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Sistemas de Projeção

Para começar
Em desenhos técnicos, é necessário representar objetos tridimensionais (3D) em um plano bidi-
mensional (2D) através das projeções das diversas vistas do objeto.
Para isso, este capítulo tem por objetivo definir os conceitos básicos e a classificação sobre siste-
mas de projeções geométricas planas.
As informações apresentadas são a base necessária para entender de forma gradual os demais con-
ceitos que serão apresentados nos próximos capítulos, bem como suas definições e metodologias.
Assim, a partir do conhecimento de projeções, partiremos para a geração das diversas vistas que
representarão um objeto tridimensional num plano, como dito anteriormente.
1.1 Conceito de projeção
Projeção é a representação sobre um plano dos objetos do espaço; em outras palavras, é como um
objeto é representado graficamente em um plano.
A projeção é algo que podemos ver normalmente na natureza, ou, até mesmo, pode ser repro-
duzido artificialmente no nosso dia a dia.
Veja alguns exemplos:
» a sombra de pessoas projetadas pelo sol no chão;
» a sombra de um avião projetado pelo sol no mar
» um objeto sendo iluminado por uma lanterna;
» a sombra de uma pessoa iluminada por uma vela.

Figura 1.1 − Sombra de pessoas projetada no chão.


Nos exemplos dados, o sol, a lanterna e a vela são o que chamamos de centros projetivos ou
centro de projeções. Os raios solares e os raios luminosos da lanterna e da vela são o que chamamos
de raios projetantes. Os contornos das sombras são as figuras ou pontos projetados. O chão, a
parede e o mar, onde estão as sombras, são os planos de projeção.

Amplie seus conhecimentos

A representação de figuras em um plano foi definida por Gaspard Monge (1746-1818), desenhista
francês e um dos fundadores da Escola Politécnica Francesa.

A escolha da representação a ser realizada depende de uma série de fatores, como a finalidade da
representação, os efeitos visuais desejados e a forma do objeto. Cada tipo de projeção oferece um
efeito visual diferente. Veja nas seções a seguir as aplicações e como são classificadas as projeções
geométricas planas.
1.2 Aplicação das projeções
Esta seção descreve brevemente os diferentes tipos de projeções de acordo com suas vantagens e
desvantagens em suas várias aplicações. Os desenhos são utilizados por arquitetos para apresentar a
aparência proposta das construções, por engenheiros para descrever estruturas e as peças das
máquinas, por designers para apresentar produtos, e por artistas para ilustrar objetos em catálogos e
propagandas. Há diferentes projeções para diferentes estilos visuais desejados.
Existem métodos para gerar os vários tipos de projeções, e esses métodos de projeção determinam
as características dos resultados das representações em duas dimensões.
A escolha da projeção que representará um objeto tridimensional em um desenho plano é deter-
minada pelo propósito da representação. E o propósito geralmente fica entre o conflitante objetivo
de ilustrar a aparência geral de um objeto, ou seja, como ele aparenta aos olhos em uma
determinada posição, e indicar claramente a forma e as dimensões do objeto. Outra consideração
tradicional na escolha da projeção é a facilidade que o desenhista tem em desenhar. Hoje, porém,
existem programas que geram essas projeções, e, nesse caso, essa consideração deixa de ser uma
preocupação.
Quando temos as projeções de um objeto, essas projeções precisam ser interpretadas. A inter-
pretação das projeções depende do treinamento do observador, do tipo e da quantidade de informa-
ções que se tem do objeto representado e do quão complexo ele é.
Por exemplo, uma projeção ortográfica, que será vista ao longo deste livro, mostra o formato exato
de uma das faces de um objeto e é fácil de desenhar. Porém, geralmente precisa-se de mais de uma
vista para representar o objeto como um todo, e isso exige experiência do observador para visualizar
um formato tridimensional a partir das vistas.
Outro tipo de projeção é a perspectiva, que fornece uma representação mais realista do objeto, e o
observador pode facilmente visualizar o seu formato tridimensional. Porém, uma projeção em
perspectiva é um desenho de construção mais complexa, e as diferentes partes do objeto são repre-
sentadas em diferentes escalas. As projeções axonométricas e oblíquas combinam as vantagens da
perspectiva à vantagem de ilustrar as principais medidas em escala.
1.3 Classificação da projeções geométricas planas
Antes de entender como são classificadas as projeções geométricas planas, serão necessárias as
definições de alguns termos que serão constantemente utilizados:
Definições:
» Centro de projeção: é o ponto fixo do qual partem todas as linhas de projeção, chamadas de
raios projetantes.

