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DIREITO CONSTITUCIONAL
Conceito e Sentidos de Constituição e o Neoconstitucionalismo
Luciano Dutra
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Conceito e Sentidos de Constituição e o Neoconstitucionalismo
Luciano Dutra
CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
Podemos citar, ainda, a título de complemento, outros conceitos trazidos pela doutrina
constitucionalista.
Segundo José Afonso da Silva1, Direto Constitucional é “o ramo do Direito Público que ex-
põe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado”.
Por seu turno, Manoel Gonçalves Ferreira Filho2 define Direito Constitucional como “o co-
nhecimento sistematizado da organização jurídica fundamental do Estado. Isto é, conheci-
mento sistematizado das regras jurídicas relativas à forma do Estado, à forma do governo, ao
modo de aquisição, exercício do poder, ao estabelecimento de seus órgãos e aos limites de
sua ação”.
Já Uadi Lammêgo Bulos3 observa que o Direito Constitucional “é a parcela da ordem jurídi-
ca que compreende a ordenação sistemática e racional de um conjunto de normas supremas
encarregadas de organizar a estrutura do Estado e delimitar as relações de poder”.
Importante dizer que a Constituição pode ser conceituada, ainda, por uma perspectiva ma-
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Conceito e Sentidos de Constituição e o Neoconstitucionalismo
Luciano Dutra
Sob o ponto de vista material, Paulo Bonavides4 diz que a Constituição é “o conjunto de
normas pertinentes à organização do poder, à distribuição da competência, ao exercício da au-
toridade, à forma de governo, aos direitos da pessoa humana, tanto individuais como sociais”.
Perceba que nessa visão material, Constituição engloba apenas as normas materialmente
constitucionais.
Sylvio Motta5, por sua vez, conceitua a Constituição sob a perspectiva formal. Para ele,
Constituição é o “conjunto de normas e princípios, escritos ou costumeiros, que estabelece e
disciplina os modos de aquisição, exercício e perda do poder, a forma de Estado, a forma de go-
verno, o regime de governo, a separação dos poderes, os órgãos estatais e seu funcionamento,
as finalidades para a atuação do Estado, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do
homem e as garantias que os asseguram, bem como qualquer outro assunto considerado dig-
no de previsão constitucional, a exemplo do meio ambiente, da ordem econômica e da ordem
social”. Nessa visão mais ampla, a Constituição engloba tanto as normas materialmente cons-
titucionais, bem como as normas formalmente constitucionais.
Mais a frente, ao tratar da diferença entre leis constitucionais e Constituição, no contexto
do sentido político de Constituição, vou diferenciar normas formalmente constitucionais de
normas materialmente constitucionais.
Dito isso, a depender do prisma pelo qual se observa, a Constituição pode assumir três sen-
tidos diferentes: o sociológico, o político e o jurídico. Além disso, ainda falaremos do sentido
culturalista que é uma síntese dos demais. Passemos, a partir de agora, a delinear as peculia-
ridades de cada um dos Sentidos de Constituição (também conhecidos como Concepções de
Constituição).
1. Sentido Sociológico
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material) seria, tão somente, o somatório dos fatores reais de poder que regem uma nação,
quais sejam, os poderes econômicos, políticos, religiosos, militares etc.
DICA DO LD
Lassalle com dois S – idealizador do sentido Sociológico.
Ele defende que coexistem, no Estado, duas espécies de Constituição: a Constituição escri-
ta (também chamada de formal ou jurídica) e a Constituição real (ou material).
A Constituição real para Lassalle não seria propriamente uma norma jurídica, mas um fato
social.
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Já a Constituição escrita seria uma “mera folha de papel”, não sendo apta a conduzir o
processo político por não possuir força normativa. Quem determina o rumo do Estado é a
Observe que interessante a metáfora que Lassalle usa em sua obra, para explicar sua teo-
ria:
Podem meus ouvintes plantar no seu quintal uma macieira e segurar no seu tronco um papel que
diga: ‘Esta árvore é uma figueira’. Bastará esse papel para transformar em figueira o que é macieira?
Não, naturalmente. E embora conseguissem que seus criados, vizinhos e conhecidos, por uma razão
de solidariedade, confirmassem a inscrição existente na árvore, a planta continuaria sendo o que
realmente era e, quando desse frutos, estes destruiriam a fábula, produzindo maçãs, e não figos.
O mesmo ocorre com as Constituições. De nada servirá o que se escrever numa folha de papel, se
não se justificar pelos fatores reais e efetivos do poder.
sociológica, a constituição de um país consiste na soma dos fatores reais do poder que o re-
Certo.
Exatamente isso que defende Lassalle!!!
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Certo.
Esse é o ponto central da teoria defendida por Lassalle.
Errado.
Para Lassalle, a Constituição escrita é mera folha de papel, não possuindo, portanto, força nor-
mativa, ou seja, não é capaz de condicionar a atuação do Estado.
Certo.
É isso que defende Lassalle.
Percebeu como as bancas cobram o assunto? É exatamente da maneira cirúrgica que trou-
xemos. Vejamos agora o sentido político de Constituição.
2. Sentido Político
Carl Schmitt, em sua obra Teoria da Constituição, afirma que a Constituição significa a
decisão política fundamental, que é a decisão concreta sobre o modo e a forma de existência
do Estado.
