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DESENHO

TECNICO
Projeções
Dulce América de Souza

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Relacionar o método de Monge aplicado na geometria descritiva, com sua


extensão aplicada ao desenho técnico.
>> Identificar as três vistas opostas.
>> Reconhecer as seis vistas principais no paralelepípedo de referência.

Introdução
O sistema de projeções soluciona os problemas de projeto e construtivos na
medida em que contribui para o desenvolvimento da imaginação espacial, apoiado,
sobretudo, pela geometria descritiva, instituída pelo matemático francês Gaspard
Monge, no século XVIII. Esse conhecimento sistematizado permite a compreensão
dos sistemas de representação mais exatos da arquitetura, a realização das
projeções ortogonais que conhecemos como plantas, cortes e fachadas.
Neste capítulo, investigaremos a contribuição da geometria descritiva,
a qual permitiu a formalização dos processos intuitivos utilizados anteriormente,
possibilitando a representação científica da representação de objetos tridimen-
sionais em superfícies bidimensionais. Com aporte da literatura, identificaremos o
método de concepção das vistas postas, ortogonais ou ortográficas e sua extensão
para as seis vistas do paralelepípedo de referência. A bibliografia de referência
adotada neste material teórico indicará caminhos para pesquisas mais aprofunda-
das, a fim de ampliar seu domínio e a habilidade na representação arquitetônica.
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O método de Monge e sua aplicação


no desenho técnico
Os artistas do Renascimento (século XVI) foram os pioneiros na busca da
representação científica, iniciando um processo de projeções em multivis-
tas, basicamente caracterizadas por relacionarem as projeções verticais e
horizontais entre si. Esses desenhos em três vistas eram realizados com o
método das projeções ortogonais que utilizavam a técnica das “medições
calculadas” e tinham a finalidade de solucionar os problemas espaciais das
composições pictóricas (JANSON; JANSON, 2009).
Sem uma solução científica definitiva, os problemas espaciais e suas
representações foram solucionados somente um século depois, com o tratado
Geometrie Descriptive do matemático francês Gaspard Monge (1746–1818),
instituindo a Geometria Descritiva. Em seu tratado, o matemático sistema-
tizou os conhecimentos já estabelecidos, desenvolvendo a solução gráfica
dos problemas espaciais através do que denominou planos de projeção.
A geometria descritiva de Monge, de 1799, formalizou os processos utilizados
e investigados empiricamente, contribuindo de forma expressiva com os
desenhos de arquitetos e artistas, pois permitiu a representação científica
em um suporte bidimensional dos objetos tridimensionais.
A importância do método de Monge para a arquitetura é indiscutível:
os sistemas de projeção adotados de forma empírica até então foram co-
dificados de um modo estritamente científico e classificados em projeções
ortogonais, perspectivas e axonometrias. Como acréscimo valioso, o sistema
mongeano desenvolveu a projeção oblíqua, ferramenta fundamental para o
cálculo científico das sombras, anteriormente representado de forma intuitiva,
ou pictórica (SAINZ AVIA, 1990).
A definição de Monge em relação aos dois principais objetivos da geo-
metria descritiva esclarece a relevância de sua aplicabilidade no desenho
técnico. Segundo Deforge (1981), o primeiro objetivo é oferecer métodos para
representar sobre uma superfície (uma folha de desenho) que só possui
duas dimensões — a largura e o comprimento — todos os corpos da natureza
que possuem três dimensões: a largura, o comprimento e a profundidade.
O segundo objetivo é fornecer um método exato para reconhecer as formas
desse corpo e deduzir todas as semelhanças resultantes de suas formas e
de suas respectivas posições.
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A representação gráfica da arquitetura está diretamente relacionada com


as teorias da geometria descritiva, uma vez que, a partir dos seus fundamentos,
a prática contou com um sistema gráfico que serve de base para a criação e a
representação de sólidos, os edifícios. Nesse sentido, a evolução capitaneada
pela disciplina permite que os objetos sejam rigorosamente representados de
um modo unívoco, independentemente do executor do desenho. O sistema de
representação científico planta-secção-fachada-perspectivas foi codificado
geometricamente por Gaspard Monge e, desde então, é adotado até a atuali-
dade, seja no desenho analógico, seja no desenho auxiliado por computador.
Monge relacionou dois planos principais de projeção que cortam per-
pendicularmente e os denominou de plano vertical e plano horizontal.
Na literatura, alguns autores alteram a nomenclatura do plano vertical e o
classificam como plano frontal (TEIXEIRA; SILVA, 2013). Esses planos dividem
o espaço geométrico em quatro partes denominadas diedros. Esses diedros
foram enumerados de acordo com o sentido trigonométrico (ou anti-horário),
conforme apresenta a Figura 1.