» Raio projetante: é a reta que parte do centro de projeção e passa por um ponto do objeto que
será representado. A sua interseção com o plano de projeção dá a imagem daquele ponto do objeto.
» Plano de projeção: plano sobre o qual o objeto é projetado para ser obtida a representação do
objeto.
As projeções geométricas planas são classificadas de acordo com a posição ocupada pelo centro de
projeção.
O centro de projeção pode estar em uma distância finita ou infinita, determinando as seguintes
classificações:
» Projeção cônica ou central: distância do centro de projeção finita;
» Projeção cilíndrica ou paralela: distância do centro de projeção infinita.
1.3.1 Projeção cônica ou central
Diz-se que a projeção é cônica ou central quando o centro de projeção é um ponto que está a uma
distância finita e todas as projetantes convergem nele.
A Figura 1.5 a seguir apresenta a projeção da figura F a partir do centro de projeção O no plano de
projeção alfa.
Faça a seguinte associação: imagine que o ponto O é uma lanterna, que F é um objeto, a luz da
lanterna são os raios projetantes, o plano α é o chão e F’ é a sombra do objeto F; nesse caso, a lan-
terna está num ponto fixo, numa posição finita.
Neste exemplo, temos os seguintes elementos:
O = centro de projeção
alfa = plano de projeção
F = triângulo A, B, C a ser projetado
A, B, C = pontos objetivos, pontos do objeto a ser representado no plano alfa.
A’, B’, C’ = pontos projetados no plano alfa.
F’ = triângulo F que foi projetado no plano alfa.
As linhas são os raios projetantes.
1.3.2 Projeção cilíndrica ou paralela
Diz-se que a projeção é cilíndrica ou paralela quando o centro de projeção é um ponto que está a
uma distância infinita e todas as projetantes são paralelas. Essa projeção pode ser ortogonal ou
oblíqua.
Agora faça a seguinte associação: imagine que o objeto é agora iluminado por uma fonte de luz que
está no espaço, estando infinitamente distante da Terra. Essa distância é tão grande que seus raios
luminosos podem ser considerados paralelos. Podemos dizer, nesse caso, que o centro de projeção
está a uma distância infinita do objeto.
1.3.2.1 Projeção ortogonal
A projeção é ortogonal quando a direção dos raios projetantes é perpendicular ao plano de projeção,
ou seja, os raios projetantes fazem um ângulo de 90o com o plano de projeção.
1.3.2.2 Projeção oblíqua
A projeção é oblíqua quando a direção dos raios projetantes é oblíqua ao plano de projeção, ou seja,
os raios projetantes fazem ângulos diferentes de 90o com o plano de projeção.

Veja a seguir um exemplo de projeção cônica e um exemplo de projeção ortogonal.


O diagrama a seguir apresenta as demais classificações das projeções derivadas das projeções
cônicas e cilíndricas. Essas subdivisões serão vistas detalhadamente nos próximos capítulos deste
livro.

Vamos Recapitular
São descritas no capítulo as características gerais da projeção geométrica plana para que o leitor
possa assimilar de forma simples os conceitos de criação de vistas ortogonais, isométricas e cortes a
serem aplicados em seus desenhos técnicos e que serão vistos nos próximos capítulos deste livro.
Agora é com você!

