunicação
Reuniões de pais
Hierarquização da relação
14
Uma atualização da revisão de
literatura empreendida para a escrita deste
guia identificou, por meio da busca pelo
tema relação família-escola, que foram
publicados 21 artigos de 2013 a 2020, levando
à conclusão de que a produção na área
segue se consolidando. Diferentemente do
levantamento de 2016, há um maior número
de artigos que relatam dados de pesquisas (16
dos 21), sendo que apenas 5 foram de revisão
de literatura ou de análise documental. Ainda
assim, não foi possível encontrar nenhum
artigo com propostas efetivas de intervenção
e orientações para implementação de
estratégias que favoreçam a parceria família-
escola. Muitos dos temas abordados são os
mesmos de cinco anos atrás, e versam sobre
a relação família-escola frente a algum outro
aspecto ou como consequência de outro
tema estudado. Como exemplo, é possível
citar: dificuldades na relação família-escola
e o fracasso escolar; a relação família-escola
frente aos deveres de casa; arranjos familiares
e desempenho estudantil; queixas escolares
Embora a parceria família-escola tenha
e suas repercussões; percepção de gestores,
sido contemplada em diversos documentos
famílias e professores sobre a escola e seus
oficiais no âmbito nacional, o maior desafio, em
desafios. As conclusões seguem, por sua vez,
nosso país, segue sendo a transposição dessas
mencionando a necessidade de se pesquisar
normas para ações práticas de intervenção.
mais sobre o tema com o intuito de embasar
políticas públicas de fomento à parceria.
15
Parceria 02
família-escola:
conceitos e articulações
O processo de desenvolvimento da socialização infantil inicia na família e se
amplia conforme a criança passa a frequentar novos espaços de convivência,
fundamentais para a construção das noções de civilidade, cidadania,
compartilhamento e empatia. Para a criança, o primeiro círculo que se apresenta
para além do familiar é o da escola. Nesse sentido, essas duas instituições devem
trabalhar juntas para favorecer a interlocução de saberes e culturas, contribuindo,
assim, para o desenvolvimento de crianças e jovens. A seguir, vamos tentar
compreender um pouco mais esse processo a partir dos conceitos de socialização
primária e secundária e suas articulações.
10
Práticas Educativas são todas as estratégias e técnicas utilizadas para a socialização e promoção de comportamentos considerados adequados e
desejados, bem como para a modificação de comportamentos considerados inadequados, tanto pelos pais como pelos educadores – referências
adultas que cumprem papéis de agentes de socialização na vida das crianças (SILVEIRA, WAGNER, 2009).
17
A socialização secundária, por sua vez, Tal modelo serve de base para diferentes
é a que ocorre nos espaços sociais existentes propostas de intervenção, como se verá mais
fora do grupo imediato da família. Um desses adiante, e destaca alguns aspectos que devem
ambientes é a escola. Nela, as crianças são ser considerados nos processos de socialização.
introduzidas a novas relações por meio da
mediação de outras pessoas significativas A pessoa em desenvolvimento é uma
que passam a fazer parte do seu círculo de
entidade em crescimento, dinâmica, que
convivência, como professores, colegas de
sofre influências e impactos do meio em
classe, pais e irmãos de colegas.
que se encontra ao mesmo tempo em que
influencia e impacta esse ambiente, realizando
constantes reestruturações.
Nesses novos cenários, o repertório
individual aprendido e as identificações
primárias ocorridas no seio da família irão A interação entre a pessoa e o meio,
interagir com as bagagens e repertórios de portanto, é sempre bidirecional, ou seja, é
outros colegas – que ora serão semelhantes, marcada pela reciprocidade, envolvendo
ora diferentes daquilo que cada criança processos mútuos e sistemáticos de
aprendeu em seu núcleo familiar. acomodação.
MACRO
Reciprocidade Afeto
Noção de que as ações de um Quem tem o domínio da Possibilidade de experimentar e
indivíduo sempre afetarão os relação pode, gradativamente, perpetuar sentimentos, sobretudo
demais e vice-versa. conceder esse poder à pessoa em os positivos, no decorrer de seu
desenvolvimento, de acordo com desenvolvimento
as capacidades e necessidades
demonstradas por ela.
O mesossistema, por sua vez, é composto diferentes culturas e são, portanto, vivenciados
por um conjunto de microssistemas dos quais e internalizados no decorrer do processo de
a criança participa e pelos quais ela transita, desenvolvimento.
construindo relações e exercitando papéis.
Como exemplo, é possível citar a família As ações que uma criança empreende
extensa, a escola, os vizinhos, os clubes e em diferentes contextos e a possibilidade de
agremiações, entre outros. Nesses espaços, transitar entre sistemas diversos são movimentos
a criança experimenta a socialização cruciais para o desenvolvimento infantil, o que
secundária, que contribui para o seu evidencia a necessidade de cooperação
desenvolvimento. Quanto mais a criança entre escola e família. O pensamento sistêmico
recebe respaldo e apoio das pessoas- nos leva a compreender que a relação entre
chave, com as quais estabeleceu relações pais e professores também retrata e remete
significativas, mais saudável esse trânsito será. às suas situações de vida e condições sociais
e profissionais, influenciando as crianças nas
Por fim, temos a descrição do exossis- suas passagens por esses microssistemas —
tema e do macrossistema. O exossistema família e escola (ORELL, PIHLAJA, 2020).
compreende espaços em que a pessoa em
desenvolvimento não atua direta e presen- Para lembrar sempre
cialmente, mas cujos efeitos das relações que
Tanto família como escola desejam o sucesso
nele ocorrem podem causar impactos em seu acadêmico de seus filhos/alunos e a parceria entre esses
processo de desenvolvimento — o trabalho espaços de tamanha relevância na vida de crianças e jovens
dos pais, as decisões tomadas pela escola, os é fundamental para que esse propósito se concretize. Por
clubes dos quais a criança participa, entre ou- os sujeitos para a vida, nos seus mais diversos aspectos (social,
profissional, emocional), a interação e o engajamento entre
tros. Já o macrossistema contempla os valores
família e escola tornam-se indispensável.
e as crenças que perpassam a existência das
19
2.3 Conceito de parceria
nos papéis de audiência e espectadores
fazendo aquilo que os educadores e a
escola designam para eles (PUSHOR, 2010).
E como podemos definir Geralmente, a relação família-escola não
parceria família-escola? vai além dessa atitude mais passiva, limitada
aos pais corresponderem ao papel que lhes
A parceria entre família e escola pode ser é designado, o que bastaria para serem
definida a partir das interações colaborativas considerados participativos e interessados.
que ocorrem direta ou indiretamente Caso não correspondam a essas expectativas,
para promover o desenvolvimento social, são taxados, muitas vezes, de desinteressados
emocional, físico e intelectual de crianças ou negligentes.
e jovens, envolvendo, para isso, toda a
comunidade escolar — estudantes, famílias, Por muito tempo, acreditou-se que a
e profissionais da educação (EPSTEIN, 2009). presença física da família na escola era o
Portanto, trata-se de uma parceria que coloca grande sinalizador de uma efetiva colabora-
os interesses do estudante como objetivo ção, tendo em vista que o comparecimento
central, embora professores também relatem em reuniões ou em atendimentos previamen-
vantagens dessa prática em seu dia a dia te agendados era o corolário de uma famí-
profissional, percebendo maior valorização de lia implicada e participativa. Hoje em dia, no
seu trabalho, maior cumplicidade para com entanto, entende-se que o engajamento pa-
os pais e com a escola, além de melhorias no rental remete a diferentes ações — muitas de-
clima institucional (DESLANDES, 2019). las não visíveis — conduzidas pelas famílias e
que dão suporte ao processo educacional de
A expressão traz consigo uma ideia de crianças e jovens, criando ambientes favorá-
proatividade, na medida em que compreende veis à aprendizagem.
a possibilidade de comprometimento, uma
relação de mão dupla por meio da qual família Tais ações compreendem o suporte
e escola podem se comunicar e se dedicar emocional e instrumental dispensado pelos pais
mutuamente ao processo de aprendizagem às crianças e aos adolescentes, bem como
das crianças e dos jovens, gerando interações e comunicações saudáveis entre
impactos positivos em seu desenvolvimento. eles. Podemos dividir as formas de participação
Por intermédio de uma efetiva parceria, dos pais entre aquelas que podem ser exercidas
professores, estudantes, famílias e comunidade em casa e aquelas que são predominantemente
escolar trabalham juntos para compartilhar exercidas no espaço escolar.
informações, orientar estudantes, resolver
problemas e celebrar conquistas (EPSTEIN, Em casa, tal envolvimento compreende
2010). as inúmeras orientações dadas aos filhos; os
debates, auxílios e encorajamentos com relação
Em sua definição, portanto, parceria às tarefas e conteúdos escolares; o estímulo
remete a acordos, união, contratos entre a atitudes positivas com relação ao processo
indivíduos que têm um mesmo propósito. de ensino e aprendizagem; a transmissão de
A adoção do termo extrapola a mera valores que possam guiar o comportamento
participação da família em momentos dos filhos na escola; entre outras (DESLANDES,
especificamente determinados pela 2019; PUSHOR, 2010). Tais atitudes, embora não
escola no decorrer do ano letivo. Parceria, tão evidentes para os gestores e professores,
nessa perspectiva, vai além de um simples reverberam positivamente na aprendizagem e
envolvimento — no qual os pais se encaixam, têm impactos diretos nos resultados acadêmicos
20
dos estudantes — mais efetivas, por vezes,
do que as típicas situações de envolvimento Tipo 2: Comunicacão
presencial da família na escola (PUSHOR, 2010).
