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Desenho Técnico

Perspectivas Simples
Sumário
Desenvolvimento do material Perspectivas Simples
Jociane da Silva Araújo
Para Início de Conversa… ................................................................................ 3
Objetivos .......................................................................................................... 3
1ª Edição 1. Projeção Oblíqua ........................................................................................... 4
Copyright © 2022, Afya.
2. Perspectiva Cavaleira e suas Variantes .................................................. 6
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida,
transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, 2.1 Perspectiva Militar ................................................................................. 9
mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia
autorização, por escrito, da Afya. 3. Construção das Perspectivas Cavaleiras e suas Variantes .............. 10
Referências .......................................................................................................... 17
Para Início de Conversa… Objetivos
Dentro das tarefas para a execução do desenho técnico, podemos ▪ Identificar uma projeção oblíqua.
considerar uma arte representar e interpretar um objeto por meio de um ▪ Reconhecer a perspectiva cavaleira e suas variações.
desenho contendo todas as informações precisas e necessárias para a ▪ Construir perspectivas cavaleiras e suas variantes.
construção de uma peça.

A perspectiva, segundo Cruz (2014), é a representação em três


dimensões de um objeto em um plano. É dentro de um desenho com
perspectivas que, ao olharmos para o objeto, identificamos as sensações
de profundidade e relevo; as partes que estão mais próximas do olhar
do observador parecerão maiores, e as partes mais distantes aparecerão
menores.

A engenharia de produção, a engenharia civil e a arquitetura utilizam as


representações em perspectivas para um melhor entendimento dos seus
projetos, permitindo sua execução e construção de forma precisa. Essas
perspectivas podem ser executadas à mão livre, com uso de instrumentos
técnicos e ou com a utilização de softwares.

Neste capítulo, trabalharemos as perspectivas oblíquas com dois pontos


de fuga e a perspectiva cavaleira – que é considerada um dos métodos
mais rápidos de perspectivas – e suas variantes.

Convidamos você a conhecer as perspectivas e a aprender como usá-las.


Vamos lá?

Desenho Técnico 3
O objeto nada mais é do que a peça ou projeto que
1. Projeção Oblíqua será representada em seu desenho; o observador é
Dentro do desenho técnico, o conceito de vistas deve levar em a pessoa que o vê, analisa, imagina ou desenha o
consideração três elementos: o objeto, o observador e o plano de objeto, e o plano de projeção é o plano onde esse
projeção, conforme vemos na Figura 1. objeto será desenhado ou projetado. E a perspectiva
existe, justamente, a partir do ponto de vista do
Pla observador.
no
de
pro Por mais que nossa visão perceba tridimensionalmente o
jeç
ão
mundo que nos cerca, segundo Sanzi (2014), transformar essa percepção
em perspectiva não é algo tão imediato quanto podemos pensar.

Projetantes Dentro da história, o pintor e arquiteto florentino Giotto di Bondone


é considerado o precursor do uso de perspectivas, procurando obter
volume e altura realistas nas figuras de suas obras, isso em meados
de 1300. Mas foi apenas em 1511, post mortem, que o arquiteto Leon
Objeto Battista Alberti publicou o primeiro tratado de desenho de perspectiva,
intitulado Della Pictura, material de estudo de 1435 sobre as leis da
perspectiva e, em consequência, foi influência imediata às famosas
pinturas de Ghiberti, Fran Angelico e Leonardo da Vinci.
Observador
Dentro do sistema de projeção de um desenho, existem diversas opções
de nomenclatura para os tipos de projeção gerados. No Quadro 1
observamos suas nomenclaturas:
Figura 1: Elementos do desenho técnico. Fonte: Elaborada pela autora.

Desenho Técnico 4
Projeções Geometria descritiva As perspectivas oblíquas são utilizadas quando um objeto fica em
ortogonais Desenho técnico posição oblíqua, ou seja, em que duas de suas arestas são voltadas para
Cilíndrico o observador, e suas linhas de fuga se deslocam para dois pontos, como
Perspectivas podemos observar na Figura 2.
Projeções Cavaleira
axonométricas
oblíquas Isométrica
Sistemas de (Paralelas)
Projeção
Visuais dominantes
Perspectiva
Três escalas
linear exata
Cônico Pontos medidores

Perspectiva de observação

Quadro 1: Sistemas de projeção e tipos de desenho. Fonte: Adaptado de Sanzi (2014).

