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Donnefar Skedar
organizador
1ª EDIÇÃO
ISBN: 9780463780039
Copyright © Elemental Editoração, 2020
ELEMENTAL EDITORAÇÃO
Ficha do livro
Título Original: Área 55 – O Brasil na Rota Alienígena, 2019
Copyright © 2019 Elemental Editoração
Copyright © desta edição: Elemental Editoração, 2020
Escrito por: Debora Gimenes, Marcella Alves de Sousa, Carlos H. F. Gomes, Condessa Da Escuridão,
Rangel Elesbão, Fernando Rômbola, Humberto Lima.
Capa: Revisão & Etc
Revisão de texto: Revisão & Etc
Imagens e Vetores: Freepik
ISBN: 9780463780039
Editor: Smashwords, Inc.
Diagramação e Edição: Elemental Editoração
Seloee.weebly.com
Todos os direitos desta obra se reservam somente ao autor, qualquer forma de reprodução não
autorizada por expresso pelo autor, será considerada crime conforme previsto na lei dos direitos
autorais.
LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998
Índice
Ficha do Livro
Apresentação
Introdução
Luzes que Matam
Võo 169, Kátharsis Paradoxal
Mudinho e seu novo amigo
Piloto 047F
Olho Nu
Sementes no Espaço
Luzes no Céu
Posfácio
Biografias
Apresentação
Área 55.
Tão temida e desconhecida, onde quem foi não voltou, e quem pretende
ir a receiam.
Nessa antologia reunimos os melhores contos baseados nos maiores
casos já descritos no universo “Objetos Voadores Não Identificados’’, os
famosos OVNI’s. Tivemos a ideia de juntar 10 brilhantes mentes dispostas a
te levar em algum lugar seguro (ou nem tanto) do Brasil.
Vocês temem o desconhecido? Não? Pois, deveriam.
Já se depararam com supostas luzes piscantes no céu e acharam que fora
um simples avião, ou apenas uma coincidência?
Digo a vocês: não existem coincidências, aviões não emitem esses tipos
de luzes piscantes da qual falaremos aqui.
Ah, claro, mas o ser humano nos surpreende e você, leitor, insiste em
não acreditar que possa existir vida fora da Terra, não é?
Bom, posso fazer-lhes acreditar.
Bem-vindos à bordo! Desejo que façam uma boa viagem nessa nave e
se, por acaso, a nossa conexão falhar e não puder me ver mais, se sentir que
está adormecendo e tendo sonhos com seres desconhecidos de cabeças
grandes, olhos profundos, parecendo estar em órbita, e com a pele
acinzentada/esverdeada... sinto muito dizer, mas você foi abduzido.
Condessa Da Escuridão
Luzes que Matam
Debora Gimenes
Kátharsis Paradoxal
Ao acordar, logo ligou o seu smartphone para saber das notícias, como
sempre fazia todas as manhãs, e a manchete com que se deparou foi: a
Marinha dos Estados Unidos admite veracidade de imagens de perseguição
aos OVNI’s. Sua reação a princípio foi de espanto, mas depois gostou do que
leu. Na matéria havia várias imagens de anos recentes de naves e uma delas
era vermelha, uma expedição feita sozinha pelo reino da cor que fora emitida
a luz. Era um reino bom, de chefes inteligentes e amistosos.
Ligou para o seu irmão, que morava nos Estados Unidos, e perguntou o
que estava achando da grande novidade sendo jogada para a mídia mundial.
A resposta foi cautelosa, o governo sabia muito e havia aliados do governo
com os desertores, o que era preocupante, pois os testes de substâncias
químicas, que somente eram encontradas em território de galáxias que não a
Via Láctea, já estavam sendo usadas para o capital bélico. Uma invasão
recente a um país do oriente foi usada como desculpa para serem testados
drogas e seus efeitos a curto, médio e longo prazo. Os resultados eram
alarmantes, então disse para Túlio ter cuidado. Conversaram mais um pouco
e se despediram.
