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APONTAMENTOS DE INTRUÇÃO AO ESTUDO DE DIREITO ANO

2006/2007
1-NOTA INTRUDOTÓRIA
Os apontamentos que seguem visam constituir um guia de estudos .
Com eles podem os alunos mais facilmente orientar-se nos manuais
recomendados , cujo estudo estes apontamentos não suprem.
Daqui se pode , no entanto, apreender os tópicos da matéria que é
importante dominar , nomeadamente para efeitos de provas de exame.
Importa referiri que o corrente ano lectivo é o primeiro que decorrerá dentro
do esquema imposto pelo enssino chamado Processo de Bolonha.
A cadeira de Intrudução ao Estudo do Direito, pilar fundamental na
formação de qualquer jurista , era, desde há muitas décadas, normal.
Importa agora confiná-la aos limites de um semestre, para o que
tentaremos não completá-la de aspectos fundamentais, nem impor-lhe uma
condensação que inviavilize a conveniente assimilação e interiorização de
conceitos de imprescindível instrumentalidade à sequência de estudos
jurídicos que os alunos enfrentarão em anos subsequentes.
A disponibilidade dos presentes apontamentos e da bibliografia
recomendada não dispensará a assistência às aulas teóricas e à activa
participação nas aulas práticas, concebidas, umas e outras como importante
veículo de transmissão de conhecimentos.
2- OBEJECTO DA CADEIRA
Como o próprio nome inculca, o objecto da Introdução ao Estudo do
Direito é a aquisição dos conhecimentos básicos de que um jurista
necessita para o exercício da sua actividade.-
Desde já se eclarece que a actividade de um jurista consiste
essencialmente em estudar Direito. Ser jurista , mais do que saber Direito, é
ter a capacidade de estudar Direito.
Coistumava dizer o meu Professor Marcello Caetano , a quem ao citar
sendo comovido homenagem, que um licenciado em Direito é alguém a quem
foi reconhecida a capacidade de estudar direito.
3- CONCEITO DO DIREITO
É fácil encontrar definissoes de Direito, nomeadamente nos manuais,
cuja leitura não é demais recomendar.
Simplificadamente, importa reter que o Direito é uma ordem normativa
, isto é , um sistema de normas de conduta.
Essas normas de conduta são próprias de qualquer sociedade humana
, a cujo funcionamento e subsistência são essenciais .
Tais como normas de conduta são obrigatórias . Não constituem
meras recomendações , como sucede com as normas de cortezia e bos
educação , que se infrigidas, acarretam para o infractor meros juízos de
reprovação social.
As normas jurídicas, embora no seu conteúdo possam coincidir com
normas morais, distinguem-se destas porque obrigam na vida da relação
dos membros de uma sociedade, uns para com os outros, ou de cada um
para com a sociedade , em termos de poderem , ao menos tendencialmente ,
ser coercivamente imposta.
A Moral e o Direito não são entre s´ contraditórias. Trata-se de ordens
normativas com perpectivas diferentes. O Direito visa particulamente a
exteriosidade dos actos. Relevante pelos efeitos qu produz na espera de
interesses de terceiros. A Moral encara, acima de tudo o foro intimo de
cada um, valorando a outros em função de valores pré-estabelecidos, de
origem diversa , nomeadamente religiosa.
Num aspecto, Moral e Direito se assemelham uma e outra assentam em
valores . uma e outra incorporam e tentam realizar valores ínsitos na
consciência colectiva de uma dada comunidade humana
4- AS FONTES DO DIREITO
Abordar as fontes de Direito suscitam, antes de mais , interrogamo-nos
sobre o fundamento da obrigatoriedade da normas jurídicas.
É comum assentar-se a obrigatoriedade da norma na susceptibilidade
da sua da sua aplicação coactiva. Parece menos correcta esta ideia , antes
de mais , porque algumas normas jurídicas, incluindo os preceitos
constitucionais, são desprovidos de sanção , como por exemplo aquele que
impede ao Presidente da República o dever de, em certas cicunstâncias ,
promulgar uma lei aprovada pela Assembleia da «República . Jamais alguém
ousou duvidar da juridicidade do preceito, ou ou fica em causa a sua
obrigatoriedade.
Sempre respeitando quem pense de modo diverso, entendemos que a
fonte da obrigatoriedade da censura jurídica é a “Apoio Júris” ou seja , a
convicção socialmente aceite da su obrigatoriedade. Tanto assim é que uma
norma socialmente rejeitada, embora imposta pela força, que torne efectiva
a sua observância , será tida como violência e não como Direito, suscitará
revolta e acabará por soçobrar.
Passando então à enunciação e caracterização da fontes do Direito,
começaremos por Lei.
A LEI , não sendo monologicamente a mais antiga fonte do Direito
na história da humanidade, representa hoje a principal fonte.
Consiste a LEI num acto que defina normas jurídicas, da autoria
dos órgãos do poder soberano, observando as competente formalidades.
A LEI é geral e abstracta . Isto é visa a generalidade dos indivíduos
sujeitos à soberania em que se integra o órgão legislativo e nõ regula um
caso concreto individualmente considerado, mas todo e qualquer caso
subsumível à sua previsão .-
A previsão é o primeiro elmento da norma legal e tradu-se num
arquétipo de situação que o legislador conceb. Para regulação desta
situação , abstractamente prevista , segue-se uma estatuição , ou seja , um
comando uma ordem de adopção de uma certa conduta ou abstenção de
uma certa conduta.
Um terceiro elemento é sanção, ou seja , a cominação de uma
consequência negativa para quem infringir o comando. Tal consequência
negativa pode coesistir em ferir de invalidade um acto jurídico praticado
em contravensão da norma ou com inobersevância das formalidade que
impõe. Casos há em que a infrcção , por acto ou omisão , constitui o
infractor em responsabilidade civil ( deveres de indemnizar) para com o
terceiro.
Em situações mais graves , quando a infracção põe em causa valores
sociais relevantes, podemos estarperante uma contra- ordenação., punível
com coima , ou perante um crime, punível com uma pena, cuja natureza e
dimensão será ajustaa à gravidade da infrcção, aferida pela importância do
valor social ofendido e pelo grau de culpabilidade do infrctor.
Voltamos a esclarecr que a sanção não é elemento essencial da
norma jurídica hora seja um elemento natural à essência da norma , que
só excepcionalmente não se encontra estabelecido.
OUTRA FONTE DO DIREITO que importa referir O COSTUME..
O costume é a fonte de Direito historicamente mais antiga.

