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OSTENSIVO EN - 112

Introdução ao estudo do Desenho Técnico

O desenho é a forma de representação gráfica mais antiga da


humanidade. Desde que sentiu necessidade de se expressar graficamente,
o homem recorreu ao desenho como forma de representar sua vida e o
seu cotidiano. Desenhos encontrados nas cavernas pelo mundo afora
mostram o tipo de vida, os hábitos, os animais e o meio ambiente que
cercavam suas comunidades. Os primeiros vestígios da escrita humana
datam de muitos milênios depois.

Dentre as formas de desenho podemos citar o desenho artístico e o


desenho técnico. O desenho artístico representa o ponto de vista do autor,
seus valores, ideias e sentimentos. Possui liberdade criativa mesmo ao se
retratar a realidade.

Já o desenho técnico deve representar com exatidão e sem a


possibilidade de dúvidas, um objeto ou obra a ser fabricado ou construído.
O desenho técnico não deve dar margens a interpretação e deve ser
entendido por todos que o lerem da mesma forma, quem projetou, quem
irá produzir e quem irá utilizar ou reparar.

Para que isso aconteça, no desenho técnico precisamos utilizar


várias regras e convenções de forma a padronizar os desenhos. Iremos
aprender algumas dessas regras, chamadas de normas técnicas, ao longo
do curso. No Brasil, a entidade responsável pelas normas técnicas é a
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Gaspar Monge – o pai da geometria descritiva

O desenho técnico, como conhecemos atualmente, é fruto do


trabalho desenvolvido pelo matemático francês Gaspar Monge (1746 –
1818). Monge cria seu método para resolver um complicado problema de
construção de fortificações, pois os métodos de representação da época
não possibilitavam transmitir o formato dos objetos de forma completa e
coesa.

A partir do desenho de projeções ele conseguiu representar, num


plano bidimensional, como uma folha de papel, as dimensões de largura,
altura e profundidade do objeto. Seu novo método, que passou a ser
conhecido como método mongeano é a base da geometria descritiva e do
desenho técnico, e foi considerado segredo militar por 15 anos.

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Vistas ortográficas

Sistema de projeção cilíndrico ortogonal

Os elementos principais de uma projeção são: O observador, o


objeto a ser representado e o plano de projeção.

Nas projeções cônicas, o resultado da projeção varia de acordo com


a distância entre estes três elementos. É o caso da visão humana e da
máquina fotográfica, onde os objetos que estão mais próximos do
observador aparentam ser maiores do que os estão mais distantes.

Para solucionar esta distorção, Gaspar Monge utilizou a projeção


cilíndrica ortogonal, onde o observador encontra-se a uma distância
infinita do plano de projeção, gerando projetantes paralelas, e essas
projetantes interceptam o plano de projeção segundo um ângulo de 90º.

O processo industrial utiliza a projeção cilíndrica ortogonal, pois


estando as superfícies dos objetos paralelas ao plano de projeção,
projetam-se com a mesma forma e as mesmas dimensões, isto é, em
verdadeira grandeza, ou como costumamos chamar, VG.

Monge então dividiu o espaço em quatro partes, chamadas diedro,


utilizando dois planos perpendiculares. Cada diedro possui dois planos de
projeção: um vertical e outro horizontal.

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Um objeto colocado em qualquer diedro terá suas projeções vertical


e horizontal. Com as duas projeções, conseguimos representar as três
dimensões de cada objeto, pois em cada projeção são mostradas duas
dimensões. Como o objetivo é visualizar o objeto em um único plano, é
feita a chama épura, ou seja, a planificação do diedro.

Mas em alguns casos, dois objetos diferentes podem apresentar a


mesma projeção vertical e horizontal, como podemos verificar na figura
abaixo:

Neste caso, podemos utilizar uma terceira projeção, a lateral, para


esclarecer a diferença entre as peças. Podemos conferir como ficaria o
resultado, já planificado:

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A figura abaixo mostra as três projeções e suas planificações:


vertical, horizontal e lateral.

As projeções nos planos são chamadas de vistas ortográficas. A


projeção vertical é a vista frontal; a projeção horizontal é a vista superior
e a projeção lateral é a vista lateral.