Ao desligar o telefone foi direto para o banho e depois se encaminhou
para a casa de sua vizinha para tomarem café juntos. Era um domingo lindo.
Ele olhou para o céu azul com o sol radiante, sem fechar os olhos, e jogou um
beijo para o alto.
Cilezia tinha uma bela família e ela meio que o adotou. Ela não sabia
como Túlio, um homem tão bonito, inteligente e educado não tinha formado
sua própria família. Ele dizia a ela que não tinha vindo a esse mundo nem
para ser marido e nem pai, mas ela desconfiava que houvesse algo mais sério
por trás dessa resposta, mas nunca ousou lhe perguntar nada.
Mudinho e seu
novo amigo
Carlos H. F. Gomes
Mudinho tomou um susto. Uma das criaturas que tentava levantar voo
avistou-o e começou um berreiro estridente e ameaçador, deixando-o sem
reação, apenas olhando para aquela cara de olhos pretos miúdos e a boca
pequena, numa cabeça mais larga em cima e fina no queixo, parecendo um
triângulo de ponta-cabeça. A coisa foi atropelada por outras duas que
desandaram a gritar, iguais a primeira, através de bocas estranhas e rasgadas
nos cantos, como as de um desenho que ele viu uma vez na banca do seu Zé.
Como é que o seu Zé chamou a coisa mesmo? Era algo parecido com
curingo... coringa.
Aqueles berros das criaturas, que deviam ser de outro mundo, cutucavam
a cabeça do pobre coitado por dentro, até que elas continuaram correndo,
como se fossem levantar voo, e gritando rua abaixo. Ele ficou ali olhando a
cena, agachado e encostado na bota do gigante sentindo o cheiro de merda
que não o incomodava mais, quando a chuva parou como começou.
Lembrou-se do amigo e correu em direção ao matagal com cuidado para
não cair no lago de café com leite outra vez, porque a crosta já começava a
endurecer no corpo dando a sensação de estar dentro de uma casca, deixando
Mudinho aflito, mas ele precisava encontrar seu amigo, que estava
machucado.
Aquele era o dia dos sustos. Um estouro, como aqueles de São João que
o deixavam atordoado, chamou a sua atenção para o lado direito e ele correu
sem se importar com possíveis poças de café com leite. Encontrar seu amigo
e ajudá-lo era sua obsessão. Mudinho correu entre o capim, que cortava a
pele, e outro estouro bem perto o assustou, ele se desequilibrou e mergulhou
sobre o capim, caindo de cara na terra molhada de café com leite. Apoiou as
palmas das mãos, levantou-se num pulo e viu logo ali adiante seu amigo se
estrebuchar até cair.
A visão do seu novo e único amigo jogado ali fez Mudinho chorar. Ele
se ajoelhou e pegou, entre as suas, a mão trêmula do amigo, ossuda e de
dedos mais compridos que os seus, dizia a ele, com o olhar, que tudo ficaria
bem, mas a vida não era assim e Mudinho sabia muito bem disso, só que
naquele momento ele se agarrava a um trem que não sabia bem o que era,
talvez fosse esperança.
E a esperança surgiu de repente na farda de dois homens da lei. Mudinho
gesticulou, chamando a atenção para que ajudassem seu amigo e um deles
cutucou o outro e apontou para ele. Mudinho sorriu e se emocionou: aquilo
era bão demais, sô. Eles fariam um curativo no seu amigo e ele ficaria bem...
mas a vida não é assim e tudo ficou escuro.
Condessa Da Escuridão
O que pensar após ler isso? Confesso que também não sei, mas posso
afirmar que tudo o que foi relatado nesse depoimento foi verídico. Eu quero
que conheçam a minha história. Chame-me apenas de Piloto 047F, pois no
final deste meu relato, vocês saberão o meu nome.
