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DESENHO TÉCNICO

Unidade 2 - Sistema de representação

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UNIDADE 2

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Entender o
sistema de projeção
ortogonal.
> Conhecer a
representação em
épura.

Todos os direitos reservados.

Prezado(a) aluno(a}, este material de estudo é para seu uso pessoal, sendo

vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, venda,

compartilhamento e distribuição.

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2 SISTEMA DE REPRESENTAÇÃO

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, abordaremos a projeção, que permite representar um objeto
tridimensional em um plano (duas dimensões) e também desenhar um
objeto a partir de suas projeções.
Para tal, conheceremos os conceitos da geometria descritiva, desenvol-
vida pelo matemático Gaspard Monge, para visualizar um objeto, mesmo
com forma complexa e de grandes dimensões, em uma folha de papel
(MONTENEGRO, 2015).

1. Gaspard Monge: estudou em uma escola militar, onde mais tarde


lecionou. Foi um dos mais notáveis cientistas franceses nas áreas
de física, química e matemática. Sua principal obra foi Geometria
Descritiva, com diagramas para resolução de problemas de interesse
da defesa nacional (IEZZI; MURAKAMI, 1995).

Identificaremos, também, os elementos da projeção, os seus diferentes tipos,


como deve ser a sua representação, o que é uma épura e como construí-la.
Ao final desta seção, você saberá construir projeções, determinar a forma e
as dimensões do objeto trabalhado, podendo interpretar as projeções e cons-
truir um objeto a partir de suas vistas.

2.1 APRESENTAÇÃO DA GEOMETRIA DESCRITIVA


A geometria descritiva nos ajuda na construção de vistas, na determinação da
forma, dimensão e posição das representações, bem como na construção de
um objeto a partir de suas projeções, ou seja, auxilia-nos no entendimento de
desenho técnico.

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A geometria descritiva, também conhecida como


geometria mongeana ou método de monge, foi
criada por Gaspard Monge, que apresentou esse
método no século XVIII para solucionar problemas
relacionados à construção de fortificações militares.

A geometria descritiva usa um sistema para representar um objeto tridimensio-


nal no plano bidimensional, chamada de Épura, que permite imaginar objetos
no espaço, além de ler e interpretar desenhos técnicos (MONTENEGRO, 2015).

2.2 ELEMENTOS DO SISTEMA DE PROJEÇÃO


O sistema de projeção é constituído do objeto em si, da projeção, das proje-
tantes e do plano de projeção, como você pode observar na Figura 1.

FIGURA 1 – SISTEMA DE PROJEÇÃO CÔNICO

Projetante
Projeção

Plano de projeção
Objeto
Centro de projeção
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

O objeto no plano se localiza em um ponto à uma distância finita daquele.


Imaginando que raios, oriundos do centro de projeção, incidem sobre o
objeto, a partir deste saem ou passam as projetantes (retas), que ligam o cen-
tro de projeção e interceptam o plano de projeção, fornecendo a imagem ou
projeção do objeto.

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Convenciona-se a utilização de letras latinas


maiúsculas (A, B, C...) para representação de pontos,
e letras do alfabeto grego (α, β, γ...) para planos.

Temos dois distintos sistemas de projeção: o sistema cônico, em que as proje-


tantes partem de um ponto fixo à uma distância finita do plano, chamado de
centro de projeção, onde as linhas projetantes interceptam tangencialmente
o objeto e atravessam o plano, formando um cone ou uma pirâmide com sua
base localizada no plano de projeção; e o sistema cilíndrico ou paralelo, em
que as projetantes partem do infinito e são paralelas entre si.
Na projeção cilíndrica, as projetantes podem interceptar o plano em diferen-
tes ângulos; quando este ângulo é igual a 90°, chamamos de projeção cilín-
drica ortogonal, e quando este é diferente de 90°, chamamos de projeção
cilíndrica oblíqua (SILVA et al., 2006).

Na projeção cônica (Figura 2), as projetantes partem de um ponto


finito, formando raios concêntricos, deixando a projeção com tamanho
diferente do objeto.

