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Desenho Técnico

Projeções Avançadas
Sumário
Desenvolvimento do material Projeções Avançadas
Jociane da Silva Araújo
Para Início de Conversa… ................................................................................ 3
Objetivos .......................................................................................................... 3
1ª Edição 1. Método de Monge Aplicado à Geometria ............................................. 4
Copyright © 2022, Afya.
2. As Três Vistas-padrão ................................................................................... 8
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida,
transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, 3. Tipos e Espessuras de Linhas .................................................................... 11
mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia
autorização, por escrito, da Afya. Referências .......................................................................................................... 16
Para Início de Conversa… Objetivos
Dentro do desenho técnico, existe uma ligação direta com a matemática, ▪ Relacionar o Método de Monge aplicado à geometria descritiva com a
mais precisamente com a área da geometria. Neste capítulo, sua extensão aplicada ao desenho técnico.
trabalharemos a relação da geometria descritiva e do método de Monge ▪ Identificar as três vistas-padrão.
com as formas de projeção do desenho técnico. O método de Monge ▪ Identificar a hierarquia dos objetivos de acordo com a vista-padrão.
é mais conhecido como projeção ortogonal, muito conhecida dentro da
linguagem do desenho técnico da arquitetura e engenharia.

Trabalharemos, também, a relação das vistas geradas pelas projeções


ortogonais e das três vistas-padrão para uma boa interpretação de
qualquer peça gráfica, que são as vistas superior, lateral e frontal de
qualquer objeto a ser representado de forma técnica, ou seja, com cotas,
métricas e ângulos precisos.

A partir das vistas-padrão, podemos identificar o peso gráfico, ou que


também chamamos de hierarquia do desenho, ou seja, por meio da
espessura da linha, seja mais grossa ou mais fina, podemos interpretar
se aquela face do objeto está mais próxima ou mais distante do nosso
olhar.

Bons estudos!

Desenho Técnico 3
1. Método de Monge Aplicado à Geometria Sistema de representação
Resultado:
É pura representação bidimensional de
objeto que tem 3 dimensões.
A geometria descritiva, segundo Montenegro (2015), utiliza o sistema de
projeções elaborado por Gaspard Monge, o qual chamamos de sistema Método de projetividade Um ente ou figura dada a sua imagem em correspondência.
mongeano ou método de monge, também conhecido como ortogonal ou
diédrico.
Técnica Linha de terra, convenção de traços, notação etc.
Gaspard Monge foi um matemático francês que viveu entre os anos de
1746 e 1818, servindo ao exército francês de Napoleão e dotado de uma Processo Dupla imagem obtida por projeções ortogonais na tela ou no papel.
exímia habilidade com desenhos. Foi o criador da geometria descritiva, Figura 1: Geometria descritiva e seus resultados. Fonte: Adaptada de Montenegro (2015).
que é a base matemática para o desenvolvimento do desenho técnico, e
também foi o criador da geometria diferencial. Seu sistema de projeções Como a Figura 1 apresenta, dentro do sistema de representação da
ortogonais foi segredo militar durante quinze anos. geometria descritiva obteremos o resultado da épura, que nada mais é
que a representação de um objeto ou projeto em um plano utilizando
A geometria descritiva é a base teórica para inúmeras profissões, dentre projeções ortogonais, que é o método de projetividade do objeto e se
elas a ligadas à Engenharia, Arquitetura e ao Desenho Industrial, isso utiliza de técnicas e processos que são normatizados através de normas
porque tem como base o desenvolvimento da habilidade de imaginar brasileiras, para que exista um padrão na forma da representação gráfica
e representar os objetos ou projetos dentro de um espaço, auxiliando desse objeto ou projeto. Isso permitirá uma melhor interpretação e
o pensamento em três dimensões. Portanto, dentro da geometria entendimento do que está representado na projeção ortogonal.
descritiva, teremos um sistema de representação, um método de O teorema de monge afirma que, em quaisquer três círculos dentro de
projeção, uma técnica de representação e um processo para tudo isso, um plano, independentemente do tamanho desses círculos, podendo
como demonstrado na Figura 1. cada um ser de um tamanho diferente, conforme imagem da Figura 2, se
traçarmos a tangente externa entre eles, seus três pontos de interseção
serão colineares, como demonstrado na Figura 3.

Desenho Técnico 4
Esse encontro das tangentes de forma colinear permite representar que
nenhum círculo poderá estar situado por completo no interior de outro
círculo, sendo essa situação classificada como geometria euclidiana.
As teorias da geometria euclidiana foram baseadas nos postulados de
Euclides de Alexandria, matemático e escritor grego que viveu no século
III a.C. e, muitas vezes, é referido como o pai da geometria.