Era uma segunda-feira, o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro
enviou o caça F-5E da Base Aérea de Santa Cruz (RJ) para interceptar os
OVNI’s, e mesmo que ninguém soubesse, enviou nós do caça F-7F para
investigarmos melhor. Éramos dois: piloto Mike e eu.
Mike foi o primeiro a avistar um objeto voador não identificado, que
sobrevoava acima do nosso caça e possuía uma luz branca tão forte. De
repente, tudo ficou claro demais e quando eu vi, Mike já não estava mais lá.
Nossa aeronave simplesmente desapareceu, não reconheci de imediato o
lugar que eu estava, parecia escuro demais para a minha visão, havia luzes no
teto, iguais aquelas de hospitais, e algumas portas metálicas, ao que parecia
ser o corredor central de alguma aeronave. Minha vista estava embaçada e eu
estava tonto, mas pude ver e sentir quando algo, maior do que eu, aproximou-
se. Os olhos eram grandes, negros e brilhantes, a pele era de um verde musgo
e parecia não ter nariz. Ele se comunicou mentalmente, dizendo que me
levaria até uma sala para que pudéssemos conversar. Neste instante a tontura
que senti se intensificou e eu apaguei, acordando horas mais tarde. A sala em
que eu estava era cinza, mas de uma tonalidade metalizada. Estava dentro de
uma nave, isso era certo. Havia uma janela pequena localizada em cima da
mesa onde eu estava deitado, pensei em fugir, mas fugir para onde? Do quê?
Adentrou então um senhor, que aparentava ter uns 50 anos, vestido com
um macacão espacial azul, que disse:
— Piloto 047-F... é assim que será chamado daqui em diante... sua vida
na Terra deixou de ser requisitada. Meu nome é Allhefeir, vim de muito
longe para escolher alguém que fizesse o que eu fiz há muito tempo. Você
está a bordo da TX-140V, uma aeronave até então desconhecida pelos
satélites da Terra. A partir de agora, tu serás um dos nossos, farás parte da
nossa tripulação e conhecerás os nossos modos de vida e o que fazemos. Seu
companheiro Mike não nos serviu e por isso foi devolvido ao seu local de
descanso eterno no mesmo dia que nos avistou sobrevoando próximo a vocês.
Seja bem-vindo, Piloto 047-F, nossos integrantes te receberão e te acolherão,
e em questão de semanas tu se sentirás em casa.
Dito isso, saiu da sala e me deixou cheio de dúvidas. A partir desse
momento que começou o meu martírio.
Bom, isso foi um pouco do que me lembro ter acontecido no ano de
2009. Os dias, meses e anos foram se passando normalmente e eu realmente
acabei me acostumando com os seres não humanos daquela nave, alguns
tinham olhos tão profundos que era praticamente impossível deixar de olhar,
outros já nem o possuíam. O comandante da nave me tinha como braço
direito. Depois de anos tentando fugir, ele me fez entender que há sim lugar
melhor do que a Terra para se viver... ou você se acostuma, ou se mata. Eu
preferi me acostumar. Já se passaram 113 anos desde o ocorrido e em todos
os anos voltamos à Terra para resgatar mais um soldado.
Hoje é um dia especial para a nossa tripulação, pois fui nomeado o
comandante de uma das mais de milhões de aeronaves da nossa tropa, eu
serei o responsável por escolher o capacitado para viver e servir a nossa
ordem. Fiquem atentos, pois haverá luzes no céu e não será apenas uma, pois
precisaremos de muitos, nossa tripulação precisa de bons soldados!
Na Terra eu fui dado como morto em um acidente aéreo. O que mais
intrigou o Ministro da Aeronáutica foi que não encontraram o meu corpo para
ser enterrado e eu era um dos melhores pilotos do caça, não havia incidentes,
então tiveram que colocar outro corpo no lugar do meu para não deixarem
“falhas’’ para os familiares e imprensa.