O método do sólido envolvente é o método na qual se imagina o


objeto inserido dentro de um cubo. Desta forma o objeto será projetado
nas seis faces do cubo. A seguir planifica-se esse o cubo dando formando
as seis vistas ortográficas: 1- frontal, 2- superior, 3- lateral esquerda, 4-
lateral direita, 5- inferior e 6- posterior.

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Até agora, mostramos as projeções apenas no 1º diedro, mas o 3º


diedro também é utilizado para a representação das vistas ortográficas. Já
o 2º e 4º diedro não são usados, pois na planificação dos diedros o plano
vertical permanece parado enquanto o vertical gira no sentido horário,
causando assim a superposição das projeções nestes diedros.

Representação no 1º e 3º diedros

As projeções feitas em qualquer plano do 1º diedro seguem um


princípio básico que determina que o objeto a ser representado deverá
estar entre o observador e o plano de projeção. Já no 3º diedro, o plano
de projeção deverá estar posicionado entre o observador e o objeto. Para
que isso acontece, o plano do 3º diedro precisa ser transparente.

A representação no 1º diedro é conhecido como método alemão ou


Europeu e a representação no 3º diedro como método americano.

Projeção no 1º diedro: Projeção no 3º diedro:

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Do ponto de vista prático, a diferença entre a as projeções no 1º


e no 3º diedros é a posição das vistas principais, como podemos ver no
esquema abaixo:

Escolha da vista frontal

Para a representação da maioria dos objetos, o conjunto formado


pelas vistas de frente, vista superior e uma das vistas laterais é suficiente
para representar o objeto desenhado. O ponto de partida para determinar
as vistas necessárias é determinar qual vista será considerada a vista
frontal, que é a principal vista e que deve sempre ser representada.
Quando se conhece qual uso se faz do objeto, é fácil determinar qual é a
sua frente como por exemplo um carro ou uma cadeira. No caso de não
conhecermos, temos alguns critérios para a sua escolha. A primeira é
determinar qual é a vista mais característica, ou seja, a que melhor define
a forma da peça. Quando duas vistas definem bem a forma da peça,
escolhe-se a que possui a maior dimensão e possibilite o menor número
de linhas invisíveis.

Representação de superfícies inclinadas

Quando a superfície é perpendicular a um dos planos de projeção e


inclinada em relação aos outros planos, devemos começar a desenhar por
onde encontramos a verdadeira grandeza do plano inclinado. Depois
fazemos os rebatimentos para os outros planos de projeção, onde as
dimensões do plano inclinado aparecerão reduzidas em relação ao seu
tamanho original. Apesar de sofrer alteração nas dimensões, a superfície
inclinada sempre mantém a sua forma.

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Vista Auxiliar Primária

Utilizamos a vista auxiliar primária (VAP) para representar o formato


verdadeiro de uma superfície inclinada, quando essa superfície projeta-se,
numa das vistas principais segundo uma linha em verdadeira grandeza.
Para isso, usa-se um plano auxiliar, paralelo a referida linha, e em seguida
rebate-se o mesmo sobre o plano da vista.

Utilizando como exemplo o modelo anterior, projeta-se a vista


auxiliar primária a partir da vista frontal, pois é onde encontra-se a aresta
em verdadeira grandeza do plano inclinado. O plano auxiliar ficará paralelo
a essa linha.

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Tipos de linhas

Linhas visíveis

O contorno dos objetos e as arestas resultantes das interseções de


superfícies são representados por linhas visíveis que tem por característica
serem grossas e contínuas.

Linhas invisíveis

As arestas que não estão visíveis por encontrarem-se atrás de um


plano do objeto, são representadas por uma linha média e tracejada,
indicando que existe uma aresta escondida.

Linhas de eixo de simetria

Quando existe simetria na peça, ou seja, quando podemos dividir o


objeto ao meio em partes iguais a partir de um eixo vertical ou horizontal
que passa pelo centro da peça, representamos a linha de simetria que tem
por característica ser fina e traço-ponto.

Na figura a seguir, o modelo ficou dividido em duas partes iguais ao


ser cortado por um eixo horizontal, ou seja, ele é simétrico em relação ao
eixo horizontal. Mas ele não possui simetria em relação ao eixo vertical.