Remete a uma responsabilidade que é prioritária
da escola. Ocorre quando educadores e gestores
Na escola, a participação dos pais
conseguem promover com alunos e famílias formas
contribui para que conheçam as melhores
eficazes de comunicação bilateral: escola-família
formas de auxiliar seus filhos nas atividades de
e família-escola. Tal comunicação deve ocorrer de
aprendizagem, a partir do desenvolvimento de
diferentes formas — memorandos, avisos, bilhetes,
uma relação construtiva com os professores,
boletins, palestras, reuniões, telefonemas, e-mail, sites,
que os oriente a dar conta de sua parte nessa
mensagens, materiais informativos — sempre com a
tarefa. É nesse âmbito que a presença física
finalidade de atingir todas as famílias.
no espaço escolar gera impactos positivos,
pois permite uma aproximação face a face, o
que colabora para a construção de vínculos
entre pais, gestores, professores e funcionários,
Tipo 3: Voluntariado
gerando impactos positivos e sentimentos de Compreende o envolvimento na escola e para
confiança e corresponsabilidade para com o a escola. Ocorre quando educadores, alunos e
desenvolvimento dos estudantes, da escola e famílias recrutam e organizam a ajuda e o apoio
da sua comunidade. dos pais em assembleias, apresentações, eventos
esportivos, cerimônias, premiações, comemorações
Décadas de estudo e prática da e outros eventos, além de contarem com os pais
pesquisadora e socióloga norte-americana como recursos importantes para contribuir com suas
Joyce Epstein com relação à parceria família- habilidades ou auxiliar em alguma transformação
escola-comunidade deixam claro, no entanto, física na escola.
que existem diferentes formas de engajamento
por meio das quais as famílias podem exercer
sua parceria com as instituições escolares. A
Estrutura dos Seis Tipos de Envolvimento propõe Tipo 4: Aprendizagem em casa
um olhar ampliado sobre as possibilidades
Ocorre quando há envolvimento dos pais nas
que família e escola têm de trabalhar juntas,
atividades escolares dos filhos. Para que isso ocorra,
desenvolvendo e sustentando, de forma
informações, ideias ou formação devem ser
bilateral, parcerias produtivas.
fornecidas pela escola para educar as famílias sobre
como ajudar os alunos em casa, com os deveres e
11
Neste guia, os termos parceria e engajamento serão utilizados como sinônimos. 22
os professores gostariam as famílias, por sua vez, os estudantes também
de poder contar mais com o demonstram preocupação desejam o envolvimento de suas
apoio das famílias de seus alunos com seus filhos, desejam seu famílias no intuito de receberem
— de forma que os responsáveis sucesso e gostariam de saber
auxílio nas questões escolares e
pudessem assistir, conduzir e dos professores as melhores
socioafetivas.
auxiliar seus filhos com as tarefas formas de poder ajudar no
escolares — mas, muitas vezes, processo de aprendizagem,
ficam receosos e não sabem necessitando, para isso, de
como empreender ações para comunicações escolares claras
construir essa parceria. e em linguagem acessível a eles.
Adoção de comportamentos
Interação e participação
mais saudáveis e redução do
das famílias em algumas
envolvimento em condutas
tarefas, temas ou trabalhos,
de risco (como uso de álcool,
resultando no aprimoramento
drogas, ou envolvimento em
de habilidades acadêmicas
situações de violência)
de crianças e jovens
Prevenção do abandono
escolar e incentivo ao
seguimento dos estudos
após a conclusão
do ensino básico
23
RECAPITULANDO
24
Desafios e
proposições 03
Professores e gestores escolares cabe aos professores serem os agentes
consideram o engajamento familiar como mediadores dessa relação, pois estão na
um dos aspectos mais desafiadores de seu linha de frente, atuando como referências.
trabalho. Os professores desejam desenvolver Para desempenhar esse papel, é preciso que
parcerias e compartilhar responsabilidades com os professores estejam preparados técnica,
as famílias de seus alunos, visando a melhorias teórica e emocionalmente para lidar com
nos resultados escolares, mas não sabem como as famílias de seus alunos. Entretanto, de
agir para concretizar essa aproximação. Já modo geral, os docentes não se sentem
as famílias, muitas vezes, enfrentam barreiras devidamente capacitados para lidar de
pessoais, estruturais e culturais que dificultam forma efetiva com as famílias.
seu engajamento em atividades de parceria
com os professores. Tais barreiras vão desde
a privação de acesso ao capital social e
Vejamos quais são os principais desafios
cultural considerados desejáveis para transitar
e interagir no sistema educacional até enfrentados pelos docentes e pelas escolas
experiências pessoais negativas em relação para estabelecer relações de parceria
à escolarização, que podem ter deixado
marcas de desconfiança ou sentimentos de
não receptividade a sua presença no espaço
escolar (MAPP; KUTTNER, 2013). 3.1.1 Formacão docente
28
Não impõem regras,
São desinteressadas! São desmotivadas e incapazes de se
são permissivas!
envolver na vida escolar dos filhos!
30
Importante Com relação às expectativas docentes
Em muitas situações, as famílias que frente às condições e composições familiares,
mais buscam a parceria das escolas estudo realizado por Saraiva-Junges e Wagner
como rede de apoio são aquelas em (2013) trouxe importantes constatações.
32
na opinião das entrevistadas, as famí- Notadamente, a rotina escolar não pre-
lias estariam mais preocupadas em saber vê tempo para encontros que tenham o in-
do resultado de final de ano do que propria- tuito de reportar aspectos positivos e poten-
mente acompanhar o processo necessário cialidades de cada estudante, mas é preciso
a essa construção; encontrar formas de mudar essa perspectiva.
O sentimento de julgamento que faz com que
as professoras se mostraram, de forma os pais compareçam à escola munidos de ar-
geral, insatisfeitas com a relação estabele- gumentos de defesa — quando comparecem
cida com as famílias, justificando tal insatis- aos encontros agendados — também recai
fação com a não participação dos pais nas sobre os professores quando se sentem julga-
atividades escolares. dos pelas famílias e ficam à espera de cobran-
ças e apontamentos negativos frente a algu-
A ausência das famílias frente às solici- ma possível falha no processo educativo de
tações docentes, sobretudo nos casos de difi- seus filhos. O efetivo trabalho em parceria tem
culdades de aprendizagem vivenciadas pelos o objetivo de mudar o foco de comunicação:
filhos, gera tensão, desconfiança e temor nos de aspectos disfuncionais e problemáticos
professores, pois, a qualquer momento, um para as potencialidades e construções con-
eventual fracasso escolar do estudante pode juntas, gerando, como consequência, a co-
fazer com que a família compareça à escola operação, a corresponsabilidade e a redução
para responsabilizar e culpabilizar os professo- dos comportamentos persecutórios e denun-
res pelo insucesso do filho (PAULA, NAVES, 2010). ciantes por parte de professores e pais.
34
Demandas recebidas pelos professores
Arte: Bruno Junges
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Podemos constatar que essas demandas Todas essas demandas geram confusões
acabam colocando os professores no papel quanto ao papel docente, pois é complexo
de agentes frustrantes, ou seja, aqueles que distinguir quais delas devem ser acolhidas no
carregam a tarefa de impor limites, liberando tempo e espaço da escola pelos professores.
os pais dessa importante função parental — Além disso, precisamos sempre lembrar que os
que para as famílias, muitas vezes, é difícil de professores lidam diariamente com inúmeros
sustentar frente aos filhos. A percepção dos estudantes e, portanto, as demandas individu-
professores é de que os pais não querem lidar ais são muitas, o que pode gerar sentimentos
com a parte difícil e trabalhosa de educar seus de ansiedade e exaustão por não consegui-
filhos, terceirizando essa tarefa aos docentes. rem dar conta de tudo.