Todas as noites, antes do Ministro morrer, ele olhava para o céu com o
seu binóculos à procura da aeronave TX-140V, afim de saber onde eu estaria,
mas o que ele e ninguém mais soube é que eu havia sido abduzido e estava
bem acima deles, dando sinais o tempo inteiro, mas achavam que eram luzes,
ou rastros de aviões. Tentamos comunicação durantes anos, mas nunca somos
ouvidos, agora eu entendo porque temos que aparecer sempre
sorrateiramente. Quando deixamos escritos em plantações, ou implantes em
humanos, somos malvistos, acham que viemos para fazer o mal.
Peço a todos, que agora sabem da verdade, que tentem compreender e
que se comuniquem, viemos sempre em missão de paz, a Terra necessita de
ajuda e nós podemos ajudar, temos as tecnologias mais avançadas, temos a
cura para todos os tipos de doença e a solução para qualquer tipo de crise. A
Terra deixará de existir em breve se medidas não forem tomadas, os animais
que testamos aqui são as provas de que vai de mal à pior. Não deixem seu
território morrer, lutem por ele!
Agora sei que devem estar se perguntando quem eu sou e porque não
posso usar o meu nome. Pois bem, não posso me identificar por motivos de
forças superiores. Não existe só a nossa tropa, há coisas malignas aqui em
cima também.
Meu nome? James, piloto da Força Área Brasileira, mais conhecida
como FAB. Era eu quem estava no comando do caça no dia que fomos
averiguar os avistamentos, e onde eu fui abduzido e recrutado. Esta
provavelmente será a última carta que encontrarão, pois a partir dela terei que
me mudar para outro planeta distante, viajar por outras galáxias e recrutar
novos seres.
Deixo-lhes um aviso: tenham cuidado, pois poderão ser os próximos.
Até breve!
Olho Nu
Rangel Elesbão
Fazia calor naquela noite e por isso a janela do quarto estava aberta. Otto
rolava na cama, tentando dormir, quando uma luz mais forte do que a lua
cheia iluminou todo o ambiente. Assustado, saltou da cama e através da
janela viu a luz clareando todo o campo. Horrorizado, fechou-a, mas as luzes
eram tão intensas que entravam pelas frestas da janela e do telhado.
Alguns minutos depois a luz desapareceu.
Indo em direção a porta do quarto, derrubou a garrafa de cachaça vazia,
que estava ao lado da cama, e saiu para o terreiro. O céu estava estrelado e
não havia outro barulho além dos sons dos bichos noturnos. Enrolou o seu
cigarro de palha, sentou no toco de madeira em frente à casa e ficou sentindo
o vento da madrugada no rosto... quando um clarão vermelho – muito claro e
penetrante – surge no meio campo.
Olhá-lo doía os olhos, mas ainda assim conseguiu perceber que o
enorme feixe de luz varria o norte da lavoura. A claridade ficou imóvel,
pulsando raios coloridos e intermitentes. Alguns instantes depois,
desapareceu.
Otto, com os olhos ainda doendo, ficou intrigado e caminhou até o ponto
onde havia visto a luz. Sem conseguir imaginar o que tinha visto, parou no
meio da lavoura, olhava para todos os lados, quando foi surpreendido pelo
mesmo feixe de luz vermelha.
O objeto oval e alongado se aproximou de Otto. Reluzente, passou cerca
de 50 metros acima dele. Paralisado de medo, viu a nave descer quase perto
do chão a poucos metros em sua frente. Percebendo o perigo que corria
diante de algo desconhecido, correu para casa.
Ofegante, foi surpreendido por uma criatura quase da altura dos seus
ombros. Ela usava um traje cinza semelhante aos dos mergulhadores. Um
capacete colorido cobria o pescoço, além da cabeça, mostrando somente os
seus olhos, protegidos por um tipo de óculos. Havia um símbolo
desconhecido gravado no peito do ser, onde brilhava uma espécie de neon
vermelho.