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Sua representação portanto, ficaria da seguinte forma:

Linhas de eixo de circunferência

Para marcar o centro de uma circunferência ou de um arco de


circunferência, desenhamos, a partir do centro, com linha fina e traço-
ponto, uma reta horizontal e uma vertical. Nas outras vistas, desenhamos
uma reta no eixo de revolução dos elementos.

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Tanto as linhas de eixo de simetria quanto as de eixo de


circunferência devem ultrapassar o objeto ou a circunferência para que se
destaque e se diferencie das linhas visíveis e invisíveis, que são linhas
pertencentes e com as dimensões do objeto.

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Exercícios de vistas ortográficas

Execute com instrumentos, numa folha de papel A4, as vistas


frontal, superior e lateral dos objetos abaixo, utilizando a escala 1:1.

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Execute com instrumentos, numa folha de papel A4, as vistas


frontal, superior e lateral dos objetos abaixo, utilizando a escala 1:1.

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Execute com instrumentos, numa folha de papel A4, as vistas


frontal, superior e lateral dos objetos abaixo, utilizando a escala 1:1. Os
gabaritos dos exercícios desta página encontram-se no final da apostila.

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Cotagem

Cotagem ou dimensionamento é a técnica de lançar as dimensões


de um objeto. Elas serão imprescindíveis à execução e servirão também
para posterior verificação no controle de qualidade. As dimensões
mostradas no desenho técnico recebem o nome de cotas. As cotas são
sempre representativas das medidas reais do objeto.

As cotas são colocadas dentro ou fora dos desenhos, com a máxima


clareza, de forma a não deixar dúvidas ao leitor do projeto. As cotas
devem ser distribuídas pelas vistas e dar todas as dimensões necessárias
para viabilizar a construção do objeto desenhado, com o cuidado de não
colocar cotas desnecessárias. Ela é composta por 4 elementos: linha de
cota, linha de extensão ou de chamada, extremidade ou limite da linha de
cota e o valor numérico da cota.

A linha de cota é fina, e traçada sempre paralela à dimensão


representada. A linha de extensão também é fina, e marca o início e o fim
da dimensão cotada. No encontro das linhas de cota com as linhas de
extensão colocam-se as extremidades, que limitam as linhas de cota,
reforçando o intervalo das medidas. Esses limitadores podem ser setas,
traços ou pontos. Nos desenhos técnicos mecânicos, é costume se usar as
setas e no arquitetônico, traços. Acima da linha de cota ou na sua
interrupção, se acrescenta o valor numérico, que é a medida em si, em
algarismo padrão e em unidade compatível com o desenho. No desenho
mecânico, essa unidade normalmente é o milímetro. Já no desenho de
edificações se utiliza o metro.

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As cotas horizontais são registradas da esquerda para a direita, as


verticais de baixo pra cima e as inclinadas de modo a facilitar a leitura.

Algumas importantes regras de cotagem

1- As cotas menores devem ficar no interior das maiores, evitando-


se assim o cruzamento de linhas.

2 - As linhas de centro ou as linhas de contorno podem ser usadas


como linhas de extensão, mas não podem ser usadas como linhas de cota.

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3 - As circunferências são cotadas pelos diâmetros.

4 - Os arcos de circunferência são cotados pelos raios. A linha de


cota parte do centro e leva seta em somente uma das extremidades que
pode estar situada por dentro ou por fora da linha de contorno da curva.

5 – Cotas em ângulos.

6 – Para cotar em espaços reduzidos, são empregados os recursos


abaixo.

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7 - Exemplo de cotagem de chanfro.

8 – As curvas irregulares podem ser cotadas por meio de


coordenadas, divididas em espaçamentos regulares.

9 – O sinal indicativo de diâmetro é usado para a cotagem de sólidos


de revolução.

10 – Sinal de indicação de forma quadrada.

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11 – Num flange circular, a especificação de furos, com o mesmo


diâmetro, e igualmente espaçados, é feita por uma cota referida a um
deles.