Figura 1. Plano vertical (ou frontal) e plano horizontal.


Fonte: Adaptada de Borges, Barreto e Martins (2002).
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De acordo com o sistema projetivo apresentado pela Figura 1, podemos


admitir que um objeto pode ser projetado em qualquer diedro, contudo,
no desenho técnico, são considerados apenas o 1º e o 3º diedros. O 1º diedro
é adotado no Brasil e na Alemanha, originalmente; já o 3º diedro é utili-
zado na Inglaterra e nos Estados Unidos (BORGES; BARRETO; MARTINS, 2002).
No desenho técnico, é possível representar até seis vistas principais (orto-
gonais) de um objeto, porém, a ABNT NBR 10067:1995 recomenda que seja
utilizado o menor número possível de vistas, e o mais comum é que sejam
adotadas três vistas principais.
A contribuição da geometria descritiva para o desenho técnico reside
principalmente na classificação dos sistemas projetivos em dois tipos bási-
cos: sistema de projeção central ou cônico e sistema de projeção cilíndrico.
Teixeira e Silva (2013) afirmam que a forma de cada sistema depende da
posição relativa dos seus elementos: plano de projeção, objeto e centro de
projeção. As projeções ortogonais (Figura 2) — obtidas a partir do sistema de
projeção cilíndrico ortogonal — são essenciais para o desenvolvimento dos
projetos arquitetônicos, e o pré-requisito para sua realização é o estudo da
geometria descritiva. Nas projeções ortogonais, as vistas do sólido (no caso,
do edifício) são projetadas sobre planos de projeção.

Figura 2. Edificação representada a partir do sistema de projeção ortogonal.


Fonte: Adaptada de PierLeb (2008).
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Nas projeções ortogonais, a partir do estudo do ponto e da reta no sis-


tema mongeano, conseguimos visualizar o posicionamento dessas figuras
geométricas no espaço e suas respectivas projeções nos planos π e π’, que
são os planos de projeção ortogonais entre si, conforme ilustra a Figura 3.
Esses planos (π e π’) dividem o espaço em quatro regiões, denominadas
diedros, como já mencionado. A linha que resulta da interseção dos planos
π e π’ (plano horizontal e plano vertical) é chamada de linha de terra (LT).
No plano vertical (π’), localiza-se a dimensão cota, que será positiva se
o ponto de estudo estiver acima da LT e negativa se estiver abaixo da LT.
No plano horizontal (π), identificamos a dimensão afastamento, que, da mesma
forma, será positiva se estiver antes da LT e negativa se estiver depois da LT.
Sobre a LT, visualizamos a dimensão abcissa (BASTOS, 2016).

Figura 3. Projeção ortogonal — visualização do posicionamento das figuras geométricas.


Fonte: Adaptada de Bastos (2016).
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Vimos que a partir das propriedades do sistema de projeção ortogonal,


Gaspard Monge propôs um sistema de dupla projeção, formado por planos
ortogonais entre si, sendo um deles horizontal e outro frontal. Nesse sistema,
podemos obter representações exatas dos objetos de face plana desde que
posicionados paralelamente em relação ao plano projetivo, portanto, para
representar objetos tridimensionais, só é possível a representação exata das
faces que se posicionam paralelamente ao plano de projeção. Há possibilidade
de adicionar mais planos, se necessário, o que consiste em um sistema de
projeções múltiplas, ilustrado pela Figura 4.

Figura 4. Sistema de projeções múltiplas.


Fonte: Teixeira e Silva (2013, p. 8)

Utilizando os princípios da geometria descritiva, podemos representar for-


mas espaciais a partir de figuras planas mediante o rebatimento de qualquer
um dos quatro diedros. Entretanto, foi necessário normatizar a linguagem
e, a partir da geometria descritiva, as normas do desenho técnico fixaram a
utilização das projeções ortogonais somente pelos 1º e 3º diedros. No Brasil,
convencionou-se a utilização do 1º diedro.
As projeções realizadas em qualquer plano do 1º diedro seguem um prin-
cípio básico: “[...] o objeto a ser representado deverá estar entre o observador
e o plano de projeção [...]” (RIBEIRO; PERES; IZIDORO, 2011, p. 32). Analisando
a Figura 5 e considerando o objeto imóvel no espaço, percebemos que o
observador pode vê-lo por seis direções diferentes, obtendo as seis vistas
da peça, conforme estudaremos posteriormente.
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Figura 5. Observador em relação ao plano de projeção.


