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DESENHO TÉCNICO

AULA 2

Prof. Anderson Subtil


CONVERSA INICIAL

Nesta aula abordaremos as projeções ortogonais e vistas em perspectiva


isométrica. Estas são muito importantes para a leitura e interpretação de
desenho técnico na construção de peças de equipamentos mecânicos. Além dos
aspectos teóricos, também abordaremos diversos problemas práticos para que
possamos entender melhor de que modo os conteúdos estudados podem ser
aplicados.

CONTEXTUALIZANDO

Precisamos desenvolver determinado produto que deverá ser fabricado


em outros países. O que fazer para manter a mesma qualidade e funcionalidade
desse produto, sendo este sempre semelhante à sua criação? Para essa
solução, devemos ter os desenhos dos objetos que devem obedecer às normas
internacionais de sistema de projeção ortogonais. Nesse sistema, temos que
representar a peça em vista de 2D.
É importante que o desenho técnico esteja representado na vista frontal,
na vista superior e na vista lateral. Isso faz com que, quem for fabricar, entenda
o que está sendo pedido em todo o projeto.
Vamos, então, conhecer as Normas ABNT que representam as vistas dos
objetos que fazem parte do Desenho Técnico Mecânico.
“A disciplina de Desenho Técnico, mesmo fazendo parte das matérias do
básico das engenharias, é uma ferramenta imprescindível para formação
profissional dos engenheiros que utilizam o desenho para criar, transmitir,
interpretar e analisar informações” (Moraes, 2001).

TEMA 1 – PROJEÇÃO ORTOGONAL: PRIMEIRO DIEDRO

1.1 Definição de projeção ortogonal

A projeção ortográfica, na prática, pode ser feita de duas formas, conforme


a NBR 10209-2 – Desenho técnico – Norma geral. No primeiro diedro, imagine-
se vendo a peça por meio da vista lateral de um dos lados do cone. Em seguida,
ao se tombar o cone, é possível ver a vista frontal, conforme a Figura 1.

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Figura 1 – Primeiro diedro

Nos desenhos, a representação de qualquer peça será feita por sua


projeção sobre um plano. A Figura 2 mostra o desenho das vistas da peça.

Figura 2 – Projeção do primeiro diedro

No primeiro diedro, o objeto estará tombado. Na Figura 3, podemos


verificar três vistas ortográficas de uma mesma peça que garantem sua
representação. São denominadas vista frontal (VF), vista superior (VS) e vista
lateral esquerda (VLE). O sistema de projeção no primeiro diedro é conhecido
como Método Alemão ou Método Europeu. É adotado pela norma alemã
DeutschesInstitutfürNormung (DIN) e também pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT).

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Figura 3 – Projeção do primeiro diedro

Figura 4 – Como olhar a peça para desenhar no primeiro diedro

O observador está olhando para peças nas três vistas ortogonais. A vista
frontal apresenta mais detalhes da peça. Temos a vista superior, quando o
observador olha na parte de cima da peça. Outra vista importante é a vista lateral
esquerda, que mostra a peça vista de lado, conforme a Figura 5.

Figura 5 – Projeção ortogonal

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TEMA 2 – PROJEÇÃO ORTOGONAL: TERCEIRO DIEDRO

No terceiro diedro, imagine-se vendo a peça por meio de um dos lados do


cubo. O desenho da vista será arrastado. No terceiro diedro, o plano de projeção
está situado entre o observador e o objeto. O sistema de projeção no terceiro
diedro (Figura 6) é conhecido como Método Americano, e é adotada pela norma
norte-americana American National Standards Institute (ANSI).

Figura 6 – Projeção de um objeto no teceiro diedro

Na projeção do terceiro diedro, a vista frontal continua sendo a principal.

Figura 7 – Representação do terceiro diedro

Observe a Figura 8. Nota-se que a vista lateral direita está representada


como a vista traseira do carro, e a vista lateral esquerda como a frente do carro.
A vista superior está representada como a vista do teto do carro, sendo
importante ver onde fica localizada essa vista.

