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Qualidade sem pressa.

Cerne
Um gemido de dor sibilava um eco na sala de metal, parecia que o som
batia, palpavel, nas placas que delimitavam aquilo que é chamado pela
ralé de parede. Esse grito tímido era consecutivo de um gemido reconfortante
de prazer, o meu.
Tinha acabado de alfinetar minha tarefa do dia, ao som do gotejar de sangue
insalubre no meu quarto e o retinir de dores.
A tez pálida dos meus dedos engendravam a massaroca de carne do torso vivo
pregado na parede á correntes, pregos enferrujados e navalhas. A carne do estomago
era rasgada superficialmente, somente profunda o suficiente para a carne viva ficar
exposta e o vermelho escorrer. Os restos de pele ficavam pendurados, um em especial
enorme: o couro balançava. O rosto da vitima estava sujo do rubro saboroso, sua
pele
pasma e suas pálpebras arreganhadas por uma costura nas sobrancelhas raspadas, seus
cabelos haviam desmaranhado, raspados em partes desconjuntas, um castanho morto e
um corte de louco. Ele era suspenso de maneira horizontal ao centro do ferrugem
ensanguentado, do seu pescoço até seus pés, alfinetes com pedaços de pele e
escritas,
Sangue seco escrevia:
"Fazer o café da manhã", no gogó.
"Tomar banho", no centro de seu peito.
"Encontrar uma música nova que eu goste", grafado numa orelha decepada, presa ao
mamilo.
"Meditar", no plexo solar.
"Aparar a grama", na virilha.
"Achar uma criança", no pênis.
"Encontrar ela ás 15:30" na lateral dos escrotos, grudando ambas as bolas.
"Achar alguém novo para colar as tarefas do dia", no pé direito. Uma nota de
observação: "Começando corretamente".
"Escolher alguns presentes para doar ao lar de idosos", no pé esquerdo.

A mão engravada saia do estomago banhada, o branco coberto pelo tom


do que escorre. Um breve transe enquanto encarei o corrimento pelo meu braço,
isso é um movimento que sempre me despertou curiosidade, como e por que? Da mais
profunda origem: Como, e por que? Como se movimenta assim, e por que? E isso é
realmente a pergunta que quero fazer? É o suficiente para me saciar? Eu tenho
certeza que essas já tem resposta, mas não é isso, é como se esse movimento fosse
Deus, fosse tudo. O movimentar de qualquer coisa líquida, e, especialmente,
pegajosa,
carrega angulos geometricos invísiveis, como o que tu vê em píxels da tela de um
computador: A comparação me faz pensar que não há grande segredo profundo por trás
do que me pergunto, e que só me pergunto porque faço parte, e não estou fora, do
sistema do universo. A reflexão é desmotivada, mas a curiosidade ainda é rica de
amor, pois esse movimento me causa um orgasmo no centro do meu peito.

A sala de metal terminava um barulho arranhado de quando algo grande e metálico


cede um entortamento por queda, como um caminhão descarrilhando lentamente e
fazendo
aquele ranger. Era o som natural e ambiente da sala, vazia, se não por nosso
escritor,
o quadro de carne, e o carrinho de metal prateado: limpo, lustrado, brilhante e
cheio
de utensílios igualmente do mais primoroso esmero! Era o único objeto fora de
lugar,
naquela ambientação escura, onde a única iluminação era do buraco aberto, rasgado,
que representaria uma porta: uma entrada para essa dimensão da realidade, e essa
luz
era semelhante á uma luz de luar, refletindo o brilho naqueles metais enferrujados
que não davam retorno.

"Sangue Escrito?" Ressoava um barulho rouco que lembrava uma voz, era como um
bêbado
morrendo dando suas últimas palavras, mas a entonação dava a entender que não
estava morrendo e nem bêbado, o que permitia a sensação de estranheza.
Era lá de fora, além do buraco, um amigo cobrindo a luz.

Eu caminhei até o rasgão - é assim que chamamos a porta de agora em diante - e pus
minha cabeça fora, procurei por onde ainda havia luz, para que a lua refletisse
minhas lentes de contato completamente escuras, tampavam tudo, era como se eu não
fosse humano. Agora eu lembrava também da rua, um extremo matagal escuro sem
perspectiva de civilização, perfeito para cozinhar.