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DICA DO LD
Schmitt com dois T – idealizador do sentido Politíco.
Constituinte originário quanto aos temas ligados à estruturação do Estado, tais como forma
de Estado, forma de Governo, sistema de Governo, regime de Governo, separação dos Po-
haveria normas que se destacariam pela enorme relevância política, pois dizem respeito à
estrutura do Estado, aos direitos individuais, ao regime político etc. Por outro lado, haveria normas
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que não apresentam essa relevância, que só se encontrariam inseridas na Constituição para
adquirir maior estabilidade jurídica.
Aliás, é importante dizer, desde logo, que essas ideias se identificam com uma dicotomia
muito difundida na doutrina moderna que distingue normas materialmente constitucionais de
normas formalmente constitucionais.
As normas materialmente constitucionais (que seriam aquilo que Schmitt chama de Cons-
tituição) são aquelas que tratam de temas notoriamente constitucionais como os direitos e
garantias fundamentais, a organização do Estado, a separação de Poderes, o modo de aquisi-
ção e exercício do poder. São normas que sempre estarão nos textos constitucionais porque
se ligam à estruturação do Estado.
Por sua vez, normas formalmente constitucionais (leis constitucionais segundo Schmitt)
são todas aquelas inseridas no texto constitucional independentemente do seu conteúdo.
Dito isso, vamos fazer juntos algumas questões para sairmos do mundo das ideias e pisar-
mos em solo firme!
Certo.
É isso o que defende Carl Schmitt. Levem exatamente essa ideia para a prova. Constituição é
igual à decisão política fundamental.
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Errado.
Quem defende que a Constituição é uma decisão política fundamental é Carl Schmitt, no sen-
tido político de Constituição.
Errado.
Não há uma identidade entre o conceito de Constituição e o conceito de leis constitucionais.
É na Constituição que se materializa a decisão política fundamental do Estado. As outras nor-
mas inseridas no texto constitucional que não refletem a decisão política fundamental são
apenas leis constitucionais (ou aquilo que chamamos hoje de normas formalmente constitu-
cionais).
Errado.
De acordo com o que ensinamos, Schmitt diferencia Constituição de Leis Constitucionais. Para
ele, no texto constitucional, haveria normas que se destacariam pela enorme relevância política,
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pois dizem respeito à estrutura do Estado, aos direitos individuais, ao regime político etc. (aqui-
lo que ele chamou de Constituição). Por outro lado, haveria normas que não apresentam essa
relevância, que só se encontrariam inseridas na Constituição para adquirir maior estabilidade
jurídica (as leis constitucionais).
É atribuído, ainda, a Carl Schmitt o conceito ideal de Constituição. Segundo Schmitt, a Cons-
tituição ideal: 1) deve ser estabelecida na forma escrita; 2) deve contemplar a separação de
poderes; e 3) deve garantir as liberdades públicas e os direitos individuais.
TT – político
Obra: Teoria da Constituição
3. Sentido Jurídico
O sentido jurídico foi concebido por Hans Kelsen em sua obra A Teoria Pura do Direito, em
que o autor defende que a Constituição é um corpo de normas jurídicas fundamentais à es-
truturação do Estado, dotada de plena força normativa capaz de conduzir o processo político,
servindo de fundamento de validade para a produção normativa subsequente.
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Perceba o nome da obra: A Teoria Pura do Direito. Esse dado é importante para entender
sua teoria.
Hans Kelsen considera a Constituição como uma norma jurídica pura, sem qualquer cono-
tação sociológica, política ou filosófica.
Muito embora reconheça a relevância dos fatores reais de poder na condução da vida po-
lítica de um Estado, Kelsen defendeu que o seu estudo não compete ao operador do Direito,
mas ao sociólogo, ao filósofo etc. Nisso consistia sua Teoria Pura do Direito: afastar a ciência
jurídica de todo juízo de ordem moral, política, social ou filosófica.
Por tudo isso, ficou fácil perceber que a concepção jurídica de Constituição de Kelsen sur-
ge exatamente para se contrapor à posição sociológica defendida por Ferdinand Lassalle.
Kelsen cria o que se denomina dogmático-positivismo kelseniano, colocando a Consti-
tuição no ápice do sistema jurídico, acima de todas as demais leis. Vejamos graficamente a
pirâmide normativa defendida por Kelsen.
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NFH
(cumpra-se a Constituição) Normas constitucionais e tratados internacionais sobre direitos humanos
com força de emenda (art. 5º, § 3º) - BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE
Agora, sente firme em sua cadeira e aperte o cinto, porque vamos entrar em uma área de
turbulência.
Kelsen desenvolveu dois sentidos para a palavra Constituição: o sentido lógico-jurídico e o
sentido jurídico-positivo.
Em sentido lógico-jurídico, a Constituição significa a norma fundamental hipotética (NFH),
cuja função é servir de fundamento de validade da Constituição em sentido jurídico-positivo.
Kelsen não admitia como fundamento de validade da Constituição algo de índole socioló-
gica, política ou filosófica (lembra da ideia da Teoria Pura do Direito?). Assim, foi obrigado a
desenvolver um fundamento jurídico para a Constituição, o que denominou de norma funda-
mental hipotética, também chamada de norma pensada ou pressuposta, que existe apenas
para servir de pressuposto de validade das normas constitucionais.