Bem se compreende que em tempos recuados , as sociedade


primitivas , onde a escrita eram inexistentes , ou poucao divulkgada , as
comunicações difíceis e a organização rudimentar, certas práticas nascidas
das decisões concretos ou de pareceres dos mais sábios , eram assumidos
como normas da conduta obrigatória, a observar em em casos futuros.
As referidas normas , embora alguma vez passadas a escrito e
compiladas, não podiam a sua natureza consentudinária.
O costuime assume dois elementos : O “ Corpos” e o “aminus”. O “
“Corpus” traduz-se numa prática reiterada e prolongada no Tempo. O “
Animus” consiste na “ Opimio Júris Vel Necessitatus” ,,ou seja na convicção
de que se trata de uma norma obrigatória , e não de uma simples praxe.
Este carácter de simples praxes ocorrerá nos usos , que se distiguem dos
costumes exactamente pela ausência de convicção e obrigatoriedade
Tem algum relevo a polémica da prevalência da lei sobre o costume, e
vice-versa.-
Existem costumes”secundum Legeni”, que ajudam a esclarecer o
sentido da Lei e podem mesmo estar na remota origem dos preceitos legais,
uma vez que o legislador nem sempre revoluciona o sistema , antes, e nas
mais das vezes,consagra solução de remota origem ,quiçá consnetudinária.
Também existem costumes “ praceter legani”, ou seja, que vão para
além da lei, completando-a , sem contrariar.
Por último existem costumes “ contra legem”, ou seja , costumes que
contrariam normas legais e, potencialmente as revogam.
É exactamente em relação aos costumes “ contra legem” que a
polémica se gera,entendendo alguns autores que a lei prevalecerá sempre e
o costume “ contra legem” não será fonte do Direito. Tal posição é perfilhada
em especial pelos adeptos do Positivismo Jurídico, corrente de pensamento
que radica nos ideais da Revolução Francesa e representam um elemento
de ruptura com o passado, reflexo das tradições concuetudinárias que o novo
poder constituído virava a todo o custo abolir. Para isto constituía elemento
eficaz e exercício do poder legislativo pelos parlamentos inspirados nas novas
ideias.
Daí resultam normas como a do artº 3º, nº1 do novo C. Civil.”Os usos
que não forem contrários aos princípios da boa fé são juridicamente
atendíveis quando a lei o determina” concluímos deste preceito que, embora
a expressão usada sejam usos, a lei rejeita liminarmente o costume “culpa
legem”.
Ora , tendo o costume a mesma força em dignidade que a própria lei,
como viesse a formar-se um costume” contra legem” seria o artº 3º, nº1 do
C.Cicvil em primeira disposição legal revogada.
O que importa , porém ,salientar é que o contexto politico-económico-
social em que vivemos se caracteriza por uma evolução rapidíssima nos
mais diversos aspectos da vida.Essa realidad, uma vez que exige constantes
adaptações do Direito às realidades sociais é pouco ou nada compatível
com as longas práticas, que constituem o “ corpus” do costume, tornando
esta uma fonte de Direito pouco compatível com as exigências dos tempos.
Áreas há, porém,como é o caso do Direito Internacional, em que o
costume continua a ser fonte actual e muito efectiva de Direito.