FIGURA 2 – PROJEÇÃO CÔNICA

Projetante
Projeção

Plano de projeção
Objeto
Centro de projeção

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

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Na projeção cilíndrica ortogonal (Figura 3), as projetantes partem do


infinito, formando retas perpendiculares com o plano de projeção. A
projeção e o objeto possuem o mesmo tamanho.

FIGURA 3 – PROJEÇÃO CILÍNDRICA ORTOGONAL

Projetante
Projeção

Plano de projeção
Objeto

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Na projeção cilíndrica obliqua (Figura 4), as projetantes partem


do infinito e formam um ângulo diferente de 90° com o plano
de projeção, e as projetantes são paralelas entre si. Nem todas as
dimensões da imagem são iguais às do objeto.

FIGURA 4 - PROJEÇÃO CILÍNDRICA OBLÍQUA

Projeção

Projetante
Plano de projeção

Objeto

Ângulo diferente de 90º

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

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2.3 PROJEÇÕES ORTOGONAIS


Na projeção ortogonal, as projetantes (linhas) são paralelas entre si e formam
um ângulo de 90° com o plano de projeção. Podemos compará-las com a
sombra formada pelo sol quando este incide sobre um objeto ao meio-dia.
Para construção de uma projeção, as retas projetantes passam pelos vértices
do objeto e projetam estes pontos no plano de projeção ao o interceptarem.
A representação de objetos em desenho técnico é feita principalmente com
projeções ortogonais, e para obter-se uma visão global, detalhada e sem equí-
vocos, utilizam-se múltiplas vistas com projeções em planos diferentes.

Podem ser utilizados até três planos de projeção:


os planos de Projeção Vertical (PV), Projeção
Horizontal (PH) e Projeção Lateral (PL). Esses
planos são paralelos entre si e a interseção entre
os PV e PH é chamada de Linha de Terra (LT).

A LT forma quatro diedros limitados pelos


semiplanos verticais inferior e superior e
horizontais anterior e posterior. A numeração dos
diedros é feita no sentido anti-horário, conforme
Figura 5. Na projeção ortogonal, as representações
são comumente feitas no 1° diedro (método
europeu) ou no 3° diedro (método americano)
(MONTENEGRO, 2015).

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FIGURA 5 – INTERSEÇÃO DOS PLANOS VERTICAL E HORIZONTAL E A REPRESENTAÇÃO


DOS DIEDROS

PV
Linha de terra

1º Diedro
2º Diedro 2º Diedro 1º Diedro

PH
3º Diedro
3º Diedro 4º Diedro

4º Diedro

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

A projeção ortogonal em um plano é chamada de vista. Para um objeto, é


possível a projeção de seis vistas, sobre os três planos de projeção. As vistas da
frente ou principal e posterior são a projeção sobre o plano de PV, as vistas de
cima ou planta e inferior são a projeção sobre o plano de PH, e as vistas late-
rais direita e esquerda são a projeção sobre o plano de PL, como mostrado na
Figura 6.

FIGURA 6 – REPRESENTAÇÃO DAS VISTAS E SUAS RESPECTIVAS POSIÇÕES

2 1 5 6

3
Plano 1 - Vista Frontal (Maior importância)
Plano 2 - Vista Lateral Direita
Plano 3 - Vista Superior
Plano 4 - Vista Inferior
Plano 5 - Vista Lateral Esquerda
Plano 6 - Vista Posterior

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

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Projeção de seis vistas: cada vista fica sobre um dos lados da caixa.

O nome de cada vista é dado pela posição do observador em relação ao objeto.


A vista que fornece mais informação deve ser utilizada como vista frontal, e
as demais vistas devem ser feitas a partir desta. Quando não se observar vista
mais importante, usa-se a posição de aplicação ou serviço do objeto.
O número de vistas representadas deve ser apenas as necessárias para definir
completamente o objeto. Se uma vista não trouxer informações adicionais,
ela não deve ser representada. As vistas devem conter o máximo de linhas
visíveis (linhas cheias no desenho), evitando-se as linhas invisíveis (linha com
traço interrompido ou tracejado) que representam contornos do objeto não
visíveis na vista representada (ABRANTES, 2018).