1) Com base no conhecimento sobre projeção cônica ou central, defina no seu caderno quando uma
projeção é dita cônica ou central.
2) Com base no conhecimento sobre projeções geométricas planas, complete o diagrama seguinte
no seu caderno, com os tipos de projeção cilíndrica ou paralela

3) No seu caderno, complete o diagrama com os tipos de projeção cônica ou centra


4) Faça em seu caderno a projeção cônica do objeto da figura a seguir:

5) Faça em seu caderno a projeção ortogonal do objeto da próxima figura


6) Faça em seu caderno a projeção oblíqua, em um ângulo qualquer diferente de 90o, do objeto da
figura a seguir:

Projeções Ortogonais Múltiplas

Para começar
Este capítulo tem por objetivo definir os conceitos básicos pertinentes às projeções ortogonais
múltiplas de acordo com a NBR 10067. Detalha como as vistas são denominadas, o conceito de
diedro, o uso de vistas auxiliares e diversas regras de representação, usando uma linguagem
bastante simples, didática, além de estar ricamente ilustrado.
Ao final o leitor terá a base necessária para criar projeções ortogonais múltiplas e representar em
duas dimensões um objeto tridimensional.
2.1 Vistas ortogonais comuns
As vistas ortogonais comuns estão dentro da classificação de projeções cilíndricas ou paralelas na
subdivisão de vistas ortográficas.
No exemplo a seguir, as vistas representam o objeto traçado abaixo, no plano, sob o ponto de vista
de um observador olhando a peça de frente e pela lateral esquerda.
Figura 2.3 − Observador olhando a lateral esquerda.
Nesse tipo de projeção, as vistas são dispostas em relação umas às outras em uma forma pre-
determinada. O conceito dessa projeção é cercar o objeto com seis planos de projeção que formam
uma caixa retangular em torno do objeto, como mostrado na Figura 2.4. As seis projeções ortográfi-
cas são então “desdobradas” e dispostas como ilustrado na Figura 2.5.
O desenho deve ser representado pela cor preta, mas, se outras cores precisarem ser utilizadas para
facilitar o entendimento, o seu significado deve ser explicado na legenda.
Figura 2.4 − Vistas projetadas no cubo em torno do objeto.
2.1.1 Denominação das vistas
As vistas representadas em desenhos técnicos possuem nomes específicos. Veja a seguir os nomes
das vistas indicadas na Figura 2.6:
» A: vista frontal;
» B: vista superior;
» C: vista lateral esquerda;
» D: vista lateral direita;
» E: vista inferior;
» F: vista posterior. A vista frontal deve ser a vista mais representativa.
2.1.2 Diedro
Figura 2.6 − Denominação das vistas.
O arranjo das seis vistas pode ser realizado por diferentes métodos. Os arranjos mais utilizados são
os definidos pelos métodos de projeção do 1.o diedro e pelo 3.o diedro.
No Brasil, a projeção mais utilizada é o método do 1.o diedro.
2.1.2.1 Metodo de Projeção ortográfica no 1º diedro
Como dito anteriormente, esse é o método de projeção mais utilizado no Brasil. Esse é o método
europeu. O símbolo desse método é representado pela Figura 2.7.
Projeção no 1º diedro
O arranjo das vistas é feito em torno da vista principal do objeto. As vistas são organizadas como se
segue:
» A: vista frontal, que deve ser a mais representativa, por ser a vista de referência;
» B: vista superior, que deve ser posicionada abaixo da vista frontal;
» C: vista lateral esquerda, que deve ser posicionada à direita da vista frontal;
» D: vista lateral direita, que deve ser posicionada à esquerda da vista frontal;
» E: vista inferior, que deve ser posicionada acima da vista frontal;
» F: vista posterior, que deve ser posicionada à direita da vista C ou à esquerda da vista D.
Escolha a posição mais conveniente.
2.1.2.2 Método de projeção ortográfica no 3º diedro
Esse é o método americano. O símbolo desse método é representado pela Figura 2.9
Amplie seus conhecimentos
As proporções e dimensões dos símbolos do 1.o e 3.o diedros são normalizadas pela ABNT. Para
saber mais, consulte a norma ABNT – NBR 10067