Interessa agora considerar outra Fonte de Direito com largas


tradições. Trata-se da
JURISPRUDÊNCIA.
Entende-se por JURISPRUDÊNCIA o conjunto das decisões judiciais .
Nos países nanglo-saxonicos a jurisprudência pode considerar-se a
principal fonte do Direito, poi aí vigora a regra do precedente. Significa isto
que , decidido um caso perante os tribunais , a decisão proferida pode ser
invocada como precedente obrigatória em situações idênticas que surjam
no futuro ,
O sistema funciona em pleno quando se trata de questões básicas,
como as relativas aos Direitos de Propriedade, aos Direitos da família e das
sucessões, por exemplo.
Já no que toca às grandes questões de natureza económica,
financeira ou decorrente do uso de novas tecnologias, onde as relações se
tomam cada vez mais complexas e envolvem sujeitos pertencentes a
diversos Estados, é inevitável a proliferação de regulamentações legais
emitidas pelo governo ou pelo Parlamento.
Mais de que tudo isso existe a legislação comunitária , que, para além
dos Tratados , aplicáveis em todos os estados membros, inclui os
Regulamentos, aplicáveis integralmente nos seus próprios termos,e as
Directivas,Cuja transposição o ordenamento interno de cada estado é
também obrigatório.
Nos estados continentais, também, por liberdade de expressão ,
designados como “Países de Código Civil” , o papel da Jurisprudência é
apenas imediato exerce-se através de interpretação da normas legais para
aplicação aos casos concretos.
Não deve omitir-se, no entanto, que se forneçam correntes
jrisprudênciais., ou seja tradição interpretativas, que vem constituírem
precedente judicial vinculativo, de alguma forma condicionam as decisões
futuras, existindo mesmo no Código Processo Civil mecanismos permitem
fundamentos o recurso de uma decisão em jurisprudência em sentido
diverso de Tribunal Superior.
Por fim a DOUTRINA , Como fonte de Direito, merece algumas
considerações.
DOUTRINA
No velho Direito Romano os pareceres dos jurisconsultos eram fonte
do Direito. O Digesto,pare do CORPUS JURIS CIVILIS, é um acervo de
pareceres dos grandes JURISCONSULTOS ROMANOS
Hoje a doutrina é apenas fonte imediata, embora muito relevante de
DIREITO, É ela um elemento fundamental na interpretação e integração das
normas legais . É comum encontrar , quer nos articulados, quer nas decisões
judiciais mais bem elaboradas referências doutrinais como fundamento.

4-INTERPRETAÇÃO DA LEI E INTEGRAÇÃO DAS SUA LACUNAS


4.1. Sendo a lei , como dissemos a fonte imediata primordial do Direito,
importa apreciar e desemvolver o modo como se processa a sua aplicação.
Surge assim a problemática das interpretação
Se há textos legais cujo sentido não suscitam dúvidas , muitos outros
encontram-se redigidos de forma obscura , ou, se confrontados com as
situações concretas que supostamente regulariam , deixam dúvidas e geram
controvérsia quanto ao seu real significado .
A lei, uma vez promulgada e publicada no jornal oficial” Diário da
República” e decorrido o prazo de “ Vacactio Legis” torna-se obrigatória ( artº
5º do C. Civil).
Por outro lado, a lei cessa a sua vigência , caso se trate de lei
temporária, na dta que ela prevê ou verificado o acontecimento que
determina a sua cessão( artº 6º do C. Civil).-
É de resto que, que mesmo para questões da vigência e, mais ainda
para a questão da cessação,podem levantar-se questões interpretativas nem
sempre de fácil resolução.
Em suma, a lei, que se pretende corresponder à exigência de
segurança e certeza do Direito, fica frquentemente aquém desses objectivos .
Nalguns casos, o legislador “ minus dixit quanvoluit”( ficou aquém do
que desejaria ) ou “ plus dixit quam voluit “ ( excedeu nas palavras intenssão).
Se quando os temas que foram a substância da dita norma .
A questão é grave, como pode deduzir-se do preceituado no artº 6º do
C.Civil” Aignorância ou a má interpretação da lei não justifica a falta do seu
cumprimento nem isenta as pessoas das sanç~oes nala estabelecidas”.
Bem se imagina o rsco em que se encontra o cidadão incauto, sendo
certo que a regulamentação legal é cada vez mais estreita e abrangente,
condicionando mesmo actos mais insignificantes do quotidiano de cada um
de nós .
É,pois, árdua e erigenda de dúvidas a tarefa do jurista, qualquer que
seja o seu papel na aplicação do Direito ( Juiz, Advogado, simples consultor)
No que ao Juiz respeita, tenha-se em atenção o que dispõe o artº 8º
do C. Civil, para cuja leitura se remete.
Como se interpreta a lei é tarefa que o preceituado no artº9º do
Código Civil nos define.
Aí se estabelece que a interpretação não deve cingir-se à letra da lei.
Isto porque cada lei, cada preceito legal, tem de inserir-se num todo
coerente, enformado por princípios e conceitos , que não podem entrectrocar-
se, antes devem constituir um conjunto harmónico.
Há diplomas legais muito marcados pelas circunstâncias históricas em
que, surgiram .
Sempre que sobrevivam a essa crcunstâncias podem, por vezes confliyuar
com o sistema, na globalidade, pelo que se impõe aquilo que designamos
como INTERPRETAÇÃO ACTUALISTA DA LEI . Quer isto dizer que o
interprete procurará encontrar na lei o sentido que o legislador teria em
mente se legislasse nas circunstâncias temporais em que o interprete se
encontra .
Conforme determina o nº 2 do citado artº 9º , a letra da lei constitui o
limite dentro do qual o interprete deverá mover-se .Ou seja , há que
explorar, até aos limites possíveis, o sentido literal da lei para fora do qual a
interpretação será ilegítima .
Para além do elemento lieral , há que ter em consideração o elemento
sistemático, isto é, a lógica do sistema, cuja coerência não pode ser posta
em causa.-

