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Metas
Objetivos
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3- Integrar os conceitos de escala e as convenções de linhas e caracteres de desenho
vistos na Aula 02 aos conceitos de vistas ortográficas;
4- Produzir desenhos técnicos com base nas vistas ortográficas no primeiro e terceiro
diedros na folha de desenho, de acordo com as normas brasileiras.
Pré-requisitos:
Para desenhar você vai precisar consultar algumas das normas técnicas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) indicadas na Aula 02e dispor dos seguintes
recursos:
Lapiseira 0,7 ponta de aço (grafite 2B); Lapiseira 0,3 ponta de aço (grafite HB);
Álcool.
Papel A4;
1. Introdução
Você já pensou em um mundo sem imagem? Para nós, seres humanos e i-m-a-g-i-n-a-t-i-
v-o-s isto é impossível. Mesmo os que não podem ver, idealizam imagens, como os que
podem, também fazem, quando estão de olhos fechados. Na mente, no desenho, na
fotografia ou no filme, a imagem é a base da maioria de nossas representações ou está
associada a alguma delas, como complemento, de forma espontânea. Faça um teste
2
rápido: pense em uma palavra e espere. Certamente você pensou, também, em uma
imagem. Leia um texto e "veja" como surge uma descrição dele em sua imaginação.
Para entender as representações da Geometria Descritiva, pode ser útil fazer uma
analogia com os fenômenos óticos de formação de imagens. Na Figura 3.1 estão
representados os processos de reflexão e difração da luz que geram as imagens na retina
humana e na fotografia.
Fonte
Feixe de raios luminosos incidentes Luminosa
Área de projeção
da imagem
Lente
Imagem
Retina, no olho humano
Objeto
Filme ou sensor de imagem,
nas câmeras óticas ou digitais
Figura 3.1 Formação das imagens por projeção no olho humano e nas câmeras
fotográficas.
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Observe os raios luminosos que incidem sobre o objeto e que, quando refletidos na
direção da lente, a atravessam e se projetam sobre uma superfície ou área de projeção,
que pode ser um filme sensível, uma placa com sensores luminosos ou um tecido do olho,
gerando a imagem. A inversão da imagem em relação ao objeto é um fenômeno
explicado pelas leis da ótica, que aqui não cabe aprofundar. Neste caso, podemos dizer
que os raios luminosos projetaram uma imagem de um lado e, sua ausência, criou uma
sombra do outro, quando a trajetória do feixe luminoso foi obstruída pelo objeto.
A imagem obtida através dos dois olhos, nos permite uma noção de profundidade, o que
nos faz enxergar com o sentido tridimensional os objetos e os espaços. A imagem
fotográfica é plana, como qualquer desenho que façamos sobre um papel, por exemplo.
Mas a possibilidade de representar, em um ou mais planos, através de certas imagens ou
projeções, um objeto do mundo da vida, com três dimensões, sempre foi um recurso
importante para a sociedade humana,em qualquer época. A Geometria Descritiva foi mais
um passo, e um grande passo, nesta trajetória. Vejamos do que se trata.
Na Aula anterior, você fez duas atividades em que o objetivo era desenhar objetos do
mundo da vida. Na primeira parte, você estava parado e fez movimentos com uma caixa
de fósforos, desenhando o que via (ou as vistas) desta caixa em duas posições. Os
desenhos foram feitos em posições semelhantes aquelas em que a caixa estava no
espaço, segura por seus dois dedos. Se você considerar que a caixa estava de frente
para você, na primeira posição, a parte com a marca estava acima dela ou era uma parte
superior. Assim você desenhou uma vista de frente e, depois, uma vista de cima, com
referência à lateral desenhada. Se tivesse começado com a face com a marca de frente
para você, a vista de cima seria a outra lateral onde não existe lixa para riscar os fósforos,
concorda? Como uma caixa de fósforos honesta tem 6 faces, você poderia fazer várias
combinações de vistas e de desenhos.
Na segunda parte do exercício, os objetos estavam fixos, mas você se movia, vendo
esses objetos através do movimento de uma câmera em voo. Compare o que você fez,
nesse segundo processo, com o que está registrado na Figura 3.2 os prédios prismáticos
com base retangular são como caixas de fósforos imensas, apoiadas no solo. Os de base
circular, são como tubos grandes, apoiados pela base. Quando você observa os prédios
de cima, vai ver dois retângulos e duas circunferências, além do grande retângulo do piso
da praça. E quando olha os prédios de frente, como quem pairasse no ar acima do solo,
sobre a praça, vai ver quatro retângulos, com tamanhos e proporções diferentes, além do
pequeno ressalto do piso elevado da praça.