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Certo.
Essa é a ideia principal da “Teoria Pura do Direito”.
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Certo.
O fato imaterial é justamente a norma fundamental hipotética, que é a Constituição em sentido
lógico-jurídico. É imaterial porque não existe no mundo real, sendo uma premissa criada so-
mente para fundamentar a existência da Constituição em sentido jurídico-positivo, esta, sim,
palpável e concreta.
Certo.
Exatamente nossa explicação sobre o sentido jurídico de Constituição.
Para terminar, vamos ao sentido culturalista, que é pouco citado, mas pode ser cobrado na
sua prova.
4. Sentido Culturalista
Além dos clássicos sentidos sociológico, político e jurídico, podemos, ainda, trazer, o sen-
tido culturalista de Constituição desenvolvido por J. H. Meirelles Teixeira.
Para o autor, o sentido culturalista engloba os sentidos sociológico, político e jurídico, an-
tes estudados.
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Defende Meirelles Teixeira que a Constituição é fruto de um fato cultural, ou seja, é produ-
zida pelo homem, podendo, ao mesmo tempo, influenciar a vida em comunidade.
Esse sentido culturalista conduz ao conceito de Constituição total ou integral, que con-
siste justamente na integração dos aspectos sociais, políticos, jurídicos e econômicos que
conformam a Constituição, chegando na sua perspectiva unitária.
Errado.
Conforme dito, defende Meirelles Teixeira que a Constituição é fruto de um fato cultural, ou
seja, é produzida pela homem, podendo, ao mesmo tempo, influenciar a vida em comunidade.
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O modelo de Constituição simbólica foi elaborado pelo professor Marcelo Neves. Segun-
do o autor, Constituição simbólica, em breve resumo, é aquela que exagera na quantidade
de normas programáticas, deixando, com isso, de ter compromisso com a realidade social
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DICA DO LD
1) A ideia de Constituição Aberta está ligada ao seu conteúdo
dinâmico e aberto, que se adapte às novas expectativas e ne-
cessidades dos cidadãos.
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6. O Neoconstitucionalismo
Antes de tratarmos do neoconstitucionalismo, é importante fazermos um breve histórico
sobre a evolução do constitucionalismo pelo mundo.
Então vamos lá!
Apesar de alguns doutrinadores afirmarem que, historicamente, sempre houve a ideia de
uma norma jurídica suprema que trouxesse a estruturação do Estado, Pedro Lenza6 e Dirley da
Cunha Júnior7, citando Karl Loewenstein, apontam o surgimento do constitucionalismo antigo
ao povo hebreu, com o estabelecimento, mesmo que timidamente, de limitações do poder po-
lítico no Estado teocrático.
Pedro Lenza afirma que, conforme destacado por Loewestein, após os hebreus, já no sécu-
lo V a.C., as Cidades-Estados gregas foram importantes exemplos de democracia constitucio-
nal direta caracterizada pela absoluta igualdade entre governantes e governados.
Segundo Dirley da Cunha Júnior8, nessa fase do constitucionalismo antigo a Constituição
era concebida como um texto não escrito, que visava tão só à organização política de velhos
Estados [Absolutistas] e a limitar alguns órgãos do poder estatal (Executivo e Judiciário) com o
reconhecimento de certos direitos fundamentais, cuja garantia se cingia no esperado respeito
espontâneo do governante, uma vez que inexistia sanção contra o príncipe que desrespeitasse
os direitos de seus súditos. Ademais, o Parlamento, considerado absoluto, não se vinculava
às disposições constitucionais, não havendo possibilidade de controle de constitucionalidade
dos atos parlamentares. O Parlamento podia, até, alterar a Constituição pelas vias ordinárias.
6
LOEWESTEIN, Karl apud LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 71.
7
LOEWESTEIN, Karl apud CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de direito constitucional. 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2009. p. 33.
8
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de direito constitucional. 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2009. p. 35.
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DICA DO LD
Constitucionalismo antigo:
1) Estados Absolutistas;
2) Origem histórica: povo hebreu e, já no século V a.C., as Cida-
des-Estados gregas.
DICA DO LD
Constitucionalismo moderno:
1) baseado na ideologia liberal;
2) valorização das liberdades públicas (os direitos civis);
3) no contexto do Estado Liberal (absenteísta ou abstencionis-
ta – não prestacional);
4) Origem história: Constituições americana de 1787 e france-
sa de 1791.
Por sua vez, o constitucionalismo contemporâneo surge no início do século XX, no contex-
to da Revolução Industrial, momento que nasce a ideia da igualdade de oportunidades, uma
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vez que a igualdade formal não mais satisfazia os interesses da coletividade. Nesse contexto,
o Estado abandona seu ideal abstencionista (Estado Liberal), passando a intervir na comuni-
dade com a finalidade de corrigir as desigualdades existentes. Passam os Estados a executar
políticas públicas tendentes a garantir os direitos sociais como a saúde, a moradia, a previdên-
cia e a educação (Estado Social).