Outras duas criaturas aproximaram-se pelos lados e o cercaram. Uma
delas disparou, contra o humano, um raio do objeto cilíndrico que portava, e
quando Otto foi atingido, o feixe ampliou até envolvê-lo por completo. As
costas arquearam e a cabeça pendeu para o lado, mas quando começou a
levitar, seus braços abriram e o corpo ficou reto. Otto foi flutuando até a
nave, paralisado dentro da cápsula fotônica.
Dentro da nave, a tripulação conversava emitindo sons graves e guturais,
e como se tivessem chegado a uma conclusão, caminharam até o divã onde
Otto havia sido colocado depois que o invólucro de luz foi desativado. O
humano foi despido à força e suas roupas foram rasgadas. Seguraram seus
braços e pernas enquanto outra criatura passava em seu corpo um óleo
incolor e sem cheiro. Enquanto isso, outra criatura trazia uma enorme agulha
metálica, semelhante com uma agulha de tricô, com uma espécie de grão de
feijão na ponta. Introduziu na narina direita dele, indo quase até o fundo,
provocando uma sensação de queimadura. Quando a retirou, percebeu que a
coisa havia sido implantada em seu corpo, grampeada nas suas cartilagens
nasais. Ao terminarem, o ser, que parecia ser o chefe, aproximou-se trazendo
uma espécie de cálice, por onde saía dois tubos com ventosas nas pontas, e
grudou um deles no queixo de Otto. Ele gritava de medo, mas sentia apenas a
sensação de que sua pele estava sendo sugada. Sem dor alguma, viu seu
sangue escorrer pelo tubo a encher o vasilhame, enquanto sentia coçar o lugar
onde o tubo havia sido colocado.
Um dos extraterrestres apertou um botão na parede e uma porta retrátil
subiu em direção ao teto. Eles o levaram para outra sala e o deixaram
sozinho. Uma cortina de fumaça, com cheiro sufocante e desagradável,
exalou dos poros dispostos nas paredes e logo se dissipou, fazendo-o sentir
um forte enjoo e vomitar. Após um tempo sozinho, foi surpreendido pela
chegada de uma mulher nua, acompanhada de dois aliens vestidos com trajes
de mergulhador e capacetes.
A alienígena era baixa e tinha cabelos loiros, quase brancos, repartidos
ao meio e caindo na altura da nuca, os olhos eram azuis e amendoados, um
pouco alongados, as orelhas pequenas, e o queixo, lábios e nariz eram
delicados. Sua beleza era diferente das mulheres humanas. Os pelos
vermelhos das axilas e da púbis chamaram sua atenção por serem vermelhos,
e por um momento pensou que a fumaça exalada na sala poderia ser uma
reação química para que ela pudesse respirar sem o capacete.
Os tripulantes saíram da sala e ela o abraçou, esfregou seu corpo no dele,
tocando suas genitais. Ele sentiu uma excitação inexplicável e incontrolável,
como nunca havia acontecido em sua vida, e entendeu o que a alien estava
deixando bem claro com a sua visita.
A extraterrestre gritou como uma sirene quando foi penetrada. Ele estava
tão excitado que não conseguia parar de se mover. O grito alto e grave durou
alguns segundos, depois disso ela não demonstrou qualquer outra reação. O
ato sexual ocorreu normalmente, como se fosse com uma humana, e quando
sentiu que Otto ejaculou, a alienígena o empurrou para o lado com uma força
descomunal, apertou um botão na parede e se preparou para sair, mas antes
apontou para o seu ventre, para Otto e depois para o alto, indicando que
daquele ato nasceria outro ser que pertenceria a eles.
