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Direitos Humanos e Gerao Da Paz Fascculo 8
Direitos Humanos e Gerao Da Paz Fascculo 8
humana: moradia,
saúde, trabalho
decente, meio
ambiente saudável
Evaniele Antonia de Oliveira Santos
8
A subsistência humana: moradia, saúde, trabalho decente, meio
ambiente saudável
Evaniele Antonia de Oliveira Santos
Ao final da leitura deste material, espera-se que o aluno cursista seja capaz de:
• Desconstruir o conceito de subsistência humana;
• Elaborar um raciocínio crítico em relação aos problemas políticos e sociais do
nosso país;
• Estabelecer uma conexão entre a Constituição Brasileira e a realidade do Brasil
e do mundo;
• Despertar para a necessidade de ter um papel mais atuante, enquanto cidadão,
para a construção de uma sociedade mais pacífica e digna.
Certamente você já deve ter se deparado – na sua rua, no seu bairro, na sua
escola ou faculdade, no seu trabalho ou na TV – com pessoas passando necessida-
des de vários tipos. Pode ter sido alguém que, por algum motivo, não tinha um teto
1. A existência é
um atributo ou
para morar ou que sofreu ou até morreu por não ter tido atendimento médico de
uma qualidade qualidade, algum parente que passou por situação de desemprego ou simplesmente
de tudo aquilo o fato de você mesmo presenciar alguma agressão ao meio ambiente. Agora, você
que possui uma
realidade con- deve estar se perguntando: o que todas essas coisas possuem em comuns?
creta. Devemos Neste fascículo iremos refletir sobre os conceitos de subsistência e dignidade
supor também a
existência de rea- humana, que estão dispostos na Constituição Federativa da República do Brasil e em ou-
lidades invisíveis. tros diplomas oficiais que auxiliam a afirmar a necessidade e a importância de levar
2. A subsistência uma vida digna, de como isso é fundamental para a construção da nossa realização
diz respeito aos
seres vivos. Só
enquanto seres humanos, e de como essas conquistas são essenciais para a edificação
subsistem aque- de uma cultura de paz na vida em sociedade.
les que nascem e Vamos pensar um pouco sobre o conceito de subsistência humana. Será que
morrem.
você já pensou, com profundidade, o que essa ideia quer nos transmitir? Será que
falar sobre “existência humana” e “subsistência humana” é a mesma coisa? E o que
é ser, propriamente, “humano”? Iremos, agora, pensar juntos sobre essas questões.
Qual a diferença entre as palavras existir e subsistir? Sabemos que tudo aquilo que po-
demos captar pelos nossos sentidos possui uma existência1, e nisso se engloba os objetos e
os seres vivos. Por outro lado, subsistir2 se refere, exclusivamente, aos seres dotados de vida.
A subsistência é um estado ou uma particularidade daquilo que é capaz de
subsistir, ou seja, de sobreviver. A subsistência – de modo geral – significa um con-
junto de necessidades essenciais para a preservação ou manutenção da vida como
um todo. Se pensarmos em uma planta, por exemplo, o que é fundamental para que
ela possa subsistir? Um solo bem adubado, água e luz solar!
Se pensarmos nos animais ditos irracionais, podemos dizer que a subsistência
deles é assegurada por meio de condições básicas disponíveis na própria natureza
e que garantem a sua sobrevivência. Mas o que podemos dizer dos animais ditos
Você acredita que no seu país, no seu Estado e na sua cidade esses
direitos são respeitados? Acha que pode melhorar? De que forma você
pode contribuir com essa melhora? O que pode fazer ou tem feito para
melhorar?
O direito a moradia
O direito a moradia digna, como vimos, é um direito previsto pela Constituição
Federal e é caracterizado por ser um direito social básico e essencial do cidadão.
Os direitos humanos contribuem para que se tenha uma compreensão ainda mais
humanizada desse direito que pertence a todo homem, a toda mulher, a todo jovem
e a toda criança.
O acesso a uma habitação digna é essencial para atingir uma vida satisfatória
e a realização da vida humana. Devemos compreender que esse direito ultrapassa
aquilo que podemos entender como simples sobrevivência. Nesse sentido, o di-
reito a moradia não deve se estabelecer limitado a ideia de um simples abrigo que
seja apenas suficiente para proteger o homem das forças da natureza. A moradia é
o espaço, por excelência, onde as pessoas podem ter segurança e satisfazer as suas
necessidades psicológicas ao terem posse de um lugar pessoal, privado e inviolável.