No Brasil, o constitucionalismo contemporâneo surge com a promulgação da Constituição
Federal de 1934 – terceira Constituição brasileira e a primeira a tratar da ordem econômica e
social –, tendo como fonte inspiradora a Constituição Alemã de 1919 (chamada de Constitui-
ção de Weimar).
DICA DO LD
Constitucionalismo contemporâneo:
1) baseado na ideologia socialista;
2) pautado na igualdade de oportunidades;
3) no contexto do Estado Social (prestacional);
4) Origem histórica: Constituição mexicana de 1917 e Consti-
tuição alemã de 1919.
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Feita essa rápida explanação acerca da evolução do constitucionalismo pelo mundo, che-
gamos ao chamado neoconstitucionalismo.
No século XX, surgiu na Europa um novo modelo constitucional, que passa a reconhecer a
supremacia material e axiológica da Constituição capaz de condicionar a validade de todo o
sistema jurídico.
Essa nova corrente de pensamento constitucional recebeu a denominação de “neoconsti-
tucionalismo” ou “novo Direito Constitucional”, permitindo o nascimento de um novo modelo
jurídico, “o Estado Constitucional de Direito”, que superou o ultrapassado “Estado Legislativo
de Direito”.
Com isso, houve a migração da lei e do princípio da legalidade para a periferia do sistema
jurídico e o trânsito da Constituição e do princípio da constitucionalidade para o centro de todo
o sistema, em face do reconhecimento da Constituição como verdadeira norma jurídica dota-
da de força vinculante, de plena obrigatoriedade, de supremacia material e de intensa carga
valorativa.
Nessa senda, os princípios abandonam sua função meramente subsidiária na aplicação do
Direito – quando serviam tão somente de meio de integração da ordem jurídica (na hipótese
de eventual lacuna) e vetor interpretativo – e passam a ser dotados de elevada e reconhecida
normatividade.
Luís Roberto Barroso9 ensina que as mudanças que levaram a essa nova percepção de
constitucionalismo possuem três marcos fundamentais: o histórico, o filosófico e o teórico.
Segundo Barroso, o marco histórico do novo Direito Constitucional, na Europa continental,
foi o constitucionalismo do pós-guerra, especialmente na Alemanha e na Itália. No Brasil, foi a
Constituição de 1988 e o processo de redemocratização que ela ajudou a protagonizar.
Para Barroso, o marco filosófico é o pós-positivismo, superando os modelos tradicionais
do jusnaturalismo e do positivismo. O jusnaturalismo, desenvolvido a partir do século XVI, apro-
ximou a lei da razão, fundando-se na existência de princípios de justiça universal. Noutro giro,
o positivismo buscou a objetividade científica, equiparando o Direito à lei. O pós-positivismo,
que se apresenta como uma terceira via, vai além da legalidade estrita, sem desprezo ao Direi-
to Posto. Eleva os valores na interpretação jurídica; reconhece a normatividade dos princípios,
diferenciando-os qualitativamente das regras; produz uma nova hermenêutica constitucional;
e desenvolve uma teoria dos direitos fundamentais edificada na dignidade da pessoa humana.
9
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo
modelo. 3. ed. 2. tir. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 265-289.
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Por fim, ensina Barroso que o marco teórico se situa: a) no reconhecimento da força nor-
mativa da Constituição; b) na expansão da jurisdição constitucional; c) no desenvolvimento de
uma nova dogmática da interpretação constitucional.
Por tudo isso, conclui Barroso que o neoconstitucionalismo se identifica com o constitu-
cionalismo democrático do pós-guerra, desenvolvido em uma cultura filosófica pós-positivista,
marcado pela força normativa da Constituição, pela expansão da jurisdição constitucional e
por uma nova hermenêutica.
Surge no séc. XX, na Europa
No contexto do nascimento do Estado Constitucional de Direito
Há migração da Constituição e do princípio da constitucionalidade para o centro
INTRODUÇÃO da ordem jurídica
Há o reconhecimento da Constituição como verdadeira norma jurídica, com
plena força normativa, com supremacia material e com intensa carga valorativa
De forma direta e objetiva, são esses os conhecimentos necessários para acertar as ques-
tões afetas ao neoconstitucionalismo na sua prova.
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Certo
Exatamente como explicamos.
Errado.
A Constituição norte-americana de 1787 e a Constituição francesa de 1791 são marcos do
constitucionalismo moderno.
Compreendeu?
Como fechamento da nossa aula, quero trazer dois lembretes: 1) o Gran Cursos Online
possui um fórum de dúvidas para que possamos ajudá-lo(a) na plena compreensão do Direito
Constitucional; 2) gostaria de receber sua avaliação acerca da nossa aula. Isso é muito impor-
tante para nós.
É isso! Você está comigo até aqui? Então, a partir de agora, faça as questões propostas
para aferir o seu conhecimento.
Fique com Deus, fortíssimo abraço e bons estudos.
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RESUMO
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ou integral, que consiste justamente na integração dos aspectos sociais, políticos, jurídicos e
econômicos que conformam a Constituição, chegando na sua perspectiva unitária.