12 – De acordo com o processo de fabricação de determinadas


peças, as cotas podem ser tomadas a partir de superfícies de referência.

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Exemplo de cotagem de um objeto, com as cotas distribuídas pelas


vistas principais

Observações complementares:

o Cotar na vista onde a característica aparece com maior


clareza.
o Evitar repetir cotar.
o Cotar as dimensões totais de comprimento, altura e largura do
objeto.
o Não cotar linhas invisíveis.
o Evitar o cruzamento de linhas na cotagem.
o Na cotagem, só são admitidos letras e números padronizados.
o Os arcos são cotados pelos seus raios, enquanto as
circunferências por seus diâmetros.
o Quando a forma do elemento cotado estiver claramente
definida, os símbolos, como o R (raio) e  (diâmetro) podem
ser omitidos.

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Carimbo e lista de peças

Toda folha de desenho deve possuir, no canto inferior direito, um


quadro destinado ao carimbo, constando as principais informações do
projeto. A principal delas é o título, que permitirá uma rápida identificação
do assunto e a finalidade a que o projeto se destina. Outros campos que
normalmente constam do carimbo são: Firma, desenhista, escala, data,
número da folha, responsável pelo projeto e pela aprovação, e outras
informações julgadas convenientes.

Nos desenhos de engenharia mecânica normalmente são colocados


a lista de peças, com um resumo das peças projetadas e seus materiais.

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Sinais de acabamento

Em peças mecânicas, além da cotagem, são utilizados os sinais de


acabamento, que refletem o grau de rugosidade das superfícies após a
fabricação. O polimento das superfícies é um processo caro, feito de
acordo com a necessidade ou com a exigência estética, com abrasivos
cada vez mais finos.

Se todas as superfícies têm o mesmo acabamento, o sinal é


colocado fora do desenho, acima e à direita. Se há mais de um
acabamento numa mesma peça, indicam-se no desenho os sinais que
aparecem o menor número de vezes. Estes sinais, fora do desenho,
estarão entre parênteses.

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Tolerâncias e ajustes

As peças que compõem um mecanismo embora sejam fabricadas


isoladamente, devem ajustar-se perfeitamente na montagem.

Uma fabricação em série, portanto, se propõe a um perfeito


acoplamento dos eixos nos respectivos furos, sem exigir perda de tempo
nessa ajustagem.

Nem sempre se consegue um bom resultado indicando no projeto


somente a cota nominal, como por exemplo 50mm para o eixo e 50mm
para o furo, pois mesmo dispondo-se de máquinas operatrizes de alta
precisão, dificilmente se conseguiria a dimensão nominal. Usa-se na
realidade a dimensão efetiva, que é obtida com erros para mais ou menos
em relação à dimensão nominal.

A diferença entre a dimensão máxima e a dimensão mínima


permitida numa fabricação recebe o nome de tolerância de fabricação.

Quando as dimensões do furo são superiores às do eixo, o ajuste é


dito folgado. Caso as dimensões do furo sejam inferiores às do eixo, o
ajuste é chamado de com aperto ou com interferência e o acoplamento é
feito por pressão, dilatação do furo ou contração do eixo. Existem ainda o
ajuste deslizante e o ajuste rotativo.

Usando como exemplo a fabricação de um eixo de 40mm de


diâmetro, poder-se-ia tolerar um afastamento de 0,025mm ou 25
mícrons.

As dimensões deste eixo seriam caracterizadas agora da seguinte


maneira:
Diâmetro nominal = 40,000
Diâmetro máximo = 40,000
Diâmetro mínimo = 39,975

Após a fabricação, os diâmetros compreendidos entre 39,975 e


40,000 seriam aceitos para as ajustagens, ao passo que os abaixo de
39,975 e os acima de 40,000 seriam rejeitados. A tolerância de fabricação
no caso seria de 0,025mm.

Este eixo, ao ser fabricado para trabalhar acoplado num furo com
ajuste folgado, obrigaria que o furo tivesse dimensões sempre maiores
que a nominal (40mm).