Além da geometria euclidiana, temos a geometria não euclidiana, que,


dentro da representação apresentada anteriormente na Figura 3, se dois
Figura 2: Teorema de Monge - Demonstração das três circunferências.
desses círculos possuíssem o mesmo tamanho, a projeção da interseção
Fonte: Elaborada pela autora. do terceiro círculo seria um ponto impróprio, o que chamamos de
Teorema de Desargues.

No método de monge, são utilizados


sempre dois planos de projeção
perpendiculares um ao outro – os
planos horizontal (PH) e vertical
(PV) –, conforme demonstrado
na Figura 4, e ilimitados em qual
diedro que for realizado.
Figura 3: Teorema de Monge - Demonstração das linhas tangentes e do encontro colinear das
tangentes. Fonte: Elaborada pela autora.

Desenho Técnico 5
(que é um ambiente planificado), é feito o rebatimento do plano
PV horizontal conforme demonstrado na Figura 5, em que as projeções de
2º Diedro 1º Diedro cada plano são vistas lado a lado em um único plano, o que chamamos
de épura.
Linha de Terra
P’
P’
P’

2º 1º
Diedro Diedro P
L.T.
PH 3º 4º
Diedro Diedro
P

3º Diedro Diedros Rebatimento Planificação Épura

Figura 5: Evolução do processo de obtenção da épura de um ponto.


4º Diedro Fonte: Adaptada de Silva (2022).

Figura 4: Plano de projeção. Fonte: Elaborada pela autora.

Épura é o resultado do processo do rebatimento do plano horizontal


O encontro entre o plano horizontal e o plano vertical de um diedro
sobre o mesmo sentido horário do plano vertical. E é sobre esses planos
forma uma aresta, à qual chamamos de Linha de Terra. No diedro, que
que se encontram as projeções do objeto projetado.
é justamente a reunião de dois semiplanos da mesma origem e estão
dentro do mesmo plano, é que realizamos os desenhos das vistas do
nosso objeto ou projeto; portanto, pensando em uma folha de desenho

Desenho Técnico 6
A geometria descritiva descreve um objeto ou projeto contido no Portanto, as coordenadas são informadas na ordem apresentada
espaço com o sistema de direcionamento que associa as três dimensões (abscissa, afastamento e cota) e seguindo a nomenclatura: (ponto com
espaciais (largura, profundidade e altura) aos três eixos de coordenadas letra maiúscula) [valor da abscissa em numeral; valor do afastamento em
(a abscissa, o afastamento e a cota); esses são os sistemas de coordenadas
numeral; e valor da cota em numeral], o que gera a seguinte expressão:
dentro de um desenho técnico.
(P) [x; y; z].
Na Figura 6, podemos observar esses eixos de coordenadas, sendo as
abscissas a linha X, que representa o deslocamento de uma entidade Para a obtenção da épura de um objeto por meio das coordenadas dos
geométrica ao longo da linha de terra; o afastamento, que é o seus pontos, devemos seguir os seguintes procedimentos da geometria
distanciamento de uma entidade geométrica em relação ao plano de descritiva:
projeção vertical, e a cota, que é o distanciamento de uma entidade
geométrica em relação ao plano de projeção horizontal. ▪ Marcar a linha abscissa sobre a linha de terra (LT), que é representada,
na Figura 7, pela linha preta, em que, quando o número for positivo, o
sentido da linha será para a direita e, quando o número for negativo,
)
(π`
rtical o sentido da linha será para a esquerda.
n o Ve
Pla
▪ Na sequência, deve-se marcar o afastamento perpendicular à linha
3
P` (P) [ 2; 3; 3] de terra (representada na Figura 7 pela linha vermelha); o valor
2
numérico, sendo positivo, a linha ficará para baixo e, sendo negativo,
a linha ficará para cima da linha da terra.
1

) ▪ Por último, marcar a cota também perpendicularmente à linha de
izontal
a (X
)
2 1 2 3
P
Plan
o Hor terra (representada pela linha roxa, na Figura 7), mas, quando seu
ciss
Abs 1 valor for positivo, deverá ser representada acima da linha de terra e,
Afastamento (Y)
quando o valor for negativo, para baixo.
Figura 6: Eixos das coordenadas: abscissa, afastamento e cota. Fonte: Adaptada de Silva (2022).

Desenho Técnico 7
P`

Abscissa (X)

Figura 7: Esquema para marcação das coordenadas em Épura. Fonte: Adaptada de Silva (2022).