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Conceito e Sentidos de Constituição e o Neoconstitucionalismo
Luciano Dutra
QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (TJ-MS/JUIZ SUBSTITUTO/2015) Considerando os diferentes conceitos de
Constituição, abordados sob a ótica peculiar de diversos doutrinadores, analise as seguintes
manifestações sobre o tema:
I – Constituição é a soma dos fatores reais de poder que regem uma determinada nação.
II – Constituição é a decisão política fundamental sem a qual não se organiza ou funda um
Estado.
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segundo a qual a Constituição não se pode submeter à vontade dos poderes constituídos e ao
império dos fatos e das circunstâncias. A Constituição espraia sua força normativa por sobre
o ordenamento jurídico, e todos os atos estatais que com ela contrastem expõem-se à censura
possui diversas acepções. Dessa forma, ao se afirmar que a constituição é norma pura, sendo
fruto da vontade racional do homem e não das leis naturais, considera-se um conceito próprio
do sentido
a) culturalista.
b) sociológico.
c) político.
d) filosófico.
e) jurídico.
Estado deveria ser a soma dos fatores reais de poder que regem a sociedade. Caso isso não
Constituição, elaborada por Carl Schmitt, compreende-a como o conjunto de normas que di-
zem respeito a uma decisão política fundamental, ou seja, a vontade manifestada pelo titular
do poder constituinte.
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I – A Constituição escrita é uma “mera folha de papel”, não sendo apta a conduzir o pro-
cesso político por não possuir força normativa. Quem determina o rumo do Estado é a
Constituição real resultante do somatório dos fatores reais de poder.
II – A Constituição é uma norma jurídica pura, sem qualquer conotação sociológica, política
ou filosófica.
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Questão 22 (INÉDITA) Carl Schmitt, em sua obra Teoria da Constituição, afirma que a Cons-
tituição significa a decisão política fundamental, que é a decisão concreta sobre o modo e a
forma de existência do Estado.
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Questão 35 (INÉDITA) Ferdinand Lassalle, em sua obra A Teoria Pura do Direito, revelou os
fundamentos sociológicos das Constituições: os fatores reais de poder.
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Questão 36 (INÉDITA) Para Carl Schmitt, a Constituição escrita é uma “mera folha de papel”,
não sendo apta a conduzir o processo político por não possuir força normativa.
Questão 37 (INÉDITA) Para Carl Schmitt, não há uma identidade entre a Constituição e as
Leis Constitucionais.
Questão 38 (INÉDITA) Para Carl Schmitt, a Constituição é um conjunto de normas que dizem
respeito a uma decisão política fundamental, ou seja, a vontade manifestada pelo titular do
poder constituinte originário.
Questão 40 (INÉDITA) No sentido jurídico, Hans Kelsen reconhece que a Constituição possui
o mesmo status das demais leis.
Questão 41 (INÉDITA) O sentido jurídico foi concebido por Ferdinand Lassale em sua obra
A Teoria Pura do Direito, em que o autor defende que a Constituição é um corpo de normas
jurídicas fundamentais à estruturação do Estado, dotada de plena força normativa capaz de
conduzir o processo político, servindo de fundamento de validade para a produção normativa
subsequente.
Questão 42 (INÉDITA) O sentido jurídico foi concebido por Ferdinand Lassale em sua obra A
Teoria Pura do Direito, em que o autor defende que a Constituição é um corpo de normas jurídicas
fundamentais à estruturação do Estado, dotada de plena força normativa capaz de conduzir o
processo político, servindo de fundamento de validade para a produção normativa subsequente.
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Questão 46 (INÉDITA) Carl Schmitt, em sua obra A Essência da Constituição, afirma que a
Constituição significa a decisão política fundamental.
Questão 50 (INÉDITA) No sentido político de Constituição, Carl Scmitt desenvolveu dois sen-
tidos para a palavra Constituição: o sentido lógico-jurídico e o sentido jurídico-positivo.
Questão 51 (INÉDITA) Hans Kelsen criou a norma fundamental hipotética porque não ad-
mitia como fundamento de validade da Constituição algo de índole sociológica, política ou
filosófica.
Questão 52 (INÉDITA) Carl Schmitt defendeu que, em seu sentido jurídico-positivo, a Consti-
tuição corresponde à norma jurídica suprema, o fundamento de validade das demais normas
do ordenamento jurídico.
Questão 53 (INÉDITA) Para Ferdinand Lassale, a norma fundamental, fato imaterial instaura-
dor do processo de criação das normas positivas, seria a Constituição em seu sentido lógico-
-jurídico.
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Luciano Dutra
GABARITO
1. e 28. e 55. C
2. C 29. C 56. C
3. C 30. E 57. E
4. C 31. E 58. E
5. C 32. E 59. E
6. e 33. E 60. d
7. E 34. c 61. E
8. C 35. E 62. c
9. C 36. E
10. b 37. C
11. b 38. C
12. E 39. E
13. E 40. E
14. C 41. E
15. E 42. E
16. C 43. E
17. C 44. C
18. C 45. E
19. C 46. E
20. E 47. E
21. E 48. E
22. C 49. C
23. E 50. E
24. C 51. C
25. b 52. E
26. E 53. E
27. b 54. C
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Luciano Dutra
GABARITO COMENTADO
Questão 1 (TJ-MS/JUIZ SUBSTITUTO/2015) Considerando os diferentes conceitos de
Constituição, abordados sob a ótica peculiar de diversos doutrinadores, analise as seguintes
manifestações sobre o tema:
I – Constituição é a soma dos fatores reais de poder que regem uma determinada nação.