Agora vamos juntar as imagens, como você fez com os dois esboços da caixa de fósforos
- um de frente, face com lixa - e o outro de cima, face com a marca do fabricante, só que,
agora, eles ficam fixos e você se move. Vamos começar com a imagem de frente dos
prédios, na vertical e, em seguida, vamos desenhar o que vemos de cima. Se você fosse
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seguir a lógica do movimento feito com a caixa de fósforos, você colocaria a vista de
cima, em baixo da vista de frente, não é? Então vamos fazer assim mesmo, por enquanto!
Box de Atenção
Na relação entre linhas, diz-se que duas linhas são perpendiculares quando fazem um
ângulo de 90°. Na relação entre linhas e planos, diz que uma linha ou um vetor é normal
ou ortogonal ao plano quando faz um ângulo reto com qualquer linha pertencente ao
plano. Um plano pode ser ortogonal a outros e existir, pelo menos, uma reta de um deles
que seja perpendicular a uma reta pertencente a outro.
Observe que o prédio de secção circular tem a fachada mais larga que a do prédio de
seção retangular posicionado à direita e, por isto, partes da fachada do primeiro aparecem
à esquerda e à direita da vista lateral do prédio menor, como dois retângulos estreitos, na
vista de frente.
Observe também, que as imagens dos prédios ficaram perfeitamente planas, sem o efeito
das sombras presentes na imagem aérea, esses efeitos de sombras se devem ao fato da
"câmera que tirou a foto" não estar ortogonal ao plano onde os prédios se
encontram.Foram retiradas as linhas que estilizavam as fachadas e os telhados, para
simplificar a figura.
Neste caso pode-se perceber que cada ponto material dos prédios e da praça iluminado
por um raio de luz gerou um ponto na imagem (filme fotográfico ou retina).
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Praça
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Praça Teto
Figura 3.2 Vistas ortogonais criada s a partir da vista aérea de uma cidade.
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Em seguida ao que foi visto pelo olho humano, cada ponto material, transformado em
ponto visível pela luz, gerou um ponto geométrico no desenho, sempre composto de retas
e curvas (como os círculos):esse é o fundamento da Geometria Descritiva, ilustrado na
Figura 3.3. Observe que há duas situações distintas, em cada uma o ponto material
assume uma posição diferente em relação ao plano de projeção vertical.
Nas duas situações indicadas na parte superior e inferior da figura 3.3, há, basicamente,
cinco elementos:
- um observador,
- um ponto material,
- um plano de projeção,
Na parte superior da figura 3.3, o ponto material (estilizado como uma elipse negra) está
entre o observador e o plano de projeção (no caso, vertical). Já, na parte inferior da figura
3.3, o ponto material está após o plano de projeção, relativamente, ao observador. O
ponto geométrico, representado como uma elipse branca, é uma abstração, que
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representará a projeção de um ponto material sobre um plano geométrico arbitrário e
imaginário, também. Foi descrito como abstração, porque, por definição da geometria, um
ponto não tem dimensão.
Se, em uma fotografia, cada ponto material gera um ponto-imagem, aqui, cada ponto
material gera um ponto geométrico. No caso do desenho, admite-se que um feixe de
linhas projetantes, paralelas e vindas de uma distância infinita, incide, ortogonalmente,
sobre todos os pontos materiais, gerando projeções destes pontos em um ou mais planos
de projeção. O observador vê os pontos geométricos projetados nos planos pela
incidência sobre eles de raios luminosos, que refletem sobre o plano e alcançam a retina.
Isto foi indicado através de linhas finas com setas, partindo das projeções em direção ao
observador.
Reveja o caso da vista aérea da cidade. Movimentando a câmera, você obteve duas
outras vistas dos prédios. Como a câmera foi colocada em posição ortogonal, primeiro à
fachada dos prédios e depois, ao teto das edificações, você obteve duas projeções
ortogonais. Na primeira Você pode representar a altura e a largura de cada objeto e na
segunda, vista de cima, você pode medir a largura e o comprimento. Você percebeu como
é muito mais fácil e preciso medir e indicar as dimensões de um objeto nas vistas
ortogonais, do que na vista área, que não era ortogonal?Essa é uma questão para
lembrar: podemos visualizar melhor os objetos usando vistas que não são ortogonais,
porque nos dão uma sensação de espacialização ou de 3D. Mas para representar com
precisão, temos de usar vistas ortográficas! Isto vale, inclusive, quando estamos usando
softwares que permitem a modelagem e a simulação 3D. Ao final, geramos as vistas
ortográficas com as dimensões indicadas nelas, para que outros possam fabricá-las, por
exemplo.
