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Pequeno glossdrio lacaniano Vera Avellar Ribeiro (org), Elza Marques Lisboa de Freitas, Maria Josefina Sota Fuentes, Cristina Maia, Marcelo Veras A guisa de algum esclarecimento aos que se aproximam dos conceitos formulados e/ou desenvolvides por Jacques Lacan, achamos oportuno criar um breve glossanio, Lemibramnos Que muitas das formulagdes de Lacan ngo se mantiveram inalteradas ao longo de seu ensino. ‘Aa contratio, elas se destacam justamente por nao terem um sentido fixo, por sorem revisita- das, problematizadas e mesmo reinventadas, em suma, vivificadas por seu autor ACOISA tm ‘seu texto “Projet de uma psicologia cientifica”, Freud (1895) introduz 0 que de- Nomingu “Primeira experiéncia de satisfagao". Nela estio envolvidos 0 infans e um outro, Quase sempre a mae, pois o bebé humano, em sua precariedade, ¢ incapaz de realizar a ago specifica necessdria para aplacar a tensdo surgida da nocessidade Valendo-se dessa ex- periéncia, Freud pontua és aspectos fundamentais na ‘constituigéio do psiquismo humano: © desamparo inicial com que o filhote do homem, como diz Lacan, chega a0 mundo; a ocor- téncia de uma primeira experiéncia de satistagio, a inscrigao do objeto propiciador de Digitalizado com CamScanner 286 satisfagdo — a Coisa, das Ding ~ e das marcas deixadas por essa experiéncia, desde sem- pre perdida, no aparelho psiquico / “Essa Coisa, da qual todas as formas criadas pelo homem pertencem ao registro da sublimagao, sempre serd representada por um vazio, precisamente pelo fato de ela indo poder ser representada por outra coisa ou, mais exatamente, de ela s6 poder ser fe presentada por outra coisa.... Toda arte se caracteriza por um certo modo de organizacao em toro desse vazio", diz Lacan em seu Seminario, livro 7: A Etica da Psicandlise. OS QUATRO DISCURSOS DE LACAN Lacan identifica quatro tipos possiveis de lago social, quatro articulagdes possi- veis da rede simbélica que regula as relagGes intersubjetivas, a partir do discurso. Estes “quatto discursos” so: 0 discurso do mestre, 0 discurso universitério, 0 discurso da his- térica e 0 discurso do analista. Lacan representa cada um desses, por um algoritmo. Cada algoritmo contém os quatro seguintes simbolos algébricos: Si significante mestre S2_=osaber $ sujeito @ =mais-de-gozar O que distingue entre si os quatro discursos é a posigao desses simbolos. Nos al- goritmas dos quatro discursos, hd quatro posigGes, cada uma delas designada por nomes diferentes, a saber: 0 agente, o outro, a verdade e a producao. agente outro verdade —_produgo Cada discurso se define escrevendo os quatro signos algébricos em posigGes diferen- tes. Eles conservam a mesma ordem, de modo que cada discurso resulta, simplesmente, de um giro dos simbolos de um quarto de volta. O discurso do mestre € o discurso basico, do qual derivam os outros trés. Ele oculta “a Givisdo do sujeito”. Também ilustra a estrutura da dialética do senhar e do escravo. st = $2 : s a 0 discurso Universitario se produz fazendo girar um quarto de volta no discurso do mesire (no sentido contrério aos ponteiros do rel6gio). A posiggo dominante é ocupada pelo saber. O discurso universitario representa i ahegemonia do saber, parti isivel na modernidade, na forma de hegemonia da ciéncia. Nanna S2os a sis Osdiscurso da histérica se oby itém, também, fazendo gi iscursO. domestre, ic oa girar um quarto de volta do discurso re, mas no mesmo sentido dos ponteiros do ‘elégio. Nao simplesmente “o quedizuma Digitalizado com CamScanner histérica”, mas um certo tipo de laco social, no qual Pode-se inscrever qualquer sujeito. A po- sigdo dominante 6 ocupada pelo sujeito dividido, o sintoma S$ o» SI a 82 Odiscurso do analista se obtém fazendo-se um quarto de volta do discurso da