II – Constituição é a decisão política fundamental sem a qual não se organiza ou funda um
Estado.
Letra e.
O item I retrata o sentido sociológico de Constituição defendido por Ferdinand Lassalle. Já o
item II cuida do sentido político de Constituição atribuído a Carl Schmitt.
Certo.
É exatamente o sentido sociológico de Constituição proposto por Ferdinand Lassalle.
Certo.
É ponto central do sentido sociológico de Constituição defendido por Ferdinand Lassalle.
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Luciano Dutra
Certo.
Exatamente isso!
Certo.
A questão retrata justamente a contraposição de ideias propostas por Ferdinand Lassalle (sen-
tido sociológico) e Hans Kelsen (sentido jurídico).
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Luciano Dutra
Letra e.
Hans Kelsen, no sentido jurídico, defende que a Constituição é norma jurídica pura, ou seja, sem
influência sociológica, política, filosófica, enfim, sem interferência de assuntos extrajurídicos.
Errado.
Quem disse isso foi Ferdinand Lassalle. Percebeu a importância de conhecer o autor da teoria?
Certo.
Exatamente conforme explanamos.
Certo.
É o que defende Hans Kelsen.
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Luciano Dutra
II – A Constituição é uma norma jurídica pura, sem qualquer conotação sociológica, política
ou filosófica.
Letra b.
O item I retrata o sentido sociológico de Constituição defendido por Ferdinand Lassalle. Já o
item II cuida do sentido jurídico de Constituição atribuído a Hans Kelsen.
Letra b.
Conforme ensinamos, Ferdinand Lassale, Carl Schmitt e Hans Kelsen estão ligados às concep-
ções de constituição, respectivamente, nos sentidos sociológico, político e jurídico.
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Luciano Dutra
Errado.
Segundo a concepção sociológica, a Constituição de um país consiste na soma dos fatores
reais do poder que o regem.
Errado.
Na concepção sociológica, Ferdinand Lassale defende que coexistem, no Estado, duas es-
pécies de Constituição: a Constituição escrita (também chamada de formal ou jurídica) e a
Constituição real (ou material). A Constituição real para Lassalle não seria propriamente uma
norma jurídica, mas um fato social. Já a Constituição escrita seria uma “mera folha de papel”,
não sendo apta a conduzir o processo político por não possuir força normativa. Quem determi-
na o rumo do Estado é a Constituição real resultante do somatório dos fatores reais de poder.
Certo.
Para Kelsen, a Constituição em seu sentido jurídico-positivo corresponde à norma jurídica su-
prema, o fundamento de validade das demais normas do ordenamento jurídico. As normas
infraconstitucionais (aquelas que estão abaixo da Constituição) só existem e são aptas a pro-
duzir os seus efeitos no mundo jurídico se forem compatíveis com a Constituição, ou seja,
a Constituição, como norma fundamental dotada de supremacia, é o paradigma de validade
para toda a produção normativa subsequente.
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Luciano Dutra
Errado.
Ferdinand Lassale não defende isso.
Certo.
É o que defende Ferdinand Lassale.
Certo.
Exatamente o que diz Ferdinand Lassale.
Certo.
A Constituição real (ou material) seria, tão somente, o somatório dos fatores reais de poder
que regem uma nação, quais sejam, os poderes econômicos, políticos, religiosos, militares etc.
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Luciano Dutra
Certo.
Exatamente isso.
Errado.
O sentido político de Constituição foi defendido por Carl Schmitt.
Errado.
A norma fundamental hipotética é a Constituição no sentido lógico-jurídico.
Questão 22 (INÉDITA) Carl Schmitt, em sua obra Teoria da Constituição, afirma que a Cons-
tituição significa a decisão política fundamental, que é a decisão concreta sobre o modo e a
forma de existência do Estado.
Certo.
É exatamente o que defende Carl Schmitt.
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Luciano Dutra
Errado.
É atribuído a Carl Schmitt o conceito ideal de Constituição elaborado no séc. XIX. Segundo
Schmitt, a Constituição ideal: 1) deve ser estabelecida na forma escrita; 2) deve contemplar a
separação de poderes; 3) deve garantir as liberdades públicas e os direitos individuais.
Certo.
É o que defende Ferdinand Lassale.
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Letra b.
Ferdinand Lassalle, em sua obra “A Essência da Constituição”, revelou os fundamentos socio-
lógicos das Constituições: os fatores reais de poder. Segundo ele, a Constituição real (ou ma-
terial) seria, tão somente, o somatório dos fatores reais de poder que regem uma nação, quais
sejam, os poderes econômicos, políticos, religiosos, militares etc.
Errado.
Esse é o conceito desenvolvido por Hans Kelsen.
Letra b.
O sentido jurídico foi concebido por Hans Kelsen em sua obra “A Teoria Pura do Direito”, em que
o autor defende que a Constituição é um corpo de normas jurídicas fundamentais à estruturação
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do Estado, dotada de plena força normativa capaz de conduzir o processo político, servindo de
fundamento de validade para a produção normativa subsequente.
