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PCC2110

DESENHO
GEOLOGIA PARA

VOL. II

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


ESCOLA POLITÉCNICA
DEPTO. DE ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL (PCC)

2005
ÍNDICE:
1. GEOMETRIA DESCRITIVA .......................................................................................................1
1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................................1
1.2 SISTEMAS DE PROJEÇÃO ...................................................................................................1
1.3 ELEMENTOS PRINCIPAIS DA GEOMETRIA DESCRITIVA ......................................................3
1.4 PONTOS E RETAS ............................................................................................................11
1.4.1 Objetivos................................................................................................................11
1.4.2 Estudo do ponto .....................................................................................................11
1.4.3 Estudo da reta........................................................................................................12
1.4.4 Exercícios Gerais ..................................................................................................16
1.5 PLANOS ..........................................................................................................................21
1.5.1 Objetivos................................................................................................................21
1.5.2 Intersecção de plano com os quadros de projeção ...............................................21
1.5.3 Pertinência de ponto a plano ................................................................................25
1.5.4 Intersecção de plano com plano............................................................................26
1.5.5 Intersecção de reta com plano ..............................................................................28
1.5.6 Exercícios Gerais ..................................................................................................30
1.6 MÉTODOS .......................................................................................................................33
1.6.1 Objetivos................................................................................................................33
1.6.2 Rotações ................................................................................................................33
1.6.3 Mudança de planos................................................................................................39
1.6.4 Exercícios Gerais ..................................................................................................48
2. VISTAS ORTOGRÁFICAS ........................................................................................................57
2.1 OBJETIVOS ......................................................................................................................57
2.2 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................57
2.3 REPRESENTAÇÃO DE OBJETOS ATRAVÉS DO SISTEMA MONGEANO ..................................58
2.4 REVENDO A ÉPURA MONGEANA – NOMENCLATURA BÁSICA ...........................................59
2.5 VISTAS ORTOGRÁFICAS ..................................................................................................60
2.6 TIPOS DE LINHA NAS VISTAS ORTOGRÁFICAS ..................................................................65
2.7 INTERPRETANDO AS VISTAS ORTOGRÁFICAS ...................................................................65
2.8 EXERCÍCIOS ....................................................................................................................66

___________________________________________________________________
Apostila PCC2110 v.2
Geometria Descritiva

Capı́tulo 1

Introdução à Geometria
Descritiva

1.1 Objetivos
O objetivo principal é apresentar ao leitor os fundamentos da geometria des-
critiva, que é uma ferramenta gráfica para a solução de problemas geométricos
no espaço. Nossa experiência indica que o tema, apesar de ser de fácil lei-
tura, é de difı́cil aprendizado. A melhor forma de se aprender a matéria, é
fazendo exercı́cios.

1.2 Sistemas de Projeção


Até se aprender multiplicação de matrizes, era óbvio que um ente a multi-
plicado a outro b, resultaria em um ente a × b, que era igual à b × a. Em
outras palavras, a propriedade comutativa era “óbvia”. Depois da primeira
mordida na aula de multiplicação de matrizes, caı́mos na realidade: a comu-
tatividade não é óbvia, e temos a sensação de que o chão sob nossos pés não
nos sustenta firmemente, mas após algum tempo, percebemos claramente
que a nossa compreensão da matemática aumentou.
O mesmo acontece com o desenho e a geometria descritiva. Existem
inúmeros sistemas de projeção, e depois que se atinge um certo nı́vel de
maturidade, pode-se formular problemas algébricos, resolver problemas de
geodésicas (linhas de menor comprimento), ou até mesmo projetar elementos
geométricos do 4-D para sistemas de projeção 2-D. Mas paremos por aqui e
iniciemos a jornada “à maturidade”.
Apresentamos agora dois sistemas de projeção, o cilı́ndrico ortogonal e o
cônico. Em ambos os sistemas, há três elementos principais: o objeto a ser
projetado, o quadro de projeção e o centro de projeção, como é mostrado na
figura 2.1.

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Geometria Descritiva

O
Objeto a
ser projetado Centro de projeção

π
Q jeção
pro
o de
PSfrag replacements adr
Qu

Raio Visual
Figura 1.1: Elementos principais do sistema de projeção.

Um raio de luz (ou mais tecnicamente raio visual) parte do centro de


projeção O, passa por um ponto genérico P do objeto, e atinge o quadro
de projeção π em Q. Dizemos que o ponto Q é a projeção de P em π.
Projetando-se todos os pontos do objeto, obtém-se a sua projeção.
Quando o centro de projeção P está a uma distância finita (cuidado com
os conceitos de finito e infinito1 ), aqueles objetos que estão mais próximos
do centro de projeção tem projeção mais ampliada do que aqueles mais
distantes, como mostrado na figura 2.2.
Quadro de projeção

Centro de
projeção

Dois objetos de exatamente


o mesmo tamanho

Figura 1.2: Efeito da proximidade com o centro de projeção.

1
Se você consegue dar um valor limitante para distância, por maior que seja, então a
distância é finita. Por exemplo, se digo que a distância entre você e o prédio do IFUSP é
menor que um milhão de anos luz, então essa distância é finita

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Geometria Descritiva

Usando agora a abstração, coloque o centro de projeção à uma distância


infinita do quadro de projeção, mantendo o objeto a uma distância finita. O
resultado é que a distância do objeto ao quadro de projeção (note que agora,
devido ao conceito de infinito, não há sentido em falarmos em distância ao
centro de projeção) não influencia mais a ampliação da projeção com relação
ao objeto sendo projetado (ver figura 2.3).
Quadro de projeção

Centro de projeção
"no infinito"

Dois objetos de exatamente


o mesmo tamanho

Figura 1.3: Centro de projeção no infinito.

Quando o centro de projeção está a uma distância finita, temos o sistema


cônico de projeção (figura 2.1), e quando está a uma distância infinita, temos
o sistema cilı́ndrico de projeção (figura 2.4) 2 .
Continuando com a especialização, se os raios visuais são perpendiculares
ao quadro de projeção, e o centro de projeção está à uma distância infinita
do quadro (figura 2.5), então, temos o sistema cilı́ndrico ortogonal.
Duas propriedades são importantes no sistema cilı́ndrico ortogonal:

1. Um segmento de reta paralelo ao quadro de projeção é projetado em


verdadeira grandeza, isto é, o comprimento da projeção é igual ao
comprimento do próprio segmento.

2. Sejam duas retas ortogonais entre si. Se (pelo menos) uma delas é
paralela ao quadro de projeção, então as projeções das duas retas são
perpendiculares entre si. Veja figura 2.6.

Passamos agora a estudar os elementos principais da Geometria Descri-


tiva, que são: pontos, retas e planos.

1.3 Elementos principais da Geometria Descritiva


A Geometria Descritiva, foi criada por Gaspar Monge (1746-1818), um ma-
temático francês que serviu Napoleão em sua campanha pelo Egito, foi seu
Ministro da Marinha, e que tinha vários interesses tanto na Matemática
2
trata-se então de uma abstração, certo?

