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Curso de Engenharia Civil

Campus VIII – Araruna PB


Disciplina: Mecânica dos Solos I
Período – 2015.1

• Notas de Aula: Introdução


• Profa.: Maria das Vitórias do Nascimento
• E-mail: vitoriaeng@yahoo.com.br
Introdução
 Engenheiros e cientistas começaram a se preocupar
com as propriedades e o comportamento dos solos de
forma mais metódica a partir da primeira metade do
século XVIII, após diversos problemas relacionados à
fundação durante construções no século passado.

Torre de Pisa. A
construção teve início
no 1173 d.C. e durou
mais de 200 anos
Introdução
 Período: Pré-clássico (1700 a 1776 d.C.):

 Dedicado a estudos relacionados com encostas


naturais, pesos específicos de vários tipos de solos e
teorias semiempíricas de empuxos de terra.

 Cientistas:

 Henri Gautier (1660-1737)


 Bernard Forest de Belidor (1671-1761)
Introdução
 Mecânica dos Solos clássica-Fase I (1776 a 1856 d.C.);

 O cientista francês Charles Augustin Coulomb (1736-1806),


usou os princípios de cálculos máximos e mínimos a fim de
determinar a posição exata de uma superfície de
deslizamento no solo atrás de um muro de arrimo.

 Cientistas:
 Charles Augustin Coulomb (1736-1806)
 Jacques Frederic Français (1775-1833)
 Claude Louis Marie Henri Navier (1785-1836)
 Jean Victor Poncelet (1788-1867)
Introdução
 Mecânica dos Solos clássica-Fase I (1776 a 1856
d.C.):

 Cientistas:
 William John Macquorn Rankine (1820-1872):
Publicou um estudo que elucidou uma notável teoria
sobre o empuxo de terra e o equilíbrio de massas de
terra.
Introdução
 Mecânica dos Solos clássica-Fase II (1856 a 1910
d.C.):

 Diversos resultados de ensaios de laboratório sobre a


areia foram registradas na literatura.

 Cientistas:
 Philibert Gaspard Darcy (1803-1858): Definiu o termo
coeficiente de permeabilidade (ou condutividade
hidráulica) do solo, um parâmetro muito útil na
engenharia geotécnica até hoje.
Introdução
 Mecânica dos Solos moderna (1910 a 1927 d.C.):
 Foram publicados resultados de pesquisas conduzidas
em argila, onde foram estabelecidas as propriedades e
os parâmetros fundamentais desse elemento.

 Cientistas:
 Albert Mauritz Atterberg (1846-1916): Definiu frações
de argila, definiu os limites de liquidez, de
plasticidade, de contração e o índice de plasticidade.
Introdução
 Mecânica dos Solos moderna (1910 a 1927 d.C.):

 Cientistas:
 Karl Terzaghi (1883-1963): desenvolveu a teoria de
consolidação para argila.
Importância do Estudo dos Solos
 A Mecânica dos Solos nasceu da necessidade dos
construtores melhorarem os seus conhecimentos para
dar uma resposta aos imperativos de segurança, de
longevidade e de economia nas obras.

 A mecânica dos solos é o estudo do comportamento de


engenharia do solo quando este é usado ou como
material de construção ou como material de fundação.

 Disciplina relativamente jovem da engenharia civil,


somente sistematizada e aceita como ciência em 1925
por Terzaghi, que é conhecido com todos os méritos,
como o pai da mecânica dos solos.
Importância do Estudo dos Solos
 A aplicação dos princípios da mecânica dos solos para o
projeto e construção de fundações é denominada de
"engenharia de fundações".

 A engenharia geotécnica (geotecnia) pode ser


considerada como a junção da mecânica dos solos, da
engenharia de fundações, da mecânica das rochas,
da geologia de engenharia e mais recentemente da
geotecnia ambiental.

 A geotecnia ambiental trata de problemas como:


transporte de contaminantes pelo solo, avaliação de
impactos ambientais, projetos de sistemas de proteção
em aterros sanitários, etc.
Importância do Estudo dos Solos
 Fundações:
 As cargas de qualquer estrutura são, em última instância, descarregadas
no solo através de sua fundação.