Caso se usasse a mesma tolerância de fabricação, ou seja,


0,025mm o furo poderia ter as seguintes características:

Diâmetro nominal = 40,000


Diâmetro máximo = 40,070
Diâmetro mínimo = 40,045
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Após a fabricação, os diâmetros compreendidos entre 40,045 e


40,070 seriam aceitos para as ajustagens, ao passo que os abaixo de
40,045 e os acima de 40,070 seriam rejeitados.

O exemplo anterior caracteriza o sistema de ajustagem chamado


eixo-base, ou seja, a maior dimensão do eixo é a nominal e a dimensão
mínima é a nominal menos a tolerância de fabricação. Já no sistema furo-
base, a dimensão mínima do furo é a nominal e a máxima é a nominal
mais a tolerância de fabricação. O sistema furo-base também é conhecido
por “furo padrão”. Nele, a tolerância de fabricação do furo ocupa sempre
uma posição acima da linha zero ou neutra, que é a linha característica da
dimensão nominal, ao contrário do eixo-base, quando a tolerância de
fabricação do eixo ocupa uma posição abaixo dessa linha.

A seguir temos o exemplo de um acoplamento com interferência no


sistema furo-base, mas vale ressaltar que tanto no furo-base como no
eixo-base podemos ter ajuste com folga ou com aperto.

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Tabela de tolerâncias fundamentais

A ISO (Organização Internacional de Padronização) prevê graus de


tolerância denominados de qualidades de trabalho e designados por IT 1,
IT 2, etc., onde IT significa Iso Tolerance e o número seguinte a qualidade
de trabalho.

Observando o quadro geral de tolerâncias fundamentais, constata-se


que no primeiro exemplo a qualidade foi a de número 7 e no segundo
exemplo, a de número 8.

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Exercício de cotagem com tolerâncias e ajustes

Execute efetivamente a cotagem de fabricação do eixo de aço


(nº.1), da bucha de bronze (nº.2) e do anel de bronze (nº.3),
considerando:
1) As peças são cilíndricas e a escala é 1:1;
2) Os acabamentos das superfícies são: nas partes atritadas
retificada e nas demais partes desbaste;
3) A qualidade de trabalho é a de nº 9 para as três peças;
4) A ajustagem do eixo com os furos é com folga e o sistema de
ajuste é o eixo- base;
5) As folgas mínimas entre o eixo e os furos são: para o 20 = 76
mícrons; para 34 = 84 mícrons.

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Cortes

Quando a peça a ser desenhada possuir muitos detalhes internos,


esses irão gerar muitas linhas invisíveis, dificultando a representação, a
interpretação e a cotagem desses objetos. Quando estes detalhes são
importantes para a fabricação, é conveniente que se tornem visíveis. Para
isso, usa-se a técnica do corte, que é a representação onde uma das
partes do objeto é supostamente cortada por um plano de projeção e
posteriormente removida.

Cortar quer dizer dividir, secionar, separar partes de um todo. Corte


é um recurso utilizado na maioria das áreas de estudo que utiliza o
desenho, para facilitar o estudo dos interiores, como medicina, biologia,
geografia, etc.

Na figura abaixo, vê-se a execução do corte, que pode ser resumida


pela sequência:

1- Corta-se o objeto por um plano secante imaginário, mostrando-


se na vista ortográfica a sua trajetória através de uma linha grossa traço-
ponto, acompanhada de duas letras e duas setas, que determinam a
posição do observador;
2- Remove-se a parte do objeto situada entre o observador e o
plano secante;
3- A superfície seccionada, chamada de seção, será hachurada. Ela
é a representação da parte maciça do objeto situada na posição do plano
de corte, ou seja, a interseção do plano de corte com a peça. Os furos não
recebem hachuras, pois são partes ocas que não foram atingidas pelo
plano de corte. As arestas invisíveis, situadas além do plano de corte, não
devem ser representadas.

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Os planos de cortes são geralmente paralelos aos planos de


projeção. Quando o plano de corte é paralelo à vista frontal, ele recebe o
nome de corte longitudinal vertical; quando é paralelo ao plano de
projeção lateral, recebe o nome de corte transversal e quando é paralelo à
vista superior, é chamado de corte longitudinal horizontal.

Na representação de uma peça pode-se fazer tantos cortes quantos


forem necessários para facilitar o entendimento de todos os seus detalhes
internos.

