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Industrial
por Lucas Favaro 15 de março de 2021 Substituti
Importaçõ
21 de mar
de 2023

A Nova
Economia
Institucio
ea
Cliometria
Os libertários costumam defender seu credo em duas
21 de
bases, uma ética e outra econômica. Esse texto tem a
março de
intenção de mostrar como a base econômica sobre a
2023
qual os anarcocapitalistas se sustentam está errada. A
reação natural de grande parte dos libertários diante
dos pontos que serão levantados no texto é se esconder
atrás de uma ética deontológica. Mas, ao lê-lo, os
libertários não podem mais dizer honestamente que
uma sociedade libertária gera o melhor arranjo
econômico possível.

Ao longo do texto, vou basicamente apontar a existência


de falhas de mercado, e como o governo pode melhorar
o bem-estar social ao interferir no mercado. Vou
apontar a existência de cinco grandes blocos de falhas
de mercado: externalidades, problemas de coordenação,
monopólios naturais, escolhas irracionais e informações Top 10
assimétricas. maiores
milagres
econômic
Sumário da históri
9–O
1. 1. Externalidades
milagre
2. 2. Problemas de coordenação econômic
3. 2.1. Bens Públicos italiano
4. 3. Monopólios Naturais 20 de
5. 4. Escolhas Irracionais março de
6. 5. Informações Assimétricas 2023
7. Conclusões

1. Externalidades
Uma externalidade existe quando uma terceira parte é
afetada durante uma troca entre dois agentes. Por Qual o
exemplo, uma empresa produz um produto qualquer juro de
que despeja como subproduto resíduos tóxicos em um equilíbrio
rio, contaminando a água. Os compradores desse atual do
produto que moram longe do rio são apenas Brasil?
beneficiados com esse arranjo, ao passo que as pessoas
que residem ao longo do rio são prejudicadas com tal 18 de
sistema produtivo, já que não podem mais utilizar o rio março
para qualquer atividade produtiva, como a pesca, pois de 2023
os peixes morrem todos.

Murray Rothbard, ciente desse tipo de problema, criou


uma regra de ordem prática para resolvê-lo: aquele que
se estabelecer primeiro no local tem o direito à
produção da externalidade ou à compensação pela
externalidade. Se a empresa se estabeleceu antes na
margem do rio, ela tem o direito de produzir a poluição
que for, já se se estabeleceu depois, ela tem o dever de
pagar pelo prejuízo causado aos ribeirinhos, ou, em
última instância, ser fechada.

Ocorre que essa é uma solução de ordem jurídica que


não necessariamente produz o melhor arranjo
econômico. A solução que produz o melhor resultado no
bem-estar social é aquela que iguala os custos marginais
sociais aos custos marginais privados. O arranjo
encontrado por Rothbard é, portanto, ineficiente do
ponto de vista econômico.

Pode-se argumentar que pode-se chegar no arranjo


eficiente através apenas de trocas no mercado. Esse é o
famoso Teorema de Coase. Ocorre que a condição que
o teorema estabelece para se chegar num arranjo
privado eficiente é a ausência de custos de transação, e
isso pode nem sempre ocorrer na prática. Por isso que o
Teorema de Coase se aplica a um conjunto restrito de Tudo em
situações, como o caso de um fazendeiro vizinho de um todo
apicultor. Em todas as demais situações, uma terceira lugar ao
parte deve estabelecer regras que forcem os custos mesmo
privados a igualarem-se aos custos sociais. Essa terceira tempo —
parte se chama Estado e a principal forma utilizada Um
para se chegar no arranjo economicamente eficiente se retrato
chama imposto sobre a produção marginal. sobre a
dualidade
escolha-
sacrifício
15 de
março
de 2023

Um toy
model
explicand
como o
Banco
Enquanto o custo marginal social (MSC) diferir do custo
Central
marginal privado (MPC), há perda de bem-estar social.
define a
taxa
O exemplo utilizado é um caso de externalidade básica de
negativa, mas existem também casos de externalidades juros
positivas. Neste caso, os benefícios marginais sociais 12 de
diferem dos benefícios marginais privados, e o governo março
pode melhorar a situação através de subsídios ou de 2023
provimento direto do bem ou serviço. Nosso site já fez
um texto muito esclarecedor sobre a existência de
externalidade positiva no campo da pesquisa em ciência
e como essa situação pode ser analisada graficamente.
Top 10
maiores
milagres
econômic
da históri
10 – O
boom
american
da década
de 1990
11 de
março de
2023

Outro exemplo de externalidade positiva é o


provimento de educação básica. O provimento de
educação na primeira infância está correlacionado com
maior inteligência, maior produtividade, menores A Teoria
índices de criminalidade, uso de drogas e gravidez na dos
adolescência (fonte). Todos esses efeitos geram Ciclos
spillovers em toda a sociedade. O benefício marginal Reais de
social de se oferecer educação básica é maior que o Negócios
benefício marginal privado se tal serviço fosse oferecido
5 de
pelo mercado. Daí a necessidade da educação
março
compulsória e universal promovida pelo governo.
de
2023
Mas a externalidade mais importante de todas no
mundo de hoje, de longe, é a externalidade do
aquecimento global. Aquecimento global é uma
externalidade porque os principais afetados pelas Um
atividades que causam tal fenômeno (as pessoas que equilíbrio
ainda não são nem nascidas) não participam das delicado:
atividades. A única reação dos libertários diante desse por qual
imenso problema é a sua negação, pois eles sabem que razão a
apenas um conjunto de ações intergovernamentais política
poderia resolvê-lo. Ao fazer isso, libertários não diferem monetária
em nada dos terraplanistas. A quantidade de evidências é mais
a favor das mudanças climáticas é aterradora. Uma complexa
breve olhada na Wikipedia basta para conhecer tais do que
evidências. São elas: parece?
25 de

O aumento na temperatura da atmosfera sobre terras fevereiro
e mares. de 2023

O aumento no nível de umidade atmosférica, possível
graças à capacidade do ar quente de reter mais vapor de
água de do que o ar frio.

A retração da vasta maioria das geleiras.

A diminuição da área coberta por neve.
Curso de R

A retração do gelo oceânico global.
20 de

Migração de muitas espécies animais e vegetais de
fevereiro
climas mais quentes em direção aos pólos, ou a altitudes
de 2023
mais elevadas.

O aumento da temperatura do mar, com o resultado
de elevar-se o seu nível pela expansão térmica.

O adiantamento da ocorrência de eventos associados à
primavera, como as cheias de rios e lagos decorrentes
de degelo, brotamento de plantas e migrações de
animais.

As mudanças climáticas são definitivamente o calcanhar


de Aquiles dos libertários, por isso a ânsia deles em
negá-las veementemente. CATEGORIAS

Em que áreas a existência de externalidades justifica


a intervenção do governo?