Letra e.
Hans Kelsen, no sentido jurídico, considera a Constituição como uma norma jurídica pura, sem
qualquer conotação sociológica, política ou filosófica.
Certo.
Mais uma vez: Hans Kelsen, no sentido jurídico, considera a Constituição como uma norma
jurídica pura, sem qualquer conotação sociológica, política ou filosófica.
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Luciano Dutra
Errado.
O conceito trazido corresponde ao sentido político de Constituição.
Errado.
Quem diz isso é Ferdinand Lassale no sentido sociológico de Constituição.
Errado.
Na verdade, no sentido sociológico, a CF reflete a somatória dos fatores reais do poder em
uma sociedade.
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Luciano Dutra
Errado.
Não é isso que defende Ferdinand Lassale. Para ele, a Constituição escrita seria uma “mera
folha de papel”, não sendo apta a conduzir o processo político por não possuir força normativa.
Quem determina o rumo do Estado é a Constituição real resultante do somatório dos fatores
reais de poder.
Letra c.
Segundo Ferdinand Lassale, “a Constituição seria a somatória dos fatores reais do poder den-
tro de uma sociedade”. Conforme Carl Schmitt, “Constituição representa a decisão política do
titular do poder constituinte”.
Questão 35 (INÉDITA) Ferdinand Lassalle, em sua obra A Teoria Pura do Direito, revelou os
fundamentos sociológicos das Constituições: os fatores reais de poder.
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Luciano Dutra
Errado.
Na verdade, Ferdinand Lassalle, em sua obra “A Essência da Constituição”, revelou os funda-
mentos sociológicos das Constituições: os fatores reais de poder.
Questão 36 (INÉDITA) Para Carl Schmitt, a Constituição escrita é uma “mera folha de papel”,
não sendo apta a conduzir o processo político por não possuir força normativa.
Errado.
Foi Ferdinand Lassalle que nos apresentou essa ideia.
Questão 37 (INÉDITA) Para Carl Schmitt, não há uma identidade entre a Constituição e as
Leis Constitucionais.
Certo.
Schmitt diferencia Constituição de Leis Constitucionais. Para ele, no texto constitucional, have-
ria normas que se destacariam pela enorme relevância política, pois dizem respeito à estrutura
do Estado, aos direitos individuais, ao regime político etc. Por outro lado, haveria normas que
não apresentam essa relevância, que só se encontrariam inseridas na Constituição para adqui-
rir maior estabilidade jurídica.
Questão 38 (INÉDITA) Para Carl Schmitt, a Constituição é um conjunto de normas que dizem
respeito a uma decisão política fundamental, ou seja, a vontade manifestada pelo titular do
poder constituinte originário.
Certo.
Schmitt afirma que a Constituição representa o resultado da vontade política fundamental do
Poder Constituinte originário quanto aos temas ligados à estruturação do Estado, tais como
forma de Estado, forma de Governo, sistema de Governo, regime de Governo, separação dos
Poderes, Direitos e Garantias Fundamentais, Sistema Tributário, Organização dos Poderes etc.
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Conceito e Sentidos de Constituição e o Neoconstitucionalismo
Luciano Dutra
Errado.
Quem nos apresentou o sentido político foi Carl Schmitt.
Questão 40 (INÉDITA) No sentido jurídico, Hans Kelsen reconhece que a Constituição possui
o mesmo status das demais leis.
Errado.
Kelsen, ao criar o dogmático-positivismo kelseniano, colocando a Constituição no ápice do
sistema jurídico, acima das demais leis.
Questão 41 (INÉDITA) O sentido jurídico foi concebido por Ferdinand Lassale em sua obra
A Teoria Pura do Direito, em que o autor defende que a Constituição é um corpo de normas
jurídicas fundamentais à estruturação do Estado, dotada de plena força normativa capaz de
conduzir o processo político, servindo de fundamento de validade para a produção normativa
subsequente.
Errado.
Essa doutrina se deve a Hans Kelsen.
Questão 42 (INÉDITA) O sentido jurídico foi concebido por Ferdinand Lassale em sua obra
A Teoria Pura do Direito, em que o autor defende que a Constituição é um corpo de normas
jurídicas fundamentais à estruturação do Estado, dotada de plena força normativa capaz de
conduzir o processo político, servindo de fundamento de validade para a produção normativa
subsequente.
Errado.
Essa doutrina se deve a Hans Kelsen.
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Luciano Dutra
Errado.
Na verdade, em sentido lógico-jurídico, a Constituição significa a norma fundamental hipotéti-
ca, cuja função é servir de fundamento de validade da Constituição.
Certo.
Exatamente isso.
Errado.
Na verdade, no sentido jurídico, a Constituição não tem qualquer fundamentação sociológica,
política ou filosófica.
Questão 46 (INÉDITA) Carl Schmitt, em sua obra A Essência da Constituição, afirma que a
Constituição significa a decisão política fundamental.
Errado.
Carl Schmitt, em sua obra “Teoria da Constituição”, afirma que a Constituição significa a deci-
são política fundamental.
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Luciano Dutra
Errado.