2. As Três Vistas-padrão Figura 8: Projeção das vistas de um objeto. Fonte: Elaborada pela autora.

As figuras espaciais em três dimensões são representadas em duas Conforme ocorriam as sobreposições nos rebatimentos dos planos de
dimensões a partir das projeções ortogonais, considerando o plano cada diedro, como podemos observar na Figura 9, foi convencionado
vertical e plano horizontal rebatido, conforme podemos observar na que, para a representação do desenho técnico, utilizam-se projeções
Figura 8. ortogonais do primeiro diedro ou do terceiro diedro, evitando, assim,

Desenho Técnico 8
sobreposição de imagens projetadas, sendo que, na maioria dos países, Um objeto representado através das projeções ortogonais do primeiro
é utilizado o primeiro diedro para a projeção ortográfica de um desenho diedro deverá sempre estar entre o observador e o plano de projeção, ou,
técnico. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) conforme representado na Figura 9, onde obtemos as vistas dos planos
sugere o uso do 1º diedro; já em países como o Canadá ou os Estados de projeção vertical, horizontal e lateral.
Unidos, os desenhos técnicos são representados no 3º diedro.
Plano de projeção Plano de projeção
1º Diedro Épura 2º Diedro Épura vertical lateral
PV

PV
2º Diedro

A1 PH
PH

3º Diedro 4º Diedro
Plano de projeção horizontal
3º Diedro Épura 4º Diedro Épura
Figura 10: Posição do objeto e observador no 1º diedro. Fonte: Elaborada pela autora.

Dessa forma, utilizando o 1º diedro como plano de projeção, obteremos


as três vistas-padrão para um desenho técnico, que são as vistas frontal,
superior e lateral esquerda, conforme demonstra a Figura 10, porém, todo
objeto pode ser circundado por até seis planos perpendiculares entre si
e paralelos dois a dois, o que forma a caixa opaca, como demonstrado na
Figura 11.
Figura 9: Projeção da Épura em cada diedro. Fonte: Elaborada pela autora.

Desenho Técnico 9
Objeto A partir da caixa opaca representada
Vista Frontal
Vista Lateral Esquerda na Figura 11, podemos obter os
seguintes planos:

Plano 1: referente à vista de frente,


frontal ou elevação do objeto.

Plano 2: referente à vista superior ou


planta do objeto.

Plano 3: referente à vista lateral esquerda


Vista Superior ou perfil do objeto.
Observador
Plano 4: referente à vista lateral direita do objeto.
Figura 11: Vistas-padrão no 1º diedro. Fonte: Elaborada pela autora.
Plano 5: referente à vista inferior (fundo) do objeto.
5
5 6 Plano 6: referente à vista posterior (costas) do objeto.
3

1 3
1 É necessária uma padronização nos sentidos dos rebatimentos dos
4 planos de projeção, garantindo, assim, que as vistas sempre terão as
6 mesmas posições relativas. Para esse rebatimento, utilizamos as linhas
4
de rebatimento ou linhas projetantes, em que cada plano ou vista segue
2
2
a referência de outra vista em suas dimensões, como podemos observar
na Figura 13.

Figura 12: Caixa opaca. Fonte: Adaptada de Ribeiro; Peres; Izidoro (2012).

Desenho Técnico 10
(que representa a parte de cima do objeto na posição do observador)
e a vista lateral, que, nesse caso, pode ser tanto a lateral direita como
a lateral esquerda, dependendo da escolha da vista que possuir mais
detalhamentos a serem representados. Muitas vezes, acabamos
representando as duas vistas laterais, portanto, passamos a ter quatro
vistas-padrão para um objeto.

3. Tipos e Espessuras de Linhas


Para que todas as formas de representação sejam únicas
independentemente do local em que você esteja, permitindo, assim,
que alguém em Manaus entenda um projeto realizado por alguém do
Figura 13: Rebatimento das vistas. Fonte: Adaptada de Ribeiro; Peres; Izidoro (2012).
Rio Grande do Sul (dois estados com costuras e culturas distintas e que
poderiam influenciar a forma de se expressar), existe a normalização,
As linhas azuis da Figura 13 representam as linhas projetantes e podem também chamada de normatização, que é o processo de estabelecer e
ser obtidas por meio do uso dos instrumentos de precisão para o aplicar regras a fim de ordenar atividades específicas. No Brasil, temos
desenho técnico, como os esquadros e réguas paralelas. Observe que a a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que estabelece as
medida da altura do objeto representado na vista frontal é a mesma que normas brasileiras.
a altura nas vistas laterais direita e esquerda.
Dentro do desenho técnico, temos inúmeras normativas. Podemos
Dificilmente será necessário realizar as seis vistas representadas verificar, no Quadro 1, as NBR em vigor, considerando janeiro de 2022 o
anteriormente. As vistas que chamamos de padrão (para as quais sempre período de consulta junto ao site da ABNT.
será necessária representação) são as vistas frontal (que representa a
parte da frente do objeto na posição do observador), a vista superior