Regulamentação ambiental: o Estado deve regular a Crescimento
poluição de rios, mananciais, lagos e mares; a destruição econômico
da fauna e da flora; a poluição atmosférica.
(31)

Combate às mudanças climáticas: O Estado deve se
comprometer a frear a emissão de gases do efeito estufa Crises e
e subsidiar a substituição de energia obtida de matriz recessões
poluidora por energia obtida de fonte limpa.
(11)

Subsídio e/ou provimento direto de educação básica e
universal. Críticas à

Subsídio e/ou provimento direto de saúde básica e heterodoxia
universal. Ademais, o Estado deve combater as
epidemias e prover vacinação compulsória e universal. (27)

Subsídio à pesquisa básica. Desigualdade

(12)
2. Problemas de coordenação
Economia
Problemas de coordenação são casos em que todos brasileira
concordam que uma determinada ação seria a melhor,
mas o livre mercado não pode coordená-los para tomar (44)
essa ação.
Economia
internacional
Para deixar claro o que quero dizer, segue abaixo um
trecho traduzido e levemente adaptado da FAQ Não- (18)
Libertária feita por Scott Alexander:
Economia
Como um experimento mental, considere a atividade de monetária
piscicultura (criação de peixes) em um lago. Imagine um
lago com mil piscicultores. Cada piscicultor aufere um (19)
lucro de R$ 1000/mês. Até aqui tudo bem. Ocorre que
cada fazenda de peixes produz resíduos que poluem a
água no lago. Digamos que cada piscicultor produz
poluição suficiente para reduzir a produtividade no lago
em R$ 1/mês. Economia
política
Mil piscicultores produzem resíduos suficientes para
(6)
reduzir a produtividade em R$ 1000/mês, o que significa
que nenhum dos piscicultores está ganhando dinheiro. Estatística e
Então alguém inventa um complexo sistema de filtragem econometria
que remove resíduos, que custa R$ 300/mês para operar.
Todos os piscicultores a instalam voluntariamente, a (13)
poluição acaba, e eles agora estão lucrando R$ 700/mês.
Finanças (7)
Mas um piscicultor (vamos chamá-lo de Pedro) se cansa
de gastar o dinheiro para operar seu filtro e decide não
História do
pagar pelo filtro. Agora a produtividade do lago está
reduzida em R$ 1 para cada piscicultor. Pedro ganha R$ pensamento
econômico
999 de lucro e todo mundo ganha R$ 699 de lucro.
(13)
Todo mundo vê que Pedro é ​muito mais lucrativo do que
os demais, porque ele não está gastando com os custos de História
manutenção do filtro. Eles resolvem também desconectar econômica
seus filtros. Uma vez que quatrocentas pessoas
desconectam seus filtros, Pedro está ganhando US R$ (17)
600/mês — menos do que seria se ele e todos os outros
tivessem mantido seus filtros! E os pobres usuários de Indústria (7)
filtros virtuosos estão ganhando apenas R$ 300. Pedro
então tem uma ideia, reúne todos e diz: “Espere! Todos Macroeconomia
nós precisamos fazer um pacto voluntário para usar
filtros! Caso contrário, a produtividade de todos diminui.” (53)

Todos concordam com ele, e todos assinam o Pacto dos Matemática (14)
Filtros, exceto uma pessoa. Vamos chamá-lo de João.
Agora todos estão usando filtros novamente, exceto João.
João ganha R$ 999/mês e todo mundo ganha R$ 699/mês. Meio ambiente
Lentamente, as pessoas começam a pensar que elas (8)
também deveriam estar ganhando muito mais dinheiro,
como João, e desconectam seu filtro por um lucro extra de Metodologia (16)
R$ 300.

A moral da história é que uma pessoa auto-interessada Microeconomia


nunca teria qualquer incentivo para usar o filtro. Uma
pessoa auto-interessada tem algum incentivo para (40)
assinar um pacto para fazer com que todos usem o filtro,
Outros (14)
mas em muitos casos tem um incentivo mais forte para
esperar que todos os outros assinem tal pacto, exceto ela
própria. Isso pode levar a um equilíbrio indesejável no Podcast (21)
qual ninguém assinará tal pacto.

A solução mais razoável para esse problema é que um Política


agente ascenda e imponha como obrigatório o uso do econômica
filtro para todo mundo. Esta solução regulatória leva a
(36)
uma maior produtividade total para as mil pisciculturas
do que um mercado livre.
A solução libertária clássica para esse problema é tentar
encontrar uma maneira de privatizar o recurso Resenha de
compartilhado (neste caso, o lago). Foi intencionalmente livros
escolhido a piscicultura para este exemplo porque a
privatização não funciona. Mesmo depois de todo o lago (4)
ter sido dividido em parcelas e vendido a proprietários Resumo de
privados (proprietários de água?), o problema
papers
permanece, pois os resíduos se espalharão de uma
parcela para outra, independentemente dos limites de (9)
propriedade.
Top 10 maiores
Retorno aqui de novo. Pois bem, onde ocorre problemas milagres
de coordenação no mundo real? As mudanças econômicos da
climáticas são um exemplo. É de interesse de cada nação história
que todas as demais assinem um pacto restringindo a
emissão de gases do efeito estufa, exceto ela própria. (2)
Assim, ela obterá o benefício com poucas mudanças
climáticas ao mesmo tempo que obterá o benefício de Tributação (9)
poder poluir sem restrição alguma. É por isso que os
acordos climáticos fazem pouco pela desaceleração das
mudanças climáticas. Há claramente um problema de
coordenação.
Economia
Outra área em que há problemas de coordenação são os
bens públicos. Estes merecem um tópico especial. Mainstream no
facebook
2.1. Bens Públicos
Bens públicos são bens que não são nem rivais e nem
excludentes. Bens rivais são bens cujo consumo por Economia Mains
25,493 followers
parte de um agente diminui as possibilidades de
consumo por parte de outro; bens excludentes são bens
cuja legislação é capaz de torná-los propriedades de um
único agente. Exemplos de bens públicos são a defesa Follow Page
nacional, os bosques, as praças e a iluminação pública.
Todos esses bens são bens cujo usufruto por parte de
uma pessoa não impede que outra pessoa também a
utilize, bem como são bens cuja possibilidade de excluir
aqueles que não pagam pela sua produção ou
manutenção é praticamente nula. Bens desse tipo, se
providos tão-somente pelo mercado, são sub-
produzidos, pois estão passíveis ao problema do carona.