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Geometria Descritiva

Centro de projeção
no infinito

Raios Visuais
paralelos entre si

π
je ção
pro
o de
uadr
Q

Figura 1.4: Sistema cilı́ndrico de projeção.

como na Fı́sica e Quı́mica. Foi amigo de Lavoisier e Fourier. Para ter-


mos uma idéia do avanço cientı́fico da época, em 1800 Volta inventa a pilha
elétrica!
A motivação para a criação da Geometria Descritiva foi o projeto de for-
tes militares, que naturalmente envolvia problemas geométricos tridimensio-
nais complexos. Após sua invenção, ela foi conservada como segredo militar
por vários anos pelo próprio Napoleão. Certamente, a Geometria Descritiva
não era “óbvia”, como hoje pode parecer.
E, afinal, qual era o grande “segredo” de Gaspar Monge? Era o uso
simultâneo de dois sistemas de projeção cilı́ndricos ortogonais, ortogonais
entre si, como mostrado na figura 2.7.
Como você já deve ser capaz de intuir, um ponto no espaço é representado
no sistema mongeano como na figura 2.8.
Falando um pouco mais formalmente, um ponto P no espaço tridimen-
sional é localizado por três coordenadas, x, y e z. Através da projeção em
dois planos π1 e π2 , é possı́vel se especificar as três coordenadas de P .
A reta resultante da intersecção dos planos π 1 e π2 é denominada linha
de terra (L.T.).
Tanto o plano π2 como as figuras nele resultantes são rotacionados em
torno da L.T. de modo a ficarem coplanares com π 1 , como é indicado na
figura 2.9.
Assim, a posição de um dado ponto P pode ser totalmente descrita por

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Geometria Descritiva

Centro de projeção
no infinito

Raios Visuais
paralelos entre si,
e perpendiculares
àπ

π
j eção
pro
d e
a d ro
Qu

Figura 1.5: Sistema cilı́ndrico ortogonal de projeção.

suas projeções em π1 e π2 , dispostos em um único plano (figura 2.10), deno-


minado épura. Na épura, logo acima e abaixo da linha de terra são escritos
os algarismos correspondentes aos planos que dão origem a ela (figura 2.10).
O segmento que une as projeções do ponto P , P 1 e P2 , é denominada
linha de chamada. Perceba que ela deve ser perpendicular à linha de terra.
Convencionaremos neste curso, designar o plano π 1 , que contém os eixos x
e y, de plano horizontal de projeção e o plano π 2 , que contém os eixos x e z,
de plano vertical de projeção. A projeção de um ponto no plano horizontal
de projeção é denominada projeção horizontal, e a projeção sobre o plano
vertical, de projeção vertical.
Em resumo, pode-se perceber que um ponto no espaço pode ser com-
pletamente especificado dadas as suas projeções ortogonais em dois planos
perpendiculares (afinal de contas, temos as três coordenadas x, y, z de cada
ponto), designados plano horizontal de projeção, e plano vertical de projeção.
Os planos vertical e horizontal de projeção, dividem o espaço em quatro
diedros como é mostrado na figura 2.11.

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Geometria Descritiva

Retos!

Figura 1.6: O perpendicularismo se mantém.

Exercı́cio 1: Um ponto pode estar em qualquer um dos quatro diedros.


Faça quatro épuras indicando a posição de pontos nos quatro diedros dife-
rentes.

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Geometria Descritiva

ão
π2
jeç
e pro
od Triângulo
u adr
Q no espaço

a
Terr
a
ra

h
r

Lin 1
Te

π ção
a
nh

oj e
Li

pr
de
ro
Quad

Figura 1.7: Sistema de Monge.

Exercı́cio 2: Escreva uma justificativa simples para o fato das projeções


de um ponto estarem sobre uma reta perpendicular à linha de terra.

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Geometria Descritiva

ção
π2
r o je
p
de
ro P2
Quad P

ra
a Ter
rra

z Linh
Te

1
P
a
nh
Li

x 1
π

j eção
y ro
dep
ro
PSfrag replacements
Quad

Figura 1.8: Projeção de um ponto em dois planos perpendiculares entre si.

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Geometria Descritiva

ção
π2
roje
ep
adr
od P2
Qu P

ão
π2 ra
eç Ter rra
roj ha
P2 z e

1
ep Lin nha T

P
d Li
a dr o
π

1
Qu

ã o

oj
y

pr
de
o
dr
rra

ua
Te rra

Q
ha

1
Te

P
Lin ha
z
2

Lin
π

π
ão

rra
ç

2
je

1
P
o

te
x
pr

ão
de


de
oj
o
dr

pr
y
ua

de
nha
Q

o
dr

li
ua
Q
1

da
P

z
π
or no
1

mt
x

ão

oj

e
pr
y

PSfrag replacements to
de
o

en
dr
ua
Q

t i m
Reba

Figura 1.9: Rotação das figuras contidas em π 2 em torno da linha de terra


LT.

P2
Linha de chamada

Linha terra 2
x 1
y

P1
PSfrag replacements
Estes números
representam π1 e π2

Figura 1.10: Épura.

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Geometria Descritiva

ie dro
nd oD
u ro
Seg P2
P Die
d
e iro
Prim
de projeção π 2

ra
Ter
ha
rra
Lin
Te
a

z
nh
Li

1
P
y x
Q
ua
d ro

dro
de

ie
pr

ro D
oj
Quadro

cei
ão
π1

Ter

PSfrag replacements dr o
to Die
ar
Qu
Figura 1.11: Divisão do espaço em quatro diedros.

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Geometria Descritiva

1.4 Pontos e Retas


1.4.1 Objetivos
Os elementos geométricos principais para a resolução de qualquer problema
espacial são pontos e retas. Neste capı́tulo, examinaremos esses entes, pro-
curando no processo de aprendizado, fomentar o amadurecimentos de idéias
relacionadas ao espaço geométrico representado no sistema de Monge.

1.4.2 Estudo do ponto


A distância z de um ponto P ao plano horizontal de projeção é denominada
cota, como na geometria cotada, que você já estudou no primeiro semestre.
Na épura, a cota é a distância acima da linha de terra até a projeção vertical
do ponto, como é mostrado na figura 2.12. Um ponto pertencente ao plano
horizontal de projeção tem cota nula, e portanto, na épura, sua projeção
vertical deve estar na linha de terra. A coordenada y de um ponto P é
denominada afastamento. Na épura, o afastamento é a distância abaixo da
linha de terra até a projeção horizontal do ponto. A coordenada x, fixada a
partir de uma origem arbitrária, é denominada abscissa.