Cada tipo de perspectiva mostra o objeto de um jeito, permitindo a


Figura 2: Exemplo de Perspectiva Oblíqua. Fonte: Elaborada pela autora.
interpretação correta dos volumes dos objetos, sua profundidade, tipos
e características tridimensionais da realidade. Dentro do sistema de A projeção é considerada oblíqua quando a direção
projeção cilíndrico, estudaremos, neste capítulo, as projeções oblíquas e dos raios projetantes possui uma forma
as projeções cavaleiras. oblíqua ao plano de projeção, conforme
observado na Figura 3, em que o raio
projetante, em relação ao plano de
A perspectiva fornece uma representação mais realista do objeto, e o
projeção, forma ângulos diferentes
observador pode, facilmente, visualizar o seu formato tridimensional. de 90º.

Desenho Técnico 5
A perspectiva oblíqua é, portanto, um método adotado, principalmente,
O∞
para objetos com características circulares ou curvas em uma face ou em
várias faces paralelas, pois tais objetos, dentro da perspectiva oblíqua,
F C
A são muito mais fáceis de serem traçados e dimensionados.
B

Existe uma ISO que rege os métodos de projeção e representações


α axonométricas: a ISO 5456-3, de 1996. Por ser uma norma internacional
F´ C´

(ISO significa International Organization for Standardization, ou
B´ Organização Internacional para Padronização, em português), você
encontrará a norma na língua inglesa.

Figura 3: Projeção cilíndrica oblíqua. Fonte: Adaptada de Cruz (2014).

Em relação ao ponto de vista, a representação da linha do horizonte está


centralizada entre dois pontos de fuga, como observado na Figura 3, e
esses pontos de fuga, por sua vez, devem estar o mais distantes possível
2. Perspectiva Cavaleira e suas Variantes
um do outro, para que se evitem erros. A perspectiva cavaleira é obtida por meio de um feixe cilíndrico paralelo
das projetantes e colocada paralela à face mais importante do objeto,
As projeções oblíquas são nomeadas conforme seu ângulo formado entre conforme podemos observar na Figura 4.
os raios de projeção e o plano de projeção – como podemos observar na
Figura 3, os raios A’, B’ e C’ tocando o plano α. Caso o ângulo formado seja
45º, a perspectiva recebe o nome de cavaleira; se o ângulo for 64º, a
perspectiva recebe o nome de gabinete.

Desenho Técnico 6
Cavaleira 30º Cavaleira 45º Cavaleira 60º de uma das faces do objeto representado, sendo representados como
seriam vistos pelo observador situado em uma distância infinita, como
visto na Figura 5, na qual podemos observar, também, uma das principais
características das projeções cilíndricas oblíquas, que é a projeção da
verdadeira grandeza do objeto desenhado em relação ao paralelo do
quadro, ou seja, o que ocorre a face frontal do objeto entre os eixos OX
300 450 600
e OZ da figura, que são justamente os eixos do triedro do objeto cujas
dimensões são paralelas ao quadro.
Figura 4: Perspectivas cavaleiras. Fonte: Adaptada de Cruz (2014).

Perspectiva cavaleira
Como observado na Figura 4, a perspectiva cavaleira é representada por
três ângulos – 30º, 45º e 60º – e poucas vezes pelo ângulo de 75º; esses Z
eixos que indicam a profundidade do objeto desenhado são chamados
de eixos das fugantes. É justamente a variação de ângulos de inclinação ι
das fugantes que permitirá às variantes das perspectivas cavaleiras, em
que o desenho parecerá deformado, necessitando de uma tabela de Y
redução, em que, quanto maior for o grau de inclinação, maior deverá ser
o coeficiente de redução, o que chamamos de k.

Na perspectiva em que não é necessária a aplicação do coeficiente de O X


redução, a cavaleira passa a se chamar isométrica e seu k será igual a 1;
nas demais perspectivas em que o k for diferente de 1, a cavaleira será
chamada de dimétrica.
α
Portanto, a perspectiva cavaleira trata-se de uma particular projeção
Vista ortográfica
axonométrica oblíqua, em função de sua condição de paralelismo
Figura 5: Perspectivas cavaleiras. Fonte: Adaptada de Bornancini; Petzold; Orlandi Júnior (2018).