Fonte: Adaptada de Ribeiro, Peres e Izidoro (2011) e Silveira (2011).

Após a compreensão do sistema projetivo mongeano, podemos confirmar


a importância da geometria descritiva como teoria basilar da representação
arquitetônica. O método biprojetivo (plano vertical e plano horizontal de
projeção) é o sistema mais utilizado para realizar os desenhos de arquitetura,
engenharia, design e demais áreas de projeto. A obra de Monge instituiu a
permanência da representação das projeções na arquitetura construindo
um método de linguagem sintética e exata compatível com as necessidades
da construção. Assim, de acordo com (PANISSON, 2007, p. 94), temos à nossa
disposição “[...] os sistemas de projeções que mantém o rigor métrico de
ângulos e distâncias que permitem interpretar, estudar e controlar o espaço
tridimensional [...]”.
Estudaremos a seguir as três vistas representadas pelo sistema de projeção
ortogonal: a vista frontal, a vista superior e a vista lateral.

As três vistas opostas (vistas ortográficas


ou vistas ortogonais)
O método de representação de vistas ortográficas (ou ortogonais) é funda-
mentado no método descritivo idealizado por Gaspard Monge, cuja operação
básica é a projeção cilíndrica ortogonal. Nesse procedimento, conseguimos
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representar em verdadeira grandeza as figuras no espaço que forem paralelas


ao respectivo plano de projeção. Quando posicionamos um objeto com uma de
suas faces paralelamente ao plano de projeção, a projeção cilíndrica ortogonal
desse sólido é a figura da verdadeira grandeza dessa face, desaparecendo as
demais faces que lhe são perpendiculares, pois suas projeções se resumem
a linhas (BORNANCINI; PETZOLD; ORLANDI JÚNIOR, 2018).
No desenho técnico, se designa vista ortográfica a figura resultante da
projeção cilíndrica ortográfica de um sólido sobre um plano de referência
(Figura 6). Para representar um objeto de maneira inequívoca, são necessárias
três vistas, obtidas em três planos perpendiculares entre si: um vertical, outro
horizontal e o terceiro de perfil.

Figura 6. Vistas ortográficas.


Fonte: Adaptada de Costa (2017).

Quando vamos realizar um desenho de projeção ortogonal, devemos


posicionar o objeto a ser representado de forma que a maior parte das faces
esteja paralela ou perpendicular ao plano de projeção. Com objetivo de me-
lhor compreender a obtenção das vistas projetadas de um sólido, devemos
considerar apenas as projeções que ocorrem por sequência direta (quando
o objeto está entre o observador e o plano de projeção).
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A Figura 7 apresenta uma sequência que identifica o sentido do olhar do


observador e as faces que ele enxerga, que são destacadas, conforme orienta
Silveira (2011, p. 5):

No plano de projeção deverão aparecer desenhadas em linha contínua larga as


arestas que o observador realmente vê, e em linha tracejada larga aquelas arestas
que existem no objeto, mas o observador não vê diretamente. Para completar, eixos
de simetria e centro de curvas são representados com linha traço ponto estreita.

Figura 7. Obtenção das três vistas ortográficas de um objeto.


Fonte: Adaptada de Silveira (2011).
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Vamos ilustrar as projeções no 1º diedro (Figura 8) de forma a compreender


a obtenção das três vistas ortogonais (ortográficas ou opostas). Primeiro,
posicionamos o objeto no 1º diedro e sempre devemos considerar uma vista
lateral. Identificamos a sequência direta de projeção, pois o sólido está
entre o observador e o plano de projeção. A face que melhor representar o
objeto deve ser projetada no plano vertical que se encontra atrás do objeto,
sendo denominada vista frontal (F ou VF), assim, as demais vistas seguem
a escolha inicial da vista frontal. Na imagem observamos a vista superior
(S ou VS), que é projetada no plano horizontal localizado abaixo do objeto, e a
vista lateral esquerda (VLE), projetada no plano lateral direito (BORNANCINI;
PETZOLD; ORLANDI JÚNIOR, 2018; SILVEIRA, 2011).

Figura 8. Projeções no 1º diedro — vistas ortogonais.


Fonte: Adaptada de Vistas [...] (2021).

No desenho técnico, devemos atender às exigências da ABNT NBR


10067:1995, que determina a planificação segundo os preceitos da geome-
tria descritiva. Salientamos que o desenho é realizado em uma folha de
papel, sendo necessário que todas as vistas estejam em um mesmo plano,
por isso é exigida a planificação. O procedimento de planificação envolve o
“rebatimento”, conforme explica Silveira (2011, p. 7): “Os demais planos de
projeção serão rebatidos sobre o plano de projeções vertical, ‘abrindo os
planos para trás’ [...]”.
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Na Figura 9, podemos observar que o plano horizontal gira para baixo,


fazendo com que a vista superior contida nele fique abaixo da vista frontal,
e o plano lateral direito gira para direita, fazendo com que a vista lateral
direita fique à direita da vista frontal.