 A fundação é uma parte essencial de qualquer estrutura. Seu tipo e


detalhes de sua construção só podem ser decididos com o conhecimento e
aplicação de princípios da mecânica dos solos.

Figura: Fundações rasas Figura: Fundações profundas


Importância do Estudo dos Solos
 Fundações:

Figura: Tipos de fundações. Fonte: Carolina Barros


Importância do Estudo dos Solos
 Obras subterrâneas e estruturas de contenção:

 Obras subterrâneas como estruturas de drenagem,


dutos, túneis e as obras de contenção como os muros
de arrimo, cortinas atirantadas somente podem ser
projetadas e construídas usando os princípios da
mecânica dos solos e o conceito de "interação solo-
estrutura".
Importância do Estudo dos Solos
 Obras subterrâneas e estruturas de contenção:

O maciço é reforçado a
partir da inclusão de barras
ancoradas e posteriormente
tracionadas, funcionam
ativamente.

Figura: cortina atirantada


Importância do Estudo dos Solos
 Obras subterrâneas e estruturas de contenção:

Figura: Muros de
Arrimo em pedra rachão
Fonte: Santana (2006).
Importância do Estudo dos Solos
 Projeto de pavimentos:
 O projeto de pavimentos pode consistir de pavimentos
flexíveis ou rígidos.

 Pavimentos flexíveis dependem mais do solo subjacente


para transmissão das cargas geradas pelo tráfego.

 Problemas peculiares no projeto de pavimentos


flexíveis são o efeito de carregamentos repetitivos e
problemas devidos às expansões e contrações do solo
por variações em seu teor de umidade.
Importância do Estudo dos Solos
 Projeto de pavimentos:
Importância do Estudo dos Solos
 Projeto de pavimentos:

Concreto Portland
Base
Fundação = Subleito

Figura: Composição do Figura: Composição do pavimento rígido


pavimento flexível
Importância do Estudo dos Solos

 Escavações, aterros e barragens:

 A execução de escavações no solo requer


frequentemente o cálculo da estabilidade dos taludes
resultantes.

 Escavações profundas podem necessitar de


escoramentos provisórios, cujos projetos devem ser
feitos com base na mecânica dos solos.
Importância do Estudo dos Solos

 Escavações, aterros e barragens:

 Para a construção de aterros e de barragens de terra,


onde o solo é empregado como material de construção
e fundação, é necessário um conhecimento completo do
comportamento de engenharia dos solos, especialmente
na presença de água.

 O conhecimento da estabilidade de taludes, dos efeitos


do fluxo de água através do solo, do processo de
adensamento e dos recalques a ele associados, assim
como do processo de compactação empregado é
essencial para o projeto e construção eficientes de
aterros e barragens de terra.
Importância do Estudo dos Solos
 Escavações, aterros e barragens:

Figura: Escoramentos de
escavações

Figura: Esquema de perfil transversal de barragem de


terra
Importância do Estudo dos Solos
 Escavações, aterros e barragens:

Figura: Esquema de Corte e aterro em


estrada
Figura: deslizamento de
barreira
Revisão
 O ciclo das rochas e a origem do solo:

• Todo solo tem origem na desintegração e decomposição


das rochas pela ação de agentes intempéricos ou
antrópicos

 As propriedades físicas do solo são determinadas, em


princípio, pelos minerais que constituem suas partículas
e, portanto, pelas rochas das quais se derivam.
Revisão
 O ciclo das rochas e a origem do solo:

 Rocha: Material sólido, consolidado e constituído por um ou mais


minerais, com características físicas e mecânicas específicas para
cada tipo, e que é impossível escavar manualmente, necessitando
de explosivo para seu desmonte.

Figura: Afloramento do biotita granito


leucocrático com diques e veios
pegmatíticos.
Revisão
 O ciclo das rochas e a origem do solo:

 Solo: Material proveniente da decomposição das rochas pela


ação de agentes físicos ou químicos, podendo ou não conter
matéria orgânica e passível de ser escavada apenas com o
auxílio de pás e picaretas ou escavadeiras.

Figura: Latossolo Amarelo


Revisão
 O ciclo das rochas e a origem do solo:

 Quanto a sua origem, as rochas podem ser divididas


em:

 Rochas Ígneas;
 Rochas Sedimentares;
 Rochas Metamórficas.