Em estado de choque, Otto foi levado por um longo corredor dentro da
nave, onde pulsavam estranhas luzes fosforescentes. Ele foi colocado numa
nave menor, que voou em linha reta numa velocidade jamais vista por olhos
humanos. O jovem acordou num matagal, alguns quilômetros de onde foi
abduzido. Com medo de ser considerado louco, ou ridicularizado, preferiu
manter a sua apavorante experiência em sigilo. Sua família havia dado por
sua falta durante a madrugada, mas como encontraram a garrafa de cachaça
ao lado da cama, pensaram que ele havia saído, bêbado, pelo campo e
adormecido. Otto calculou que ficara cerca de 4 horas a bordo da nave.
Estava exausto quando chegou em casa, mas não conseguiu dormir o resto da
noite, acordando e cochilando a todo instante. No dia seguinte, sentiu dores
no corpo e ardência nos olhos, surgiram pequenos caroços inflamados, que
duraram alguns dias, mas logo cicatrizaram sem sangrar. Com o passar do
tempo, sua vida voltou ao normal, sem nunca mencionar sua experiência em
outro planeta, e assim conviveu com as marcas em seu corpo e passou a olhar
para o céu e as estrelas com outros olhos.
Otto atirou a revista no sofá e deu um longo suspiro. Nunca uma
abdução foi provada, e por mais que duvidassem dos relatos na reportagem,
acreditava em Antônio Villas-Boas. Ele havia passado pela mesma
experiência, na mesma semana e em situações idênticas. Era pavoroso demais
pensar, que assim como ele preferiu ficar no anonimato, outros também
preferiram guardar segredo sobre as suas experiências. Quantas pessoas ao
redor do mundo deveriam ter passado por essa terrível experiência? Antônio
Villas-Boas foi o primeiro a contar e só agora chegava ao público.
Procurou o telefone de contato da revista “O Cruzeiro” na última página,
decidiu ligar e procurar pelo endereço de Antônio. Queria oferecer sua
solidariedade, pois, assim como ele, também havia passado pela mesma
situação. Otto era a prova viva de que Villas-Boas não havia sido o único a
ser abduzido.
Segurou o fone e começou a discar, mas parou quando sentiu um arrepio
ao lembrar de um belo dia de 1960, convidativo para um passeio no parque, e
de mãos dadas com sua namorada, Amélia, escolheu a sombra de uma árvore
frondosa para se sentar. Enquanto a namorada ficou sentada, resolveu
comprar uma maçã-do-amor. O parque estava lotado, mas na volta deixou a
maçã escapar entre os dedos quando viu ao redor do lago, entre a multidão,
uma mulher idêntica a alienígena que havia copulado no interior da nave. Ela
sorriu para ele, segurando a mão de uma frágil criança de cabelos longos e
ralos, olhos grandes e assustados. Sentiu um nó na garganta e uma ardência
no nariz. Sem que notasse, uma gota de sangue escorreu da sua narina,
tocando os lábios.
Em seu íntimo, já não importava se o mundo acreditaria, ou não, no
contato com extraterrestres. Otto só tinha uma grande certeza: eles já estavam
entre nós.
Luzes no Céu
Humberto Lima
Donnefar Skedar
Organizador do livro
O que cada um viu e sentiu sobre cada caso?
É isso o que posso “pensar” ao finalizar a leitura deste livro. Cada autor
e cada conto é íntimo e único, do qual não esperava encontrar ao ler os
inúmeros parágrafos que compõem este trabalho que intitulamos
carinhosamente de “ETlogia”.
Inicialmente acreditava que cada um escreveria algo parecido entre si, ou
seja, meu pensamento era que todos viam os ET’s e OVNI’s sempre da
mesma forma, mas me enganei drástica e maravilhosamente. Não apenas
cada conto foi único, como cada visão sobre o caso/relato foi retratado de
forma a deixar o leitor completamente satisfeito com a leitura.
O projeto não quer criar dúvidas quanto aos casos citados, muito menos
fazer o leitor mudar sua opinião, ou visão, sobre qualquer um deles, o projeto
“Área 55” é apenas uma coleção de contos de escritores que gostam do tema
e que aceitaram o desafio de escrever sobre o assunto de uma forma livre e,
ao mesmo tempo, íntima. Por isso a minha grande admiração com o resultado
aqui mostrado.