Mas diante de mim, aquele que tampava a única felicidade da noite, representava um
corpo fora de forma, sobrepeso anormalmente na barriga, gordura visceral que vos
fala, seu traje cômico de palhaço de latex e vinil, tão apertado que parecia que
ele não possuia pescoço, e a carne da sua pele criava dobras no rosto onde não
deveria existir. A máscara de bobo da corte cobria maioria dessas falhas naturais
na sua face desgostante, que já era desgostante por natureza, mesmo sem aquele
aperto da sua roupa ridícula (Ainda mais comparado á minha, um vestido de latex
longo com vinil, o peitoral armadurado e as mangas longas e apertadas, meu pescoço
estava coberto com carinho, inclusive). A parte mais bela de seu traje era aqueles
três tecidos grossos e longos em toda cabeça-de-bobo-da-corte, pois elas tinham
uma esfera de prata para cada ponta, e elas pareciam uma lua cheia de tão
refletoras.

Ele trazia nas costas um musical de ambientação de horror, algum som de algum jogo
que ele jogou, eu tinha certeza, eu conheço o tipo de som. Ele ofegante, com
aqueles
óculos escuros, gemia o próximo ditado ao me ver:
"Faça as honras, Sangue Escrito, o Conselho d'eles, dos eles, eu digo, desculpe,
dos Ele, aguarda em Víscerás."
Eu me permiti sair do rasgão, evitando o saco de banha escroto e indo de encontro
ao
bréu, sem enxergar nada além da lua, sabia que, da região em que eu estava, a
direção
em que a luz refletia, o seu formato e o quão escuro estava definia a distância,
se era norte, sul, leste ou oeste, e qualquer mensagem baseada no tema do ultimo
Víscerás. O último tema foi destino, e a reflexão da lua estava para o leste, seu
formato, lua cheia, definia um quilometro de bréu.

Podia ver grafado no céu como se o arranhasse aquelas torres de energia, brilhando
o farol vermelho pisca-pisca, conseguia sentir o maquinário no meu cérebro se mover
como se retorcesse meu cérebro ao assistir,
uma sensação subjetiva de minha última meditação.
O caminho era pavimentado por matagal, se não por minhas calças de latex e minhas
botas reforçadas de couro, e sola de metal prateado, repito que melhor do que as
vestes daquele escroto, eu seria uma ralé para alguma comunidade de insetos
peçonhetos.
Era um mato verde, longo, misturado com outros tipos de mato: os curtos, e aqueles
que
só chegam até sua canela, a terra era dura e pedregulhada, íngreme, torta, cheia de
altos e baixos, e totalmente sem perspectiva, o pretume era pálpavel. Dava para
sentir
ele nos olhos, como se cobrisse sua retina e doesse, aquele colorido que se forma
quando fecha os olhos, mas era breve: A lua cintilava hoje.
A ventania fria movia os matos banhados de luz prateada, e aquele movimento...,
é isso de novo, aquele questionamento que eu não sabia botar na ponta da língua,
por que? O que é o movimento? Isso não é, em si, uma expressão divina? É como se
fosse parte de mim, como se eu fosse parte do movimento, eu sinto ele mover em mim,
como se eu fosse um com tudo. É místico assistir.

Eu seguia impassível, taciturno, e daí dava para ver, aquele ar de nostalgia subia
pela espinha, parte do universo escalava os ossos da minha coluna como se tritura
algo com um pilão. O maquinário de Víscerás, um cubo metálico sem rasgão,
metodicamente posto em um lugar onde a lua refletisse suas placas e tivesse sua
energia absorvida, a mesma que move ondas. Era perfeito em seu formato e cor, como
se não existisse, como se feito de massinha de modelar mas ao mesmo tempo falta
algo
para ser uma massinha de modelar, porque elas não refletiam luz, elas não tinham as
qualidades de um metal tridimensional, era como se viesse de algum videogame ou
CGI.
Os sons, era como sons de elefantes sofrendo muito baixo, misturado com gravações
de
VHS falhando, era descrescente e crescente, alternado ao que parecia ser aleatório,
mas não se engane, Víscerás é um mecanismo inteligente por natureza. Ninguém sabe
a cor do universo, ninguém sabe. Sem rasgão, devem se perguntar, como eu entro?