Um aspecto sensível, mas não menos re- Nas escolas públicas a coerção leva
levante, para o estabelecimento de parcerias em conta os aspectos morais e éticos
trata das atitudes opositivas que, em algumas da prática docente. Assim, as imposi-
situações, se colocam como barreira impor- ções ocorrem não a partir da questão
tante entre professores e famílias a partir de financeira, mas por meio da ameaça
um solapamento de interesses. Independen- de denúncias — levando em conta o
temente de a escola ser pública ou privada, Estatuto da Criança e do Adolescen-
existem formas de coerção e intimidação, por te (ECA) — em delegacias, secretarias
parte de algumas famílias, que tocam direto de educação ou conselhos tutelares.
ao papel dos professores frente à instituição
e à comunidade escolar, levando, invariavel-
As cobranças exacerbadas, e por vezes
mente, a sensações de mal-estar e afastamen-
invasivas, na tarefa dos professores nos fazem
to que precisam ser cuidadosamente encami-
questionar a forma como algumas famílias
nhadas. Tais atitudes se fazem presentes toda
se relacionam com as escolas dos seus filhos,
vez que há algum tipo de imposição coercitiva
como se tivessem que ser atendidas em todas
das vontades das famílias frente aos professo-
as suas demandas sem se submeterem à orga-
res e à instituição escolar, ainda que infrinjam
nização da instituição escolar. Tais condutas
as combinações e regras da escola.
colocam em evidência as decisões da esco-
la frente às famílias e aos professores, fazen-
A partir dessa postura, os pais querem res-
do parecer que há sempre um lado que não
postas as suas demandas e tais exigências pas-
será contemplado nessa equação — o que
sam pela intimidação dos professores. Assim,
se opõe aos ideais de parceria, engajamento,
quando as famílias buscam a escola na tentativa
cooperação e corresponsabilidade.
de validar e impor suas vontades — geralmente
negadas pelos professores em um primeiro mo-
mento —, e a escola cede a tais demandas e
ameaças, os professores experimentam sen-
timentos de impotência, mal-estar e falta de
apoio ao seu papel. Quando a escola não cede
às pressões familiares e apoia os professores, mui-
3.2.1 Comunicação
tos pais recorrem a tentativas de ameaçar e co-
agir os professores direta e pessoalmente. Se por parte da escola se comunicar
com os pais segue sendo um grande desafio,
por parte das famílias a sensação parece ser
a mesma. Ainda que a comunicação seja o
NAS ESCOLAS PRIVADAS
principal pilar na promoção de parcerias com
Nas escolas privadas a coerção é, ge-
as famílias, comunicar-se com a escola dos
ralmente, de ordem econômica, e al-
filhos, ou com seus professores, diretamente,
gumas famílias tentam fazer com que
é um tanto difícil em algumas situações.
suas reivindicações sejam atendidas
ou validadas ao adotarem postura de
Estudos demonstram que muitas famílias
clientes, enfatizando a relação finan-
desejam falar, monitorar, estimular e guiar
ceira com a instituição.
seus filhos, mas afirmam que precisam de mais
orientações das escolas e dos professores
sobre como poderiam auxiliá-los em casa.
37
As reuniões e circulares, principais meios de focam em rendimento escolar,
contato das famílias por parte das escolas, ge- compartamentos disfuncionais e necessidade
ralmente têm caráter informativo, tratando de de auxílio à escola, geralmente lançando luz
assuntos referentes às rotinas diárias da esco- sobre os equívocos das famílias e destacando
la, do calendário escolar, de eventos sociais, o que precisa ser melhorado;
de materiais, do uso de uniformes e das regras
de convivência. Poucas vezes os encontros ou geram retraimento nos pais e
avisos tratam de assuntos relacionados ao de- distanciamento do espaço escolar, além do
senvolvimento das crianças, do processo de desinteresse na participação dos encontros
ensino-aprendizagem, de características das subsequentes;
turmas, de projetos pedagógicos ou de pro-
gressos e desafios do ano letivo. Também uma são chatas, cansativas, demoradas,
crítica frequente das famílias com relação às desinteressantes, com cobrança de professores
reuniões é o caráter unilateral das falas, fazen- e afastamento de familiares;
do com que muitos pais se sintam como meros
espectadores, sem espaço para participação
utilizam jargões e termos não
ou questionamentos (BHERING, SIRAJ-BLATCH-
compreensíveis;
FORD, 1999; MARCONDES, SIGOLO, 2012).
38
Aspecto analisado Características
39
A elaboração e a organização das Falas estereotipadas e robotizadas: muitas
reuniões de pais não competem apenas à comunicações das instituições de ensino
figura do professor. Devem ser fruto de um adotam um discurso com tom de “padrão
esforço conjunto entre docentes e gestores, de atendimento”, o qual é percebido pelas
pois o amparo institucional é fundamental famílias como uma marca de distanciamento
para que haja coerência dos aspectos elen- e de indiferença às suas demandas.
cados anteriormente: forma, conteúdo e di-
nâmica. A forma deve ser pensada a partir Formas de tratamento: muitas mães
dos recursos e estratégias que serão utilizados queixam-se de serem tratadas de forma
para abordar os temas de forma agradável e genérica pelas instituições, sendo chamadas
de fácil compreensão pelos pais; o conteúdo de “mãezinhas” e não por seus nomes próprios.
deve estar atrelado ao projeto pedagógico, Tal conduta não pessoaliza os atendimentos
selecionando temas relacionados ao cotidia- e distancia a relação com o interlocutor,
no da sala de aula e da vida escolar; a dinâ- podendo, inclusive, dar um tom pejorativo de
mica, por fim, trata do aspecto relacional, da deboche ao atendimento.
abertura à comunicação e à construção de
laços de confiança para que todos se sintam
Informações pouco claras: o uso de
convidados e encorajados a participar (GAR-
jargões ou termos de difícil compreensão
CIA, MACEDO, 2011).
acaba gerando afastamento e, por vezes,
dependendo das características socioculturais
Para além das reuniões, outro momento
das famílias, pode causar desconforto e
importante na comunicação entre família e
sensação de intimidação.
escolas são os encontros individuais entre pais
e professores que ocorrem, geralmente, para
Devemos reconhecer que os pais po-
tratar de alguma dificuldade do estudante.
dem contribuir mais com os professores no que
Na perspectiva das famílias, esses encontros
se refere a sugestões que auxiliem a escola a
são mais facilmente agendados quando a
aprimorar suas comunicações. Para isso, no
iniciativa e necessidade de contato parte da
entanto, os professores e gestores precisam
escola. Quando os agendamentos são solici-
demonstrar maior abertura para a construção
tados pelos pais a partir de suas demandas
de novos canais de comunicação, de forma
e necessidades com relação à vida escolar
que todos sejam beneficiados e os assuntos
ou a situações enfrentadas com seus filhos,
não fiquem apenas centrados em problemas,
muitos deles relatam dificuldades de comuni-
mas também em aspectos positivos e poten-
cação. Vejamos alguns aspectos comumen-
cialidades para aprimoramentos — tanto dos
te citados como disfuncionais (SARAIVA-JUN-
alunos como da instituição escolar.
GES, WAGNER, 2013).
43
Ilustração sobre reunião de pais
Arte: Bruno Junges.
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
No que se refere às reuniões de pais, é fundamental que se possa otimizar esse espaço
tão importante de encontro, tornando-o mais atrativo e convidativo, com foco em construções
conjuntas, corresponsabilidades e parcerias.
LANCHE COMUNITÁRIO
ESPAÇO CONVIDATIVO
As reuniões ocorrem geralmente à noi-
Deixar o ambiente acolhedor para o te, quando muitos pais estão cansados
evento, organizando o espaço de for- após um dia intenso de trabalho. Sem-
ma que as pessoas possam interagir e pre que possível, organizar um momen-
manter contato visual quando estive- to de lanche comunitário, de forma
rem falando ou ouvindo alguém falar. que ou a escola ofereça os quitutes
Sempre que possível, apresentar mate- ou as famílias se organizem para cada
riais dos estudantes (nas paredes, em uma levar sua contribuição, tornando
vídeos, em fotos), pois o que os pais o momento inicial mais informal e per-
desejam, de fato, é conhecer as pro- mitindo que os pais conversem entre si
duções dos seus filhos e acompanhar e com os professores, criando vínculos
seu progresso estudantil. afetivos. Nada como um singelo boli-
nho com café para deixar o ambiente
mais afetivo e acolhedor!
44
PAUTA FLEXÍVEL Fóruns decisórios
Demandas e papéis
É preciso que todas as reuniões res-
guardem um tempo significativo para
a participação das famílias, de forma Ainda que inúmeros documentos legais
que a comunicação seja bilateral e o garantam a participação democrática da
encontro seja, de fato, um encontro família na gestão escolar, reconhecendo-a
— e não uma palestra. Os pais preci- como necessária para viabilizar a parceria
sam perceber que sua presença e suas efetiva entre escola e comunidade escolar,
contribuições são importantes para a as ações pedagógicas voltadas para a
escola e dedicar tempo para suas ma- concretização dessa finalidade ainda são
nifestações é uma clara sinalização tímidas. A possibilidade da participação ativa
dessa atitude. das famílias na construção do projeto político-
pedagógico segue gerando polêmicas,
mesmo considerando que esse processo deva
ser fruto de um diálogo coletivo — resultado
da interação entre a comunidade intraescolar
PROJETOS PEDAGÓGICOS e a comunidade extraescolar (BIÁZZIO, LIMA,
2009).