O problema do carona caracteriza uma situação em que


aqueles que não pagam pelo fornecimento de um bem
utilizam-no mesmo assim, de modo que a sua produção
é sub-ótima. A defesa nacional é o exemplo mais
característico de um bem público. Imagine que exista
uma nação cujo financiamento da defesa nacional seja
feito em bases totalmente voluntárias. Paga quem quer,
e o quanto quiser. A ação mais racional do ponto de
vista de uma pessoa é não pagar nada, pois ela sabe que
se pagar, o benefício marginal que ela vai receber com
uma melhoria marginal na defesa nacional é menor que
o custo marginal do desembolso. Fazendo isso, ela vai
desfrutar de uma defesa nacional gratuita do seu ponto
de vista. Mas se todos pensarem assim, apenas os mais
altruístas, que colocam o bem social acima do seu bem
pessoal, contribuirão para o financiamento da defesa
nacional, gerando um provimento sub-ótimo desse
serviço (isto é, um ponto onde o custo marginal social
não se iguala ao benefício marginal social). No limite, se
todas as pessoas agirem pensando apenas em si, não há
defesa nacional alguma. Como resolver essa situação,
que é claramente um problema de coordenação?
Novamente, com a implantação de um agente capaz de
coagir todos os demais a pagar a cota necessária para
igualar os custos marginais aos benefícios marginais.
Esse agente, no mundo de hoje, se chama Estado.

Outro bem público importante, porém mais abstrato, é o


conhecimento. Como os libertários gostam bastante de
enfatizar, ideias não são escassas, pois uma vez
produzidas elas podem ser utilizadas por qualquer
pessoa sem que isso impeça que outra as utilize. Na
taxonomia acima exposta, ideias são bens não-rivais. A
princípio, ideias também são não-excludentes, pois uma
vez criadas, não se pode excluir qualquer pessoa de as
utilizar. Assim, ideias se configuram como um bem
público. Portanto, como dita a boa economia, o
conhecimento (as ideias) é provido em um ponto sub-
ótimo. Se é verdade que numa sociedade libertária
ausente de propriedade intelectual as ideias estariam
livres para serem utilizadas por qualquer pessoa, por
outro lado elas seriam sob-produzidas, pois ninguém
teria incentivo para produzi-las. É aí que entra o
governo com a delimitação de direitos de propriedade,
tornando um bem que a princípio é não-excludente em
um bem excludente. O produtor do conhecimento passa
assim a internalizar os benefícios da produção de
conhecimento (conhecimento também gera
externalidades positivas), o que aumenta o provimento
de conhecimento na sociedade.

Em que áreas a existência de problemas de


coordenação e bens públicos justifica a intervenção
do governo?


Provimento de defesa nacional, bosques, praças,
iluminação pública, sistemas de controle de água
(barragens e represas), estatísticas oficiais.

Estabelecimento de direitos de propriedade intelectual
(copyrights e patentes).

3. Monopólios Naturais
Um mercado é eficiente no sentido de Pareto se seu
preço se igualar ao seu custo marginal. Monopólios
naturais são mercados em que o escopo de produção
não permite com que o custo marginal se iguale ao
preço, pois, nesse ponto, o preço estaria abaixo da curva
de custo médio, gerando prejuízo para a empresa.
Geralmente indústrias desse tipo são aquelas em que os
custos fixos são muito altos e os custos marginais são
muito baixos. Como exemplo, podemos citar a
distribuição de energia elétrica, o fornecimento de água,
a distribuição de gás natural, sistemas de segurança
pública, serviços de transporte público e o sistema
jurídico.

Nos monopólios naturais, o ponto em que a curva de


demanda (D) encontra a curva de custo marginal (MC)
fica abaixo da curva de custo médio (ATC), de modo que
se a empresa igualar o preço ao custo marginal, ela terá
prejuízos.

Se o monopólio for deixado por conta própria, o preço


estabelecido será Pareto-ineficiente. Se a empresa torná-
lo Pareto-eficiente, isto é, igualar o preço ao custo
marginal, ela terá prejuízo e irá abandonar o mercado.
O que fazer então? A solução é ou a regulação ou o
fornecimento direto por parte do governo. No primeiro
caso, regula-se o preço no ponto em que a curva de
demanda encontra a curva de custo médio, fazendo com
a empresa não tenha prejuízo e nem lucro econômico
(apesar de ainda obter lucro contábil). No segundo caso,
geralmente iguala-se o preço ao custo marginal e cobre-
se o prejuízo resultante com um subsídio.

Novamente, para se alcançar a situação mais eficiente


do ponto de vista econômico, precisa-se da atuação do
Estado.

Em que áreas a existência de monopólios naturais


justifica a intervenção do governo?


Provimento direto ou regulamentação de energia
elétrica, água tratada, esgoto, gás natural, transporte
público e serviços postais.

Provimento de segurança pública e do sistema
jurídico.

4. Escolhas Irracionais
A economia neoclássica sempre pressupôs que os
agentes são racionais (isto é: eles maximizam funções de
utilidade dadas as restrições a que estão sujeitos). A
“economia libertária”, por assim dizer (a praxeologia,
economia de Mises e Rothbard), pressupõe algo muito
parecido: o ser humano age para sair de um estado de
menor satisfação para um estado de maior satisfação. A
partir da década de 80 esses pressupostos foram cada
vez mais questionados por certos psicólogos e
economistas. Esses pesquisadores descobriram a
existência do que veio a se chamar vieses cognitivos,
que são padrões de distorção de julgamentos e
percepções que fazem com que o indivíduo não aja
racionalmente. O programa de pesquisa que estuda a
relação entre os vieses e o comportamento econômico é
chamado de economia comportamental, e este
programa é cada vez mais influente na academia, tendo
já rendido dois prêmios Nobel a pesquisadores dessa
área (Kahneman e Thaler).

Um desses vieses é o viés do status quo, que faz com que


o indivíduo prefira o estado atual das coisas, mesmo se
uma alteração de sua situação proporcionasse um
aumento no seu bem-estar. Um exemplo prático desse
viés é a escolha da opção de aposentadoria. Se a opção
default é uma pequena contribuição, tendo como
consequência uma pequena aposentadoria, a maioria
dos trabalhadores escolhe essa opção. Por outro lado, se
a opção default é uma contribuição razoável, tendo
como consequência uma aposentadoria também
razoável, a maioria dos trabalhadores também escolhe
tal opção.

Esse comportamento por parte dos trabalhadores é um


enigma do ponto de vista neoclássico e do ponto de vista
praxeológico. Se os trabalhadores preferem pequena
contribuição/pequena aposentadoria, eles deveriam
optar por essa escolha sendo ela a opção-padrão ou não.
Apenas a economia comportamental dá conta de
explicar esse fenômeno: as pessoas escolhem a opção
que gasta a menor quantidade de energia mental, a
opção-padrão. Para um estudo desse tipo de
comportamento, veja esse artigo.

O governo pode interferir nesse resultado, colocando a


opção-padrão como aquela que mais gera resultados
sociais benéficos (nesse caso, colocando a opção-padrão
como sendo contribuição razoável/aposentadoria
razoável, que gera maior taxa de poupança na economia
e, portanto, maior investimento).