Um barulho de papel aluminio, mas imagine vários, imagine uma quantidade mediana do
material se entortando, era o som que fazia quando um rasgão se abria nas placas,
eu era reconhecido como integrante.

Eu adentrei o rasgão, o cheiro de carne decomposta como se estivesse dentro do seu


nariz, enchia meus pulmões de plenitude, aquela tontura e cochicho no estômago e
garganta, se remexendo, a tensão na mandíbula e a vontade de se aquietar, cobrindo
o meu corpo com um puxão revigorante de arrepios gelados.
Cá estava eu, o som de aluminio se repetia, o rasgão se fechava, a coloração
cintilante vermelho-pastel morto, que não se sabia de qual direção vinha, chamava
atenção para as várias engrenagens no centro do pentagrama tecnólogico, essas
engrenagens eram postas de um jeito que pareciam braços mecanicos empurrando o
outro braço para baixo, e o braço que fora empurrado para baixo retornava o
empurrão para cima, fazendo o outro braço subir. Isso é muito comum, mas acontece
que ao assistir, você percebia que uma ilusão fazia parecer com que a velocidade
aumentasse tanto que subisse e descesse simultaneamente: Isso é difícil de
explicar,
mas é simples se eu te digo que quando você vê uma roda de carro que parece estar
voltando em vez de avançando está de fato fazendo os dois. As vezes enlargava como
se fosse para direita e esquerda, as sensações que me causavam eram semelhantes á
quadridimensionalidade presentida nas projeções astrais.

"Sangue Escrito" Disse a figura mórbida que era somente uma silhueta em formato
andrógino e esquelético, um grotesco padrão de animais se misturava na sua barriga,
se deformando e se transformando em todos os animais existentes na terra, a carne
se remodelava como que ritualisticamente. Eu observava hipnotizado.
"A gente te esperou esse tempo todo, onde é que tu tava?" Falou informalmente.
Prosseguiu:
"Estávamos estilizando a nova roupa para o desfile, escolhemos as melhores modelos.
As melhores modelos pornográficas para o desfile. Seus corpos são perfeitos com
aquele óleo brilhante que reflete qualquer luz branca no corpo delas, com as roupas
que preparamos, essas entidades sexuais vão criar a Nova Era! Ou eu não me chamo
País Carne." Sua voz era como de um fumante, mas cheia de catarro e pesada,
carregada de um tom de alguém que já teve uma voz digna de ser ouvida como um
carismático líder de alguma enorme empresa, um homem de negócios, um homem que
você quer ouvir, um locutor, um locutor ou cantor muito antigo se escondia lá.
Som de dentes budejando constantemente após o silêncio de sua declaração. Eram os
dele.
"Gostaria de um sorvo?" Disse outra figura, esta estava bem iluminada pelo
vermelho,
estava com um longo vestido vermelho, cheio de traços abertos, mostrando a pele.
Seus seios enormes, mamilos pontudos. Havia agulhas no braço, onde
se encontra a mais classica area de recepção de vitaminas de viciados. Seu
diferencial era nos olhos, havia agulhas naquele canto dos olhos dela, o canto de
carne, como chamo. Sua barba era cheia, e seus olhos verdes, e seus cabelos longos,
sua face era exatamente como a de Jesus, apenas sabiamos disso. Segurava a cabeça
decepada de Judas. Ajeitava os cabelos e prosseguia:
"Nossa franquia está alcançando seu pico. Todos os desfiles estão sendo
financiados.
Todas as mulheres prontas. A data está marcada, no próximo nascimento. Além disso,
quando receberemos a próxima remessa de Sorvo? Sangue Escrito, isto é contigo, os
tiras tão atrás."
Ao ouvir meu nome, voltei de como se fosse um transe hipnótico.
Alguém atrás de mim estava grafando as novas iniciais do Víscerás, uma tatuagem
á moda antiga, furando a pele da minha nuca e permitindo escorrer tinta.

Um zunido acompanhava meus ouvidos enquanto eu acordava no meu rasgão novamente.