Desenho Técnico 7
Segundo Cruz, (2014), a representação das perspectivas cavaleiras Além do Quadro 2, em que foram apresentadas algumas proporções de k
formam uma relação entre suas medidas, as quais podemos verificar no (linha de profundidade), outras formas de aplicar a redução dos ângulos
Quadro 2. das fugantes podem ser:

Cavaleira Ângulo Proporção de redução da linha fugante.


Perspectiva
30º 45º 60º 15º Reduz-se em um quarto (1/4) da fugante.
Largura 1:1 1:1 1:1 30º Reduz-se em um terço (1/3) da fugante.
Altura 1:1 1:1 1:1 45º Reduz-se na metade (1/2) da fugante.
Profundidade 1:2/3 1:1/2 1:1/3 60º Reduz-se em dois terços (2/3) da fugante.
75º Reduz-se em um três quartos (3/4) da fugante.
Quadro 2: Relação entre as medidas da perspectiva cavaleira. Fonte: Adaptado de Cruz (2014).
Quadro 3: Aplicação da redução dos ângulos fugantes. Fonte: Elaborado pela autora.
E reforçando a grandeza de proporção de grandeza, em que as medidas
de largura e altura (que são as medidas alinhadas ao quadro, como No caso da perspectiva cavaleira, por se
demonstrado na Figura 5, pelos eixos OX e OZ) representam as medidas tratar de uma projeção cilíndrica, não
reais do objeto desenhado dentro da escala escolhida de representação, existe linha do horizonte ou ponto
e as demais vistas que indicam a profundidade (eixo OY) sofrem redução de fuga como os demais tipos de
de medidas, representando sua proporção de redução no Quadro 2. perspectivas; o que temos é a linha
de terra, linha em que a figura se
Não há consenso entre os pesquisadores sobre o coeficiente de redução
assenta (eixo OX). O eixo OY, que
que deve ser adotado, justamente por se tratar de um processo de
nos traz as linhas de profundidade,
representação técnico/artístico e que depende muito do olhar do
são as linhas fugitivas, que sempre
observador.
serão paralelas entre si e formam um

Desenho Técnico 8
ângulo com a linha da terra – e são esses os ângulos de direção que
definem a variedade de perspectivas cavaleiras. 2250

Mas, afinal, qual é a diferença entre a perspectiva isométrica, tão adotada


como representação gráfica para projetos arquitetônicos, e a perspectiva
cavaleira? A perspectiva isométrica é aquela que mantém as proporções
de comprimento, largura e altura do objeto representado; já a perspectiva
cavaleira não se aproveita das vistas ortogonais de uma construção. Além
disso, a perspectiva cavaleira tem uma maior facilidade em representar
círculos, tão difíceis na perspectiva isométrica.

2.1 Perspectiva Militar


Plano base
A perspectiva militar, ou também chamada de voo de pássaro, é uma
das angulações da perspectiva cavaleira (com um eixo fugante de 225º). Figura 6: Perspectiva cavaleira “militar” ou “voo de pássaro”.
Fonte: Adaptada de Penteado Neto (2017).
Ela possui esse nome, pois adota o observador muito acima da linha
do horizonte, como se estivesse olhando para o chão, como podemos Essa variação da perspectiva cavaleira surgiu dos rascunhos feitos
observar na Figura 6. pelas tropas de Napoleão dentro da simulação topográfica dos terrenos,
permitindo adotar melhores estratégias militares. Arquitetos alemães
passaram a adotar esse tipo de representação em planos urbanísticos,
dando o nome de “vogel perspective”.