Priorizar a apresentação de projetos
pedagógicos, pois as reuniões são Para que essa participação ocorra, é
momentos preciosos que não devem preciso que a própria escola — organizadora e
ser desperdiçados com informações gestora do projeto — esteja segura e convicta
burocráticas que podem (e devem) da importância das contribuições que as
famílias podem dar. É necessário, portanto,
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
46
Modelos de
parceria bem- 04
sucedidos
A sistematização de práticas de
Modelo Overlapping Spheres:
engajamento entre escolas, famílias e
comunidades já é uma realidade em diferentes Joyce Epstein
países (como vimos no capítulo 1). A maior
parte desses programas são provenientes
O modelo intitulado Overlapping Spheres,
do contexto norte-americano, onde a
proposto por Epstein, baseia-se no modelo
parceria é fomentada por meio de incentivos
Bioecológico de Bronfenbrenner (descrito
governamentais e acadêmicos.
no capítulo 2) e foi desenvolvido a partir de
uma visão de interação e continuidade entre
Apresentaremos, a seguir, três modelos
famílias e escolas através dos anos. Essa
explicativos bem-sucedidos de parceria
interação leva em conta as mudanças na
família-escola. Em comum, todos apontam
forma e no propósito do envolvimento parental
para a necessidade de: comunicação
com as instituições de ensino em diferentes
clara, efetiva e de mão dupla; colaboração
idades e estágios de desenvolvimento dos
respeitosa; desenvolvimento de atitudes
estudantes. Epstein considera que família e
de corresponsabilidade; desenvolvimento
escola não são instituições estáticas em seu
de sentimentos de confiança e foco nas
desenvolvimento, pelo contrário, estão em
potencialidades.
permanente mudança.
48
As famílias sofrem mudanças quando: As Escolas passam por processos de
• seus integrantes crescem mudanças sempre que seus compo-
e amadurecem; nentes vão e vêm, seja na equipe admi-
• novas relações se estabelecem; nistrativa, docente ou discente. Como
• um de seus membros se desenvolve um organismo vivo, as mudanças acar-
em alguma área nova de lazer ou retam em reformulações na forma dos
conhecimento; membros da instituição se relacionarem
• novos componentes chegam. entre si e com a comunidade.
a figura ao lado.
Comunidade
Força D
Força A
faça um desenho ilustrando o grau de você consegue citar os motivos que fazem
sobreposição entre família, escola e comunidade as sobreposições serem maiores ou menores?
como você a percebe.
Creche
Pré-escola
Anos iniciais
Anos finais
Ensino médio
52
3) Com relação ao engajamento com a comunidade, responda às questões abaixo:
como você percebe a que parceiros locais você que ações poderiam ser
relação de sua instituição de identifica como potenciais incen- adotadas para aproximar ain-
ensino com a comunidade? tivadores do processo de aprendi- da mais a relação com esses
zagem e desenvolvimento dos es- parceiros?
tudantes da sua instituição?
por Mapp e colaboradores, foi elaborado Harvard (Harvard Graduate School of Education -
engajamento familiar, tendo como base anos, o foco da pesquisa e prática do Mapp tem
pesquisas sobre práticas efetivas de parceria sido o cultivo de parcerias entre famílias, membros
tem a intenção de fornecer uma receita desempenho dos alunos e a melhoria escolar.
53
DESAFIOS CONDIÇÕES ESSENCIAIS POLÍTICA E OBJETIVOS RESULTADOS DA
DO PROGRAMA CAPACITAÇÃO
Educadores:
•nunca foram expostos a
bons exemplos de enga- Condições de processos: Educadores são es-
jamento; •relacional: baseado em timulados a:
•receberam pouco trei- confiança mútua; •conectar o enga-
namento sobre o tema; •conectado ao aprendizado jamento ao apren-
Construir e aprimorar a
•não veem a parceria e desenvolvimento; dizado e desenvol-
capacidade dos edu-
como prática essencial; •baseado nas possibilidades vimento;
cadores e famílias nos
•podem ter desenvolvido e forças do estudante e suas •engajar as famílias
domínios “4 Cs”:
concepções deficitárias. famílias; como cocriadoras;
•culturalmente responsivo e •valorizar o co-
•capacidades (ha-
respeitoso; nhecimento das
Famílias: bilidades + conheci-
•colaborativo; famílias; Parcerias
•nunca foram expostas a mento);
•interativo. •criar culturas de efetivas que
bons exemplos de enga- •conexões (redes);
jamento; •cognição (mudanças acolhimento. apoiam
Condições organizacionais: progressos
•tiveram experiências em crenças e valores);
•sistêmicas: encabeçadas do estudante
negativas com escolas e •confiança (autoefi- Famílias se engajam
pelas lideranças institucio- e da escola.
professores; cácia). em diversos papéis:
nais;
•podem não se sentir •cocriadoras;
•integradas: imbricadas em
convidadas a contribuir; •apoiadoras;
todas as estratégias ;
•podem se sentir desvalo- •encorajadoras;
•sustentáveis: com recursos e
rizadas, desrespeitadas e •monitoras;
infraestrutura.
não ouvidas. •“defensoras”;
•modelos.
DESAFIOS: descrição dos desafios que devem CONDIÇÕES ESSENCIAIS: oferecem orienta-
ser enfrentados para que se estabeleça uma ção, baseada em evidências, sobre as me-
verdadeira parceria. lhores práticas para cultivar e manter parce-
rias. As condições essenciais se dividem em
Professores, gestores e famílias enfrentam muitos
dois blocos: condições de processo e condi-
desafios para empreender ações efetivas de
ções organizacionais.
engajamento, mesmo que reconheçam a
importância e a necessidade dessa parceria. As
Condições de processo: são as condições
limitações ocasionadas pelas diversas barreiras
necessárias para o sucesso das intervenções
que se interpõem nessa relação acabam levando
de capacitação, baseadas em pesquisas
a ações pontuais e tímidas de aproximação,
sobre engajamento familiar, aprendizagem e
muitas vezes ineficazes. Para mudar esse quadro,
desenvolvimento. As condições de processo
é preciso investir no desenvolvimento profissional
são fundamentais para a elaboração
de educadores e famílias, a partir de treinamentos,
de estratégias eficazes de capacitação
workshops e seminários. Quando implementadas
de famílias e educadores, com o intuito
de forma eficaz, tais ações oportunizam o
de consolidar parcerias que apoiem o
aprimoramento de habilidades e conhecimentos,
desenvolvimento dos alunos e tragam
levando a uma maior abertura das partes
melhorias às instituições escolares.
envolvidas para um efetivo engajamento.
54
Assim, as iniciativas devem ser: colaborativas: o aprendizado é conduzido em
grupos e tem como meta a construção de
relacionais: o foco deve ser construir relações comunidades e redes de aprendizagem com-
de respeito e confiança entre família e escola, partilhada, aprimorando, por consequência,
entendendo que nenhuma ação de engaja- a comunicação entre famílias e funcionários;
mento poderá surgir sem que esses preceitos
estejam consolidados — sobretudo quando interativas: os participantes devem ter a possi-
há histórico de desconfiança, experiências bilidade de testar e aplicar novas habilidades.
anteriores negativas ou sentimentos de intimi- A disseminação de informações é uma estra-
dação que podem dificultar a parceria entre tégia importante, mas sozinha não basta para
famílias e educadores; trazer aquisição de conhecimentos. É preciso
que todos possam ter a chance de praticar o
ligadas à aprendizagem e ao desenvolvimento: que aprenderam e receber feedback de pa-
as iniciativas devem estar alinhadas com os res, demais participantes e facilitadores.
objetivos da escola, conectando as famílias
às metas de ensino e aprendizagem estabe- Condições de processo: tratam da necessi-
lecidas para os alunos. Os eventos devem ser dade de coerência da parceria família-es-
oportunidades para melhorar a colaboração cola com os objetivos educacionais.
entre famílias e educadores, com o intuito de
apoiar o desenvolvimento cognitivo, emocio- Assim, as iniciativas devem ser:
nal e social de crianças e adolescentes;
sistêmicas: intencionalmente projetadas e
baseadas nas possibilidades e forças: a ênfa- conduzidas pelas lideranças institucionais.
se deve estar nas forças e possibilidades que Devem ser concebidas como componentes
os estudantes e suas famílias possuem, e não fundamentais das metas desejadas para a
nas fragilidades ou déficits — que geralmente escola;
levam a atitudes estereotipadas e equivoca-
das. Quando os educadores adotam postura integradas: devem ser consideradas essen-
e expectativas positivas com relação aos es- ciais, não opcionais e estar integradas às
tudantes e suas famílias, estas também desen- operações diárias e às atividades da escola,
volvem uma visão mais positiva dos educa- servindo a todos e não apenas a alguns sub-
dores. Isso leva a uma relação de confiança grupos. A capacitação é fundamental e deve
mútua, capaz de romper sentimentos de des- ocorrer para a família e educadores de forma
confiança e ressentimentos possivelmente já integrada às estruturas e aos processos edu-
experimentados no passado; cacionais em forma de treinamentos, elabo-
ração de metas de ensino e aprendizagem,
culturalmente responsivas e respeitosas: es- currículo e colaboração com a comunidade,
tratégias devem demonstrar consciência e mecanismo de avaliação e feedback;
compreensão das diferenças culturais (raça,
etnia, nacionalidade, idioma) e outras formas sustentáveis: as práticas de engajamento de-
de identidade das famílias e dos professores, vem ser sustentadas a longo prazo para que
valorizando e respeitando a diversidade de sejam efetivas (em termos de recursos e infraes-
bagagens possíveis. Exigem abertura dos edu- trutura). Para tal, várias fontes de financiamento
cadores, alunos e famílias para que estejam podem se tornar importantes, garantindo que
conscientes de suas perspectivas, seus valores possíveis crises ou escassez de recursos não im-
e preconcepções culturais, permitindo que to- peçam que as iniciativas sejam desenvolvidas.
dos se comuniquem com respeito e clareza;
55
Os líderes devem gerenciar os recursos de
forma a garantir que as ações de parceria POLÍTICA E OBJETIVOS DO PROGRAMA: destaca
ocorram como parte de estratégias mais as metas e os resultados que devem ocorrer
amplas de melhorias. tanto para educadores quanto para famílias
quando as condições essenciais são atendidas.