Figura: Ciclo da Rocha (DAS, 2011)


Revisão
 O ciclo das rochas e a origem do solo:

 Rochas Ígneas ou magmáticas: resultam da


solidificação de material rochoso, parcial a totalmente
fundido, denominado magma, gerado no interior da
crosta terrestre.
 Conforme seu local de formação, distinguem-se dois
tipos de rochas ígneas:
 Intrusivas: plutônicas e hipoabissais;
 Extrusivas ou Vulcânicas.
Revisão
 O ciclo das rochas e a origem do solo:

 Rochas Ígneas ou magmáticas:

Figura: Granito Figura: Basalto


Revisão
 O ciclo das rochas e a origem do solo:

 Rochas Sedimentares: resultam da consolidação de


sedimentos, ou seja, partículas minerais provenientes da
desagregação e do transporte de rochas pré-existentes,
ou da precipitação química, ou, ainda de ação
biogênica.

 Rochas Sedimentares Detríticas;

 Rochas Sedimentares Químicas.


Revisão
 O ciclo das rochas e a origem do solo:

 Rochas Sedimentares Detríticas:

Figura: Conglomerado Figura: Arenito


Revisão
 O ciclo das rochas e a origem do solo:

 Rochas Sedimentares Químicas.


Revisão
 O ciclo das rochas e a origem do solo:

 Rochas Metamórficas: se originam de outras rochas


preexistentes em resposta a mudanças nas condições
de temperatura e pressão no interior da crosta terrestre.

Figura: Blocos de Mármore Figura: Chapas de Mármore


O ciclo das Rochas e a Origem do Solo
 Intemperismo: é o conjunto de processos físicos,
químicos e biológicos pelos quais a rocha se decompõe
para formar o solo.

 Por questões didáticas, o processo de intemperismo é


frequentemente dividido em três categorias:

 Intemperismo físico;

 Intemperismo químico; e

 Intemperismo biológico.
O ciclo das Rochas e a Origem do Solo
 Deve se ressaltar contudo, que na natureza todos estes
processos tendem a acontecer ao mesmo tempo, de
modo que um tipo de intemperismo auxilia o outro no
processo de transformação rocha-solo.

 Os processos de intemperismo físico reduzem o


tamanho das partículas, aumentando sua área de
superfície e facilitando o trabalho do intemperismo
químico. Já os processos químicos e biológicos podem
causar a completa alteração física da rocha e alterar
suas propriedades químicas.
Intemperismo Físico
 Processo de decomposição da rocha sem a alteração
química dos seus componentes. Os principais agentes
são:

 Variações de temperatura;

 Repuxo coloidal;

 Ciclos gelo/degelo;

 Alívio de tensões.
Intemperismo Físico - Variações de Temperatura
 Todo material varia de volume em função de variações na
sua temperatura. Estas variações ocorrem entre o dia e a
noite e durante o ano, e sua intensidade será função do
clima local.

 As rochas geralmente são formadas de diferentes tipos de


minerais, cada qual possuindo uma constante de dilatação
térmica diferente, o que faz a rocha deformar de maneira
desigual em seu interior, provocando o aparecimento de
tensões internas que tendem a fraturá-la.

 Mesmo rochas que têm uniformidade de componentes não


possuem uma arrumação que permita uma expansão
uniforme, pois grãos compridos deformam mais na direção
de sua maior dimensão, tendendo a gerar tensões internas
e auxiliar no seu processo de desagregação.
Intemperismo Físico - Repuxo coloidal
 O repuxo coloidal é caracterizado pela retração da argila
devido à sua diminuição de umidade, o que em contato
com a rocha gera tensões capazes de fraturá-la.
Intemperismo Físico - Ciclos Gelo/Degelo
 As fraturas existentes nas rochas podem se encontrar
parcialmente ou totalmente preenchidas com água. Esta
água, em função das condições locais, pode vir a
congelar, expandindo-se e exercendo esforços no
sentido de abrir ainda mais as fraturas preexistentes na
rocha, auxiliando no processo de intemperismo.