Projeção no 3º diedro
O arranjo das vistas é feito em torno da vista principal do objeto. As vistas são organizadas
como se segue:
» A: vista frontal, que deve ser a mais representativa, por ser a vista de referência;
» B: vista superior, que deve ser posicionada acima da vista frontal;
» C: vista lateral esquerda, que deve ser posicionada à esquerda da vista frontal;
» D: vista lateral direita, que deve ser posicionada à direita da vista frontal;
» E: vista inferior, que deve ser posicionada abaixo da vista frontal;
» F: vista posterior, que deve ser posicionada à esquerda da vista C ou à direita da vista D.
Escolha a posição mais conveniente.

Fique de olho
A disposição das vistas é diferente entre as projeções do 1.o e 3.o diedros, por isso é importante
indicar na folha de desenho qual foi a projeção escolhida.

2.1.3 Regras básicas de representação


Como já foi dito, a vista frontal, ou principal, deve ser a vista mais representativa; geralmente ela é
representada na sua posição de utilização.
Devem ser utilizadas quantas vistas forem necessárias, mas buscando o menor número de vistas
possível. Geralmente três vistas são suficientes (frontal, lateral esquerda e superior). Muitas vezes
apenas a vista frontal já é suficiente; em outras, são necessárias vistas auxiliares e em corte (vistas
em corte − Capítulo 3).
Para o entendimento de como realizar as projeções ortográficas, vamos considerar um objeto
simples, um paralelepípedo.

Os contornos visíveis devem ser representados como linha contínua, e os contornos não visíveis ao
observador (linhas escondidas) devem ser representados como linha tracejada. No caso de linhas de
centro de furos e eixos, utilizar linhas “traço e ponto”.
Os tipos de linhas, sua denominação e uso estão descritos na seção a seguir:
2.1.3.1 Aplicação de linhas em desenhos
A NBR 8403 − Aplicação de linhas em desenhos − Tipos de linhas − Larguras das linhas, nor-
matiza a aplicação das linhas em desenhos técnicos.
Tabela 2.1 − Tipos de linhas, denominação e uso
Caso existam duas alternativas possíveis de uso de linhas em um mesmo desenho, deve-se aplicar
somente uma opção.
Veja a seguir exemplos das linhas aplicadas aos desenhos.
Amplie seus conhecimentos
Em desenhos técnicos existem outros tipos de linhas que são utilizadas para outras aplicações. Para
saber mais, consulte a Norma ABNT NBR 8403
Acompanhe, a seguir, a vista frontal, representada no campo VF, a lateral esquerda, no campo
VE, e a superior, na VS.
Olhando a peça de frente, o observador enxergará somente um retângulo, conforme a vista VF.
Olhado por cima, verá um retângulo como o da vista VS, e olhando a lateral esquerda, vai enxergar
a vista VE.
Agora realizaremos as projeções ortográficas de um paralelepípedo contendo um rasgo. Aqui a linha
tracejada representa o perfil escondido do rasgo na lateral esquerda.
Olhando essa peça de frente, o observador vê o perfil mostrado na vista VF; olhando por cima,
enxerga a vista VS composta pelo retângulo e os perfis visíveis do rasgo; e olhando a lateral
esquerda da peça, o observador enxerga apenas um retângulo. Porém a peça possui um rasgo, e se
ela fosse transparente o observador enxergaria, além do retângulo, a linha inferior do rasgo. Dessa
forma, a representação dessa linha, por não ser visível, deve ser representada por uma linha
tracejada.
Realizaremos agora as projeções ortográficas de um paralelepípedo contendo um rasgo superior e
um inferior.
Olhando essa peça de frente, o observador vê o perfil mostrado na vista VF. Olhando por cima,
enxerga a vista VS composta pelo retângulo e os perfis visíveis do rasgo superior; se ela fosse
transparente, enxergaria os perfis do rasgo inferior. Olhando a lateral esquerda da peça, o
observador enxerga apenas um retângulo. Como a peça possui um rasgo superior e um inferior, se
ela fosse transparente o observador enxergaria, além do retângulo, a linha inferior do rasgo
cilíndrico e a linha superior do rasgo retangular. Dessa forma, essas linhas, por não serem visíveis,
devem ser tracejadas.
As linhas que conectam as vistas são linhas auxiliares para a construção das projeções. Caso se
esteja trabalhando com folhas quadriculadas, cada quadrado é uma unidade de medida da peça,
sendo possível a utilização dessas unidades para construção das vistas desejadas.