Desenho Técnico 9
A perspectiva militar pode ser construída com o auxílio do método de
Monge, com raios projetantes e inclinados no ângulo de 45º. Dessa 3. Construção das Perspectivas Cavaleiras e
forma, a principal característica da perspectiva militar é o destaque do suas Variantes
seu plano superior do objeto, como observado na Figura 6, sendo esse
plano paralelo ao plano do quadro, ou plano base. Deve-se escolher a face do objeto que ficará paralela ao quadro, sendo
que essa face será escolhida em função da sugestão de três regras
Uma outra variação da perspectiva militar é quando o objeto é (BORNANCINI; PETZOLD; ORLANDI JÚNIOR, 2018):
representado com linhas fugitivas inclinadas a 45º, conforme visto
na Figura 7. Essa é uma variante muito utilizada dentro dos planos 1ª regra: A face do objeto a ser projetado que deve ser apresentada
urbanísticos, pois permite uma grande vantagem de representar os paralela ao quadro de projeção deve apresentar o contorno e
planos superiores em verdadeira grandeza (com as mesmas medidas detalhes mais irregulares e complexos, o que permitirá ter um melhor
que as adquiridas nas plantas). esclarecimento do objeto. Uma dica é considerar sempre as faces com
contornos curvos, pois, dessa forma, elas projetarão em verdadeira
grandeza, escala 1:1 (Figura 8a) e não precisarão ser construídas por
coordenadas e cálculos de deformação (Figura 8b), facilitando, assim, a
elaboração da perspectiva.

x
Y x
Y

450 45 0
(a) (b)

Figura 7: Perspectiva cavaleira “militar” na variação inclinada a 45º. Figura 8: Perspectiva cavaleira com elementos curvos.
Fonte: Adaptada de Penteado Neto (2017). Fonte: Adaptada de Bornancini; Petzold; Orlandi Júnior (2018).

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2ª regra: Objetos que tenham uma dimensão predominante em relação 3ª regra: Em objetos que tenham maiores detalhamentos ou recortes,
às demais faces devem ser posicionados com essa dimensão paralela ao essa face deverá ser representada paralela ao quadro (Figura 10a),
quadro (Figura 9), evitando, assim, o efeito de deformidade que ocorre evitando, assim como na regra 1, que ocorram deformações em sua
na profundidade dos objetos representados em perspectiva cavaleira. representação (Figura 10b).
Quando posicionada na linha fugante (Figura 9a), a sensação de
deformidade é muito maior que quando posicionada paralela ao quadro
(Figura 9b).

(a) (a) (b)

Figura 10: Perspectiva cavaleira com muitos detalhes.


Fonte: Adaptada de Bornancini; Petzold; Orlandi Júnior (2018).

Posteriormente, deve-se definir a direção das fugitivas (profundidade),


(b)
determinando, assim, a posição da peça em relação ao observador,
Figura 9: Perspectiva cavaleira com elementos muito profundos. conforme percebemos na Figura 11. Dentro das quatro possibilidades,
Fonte: Adaptada de Bornancini; Petzold; Orlandi Júnior (2018). deve-se escolher a opção que representará mais informações e detalhes
importantes ao projeto.

Desenho Técnico 11
VISTA DE CIMA E VISTA DE CIMA Como todo desenho técnico, sua elaboração deve ser realizada com a
DA ESQUERDA E DA DIREITA
utilização de instrumentos técnicos, que são esquadros, escalímetros,
V.S. V.S. lapiseiras, réguas paralelas ou réguas T. Na Figura 12, podemos observar
V.L. . que o uso correto dos esquadros tem relação direta com o coeficiente
E.
V.A. V.A. V.L.D de redução (k), permitindo uma correta construção da imagem a ser
representada.
FUGITIVAS PARA CIMA FUGITIVAS PARA
E ESQUERDA CIMA E DIREITA 30o − k. = 3 / 4 45o − k. =1/ 2

VISTA INFERIOR E VISTA INFERIOR


DA ESQUERDA E DA DIREITA

LT LT
.E V.A. V.A.
V.L V.L
.D
V.I. V.I.
FUGITIVAS PARA FUGITIVAS PARA
60o − k. = 2 / 3
BAIXO E ESQUERDA BAIXO E DIREITA

Figura 11: Posições do observador em relação ao objeto de uma perspectiva cavaleira. Fonte:
Adaptada de Bornancini; Petzold; Orlandi Júnior (2018).

LT
Realizadas essas primeiras definições, podemos partir para a construção,
passo a passo, da perspectiva cavaleira. Figura 12: Posição dos esquadros e coeficiente de redução. Fonte: Adaptada de Sanzi (2014).