Na Figura 3.4 o espaço tridimensional, em que qualquer posição pode ser ocupada por
um ponto material, está representado por um prisma transparente, com arestas em linha
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tracejada. No seu interior, estão dois planos, um vertical e outro horizontal. Esses planos,
assim como o prisma, são imaginários e infinitos e definem quatro regiões do espaço, ou
diedros. No interior de cada diedro há uma esfera numerada, com uma numeração
crescente em sentido anti-horário.
Como esses planos são imaginários e arbitrários, pode-se, por exemplo, posicionar o
observador ortogonalmente ao plano vertical como está ilustrado na Figura 3.4 e,
simultaneamente, posicionar o objeto real em qualquer um dos quatro diedros, uma
posição de cada vez.
Considerando, apenas, os dois planos de projeção, qualquer objeto vai ser projetado no
plano vertical e no plano horizontal, conforme indicam as linhas tracejadas, partindo das
esferas numeradas. Assim, haverá duas circunferências no plano horizontal e duas outras
no plano vertical. Mas, se outros planos de projeção fossem adicionados ao modelo,
novas projeções seriam geradas sobre esses planos.
Cada vista ortográfica gerada permite conhecer duas das três dimensões de um corpo,
mas se o observador permanece fixo, a única vista que se apresenta para ele,
frontalmente, é aquela projetada no plano vertical e, assim, a apresentação das demais
vistas, conforme ilustrado na figura 3.4, é inconveniente. Poderia se pensar em deslocar o
observador para outras posições, fazendo com que ele ficasse de frente para um dos
planos de cada vez, mas Gaspar Monge desenvolveu uma alternativa, que consiste em
girar o plano horizontal em torno da linha que define a sua interseção com o plano
vertical, até que esse plano coincida com o plano vertical, de modo que as projeções
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verticais e horizontais fiquem alinhadas frontalmente ao observador. O mesmo processo
pode ser feito com outros planos ortogonais aos planos horizontal e vertical, como os que
podemos imaginar paralelos e perpendiculares às faces do prisma, que foi usado para
representar o espaço tridimensional. Essas operações, chamadas de rebatimento de
planos, serão examinadas detalhadamente, a seguir.
Esta parte de projeções ortográficas e rebatimento de planos, saindo do objeto real para
as vistas e vice-versa, precisa de muita atenção, calma e persistência. Você precisa
ajudar seu cérebro a processar essas imagens. Olhe para um dos cantos de sua casa, em
que duas paredes se encontrem com o piso. Você pode escolher uma delas para ser o
plano vertical, outro como um plano lateral à esquerda e, finalmente, o piso será o plano
horizontal. Agora imagine ou posicione um objeto sobre o piso, gerando "sombras" nas
duas paredes e no piso. Agora imagine que você gire o piso sobre o encontro dele com a
parede, fazendo com que a sombra projetada no piso vá para baixo da sombra da parede.
Em seguida, você gira o plano lateral em torno do encontro dele com a parede vertical,
fazendo com que a sombra projetada na lateral fique ao lado direito da sombra
encontrada no plano vertical. Você terá feito algo semelhante ao rebatimento de planos da
Geometria Descritiva. Como mover paredes pode ser cansativo, fizemos três dispositivos
bem simples, um com papel cartão, outro com uma folha de papel A4 e o último com uma
folha de plástico transparente, que você pode fazer em casa, se quiser, para ajudar a
enxergar essas operações geométricas. Para demonstrar, vamos usar uma peça com
faces coloridas e estudar, com auxílio de fotografia, as vistas ortográficas geradas por
suas projeções em três planos, um vertical, um horizontal e um lateral. Em seguida
fazemos, com os modelos de papel cartão, papel e plástico, os rebatimentos dos planos
de projeção. E, por fim, analisamos os desenhos correspondentes às imagens
fotográficas.
Na Figura 3.5, a Peça 1 está fixa, diante de três planos ortogonais, um vertical, um
horizontal e um lateral direito, como a esfera 1, que está no primeiro diedro na figura 3.4.
