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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

Engenharia de Produção Civil Geometria Descritiva


o
1 Semestre de 2012 Maxiliano Perdigão dos Santos

UNIDADE - I

1. Histórico

A Geometria Descritiva, desenvolvida no século XVIII pelo matemático francês Gaspard Monge
(1746-1818), é a ferramenta básica para o domínio do espaço tridimensional. O desenho técnico
tal como nós o entendemos hoje, foi desenvolvido graças ao método desenvolvido por Monge.
Ele permite representar, com precisão, os objetos que têm três dimensões (comprimento, largura
e altura) em superfícies planas, como, por exemplo, uma folha de papel, que tem apenas duas
dimensões (comprimento e largura). Esse método, que passou a ser conhecido como método
mongeano, é usado na geometria descritiva. E os princípios da geometria descritiva constituem a
base do desenho técnico.

Desenho Projetivo fundamentado na Geometria Descritiva

2. Sistemas de Projeção

Diz-se que uma figura do espaço se projeta de um ponto O sobre um plano π, que não contém o
ponto O, quando se determina sobre o plano π, as interseções dos vários raios projetantes,
determinados pelo centro de projeção O e pelos pontos da figura.

Projeção Cônica

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Todo sistema de projeção tem os seguintes elementos: centro de projeção, objeto, plano de
projeção. As retas que partem do centro de projeção e passam pelos pontos a serem projetados e
interceptam o plano de projeção são chamadas de projetantes. De acordo com a posição ocupada
pelo centro de projeção (finita ou no infinito), os sistemas de projeção se classificam em: sistema
de projeção cônico ou sistema de projeção cilíndrico.

2.1. Convenções Adotadas

Objetivando identificar com clareza os elementos que formam as figuras, serão adotadas as
seguintes convenções para representá-las:
Ponto: letra latina maiúscula ou algarismo arábico;
Reta e Linha: letra latina minúscula;
Plano e Superfície: letra grega minúscula.
Os elementos objetivos terão sua representação característica envolvida por parênteses.
Exemplos:
(P): ponto objetivo
(r): reta objetiva
(α): plano objetivo
(AB): segmento retilíneo que liga os pontos (A) e (B) ou reta que passa pelos pontos (A) e (B)
r: projeção da reta (r) num plano (π)
AB: projeção do segmento (AB) num plano (π) ou projeção da reta que passa pelos pontos (A) e
(B) no plano (π)

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2.2. Sistema de Projeção Reta-Plano

A Projetante é uma reta e a Superfície de Projeção é um Plano.

2.3. Sistema de Projeções Cônicas

Esta denominação se dá por estar o Centro de Projeções (também denominado de Pólo de


Projeções), de onde se originam as projetantes, a uma distância finita do Plano de Projeções.

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2.4. Sistema de Projeções Cilíndricas Oblíquas

O Centro de Projeções está a uma distância infinita do Plano de Projeções. Isto faz com que as
projetantes tenham uma única direção (d), a qual, neste caso específico, é oblíqua ao Plano (α). O
ângulo de incidência das projetantes, neste caso será qualquer um, diferente de 0o , 90 o e 180 o.

2.5. Sistema de Projeções Cilíndricas Ortogonais

O Centro de Projeções está a uma distância infinita do Plano de Projeções. Isto faz com que as
projetantes tenham uma única direção (d), a qual, neste caso específico, é ortogonal ao Plano (α).
Dessa forma, o ângulo de incidência das projetantes será, neste caso de 90. O Sistema de
Projeções Cilíndricas Ortogonais é mais comumente conhecido com Sistema de Projeções
Ortogonais, ou simplesmente Projeções Ortogonais. Este Sistema será utilizado pela Geometria
Descritiva, ou Sistema Mongeano de Projeções. Sua utilização também se faz presente no
Desenho Técnico (Desenho Mecânico, Desenho Topográfico e Desenho Arquitetônico).