LACUNAS DA LEI

Pode suceder que na busca de uma solução para em concreto a lei


não dê resposta. Estaremos perante uma lacuna da lei.
Nem sempre é fácil determinar se estamos efectivamente perante
uma lacuna da lei, ou perante um caso que a lei internacionalmente não
comtempla.
Tomemos como exemplo o casamento,que o artº 1577º do C. Civil
define como o contracto celebrado entre duas pessoas de sexo diferente que
pretendem, constituir família mediante uma plena comunhão de vida .Como
se colocrá , perante este dispositivo legal definitório , a questão hoje
decretiva do casamento de homosexuais.
Nãoé, por certo uma lacuna da lei, mas, simplesmente , uma situação
para a lei não contempla.
Nem sempre é fácil distinguir a verdadeira lacuna da não
contemplação intencional de uma situação determinada.
Algumas correntes de pensamento jurédico alargam o conceito da
lacuna às situações em que se entende que a lei não contempla. Numa
situação dterminada integrar a lacuna de acordo com os critérios
estabelecidos , mormente no atº 10º do C. Civil.
Salvo sempre o muito respeito aos adeptos e defensores dessa
posição, supomos que a mesma seria perigosa pelo factor de incerteza que
introduzimos no Direito, além deque iriam contrariar o preceituado no artº 8º,
nº2 do C.Civil :” O dever de obediência à lei não pode ser afectado sob
pretexto de ser injusto ou imoral o conteúdo do preceito legislativo”.
A integração das lacunas da lei, uma vez detectadas segundo os
princípios que enunciamos , processa-se de acordo com o disposto no artº
10º, do C.Civil, para cuja leitura se remete.
Uma das formas de integração das lacunas é o recurso á analogia ,
que consiste em aplicar um determinado comando legal a situações
análogas quanto ao “ratio legis” ( condições determinantes do preceito legal)
e quanto à Vocácio Legis” ( circunstâncias temporais que fundamentaram a
norma) .A analogia e´porém , vedeta tratando-se de normas excepcionais,
conforme resulta do art11º, do C. Civil.
APLICAÇÕES DA LEI NO TEMPO
O art. 12º do C.Civil dispõe que a lei só dispõe para o futuro”.
Ressalvam-se sempre os efeitos já produzidos pelo factor que a lei se
detemina regular.-
Um acto válido à luz do preceituado na lei vigente não será
invalidado por lei posterior que estabeleça no futuro novas regras .
Segundo o artº 13ºco C.C, a lei interpretativa terá no entanto efeito
retroactivo , sem que com respeito, no entanto , se caso julgado proferido à
luz de interpelação diversa.
A CARTA CONSTITUCIONAL ,de 1826 consagrava como garantia do
cidadão a não retroactividade da lei , com o derrube da MONARQUIA, cessou
a vigência da Carta constitucional e dessa garantia ,que nenhuma dessas
constituições republicanas restabeleceu.
Assim, e salvo quanto à lei PENAL ,a lei terá efeitos rectroactivos ,
sempre que ela própria o determine.-
CONFLITOS DAS LEIS
A lei é concebida como emanação do Estado, ou por ele reconhecida e
garantir na sua força coerciva de aplicação. A lei é concebida para ser aplicada
aos cidadãos de um determinado Estado, dentro dos limites do seu território
e, portanta, da sus jurisdição.
É, no entanto , manifesto que os estados não vivem isolados e, muito menos
, os respectivos cidadãos.
Há matérias que se reconhecem como pertinentes ao estado pessoal do
cidadão , outras que devem ser reguladas pelas normas próprias da ordem
jurídica estadusl onde os factos ocorrem ou os actos são praticados.
Em todos os Estados existem normas reguladoras das situações em que
pela nacionalidade dos sujeitos intervevinentes , ou outras circunstâncias,
uma dada relação jurídica se encontra conexa com diversas ordens jurídicas
estaduais.
A sã conveniência entre os diversos Estados e respectivos cidadãos impõem
que estabeleçam regras destinadas a resolver os chamados comflitos de
leis. Os artºs 14º e segintes do nosso c. Civil ocupam-se da matéria, que não
vamos aqui resolver, pela sua grande complexidade e porque irá substituir o
tema de uma de fim de curso, cuja ministração pressupõe conhecimentos
jurídicos vastos e profundos, presumivelmente não dominados por alunos do
1º ano jurídico.
Chama-se a particular atenção para os seguintes aspectos fundamentais . A
lei pessoal regulará em capacidade de exercício , as relações familiares e
as sucessões por morte ( veja-se artº 25º do C.Civil); a lei reguladora dos
negócios jurídicos, muito especialmente em questões de regular-se-ão, pela
lei aplicável à circunstância do negócio , ou seja, a lei do local de celebração
em obediência ao principio “ Evens regi actum”, veja-se o disposto no artº 35º
do C. Civil.