As três imagens são obtidas com o giro da câmera da direita para a esquerda, em que as
diversas faces vão sendo reveladas. Observe que as faces paralelas ao plano vertical
estão pintadas de preto, as faces paralelas ao plano horizontal estão pintadas de
vermelho e as faces paralelas ao plano lateral estão pintadas de azul.
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Figura 3.5 Peça 1 diante de três planos de projeção.
Em seguida, a peça foi mantida na mesma posição, mas a câmera foi deslocada,
paralelamente ao plano horizontal, saindo de uma posição ortogonal ao plano vertical até
alcançar uma posição ortogonal ao plano lateral. As imagens na figura 3.6 mostram como
a visibilidade das arestas e faces da Peça1 vai se modificando.
Cada imagem na parte superior figura 3.6 corresponde a uma vista ortográfica da peça
em um plano imaginário posicionado ao fundo. A primeira imagem corresponde a uma
vista frontal (sobre o plano vertical) e a última a uma vista lateral esquerda. Na parte
inferior da figura 3.6 essas vistas foram representadas. As vistas ortográficas são
desenhadas com linhas, conforme as normas técnicas já apresentadas, mas aqui,
adicionalmente, as vistas pintadas com as cores convencionadas, anteriormente, para
favorecer sua associação com as imagens fotográficas.
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Agora, na Figura 3.7a Peça1 continua imóvel e a câmera é deslocada paralelamente ao
plano vertical, partindo de uma posição ortogonal ao plano horizontal até alcançar uma
posição ortogonal ao plano lateral.
A primeira imagem, na figura 3.7 corresponde a uma vista superior (projetada no plano
horizontal) e a última, se aproxima de uma vista lateral direita (projetada em um plano
lateral esquerdo), como aconteceu com a figura 3.6. Repare que o sentido de observação
adotado aqui por conveniência da fotografia é oposto ao da figura 3.6. Neste caso, a
visada é da direita para a esquerda e, antes, era da esquerda para a direita. Na parte
inferior da figura 3.7 foram representadas as vistas superior e lateral direita, primeiro com
cores e depois, apenas, com linhas, como foi feito na figura anterior.
Essa Peça 1 parece familiar para Você? Já viu uma dessas por aí em algum lugar? Antes
de responder, vamos escolher outra posição para vê-la, como a da figura 3.8.
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Agora, a mesma Peça 1 parece ser outra, mais conhecida, mas apenas mudamos nosso
ponto de vista para observá-la. Isto tem a ver com o que conversamos sobre a melhor
posição para representar uma peça e sobre quantas e quais vistas seriam necessárias
para caracterizá-la. A vista frontal, ou seja, aquela que vai aparecer projetada no plano
vertical é a que corresponde à posição de uso da peça no mundo real, ou a que permite
visualizar melhor seu formato ou ainda, a maior quantidade de detalhes. No caso o T é
um formato mais do que familiar, mas na posição anterior, invertida, seu reconhecimento
não era favorecido, como agora.
Figura 3.9 Peça 1 em outra posição, com enquadramentos em um plano vertical e lateral
esquerdo e vistas ortográficas equivalentes.
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Figura 3.10 Peça 1 em outra posição, com enquadramentos em um plano horizontal e
lateral esquerdo e vistas ortográficas equivalentes.
Agora que as projeções vertical, horizontal e lateral da Peça 1 foram ilustradas através
das imagens fotográficas, elas serão representadas como recortes em papel branco sobre
os planos de projeção, correspondentes ao papel cartão. Observe, portanto, a figura 3.11.
Em seguida, na figura 3.12, os planos que formam o modelo são rebatidos sobre o plano
vertical. Primeiro, o plano horizontal e, em seguida, o plano lateral direito. Em cada plano
está colada, em papel recortado, a vista correspondente da Peça 1.
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Figura 3.12 Rebatimento dos planos de projeção sobre o plano vertical.
Figura 3.13 Projeções da Peça 1 nos planos vertical, horizontal e lateral, gerando as
vistas frontal, superior e lateral esquerda. Imagens à esquerda e desenho geométrico à
direita.
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Você pode observar que na figura 3.13, para representar a mesma Peça 1 de antes, nós
precisamos usar dois tipos de linhas para as arestas: uma contínua e outra tracejada. A
linha tracejada indica as arestas que estão ocultas atrás da face da peça vista por Você.