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3. Sistema Mongeano de Projeções

O Sistema Mongeano de Projeções é composto por dois planos ortogonais entre si. Estes planos
são denominados de Plano Horizontal de Projeções e Plano Vertical de Projeções. Estes dois
planos dividem o espaço em quatro regiões denominadas diedros. Cada diedro é delimitado por
um par de semiplanos, conforme mostra o quadro a seguir:

1o Diedro HA - Plano Horizontal Anterior VS - Plano Vertical Superior


2 o Diedro HP - Plano Horizontal Posterior VS - Plano Vertical Superior
3 o Diedro HP - Plano Horizontal Posterior VI - Plano Vertical Inferior
4 o Diedro HA - Plano Horizontal Anterior VI - Plano Vertical Inferior

3.1. Elementos Geométricos fundamentais

São considerados elementos geométricos fundamentais: o ponto, a reta e o plano. O ponto - o


mais simples dos elementos - como se pode intuir, não tem forma e nem dimensão. Entretanto,
qualquer forma geométrica pode ser obtida a partir do ponto. A linha, por exemplo, pode ser
definida como uma sucessão contínua de pontos. Se a distância entre dois pontos não sucessivos
quaisquer dessa linha for a menor possível, então essa linha é uma reta. A forma da reta leva a
outra ideia puramente intuitiva que é a noção de direção. Dois pontos distintos - não
coincidentes, portanto - determinam a direção da reta a qual pertencem. Por outro lado, a
extensão de uma reta é ilimitada e o trecho situado entre dois pontos que podem determiná-la é
um segmento dessa reta. Um cordão flexível esticado entre as mãos dá uma idéia perfeita do que
seja um segmento de reta (ou segmento retilíneo) e da direção da reta a qual este segmento
pertence. Três ou mais pontos são ditos colineares quando pertencem a uma mesma reta. Três

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pontos não colineares determinam um plano (ou uma superfície plana). De fato, se imaginarmos
três pontos distintos, não colineares sobre o tampo de uma mesa, podemos admitir que existem
três retas determinadas pelos três pontos, tomados dois a dois. Fazemos então deslizar sobre
essas "retas" uma régua lisa, sem empenos, que, de certa maneira, pode ser aceita como a
materialização de um segmento retilíneo. Verificamos que, durante o movimento, a régua não se
afasta da mesa. Esse fato nos transmite a sensação de que o tampo da mesa é, de fato, plano. Por
está simples observação podemos comprovar que um plano pode conter uma quantidade infinita
de retas e que cada par de retas desse plano é suficiente para determiná-lo. Duas ou mais retas
são ditas coplanares quando pertencem a um mesmo plano.

4. Representação do Ponto

A colocação de um ponto no Sistema Mongeano fará com que este se refira aos dois planos de
projeções. Estas referências serão as distâncias deste ponto ao Plano Vertical, denominada de
Afastamento e ao Plano Horizontal, denominada de Cota, as quais constituem-se em coordenadas
de um ponto.

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Por tratar-se de um sistema tridimensional, serão necessárias três coordenadas para que um
ponto seja individualizado. Desta maneira,a distância do ponto objetivo a um plano lateral de
projeções, ortogonal aos dois planos de projeções, definirá a terceira coordenada descritiva,
denominada de Abscissa.
Ponto (A), colocado no 1 Diedro. Observe-se que a projeção vertical localiza-se sobre o (π's) e a
projeção horizontal sobre o (πa), já que o ponto possui, respectivamente afastamento e cota
positivos.

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A transposição do sistema tridimensional para um sistema bidimensional, é denominada Épura.


Trata-se do rebatimento do plano horizontal (π), sobre o plano vertical (π ’), através de um giro de
90o , em torno da Linha de Terra , de forma que sejam fechados os segundo e quarto diedros.

Após este rebatimento, o semi-plano horizontal posterior (πp) coincidirá com o semiplano vertical
superior (π’s), acima da linha de terra, assim como o semiplano horizontal anterior (πa), coincidirá
com o semiplano vertical inferior (π’i), abaixo da linha de terra. Considerando-se que, por estar
localizado no 1 diedro, o ponto tem projeção vertical sobre (π’s) e horizontal sobre (πa) e,
considerando, como já citado acima, a localização de cada um destes semiplanos após o
rebatimento, a épura do ponto (A) terá seu aspecto definitivo conforme mostrado ao lado da
perspectiva da figura acima.

Os segmentos de retas que unem as projeções vertical A`e horizontal A à linha de terra, recebem
o nome de Linha de Chamada. Considerando-se que, na Geometria Descritiva utiliza-se o Sistema
de Projeções Ortogonais, as linhas de chamada serão sempre perpendiculares à linha de terra.

A distância da projeção vertical A`, até a linha de terra representa a cota do ponto (A), assim
como a distância da projeção horizontal A até a linha de terra representa o afastamento deste
ponto. A abscissa do ponto (A), que corresponde no espaço, à distância do ponto objetivo até o
plano lateral de projeções, será, em épura, representada pela distância dos pés das linhas de
chamada das projeções do ponto, até a interseção do plano lateral com a linha de terra, ponto
marcado arbitrariamente sobre a linha de terra.

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