Todos os escritores criaram contos únicos para uma leitura pausada,
onde o leitor deverá ler e reler o caso, e assim criar em sua mente o seu
próprio conto sobre o caso em que cada um foi inspirado.
Eu termino agradecendo pela leitura e desejando que este seja apenas o
início de um vasto universo literário, seja neste tema ou em tantos outros.
Debora Gimenes,
Debora Gimenes, paulista, nascida e criada na Capital é escritora de histórias
policiais e sobrenaturais. Publicou vários contos e organizou algumas coletâneas por
diversas editoras. Seus trabalhos mais recentes são os e-books; Chamas da Morte (DG
2018); Segredos e Destinos (DG 2018); A Noiva da Rua Andre Costa (DG 2019, ); É
associada da ABERST desde de Setembro de 2018.
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Carlos H. F. Gomes,
Carlos H. F. Gomes é fã de terror, policial e space opera. Participou do DTRL –
Desafio de Terror Rascunhos Literários por 11 edições, sendo bicampeão, e foi um dos
organizadores do Projeto A Arte do Terror de 2.016 a 2.018. Lançou 4 contos em e-book,
participa das antologias Sociedade dos Poetas Vivos, O Mundo Fantástico de R.F.
Lucchetti e Gothic-O Horror no Séc, XIX, além de assinar o capítulo 4 do ousado
romance coletivo Rio Vermelho, e 8 antologias da Elemental Editoração.
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Condessa Da Escuridão,
Me chamo Condessa, tenho 26 anos, resido em São Paulo e sou uma Ghost Writer.
Iniciei com poesia macabra, eróticos e atualmente escrevo sobre terror.
Sou uma apoiadora da literatura nacional e participei das antologias ‘’Nightmares 2
- Alguns pesadelos para quem dorme acordado’’ e ‘’Área 55 – O Brasil Na Rota
Alienígena’’ ambas da editora Elemental Editoração.
Inspiro-me em: Anne Rice, Poe, Lovecraft, Agatha Christie, Stephen King e em
todos os nacionais.
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Rangel Elesbão,
Gaúcho de Cachoeira do Sul (RS), escreve desde os treze anos, e não dispensa um
bom chimarrão durante as leituras. Apaixonado desde criança por filmes de terror, logo
começou a escrever suas próprias histórias. Suas influências são Stephen King e Clive
Barker, passando por Hitchcock e Tarantino. Fã dos filmes de Dario Argento e Lucio
Fulci, adora os livros de Agatha Christie e Edgar Allan Poe. Participa de antologias com
seus contos macabros desde 2016.
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Fernando Rômbola,
Inspirado pelos mestres scifers, Fernando Rômbola encontrou na Ficção Científica
a grande aliada de todos que confrontam a Realidade. Seu primeiro conto, Ester, foi
lançado em novembro de 2019 e em parceria com Rangel Elesbão publica o segundo
conto pela antologia Área 55.
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Humberto Lima,
Humberto Lima.
O Criador de Pesadelos.
Professor de Geografia, escritor e desenhista. Mora em São Paulo, Capital.
É apaixonado pelo terror. Ele participa de mais de 25 antologias em livros físicos,
virtuais e revistas em diversas editoras.
Colunista com artigos semanais na Publiquei e Literanima.
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Donnefar Skedar,
Nascido na cidade de Santo André – São Paulo, Donnefar Skedar ou Jay Olce
publica na internet desde 2009, criador do selo Elemental Editoração pelo qual realiza
suas publicações.
Seus livros estão disponíveis de forma internacional, alguns títulos receberam
traduções para os idiomas, Inglês, Espanhol, Francês e Italiano, como o livro Dirty
Vampires, que foi lançado em quatro idiomas.
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