Tinha sido entregue. Tinha alguns viadinhos lá fora, aproveitando Sorvo. A veia
do meu braço já estava cansada, e eu precisava de alguma nova para aproveitar um
pouco do Sorvo. Essa tinha sido minha ultima dose.

Capítulo 2.
Aparelhagem Carnicêrás.
Edgar.

Era a minha primeira vez. Será que eu ia gostar? Será que eu ia ser o
suficiênte? Será que ela não ia exigir demais de mim? Será que minhas
inseguranças iam ser validadas hoje? Será que tudo que me traumatiza
ia cair com um peso enorme sob minha cabeça e me impedir de ter um
bom estado mental, de espírito, para lidar com o que ia me ser entregue?

Estava no setting(1) perfeito para usar o enteogeno: Quarto completamente escuro,


uma cama de casal confortável, e ansiedade. Dei uns tapas na veia do meu braço,
a ansiedade era tanta que eu já parecia alucinar: ela pulsava como se estivesse
viva. Apertei o laço de borracha no meu braço, tampando o fluxo sanguíneo antes
de introduzir a dose no trânsito do meu veículo biológico.

E lá vai... Mordo o lábio inferior enquanto a agulha entra, parece que ela não
tem fim. Guardei calmamente (Como quem atua calmaria num momento de estresse
para que esse estresse não aumente, chamo de sucesso pre-potente: se não
desistisse da atuação, a calmaria poderia ser conquistada com um pouco mais
de auto confiança e perseverança, acredito) a injeção no cômodo á lateral da
cama. Me deitei e desamarrei o apertão borrachudo, deixei no mesmo lugar.

Não demorou, o Sorvo era rápido.


Eu sentia um trânsito enorme no meu corpo inteiro, eu estava leve, sutil, e
minha consciência parecia ter sido expandida de um jeito tão infinito que eu
não poderia descrever. O trânsito se movia independente de mim, mas eu sentia
uma ansiedade para segura-lo, controla-lo, uma angústia me subia a coluna.
E amor, amor escalava minha coluna, e Deus?! E tudo percorria minha coluna,
como se fosse um zoologico público que sem querer deixou todas as celas de
animais escancaradas. Um formigamento acompanhava tudo, um formigamento muito
surreal: Eram realmente formigas dentro de mim, e eu sentia cócegas e gastura.
Eu então abri os olhos, surpreso, porque eu pensava que já estava de olhos
abertos o tempo inteiro. Eu conseguia ver meu peito e barriga desnudo como uma
paisagem plana de uma cidade em movimento que me sussurrava todas as projeções
do meu ego como se fossem óbvias. Nada parecia fazer sentido naquele ínterim.
Todas as pessoas que eu odiava, na verdade eu não sabia nada sobre elas, eu só
odiava o que eu via nas suas atitudes e comportamentos que me lembravam minhas
próprias, reprimidas e enterradas em algum lugar, profundo, no subsolo, mais
escuro que este quarto. Eu senti nausea. Tudo que representava o que eu achava
ser eu, se tornara diminuto demais para que eu compreendesse. Era como ser
destrinchado para que eu fosse levado para um lugar maior, mas não queria, eu
temia a mudança.
Mas tive coragem.

No que era masculino no meu corpo, se tornara feminino. Agora os carros subiam
os meus seios e saiam de minha vagina. Meus cabelos longos acariciavam os
prédios. Tudo era fálico, não visivelmente, era um outro sentido: Nenhum dos
meus sentidos físicos, era como um sentido mental de que tudo ali era fálico.
Abri minhas pernas. Meu corpo brilhava com a iluminação dos postes.
Eu saia do que parecia ser um transe: O transe do que era Eu. Tudo que eu
considerava ser Eu sumia, e o meu medo de perder, e do que eu estava prestes
á me tornar, me assustava á ponto de meu corpo inteiro tremer.

Eu derrepente sabia tudo que se passava no meu quarto. Eu era o quarto, quando
eu era uma parede, eu sentia atemporalmente todas as formigas que se esconderam
lá simultaneamente, ciente de suas datas de nascimento e morte. Eu sempre soube,
só tinha esquecido, tinha esquecido pois estava ocupado em um transe.
Quando eu era essa cama, eu também era todas as camas que já estiveram aqui...
Lembro da colcha antiga e rasgada com desenhos de coelhinhos, coelhinhos
falantes, misteriosos. Nunca soube como me comunicar com eles, só sei que eles
falavam quando eu não estava lá. Quando eu fui o chão, eu sou, e eu vou me tornar
ele: A cerâmica estava suja de café, ela era também um simples reboco de cimento
e também era azulejo... Eu e as aranhas passeavamos para o guarda roupa, agora,
cheio de roupas novas que trouxemos. Eu voltei para nossa teia, onde eu aguardava
feliz para ser consumido.