(P tem
P2
abscissa,
P
afastamento
err
a e cota
1
Q

aT
ra

h
Lin
r
Te

positivos)
a
nh

ta)
Li

o
z (c
en sa)

1
P
am is

)
to
st c
fa bs
(a (a
y x

(Q tem Q
PSfrag replacements afastamento
Q2
e cota
negativos)

Figura 1.12: Cota, afastamento e abscissa de um ponto.

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Geometria Descritiva

Um ponto pertencente ao plano vertical de projeção tem coordenada y


nula, e portanto, sua projeção horizontal deve estar sobre a linha de terra.
É importante notar que é possı́vel a existência de cotas e afastamentos ne-
gativos. Por exemplo, um ponto no segundo diedro tem cota positiva, mas
afastamento negativo. Um ponto no terceiro diedro tem cota e afastamento
negativos.

Exercı́cio 3: Os pontos A, B, C e D são dados em épura. Determinar:

1. as projeções dos pontos A’ e B’, simétricos de A e B com relação ao


plano horizontal de projeção.

2. as projeções dos pontos C’ e D’, simétricos de C e D com relação ao


plano vertical de projeção.
PSfrag replacements
B2 D1
A2 C1
B1 D2
2 2
1 1
A1 C2

1.4.3 Estudo da reta

Elementos principais

Uma forma de se especificar uma reta r é fornecendo dois pontos por onde
ela passa. Uma outra seria através de suas projeções em π 1 e π2 como é
mostrado na figura 2.13. Perceba que já estamos usando a nova ferramenta
(épura) que acabamos de apresentar. Há quatro pontos e dois segmentos de
reta no desenho, mas eles representam apenas um segmento de reta e dois
pontos.

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Geometria Descritiva

π2
A2
A2
A

Linha de chamada
B2
2

Linha de chamada
1
1
A

B2 A1
PSfrag replacements B π1

B1
1
B

Figura 1.13: Projeções de uma reta na épura.

Exercı́cio 4: São dados uma reta r e um ponto P ∈ r, representados


em épura. Determinar a projeção do ponto P em π 1 .

r2
P2

2
1

PSfrag replacements r1

Na designação das projeções da reta, usa-se como ı́ndice o número do


plano de projeção correspondente. Assim, por exemplo, a projeção em π 2
é designada por r2 . Os traços de uma reta são pontos resultantes das in-
tersecções da reta com os planos de projeção. Um exemplo é mostrado na
figura 2.14. É muito importante compreender a épura associada.

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Geometria Descritiva

π2 )2
π 2
(r∩
(r ∩ π2 )2

Linha de chamada
(r ∩ π1 )2 2

Linha de chamada
1
2)
π
Linha Terra
rra
(r ∩ π2 )11
)2 a Te ∩
(r
1 inh
∩π L
(r
PSfrag replacements π1
(r ∩ π1 )1
1
1)
π

(r

Figura 1.14: Traços de uma reta.

O traço de uma reta r no plano π1 é designada por r ∩ π1 e no plano π2 ,


r ∩ π2 .

Veja que o traço no plano horizontal tem cota nula, e portanto, na épura,
a projeção vertical de tal traço deve estar sobre a linha de terra. Raciocı́nio
análogo pode ser feito para o traço no plano vertical. Note também que as
linhas de chamada são sempre perpendiculares à linha de terra.

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Geometria Descritiva

Exercı́cio 5: Determinar os traços da reta r no plano horizontal π 1 e


vertical π2 . Se você acertou, deve ter marcado no papel quatro pontos.

r2

2
1
r1

PSfrag replacements

Exercı́cio 6: Determinar os traços da reta r com os planos de projeção.


Obter na reta r o ponto A de afastamento igual ao comprimento d e o
ponto B de cota d2 .

r2

2
1
r1
PSfrag replacements

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Geometria Descritiva

Faça todos os exercı́cios que agora são propostos. Alguns são desafios.

1.4.4 Exercı́cios Gerais

Exercı́cio 7: Completar as projeções que faltam, sabendo-se que as


retas r e s são concorrentes entre si e o ponto O pertence à s.

r2
s2

PSfrag replacements
2

1
r1
O1

Exercı́cio 8: Convença-se de que o ângulo  (pense no espaço)


mostrado na épura é retoa .

A2 2

A1 1
PSfrag replacements

a
Parece óbvio, mas nessa altura do campeonato, você já deve saber que não é!

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Geometria Descritiva

Exercı́cio 9: Convença-se de que o ângulo  mostrado na épura não


tem 60◦ .

60◦

A2

2
1

A1

PSfrag replacements

Exercı́cio 10: Quantas retas no espaço formam um ângulo de 60 graus


com π1 e são frontais?

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Geometria Descritiva

Exercı́cio 11: Representar em épura três retas que fazem um ângulo de


60 graus com π1 .

Exercı́cio 12: Traçar por um ponto A situado no primeiro diedro (A


é arbitrário, você escolhe a sua posição), as retas paralelas à π 2 que fazem
um ângulo de 60◦ com π1 e obter seus traços.

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Geometria Descritiva

Exercı́cio 13: Os pontos A e B definem uma reta s paralela à reta r.


Determine as projeções de s.

r2

A2
2
1
PSfrag replacements
r1 B1

Exercı́cio 14: Determinar a reta s paralela à π 1 que passa por A e que


se apóia na reta r.

r2

A2
2
1
r1

PSfrag replacements

A1

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Geometria Descritiva

Exercı́cio 15: Determinar a reta perpendicular à π 2 que se apóia nas


retas re s.

r2

s2
2
1

r1
PSfrag replacements

s1

Exercı́cio 16: Determinar as retas que passam por A, fazem um ângulo


de 60 graus com π1 , e que se apóiam em r.

A2
r2

2
1

PSfrag replacements
r1 A1

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Geometria Descritiva

1.5 Planos
1.5.1 Objetivos
Prosseguiremos analisando os principais elementos da Geometria Descritiva.
Vermos agora “planos”, e suas relações com pontos e retas que vimos no
capı́tulo 2.4. Temos agora três elementos; assim o número de combinações,
interrelações entre eles, é necessariamente maior que quando tı́nhamos ape-
nas pontos e retas para estudar. Concretamente, as relações a ser estudadas
são:
• Intersecção de plano com os quadros de projeção π 1 e π2 .
• Pertinência de ponto a plano;
• Intersecção de plano com plano;
• Intersecção de reta e plano.
Esses itens são os que veremos nas seções seguintes.