2.4 COMO INTERPRETAR AS PROJEÇÕES


A interpretação de um desenho técnico, a partir de suas projeções, é o pro-
cesso inverso da construção das vistas. Para isso, deve-se conhecer seus com-
ponentes, como os tipos de linhas e suas funções.
Além do mais, devemos saber identificar as vistas projetadas pela posição
que ela está no desenho. A vista frontal (que fica no centro) é a primeiro a ser
identificada. Depois, as demais vistas serão identificadas pelas suas posições
em relação a ela, como exemplificado na Figura 7.

FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO DE TRÊS DAS SEIS VISTAS DE UM OBJETO

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

As projeções de um objeto são apresentadas rebatidas sobre um mesmo


plano. Após a identificação de quais vistas estão representadas, você deve
imaginar as projeções em perspectiva. Podemos imaginar, em uma folha

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plana, o molde para montagem de um cubo, para ser transformado em uma


figura tridimensional.
Para traçar a projeção em perspectiva, ou seja, desenhar o objeto a partir de
suas vistas, após a identificação da vista frontal e das demais, você deve esco-
lher um ponto que represente um vértice frontal, em que há o encontro de
três eixos.
Faça um ponto onde se iniciará o seu objeto e, a partir dele, desenhe um eixo
vertical e mais dois ângulos que formem 30° com uma reta horizontal. Você
terá, então, três eixos isométricos que formam ângulos de 120° entre si.
Partindo do ponto central do vértice, você irá traçar retas ao longo dos eixos
isométricos correspondentes à altura, à largura e à profundidade do objeto,
obtidas da cotagem das vistas (objeto de estudo da próxima unidade). Depois,
vá desenhando semirretas até construir um prisma auxiliar, que corresponde
as dimensões do objeto.
Em seguida, basta acrescentar detalhes internos (furos, rebaixos, chanfros e
outros) com base nas projeções. Posteriormente, apague as linhas de cons-
trução relacionadas ao prisma auxiliar e reforce o contorno do traçado. As
linhas invisíveis são sempre omitidas, exceto quando forem necessárias para
a descrição do objeto (CRUZ; MORIOKA, 2014).

Passo 1: desenho das vistas disponíveis no paralelepípedo, seguindo as


posições das mesmas no desenho (vide Figura 9).

FIGURA 9 – PARALELEPÍPEDO REGULAR COM AS VISTAS DESENHADAS

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

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Passo 2: ajustes no desenho, de acordo com suas vistas, dando forma


ao objeto, fazendo com que o paralelepípedo se adeque a forma do
objeto (vide Figura 10).

FIGURA 10 – ADEQUAÇÕES NO PARALELEPÍPEDO PARA DAR A FORMA DO OBJETO

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Passo 3: retirar as linhas que representam os contornos invisíveis e


fazer os ajustes finais do desenho.

FIGURA 11– DESENHO DO OBJETO FINALIZADO

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

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2.5 REPRESENTAÇÃO EM ÉPURA

A épura é a representação de um objeto


tridimensional no plano e para tal são utilizados os
PH e PV, perpendiculares entre si e interceptados
pela LT (MONTENEGRO, 2015).

Após a projeção das vistas, para obter a épura, devemos girar o PH em torno
da LT no sentido horário, de forma que ele coincida com o PV. Assim, os dois
planos de projeção são representados rebatidos em um mesmo plano, deta-
lhes na Figura 12.

FIGURA 12 – FORMA QUE O PLANO HORIZONTAL GIRA SOBRE O PLANO VERTICAL

PV PV

PH
PH

PV

PH

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

A épura, portanto, torna possível a resolução de problemas geométricos e a


reprodução da forma e dimensões do objeto. Verifique na Figura 13 que um
ponto no espaço entre os planos pode ser determinado a partir de três coor-
denadas: abscissa, afastamento e cota.

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FIGURA 13 – COORDENADAS DA ÉPURA

II
Afastamento

P2
P
Cota
I,P P1
0 Abscissa

III
IV

Fonte: Adaptada de Geraldine (2019).