Eu derretia, derretia... Me entristeceu que eu derretesse, pois eu não ser


consumido talvez significasse que as aranhas não fossem comer...Não tive
tempo para pensar muito nisso, eu derreti.

Eu compreendia que tempo não existia. Meu corpo também não.


Era como nascer de novo. Eu vi artérias pulsando eletricidade roxa com um impulso
cavalar, me lembrava do meu pênis quando eu conquistava o orgasmo. Era constante
e tinha um padrão.

Ao derreter vi de relance o transito do meu corpo se tornar cobras rastejantes


e sibilantes se enroscando umas nas outras assim como pistas formam encruzilhadas
porém imagine-as em uma dimensão á mais do que a simples tridimensionalidade que
conhecemos. Não dá para imaginar. Não é você quem imagina, é seu corpo.
Não deu tempo, eu cai. Eu pensava que ia me tornar a cama, mas cai mais abaixo,
e sumi.

As memórias de todos os meus relacionamentos passados lavavam meu corpo. Já o que


eu era, mesmo que eu não saiba, estava indo para algum outro lugar.

Eu era a cidade inteira antes, mas agora, eu era o universo. Talvez sê-lo seria
a única forma de se comunicar diretamente com ele. Talvez seja porque ele seja
tão grandioso que o mero contato com ele te transforma nele. Ceder,
vulnerabilidade,
é poder, é um músculo.

Escutei um zunido, transmutado constantemente em toque, eu enxergava sua forma


somente com o tato, os olhos não viam, mas o coração sentia. A última pétala
que caiu na minha testa se tornara um olho, e eu estava em uma chuva delas: foi
assim que percebi que era isso que zunia. O vento batendo nas folhas, derrubando
flores. E eu nunca parei para notar o quanto esse zunido era tão incompreensível,
quanto esse movimento, esse som, essas ondas sonoras... Como a gente ignorava
como se fosse óbvio. A gente não sabe de nada.

Minha mente tinha mãos infinitas, e eu não tinha tempo de pensar ou querer usar
todas elas, eu era dominado e sucumbido, lavado, e despedaçado.

Uma voz na grama do infinito: Esta qual eu me deitava, dizia:


- Quero colorir alguns desenhos!
Era uma voz de criança. Era a grama.
Essa frase não só me era familiar, nela cabia todos os significados do mundo,
e somente um sentimento: todos. Nada precisava ser compreendido, mas tudo se
perdia na tradução. Era amor, tudo era feito de amor, e tudo vibrava
imaterialmente. A familiaridade não vinha só do fato de que parecia que eu
estava num mundo alienígena e aquilo era uma lembrança de humanidade, ela não
vinha somente do fato de que eu já fui criança, e eu já quis colorir um desenho,
e esse foi um sentimento profundo meu: Esse meu querer, era enorme, divino.
Um Deus gostaria de desenhar naqueles dias, um Deus me pediu para desenhar hoje...
De onde realmente vinha? Era infinito, do conhecimento inconsciente que eu tinha
de que toda a existência, seus padrões, eram unificados de uma forma que aquela
grama sequer precisava falar para mim que queria colorir uns desenhos. Ela já
tinha falado, já falou, e vai falar, simultaneamente. Porque tudo já se sabe.

Capitulo 3
Caanita.

Ela é só mais uma... Só mais uma de várias, eu não a amo de verdade, a que eu
realmente
amo é aquela que é inteligente, orgulhosa, poderosa, cheia de potêncial, e
vulnerável
de uma maneira sexy... Capaz de ser várias personalidade ao mesmo tempo,
interpretar
sem medo e auto confiante! Eu sei o que sou e quem eu sou, eu sei quem realmente
foi feita
para mim! Eu fui feito para ela, e ela á mim.

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