Exemplo
Dadas as duas vistas a seguir, representar a lateral esquerda:
Considere que cada “quadrado” da malha quadriculada é uma unidade de medida qualquer
chamada de “u”.
Sabe-se, com base na folha quadriculada, que a vista frontal possui 3u de altura e 5u de largura, e a
vista superior possui 6u de comprimento.
Fique de olho
Existem no mercado softwares que trabalham com modelagem em 3D. Neles o desenhista/projetista
faz o projeto em 3D e a partir desse modelo podem ser geradas automaticamente todas as projeções
ortogonais e as perspectivas.
2.1.4 Vistas auxiliares
As vistas auxiliares são utilizadas para representar peças com faces inclinadas. Se representadas nas
vistas ortográficas, essas peças ficariam deformadas e não representadas em suas verdadeiras
grandezas. Veja na Figura 2.30.

Em uma projeção ortogonal, a vista lateral esquerda ficaria deformada e com linhas sobrepostas.

Figura 2.31 − Vista lateral esquerda deformada e com as linhas sobrepostas.


As vistas auxiliares são projeções parciais e utilizam planos auxiliares. Na figura a seguir, a vista
foi projetada com base no plano A indicado.
2.1.5 Representação de detalhes repetidos
Em peças que possuem detalhes repetidos, no desenho técnico, não é necessário representar todos
os detalhes. O desenho pode ser simplificado.

Por exemplo, veja a peça da Figura 2.33, que possui diversos furos.

A representação simplificada pode ser como a da Figura 2.34.


Veja um exemplo de uma peça circular na Figura 2.35.
A representação simplificada pode ser como a da Figura 2.36.