Desenho Técnico 12
Definidas todas as questões iniciais, vamos ao passo a passo na Para sua construção, utilizaremos o esquadro de 45º e a régua paralela
construção de sua primeira perspectiva cavaleira. Para isso, deixe ou régua T. Trace com linha fina (linha de apoio com lapiseira 0,3mm),
separados seus instrumentos para desenho técnico e acompanhe o com a régua paralela, uma linha horizontal (eixo x); com o esquadro
passo a passo para a realização da perspectiva cavaleira a 45º. Faremos posicionado no ângulo de 90º, trace a linha vertical (eixo y); e, com o
o objeto representado na Figura 13, utilizando a linha fugante de 45º e esquadro posicionado em 45º, trace a linha fugante (eixo z), conforme
o coeficiente de redução k de ½ na escala 1:25. demonstrado na Figura 14. Essas serão nossas linhas-guias para a
construção do objeto.

Eixo Y
1,5 2,0
FACE E
Eixo Z
1,0
1,0
FACE FAC
A B
FACE EC
FACE
D

900 450
1,0 1,0 Eixo X
0,5

Figura 13: Objeto a ser representado em perspectiva cavaleira. Fonte: Elaborada pela autora. Figura 14: Eixos principais. Fonte: Elaborada pela autora.

Desenho Técnico 13
Marque as medidas da face A apresentada na Figura 13, sendo elas: 1,0 Eixo Y
no eixo x e 1,0 no eixo y; para o eixo z utilizaremos a escala de redução
de ½ da medida real do objeto, portanto, 0,5 que representa metade de
1,0 da face B, conforme demonstrado na Figura 15.
Eixo Z
Eixo Y
FACE B

FACE A
Eixo Z

1,0 Eixo X

0,5

Eixo X 1,0 Figura 16: Traçando a face A e a face B do objeto. Fonte: Elaborada pela autora.

Como nosso objeto não é um simples cubo, será necessário traçar mais
linhas de apoio paralelas às existentes e já com as dimensões conforme
Figura 15: Marcação das dimensões. Fonte: Elaborada pela autora.
representado na Figura 16. Não se esqueça de verificar que, para o eixo
Com o uso do esquadro, desenhe a face A utilizando as marcações Z, é necessário aplicar a regra de redução de ½ do objeto real, ou seja,
realizadas nos eixos X e Y e desenhe a face B com as marcações a medida de 0,5 do objeto será representada com 0,25 na perspectiva
realizadas nos eixos Y e Z. Nesse caso, além dos eixos traçados no passo cavaleira.
anterior, você fará linhas paralelas seguindo o ponto de marcação.

Desenho Técnico 14
Eixo Y``
Agora, fica faltando apenas traçarmos a face E, ou a parte superior do
Eixo Y Eixo Y` Eixo X```
nosso objeto. Para isso, basta, com a régua paralela, traçar uma linha no
encontro dos eixos Y” e X”’, que encontrará um eixo paralelo ao eixo Z
Eixo Z
partindo da parte superior esquerda da face A, conforme representado na
1,0
Eixo X``
FACE B
450 450 0,25 Figura 19. Não esqueça de utilizar sempre os instrumentos de precisão
FACE A
1,0
Eixo X` para o desenho técnico (esquadro, escalímetro, régua paralela).

Eixo X Eixo Z`
Eixo X’’’’ Eixo Y’’

FACE E Eixo Y’
Eixo X’’’
Figura 17: Traçando os eixos e marcações das dimensões das faces C e D do objeto.
Fonte: Elaborada pela autora.

Eixo Z’’
FACE D
Em seguida, trace as linhas, com o uso dos esquadros, da face C e D, FACE C
Eixo X’’
conforme representado na Figura 18. FACE B

FACE A
Eixo Y`` Eixo X’
Eixo Y Eixo Y`
Eixo X```

Eixo X Eixo Z’
FACE D Eixo Y
FACE C
Eixo X``
FACE B

FACE A Figura 19: Traçando a face E do objeto. Fonte: Elaborada pela autora.
Eixo X`

Agora, basta apagar as linhas desnecessárias e contornos do objeto, e


Eixo X Eixo Z`
terá finalizado seu objeto desenhado em perspectiva cavaleira 45º,
conforme nos mostra a Figura 20.
Figura 18: Traçando as faces C e D do objeto. Fonte: Elaborada pela autora.

Desenho Técnico 15
300 450 600

Linha Fugante 30º Linha Fugante 45º Linha Fugante 60º

Figura 21: Mesmo objeto representado por variantes de perspectivas cavaleiras. Fonte:
Elaborada pela autora.