1.5.2 Intersecção de plano com os quadros de projeção


A intesecção de um plano qualquer com um quadro de projeção se chama
traço. Assim, a interseção de um plano α com π 1 se chama traço de α em
π1 e é simbolizado por α ∩ π1 . Caso análogo acontece com a intesecção com
π2 (veja figura 2.15).
Se você atentar bem, α ∩ π1 e α ∩ π2 , que são retas, se interseptam em
um ponto P 3 pertencente à linha de terra. Isso deveria realmente acontecer,
pois a linha de terra é resultado da intersecção π 1 ∩ π2 , e interesecção de
reta e plano é um ponto. Daı́:
(π1 ∩ π2 ) ∩ α = P
(π1 ∩ α) ∩ (π2 ∩ α) = P
A épura fica então como a figura 2.16.
A figura 2.16 é realmente importante. Note que cada traço do plano
α, que são retas, tem duas projeções. Por exemplo, a reta α ∩ π 1 tem as
projeções (α ∩ π1 )1 e (α ∩ π1 )2 . Ocorre que a reta (α ∩ π1 )1 está exatamente
sobre o plano π1 e a reta (α ∩ π2 )2 , exatamente sobre π2 . Então, para evitar-
mos confusão de linhas, sı́mbolos e ı́ndices, convencionaremos que quando
um elemento geométrico (ponto, reta, plano, figura, etc.) estiver sobre 4 um
dos planos de projeção5 , representaremos apenas a projeção mais significa-
tiva, ou seja aquela que não coincidir com a linha de terra. Deste modo,
3
A rigor, {P}, mas vamos relaxar.
4
Um ponto pertence a um plano e retas, planos e figuras estão contidas em um plano
5
Se um elemento está sobre um dos planos de projeção, então sua projeção sobre o
outro plano será coincidente com a linha terra

Apostila PCC2110 v.2 21


Geometria Descritiva

ão
π2
rojeç
p
o de Plano no espaço
r
Q uad

π2

α

P α ∩ π1
1

π
j eção
pro
Traços o de
PSfrag replacements adr
Qu

Figura 1.15: Traços de um plano no espaço.

como essa simplificação, a épura da figura 2.16 fica sendo como mostrada
na figura 2.17
Um plano no espaço fica definido quando são dados três de seus pontos,
um ponto e uma reta a ele pertencentes; duas retas coplanares; sua normal
(lembra-se do curso de Álgebra Linear ?) e um ponto, uma reta contida
no plano e o requisito de que o plano deve ser paralelo a uma outra reta,
etc, etc, etc. Realmente, existem várias formas de se especificar um plano
no espaço, mas convencionaremos que um plano somente é conhecido se os
traços nos planos de projeção são dados.
Como exemplo, suponha que são dados três pontos A, B e C pertencentes
a um plano α, e pede-se determinar os traços de α. Para achar um ponto
pertencente ao traço em π1 , basta unir dois pontos dados, digamos A e
B, e determinar o traço da reta AB em π 1 , com foi visto no capı́tulo 2.4
(veja figura (fig:TracosReta)). Determinando-se os traços de, digamos, AB
e AC, nos planos de projeção, e ligando pontos correspondentes, pode-se
determinar os traços do plano α . A situação toda está ilustrada na figura
2.18.

Apostila PCC2110 v.2 22


Geometria Descritiva

)2
π2


(α ∩ π1 )2 ∩ (α ∩ π2 )1


π1
PSfrag replacements )1

Figura 1.16: Épura dos traços de um plano.

π2

α
2

α∩ 1
π1

PSfrag replacements

Figura 1.17: Épura simplificada dos traços de um plano.

Apostila PCC2110 v.2 23


Geometria Descritiva

Traços retas
A

C
B

Traços Traços retas


plano

Figura 1.18: Traços de um plano e traços de retas nele contidas.

Exercı́cio 17: Determinar os traços do plano α definido pelos pontos A,


B e C indicados na épura abaixo.

B2

A2
C2
2
1
PSfrag replacements
B1
A1
C1

Apostila PCC2110 v.2 24


Geometria Descritiva

1.5.3 Pertinência de ponto a plano


Para se determinar se um ponto P pertence a um plano α, deve-se recair
primeiro no problema da pertinência de ponto a reta. Se r ⊂ α e P ∈ r,
então P ∈ α.

Exercı́cio 18: Seja α dado pelos seus traços nos planos de projeção.
Forneça uma reta qualquer r contida em α e seus traços.

π2
α∩

α∩
1
π1
PSfrag replacements

Exercı́cio 19: Verifique se o ponto P pertence à α.

π2 P1

α

2
α∩ 1
PSfrag replacements π1
P2

Um problema natural que pode surgir para você é a determinação do


ponto de uma determinada reta que tem distância zero a um plano, ou seja,

Apostila PCC2110 v.2 25


Geometria Descritiva

a intersecção de uma reta com um plano. Para se resolver esse problema, é


necessário primeiro atacar outro, que é a intersecção entre dois planos.

1.5.4 Intersecção de plano com plano

Partimos do fato que a intersecção entre dois planos é uma reta 6 . Ora, se
é uma reta, para determiná-la, bastam dois pontos. Seja a épura na figura
2.19 onde estão representados dois planos α e β.

β

B2 π2
π2

α
PSfrag replacements A2 2
α ∩ B1 1
π1

π1
β∩

A1

Figura 1.19: Intersecção de dois planos: uma conjectura.

Uma conjectura plausı́vel é afirmar que os pontos A e B pertencem à


intersecção α ∩ β. E realmente pertencem? A resposta é sim, pelo seguinte
argumento:

A = (π2 ∩ α) ∩ (π2 ∩ β) ⇒ A ∈ (α ∩ β)
B = (π1 ∩ α) ∩ (π1 ∩ β) ⇒ B ∈ (α ∩ β)

A intersecção entre os planos é mostrada na figura 2.20.

6
Deixemos de lado casos patológicos

Apostila PCC2110 v.2 26


Geometria Descritiva

β (α ∩ β)2
PSfrag replacements π 2 B2 ∩
∩ π2
α
A2 2
α ∩ B1 1
π1

π1
β∩
(α ∩ β)1 A1

Figura 1.20: Intersecção de dois planos: solução

Exercı́cio 20: Sejam dois planos α e β e uma reta r ⊂ β. Determine r∩α.

α

B2 π2
π2 r2

β
A2
2
PSfrag replacements
β∩ B1 1
π1
π1

r1
α∩

A1

Apostila PCC2110 v.2 27


Geometria Descritiva

No último exercı́cio, você deve ter concluido que a intersecção r ∩ α é


dada por r ∩ (α ∩ β), sendo que α ∩ β foi determinado em exercı́cio anterior.
A grande lição é que para se determinar a intersecção de uma reta com
um plano, é funcamental ter à disposição um plano que passe pela reta. Se
esse plano não é dado, criamos um em uma posição arbitrária 7 .

1.5.5 Intersecção de reta com plano

Da última seção tiramos que para se determinar a intersecção de reta com


plano, é necessário primeiro criarmos um plano que contenha a reta. Existem
infinitos planos, basta escolher um!
Suponha que seja dada uma reta no espaço e seja pedido que se passe
um plano qualquer por ela. Pensando em termos de épura, a única restrição
é que os traços do plano passem pelos traços da reta nos planos de projeção.
Só.

Exercı́cio 21: Seja a reta r. Dê um plano arbitrário que contenha r.

r2

2
1

PSfrag replacements
r1

Agora suponha que no exercı́cio anterior seja acrescido um plano α, e


que seja pedido a intersecção de α com r. Sei que você sabe resolver!