Pla Vista frontal (plano vertical) Vista lateral esquerda


no (plano de perfil)
de
l per
ca fil
rti
ve
no
Pla

l
nta
zo
hori
no
Pla
Vista superior (plano horizontal)

Figura 9. Planificação no 1º diedro.


Fonte: Costa (2017, p. 20).

As representações de um projeto arquitetônico são projeções em planos


verticais e horizontais; a planta baixa, planta de cobertura, planta de situação,
cortes e fachadas são vistas ortográficas. Nos planos horizontais, temos
as seguintes vistas ortogonais: planta de coberta ou cobertura; planta de
locação; planta de situação; planta baixa e detalhamentos diversos. Já nos
planos verticais temos os cortes, fachadas e elevações, além dos detalhes
que devem ser representados no plano vertical. Um clássico da arquitetura
modernista é ilustrado pela Figura 10, apresentando todos os elementos grá-
ficos arquitetônicos das vistas ortogonais decorrentes do sistema mongeano.
Trata-se da representação da Villa Savoye, de 1929, projeto de Le Corbusier.
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Figura 10. Vistas ortográficas — Villa Savoye.


Fonte: Paccara (2012, documento on-line).

Para representar os sólidos assimétricos, utiliza-se o paralelepípedo de


referência que adota mais três planos de projeção perpendiculares entre si
e paralelos aos três planos estudados.
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As seis vistas principais no paralelepípedo


de referência
Estudamos até aqui a representação das três faces que são os três contornos
de um prisma reto de base retangular (forma paralelepipédica). No caso de
sólidos assimétricos, faz-se necessário apresentar vistas adicionais às habi-
tuais; para tanto, são utilizados mais três planos de projeção, formando o que
chamamos de paralelepípedo de referência. O princípio básico se constitui
em seis planos circundando a peça, obtendo-se — segundo as normas inter-
nacionais — as vistas principais do 1º diedro. Podemos compreender esse
sistema como um cubo formado por seis planos de projeção que envolve o
sólido, conforme apresenta a Figura 11.

Figura 11. Paralelepípedo de referência.


Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro (2011, p. 32).

A ABNT NBR 10067:1995 nomeia essas seis vistas como: frontal, superior,
lateral direita, lateral esquerda, superior e inferior. Para serem consideradas
vistas principais, as projeções devem ser obtidas em planos perpendiculares
entre si e paralelos dois a dois, formando uma caixa (Figura 12). Salientamos
que os seis planos que circundam a peça são rebatidos quando planificados,
conforme verificamos na Figura 11.
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Figura 12. Nomenclatura das vistas do paralelepípedo de referência.


Fonte: Adaptada de Ribeiro, Peres e Izidoro (2011).

De acordo com Ribeiro, Peres e Izidoro (2011), a projeção que aparece no


plano vertical de origem do 1º diedro (plano 1) é sempre chamada de vista
de frente. Portanto, aplicando o princípio básico do 1º diedro — sempre em
relação à posição vista de frente —, os demais planos de projeção resultam
nas seguintes vistas (Figura 13):

„„ plano 1 — vista de frente ou elevação — mostra a projeção frontal do


objeto;
„„ plano 2 — vista superior ou planta — mostra a projeção do objeto
visto por cima;
„„ plano 3 — vista lateral esquerda ou perfil — mostra o objeto visto pelo
lado esquerdo;
„„ plano 4 — vista lateral direita — mostra o objeto visto pelo lado direito;
„„ plano 5 — vista inferior — mostra o objeto sendo visto pelo lado de
baixo;
„„ plano 6 — vista posterior — mostra o objeto sendo visto por trás.
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Figura 13. Vistas dos planos de projeção.


Fonte: Adaptada de Ribeiro, Peres e Izidoro (2011).

Há, também, a padronização dos sentidos de rebatimentos dos planos de


projeção, o que garante que no 1º diedro as vistas mantenham as mesmas
posições relativas. Em relação à vista de frente, os rebatimentos normalizados
assumem as seguintes posições: “[...] a vista de cima fica em baixo; a vista
de baixo fica em cima; a vista da esquerda fica à direita; e a vista da direita
fica à esquerda [...]” (RIBEIRO; PERES; IZIDORO, 2011, p. 33). Para elucidar os
rebatimentos normalizados, podemos raciocinar mediante o “tombamento”
do objeto, conforme ilustra a Figura 14.
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Figura 14. Tombamento do objeto.