OS VÁRIOS RAMOS DO DIREITO,


A vasta realidade jurídica conduz , para efeitos didáctico e outros, à divisão
do Direito em ramos e sub- ramos, onde o fenómeno jurídico se apresenta
com peculiares características, decorrentes , antes demais , da natureza dos
interesses que as respectivas normas disciplinam e, em consequência disso ,
dos peculiares adorandos que contém.
Numa primeira abordagem encontramos a dicotomia Direito
Internaciona/Direito Interno.
O assim chamado Direito Internacional radica no primitivo Direito das gentes,
o “Jus Gentium”, que conhecemos do Direito Romano.
O direito das gentes é uma realidade próxima do Direito Natural. Decorre das
normas da convivência inerentes à grande sociedade humana, radica no
senso ética-jurídico das pessoas civilizadas e evolui em paralelo com a
própria civilização . Enriquece-se com a convivência entre povos, com o
sentido da vantagem das relações pacificas sobre as conflituosas.
Caracteriza-se o Direito Internacional pela falta de coercibilidade , isto porque
cada um dos estados é soberano. A falta de coercibilidade de modo algum
anula, porém, a juridicidade das normas respectivas .Como temos afirmado, o
fundamento do Direito é a “Opinio Júris nel necsssitatis” A impossibilidade
de aplicação coerciva, atenta a inexistência de uma autoridade supra-
estadual com poderes para tal efeito, não exclui a convicção da
obrigatoriedade das normas , logo da sua juriscidade.
Existem, no entanto, normas sobre a legitimidade do recurso à força,
nomeadamente militar, para repor a ordem jurídica internacional, quando
violada. Sob a égide das”NAÇÕES UNIDAS” , legitimam-se modos coercivos,
não só militares , mas também na forma de sanções económicas.Trata-se de
uma evolução recente do Direito Nacional, posterior a 1ª GUERRA
MUNDIAL, a que se seguiu a constituição da “SOCIEDADE DAS NAÇÕES”, a
qual veio a transformar-se na actual “ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES
UNIDAS “ após a 2ª GUERRA MUNDIAL.
São sujeitos de Direito Internacional, antes de mais os ESTADOS.
Há ainda outras entidades , como a SANTA SÉ , que, embora não possua
“Jus belli” ( Direito de fazer a guerra ” tem “ JUS TRACTUM” Direito de
celebrar tratados Internacionais. E “JUS LEGETIONIS “ ( Direito de
representação diplomática.
Os indivíduos , as pessoas colectivas, os povos, as minorias, são igualmente
sujeitos do Direito internacional , qualidade que se manifesta no poder de
recorrerem das instâncias internacionais judiciais, ou outras.
Discute-se se a ordem jurídica é uma só ou se o Direito Internacional e
Direito Interno constituem ordens jurídicas separadas.
A constituição portuguesa , como a generalidade das demais , condicionam
a aplicabilidade das normas internacionais à sua Recpção , a qual pressupõe
a conformidade dessa norma com a própria constituição.
São fontes do Direito Internacional , antes de mais , o costume . Existem
costumes gerais, regionais e locais. Sobre o Costume como fonte de Direito
já antes nos pronunciaremos e para aí remetemos.
Além do costume , que permanece a principal fonte de Direito Internacional ,
temos as convenções ou tratados .Estes instrumentos carecem de
aprovação pelo PARLAMENTO NACIONAL para vigorarem na ordem interna.
Uma realidade recente é o “DIREITO COMUNITÁRIO”, cuja existência conta
apenas meio século.
Portugal tornou-se MEMBROS DAS COMUNIDADES em 1986.
Os estados membros das comunidades Europeias , que hoje constituem a
UNIÃO EUROPEIA “ ,transferiram para elas parte da sua soberania .
O Direito Comunitária primário consta dos tratados constituídos e dos que os
vieram sucessivamente a alterar. Este Direito , que que se designa como
originário é verdadeiro Direito Internacional , decorrente de Tratados
livremente negociados e ratificados pelos competentes órgão de soberania
dos” ESTADOS MEMBROS “ , É FUNDAMENTO DO DIREITO DERIVADO,
cujas fontes principais são os regulamentos , aplicáveis directamente, nos
seus precisos termos a todos os” ESTADO MEMBROS” e as directivas , que
só entram em vigor em cada um dos Estados Membros após transposição
para a ordem jurídica interna respectiva , mediante acto legitima apropriado.
Esta transposição é obrigatória e deve ser efectuada em prazo razoável.
Como importantes fontes de” DIREITO COMUNITÁRIO” derivado devem
mencionar-se ainda as decisões do Tribunal de Justiça das Comunidades.