2.1.6 Vistas de peças simétricas


As peças simétricas podem ter sua representação simplificada, sendo considerada apenas uma parte.
Para isso, deve-se utilizar uma linha de simetria composta de dois traços curtos, paralelos entre si e
perpendiculares à extremidade da linha de simetria.
a) As peças simétricas podem ser representadas pela metade, quando a linha de simetria dividir a
vista em duas partes iguais; veja o exemplo da Figura 2.37.
b) As peças simétricas podem ser representadas pela quarta parte, quando as linhas de sime-
trias dividirem a vista em quatro partes iguais; ver Figura 2.38.
2.2 Escolha das vistas
Nesta seção vamos aprender a escolher a vista frontal, determinar o número de vistas e selecionar
outros tipos de vistas.
2.2.1 Escolha da vista frontal
Como dito diversas vezes ao longo deste capítulo, deve-se escolher como vista frontal a vista mais
representativa ou importante de um objeto.
Geralmente a vista frontal representa o objeto na sua posição de uso, de fabricação ou de mon-
tagem, dependendo da situação.
Para escolher a vista frontal, você pode ter em mente os seguintes critérios:
• vista que mais representa o objeto;
• vista com maior nível de detalhes;
• posição de utilização, de fabricação ou de montagem.
2.2.2 Determinação do número de vistas
Como visto na Seção 2.1, o sistema de projeções gera seis vistas de um objeto, porém, na prática,
vemos que não se utilizam todas as vistas. Geralmente utilizam-se três, que são a vista frontal, a
vista lateral esquerda e a vista superior.
Isso se deve ao fato de que as vistas se assemelham aos pares. Note na Figura 2.39, na qual as
projeções foram feitas no 1.o diedro, que a vista superior B é semelhante à vista inferior E, a vista
lateral direita C é semelhante à lateral esquerda D, e a vista frontal A é semelhante à vista posterior
F. Portanto, pode-se reduzir o número de vistas, desde que sejam suficientes para representar todos
os detalhes e dimensões necessárias para a construção do objeto.
Sempre prefira utilizar vistas, cortes ou seções a empregar grande quantidade de linhas tracejadas
em uma única vista.
2.2.3 Escolha de outras vistas
Quando se torna necessário o uso de outras vistas, como cortes e seções, você deve selecioná-las
segundo os seguintes critérios:
» utilize o menor número de vistas possível;
» evite repetição de detalhes;
» evite linhas tracejadas desnecessárias.
2.3 Roteiro para a execução de desenhos em múltiplas vistas
Para a criação das múltiplas vistas, siga o roteiro a seguir:
» Escolher a vista mais importante como vista principal.
» Selecionar a quantidade de vistas necessárias e suficientes para a completa caracterização do
objeto e que gere o menor número possível de linhas tracejadas.
Estudar o uso de cortes e / ou seções.
» Determinar a posição das vistas na folha do desenho mantendo a mesma distância entre elas.
» Traçar com traço leve as construções geométricas que auxiliam no desenvolvimento das
projeções, pois elas serão apagadas ao final do desenho.
» Traçar com traço leve linhas auxiliares, pois elas serão apagadas ao final do desenho.
» Desenhar primeiramente as linhas de eixo e/ou simetria.
» Desenhar circunferências e arcos.
» Desenhar linhas retas.
» Apagar cuidadosamente as linhas auxiliares e de construções.
» Acentuar o traço dos contornos das vistas.
» Inserir as dimensões do objeto.
Acompanhe o roteiro na prática. Nele serão criadas três vistas no 1.o diedro: a vista frontal, a vista
superior e a vista lateral esquerda:
Primeiro define-se qual será a vista frontal; neste exemplo a vista frontal será a vista indicada
na Figura 2.41:

A vista foi escolhida com base na sua posição de utilização. Determinar a posição das vistas na
folha do desenho mantendo a mesma distância entre elas:
Iniciar o traçado da vista frontal, traçar a linha horizontal correspondente à largura:
Traçar a linha vertical correspondente à altura da peça.
Finalizar o contorno visível da vista:
Finalizar o contorno não visível da vista correspondente ao furo:

Escolher a outra vista a ser desenhada; nesse caso, passaremos para a vista superior.
Traçar levemente as linhas auxiliares para construção da vista superior e a linha de simetria:
Finalizar o contorno da peça na vista superior:
Finalizar a vista, inclusive o contorno do furo.
Reforce os contornos visíveis.
Agora, será criada a vista lateral esquerda. Note que os contornos das linhas não visíveis deverão
aparecer na vista:
Traçar as linhas auxiliares a partir da vista frontal para definir a altura da peça:
Traçar as linhas auxiliares, a partir da vista superior:

Utilizando um compasso, transportar as medidas da profundidade da vista superior para a vista


lateral esquerda:
Traçar as linhas verticais.
Repetir o mesmo processo para o furo. Trace linhas horizontais a partir do furo:
Utilizando um compasso, transportar as medidas do diâmetro do furo da vista superior para a vista
lateral esquerda:
Traçar as linhas verticais para representar o contorno não visível do furo; posteriormente,
essas linhas deverão ser tracejadas:

Apagar as linhas auxiliares:


Reforçar as linhas visíveis e as dos contornos não visíveis; finalizar as linhas de centro:

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