Fonte: Adaptada de Ribeiro, Peres e Izidoro (2011).

Se compararmos o tombamento apresentado na Figura 15 com o resultado


das vistas dos rebatimentos dos planos de projeção (Figura 14), podemos
observar que o lado superior do objeto aparece embaixo e o inferior em cima
(ambos em relação à posição frontal); o lado esquerdo do objeto aparece à
direita da posição de frente, enquanto o lado direito está à esquerda do lado
da frente (RIBEIRO; PERES; IZIDORO, 2011).
Apesar de serem desenhos bidimensionais, as vistas representam o mesmo
objeto visto por posições distintas. A forma normalizada para obtenção das
vistas principais no 1º diedro também estabelece que as vistas sejam alinha-
das vertical e horizontalmente. Destacamos que, quando o objeto possuir
faces inclinadas em relação aos planos do paralelepípedo de referência e
se necessita representar a verdadeira grandeza dessas faces, deverão ser
utilizados planos de projeção auxiliar, paralelos àquelas faces e rebatidos
sobre os planos habituais.

Ao final da breve abordagem sobre projeções, podemos inferir que o método de


Monge contribui imensamente para tratar a verdadeira grandeza dos objetos,
resolvendo a representação de problemas métricos. A geometria descritiva
é o sistema mais adequado à arquitetura pela possibilidade de análise e
síntese dos seus procedimentos gráficos, que permitem a reconstrução de
sólidos no espaço.
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Referências
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de representação em desenho técnico — Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.
BASTOS, R. R. Projeções ortogonais. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Especiali-
zação em Tecnologias no Ensino Superior) – Curso de Especialização Tecnologias no
Ensino Superior, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.
BORGES, G. C. M.; BARRETO, D. G. O.; MARTINS, E. Z. Noções de geometria descritiva:
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BORNANCINI, J. C. M.; PETZOLD, N. I.; ORLANDI JÚNIOR, H. Desenho técnico básico:
fundamentos teóricos e exercícios à mão livre. 3. ed. Porto Alegre: UFRGS, 2018. v. 1.
Disponível em: https://www.ufrgs.br/destec/wp-content/uploads/2018/08/DESENHO-
-T%C3%89CNICO-B%C3%81SICO-VOL1-ED3.pdf. Acesso em: 30 abr. 2021.
COSTA, D. M. B. Desenho técnico. Curitiba: UFPR, 2017. Apostila de aula da Disciplina CD028
Expressão Gráfica II. Disponível em: http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_deise/
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DEFORGE, Y. Le graphisme technique: son histoire et son enseignement. Paris: Editions
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JANSON, H. W.; JANSON, A. F. Iniciação à história da arte. 3. ed. São Paulo: Martins
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PACCARA, M. C. Villa Saboya, Le Corbusier y Pierre Jeanneret. 2012. Disponível em:
https://es.socialdesignmagazine.com/mag/blog/architettura/le-corbusier-ville-
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PANISSON, E. Gaspard Monge e a sistematização da representação na arquitetura.
2007. Tese (Doutorado em Arquitetura) — Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em
Arquitetura, Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
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PIERLEB. Projections. 2008. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/
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RIBEIRO, A. C.; PERES, M. P.; IZIDORO, N. Sistemas de projeções ortogonais. [S. l.: s. n.],
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SAINZ ANVIA, J. El dibujo de arquitectura: teoria e história de un lenguaje grafico.
Madrid: Editorial Nerea, 1990.
SILVEIRA, J. Projeções e vistas principais. Florianópolis: IFSC, 2011. Material didático.
Disponível em: http://docente.ifsc.edu.br/julio.silveira/MaterialDidatico/Desenho%20
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nais/Proje%C3%A7%C3%B5es.pdf. Acesso em: 1 maio 2021.
TEIXEIRA, F. G.; SILVA, R. P. Geometria descritiva: design-based learning. Porto Alegre:
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UZxGyYgqMDI/AAAAAAAACc0/Poo-CuPuep8/s1600/vistas+ortogr%C3%A1ficas.png.
Acesso em: 29 abr. 2021.
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Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6492:1994. Representação
de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
CHING, F. D. K.; JUROSZEK, S. P. Desenho para arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,
2012.
MONTENEGRO, G. A perspectiva dos profissionais: sombras, insolação, axonometria.
2. ed. São Paulo: Blucher, 2010.
RICCA, G. Geometria descritiva: método de monge. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2011.

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