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Figura 8 – Vista em terceiro diedro

Crédito: Magnon Oliveira.

Para saber se o desenho está fazendo a devida representação no terceiro


diedro, é necessário identificar na legenda, conforme Figura 9.
Observe, na Figura 9, a comparação das peças desenhadas no primeiro
e terceiro diedro, sendo somente a posição em que as peças são desenhadas.

Figura 9 – Desenho em primeiro e terceiro diedro

A vista de frente deve ser a principal ou que indique a posição de


montagem no desenho de conjunto, e escolhe a vista para ser frontal, aquela em
que aparece menos linhas tracejadas.

TEMA 3 – COMO DESENHAR AS VISTAS ORTOGONAIS

A peça da Figura 10 é desenhada em três vistas ortogonais do primeiro


diedro. É importante definir as vistas frontal, superior e lateral.

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Figura 10 – Bloco

Nota-se que as vistas estão alinhadas para fazer os batimentos das linhas
entre a vista frontal, a vista superior e a vista lateral direita. Na Figura 11, são
estabelecidas linha em baixo de linha. É necessário manter o espaçamento igual
entre as vistas frontal com superior e vista frontal com a vista lateral esquerda.

Figura 11 – Distribuição das vistas

A peça representada na Figura 12 possui uma face inclinada, vela como


fica o rebatimento das vistas. As peças, agora, estarão sendo representadas
apenas no primeiro diedro.

Figura 12 – Peças com superfície inclinada

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As vistas sempre têm que estar nessas posições para poder rebater as
linhas, sendo linha embaixo de linha, conforme Figura 13.

Figura 13 – Peças com plano inclinado

Representação do eixo em duas vistas ortogonais, conforme Figura 14.


Sempre que a peça for cilíndrica e não apresentar detalhes, como rasgos e furos,
podemos desenhar somente duas vistas.

Figura 14 – Peças cilíndricas

TEMA 4 – USO DAS LINHAS TRACEJADAS E LINHAS DE CENTRO

As linhas tracejadas são usadas quando o detalhe de uma não está


visível, conforme pode ser visto nas Figuras 15 e 16.

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Figura 15 – Linhas tracejadas

Figura 16 – Superfície invisível

Nos desenhos em que aparecem furos, utilizamos as linhas tracejadas e


a linha de centro, composta de traços e pontos. As linhas de centro são usadas
para indicar os eixos. Quando a vista for frontal de um furo, usa-se a linha de
centro, cruzando uma com a outra. Os desenhos da Figura 17 mostram
aplicações das linhas de centro.

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Figura 17 – Linhas de centro

Nota-se que peças com rasgos simétricos são representados com linhas
de centro, conforme Figura 18.

Figura 18 – Peças com linhas de centro

TEMA 5 – DESENHO DE PERSPECTIVA ISOMÉTRICA

Devido à dificuldade de visualização do desenho técnico, podemos fazer


a peça em 3D, ou seja, em uma perspectiva isométrica.
Para fazer os desenhos de perspectiva ortogonal, desenha-se a origem e
depois as linhas de base a 30°, conforme Figura 19.

Figura 19 – Origem da perspectiva

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Faz-se um paralelepípedo que contenha as maiores dimensões da peça,
sendo a altura, a largura e o comprimento conforme a Figura 20.

Figura 20 – Dimensão do paralelepípedo

Analisando as vistas da figura, a vista 1 é a vista frontal e, a vista 2, a


lateral esquerda.

Figura 21 – Estágio 1

No estágio, podemos tirar o pedaço do paralelepípedo mostrado na Figura


22.

Figura 22 – Bloco

Olhando para a vista lateral esquerda (vista 2), foi retirado mais um
pedaço do paralelepípedo, conforme mostra a Figura 23.

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Figura 23 – Vista de perspectiva

A seguir, estão as últimas fases das vistas dadas com a forma espacial já
obtida. Pode-se concluir pelo corte final, mostrado na Figura 24, e, pela peça
final, conforme Figura 25.