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO


É notável de que já nos ocupamos a propósito dos conflitos de leis ,
consiste num conjunto de normas cuja finalidade é defenir qual a ordem
jurídica nacional que deve ser tomada a regular numa relação jurídica
conexa por alguns ou alguns dos seus elementos com mais do que uma
ordem jurídica nacional.

DIREITO PÚBLICO VERSUS DIREITO PRIVADO postula um critério


distintivo que os autores se comprazem em discutir, acelaradamente, por
vezes.
Importa considerar que o DIREITO PUBLICO tem por objectivo tem por
objectivo regular interesses gerais , enquanto o privado regula interesses
particulares , sendo que nas relações jurídicas de Direito Público um dos
sujeitos intervem com prerrogativas de autoridade , o que não sucede nets
relação de Direito privado.
No âmbito do Direito Público, temos antes de todos o” DIREITO
CONSTITUCIONAL” . Este ramo de Direito regula a organização e
funcionamento o poder politico , a composição e competência dos órgãos
de soberania e o modo de designação dos seus titulares.

O DIREITO AMINISTRATIVO ,é o ramo de Direito público que rege a


organização e funcionamento da Administração Pública e das relações
desta com os particulares.
Deve , contudo , salientar –se que nem sempre o Estado e outras pessoas
colectivas de Direito Público( AUTAQUIAS , REGIÕES AUTÓNOMAS ,
INSTITUTOS PÚBLICOS ) actuam no plano do Direito público e invertidas
em prerrogativas de autoridade. Todas estas entidades têm iguamente
capacidade de Direito privado , em cujo exercício Actuam em termos
idênticos aos de qualquer particular.

O DIREITO PENAL

É o ramo do Direito público que define os actos qualificáveis como crimes e


as sanções previstas para a respectiva punição.
Nenhum acto é considerado crime sem que uma lei anterior cotal o
considere , nem o seu autor pode ser punido com pena que não estivesse
fixado anteriormente à pratica do acto : “ Multum Criamen Sine Lege”, “
MULTA POENA SINE LEGE “ .

O DIREITO PROCESSUAL PENAL

Estabeleceu as regras que, uma vez praticado um acto considerado crime,


conduz à condenação , ou á absolvição do acusado, assegurando a este
todas as garantias de defesa.

O DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Contem as normas , mais complexas , reguladoras da actividade dos


Tribunais na resolução de litígios entre particulares , ou de regulação de
situações, como , por exemplo em Direito de Família , em que os interessados
não podem dicidir sem a supervisão judicial.
DIREITO FISCAL regula a mtéria de fixação das obrigações contributivas
dos cidadãos e das pessoas colectivas e do modo do seu cumprimento.