Desenho Técnico 11
Ano de criação/ Algumas NBRs muito referenciadas em
Norma Descrição
alteração livros sofreram alteração ou mesmo
NBR 10126 1998/1987 Cotagem em desenho técnico: Procedimento
cancelamento, como é o caso das NBR
8403 - Aplicação de linhas em desenhos:
Documentação técnica para projetos arquitetônicos e
Tipos de linhas e larguras de linhas, que
NBR 6492 1980/2021 urbanísticos: Requisitos/(antiga) Representação de projetos de
arquitetura foi substituída pela NBR 16681; e a NBR
8402 - Execução de caracteres para escrita
Indicação do estado de superfícies em desenhos técnicos -
NBR 8404 1984 em desenho técnico, que foi cancelada sem
Procedimento
substituição em 1999, como tantas outras
NBR 11145 1990 Representação de molas em desenho técnico - Procedimento
normas.
Representação simplificada de furos de centro em desenho
NBR 12288 1992
técnico - Procedimento

Representação de área de corte por meio de hachuras em


NBR 12298 1995 As normas brasileiras sofrem modificações constantemente e algumas
desenho técnico - Procedimento
são até canceladas. Portanto, é fundamental que, antes do emprego
Desenho técnico - Representação simplificada em estruturas
NBR 14611 2000 de qualquer NBR, seja consultado o site da Associação Brasileira de
metálicas
Normas Técnicas, verificando a vigência ou não da norma e se esta sofreu
Desenho técnico: Requisitos para apresentação em folhas de atualização.
NBR 16752 2020
desenho

Desenho técnico: Requisitos para representação de linhas e


NBR 16681 2020
escrita Trabalharemos, neste capítulo, a NBR 16861, que trata especificamente
Desenho técnico: Requisitos para representação dos métodos de sobre os requisitos de linhas e escrita em um desenho técnico. Em geral,
NBR 17006 2021
projeção existem 15 tipos de linhas utilizados dentro do desenho técnico e que
podem ser observados no Quadro 2.
Quadro 1: Normas Brasileiras do Desenho Técnico. Fonte: Elaborado pela autora.

Desenho Técnico 12
Nº Representação Descrição No desenho técnico, existem vários
tipos de linhas que devem ser
01 Linha contínua
utilizadas. Dependendo do que
02 Linha tracejada for ser representado, as linhas
03 Linha tracejada espaçada serão cheias (que chamamos de
contínuas), tracejadas ou linha
04 Linha traço longo e ponto
traço-ponto.
05 Linha traço longo e ponto duplo
A linha contínua é utilizada para a
06 Linha traço longo e ponto triplo representação de contornos visíveis e
07 Linha pontilhada arestas visíveis do objeto; ela é sempre
08 Linha traço longo e traço curto desenhada em traços fortes e usualmente
com maior peso gráfico, como visto na Figura 14.
09 Linha traço longo e traço curto duplo Também utilizamos a linha contínua em linhas auxiliares, linhas de
10 Linha traço e ponto chamada de um projeto, e hachuras – nesses três casos com o traço mais
11 Linha traço duplo e ponto fino da linha.

12 Linha traço e ponto duplo A linha tracejada costuma ser feita em contornos e arestas não visíveis,
linhas que estão atrás de faces à sua frente, mas que possuem alguma
13 Linha traço duplo e ponto duplo
importância na construção do objeto ou projeto, como visto na Figura
14 Linha traço e ponto triplo 14. Outro exemplo de uso da linha tracejada é no caso de projeções em
15 Linha traço duplo e ponto triplo que é necessário representar algo que está acima do observador (por
exemplo, o beiral de uma cobertura).
Quadro 2: Tipos básicos de linha. Fonte: Adaptado de ABNT (2020).

Desenho Técnico 13
Representação Descrição

Estreita

Larga

Extralarga

Quadro 3: Subtipos de linhas. Fonte: Adaptado de ABNT (2020).