CAPACIDADES
(HABILIDADES + CONHECIMENTO)
Educadores devem conhecer as
comunidades onde trabalham; precisam
desenvolver habilidades para construir CONEXÕES (REDES)
relações de confiança com as famílias. Educadores e famílias precisam de
acesso ao capital social por meio de
Famílias devem conhecer o processo de sólidas redes interculturais baseadas
aprendizagem do aluno e funcionamento na confiança e no respeito. Essas
do sistema escolar; precisam desenvolver redes devem incluir relacionamentos
habilidades em apoio educacional para professores-pais, pais-pais, e conexões
seus filhos. com agências e serviços comunitários.
4 CS
COGNIÇÃO
CONFIANÇA (AUTOEFICÁCIA)
(MUDANÇAS EM CRENÇAS E VALORES)
A equipe precisa estar comprometida Educadores e famílias precisam de
com o trabalho em parceria com as um senso de conforto e autoeficácia
famílias e deve acreditar no valor dessas relacionados ao engajamento em
iniciativas como fonte de melhorias atividades de parceria, trabalhando
da aprendizagem dos alunos. Famílias para ultrapassar os limites relacionados à
precisam se ver como parceiras na vida diversidade cultural.
educacional de seus filhos e construir
esses papéis.
56
RESULTADOS DE CAPACITAÇÃO: mostram como
as melhorias no engajamento levam educa-
dores e famílias a trabalharem juntos, a partir
do apoio mútuo, consolidando aprimoramen-
tos significativos na trajetória dos estudantes e
das escolas.
57
Para refletir...
1) Pense na sua instituição de ensino e responda. 2) Reflita sobre os tópicos mencionados a seguir,
assinalando sua posição de acordo com a escala.
Quais são os principais desafios que você
identifica para um efetivo engajamento entre famílias CP: Concordo plenamente
e escola (por parte dos professores e das famílias)? C: Concordo
N: Não concordo, nem discordo
Como você descreve a relação família-escola D: Discordo
no presente momento? DP: Discordo plenamente
1. Percebo que a relação família-escola está pautada 6. Percebo a existência de redes colaborativas
em respeito mútuo na escola onde trabalho. envolvendo educadores, famílias e estudantes.
(CP) (C) (N) (D) (DP) (CP) (C) (N) (D) (DP)
2. Percebo uma relação de confiança entre as 7. Percebo que há interação e comunicação efetiva
famílias e a escola onde trabalho. entre os atores do processo educativo (professores,
(CP) (C) (N) (D) (DP) pais, alunos).
58
ModeloTeachers and Parents as Partners:
Susan Sheridan
das crianças. A partir de uma abordagem Pesquisa sobre Crianças, Jovens, Famílias e Escola
resolução de problemas e tomada de decisão Children, Youth, Families and Schools); diretora do
para fomentar pontos fortes dos alunos, criar Centro Nacional de Pesquisa em Educação Rural
um plano destinado a conquistas e monitorar (National Center for Research on Rural Education),
que analisamos até aqui. É necessário haver Educacional. Sua pesquisa sobre parcerias família-
um consultor, designado para trabalhar com escola constitui a base para o TAPP (Professores e Pais
pais e professores, com o intuito de atender às como Parceiros), um modelo de serviço que reúne
necessidades dos alunos. O modelo enfatiza pais, professores e prestadores de cuidados para
entre dois ambientes de aprendizagem — a Ela atua como consultora líder da TAPP e oferece
casa e a escola — o que as leva, também, a treinamento regularmente para escolas e programas
Selecionar objetivos
Identificar e priorizar
e estratégias a serem Implementar um Avaliar o plano e
as necessidades de
utilizadas coopera- plano conjunto de monitorar o
aprendizagem e
tivamente nos es- ação em casa e na progresso dos
comportamentais
paços de casa e da escola. estudantes.
dos estudantes.
escola.
Etapas do TAPP
Fonte: Traduzido e adaptado pela autora a partir de Angell, Witte e Sheridan (2017).
59
Para dar conta dessas etapas, algumas
premissas são de fundamental importância RESPONSABILIDADE
no modelo. COMPARTILHADA
COLABORAÇÃO
COMUNICÃO DE MÃO DUPLA E COOPERAÇÃO
60
Os principais benefícios do programa O programa TAPP possui um longo
para as crianças incluem: aprimoramento histórico de pesquisas que comprovam sua
de desenvolvimento acadêmico e das eficácia na promoção de competências
habilidades sociais; redução nos problemas acadêmicas, comportamentais e
de comportamento; e maior congruência socioemocionais dos estudantes, na parceria
e consistência entre o ambiente escolar e o positiva entre pais e professores e na
ambiente doméstico. Os professores, por sua resolução de problemas e habilidades de
vez, se beneficiam a partir da melhoria do gerenciamento de comportamento entre
clima em sala de aula; do estabelecimento pais e professores. Estudo de larga escala
de melhores relações com os pais e do conduzido em 82 salas de aula de anos iniciais,
aprimoramento de suas habilidades de entre 2005 e 2011, concluiu que os alunos cujos
manejo para com alunos com problemas pais e professores participaram do programa
comportamentais. Por fim, no que tange aos demonstraram grande incremento nos
benefícios parentais, constata-se uma melhor comportamentos adaptativos e habilidades
comunicação com as crianças e com os sociais — na visão dos pais e dos professores
professores; atualizações mais frequentes sobre — em relação àqueles que não participaram
a performance escolar dos filhos; possibilidade do programa (grupo controle).
de contribuir significativamente para os
Gráficos de incremento nas habilidade sociais
objetivos escolares traçados e oportunidade Fonte: Traduzido e adaptado pela autora a partir de Angell,
de usar estratégias fomentadas pelo modelo Witte e Sheridan (2017).
90
98
88
Escore médio
Fonte: Traduzido e adaptado pela autora a partir de Angell, Witte e Sheridan (2017).
96
Escore médio
86
94
84
4,1
Os professores participantes da
pesquisa reportaram melhorias significativas 4
na qualidade das suas relações com os pais
3,9
de seus alunos, a partir da participação no
programa, se comparados aos professores do Pré TAAP Pós TAPP
grupo de controle — que não participaram
do programa.
61
Seguem, a seguir, algumas dicas importantes para implementar o programa.
FOMENTAR RELACIONAMENTOS
ESTRUTURAR OPORTUNIDADES CONSISTENTES
Pais e professores precisam se conhecer PARA APRENDIZAGEM E COMPORTAMENTO
mutuamente e trocar informações básicas sobre as
Reforçar os comportamentos positivos
características de cada família e da sala de aula.
tanto em casa como na escola, de forma que a
Focar nas potencialidades dos alunos e nas criança perceba a consistência das mensagens
possibilidades da parceria com as famílias. e tenha como experimentar oportunidades de
aprendizagem nesses espaços.
CRIAR FORMAS DE ENGAJAMENTO E DE
MANUTENÇÃO DESSA PARCERIA
COLABORAR PARA ATINGIR OS OBJETIVOS E
Encontrar formas de estabelecer
RESOLVER PROBLEMAS
engajamento entre pais, professores e estudantes
em prol de uma parceria saudável que ajude as Pais e professores têm importantes
crianças a se sentirem valorizadas e importantes. contribuições para auxiliar as crianças quando
Empreender esforços para manter o surge algum problema.
engajamento no decorrer do tempo. Quando pais e professores trabalham
juntos (identificando o problema e criando
COMUNICAÇÃO DE MÃO DUPLA estratégias), as crianças evoluem com relação aos
Trocar ideias e informações sobre as crianças. comportamentos disfuncionais.
Para refletir...
62
2) Responda as questões a seguir com base em sua experiência na instituição.