Uma terceira linha, a do tipo traço-e-ponto foi usada para indicar o eixo de simetria vertical
da peça. Um eixo desses indica que os dois lados da peça divididos pela linha são
simétricos em relação à ela. Você deve conferir essas informações estudando as vistas e
a Peça1 com atenção.
Você, também, pode estar se perguntando como essa Peça1 seria fabricada e se a
maneira de fabricá-la mudaria sua forma de representação. Então, para responder essa
pergunta muito importante, pedimos que observe a figura 3.14. Compare a vista frontal da
Peça1 fabricada por colagem de blocos, como aconteceu até aqui, com a vista de uma
peça semelhante, obtida por recorde de um bloco maciço. Observe, também, que a
simetria vertical continua existindo e é indicada por um eixo com linha traço-e-ponto.
Figura 3.14 Peça 1 "T": correspondência entre as vistas e as formas de fabricação: por
junção de dois blocos (colagem) e por recorte de bloco maciço.
Se Você quiser praticar, aqui vai uma sugestão: olhe o equipamento apresentado na
figura 3.15. Faça um para Você e mãos à obra!.
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Figura 3.15 Laboratório de desenho para o Primeiro Diedro: folha A4. VF- vista frontal;
VS- vista superior e VLE- vista lateral esquerda.
Você deve se lembrar que, quando começamos esse texto, apresentamos a ideia de
dividir o espaço em quatro regiões, ou diedros, escolhendo dois planos arbitrários, um
vertical e outro horizontal. Bem, se colocarmos nossa peça nos outros três diedros, além
do primeiro, o que aconteceria com as vistas ortográficas, depois que realizássemos o
rebatimento dos planos, como fizemos com o primeiro diedro? Observe na figura 3.16 o
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que acontece: no segundo e quarto diedros, após o rebatimento dos planos horizontal e
lateral sobre o plano vertical, as projeções se superpõem, tornando a interpretação das
vistas confusa.Já no terceiro diedro, assim como aconteceu no primeiro, consegue-se
projeções isoladas e que podem ser interpretadas com clareza.
Figura 3.16 Rebatimentos dos planos horizontal (PH) e lateral esquerdo (PLE) sobre o
plano vertical (PV) para os quatro diedros.
Você pode constatar que, apenas, no primeiro e no terceiro diedros conseguimos obter
três ou mais vistas ortográficas sem superposição, através de três faces, cada uma com
uma única indicação de plano de projeção (PH, PV, PLD ou PLE).Nas faces em que
aparecem PH e PV, simultaneamente, estamos vendo, na realidade, dois planos
superpostos. Assim, observe como nos diedros pares, a vista projetada sobre o plano
horizontal coincide com a vista projetada no plano vertical. Vamos, então, explorar o
terceiro diedro, bastante usado por países de língua inglesa.
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2.3.2 Vistas Ortográficas no Terceiro Diedro
Como foi proposto, considere que o observador está imóvel diante do plano vertical e,
agora, admita que o objeto está no terceiro diedro, portanto, atrás do plano vertical e
abaixo do plano horizontal. Para representar essa situação, de modo semelhante ao do
primeiro diedro, foi construído outro laboratório doméstico para desenho, desta vez, com
uma folha A4 de material transparente, que está ilustrado nafigura3.17.
Observe, na Figura 3.18, as imagens fotográficas da Peça 1 "T" antes de ser inserida no
laboratório de desenho para o Terceiro Diedro.
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Na Figura 3.19 o laboratório foi inserido, entre o observador e a Peça 1, posicionada no
terceiro diedro. Observe o que se vê através do plano vertical, do plano lateral esquerdo e
do plano horizontal.
Figura 3.19 Imagens da Peça 1 através dos planos vertical, lateral esquerdo e horizontal
do laboratório de desenho.
Figura 3.20 Vistas ortográficas da Peça 1 "T", recortada de um bloco maciço, no terceiro
diedro.