Abscissa: coordenada em relação ao eixo x ou LT, sendo a distância


do ponto até a linha de referência.

Afastamento: coordenada em relação ao eixo y, sendo a distância do


ponto até o PV.

Cota: coordenada em relação ao eixo z, sendo a distância do ponto


até o PH.

Dessa forma, a representação é possível com grande facilidade e de forma


que o observador consiga identificar todos os detalhas do objeto claramente.

Clique no link para ver a animação da projeção de


um ponto no diedro: http://www.uel.br/cce/mat/
geometrica/php/gd_t/gd_4t.php

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2.6 COMO FAZER UMA REPRESENTAÇÃO EM


ÉPURA
Para representarmos um objeto em épura, primeiro devemos conhecer as
notações usadas na geometria descritiva.

Os pontos são representados por letras latinas


maiúsculas entre parênteses [por exemplo, (A)]; as
cotas destes pontos, por letra latina correspondente
ao ponto que lhe deu origem (por exemplo, A); já o
afastamento, pela letra latina que lhe deu origem
com uma linha sobrescrita (por exemplo, A’).

A épura representa as projeções do objeto nos PV e PH, considerando que a


LT é a base de referência. A épura é representada por uma linha contínua e,
logo abaixo dela, são colocados pequenos traços nas suas extremidades para
indicar o lado negativo do PV, como representado na Figura 14.

FIGURA 14 – COORDENADAS DA ÉPURA

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Para facilitar o entendimento, vamos construir os dois planos se intercep-


tando, como indicado na Figura 15. Juntamente com a imagem de um objeto
qualquer, no caso do exemplo, vamos usar um paralelepípedo regular.

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FIGURA 15 – (A) PV E PH SE INTERCEPTANDO (B) OBJETO USADO NO EXEMPLO

(a) (b)

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Primeiro, vamos posicionar o objeto dentro da região dos planos e definir um


ponto de referência na LT. Também vamos nomear os vértices do paralelepí-
pedo da forma descrita anterior para definir os pontos que serão projetados
nos planos; veja na Figura 16.

FIGURA 16 – VÉRTICES DO OBJETO NOMEADOS

(B)

(A) (C)

(D)

(E) (G)

(H)

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Agora, vamos fazer as projeções dos vértices do paralelepípedo nos planos


de acordo com a sua posição dentro dos planos, lembrando que nos planos
vamos representar as projeções dos pontos marcados na Figura 16, apresen-
tadas na Figura 17 a seguir.

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FIGURA 17 – VÉRTICES DO OBJETO NOMEADOS

B’ (A)

A’ (A)
F (G)

E (E)
(H)

F G

E H

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Passo 1: o objeto é retirado e somente os planos e as projeções são


representadas (Figura 18).

FIGURA 18 – REPRESENTAÇÃO DOS PLANOS E DAS PROJEÇÃO SEM O OBJETO

B’

A’
F’

E’

F G

E H

Girar no sentido horário

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

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Passo 2: o PH é girado (Figura 19).

FIGURA 19 – VÉRTICES DO OBJETO NOMEADOS

B’

A’
F’

E’

G
E

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Passo 3: as projeções do objeto e os planos são representados no plano


do papel (Figura 20).

FIGURA 20 – GIRO COMPLETO DO PH

B’

A’
F’

E’

F
H

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

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A épura é obtida pelo giro do PH no sentido horário. A representação do objeto


está na Figura 21.

FIGURA 21 – VÉRTICES DO OBJETO NOMEADOS

A’ B’

E’ F’

F G

E H

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

CONCLUSÃO
Esta unidade apresentou a geometria mongeana e os sistemas de represen-
tação de um objeto tridimensional no plano, como a projeção ortogonal, a
épura e a interpretação destes.
Você pode observar que, utilizando as ferramentas da geometria descritiva, é
possível a construção de projeções de um objeto no plano, chamadas vistas,
as quais representam a forma e dimensões do objeto tridimensional.
Aqui aprendemos também a descrever o processo inverso, ou seja, como
obter a perspectiva de um objeto a partir de suas vistas.

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