63
Os modelos apresentados servem como
fontes de inspiração e reflexão, sendo
importantes para a compreensão da
relação família-escola e sistematização
de ações em prol do engajamento.
Como já citado, percebem-se inúmeros
aspectos que são comuns a todos
eles, como o estabelecimento de
relações de confiança e respeito,
foco nas possibilidades e forças das
famílias e estudantes (não apenas
nos déficits e falhas), importância de
uma comunicação clara e bilateral,
bem como de lidar com os diferentes
contextos dos quais alunos e professores
são provenientes e a necessidade da
responsabilidade compartilhada.
64
Proposta de
intervenção 05
5.1 Recapitulando
Até o presente capítulo, aprendemos sobre os principais desafios que existem para a
consolidação da parceria família-escola e as possíveis alternativas de encaminhamento desses
desafios. Também foi possível conhecer programas bem-sucedidos de intervenção, baseados
em evidências, que serviram de inspiração para a proposta que abordaremos a seguir — com
destaque especial para o programa desenvolvido pela pesquisadora Joyce Epstein e sua
equipe do National Network of Partnership Schools da Universidade Johns Hopkins (EPSTEIN, 2010;
EPSTEIN, 2009). Cabe relembrar, no entanto, que alguns fatores são extremamente importantes
para a implementação e sucesso dos programas de parceria família-escola.
Importância da Comunicação
Relações de Confiança e Respeito A comunicação deve ser sempre de mão
Abertura é a palavra-chave neste item. dupla, com escola e família trocando informações
Para confiar e respeitar e preciso que família e para construírem juntas a melhor forma de auxiliar
escola estejam abertas a conhecer, de fato, os estudantes a partir de um maior conhecimento
uma à outra em sua realidade e seu contexto. As dos seus contextos. Os comunicados da escola
escolas precisam conhecer melhor seus alunos e devem ser claros, objetivos e divulgados por meio
suas respectivas famílias, bem como as famílias de diferentes e variados canais, tendo sempre o
e alunos precisam conhecer as realidades de objetivo final de atingir a todas as famílias. Além
seus professores e da escola como um todo. disso, é preciso que tanto escola como família
O conhecimento efetivo evita o surgimento trabalhem juntas para otimizar os momentos de
de preconcepções baseadas em premissas compartilhamento e trocas, como as reuniões de
equivocadas ou estereotipadas, possibilitando pais, por exemplo, transformando-os em espaços
o estabelecimento de uma relação genuína de fundamentais de diálogo.
contribuição, empatia e ajuda.
Responsabilidade Compartilhada
Foco nas potencialidades e possibilidades Um dos pilares que sustenta um programa
É preciso reverter a lógica da comunicação bem-sucedido de parceria é o compartilhamento
e contato a partir da valorização das falhas, de responsabilidades. A educação não é tarefa
incentivando as famílias a reconhecerem suas ou responsabilidade única da escola ou da família,
potencialidades e possibilidades de contribuição mas sim um espaço compartilhado entre ambas as
com a escola. Assim, espera-se, também, que as instâncias, no qual deve prevalecer a cooperação
famílias se relacionem com a escola a partir de um para que o sucesso acadêmico e o sucesso
viés colaborativo, reconhecendo os esforços de socioemocional sejam satisfatoriamente atingidos,
professores e equipe pedagógica e sua importante contribuindo para a entrada dos estudantes no
contribuição na tarefa educativa de seus filhos. mundo adulto. A responsabilidade compartilhada
nasce do sentimento de pertencimento e
construção colaborativa, daí a importância de as
famílias participarem dos processos decisórios da
escola, entendendo que também cabe a elas zelar
pelas regras e combinações em prol da conquista
das metas educacionais desejadas.
66
Tendo em vista essas premissas, mais eficazes, em outros contextos, nos ensinam
apresentaremos, a seguir, uma proposta que atuações a partir de subcomissões menores,
de parceria família-escola com todos os destinadas a tratar tópicos específicos, têm resul-
passos necessários à sua implementação: tados mais efetivos. Ainda assim, a periodicida-
definição de um Grupo de Ação (GA) de dos encontros gerais do GA é extremamente
e de seu funcionamento, elaboração e importante para o desenvolvimento, o acom-
desenvolvimento de metas e avaliação. panhamento da implementação e a avaliação
das ações de parceria propostas.
Para que se possa desenvolver um
programa consistente de parceria é
necessário haver um grupo que lidere tais
iniciativas, que aqui chamaremos de Grupo
de Ação (GA), sendo referência para todos os
5.2 Quem faz parte do GA?
membros da comunidade escolar. O nome, no
entanto, pode variar e ser escolhido por cada
instituição. Devemos ter o cuidado de evitar
nomes que façam menção apenas aos pais ou É imprescindível que esse grupo de ação
às famílias (por exemplo: “Aproximando Pais/ tenha representantes de todos os segmentos
Famílias da Escola”; ou “Famílias na Escola”), da escola: corpo diretivo, coordenação, es-
pois o objetivo do GA não é ser um programa tudantes, pais, funcionários e, eventualmente,
para pais (ainda que essa possa ser uma das algum membro representante da comunida-
ações do GA), mas uma iniciativa conjunta de em que a escola está inserida.
de trabalho que visa a aprimorar o sucesso
dos estudantes a partir da mobilização e do Um número razoável de participantes
suporte das famílias e outros parceiros. Assim, de um GA deve variar entre 6 e 12. Grupos
é necessário um nome que transmita a ideia muito grandes podem perder o foco e muito
de um trabalho conjunto entre professores, pequenos podem ficar sobrecarregados.
famílias, estudantes e comunidade (EPSTEIN,
2009). É possível que as escolas desejem É necessário avaliar o tamanho da escola
conduzir um processo de eleição do melhor e o número de estudantes, pais e funcionários,
nome para o GA, a partir de sugestões para que a quantidade de membros seja
coletadas previamente e pré-selecionadas representativa de cada segmento. Em escolas
pelo GA. Dessa forma, todos podem participar menores, que oferecem apenas ensino médio,
dessa criação conjuntamente, o que também por exemplo, é possível que participe do GA
favorece a divulgação do grupo internamente pelo menos um estudante de cada série, um
na comunidade escolar. professor representante de cada série e um
pai/mãe representante de cada série.
O GA, portanto, será o responsável por
idealizar, desenvolver, implementar e avaliar
ações de parceria pautadas nos objetivos Os funcionários também devem ser
elencados a partir das necessidades da escolhidos conforme a estrutura da escola
escola. Tais necessidades e metas podem e os profissionais que compõem seu quadro
estar relacionadas a desafios acadêmicos e/ administrativo, conforme o quadro a seguir.
ou comportamentais/relacionais, ao clima
escolar, a melhorias do espaço físico, entre
outras possibilidades. O GA não atua de forma
integral em todas as pautas e as estratégias
67
coordenar os cronogramas, preparar e
Pelo menos um professor de cada nível de
coordenar as pautas das reuniões gerais e,
ensino que a escola oferece.
constantemente, avaliar os resultados junto
Pelo menos um pai/mãe representando cada ao grupo.
nível de ensino que a escola oferece.
Mesmo que o diretor participe do GA,
Pelo menos um estudante de cada nível de é interessante que ele não assuma o papel
ensino que a escola oferece. de líder ou vice-líder, deixando essa tarefa
a cargo de algum professor em parceria
Diretor(a) da escola.
com um familiar, ou a algum coordenador.
Coordenadores ou assessores. Em última instância, o diretor será sempre o
principal responsável pelo projeto, já que se
Psicólogo ou orientador educacional. trata de uma iniciativa da escola, mas poder
compartilhar esse lugar de liderança dentro
Outros membros que a escola considere
do GA com outros membros é uma forma
relevante (assistentes sociais, enfermeiros,
interessante de fomentar o surgimento de
parceiros da comunidade, ex-alunos).
novos líderes.
2. DEFINIR AS SUBCOMISSÕES DO GA
Participantes do GA
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Como já foi sinalizado, evidências
demonstram que a existência de subcomissões
5.3 Como implementar e definir o auxilia na dinamização, no desenvolvimento
69
5. DEFINIR FORMAS DE COMUNICAÇÃO DO GA
70
7. DEFINIR CANAL DE SUGESTÕES E PARTICIPAÇÃO DA
COMUNIDADE ESCOLAR
8. DEFINIR O TEMPO DE
PERMANÊNCIA DOS MEMBROS DO GRUPO
71
fazendo falta e possa trazer benefícios à
5.4 Como definir as metas do GA? comunidade escolar, como, por exemplo,
pintura de uma quadra poliesportiva, melhoria
da segurança e do controle de entrada de
As metas são o ponto de partida do
pessoas, aquisição de equipamentos, etc.
trabalho de parceria desenvolvido pelo GA.
Pode envolver, também, ações que visem
É a partir delas que serão propostas as ações
a melhorar o clima institucional, de forma
de engajamento — sempre com o intuito
a deixá-lo mais convidativo às famílias,
de aprimorar aspectos acadêmicos, não
aos alunos e aos funcionários, ou à própria
acadêmicos ou vinculados ao espaço e clima
comunicação escolar.
institucional. Vamos entender melhor do que
trata cada um desses aspectos.