Tipos de corte

Corte total

O corte total atinge a peça em toda a sua extensão onde o plano de


corte atravessa completamente a peça. O corte total é chamado de corte
reto quando o plano secante é constituído de uma única superfície, como
no exemplo abaixo.

Porém o plano secante pode ser constituído de mais de uma


superfície para atingir detalhes internos não alinhados. Quando o plano
secante muda de direção, o corte é chamado de corte em desvio. As
mudanças de direção são interpretadas na vista onde o plano incide
ortogonalmente. As arestas dos desvios não são representadas em corte.

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Observe, no exemplo abaixo, que a linha de corte muda de direção


de acordo com as 3 superfícies dos planos de corte.

Meio corte

É empregado em peças simétricas, onde metade aparece em corte e


a outra metade em vista externa. A linha de corte vai até o meio da peça,
e desvia-se perpendicularmente para fora da peça. O eixo de simetria
separa o lado cortado do não cortado.

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Corte parcial

É o corte feito apenas numa parte da peça para mostrar algum


detalhe interno quando não há necessidade de um corte completo. Este
corte é delimitado por uma linha fina sinuosa, chama de linha de ruptura.

Hachuras padronizadas

Estas são as principais hachuras para materiais metálicos. As


hachuras devem ser desenhadas sempre com linhas finas.

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Cortes na engenharia civil

Até agora, vimos os usos dos cortes na engenharia mecânica. Mas, o


corte também é muito utilizado em outras engenharias como a civil e a
naval. Na engenharia civil e na arquitetura, a planta baixa de uma
edificação é um corte feito por um plano horizontal, paralelo ao plano do
piso, de modo a passar por paredes, portas, janelas, vãos, etc.

Os cortes longitudinais e transversais podem ser contínuos ou


desviados, e têm como finalidade mostrar as alturas de desníveis,
escadas, estrutura, vãos, pisos, telhados e demais informações
importantes para a execução da obra.

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Cortes na engenharia naval

Na construção naval, a representação da forma do casco do navio


por projeções ortográficas é feita por planos de referências, visando uma
futura cotagem de fabricação. Por ser composto por curvas irregulares nos
3 sentidos, o casco do navio precisa ser “fatiado” por planos secantes
imaginários longitudinais, transversais e horizontais.

O plano vertical de referência, que divide o casco do navio


simetricamente no sentido longitudinal, se chama plano diametral. As
interseções do casco por planos verticais paralelos ao diametral dão as
chamadas linhas do alto e o conjunto dessas linhas vem a ser o plano de
linhas de altura.

O plano transversal de referência, que divide o navio meio, é


chamado de plano de meio-navio. As interseções do casco por planos
verticais transversais paralelos ao plano de meio de navio fornecem as
linhas de balizas, cujo conjunto chama-se plano de balizas. Esse plano
mostra em meia vista as balizas de proa à direita e as de popa à esquerda
da linha de centro.

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A representação horizontal superior do navio é feita pelo chamado


plano de linhas d´água. O plano horizontal de referência, neste caso, é o
plano de base moldada que tangencia a parte inferior da superfície
moldada e serve de origem para as tomadas das medidas da altura do
navio. As interseções do casco por planos horizontais são chamadas linhas
d´água (LA). A linha da base moldada é a LA zero. O conjunto das
diversas linhas é denominado plano de linhas d´água.

A cotagem de fabricação é feita através de uma tabela de cotas em


milímetros, obtida do encontro das balizas com as linhas d´água e as do
alto. Abaixo exemplo dos planos de linhas de um casco.

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Exercícios de cortes

Execute com instrumentos, numa folha de papel A4, os cortes


indicados nos objetos abaixo.

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Execute com instrumentos, numa folha de papel A4, os cortes


indicados nos objetos abaixo.

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Execute com instrumentos, numa folha de papel A4, os cortes


indicados nos objetos abaixo. Os gabaritos dos exercícios desta página
encontram-se no final da apostila.

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Execute com instrumentos, numa folha de papel A4, os cortes


indicados nos objetos abaixo. Os gabaritos dos exercícios desta página
encontram-se no final da apostila.

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