À primeira impressão, os objetos representados na Figura 21 aparentam


ter tamanhos diferentes, mas, se observarmos com atenção, veremos
que todas as medidas das faces que são paralelas ao quadro (eixo X e
eixo Y) são idênticas; o que se altera são os ângulos das linhas fugantes
Figura 20: Objeto finalizado em perspectiva cavaleira 45º. Fonte: Elaborada pela autora. (profundidade) e as dimensões do objeto desenhado na linhas fugantes,
sempre segundo a proporção de redução conforme cada ângulo adotado
Para a realização das demais construções variantes de perspectivas
– para ângulos de 30º a redução de ⅓ do objeto real, para ângulos de
cavaleiras (ângulos de 30º, 60º e 75º), basta substituir o esquadro
45º a redução de ½ do objeto real, e para ângulos de 60º a redução de
conforme o ângulo desejado da linha fugante, linha que representa a
⅔ do objeto real.
profundidade do objeto dentro da perspectiva cavaleira. Não se esqueça
de que é fundamental sempre consultar o Quadro 3 com as proporções
de redução dos ângulos fugantes.
Mas, afinal, qual a origem do nome “cavaleira”? Alguns pesquisadores
Lembre-se de que, quanto maior o ângulo da linha fugante, maiores
afirmam que o nome provém do tipo de construção alta, o cavalier, que
serão a deformação e a redução do objeto final, conforme observado na existia em algumas Fortificações Militares do século XVI, em que, a partir
Figura 21. desses fortes, era possível uma “vista do alto”. Outros afirmam que seu

Desenho Técnico 16
nome está relacionado ao ponto de vista do alto de um cavaleiro, em
que uma pessoa acima de um cavalo (o cavaleiro) possui uma “vista Referências
do alto”. Outros, ainda, afirmam que o nome é resultado das pesquisas
Adenilson Giovanini. Sistema de Projeção Cartográfica?. Disponível
do matemático italiano Cavalieri, que viveu entre 1598 e 1647 e é
em: https://adenilsongiovanini.com.br/blog/sistema-de-projecao-
considerado um dos precursores do cálculo integral. O que importa é que
cartografica. Acesso em: 09 fev. 2022.
a perspectiva cavaleira permite uma visão frontal real do observador em
relação ao objeto. BORNANCINI, J. C. M.; PETZOLD, N. I.; ORLANDI JÚNIOR, H. Desenho
técnico básico: fundamentos teóricos e exercícios à mão livre. Volume
II. UFRGS, 2018. Disponível em: https://www.ufrgs.br/destec/wp-
Para representar um objeto por meio do desenho técnico, existem content/uploads/2018/08/DESENHO-T%C3%89CNICO-B%C3%81SICO-
inúmeras regras, em que cada tipo de representação possui uma VOL2.3ED.pdf. Acesso em: 8 fev. 2022.
característica diferente. Se alguém nos solicitar um desenho de um cubo,
a primeira imagem a vir em nossa mente, normalmente, será a imagem Bras Golden. Linha Golden Free - Modelo New Jenny. Disponível em:
de um cubo no espaço e um plano exterior paralelo à face desse cubo, https://mundoergonomia.com.br/produto/linha-golden-free-modelo-
new-jenny/. Acesso em: 09 fev. 2022.
sua parte frontal.
CRUZ, M. D. Desenho técnico: controle e processos industriais. São Paulo:
Neste capítulo, vimos a perspectiva cavaleira desde sua conceituação e
Érica, 2014.
teoria até a compreensão dos seus cálculos e traçados. Aprendemos que
a perspectiva cavaleira é uma projeção cilíndrica oblíqua, em que o plano PENTEADO NETO, R. T. Desenho técnico e arquitetônico II. Londrina:
de projeção é paralelo a uma das faces principais do objeto. Estudamos, Educacional, 2017.
também, que existem variantes dessa perspectiva, dependendo do seu
SANZI, G. Desenho de perspectiva. São Paulo: Ética, 2014.
ângulo de inclinação, ou linha fugante, que representa a profundidade do
objeto desenhado. Esse ângulo acaba “deformando” o objeto desenhado
ao olhar do observador, mas essa deformação segue uma proporção de
redução, que é o coeficiente k.

Desenho Técnico 17

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