Você deve notar que, apesar das vistas serem iguais no primeiro e no terceiro diedro, as
posições relativas delas vão ser trocadas. Isso porque, como vimos nos fundamentos da
geometria descritiva, no primeiro diedro as linhas de projeção vão encontrar o plano de
projeção posicionado atrás do objeto, em relação ao observador. Por exemplo, o que você
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olhando da esquerda será projetado, ao fundo, no plano lateral direito. No caso do terceiro
diedro, o plano de projeção está antes do objeto, em relação ao observador e é nele que
os pontos do objeto serão indicados. Olhe de novo como os planos são rebatidos de
formas diferentes para os nossos dois laboratórios. Por isso, no primeiro diedro, a vista
lateral esquerda aparece sobre o plano lateral direito. O que se vê de cima, aparece
projetado em baixo, por isso a vista superior aparece abaixo da vista frontal, sobre o plano
horizontal e assim sucessivamente para outras visadas e suas projeções. No terceiro
diedro, o que se vê pela esquerda vai aparecer na esquerda, confirme isso, e observe
com a vista lateral esquerda se projeta sobre o plano lateral esquerdo. A vista superior
aparece acima da vista frontal e assim por diante, com outras visadas que você queira
representar. Outra coisa, veja como neste exemplo usamos uma Peça 1 "T" recortada de
um bloco maciço, enquanto antes, tínhamos usado uma peça feita com a colagem de dois
blocos. Uma aresta que antes aparecia, agora não existe mais, confirme! Resta agora
praticar!
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Observe que, em cada par, as duas vistas, em suas posições indicadas, não dão margem
à dúvida sobre o método de projeção usado. Assim para indicar esse método, basta
desenhar o par de símbolos correspondente (vista frontal e vista lateral esquerda) do
tronco de cone no campo da legenda, sem necessidade de usar qualquer outra
explicação.
Atividade 1
Atende ao objetivo 1.
Estude as dimensões que cada uma das três vistas ocupará na folha de desenho A4 e
determine a melhor escala para que o conjunto das três vistas fique centralizado nesse
pape, acima do espaço ocupado pela legenda;
Quando tiver certeza de que o desenho está completo, use a borracha e o mata-gato para
apagar as linhas provisórias, ou de construção, deixando, apenas, as vistas ortográficas.
22
Parte 1: A peça ilustrada a seguir, montada e através de seus componentes, deve ser
desenhada no primeiro e no terceiro diedros, em esboço.
Orientação:
Em uma das folhas represente as vistas frontal, superior e lateral esquerda da Peça 2, no
primeiro diedro e considerando que seus componentes foram colados; e
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Peça 3
Resposta comentada
Você deve esboçar seu desenho em papel de rascunho, antes de usar a folha destinada
ao desenho final com instrumentos. Comece seu esboço escolhendo a vista frontal da
peça. Para traçar as arestas, como não foram indicadas dimensões, você precisará
arbitrá-las, de modo a preservar a proporção entre as arestas, observável nas duas
imagens. Quando tiver finalizado seu esboço, organize a folha de desenho e distribua as
vistas ortográficas com o espaçamento de 20 mm entre elas. Você pode usar a estratégia
do quadrilátero envolvente sugerido na atividade anterior. Depois que finalizar as arestas,
apague o contorno dos quadriláteros que empregou.
2.5 Conclusão
O desenho técnico tem como fundamento a geometria descritiva e, para a construção das
vistas ortográficas, é preciso escolher o método de projeção no primeiro ou terceiro diedro
e qual será a vista principal, ou seja, a vista frontal. É a partir desta vista que as demais
serão construídas. Nesta etapa foram indicadas, a princípio, três vistas para representar
cada peça, mas, em etapas mais avançadas, este procedimento será revisitado e
discutido, já que nem sempre as três vistas usadas até aqui serão a melhor solução de
desenho.
2.6 Resumo
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introduzidas as chamadas vistas ortográficas e os métodos projetivos (primeiro e terceiro
diedros). Procurou-se integrar as linguagens descritivas, de fotografia e gráfica para
facilitar a visualização das convenções de desenho e partiu-se de peças reais até se
utilizar modelos computacionais, como objetos a serem representados usando vistas
ortográficas feitas em esboço e com instrumentos. Foram revistas algumas convenções
de linhas, uso de escala e diagramação da folha de desenho.
ESTEPHANIO, Carlos. Desenho Técnico Básico; 2o. e 3o. graus. Rio de Janeiro: Ao
Livro Técnico, 1984.
FRENCH, Thomas E. Desenho Técnico e Tecnologia Gráfica. 6. ed. São Paulo: Globo,
1999.
SILVA, Sylvio F. da. A Linguagem Do Desenho Técnico. Rio de Janeiro: Livros Técnicos
e Científicos, 1984.
SILVA, Arlindo; RIBEIRO, Carlos Tavares; DIAS, João; SOUSA, Luís . Desenho Técnico
Moderno. 4ª edição.Rio de Janeiro: LTC, 2014
25