7
Arbitrária, e não “aleatória” como muitos estudantes dizem. Esse erro dá até arrepios!

Apostila PCC2110 v.2 28


Geometria Descritiva

Exercı́cio 22: Sejam a reta r e o plano α.Determine r ∩ α.

α

π2
r2

2
1

r1
1
π

α

PSfrag replacements

Apostila PCC2110 v.2 29


Geometria Descritiva

1.5.6 Exercı́cios Gerais

Exercı́cio 23: São dados três planos no espaço. Pede-se a intersecção


entre eles. Quais são as possibilidades para o resultado da intersecção?

Exercı́cio 24: Verifique se a reta r pertence ou não ao plano α dado


pelos seus traços.

α ∩ π2

r2 2
1
PSfrag replacements
r1

α ∩ π1

Apostila PCC2110 v.2 30


Geometria Descritiva

Exercı́cio 25: Verifique se o ponto P pertence ou não ao plano α


definido pelas retas r e s concorrentes.

r2

P2 s2
2
PSfrag replacements r1
1

P1
s1

Exercı́cio 26: São dados um plano α e uma reta r ⊂ α. Determine a


projeção de r sobre o plano horizontal π 1 .

r2

α ∩ π2

2
1
PSfrag replacements

α ∩ π1

Apostila PCC2110 v.2 31


Geometria Descritiva

Exercı́cio 27: Seja um ponto P pertencente a um plano α. Determine a


projeção de P sobre o plano horizontal π 1 .

P2

α ∩ π2

2
1
PSfrag replacements

α ∩ π1

Exercı́cio 28: Determinar a reta r normal ao plano α, passando pelo


ponto P ∈ α.

α ∩ π2

P2
2
1
PSfrag replacements

P1

Apostila PCC2110 v.2 32


Geometria Descritiva

A2

B2

2
1
B1
PSfrag replacements

A1

Figura 1.21: Segmento de reta na épura: obter sua VG.

1.6 Métodos
1.6.1 Objetivos
Veremos agora métodos geométricos poderosos para atacar problemas mais
difı́ceis, e ao mesmo tempo que estudamos, você verá que a sua compreensão
da Geometria Descritiva aumenta. Se você realmente aprender o conteúdo
dessa aula, ficará bem claro que a resolução de problemas em Geometria
Descritiva não se baseia em um amontoado de regras arbitrárias, mas sim
em operações bem fundamentadas na geometria projetiva.
Concretamente, veremos dois métodos: Resolução de problemas na épura
por rotação de objetos e por mudança de planos de projeção.

1.6.2 Rotações
Um problema clássico é a determinação da verdadeira grandeza 8 de entes
geométricos, como segmentos de reta e áreas de polı́gonos, quando estes
estão representados na épura. Suponha que você deva obter o comprimento
do segmento AB representado na épura da figura 2.21.
Naturalmente, você pode usar o teorema de Pitágoras, mas queremos
que você use métodos puramente geométricos (régua e compasso). Como
fazer?
Uma saı́da seria rotacionar AB em torno de um eixo perpendicular à π 2
8
Vimos o que é verdadeira grandeza na aula de Geometria Cotada no primeiro semestre

Apostila PCC2110 v.2 33


Geometria Descritiva

A2

Nova posição
A2 0
B2 2

linha de chamada
1
B1
PSfrag replacements

eixo

A1 A1 0

Figura 1.22: Rotação de Segmento.

passando por B, até que AB fique paralelo à π 1 . Daı́ é só medir com a régua
a projeção de AB na nova posição. A operação está descrita na figura 2.22.

Apostila PCC2110 v.2 34


Geometria Descritiva

Exercı́cio 29: Determinar a intersecção a reta r com o cone γ usando a


técnica da rotação. Note que r está em uma posição particular que facilita
grandemente a resolução do problema.
A2

r2
2

A1

r1

PSfrag replacements

Um problema mais sofisticado seria saber se dada uma figura plana,


pode-se, de alguma forma, rotacioná-la para obter a sua verdadeira gran-
deza. A resposta é afirmativa. Precisamos apenas de duas rotações con-
secutivas. Primeiramente, é necessário localizar uma reta horizontal h que
servirá de “eixo”. Como não necessariamente este eixo está numa posição

Apostila PCC2110 v.2 35


Geometria Descritiva

conveniente, isto é, perpendicular à π 2 , fazemos uma rotação de h e de toda


a figura, de forma que h se posicione perpendicularmente à π 2 . O segundo
passo é rotacionar a figura em torno da nova posição de h. A operação é
ilustrada na figura 2.23.

Resolva novamente o exercı́cio da intersecção do cone, mas agora note


que a reta r está em uma posição genérica no espaço.

Apostila PCC2110 v.2 36


Geometria Descritiva

Primeiro passo: Segundo passo:


Idenficar horizontal Rotacionar horizontal
6 6 6
new

eixo
0 reta horizontal 8 reta horizontal
new
0
8 8
4
new
4 2 4 2
1 1
5 5
9 9

ret ret
a ho 3 ah
ori
3 riz
on
tal
new 3 zon
tal

5
new
6
new
7 7

8
new

4
new
2 7
new
1

3 Terceiro passo:
new
Obter V.G.

5 5
new newer
V.G

7 7
new newer

Figura 1.23: Rotação de uma figura no espaço.


Geometria Descritiva

Exercı́cio 30: Determinar a intersecção a reta r com o cone γ usando a


técnica da rotação.
A2

r2
2

A1

r1

PSfrag replacements

Apostila PCC2110 v.2 38


Geometria Descritiva

2
1

Figura 1.24: Épura tradicional.

1.6.3 Mudança de planos


A primeira coisa a ser feita é uma “mudança de mentalidade”. Desde que
começamos o nosso curso, a épura sempre foi representada com a linha terra
paralela à borda inferior do papel (ou do monitor!), como mostrado na figura
2.24
Nada impede que a linha terra fosse colocada de modo inclinado como
ilustrado na figura 2.25
Ou ainda mais radicalmente, colocássemos duas linhas terra, como mos-
trado na figura 2.26.
E que situação a figura 2.26 estaria representando espacialmente? E se
um ponto P fosse representado nessa épura com duas linhas de terra, quais
seriam as posições das projeções de P ?
Para responder, veja a figura 2.27.
Note que a cota do ponto, ou a distância do ponto P à π 1 é constante,
independente da posição do plano vertical (π 2 , π3 , e outros arbitrariamente
colocados).
Pode-se então colocar o plano vertical π 3 onde quisermos, sendo que na
épura, a cota dos pontos representada em π 3 deve ser a mesma representada
em π2 .
A essa operação de colocarmos planos de projeção adicionais chamamos
de mudança de planos. Ela pode ser usada para a obtenção da VG de figuras
no espaço.
Por exemplo, seja novamente o segmento AB da figura 2.21. A obtenção
de sua VG por mudança de planos está mostrada na figura 2.28.
Resolva novamente o problema da intersecção da reta com cone usando
mudança de planos.