Figura 24 – Bloco

Figura 25 – Bloco final

Nos desenhos de perspectiva isométrica, não aparecem linhas tracejadas.

5.1 Peças cilíndricas

Veja todas as posições da perspectiva de peças cilíndricas. O círculo pode


ser inscrito em um quadrado, conforme mostra a Figura 26.

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Figura 26 – Perspectiva cilíndrica

Na Figura 27, está disposto o círculo na vista superior, indicando a posição


que deve ser colocado o compasso para fazer o raio da peça.

Figura 27 – Vista superior

Na Figura 28, no passo 1, utiliza-se o esquadro de 60° para traçar uma


linha fina partindo do vértice superior.

Figura 28 – Círculo na vista superior

Nos passos 3 e 4, vira-se o esquadro e traça-se a linha partindo do vértice,


fazendo os cruzamentos da linha para centralizar o compasso, conforme a Figura
29.

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Figura 29 – Centro do círculo

Nos passos 5 e 6, coloca-se a ponta seca do compasso e faz-se a


abertura do raio para, então, traçar o arco. Nos passos 7 e 8, traça-se o arco
correspondente, conforme a Figura 30.

Figura 30 – Sequência do traçado

Adota-se o mesmo procedimento com o esquadro de 60° para traçar as


linhas de centro, para fazer a elipse nas vistas lateral esquerda e lateral direita,
conforme as Figuras 31 e 32.

Figura 31 – Face da peça

Figura 32 – Face da peça

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Em peças cilíndricas, temos que traçar as linhas auxiliares formando um
paralelepípedo, conforme a Figura 33.

Figura 33 – Eixo

A seguir, temos várias posições do cilindro. Os passos da Figura 34


mostram a sequência de elaboração do desenho da elipse que representa o
círculo em perspectiva.

Figura 34 – Cilindro

A Figura 35 mostra um exemplo de como fazer raios nas peças, de modo


que as linhas concordem com as linhas do contorno.

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Figura 35 – Usando setores de circunferências isométricas para desenhar
concordâncias

Observe, a seguir, alguns exemplos de peças desenhadas em


perspectiva. A Figura 36 mostra os passos.

Figura 36 – Desenho completo da perspectiva

FINALIZANDO

Nesta aula aprendemos a representar graficamente os desenhos dos


objetos em vistas planas de 2D. Para que o desenho tenha uma linguagem
universal, é importante fazer as vistas e seu rebatimentos conforme os diedros.
O Brasil e a maioria dos países usam o sistema de desenhar no primeiro diedro.
Os países de origem inglesa usam o terceiro diedro.

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Sempre que a peça tiver furos e rasgos, indicar com linhas de centro, ou
seja, traço e ponto passando pelo centro dos furos, assim fica mais fácil a
visualização.
Para um melhor entendimento da peça a ser desenhada, podemos fazer
a perspectiva isométrica.
Nota-se que todos os desenhos devem estar conforme esses
procedimentos para que haja uma interação entre os quatros cantos do mundo.

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REFERÊNCIAS

CRUZ, M. D. Desenho técnico. São Paulo: Érica, 2014.

. Desenho técnico mecânico: conceitos, leitura e interpretação. São


Paulo: Érica, 2010.

CRUZ, M. D.; MORIOKA, C. A. Desenho técnico: medidas e representação


gráfica. São Paulo: Érica, 2014.

LEAKE, J. M.; BORGERSON, J. L. Manual de desenho técnico para


engenharia: desenho, modelagem e visualização. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2017.

RIBEIRO, A. C.; PERES, M. P.; IZIDORO, N. Desenho técnico e AutoCad. São


Paulo: Pearson, 2013.

SILVA, A. S. Desenho técnico. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

SILVA, A.; RIBEIRO, C. T.; DIAS, J. SOUSA, L. Desenho técnico moderno. 4.


ed. Rio de janeiro: LTC, 2014.

ZATTAR, I. C. Introdução ao desenho técnico. Curitiba: InterSaberes, 2016.

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