NO DIREITO PRIVADO
Temoa como núcleo fundamental o DIREITO CIVI que rege as relações
jurídicas entre entidades privadas.
O DIREITO CIVI é , além, do mais , o Direito comum que subsidiariamente
se aplica a todas as situações nos diversos ramos do Direito.
COMO SUBDIVISÕES DO DIREITO CIVIL temos os DIREITOS REAIS, ou
seja , aqueles que incidem directamente sobre coisas corpóreas . Destas o
principal , o direito rel máximo é o direito de propriedade. Existem direitos
reais de GOZO , que além da propriedade são o USUFRUTO e o uso de
habitação , as SERVIDÕES ( Direitos sobre coisa alheia) conhecidos como
direitos reais menores , ou limitações ao direito de propriedade.
Há os Direitos reais de GARANTIA : ( Penhora sobre coisas móveis), Hipoteca
( sobre imóveis ) , Direito de sentença ( poder de se reter uma Coisa alheia
até que certa dívida seja paga).-
Por fim podemos referir os direitos reais de AQUISIÇÃO , caso do direito
de PREFERÊNCIA ( direito qua assista ao proprietário e um bem de preferir
na aquisição de um outro bem , quando este seja derivado por acto entre
vivos .).

O DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


,Regula os créditos de um particular sobre o outro . Distingue m se dos
direito reais , por, enquanto enquanto estas incidem sobre as coisas e são
oponíveis “Erga Ounes “ os direitos CRÉDIO se opo~em a uma pessoa
certa e determinada : o devedor.

DIREITOS DE FAMILIA

São os que regulam as relações decorrentes do casamento, do parentesco


eda afinidade.

DIREITO SUCESSÓRIO
É o que regula o destino a dar as relações jurídicas patrimoniais de que era
titular algem que faleceu.
No âmbito do Direito privado importa ainda referir dois ramos especiais que
se afataram do Direito Civil.:
O DIREITO COMERCIAL) e de TRABALHO

QUANTO AO DIREITO COMERCIAL: nasceu da necessidade de tratar com


particular celeridade relações jurídicas ligadas à vida económica daqueles
que do comércio fazem profissão. O Código Comercial Português data de
1888. Manten-se em vigor , embora a maior parte das sua disposições
enconte já substituída por legislação avulsa de que se destaca o Código
das Sociedades Comerciais , de 1986. Toda a matéria relativa a títulos de
crédito, su emissão e crculação b se encontra també regulada por legislação
avulsa . O mesmo se diga da actividade bancária.