É importante que as metas sejam
definidas para serem desenvolvidas
ACADÊMICOS
no tempo de um ano letivo. Sugere-se,
As metas acadêmicas estão direta-
também, baseado em evidências do que
mente relacionadas à aprendizagem e ao
já deu certo em outros locais (EPSTEIN,
desempenho dos estudantes em algum
2009), que se defina quatro grandes metas
componente curricular ou assunto específi-
para o ano:
co. É possível, por exemplo, que se deseje
aprimorar o desempenho ou as habilidades
• duas acadêmicas;
dos alunos em matemática ou redação — a
• uma não acadêmica;
partir da constatação de que os estudantes
• uma relacionada ao espaço e
da escola não têm obtido bons resultados
ao clima institucional.
nessas áreas (constatação baseada em evi-
dências, percepções e avaliações internas
e externas à escola). Conforme o GA vai ganhando
experiência e destreza no trabalho conjunto,
NÃO ACADÊMICOS é possível que as metas possam aumentar
Metas não acadêmicas estão relacionadas e, também, que se possa definir alguma
a aspectos que envolvem comportamentos, meta de longo prazo, ou seja, que possa ser
atitudes, relacionamentos e outras situações desenvolvida em 2 ou 3 anos — por exemplo
escolares que não vinculadas ao desempenho a construção ou a organização gradual
acadêmico de forma direta — mas que podem de algum espaço específico necessário à
exercer algum tipo de influência indireta. Pode instituição (como um laboratório ou sala
ser que uma escola enfrente problemas com o de recursos diversos) ou implementação
excesso de faltas e prontidão dos estudantes, de algum projeto destinado a atender
com o relacionamento entre professores e os estudantes em alguma necessidade
alunos, com comportamentos de bullying, ou específica (como implementação de um
apresente dificuldades em realizar as transições curso de teatro, grupo musical ou aulas de
de fases e etapas de ensino (passagem dos tecnologia no turno oposto ao das aulas).
alunos da educação infantil para os anos iniciais
do ensino fundamental; dos anos iniciais para os As metas definidas deverão ficar a
anos finais do ensino fundamental; e, finalmente, cargo de subcomissões específicas, ou seja,
o ingresso no ensino médio). haverá uma subcomissão para cada meta
estabelecida. Cada subcomissão deverá
ESPAÇO E CLIMA INSTITUCIONAL: eleger um líder para coordenar os trabalhos,
Essas metas são direcionadas a qualificar os prazos, as execuções e a comunicação do
algum aspecto físico da instituição que esteja grupo (Anexos C, D, E, F, G e Q). 72
Os Seis Tipos de Envolvimento garantem
Sempre que possível, aplicar os Seis Tipos
que diferentes formas de engajamento sejam
de Envolvimento, propostos por Epstein (2010)
contempladas, dando a possibilidade de
e descritos no capítulo 2, para planejar as
se atingir mais pessoas e efetivar parcerias a
ações de cada meta estabelecida.
partir de diferentes formas de colaboração
(Anexo A).
VEJAMOS UM EXEMPLO
Supondo que o GA tenha definido uma meta não acadêmica de melhorar o relacionamento
e a empatia entre os estudantes de ensino médio. Os objetivos poderiam ser:
TIPO 2 - Comunicação
TIPO 6 – Colaboração com a Comunidade
Realização de encontros com as turmas para
Encontrar parceiros ou entidades locais que
debater o tema; reconhecer os alunos que demostram
possam falar com os estudantes sobre o tema sob
empatia, respeito e solidariedade para com os demais
diferentes aspectos, como por exemplo, possíveis
e transmitir esse reconhecimento às famílias; trabalhar
impactos de determinados comportamentos (desejados
com os alunos sobre as diferenças, a partir de atividades
e indesejados) na construção e desenvolvimento de
onde possam se conhecer melhor (rodas de conversa,
carreira; possíveis impactos emocionais e de saúde,
dinâmicas integrativas, etc.).
na vida adulta, de situações de desrespeito vividas na
73
73
menor de indivíduos, a fim de verificar se o pro-
5.5 Como avaliar as metas grama está atingindo seus objetivos. Tal ação
pode ser conduzida a partir da condução de
definidas pelo GA? pequenos grupos focais, com representantes
de professores, pais e estudantes de todos as
Um dos aspectos mais importantes etapas de ensino oferecidos pela instituição,
de qualquer programa de intervenção é a bem como funcionários de diferentes setores
avaliação. A avaliação é a possibilidade da escola. Nesses grupos, o objetivo deve ser
de refletir sobre as ações empreendidas, compreender como essa amostra de com-
elencando os pontos positivos e os aspectos ponentes, convidados a participar, está per-
bem-sucedidos, bem como os aspectos cebendo a realização das ações do GA em
negativos e os desafios que surgiram no prol da parceria família-escola com relação
decorrer do processo. Tal reflexão possibilita às metas predefinidas. É possível que, ao ouvir
repensar e corrigir ações. Estudos demonstram outros membros da comunidade escolar, que
que quando o GA dedica tempo para avaliar não estão diretamente envolvidos com al-
suas ações, as escolas ficam mais propensas gum papel de liderança (formais e informais),
a melhorar a qualidade de seu programa surjam ideias ou sugestões que possibilitem
de parceria como um todo, utilizando os uma correção de rota ainda dentro do prazo
resultados como base para aprimorar as ações estipulado do planejamento.
e atividades que serão conduzidas no ano
seguinte (EPSTEIN, 2009).
A avaliação não deve ser entendida Para avaliações de meio de ano (Anexos
como um simples julgamento das ações H a M; Anexo R) devemos:
(em termos de “boas” ou “ruins”), mas ser
uma ferramenta que auxilia o GA a verificar,
ao final de um ano de atividades, o que organizar a condução de 2 ou 3 grupos
funcionou, o que pode ser aprimorado, o que focais (cada grupo pode ser conduzido por 2
deve ser removido do programa (por não ter ou 3 membros do GA). É possível organizar os
feito sentido) e o que pode ser acrescentado. grupos de duas maneiras distintas;
Frente à frustração de uma avaliação não
tão positiva dos resultados de alguma ação, 1) cada um dos três grupos avaliará
é comum que se pense em começar tudo uma das metas estabelecidas (suas ativida-
novamente do zero, mas é preciso que o olhar des, organização e condução): um grupo
da análise não seja tão taxativo ao ponto debaterá sobre as metas acadêmicas; outro
de não considerar o que funcionou — ainda sobre a meta não acadêmica; e um último
que tenham sido poucos aspectos — para sobre a meta relacionada ao espaço e clima
fortalecer e aprimorar as ações. institucionais. (Anexos H, I, e J);
77
DESLANDES, Rollande. A framework for school-family LIMA, Larissa de E.; CARVALHO, Angelita A. de.; SILVA,
collaboration integrating some relevant factors and Denise B. do N. Arranjos familiares e desempenho
processes. Aula Abierta, Oviedo, v. 48, n. 1, p. 11-18, escolar de alunos de 5º e 9º anos no Brasil em 2015.
jan./mar. 2019. Revista Brasileira de Estudos de População, Belo
Horizonte, v. 38, n. 1-2-3, 2021.
DUSI, Paola. The family-school relationships in Europe:
A research review. CEPS Journal, v. 2, n. 1, p. 13-33, LIMA, Tarcila Barboza H.; CHAPADEIRO, Cibele Alves.
ago. 2012. Encontros e (des)encontros no sistema família-
escola. Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo,
EPSTEIN, Joyce. L. School, Family and Community v. 19, n. 3, p. 493-502, set./dez, 2015.
Partnerships: your handbook for action. California:
Corwin Press, 2009. MAPP, Karen L.; KUTTNER, Paul, J. Partners Education
in A Dual Capacity-Building Framework for Family–
EPSTEIN, Joyce. L. School, Family and Community School Partnerships. SEDL, U.S. Department of
Partnerships: preparing educators and improving Education, 2013.
schools. Boulder: Westview Press, 2010.
MARCONDES, Keila Hellen B.; SIGOLO, Sílvia Regina R.
FEVORINI, Luciana Bittencourt; LOMÔNACO, José L. Comunicação e envolvimento: possibilidades de
Fernando Bitencourt. O envolvimento da família na interconexões entre família-escola? Paidéia, Ribeirão
educação escolar dos filhos: um estudo exploratório Preto, v. 22, n. 51, p. 91-99, 2012.
com pais das camadas médias. Psicologia da
Educação, São Paulo, n. 28, p. 73-89, jan./jun. 2009. MARTÍNEZ-CERÓN, Ginés. Sombras y luces de la
relación familia y escuela. In: ESCUDERO MUÑOZ,
GARCIA, Clarice. A. A.; SOUZA, Fabiana. C. de. A Juan Manuel [et al.] (org.) Sistema educativo y
relação família-escola através dos tempos. Temas democracia. Madrid: Octaedro, 2005
em Educação e Saúde, Araraquara, v. 4, p. 59- 74,
mai. 2017. ORELL, Miina; PIHLAJA, Päivi. Cooperation between
Home and School in the Finnish Core Curriculum
GUZZO, Raquel Souza Lobo. A família e a 2014. Nordic Studies in Education, v. 40, n. 2, p. 107–
educação: uma perspectiva da interação 128, 2020.
família-escola. Estudos de Psicologia, v. 7, n.1, p.