O direito a moradia constitucionalizado estabelece que a residência seja um
lugar adequado às necessidades básicas do sujeito, que seja capaz de oferecer de
maneira adequada e suficiente a dignidade da pessoa humana com conforto e qua-
lidade. É por essas razões que a construção precária de casas ou habitações em local
de risco se torna uma preocupação do Estado e, sendo assim, o Poder Público tem
compromisso com o cuidado e com a segurança, de modo preventivo, para evitar
quaisquer tragédias em relação aos cidadãos que residem nas zonas de risco.
Devemos saber que além da Constituição existem outras resoluções que regula-
mentam o direito a moradia nas esferas federais, estaduais, municipais e distrital (em
Brasília). No nosso país (nas várias esferas administrativas de gestão, ou seja, do âm-
bito federal ao municipal), existem programas habitacionais voltados ao atendimento
daqueles cidadãos mais necessitados ou menos favorecidos. Ex: Sistema Financeiro de
Habitação, Programa de Arrendamento Residencial, Programa Minha Casa, Minha
Vida, regimes de mutirão, etc. Infelizmente, no caso do Brasil, a questão habitacional
parece estar longe de ser resolvida, rotineiramente vemos nos noticiários as péssimas
condições em que se encontra a população brasileira e o descaso com
esse direito tão fundamental a nós.
Trabalho decente
A preocupação jurídica com o mundo do trabalho e com a necessidade de assegu-
rar algum bem-estar nesse setor da vida humana surge em decorrência das indig-
nas condições de trabalho existentes no século XVIII, com a chamada Revolução
Industrial. Em uma realidade completamente desumana, a rotina de trabalho era
extremamente rígida, podendo durar de 14 a 16 horas. Com o objetivo de obter o
lucro máximo, os donos das indústrias aplicavam as mais variadas formas de explo-
ração. Os homens trabalhadores se deparavam com baixíssimos salários, o que não
dava, minimamente, para manter a família. A solução encontrada pelos homens foi
a de envolver as suas esposas e suas crianças no mundo do trabalho. Tais condições
puderam afetar e desequilibrar, de maneira drástica, a vida em família.
Podemos sentir um pouco a realidade dessa época através do seguinte fragmento:
Síntese do fascículo
O presente fascículo aborda questões relacionadas aos direitos sociais bá-
sicos do cidadão que correspondem à subsistência humana e digna e que são
garantidos e legitimados pela Constituição da República Federativa do Brasil e en-
dossados por outros documentos auxiliares e imprescindíveis.
Para a construção teórica desse texto nos baseamos em perspectivas filo-
sóficas, sociológicas, jurídicas e psicológicas com a finalidade de explorar, de
maneira multidimensional, os vários olhares que o próprio tema nos impõe.
Podemos, ao longo da leitura, perceber os nossos direitos e o que podemos
esperar do Estado, mas, também, os nossos deveres e obrigações.
Vimos que a moradia, a saúde, o trabalho decente e o meio ambiente cons-
tituem direitos básicos e fundamentais para promover uma cultura de bem-
estar, de realização e de paz, e de como é importante que os seres humanos
sejam incentivados a participar ativamente das questões sociais, a observar o
mundo como seu próprio lar e aprender a zelar por ele.
Atividades
1. Como você interpreta o conceito de subsistência humana? Você considera que
esse conceito é definitivo ou vive em constante transformação? Justifique a sua
resposta.
2. Qual a sua opinião em relação ao Estado brasileiro e a sua atuação enquanto
garantidor do bem-estar e da dignidade do homem? Você acredita que o nosso
país consegue cumprir o que a Constituição propõe? Justifique.
3. O que você entende por cidadania?
4. Como o cidadão pode contribuir para auxiliar o Estado a instituir uma ge-
ração de paz?
5. Como se definem os direitos básicos?
6. Dos direitos sociais básicos que estudamos, você considera que existe um mais
essencial do que o outro? Você acredita que é possível listar uma escala em níveis
de importância ou ambos estão no mesmo patamar? Justifique a sua resposta.
Autora
Evaniele Antonia de Oliveira Santos: Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual
do Ceará (UECE), em 2008, com mestrado em Filosofia, em 2012, também pela UECE, nas
linhas de pesquisa: Ética Fundamental e Teoria Social e Política, onde atualmente leciona.
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