O ponto é: se as decisões das pessoas não são


aleatoriamente irracionais, mas sistematicamente
irracionais de maneira previsível, isso levanta a
possibilidade de que as pessoas conscientes dessas
irracionalidades possam fazer melhor do que a pessoa
média em campos específicos onde as irracionalidades
são mais comuns, levantando a possibilidade de que a
ação governamental para “guiar” a melhor ação
individual possa às vezes ser justificada.

Em que áreas a existência de escolhas irracionais


justifica a intervenção do governo?


No sistema previdenciário: as pessoas são
sistematicamente míopes e enviesadas quando se trata
de se providenciar para o futuro distante. O sistema
previdenciário compulsório e universal corrige essa
falha.

5. Informações Assimétricas
Muitas teorias econômicas começam com a suposição de
que todos têm informações perfeitas sobre tudo. Por
exemplo, se os produtos de uma empresa não são
seguros, essas teorias econômicas presumem que os
consumidores sabem que o produto não é seguro e,
portanto, comprarão menos dele. Nenhum economista
acredita literalmente que os consumidores têm
informações perfeitas — informação perfeita é apenas
uma ferramenta simplificadora utilizada em modelos
econômicos. De fato, Stiglitz e Grossman provaram que,
dados certos pressupostos, mercados com informação
perfeita são impossíveis.

No pensamento não-libertário, as pessoas se preocupam


tanto com coisas como segurança e eficácia do produto,
ou a ética de como um produto é produzido, que o
governo precisa garantir que o produto é seguro, eficaz
e foi produzido de forma ética. No pensamento
libertário, se as pessoas realmente se preocupam com a
segurança, a eficácia e a ética na produção do bom, o
mercado as garantirá, e se elas não se importam, tudo
bem também.

Mas o que há de errado com a posição libertária? Ocorre


que uma das escolhas irracionais mais consistentes que
as pessoas fazem é comprar produtos sem gastar tanto
esforço para coletar informações quanto o tanto que
elas se importam com essas coisas sugeriria. Então, de
fato, os não-libertários têm razão: se não houvesse
regulamentação governamental, as pessoas que se
importam com coisas como segurança e eficácia
ficariam constantemente presas a produtos inseguros e
ineficazes, e o mercado não corrigiria essas falhas.

Como exemplo de irracionalidade generalizada,


podemos citar o caso da fosfoetanolamina. Em 2016, o
Congresso liberou o tratamento de câncer com essa
substância, sob pressão popular, mesmo com
absolutamente nenhuma evidência apontando a
segurança e a eficácia dessa substância no combate ao
câncer. Tudo isso porque um charlatão fez propaganda
enganosa. As vítimas de câncer, entendivelmente, se
agarraram a essa esperança. O que não é entendível é o
Congresso passar por cima da Anvisa, dos especialistas
no assunto, e liberar o uso do produto sem nenhuma
garantia de segurança por parte dos técnicos.

E isso ocorre apesar do governo regular a segurança, a


eficácia e a ética na produção do bem. Imagine se não
regulasse? Imagine o tanto de bens produzidos de forma
anti-ética não estariam livremente sendo vendidos no
mercado? Imagine o tempo que não iria demorar para
as pessoas perceberem que um produto é ineficaz,
tempo este mais do que suficiente para os acionistas da
empresa que o produz lucrarem bastante? Imagine o
tanto de charlatões vendendo produtos milagrosos não
estariam lucrando em cima da esperança das pessoas?

Uma área específica em que a assimetria de


informações se faz presente é no setor bancário. Sem
regulação governamental, as pessoas não saberiam se o
banco iria manter seguro o seu dinheiro, permitindo
que elas demandem sua devolução a hora que
quiserem. Os bancos têm um incentivo perverso para
emprestar o dinheiro depositado mais do que a
prudência permitiria, pois apenas eles têm a informação
do quanto de dinheiro tem depositado em seus cofres.
Os bancos sofrem daquilo que se chama de moral
hazard. O governo pode, então, melhorar a situação,
estabelecendo uma cota mínima de dinheiro a ser
mantida no cofre dos bancos, uma reserva compulsória.

Em que áreas a existência de informações


assimétricas justifica a intervenção do governo?


Ela justifica as regulamentações de segurança dos
produtos, como as regulamentações dos alimentos e dos
remédios.

Justifica o estabelecimento de regras no mercado
bancário, como a exigência de reservas compulsórias.

Conclusões
Esses são os pontos principais que justificam a
existência do Estado do ponto de vista econômico, que
creio serem mais do que necessários para convencer
qualquer um da necessidade da existência do mesmo.
Cabe ressaltar, ainda, que o Estado pode ser justificado
em outras bases que não a econômica, como a base
ética: pode ser que seja ético a redistribuição de renda
feita pelo Estado; ou pode ser ético o fornecimento de
rua para todos, permitindo a livre circulação de pessoas.

Leia também:
Por que a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos (TACE)
está errada?
Motivos pelos quais a Escola Austríaca bomba na internet
A relação entre Mario Bunge e a pseudociência –
Resposta ao site Universo Racionalista
Por que os desenvolvimentistas estão errados sobre
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About author

Lucas Favaro

Fundador do Economia Mainstream. Graduado


em economia pela Universidade Estadual de
Maringá (UEM). Mestrando em economia pela
USP.

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Comments (24)

Erick Dornelles Reply


fev 11, 2023 at 6:07AM

O anarquismo é utópico mesmo em suas


vertentes,quando e onde que não existiu
estado!?o estado existe,sempre existiu e
sempre vai existir,isso faz parte da natureza
humana,é impossível viver em sociedade
sem estado

Erick Dornelles Reply


fev 10, 2023 at 4:45PM

Concordo plenamente com esse texto só


peço cuidado com o uso do termo
“libertario” ,nos Estados Unidos esse termo
tem sido usado desde a década de 60 por
anarcocapitalistas e minarquistas,mas isso
não tem nenhum cabimento lógico,não
existe libertarismo anarquista assim como
liberdade não é anarquia sendo assim
contudo libertaria é a economia ortodoxa,os
heterodoxos austríacos são no máximo
pseudo-libertarios