É na Constituição que se materializa a decisão política fundamental do Estado. As outras normas
inseridas no texto constitucional que não refletem a decisão política fundamental são apenas
leis constitucionais (ou aquilo que chamamos hoje de normas formalmente constitucionais).
Errado.
Muito embora reconheça a relevância dos fatores reais de poder na condução da vida política
de um Estado, Kelsen defendeu que o seu estudo não compete ao operador do Direito, mas ao
sociólogo, ao filósofo etc. Nisso consistia sua Teoria Pura do Direito: afastar a ciência jurídica
de todo juízo de ordem moral, política, social ou filosófica.
Certo.
A concepção jurídica de Constituição de Kelsen surge exatamente para se contrapor à posição
sociológica defendida por Ferdinand Lassalle.
Questão 50 (INÉDITA) No sentido político de Constituição, Carl Scmitt desenvolveu dois sen-
tidos para a palavra Constituição: o sentido lógico-jurídico e o sentido jurídico-positivo.
Errado.
Essa ideia surge na concepção jurídica de Constituição de Kelsen.
Questão 51 (INÉDITA) Hans Kelsen criou a norma fundamental hipotética porque não admitia
como fundamento de validade da Constituição algo de índole sociológica, política ou filosófica.
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Luciano Dutra
Certo.
Kelsen não admitia como fundamento de validade da Constituição algo de índole sociológica,
política ou filosófica (lembra-se da ideia da Teoria Pura do Direito?). Assim, foi obrigado a de-
senvolver um fundamento jurídico para a Constituição, o que denominou de norma fundamen-
tal hipotética, também chamada de norma pensada ou pressuposta, que existe apenas para
servir de pressuposto de validade das normas constitucionais.
Questão 52 (INÉDITA) Carl Schmitt defendeu que, em seu sentido jurídico-positivo, a Consti-
tuição corresponde à norma jurídica suprema, o fundamento de validade das demais normas
do ordenamento jurídico.
Errado.
Quem defendeu essa ideia foi Hans Kelsen.
Questão 53 (INÉDITA) Para Ferdinand Lassale, a norma fundamental, fato imaterial instaura-
dor do processo de criação das normas positivas, seria a Constituição em seu sentido lógico-
-jurídico.
Errado.
Quem defendeu essa ideia foi Hans Kelsen.
Certo.
É a doutrina ensinada por Hans Kelsen na obra Teoria Pura do Direito.
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Luciano Dutra
Certo
Conforme ensinamos, o sentido jurídico foi concebido por Hans Kelsen em sua obra A Teoria
Pura do Direito, em que o autor defende que a Constituição é um corpo de normas jurídicas
fundamentais à estruturação do Estado, dotada de plena força normativa capaz de conduzir o
processo político, servindo de fundamento de validade para a produção normativa subsequen-
te (ou seja, funciona como parâmetro de controle de constitucionalidade para as leis infracons-
titucionais).
Certo
No sentido culturalista, a Constituição é fruto de um fato cultural, ou seja, é produzida pelo ho-
mem, podendo, ao mesmo tempo, influenciar a vida em comunidade. Esse sentido culturalista
conduz ao conceito de Constituição total ou integral, que consiste justamente na integração
dos aspectos sociais, políticos, jurídicos e econômicos que conformam a Constituição, che-
gando na sua perspectiva unitária.
Errado
Esse é o sentido político de Constituição.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Conceito e Sentidos de Constituição e o Neoconstitucionalismo
Luciano Dutra
Errado
Trata-se do sentido sociológico de Ferdinand Lassalle.
Errado
Trata-se do sentido sociológico de Ferdinand Lassalle.
Letra d.
O enunciado cuida do sentido sociológico de Constituição defendido por Ferdinand Lassalle
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Conceito e Sentidos de Constituição e o Neoconstitucionalismo
Luciano Dutra
Errado
Carl Schmitt diferencia Constituição de Leis Constitucionais. Para ele, no texto constitucional,
haveria normas que se destacariam pela enorme relevância política, pois dizem respeito à
estrutura do Estado, aos direitos individuais, ao regime político etc (aquilo que ele chama de
Constituição). Por outro lado, haveria normas que não apresentam essa relevância, que só se
encontrariam inseridas na Constituição para adquirir maior estabilidade jurídica (o que ele de-
nomina de Leis Constitucionais).
Letra c.
Ferdinand Lassalle revelou os fundamentos sociológicos das Constituições: os fatores reais
de poder. Segundo ele, a Constituição real (ou material) seria, tão somente, o somatório dos
fatores reais de poder que regem uma nação, quais sejam, os poderes econômicos, políticos,
religiosos, militares etc. Já a Constituição escrita seria uma “mera folha de papel”, não sendo
apta a conduzir o processo político por não possuir força normativa. Quem determina o rumo
do Estado é a Constituição real resultante do somatório dos fatores reais de poder.
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Luciano Dutra
Advogado da União desde 2009, com atuação no Supremo Tribunal Federal. Autor de livros. Professor de
Direito Constitucional com ampla experiência em cursos preparatórios para concursos públicos e Exames
de Ordem presenciais e on-line. Aprovado em diversos concursos públicos. Graduado em Direito pela
Universidade Federal de Juiz de Fora e pós-graduado em Direito Público. Graduado e pós-graduado em
Ciências Militares.
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