VS
VI

VP

VLD VF VLE VP
VLE
Figura 14: Linha contínua e linha tracejada de uma peça técnica. Fonte: Elaborada pela autora.
VLD
Já a linha traço-ponto é utilizada para demonstrar as linhas de simetria
(eixo) de superfícies circulares, como furos ou cilindros, e linhas de corte. VF Vista Lateral Direita (VLD)
VS Vista Inferior (VI)
Existe, também, o que chamamos de subtipos de linhas, conforme VI Vista Posterior (VP)

apresentado no Quadro 3; nesse caso, trabalhamos o peso gráfico, que Figura 15: Peso gráfico de um desenho. Fonte: Elaborada pela autora.
significa a importância ou hierarquia gráfica daquela linha, sendo que,
quanto mais grossa a linha, mais à frente ela está do objeto em relação A diferença de espessuras de uma linha é dada pelo tipo de grafite e
ao seu observador, conforme observado na Figura 15. espessura da lapiseira, em que a lapiseira 03 é utilizada para a confecção
de linhas de apoio ao desenho (linhas projetantes) e elementos

Desenho Técnico 14
complementares ao desenho, tais Dimensões em
milímetros
como linhas de cota, setas, linhas
indicativas, linhas de projeção. Larguras de linha Recomendação de
Designação do
largura de linhas para
grupo de linhas Extralarga Larga Estreita
A lapiseira 05 é utilizada para os símbolos gráficos
elementos que estão cortados,
0,25 0,50 0,25 0,13 0,18
mas que, na ordem de hierarquia
do desenho, têm uma menor
0,35 0,70 0,35 0,18 0,25
importância, ou seja, uma linha mais
fina, tais como caixilhos, mobiliários,
0,50 1,00 0,50 0,25 0,35
soleiras e peças fixas. Já a lapiseira 07 dá
um maior peso, no caso da alvenaria em corte,
0,70 1,40 0,70 0,35 0,50
por exemplo, e a lapiseira 09 é utilizada para elementos
estruturais (pilar, viga, laje).
1,00 2,00 1,00 0,50 0,70
Mas o importante a ser dito é que não é necessário ter todos os tipos
de lapiseira, já que, com o peso da sua mão, é possível com uma mesma Tabela 1: Grupo de linhas. Fonte: Adaptada de ABNT (2020).
lapiseira deixar o traço mais fino ou mais grosso.
Em que a tolerância da largura das linhas não pode ser maior que +- 0,1.
Para isso, a NBR 16681/2020 estabelece o dimensionamento das
O desenho é a forma de comunicação mais importante depois da palavra,
linhas, sua largura e também a tolerância dessa largura de acordo com
o método de projeção do objeto desenhado, conforme apresentado na e, dentro do desenho técnico, sua representação de forma padronizada
Tabela 1. É importante que essa largura da linha seja constante ao longo é fundamental para a correta compreensão e entendimento do objeto
de toda a sua extensão. ou projeto representado. O desenho técnico é uma linguagem gráfica
utilizada na indústria em larga escala, e essa linguagem é entendida no

Desenho Técnico 15
mundo inteiro a partir das regras e normas gerais, que, no caso do Brasil,
é regulamentada pela ABNT. Referências
Vimos, neste capítulo, que o desenho técnico é derivado da geometria ABNT. NBR 16861:2020. Desenho técnico: Requisitos para representação
descritiva, que tem por objetivo representar em um plano (plano de de linhas e escrita. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Primeira
projeção, folha de desenho, quadro) um objeto tridimensional (3D), edição 26/11/2020.
de forma planificada, em duas dimensões, por meio das projeções MANDARINO, D. Desenho projetivo e geometria descritiva. São Paulo:
ortogonais. Plêiade, 1996.
O desenho técnico é um desenho operativo, ou seja, após sua confecção, MONTENEGRO, G. A. Geometria descritiva, volume I. São Paulo: Edgard
segue-se uma operação de fabricação e/ou montagem. Dessa forma, Blücher, 2015.
para fabricarmos ou montarmos qualquer tipo de equipamento ou
construção civil, em todas as áreas da indústria, sempre precisaremos de RIBEIRO, A. C.; PERES, M. P.; IZIDORO, N. Curso de desenho técnico e
um desenho técnico. AutoCAD. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012.

SILVA, J. B. Introdução ao estudo do Desenho Técnico: conceitos


fundamentais. Curso técnico em segurança do trabalho. Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, 2022. Disponível em: http://proedu.
rnp.br/bitstream/handle/123456789/725/desenho_tecnico_08.
pdf?sequence=2&isAllowed=y. Acesso em: 3 jan. 2022.

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