Intergalático Reply
nov 17, 2022 at 11:41PM

Mas… considerando que há humanos


racionais, recheados de vontades induzidas
pelo meio ambiente na qual ele está inserido
e que ao nascer é um potencial objeto a ser
consumido pelo seu íntimo desejo de posse,
é bastante contraditório considerar que no
auto-arranjo de uma sociedade cuja
mediação bidimensional (fato x razão
aparente) não seja desfavorecida pelo
desequilibrio da posse histórica de algum
bem tangível (pois no intangível não há
controle auto-regulado, logo não há
legitimidade na existencia). Se ao nascer,
onde temos um hiato de tempo onde o
individuio é vitima da construção mental de
um conceito abstrato chamado “sociedade”,
que conduz o ser humano a uma percepção
ilusória de pertencimento, seja por achar
que faz parte por sua teórica utilidade ou
mesmo por fazer algo no sentido de
contribuição para essa massa de “vontades”
engordando a embolia de vaga-lumes para
dentro da garrafa de vidro chamada capital,
nada pode fazer a respeito, pois não tem
propriedade sobre ele mesmo, apesar de ter
potencial futuro, caso não encaixe-se no
contraditório.
Então, se um elemento (!humano?) polui um
rio, mesmo que uma pequena parte, para
produzir algo que aparenta ter valor (pois o
valor é um conceito arbitrário e violento),
não lhe pode ser atribuida culpa se chegou
primeiro no lugar, mas, um segundo
elemento nascido depois, respeitando a ética
matemática da sequencia, assume um trecho
subsequente do rio poluído. No impeto de
tristeza é acometido pelo pensamento
devastador de ter sido prejudicado por ter
nascido depois e ser prejudicado pela
ordenação das coisas, tendo como
“propriedade” um trecho menos favorecido
para sua sobrevivência, então aplica a ética
para resolver o problema, eliminando o seu
antecessor mantendo-se estritamente dentro
do conceito de bens comuns são para todos,
desde que minha parte seja melhor. Cabe
considerar que sobreviver é eticamente
aceitável e sobrepõe qualquer noção de
julgamento externo, afinal não há mediador
infalível que não seja vítima das mesmas
coerções desde sua tenra idade, então o bem
comum é de todos que vão sustentar os
meus anseios iniciais de pertencer a uma
sociedade de pertences.
Um julgador nas condições de neutralidade
(imparcialidade é uma amedota à ignorância
cegueira humana) irá atender os designos de
uma justica que é remunerada pela
eficiência da decisão, cuja razão é a
sobrevivência, então, na busca da auto-
preservação, tende que sua decisão faça sua
neutraliddade cair do lado do mais
favorecido, criando uma mecânica
irresistivel de atração de forças (maiores
ficam maiores e menores menores).
A dinânica dos conflitos é alimentada pelo
trinômio do desejo-ação-reação em que em
uma visão autoregulada do ser humano irá
culminar na aniquilação do menor até que
só exista 1, sendo esse o caminho natural do
conceito de posse e propriedade em
circustâncias cuja mediação é remunarada
pelas partes interessadas.
Já em contra partida, uma justiça que tem
neutralidade alimentada por contribuições
anonimas e compusórias é corrompida pela
insensatez da remuneração desassociada de
um propósito direto ou mesmo da não
participação do resultado da sua decisão. Na
construção regulatória da mentalidade
ocidental, uma ação direta requer uma ação
devolutiva, logo, se não há beneficio, o
interesse diminui assim como a velocidade e
eficiência do processo. Assim sendo, uma
das partes pode em nome da ética da
econômica sugerir algum tipo de privilégio
para uma decisão favorável ao seu pleito e
dentro da visão ética da sobrevivencia
capitalista nada há de mal em se favorecer,
visto que é eticamente razoável considerar a
maioria feliz (considerando 3 partes, 1
decisor e 2 requerentes).
Em suma os efeitos degenerativos aplicados
à “sociedade” seja capitalista, socialista,
anarquita, qualquer coisa que queira
nomear pra ser diferente, etc. vai culminar
no mesmo ponto: Estamos lascados e
qualquer forma, não temos salvação, pois o
ser humano é mal, pois busca acumular
mais do que precisa. A Justiça não existe.

Breno Reply
maio 03, 2022 at 8:08AM

Não sou anarco-capitalista, e acredito ter


problemas em alguns pontos da
argumentação do Cauan, acredito que o
anarco-capitalismo é utópico, especialmente
a vertente de Rothbard; mas, Lucas, no texto
está claro que você não parou para
considerar que a teoria anarco-capitalista
abarca tribunais privados e existem diversos
textos ancaps com respostas a justamente
esse tipo de ataque.

Além de Rothbard, Walter Block, David


Friedman e outros mais sérios tentam
responder de maneira razoavelmente
satisfatória boa parte dos problemas citados.
Uns com mais e outros menos razoabilidade.
Seria muito mais interessante um texto
comentando os argumentos deles e
explicando cada problema, do que este que
ataca uma caricatura. Até a Ayn Rand, que
não era ancap e repudiava a ideia, tem
textos bons sobre como ter um governo feito
de contribuições voluntárias. Como você
escreve sobre o assunto com alguma
frequência, sugiro dar uma olhada. Bons
estudos.

Bruno Reply
jan 17, 2022 at 9:19PM

Ia comentar, mas o Cauan já deu a aula.


Impressionante que até agora nunca
encontrei argumentos bons contra o
anarcocapitalismo. E normalmente quem
escreve esse tipo de coisa nunca leu
“homem, economia e estado” ou “Ação
humana” ou “Ética da liberdade”. A
complexidade do sonho ideológico de achar
que alguém ser dono de ti é bom, é tão
assustadora que eu sinto como se
estivéssemos lutando a favor de abolir a
escravidão.
Valor é individual e imensurável

lucas jacome Reply


set 01, 2021 at 1:03AM

concordo com muitos pontos mas acho que


alguns dos serviços citados não
nesssariamente precisa do estado
mas sim acho que o estado tem que
financiar algumas áreas como
saude.educaçao,justiça,renda minima entre
os aspectos
um livro que eu indico é city voluntary que
tenta achar possíveis soluções para bens
públicos
https://www.independent.org/publications/books/summary.asp?
id=17
https://www.independent.org/publications/books/summary.asp?
id=17

Oswaldo Reply
ago 28, 2021 at 1:29AM

Resumo: “Como eu quero conseguir dormir


a noite tenho que justificar o uso de agressao
pra pagar o meu salario de parasita”

Felipe Reply
ago 28, 2021 at 12:26AM

Eu ia responder ponto a ponto, mas Cauan já


respondeu minunciosamente. Parabéns pela
resposta.

Fernando Reply
ago 26, 2021 at 8:21PM

Cauan Henriques jantou cedo hein? Refutou


ponto a ponto os arjumentos do autor. Mais
um dia se passa e o Libertarianismo segue
irrefutável e ético.