QUANTO AO DIREITO DE TRABALHO


Grã á volta de uma figura jurídica , o contrato individual de trabalho, que o C
´.CIVIL, menciona ainda no art. 1152º , onde remete a sua regulamentação
para lei especial. A matéria encontra –se hoje regulada no Código de
Trabalho , de 2003.
Este ramo de Direito é marcado pelo conceito de parte mais fraca no
contrato de trabalho ( o trabalhador) , que deve ser protegido mediante um
conjunto de limitações à autonomia privada, que é regra geral nos contratos.
O Direito de Trabalho situa-se numa zona que não coincide sempr com o
direito público ou com o direito privado. Na realidade , a sua rgulamentação
inclui muitas matérias que entram no campo do DIREITO ADMINISTRATIVO
e até do DIREITO PENAL e CONTRA- ORDACIONAL.
Toas as normas , porém , visam sempre a protecção da saúde e dignidade
do trabalhador, quer regulamentem os tempos do trabalho e repouso, quer os
aspectos remuneratórios, quer as condições de higiene e segurança, quer a
protecção contra os riscos de perda de capacidade de acidentes de trabalho
ou doença proffissional..
CUMPRIMENTO E INCUMPRIMENTO DA LEI.
A regra na sociedade é o cumprimento natural e spontâneo dos comandos
legais. Em muitas áreas do Direito esses comandos encontram-se
enraizados na consciência moral dos indivíduos que nem sequer se
apercebem de que estão a comportar-se de acordo com a lei.É o que se
passa , por exemplo , no âmbito do Direito de Família , no que toca aos
deveres recíprocos dos conjugues ou às revisões ou ás obrigações para com
os filhos menores. Só em situações de ruptura esses devere são lembrados
e a sua inobservância alvo de sanções.
Já no respeitante a obrigações de natureza fiscal é comum aos cidadãos
sentirem –se tentados a infringir , especial mente quando, , com o seu
fundamento , crêem possível escpar ao sancionamento . Aqui , trata-se de
imposições cuja justiça, mesmo quando se verifica é mal aceite , salvo no
caso de um ou outro herói, cidadão exemplar , que não é uuso distinguir com
qualquer ordem honorífica.
Há pois gradações na esponteneidade da observância dos comandos legais.
A regra , contudo , é a generalidade do cumprimento, seja por sentido do
dever , temor da sanção ou mera rotina .
É nesta sequeência que importa abordar o acto ilícito. O acto ílicito é uma
atitude de rebelião contra o comando legal.
Considerando que a lei se dirige a seres providos de inteligência e vontade,
estes dois elementos so referências essenciais do tratamento do acto ilícito .
Isto porque a prática de um acto ilícito fará incorrer o seu autor em
respomsabilidade e esta só nasce se houver imputação à vontade do
infractor . Esta imputabilidade enquadra-se no dolo, quando o acto intencional
e na culpa quando se verifica mera negligência..
Começando pelo ILICITO PENAL,este ocorre quando é violado um valor que
a lei considera de grande importância social e, por tal motivo , o sanciona
com uma pena . O acto só é considerado crime se correspomder a umtipo
legal pré-defenido, A pena a aplicar terá também de encontrar-se pré –
estbelecida na lei . “Nullun Crimen sine lege”. “ nulla poema sine lege “.
Há crimes cujo tipo pressupõe a verificação de um dano, outros em que
basta por em perigo a segurança de um bem social que a lei protege.
Sempe que da prática de um crime resulta um dano acresce à
respomsabilidade criminal a respomsabilidade , sendo o infractor obrigado a
indimnizar a vítima.
Uma figura afim do crime, recentemente introduzida na ordem jurídica
portuguesa , e a CONTRA ORDENAÇÃO
A CONTRA ORDENAÇÃO, define-se como ilícito de mera ordenação social
e foi criada entre nós pelo Dec. Lei 232/79, de 24 de Julho. A matéria
encontra-se presentemente regulada pelo Dec. Lei 356/89, de 17 de Outubro
e pelo Dec. Lei nº 244/95, que republica na integra vários diplomas
anteriores, compactando-os num texto corrente. Lê-se no art. 1º (definição)
constitui Contra-Ordenação todo o facto ilícito censurável que preencha um
tipo legal no que se comina uma coima “
A sesignação ILICITO DE MERA ORDENAÇÃO SOCIAL, deixa perceber
que se trata de actos cuja censurabilidade é inferior à dos crimes. Por isso a
sua única sanção possível é a coima , sanção meramente pecuniária, cuja
graduação deverá ter em conta as disponibilidades económicas do infractor.
Ao que parece, nem sempre a conversão em Contra- Ordenaçõ, que se tem
operado relativamente a diversos crimes, deixa de ter como motivo, mais do
que variação do sentido social de censura, a preocupação de
descongestionar os Juízos Criminais.
Na CONTRA-ORDENAÇÃO a tipicidade do acto e a predeterminação deste
tipo de sanção, são tratados nos mesmos termos que já vimos quanto à
matéria Criminal.
Outro tipo de Ilícito “O ILICITO DISCIPLINAR”
ILICITO DISCIPLINAR
Os actos disciplinarmente ilícitos constituem violações de deveres funcionais
enunciados de modo genérico, quer se trate dos deveres dos funcionários
públicos quer dos que se impõem aos trabalhadores dependentes , no âmbito
do Direito privado, abrangidos pelo contrato individual de trabalho.
Contrariamente à informação da lei penal, consubstancia um crime, oílicito
disciplinar é atípico. Isto é a infracção dos deveres funcionais é verificada
pelo superior hierrárquico e dá origem a um procedimento disciplinar em cujo
termo pode ser aplicada uma sanção .
Se a infracção disciplinar é, por natureza, atípica, outro tanto não se passa
com a sanç~~ao pré-estabelecida em paralelo com tipos de infracções , uma
vez que estas são como dissemos, atípicas, as sanções disciplinares
encontram-se enunciados e deinidos, não sendo admissível a aplicação de
qualquer sanção atípica.
Consideremos por fim “ O ILICITO CIVIL” ,gerador de responsabilidade civil,
onde sobreleva o dever de indemnizar , ou seja, de reparar o prejuízo
causado.
Temos assim que, diferente do que ocorra noutros tipos de ilicitude , o
prejuízo aqui é elemento essencial. Onde não há prejuízo , não há
responsabilidade civil.
A responsabilidade civil tem assim quatro elementos essenciais. O acto ilícito ,
a culpa ou dolo imputáveis ao infractor , o dano causado e, por fim o nexo de
causualidade entre entre a conduta ilícita e a produção do dano.
A responsabilidade civil por factos ilícitos encontram-se regulados nos artºs
483º e seguintes do C. Civil.
Há casos especiais de responsabilidade civil em em que o elemento culpa
ou dolo podem estar ausentes , toso os casos de responsabilidade pelo
risco , a nque se referem os artºs 499º e seguintes do Código Civil . Aí
responsabiliza-se aquele que beneficia do uso de certas coisas ou
actividades pelos prejuízos que delas ocorram para terceiros.
Por fim refira-se a responsabilidade civil contratual ( artº 8º4º e segs do C.
Civil ). Estamos perante o dever de idemnização para quem deixando de
cumprir , ou cumprindo defecientemente as suas obrigações contratuais
causa prejuízos ao credor.

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