Apostila PCC2110 v.2 39


Geometria Descritiva

2
1

Figura 1.25: Também é épura.

2
1
3
1

Figura 1.26: Épura generalizada.

Apostila PCC2110 v.2 40


Geometria Descritiva

P2

mesota
c
ma
P2
P P P3
3

ra 2 ma
mesota
a Ter z( c
L inh Lin co
ha ta
ta) Ter ) 1
o P1
z (c a 3
1
1
P

PSfrag replacements

Figura 1.27: Épura generalizada mostrando projeção de ponto.

A2

B2
2
1
B1

A1
B2
new
1
V.G.
B1
PSfrag replacements

A2
new

Figura 1.28: Obtenção de VG de segmento de reta.

Apostila PCC2110 v.2 41


Geometria Descritiva

Exercı́cio 31: Determinar a intersecção a reta r com o cone γ usando a


técnica da mudança de planos. Note que r está em uma posição particular
que facilita grandemente a resolução do problema.
A2

r2
2

A1

r1

PSfrag replacements

O próximo exercı́cio é importante.

Apostila PCC2110 v.2 42


Geometria Descritiva

Exercı́cio 32: Determinar um plano de projeção (sua linha de terra)


perpendicular ao plano definido pelos pontos A, B e C. Além disso, deter-
minar a projeção do triângulo ABC no novo plano de projeção (deve dar
apenas um segmento de reta).
A2

B2

C2
2
1
A1

C1

B1

PSfrag replacements

Apostila PCC2110 v.2 43


Geometria Descritiva

Como esse exercı́cio é importante, aqui está a sua resolução:

A2

B2

C2
2
1
A1
1
3

C1

B1
PSfrag replacements
solução

O próximo problema será apenas um exercı́cio de aplicação:

Apostila PCC2110 v.2 44


Geometria Descritiva

Exercı́cio 33: Determinar a VG do triângulo ABC representado na


épura. Note duas coisas:

• A épura deste problema é igual a épura solução do exercı́cio anterior;

• O triângulo está em uma posição particular.

A1
1
3

C1

B1
A3
C3 B3

PSfrag replacements

Agora a próxima questão, natural, é perguntar se podemos usar o método


de mudança de planos para se resolver o problema de determinar a VG de
uma figura plana colocada em uma posição qualquer do espaço. A resposta
é afirmativa, e se você realmente está entendendo a exposição, você já sabe
qual é o procedimento. O procedimento de solução pode ser resumido assim:

• “Mudar o plano de projeção” de modo a fazer com que a figura plana


fique perpendicular ao novo plano de projeção;

• o resultado do passo anterior define um novo problema, que é o de se


determinar a VG de uma figura em uma posição particular.

Apostila PCC2110 v.2 45


Geometria Descritiva

Resolva agora o problema completo:

Exercı́cio 34: Determinar a VG do triângulo definido pelos pontos A,


B, e C.
A2

B2

C2 2
1
A1

C1

B1

PSfrag replacements

Como aplicação do que acabamos de ver, resolva o “problema do cone”


novamente, mas agora usando o novo método:

Apostila PCC2110 v.2 46


Geometria Descritiva

Exercı́cio 35: Determinar a intersecção a reta r com o cone γ usando a


técnica da mudança de planos de projeção.
A2

r2
2

A1

r1

PSfrag replacements

Apostila PCC2110 v.2 47


Geometria Descritiva

1.6.4 Exercı́cios Gerais

Faça os “Projetos” em folha separada.

Exercı́cio 36: Determinar a distância entre a reta r e o ponto P usando


o método da rotação.
P2
r2

2
1

r1

P1

PSfrag replacements

Apostila PCC2110 v.2 48


Geometria Descritiva

Exercı́cio 37: Determinar a distância entre a reta r e o ponto P usando


o método da mudança de plano de projeção.
P2
r2

2
1

r1

P1

PSfrag replacements

Apostila PCC2110 v.2 49


Geometria Descritiva

Exercı́cio 38: Determinar a intersecção entre a reta r e o plano α


usando mudança de planos.
α ∩ π2
r2

2
1

PSfrag replacements

α ∩ π1 r1

Exercı́cio 39: Obtenha a V.G. do ângulo entre os planos α e β.


α ∩ π2

β ∩ π2

2
1

α ∩ π1 ≡ β ∩ π 1

PSfrag replacements

Apostila PCC2110 v.2 50


Geometria Descritiva

Exercı́cio 40: Obtenha o ponto C da reta t que eqüidista dos planos α


e β.
.

t2

β ∩ π2
α ∩ π2

2
1

t1

α ∩ π1 ≡ β ∩ π 1

PSfrag replacements

Apostila PCC2110 v.2 51


Geometria Descritiva

Exercı́cio 41: Obtenha os traços do plano α, sabendo que ele contém a


reta r e é forma um ângulo de 45 deg com π 1 .
.

r2

2
1

r1

PSfrag replacements

Apostila PCC2110 v.2 52


Geometria Descritiva

Projeto 1: Seja o paralelepı́pedo γ, e o vetor v = (1, 1, 1) a . Use o


método de mudança de planos de modo que v seja projetado como um
ponto, e obtenha a projeção do paralelepı́pedo.

v2

γ2

2
1

γ1

v1

PSfrag replacements

a
ver capı́tulo 2

Apostila PCC2110 v.2 53


Geometria Descritiva

Projeto 2: São dados o telhado de uma casa e um poste. Qual é o


comprimento do menor fio de luz que que liga o topo do poste X ao telhado
A?

A2

X2

1
X1

A1

PSfrag replacements

Apostila PCC2110 v.2 54


Geometria Descritiva

Projeto 3: Dois turistas estão discutindo se a rota de vôo mais curta


entre São Paulo (23 deg Sul 46 deg Oeste) e Tóquio (35 deg Norte 139 deg
Leste) passa por Los Angeles (34 deg Norte 118 deg Oeste) ou Nova Iorque
(40 deg Norte 74 deg Oeste). Descubra quem tem razão usando a geometria
descritiva. Para isso, resolva os seguintes problemas parciais:

1. Faça uma mudança de planos de projeção de modo que a reta que liga
o centro da Terra e São Paulo seja projetada como uma reta frontal
no novo sistema.

2. Faça uma nova mudança de planos de modo que a reta que liga o
centro da Terra e São Paulo seja projetada como uma reta de topo.

3. Qual dos dois turistas tem razão?

Obs: Um desenho do mapa da Terra foi dado, mas ele é apenas ilustrativo!