MAgua Reply
jun 21, 2021 at 9:19PM

Bom, eu achei que realmente seria um texto


que destruiria completamente o conceito
organizacional de uma sociedade libertaria,
mas o que eu vi foi apenas as mesmas coisas
que todos os estatistas tendem a defender.
Estatistas acreditam que indivíduos são
incapazes e que apenas uma força coercitiva
burocrática, tem a capacidade de elevarmo-
nos para um bem-estar maior. Mas como a
historia nos mostrou, mais precisamente no
século passado, a era do Estado totalitário e
do Estado de bem-estar social, pós segunda
metade do séculos passado, vimos que
crescimento do PIB ou melhoria tecnológica
estatal, não significa bem estar do individuo
e melhoras econômicas. Ao analisarmos
uma sociedade, temos que ter em mente
quais os objetivos daqueles que a compõe.
Indivíduos tem objetivos diferentes, mas a
politica e o jogo burocrático tenta distorce-
los. Ao dizer que o Estado tem o poder de
definir o futuro que qualquer ser, isso vai
contra a natureza humana de criação,
interação. convívio e etc. Com quais
parâmetros um burocrata pode dizer como
que um ser comum em uma cidadezinha
distante pode viver de forma com que
contribua para a melhoria tão
alardeadamente buscada por politicas
estatais de integração social, econômica e
etc? Burocratas estatais e seus adeptos,
tendem a usar números e estatísticas para
definir tal sucesso de uma determinada
politica, como pode exemplo: Uma educação
estatal, gratuita e constituída conforme os
burocratas do Estado deseja. Mas sabemos
que desde da implantação da educação
compulsória desde de Martin Lutero,
criamos apenas seres guiados por uma
definição politica, ideológica ou mercantil. O
controle das mentes através da ideia que
devemos doar o nosso futuro a legisladores.
Uma formação social aonde compõe-se por
indivíduos que interagem entre si, é muito
mais profundo que um simples
ordenamento Estatal de para onde
deveremos ir, segundo os burocratas.

Dawkins Rothbard Reply


ago 26, 2021 at 11:45PM

Faço das vossas, as minhas


palavras!
Jeremias Reply
abr 14, 2021 at 10:49AM

Aquecimento global, pandemias, direitos das


minorias, tudo isso são o calcanhar de
Aquiles dos libertários de direita. Chamo de
libertários de direita para não chamar de
uma vez de supremacistas e eugenistas.

Kavy Reply
mar 25, 2021 at 5:10AM

Ótimo artigo! Destrói um mito muito


difundido no meio ancap.

Eu gostaria de fazer uma correção, que é


mais para uma observação: libertários se
opoem a qualquer forma de governo, não
exatamente. Eles se opõem a formas
violentas (coercitivas) de governo/Estado.
Então, se os cidadãos não forem obrigados a
participar de tal governo o governo torna-se
legítimo do ponto de vista libertário.

Aliás, as pessoas escolherem participar


torna-se ainda mais razoável ao
considerarmos a potencialmente maior
eficiência econômica que o artigo aponta
como um fator. Assim, além das tendências
psicológicas, sociais e culturais em prol de
uma organização governamental voluntária,
temos ainda a racionalidade de fazer parte
de um sistema/região economicamente mais
desenvolvida.

Lucas Favaro Reply


mar 25, 2021 at 11:15AM

Oi Kavy, obrigado pelo elogio.


Tenho duas coisas a falar sobre
esse seu comentário:

1. Estado, por definição, é uma


organização não voluntária. Estado
não é sinônimo de governança.
Então se todas as pessoas de uma
região aceitarem viver sob
jurisprudência e legislação de um
mesmo órgão, esse órgão, por
definição, não é um Estado.

2. Mesmo o Estado trazendo


benefícios econômicos do ponto de
vista social, nem sempre é racional
para um indivíduo viver em uma
sociedade regida por um Estado.
Por exemplo, se um indivíduo gera
externalidades negativas ao ponto
de que os ganhos dessas
externalidades superam os ganhos
de se viver em um Estado que
corrija tais externalidades, então
pra ele é racional viver em uma
sociedade sem Estado, ie, uma
sociedade que não tente corrigir a
externalidade negativa que ele
produz.

Ramon Arthur Reply


ago 26, 2021 at
2:02PM

na verdade essa
jurisprudência teria que
ser com base nos
principios éticos racionais

FHOA Reply
mar 21, 2021 at 6:59PM

Caramba, o pessoal ficou realmente irritado.


Imagine se eu fosse reagir assim a cada
absurdo (que não é o caso do texto aqui, que
fez argumentações normais e sem
deturpação) que escrevem no IMB ou
congêneres, passaria o dia todo socando a
parede.

Cauan Henriques
mar 21, 2021 at 9:40PM Reply

Não é o caso? Em 1 e 2 a
argumentações usa premissas
COMPLETAMENTE erradas e
logicamente, chega em conclusões
erradas.
3 Sequer existe. Da nem pra falar
que é achismo, simplesmente não
existe.
4 é metade espantalho, metade
falácia/ erro lógico
5 é a mesma coisa acrescido de
falta de conhecimento histórico de
como e porque surgiram agências
reguladoras;

O mínimo que dá pra fazer ao


criticar alguma coisa é saber aquilo
que se está criticando. Claramente
não é caso já que o autor propõe
situações que sequer existiriam
caso a hipótese fosse verdadeira.

Ele pega problemas causados pela


intervenção estatal e falta de
propriedade privada e pergunta
“como o libertarianismo resolveria
esses problemas causados pela
intervenção estatal e falta de
propriedade privada?”

Cauan Henriques Reply


mar 18, 2021 at 11:32AM

Metade do texto é “o livre mercado não


resolve os problemas que o estatismo/falta
de propriedade privada causa”

1 – Não existe externalidade negativa


quando se tem propriedade privada. De
quem é o rio? Se o rio é da empresa, ela
pode poluir ou preservar e ninguém tem
nada a ver com isso a menos que isso afeta a
sua propriedade.
Se ela, ao fazer algo com sua propriedade,
afeta a sua propriedade, então existe um
conflito como qualquer outro a ser resolvido
pela lei. No caso, você presume que a lei
seria estatal e por tanto um lixo ineficiente e
lerdo mas com tudo privatizado, o tribunal
tem um incentivo pra resolver causas justas
o mais rapido possível.

2–
Você falha em entender o conceito BÁSICO
do libertarianismo.
De quem é o rio onde os pescadores pescam?
Você presume que é um rio comunitário e
portanto ele cai na tragédia dos comuns.
Não é um problema que acontece no
libertarianismo, é literalmente impossível.

2.1 –
– Empiricamente, “carona” não impede nada
de ser feito/produzido.
– Propriedade intelectual garantida pelo
estado é um desincentivo a ideais e evolução
pois uma vez que um concorrente de
pesquisa está mais perto de uma descoberta
MINIMAMENTE relacionada à sua, você
pode jogar a sua pesquisa no lixo por 30
anos.

– Só porquê VOCÊ, autor, não sabe um jeito


de monetizar ideias sem patentes, não
significa que não existe. Só significa que
VOCÊ não sabe. E como culpa-lo? É assim há
300 anos.

De maneira analoga, qual o motivo de


pessoas pagarem pra ter uma obra de arte
original ao inves de imprimir em 4k?
Porquê pagar pra ver o show do metallica se
o cover é igual e custa 5x menos?

Outro ponto é que incentivos financeiros


NÃO SÃO o único incentivo pra
desenvolvimento. Existem várias tecnologias
e até vacinas que não são patenteadas
intencionalmente.

3 – Monopólio natural é absurdo economico.