134-139, 1990. PAULA, Andréia Cristina Rezende R. de; NAVES,
Marisa Lomônaco de P. O estresse e o bem-estar
HILL, Nancy E.; TAYLOR, Lorraine C. Parental school docente. Boletim Técnico do Senac, v. 36, n. 1, p.
involvement and children’s academic achievement. 61-71, jan/abr, 2010.
Current Directions in Psychological Science, v. 13, n.
4, p. 161-164, ago. 2004. POLONIA, Ana. da Costa; DESSEN, Maria
Auxiliadora. Em busca de uma compreensão das
HENDERSON, Anne T.; MAPP, Karen, L. A new wave Relações entre Família e Escola. Psicologia Escolar
of evidence: the impact of school, family and e Educacional, Maringá, v. 9, n. 2, p. 303-312, 2005.
community connections on student achievement.
Annual Synthesis. SEDL - advancing research, PUSHOR, Debbie. Are Schools Doing Enough to
improving educacion. National center for family & Learn About Families? In: MARSH, Monica M.;
community connections with schools. Austin, 2002. TURNER-VORBECK, Tammy. (Mis)Understanding
Families. New York: Teachers College Press, 2010,
LEWIS, Amanda E.; FORMAN, Tyrone A. Contestation p. 4-16.
or Collaboration? A Comparative Study of Home-
School Relations. Anthropology & Education RESENDE, Tânia de F.; SILVA, Gisele, F. A relação
Quarterly, v. 33, n. 1, p. 60-89, mar. 2002. família-escola na legislação educacional brasileira
(1988-2014). Ensaio: avaliação e políticas públicas
em Educação, Rio de Janeiro, v. 24, n. 90, p. 30-58,
jan./mar. 2016.
78
RIBEIRO, Daniela de Figueiredo; ANDRADE, Antonio
dos Santos. A Assimetria na Relação entre Família
e Escola Pública. Paidéia, Ribeirão Preto, v. 16, n.
35, p. 385-394, jan. 2006.
79
Anexos
ANEXO A – IDEIAS REFERENTES AOS SEIS TIPOS DE ENVOLVIMENTO
EXEMPLOS DE AÇÕES
81
Fonte: Elaborado pela autora a partir de Epstein (2009).
ANEXO B – QUADRO DE COMPONENTES E ORGANIZAÇÃO DO GA
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
LÍDER
VICE - LÍDER
Onde será?
META 1 – Acadêmica: META 2 – Acadêmica: META 3 – Não acadêmica: META 4 – Espaço e clima
escolar:
Anotações
PLANEJAMENTO ANUAL GA
DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA:
84
Fonte: Elaborado pela autora a partir de Epstein (2009).
ANEXO E – DESCRIÇÃO DETALHADA DAS AÇÕES POR METAS (META 2 – ACADÊMICA)
PLANEJAMENTO ANUAL GA
DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA:
85
Fonte: Elaborado pela autora a partir de Epstein (2009).
ANEXO F – DESCRIÇÃO DETALHADA DAS AÇÕES POR METAS (META 3 – NÃO ACADÊMICA)
PLANEJAMENTO ANUAL GA
DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA:
86
Fonte: Elaborado pela autora a partir de Epstein (2009).
ANEXO G – DESCRIÇÃO DETALHADA DAS AÇÕES POR METAS (META 4 – ESPAÇO E CLIMA ESCOLAR)
PLANEJAMENTO ANUAL GA
DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA:
1.
2.
3.
4.
5.
ANOTAÇÕES
1.
2.
3.
4.
5.
ANOTAÇÕES
1.
2.
3.
4.
5.
Antes de iniciar as rodadas de debates, retomar as metas e listar brevemente o que já foi realizado de acordo com o
Planejamento Anual até o presente momento (quadro síntese de ações) – 10min
ANOTAÇÕES
CONVIDADOS CONTATO
1.
2.
3.
4.
5.
Antes de iniciar as rodadas de debates, retomar as metas e listar brevemente o que já foi realizado de acordo com o
Planejamento Anual até o presente momento (quadro síntese de ações) – 10min
ANOTAÇÕES
CONVIDADOS CONTATO
1.
2.
3.
4.
5.
Antes de iniciar as rodadas de debates, retomar as metas e listar brevemente o que já foi realizado de acordo com o
Planejamento Anual até o presente momento (quadro síntese de ações) – 10min
ANOTAÇÕES
CONVIDADOS CONTATO
1.
2.
3.
4.
5.
Antes de iniciar as rodadas de debates, retomar as metas e listar brevemente o que já foi realizado de acordo com o
Planejamento Anual até o presente momento (quadro síntese de ações) – 10min
ANOTAÇÕES
(CP) (C) (N) (D) (DP) (CP) (C) (N) (D) (DP)
Em caso de concordância, cite quais:
94
Cite uma atividade/ação promovida neste ano pelo GA que:
Você gostaria de destacar alguma atividade Deixe sua sugestão para o aprimoramento
ou iniciativa promovida pelo GA que lhe do GA e sua atuação:
causou impressão positiva e contribuiu para
a comunidade escolar neste ano?
PAPEL NO GA (LIDERANÇA
NOME DOS COMPONENTES FUNÇÃO PERÍODO DE ATUAÇÃO OU LÍDER DE SUBCOMISSÃO)
1.
2.
3.
4.
5.
6.
1. De forma geral, quais são as impressões do GA quanto às mudanças ocorridas frente à implementação
de um programa de parceria família-escola na instituição?
2. De forma geral, quais foram os principais desafios percebidos pelo GA quanto à implementação de
um programa de parceria família-escola na instituição?
( ) Fraco/Iniciante: programa ainda não se ( ) Muito bom: programa está bem desenvolvido,
encontra bem desenvolvido e implementado, voltado para as metas, e conseguiu atingir muitas
necessitando muitas reformulações e muito famílias e estudantes de diferentes séries ou anos
esforço para o próximo ano. letivos.
( ) Bom: programa está implementado, mas ( ) Excelente: programa está bem desenvolvido
ainda é frágil e precisa de ajustes e melhorias. e implementado, voltado para as metas, e
conseguiu desenvolver ações que atingiram
todas as famílias e os estudantes, de todas as
séries ou anos letivos.
96
4. Com relação às METAS definidas pelo GA para o ano que se encerra (utilizar o ranking da pergunta 3
no item Classificação):
Foi
Contribuiu
implementada
O que deu para atingir os
Atividade O que falhou? Classificação
certo? objetivos da
SIM NÃO
META 1? Como?
1.
2.
3.
4. Inserir linha
se preciso
Como avaliam a subcomissão encarregada desta Meta? Analisar aspectos positivos e desafios:
97
META 2 – Acadêmica: (escrever meta)
Foi
Contribuiu
implementada
O que deu para atingir os
Atividade O que falhou? Classificação
certo? objetivos da
SIM NÃO
META 2? Como?
1.
2.
3.
4. Inserir linha
se preciso
Como avaliam a subcomissão encarregada desta Meta? Analisar aspectos positivos e desafios:
98
META 3 – Não Acadêmica: (escrever meta)
Foi
Contribuiu
implementada
O que deu para atingir os
Atividade O que falhou? Classificação
certo? objetivos da
SIM NÃO
META 3? Como?
1.
2.
3.
4. Inserir linha
se preciso
Como avaliam a subcomissão encarregada desta Meta? Analisar aspectos positivos e desafios:
99
META 4 – Espaço e clima escolar: (escrever meta)
Foi
Contribuiu
implementada
O que deu para atingir os
Atividade O que falhou? Classificação
certo? objetivos da
SIM NÃO
META 4? Como?
1.
2.
3.
4. Inserir linha
se preciso
Como avaliam a subcomissão encarregada desta Meta? Analisar aspectos positivos e desafios:
100
5. Alguma das Metas definidas para este ano deverá seguir no ano que vem? Por quê?
6. Listar os 5 principais aprimoramentos com relação às metas que devem ser realizados para o próximo
ano, de acordo com as observações do GA:
101
ANEXO P – CHECKLIST DE IMPLEMENTAÇÃO DO GA
CHECKLIST DE IMPLEMENTAÇÃO DO GA
102
ANEXO Q – CHECKLIST DE ELABORAÇÃO DE METAS DO GA
Para ajudar na verificação dos passos necessários à implementação das Metas do GA:
103
ANEXO R – CHECKLIST DE AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE PARCERIA
Para ajudar na verificação dos passos necessários à organização e condução de momentos de avaliação
do programa de parceria desenvolvido pelo GA.
104
PNA