Projeto 4: Ao levantar vôo em São Paulo (23 deg Sul, 46 deg Oeste) um
avião viaja em diretamente à Sydney (33 deg Sul, 15 deg Leste). O ângulo
que a direção do avião forma com a direção norte (ambas são tangentes
à superfı́cie da terra) pode ser lida usando uma bússola. Determine este
ângulo, desprezando a diferença entre os polos magnético e geográfico.

Apostila PCC2110 v.2 55


Vistas Ortográficas

2. VISTAS ORTOGRÁFICAS
2.1 OBJETIVOS
• Capacitar o leitor a compreender o sistema mongeano de projeção;
• Entender o que são vistas ortográficas e desenhá-las a partir de uma perspectiva
de um objeto;
• Mentalmente reconstituir o objeto correspondente a um conjunto de vistas.

2.2 INTRODUÇÃO
Pode-se afirmar que o assunto vistas ortográficas é um dos mais importantes do
currículo de um curso de desenho técnico, pois se trata de seu principal meio de
transmissão de idéias em engenharia. Um exemplo é mostrado na figura 1.

Figura 1. Um exemplo de vistas ortográficas.


Seu emprego permite uma representação muito mais compacta, no sentido de
quantidade de informação transmitida, de objetos complexos tais como motores e suas
partes, edificações e suas instalações, embarcações, etc., do que a conseguida através do
desenho de perspectivas.
Vistas ortográficas são projeções cilíndricas sobre planos de projeção
perpendiculares entre si, segundo direções perpendiculares aos planos , como mostra a
figura 2. Apesar de na figura 2, estarem desenhados somente dois planos de projeção,
pode-se ter até seis planos (na frente, atrás, dos lados, acima e abaixo do objeto).

___________________________________________________________________
Apostila PCC2110 v.2 57
Vistas Ortográficas

Figura 2 - Geração das vistas ortográficas.

Os conceitos teóricos que embasam o desenho de vistas ortográficas são a teoria


das projeções e o sistema mongeano de representação.

2.3 REPRESENTAÇÃO DE OBJETOS ATRAVÉS DO SISTEMA


MONGEANO
Suponha que a informação sobre um objeto quanto a suas dimensões, forma,
proporções deva ser transmitido entre duas pessoas através de um meio bi-dimensional.
O jeito mais racional é fazê-lo por meio de um desenho, que necessariamente é uma
projeção do objeto tridimensional.
Para que a comunicação seja eficaz e eficiente, a pessoa que “lê” o desenho deve
ser capaz de reconstituir o objeto original que gerou a projeção. Se apenas um centro de
projeção é utilizado, percebe-se que a reconstituição do objeto é impossível, conforme é
ilustrado na figura 3. Dado um ponto, pode-se determinar sua projeção, mas dada a
projeção, não é possível localizar o ponto.
O

π
P
O

Figura 3 - Ponto P e a sua projeção


Para fixar a posição de um ponto P no espaço, Gaspar Monge criou o método da
dupla projeção ortogonal, que emprega dois planos de projeção π1 e π2, perpendiculares
entre si, sobre os quais se projeta o ponto ortogonalmente segundo dois centros e
projeção. A posição do ponto P fica claramente definida.

___________________________________________________________________
Apostila PCC2110 v.2 58
Vistas Ortográficas

Figura 4 - Sistema mongeano de representação.

O método da dupla projeção ortogonal pode ser também utilizado para se


representar objetos tridimensionais no espaço conforme a figura 4. Nesta figura vemos
ainda um terceiro plano de projeção ortogonal, sendo todos os planos perpendiculares
entre si.

2.4 REVENDO A ÉPURA MONGEANA – NOMENCLATURA BÁSICA


A reta de interseção entre os planos de projeção é denominada linha de terra
(L.T.).

Figura 5 - Os quatro diedros.


Os planos de projeção π1 e π2 dividem o espaço em 4 regiões distintas,
denominadas 1º, 2º, 3º e 4º diedros (figura 5). Para que as projeções obtidas pelo
método de Monge sejam desenhadas sobre uma única superfície, as imagens sobre
π1 são rotacionadas em torno da linha de terra, até que elas sejam contidas em π2 (figura
6).

___________________________________________________________________
Apostila PCC2110 v.2 59
Vistas Ortográficas

O segmento que une as projeções de um ponto, na nova configuração, é


denominada linha de chamada. Perceba o perpendicularismo entre a linha de terra e a
linha de chamada.

Figura 6 - Rebatimento do plano de projeção.

A representação de uma figura por suas projeções, como acima descrito, num
único plano é denominada épura mongeana.

PERGUNTA: Você é capaz de reconstituir mentalmente o cilindro a partir da


épura da figura 6? Explique. Qual a sua posição no espaço tridimensional
(lembre-se que o plano Frontal não muda de posição!)
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
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__________________________________________________________
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__________________________________________________________
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2.5 VISTAS ORTOGRÁFICAS


Vistas ortográficas são as projeções de um objeto numa épura mongeana. O
objeto é posicionado de tal forma que o paralelepípedo mínimo que contém o objeto
tenha suas faces paralelas aos quadros de projeção.

___________________________________________________________________
Apostila PCC2110 v.2 60
Vistas Ortográficas

Escolhemos como face frontal do paralelepípedo mínimo aquela que apresenta


mais detalhes do objeto, ou as maiores dimensões (figura 7). Desta forma, ao definirmos
a vista frontal, ficam definidas as demais vistas.

Figura 7. Vistas frontal (F), superior (S), e laterais direita (LD) e esquerda (LE)

O objeto, em relação aos planos de projeção, pode estar situado em qualquer


diedro, mas tem-se interesse apenas quando ele está posicionado no 1º ou no 3º diedro.
Quando o objeto é colocado no 3º diedro, o quadro de projeção se localiza entre o
observador e o objeto, e quando está no 1º diedro não (reveja a figura 5). O sistema de
1º diedro é utilizado nas normas DIN (Deutsches Institut für Normung) e o de 3º diedro
pelas normas ANSI (American National Standards Institute). No Brasil, as
representações podem ser feitas pelos dois sistemas, indicando-se o símbolo do diedro
usado, indicado pela épura de um tronco de cone (figura 8).

Figura 8 - Projeções no primeiro e no terceiro diedro.


Como foi dito no início do texto, pode-se ter até seis quadros de projeção
perpendiculares entre si para a representação em épura mongeana.
Fica fácil imaginá-los se considerarmos um cubo de vidro que envolve o objeto.
Nele, cada face seria um quadro de projeção, e quais corresponderiam aos planos π1 e π2
depende do diedro considerado. A épura é obtida pelo “desdobramento” da caixa
conforme é mostrado na figura 9.

___________________________________________________________________
Apostila PCC2110 v.2 61
Vistas Ortográficas

Figura 9 - Obtenção da épura com 6 vistas.