Não existe HOJE nos setores que você
mesmo citou e nos moldes estatais, imagina
com tudo privado. É um absurdo achar que
sem restrições estatais pra entrar no
mercado e fornecer um serviço qualquer,
monopólios vão existir de alguma forma.
Simplesmente uma aberração de
pensamento.

Na alemanha existem varias em empresas


de fornecimento de energia por exemplo.
Nos EUA também. Se compram por pacote.

Sobre os outros setores, é a mesma coisa.


Existem n+1 variáveis que você não está
levando em conta e quem nem sequer
sabemos que existem/existirão.

4e5
As pessoas tomam decisões baseadas no que
elas acham com as informações que elas tem
no momento.
Elas podem estar erradas e provavelmente
estarão ao longo da vida porém cada uma
delas tem suas definições de riscos
aceitáveis e objetivos pra vida.

Presumir que o estado que é controlado por


políticos semianalfabetos e em grande parte
socialistas/keynesianos, sabe, de alguma
forma, a melhor maneira que qualquer
pessoa pode possivelmente viver/gastar
dinheiro sendo que esse mesmo politico é
um ser humano tão limitado quanto os que
ele julga querer “ensinar a viver” é a maior
JUMENTICE que alguém de qualquer campo
econômico pode proferir em um artigo que
se propõe a ser minimamente sério.

Historicamente, regulamentações não foram


feitas pra proteger consumidor. É
documentado a intenção das empresas de
cartelizar o mercado.

Por quê regulamentação tem que ser


monopólio estatal?
Exigência de reserva compulsória em banco
só é necessario porque o Banco da um golpe
de reserva fracionária autorizada pelo
próprio estado.

Emprestam dinheiro que não existe com


permissão.

Conclusão:

Ainda que todos os pontos do autor não


fossem falácias econômicas/ praxeológicas
ou falsas correlações e causalidades, a
existência ética e econômica do estado é
injustificavel uma vez que ele próprio é o
monopólio da lei e como qualquer
monopólio, não possui incentivo qualquer
para providênciar o melhor serviço com
melhor custo uma vez que as pessoas são
obrigadas a pagar por ele.

Sendo o autor brasileiro, isso não deveria


precisar ser explicitado.

Lucas Favaro Reply


mar 19, 2021 at 7:41AM

Vamos lá.

“Não existe externalidade negativa


quando se tem propriedade
privada.”

Mas nem sempre é possível se ter


propriedade privada. O seu
argumento em 1 não serve para o
caso da poluição atmosférica, já
que não é possível privatizar o ar.

“Empiricamente, “carona” não


impede nada de ser
feito/produzido.”

Carona diminui a produção do bem


em relação à produção ótima. Isso
é um fato básico da
microeconomia.

“Propriedade intelectual garantida


pelo estado é um desincentivo a
ideais e evolução pois uma vez que
um concorrente de pesquisa está
mais perto de uma descoberta
MINIMAMENTE relacionada à sua,
você pode jogar a sua pesquisa no
lixo por 30 anos.”

Como ideias são bens comuns a


princípio (isto é, não-rivais e não-
excludentes), então elas são sub-
produzidas. Direitos de
propriedade tornam as ideias
monopólios naturais (isto é, não-
rivais porém excludentes).
diminuindo o problema de sub-
produção. Leia mais aqui:
https://economiamainstream.com.br/artigo/uma-
justificativa-economica-para-os-
direitos-de-propriedade-intelectual/

“É um absurdo achar que sem


restrições estatais pra entrar no
mercado e fornecer um serviço
qualquer, monopólios vão existir
de alguma forma. Simplesmente
uma aberração de pensamento.”

Isso é achismo seu.

Cauan Reply
Henriques
mar 19, 2021 at
9:11PM

Pra você dizer que o


libertarianismo está
errado, você precisa
considerar a condição
proposta dele onde TUDO
É PRIVATIZADO e então
demonstrar impossível a
premissa mas eu duvido
uma vez que ela é
derivada racionalmente
de axiomas.

1 – Sim, serve para


poluição atmosférica. Isso
já foi respondido tem
mais de 30 anos por
Murray Rothbard.
Recomendo pesquisar
antes de presumir
afirmações errôneas.

Mas, basicamente, com


um tribunal privado pra
julgar casos de
contaminação por
emissão de poluentes,
regulações e regras
privadas que seriam feitas
e provavelmente seriam
muito mais rigorosas do
que agora uma vez que
você NÃO PODE agredir
terceiros com
externalidades. Isso
também serve pra som
alto e luz.

Bairros e municipios
teriam regras pra
instalação de empresas
que possivelmente
possam emitir alguma
coisa.

1.1 – A dificuldade é a
intensidade e pra isso que
precisa de juiz. Se eu
acender uma luz na
minha casa, os fotons
chegam no vizinho mas
isso não modifica
propriedade, que é
diferente de eu ligar um
holofote virado pra casa
dele. O mesmo principio
de proporcionalidade
seria aplicado.

2 – Tudo que é escasso


pode e deve ser
privatizado. O ar é
extremamente abundante
tendendo ao infinito por
isso o conceito de
propriedade não se
aplicaria perfeitamente e
seria até sem sentido pois
ele não estaria mais sendo
considerado escasso.

2.2 – Regulações estatais


não resolvem poluição,
nem desmatamento, nem
nada que se propõe.

3 – Carona não diminui


nada. Pessoas
simplesmente não
pensam se terceiros serão
beneficiados ou não por
coisas que elas querem
fazer.
Refutação empírica:
Instalei cameras de
segurança na minha casa
e no quintal e fui capaz de
ajudar um vizinho que
tenho o carro furtado.
Momento nenhum pensei
em virar as cameras só
pra minha casa porque
ninguém me ajudou a
comprar.

Mas de qualquer maneira,


praças, ruas e qualquer
outra coisa que você pode
imaginar seria privado. Só
usa quem paga ou quem o
dono permite usa
mediante as regras.

Então, carona é inexiste


ou é irrelevante no
contexto libertário uma
vez que só usa o quê paga/
quer usar.

4–
Demonstre que ideias são
bem-comuns.
Demonstre que
são/seriam sub-
produzidas.

Eu posso até te conceder


esse argumento e ainda
sim provar que você ta
errado. DIGAMOS QUE a
ausência de patentes
desincentiva a
“””produção de ideias”””.
Isso é irrelevante perante
a ética de como uma
sociedade deve resolver
conflitos entre pessoas.

Pense na seguinte
analogia, um economista
da unicamp fez um estudo
bem realista dizendo que
se 10% das pessoas fossem
escravizadas nas
empresas, o PIB subiria
30%.
Irrelevante certo? Pessoas
não devem ser
escravizadas
independente do
resultado disso.
Mesma coisa pra patentes.
Ideias não são escassas
logo não estão sujeitas ao
conceito de propriedade e
logo não podem ser
roubadas.
“Ah mas vai prejudicar
porque EU, AUTOR, não
consigo enxergar um jeito
das pessoas ganharem
dinheiro sem o estado
ameaçando as pessoas”
Bom, mas aí o problema é
seu. Se quiser demosntrar
propriedade intelectual
como correta, refute a
argumentação ética da
escassez e não as
consequências
econômicas pois estas
derivam daquelas.