 A água aumenta em cerca de 8% o seu volume devido à


arrumação das partículas durante a cristalização. Além
disso, a água transporta substâncias ativas
quimicamente, como sais que ao reagirem com ácidos
provocam cristalização com aumento de volume.
Intemperismo Físico - Alívio de Tensões

 Alívio de Tensões irá ocorrer em um maciço rochoso


sempre que da retirada de material sobre ou ao lado do
maciço, provocando a sua expansão, o que por sua vez,
irá contribuir no fraturamento, estricções e formação de
juntas na rocha.

 Estes processos, isolados ou combinados "fraturam" as


rochas continuamente, o que permite a entrada de
agentes químicos e biológicos, cujos efeitos aumentam
a fraturação e tende a reduzir a rocha a blocos cada vez
menores.
Intemperismo Químico
 É o processo de decomposição da rocha com a
alteração química dos seus componentes.

 Existem várias formas através das quais as rochas se


decompõem quimicamente. Pode-se dizer, contudo, que
praticamente todo processo de intemperismo químico
depende da presença da água.

 Entre os processos de intemperismo químico destacam-


se os seguintes:

 Hidrólise;
 Hidratação;
 Carbonatação.
Intemperismo - Hidrólise
 Dentre os processos de decomposição química do
intemperismo, a hidrólise é a que se reveste de maior
importância, porque é o mecanismo que leva a
destruição dos silicatos, que são os compostos químicos
mais importantes da litosfera.

 Em resumo, os minerais na presença dos íons H+


liberados pela água são atacados, reagindo com os
mesmos.

 O H+ penetra nas estruturas cristalinas dos minerais


desalojando os seus íons originais (Ca++, K+, Na+, etc.)
causando um desequilíbrio na estrutura cristalina do
mineral e levando−o a destruição.
Intemperismo - Hidratação
 A hidratação é a entrada de moléculas de água na
estrutura dos minerais.

 Alguns minerais quando hidratados (feldspatos, por


exemplo) sofrem expansão, levando ao fraturamento da
rocha.
Intemperismo - Carbonatação
 O ácido carbônico é o responsável por este tipo de
intemperismo.

 O intemperismo por carbonatação é mais acentuado em


rochas calcárias por causa da diferença de solubilidade entre
o CaCo3 e o bicarbonato de cálcio formado durante a reação.

 Os diferentes minerais constituintes das rochas originarão


solos com características diversas, de acordo com a
resistência que estes tenham ao intemperismo local. Há,
inclusive, minerais que têm uma estabilidade química e física
tal que normalmente não são decompostos.

 O quartzo, por exemplo, por possuir uma enorme estabilidade


física e química é parte predominante dos solos grossos,
como as areias e os pedregulhos.
Intemperismo Biológico
 Neste tipo de intemperismo, a decomposição da rocha se dá
graças a esforços mecânicos produzidos por vegetais através
das raízes, por animais através de escavações dos roedores,
da atividade de minhocas ou pela ação do próprio homem, ou
por uma combinação destes fatores.

 Ou ainda pela liberação de substâncias agressivas


quimicamente, intensificando assim o intemperismo químico,
seja pela decomposição de seus corpos ou através de
secreções, como é o caso dos ouriços do mar.

 Os fatores biológicos de maior importância incluem a


influência da vegetação no processo de fraturamento da
rocha e o ciclo de meio ambiente entre solo e planta e entre
animais e solo.

 A maior parte do intemperismo biológico poderia ser


classificado como uma categoria do intemperismo químico
em que as reações químicas que ocorrem nas rochas são
propiciadas por seres vivos.
Influência do Intemperismo no Tipo de Solo
 O intemperismo químico possui um poder de
desagregação da rocha muito maior do que o
intemperismo físico.

 Deste modo, solos gerados em regiões onde há a


predominância do intemperismo químico tendem a ser
mais profundos e mais finos do que aqueles solos
formados em locais onde há a predominância do
intemperismo físico.

 Os solos originados a partir de uma predominância do


intemperismo físico apresentarão uma composição
química semelhante à da rocha mãe, ao contrário
daqueles formados em locais onde há predominância do
intemperismo químico.
Influência do Clima no Tipo de Intemperismo
 Sendo a água um fator fundamental no desenvolvimento
do intemperismo químico da rocha.

 Lodo, regiões com altos índices de pluviosidade e altos


valores de umidade relativa do ar tendem a apresentar
uma predominância de intemperismo do tipo químico, o
contrário ocorrendo em regiões de clima seco.

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