As projeções obtidas nas faces do cubo recebem nomes especiais: vista frontal,
superior, lateral direita, lateral esquerda, inferior e posterior, conforme a direção que se
olha, ou projeta, o objeto.
Se o objeto for colocado no 1º diedro, a vista lateral esquerda é desenhada a
direita, a lateral direita, à esquerda, a superior em baixo, e assim sucessivamente, como
é indicado nas figuras 9 e 10. Perceba que este fato é conseqüência de uma teoria bem
fundamentada e não se trata apenas de uma regra.

Figura 10 - Vistas ortográficas de um objeto colocado no primeiro diedro.


Se o objeto for colocado no 3º diedro, o que significa que o quadro de projeção
está entre o observador e o objeto, então a vista lateral direita é desenhada a direita, a
lateral esquerda à esquerda, e assim por diante (figura 11).

___________________________________________________________________
Apostila PCC2110 v.2 62
Vistas Ortográficas

Figura 11 - Vistas ortográficas de um objeto colocado no terceiro diedro.

Além da posição relativa das vistas (lateral direita à esquerda, etc.) há uma
preocupação quanto ao distanciamento entre as próprias vistas. Para compreender esta
preocupação, considere a projeção de um ponto P colocado no primeiro diedro em três
planos de projeção ortogonais. As vistas na épura obtidas da projeção nos três planos
são mostradas na figura 12. Nesta figura é muito importante notar que a distância entre
PD e a linha de terra correspondente é exatamente a mesma que a distância entre Ps e
sua linha de terra. A principal conclusão tirada é que os pontos nas vistas, que
correspondem ao mesmo ponto P no espaço, devem estar à mesma distância das
respectivas linhas de terra.
Baseado no fato acima, convenciona-se colocar as vistas a uma mesma distância δ umas
das outras conforme é mostrado na figura 13.

___________________________________________________________________
Apostila PCC2110 v.2 63
Vistas Ortográficas

PS
PD PF
D PD P

PF S
Primeiro diedro PS

Figura 12 - Posição relativa das vistas.

Figura 13 - Distanciamento entre as vistas.

PERGUNTA: Em que diedro estão representados os objetos abaixo?

___________________________________________________________________
Apostila PCC2110 v.2 64
Vistas Ortográficas

EXERCÍCIO: Faça um esboço das vistas F, S, LD e LE do objeto abaixo no


1º diedro.

2.6 TIPOS DE LINHA NAS VISTAS ORTOGRÁFICAS

Para o desenho de vistas ortográficas, usa-se basicamente dois tipos de linha: a


cheia e a tracejada (não confundir com pontilhada).
Grosso modo, a linha cheia é usada para se representar contornos e arestas do
objeto que são visíveis a partir do ponto de observação. A linha tracejada é usada para
representar contornos e arestas que não são visíveis do ponto de observação (reveja
figuras 11 e 13).
A norma brasileira dita o uso de tipos de linha, inclusive indicando exceções à
regra acima colocada. Veremos tais normas nas próximas aulas.

2.7 INTERPRETANDO AS VISTAS ORTOGRÁFICAS


Para interpretar as vistas ortográficas - reconhecer o objeto representado - deve-
se começar visualizando o objeto como um todo, desprezando-se inicialmente os
detalhes internos (se houver). Assim, uma técnica útil é construir um esboço de
perspectiva, desenhando primeiro o paralelepípedo mínimo. Em seguida, este

___________________________________________________________________
Apostila PCC2110 v.2 65
Vistas Ortográficas

paralelepípedo é “fatiado” como se fosse um bloco de manteiga, a partir das linhas de


contorno do objeto, como ilustra a figura 14.

Figura 14 - O método das linhas do contorno

2.8 EXERCÍCIOS

___________________________________________________________________
Apostila PCC2110 v.2 66
Vistas Ortográficas

1) Esboçar as vistas frontal, superior e lat. esquerda das peças abaixo, conforme mostra o exemplo:

Ex.)

A)

B)

C)

D)

PCC2110 Nome: N.USP: Data: / /

___________________________________________________________________
Apostila PCC2110 v.2 67
Vistas Ortográficas

2) Desenhar, no espaço quadriculado, as


vistas frontal, superior e lateral esquerda da
peça dada. A seta indica a face frontal.

PCC2110 Nome: N.USP: Data: / /

___________________________________________________________________
Apostila PCC2110 v.2 68
Vistas Ortográficas

3) Desenhar, no espaço quadriculado, as


vistas frontal, superior e lateral esquerda da
peça dada. A seta indica a face frontal.

PCC2110 Nome: N.USP: Data: / /


___________________________________________________________________
Apostila PCC2110 v.2 69
Vistas Ortográficas

4) Desenhar, no espaço quadriculado, as


vistas frontal, superior e lateral esquerda
da peça dada. A seta indica a face frontal.

PCC2110 Nome: N.USP: Data: / /


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Apostila PCC2110 v.2 70
Vistas Ortográficas

5) Desenhar, no espaço
quadriculado, as vistas frontal,
superior e lateral esquerda da peça
dada. A seta indica a face frontal.

PCC2110 Nome: N.USP: Data: / /

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Apostila PCC2110 v.2 71
Vistas Ortográficas

6) Desenhar, no espaço quadriculado, as


vistas frontal, superior e lateral esquerda
da peça dada. A seta indica a face frontal.

PCC2110 Nome: N.USP: Data: / /


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Apostila PCC2110 v.2 72
Vistas Ortográficas

7) Numerar a perspectiva correspondente às vistas de cada peça:

PCC2110 Nome: N.USP: Data: / /


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Apostila PCC2110 v.2 73
Vistas Ortográficas

8) Preencher os quadros seguintes, associando cada uma das vistas frontais à


respectiva vista superior:

PCC2110 Nome: N.USP: Data: / /


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Apostila PCC2110 v.2 74
Vistas Ortográficas

9) Completar a tabela abaixo, identificando as três vistas que representam um


mesmo objeto:

PCC2110 Nome: N.USP: Data: / /


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Apostila PCC2110 v.2 75
Vistas Ortográficas

10) Esboçar a 3ª vista das peças abaixo. Você pode usar a área com grid isométrico
para esboçar a perspectiva isométrica do objeto para auxiliá-lo em sua visualização.
Use a barra inclinada (45º) para rebater dimensões:
Atenção: ESTE LADO PARA CIMA

PCC2110 Nome: N.USP: Data: / /


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Apostila PCC2110 v.2 76
Vistas Ortográficas

11) Esboçar a 3ª vista das peças abaixo. Você pode usar a área com grid isométrico
para esboçar a perspectiva isométrica do objeto para auxiliá-lo em sua visualização.
Use a barra inclinada (45º) para rebater dimensões:
Atenção: ESTE LADO PARA CIMA

PCC2110 Nome: N.USP: Data: / /


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Apostila PCC2110 v.2 77
Vistas Ortográficas

12) Completar com linhas visíveis e invisíveis o contorno das vistas frontal, superior
e lateral esquerda dos objetos abaixo. Observe o exemplo:

PCC2110 Nome: N.USP: Data: / /


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Apostila PCC2110 v.2 78

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