Lei também não é pra


“incentivar” nada. Lei pra
dizer quais ações são
permitidas e quais são
proibidas.

5–
Eu não sei se consigo
explicar sem ser ser
redundante pois é
extremamente óbvio que
se você torna impossível
empreender, você vai ter
menos empresas.

O quê você acha que


impede outras empresas
de competir com a
petrobras? É má vontade?
hahahahah
Por quê outros bancos
não vem pro brasil e
inclusive saem como
HSBC? Banco não gosta de
ganhar dinheiro?!

Por quê só tem 4


empresas de telefonia e
porquê antes SÓ TINHA
UMA Estatal com fila pra
ter telefone FIXO?
Realmente, quem entende
de abrir empresa é
estatista. Empresario não
sabe ganhar dinheiro. vai
ver deviam trocar de
lugar, o burocrata devia
abrir empresa já que ele
sim sabe. haha

Da uma olhada na lista de


liberdade econômica e na
lista de facilidade de fazer
negócios. Sua explicação
ta lá. Nem precisava ficar
4 anos em faculdade e
mais 2 em mestrado
gastando 58 mil reais de
dinheiro dos outros por
ano.

Bruno Reply
Ruas
ago 29,
2021 at
11:18AM

A discussão
estava indo bem.
Mas esse ataque
no final, pra
mim, demonstra
uma falta de
educação
tremenda,
Cauan.

Espero que você


não precise
recorrer a
ataques pessoais
na próxima vez
que gastar o seu
tempo com uma
discussão na
internet.

Beto caldas Reply


mar 17, 2021 at 11:49AM

A primeira a frase já tá errada. A base é ética


e a economia é uma consequência dessa
ética.

Cauan Henriques Reply


mar 19, 2021 at 12:19PM

Pra você dizer que o


libertarianismo está errado, você
precisa considerar a condição
proposta dele onde TUDO É
PRIVATIZADO e então demonstrar
impossível a premissa mas eu
duvido uma vez que ela é derivada
racionalmente de axiomas.

1 – Sim, serve para poluição


atmosférica. Isso já foi respondido
tem mais de 30 anos por Murray
Rothbard. Recomendo pesquisar
antes de presumir afirmações
errôneas.

Mas, basicamente, com um tribunal


privado pra julgar casos de
contaminação por emissão de
poluentes, regulações e regras
privadas que seriam feitas e
provavelmente seriam muito mais
rigorosas do que agora uma vez
que você NÃO PODE agredir
terceiros com externalidades. Isso
também serve pra som alto e luz.

Bairros e municipios teriam regras


pra instalação de empresas que
possivelmente possam emitir
alguma coisa.

1.1 – A dificuldade é a intensidade e


pra isso que precisa de juiz. Se eu
acender uma luz na minha casa, os
fotons chegam no vizinho mas isso
não modifica propriedade, que é
diferente de eu ligar um holofote
virado pra casa dele. O mesmo
principio de proporcionalidade
seria aplicado.

2 – Tudo que é escasso pode e deve


ser privatizado. O ar é
extremamente abundante
tendendo ao infinito por isso o
conceito de propriedade não se
aplicaria perfeitamente e seria até
sem sentido pois ele não estaria
mais sendo considerado escasso.

2.2 – Regulações estatais não


resolvem poluição, nem
desmatamento, nem nada que se
propõe.

3 – Carona não diminui nada.


Pessoas simplesmente não pensam
se terceiros serão beneficiados ou
não por coisas que elas querem
fazer.
Refutação empírica: Instalei
cameras de segurança na minha
casa e no quintal e fui capaz de
ajudar um vizinho que tenho o
carro furtado. Momento nenhum
pensei em virar as cameras só pra
minha casa porque ninguém me
ajudou a comprar.

Mas de qualquer maneira, praças,


ruas e qualquer outra coisa que
você pode imaginar seria privado.
Só usa quem paga ou quem o dono
permite usa mediante as regras.

Então, carona é inexiste ou é


irrelevante no contexto libertário
uma vez que só usa o quê paga/
quer usar.

4–
Demonstre que ideias são bem-
comuns.
Demonstre que são/seriam sub-
produzidas.

Eu posso até te conceder esse


argumento e ainda sim provar que
você ta errado. DIGAMOS QUE a
ausência de patentes desincentiva
a “””produção de ideias”””.
Isso é irrelevante perante a ética de
como uma sociedade deve resolver
conflitos entre pessoas.

Pense na seguinte analogia, um


economista da unicamp fez um
estudo bem realista dizendo que se
10% das pessoas fossem
escravizadas nas empresas, o PIB
subiria 30%.
Irrelevante certo? Pessoas não
devem ser escravizadas
independente do resultado disso.
Mesma coisa pra patentes. Ideias
não são escassas logo não estão
sujeitas ao conceito de propriedade
e logo não podem ser roubadas.
“Ah mas vai prejudicar porque EU,
AUTOR, não consigo enxergar um
jeito das pessoas ganharem
dinheiro sem o estado ameaçando
as pessoas” Bom, mas aí o
problema é seu. Se quiser
demosntrar propriedade
intelectual como correta, refute a
argumentação ética da escassez e
não as consequências econômicas
pois estas derivam daquelas.

Lei também não é pra “incentivar”


nada. Lei pra dizer quais ações são
permitidas e quais são proibidas.

5–
Eu não sei se consigo explicar sem
ser ser redundante pois é
extremamente óbvio que se você
torna impossível empreender, você
vai ter menos empresas.

O quê você acha que impede outras


empresas de competir com a
petrobras? É má vontade?
hahahahah
Por quê outros bancos não vem pro
brasil e inclusive saem como HSBC?
Banco não gosta de ganhar
dinheiro?!

Por quê só tem 4 empresas de


telefonia e porquê antes SÓ TINHA
UMA Estatal com fila pra ter
telefone FIXO?
Realmente, quem entende de abrir
empresa é estatista. Empresario
não sabe ganhar dinheiro. vai ver
deviam trocar de lugar, o burocrata
devia abrir empresa já que ele sim
sabe. haha

Da uma olhada na lista de


liberdade econômica e na lista de
facilidade de fazer negócios. Sua
explicação ta lá. Nem precisava
ficar 4 anos em faculdade e mais 2
em mestrado gastando 58 mil reais
de dinheiro dos outros por ano.

Michel Reply
mar 16, 2021 at 7:06PM

Parabéns a todos! A despeito da densidade


de informação, a escrita é bastante salutar,
pois o autor adota uma linguagem muito
acessível sem a perder qualidade. Foi
realmente uma aula e tanto, muito feliz por
ter lido.

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