histérica (da mesma forma que Freud desenvolveu a psicanilise, dando um giro interpretativo no discurso de suas pacientes histéricas). A posigao do agente, o analista no tratamento, 6 ocupada pelo objeto a. Isso ilustra 0 fato de que o analista, no decorrer do tratamento, tem que transformar- se na causa do desejo do analisante. Esse discurso 6 0 avesso do discurso do mestre. ao# § S82 Ss FALO Embora 0 termo falo tenha sua aderéncia freudiana 4 questo do 6rgao masculino e @ teoria da castragao, Lacan, no Seminério, livro 3: as psicoses, indica o falo como um me- teoro, a saber, como algo que é da classe dos semblantes. J4 no Semindrio, livro16: de um discurso que nao fosse do semblante, Lacan dé como exemplo de semblante a aurora boreal, o arco-iris e, também, 0 meteoro. Se tomarmos 0 falo como fixo, como um pélo, estaremos nos referindo ao falo como estabilizado pela funcao paterna. Mas ha uma significagao pri- mordial do falo que nao se esgota nas questGes do Edipo, da fun¢ao patema ou da castra- (a0. Trata-se, nesse caso, do falo como o que “falta” ao ser e, a0 mesmo tempo, como o significante dessa falta, o significante do desejo. Essa é a natureza ultima do falo, acrescida de seu indice: “O significante”. FANTASIA A fantasia, em psicandlise, surge na obra de Freud, a partir de seu texto “Bate-se uma crianga” (1919), no qual, valendo-se das variagoes sintaticas, ele elabora uma pri- meira organizagao. Por outro lado, ao reduzir as fantasias auma s6 frase, ele torna evidente 0 seu cardter enigmético, inclusive para 0 proprio sujeito. Para avangar sobre O conceito de fantasia, Lacan vai aborda-la valendo-se do matema S<>A, segundo 0 qual o sujeitocas- trado busca uma articulago com o objeto de seu desejo, pela via da fantasia. Fantasia — ou fantasma — pode parecer ter um uso banal, mas, gragas a Freud e, depois, a Lacan, 0 Conceito de fantasia passou a ocupar um lugar central e muito particular na teoria psica- nalitica. Por meio do olhar, o sujeito esté sempre presente nessa construgao imaginaria e nela encena o desejo. Na fantasia, haveria, sempre, “uma frase que searticula no eixo sim- bélico”. Hé um enunciado de sustentagdo. Mas, partindo da afirmagao de que nao ha pul- " " i impede que 0 sujeito Sé0 sem sint mos entender a fantasia como aquilo que it I toma, pode tasia entrando, af, como garantia do gozo € aprenda a se virar com o seu sintoma. A fan a i aplacamento da angéstia. Lacan introduz a formula da fantasia para dar conta disto. 287 Digitalizado com CamScanner FORACLUSAO (OU FORCLUSAO) ito forjado por Jacques Lacan para designar um mecanismo especifico da psi- 2 rejei¢do de um significante fundamental para fora do uni- yeito. Quando essa rejeicao se produz, o significante 6 dito foracluido, Nao ¢ integrado ao inconsciente, como no recalque, e retorna, sob forma alucinat6ria, ao teal do sujeito. 0 termo foraclusdo foi introduzido, pela primeira vez, por Jacques Lacan, em 4 de julho de 1956, na ultima sesso do Semindrio Ill, dedicado as psicases. O conceito de foraclusao assumiu, em seguida, uma extensao consideravel, na literatura lacaniana, O termo forclusao ( Venverfung) diz da aboligao simbdlica de um direito nao exercido no prazo devido. Lacan o apresenta dizendo tratar-se de uma forclusdo do significante, isto 6,no ponto em que o Nome-do-pai é chamado, “responde no Outro, um puro e simples furo, 0 qual, pela caréncia do efeito metaférico, provocard um furo correspondente no lugar da significagao falica” FUNGAO FALICA Com a elaboragao das formulas da sexuagao, nos anos 70, Lacan introduz o falo como uma funggo matematica, formalizada a partir da légica de Frege e Russel, para indi- car sua fungao de gozo relativa ao complexo de castragao. A funcao félica designa tanto 2 interdi¢éo do gozo, quando submetido a lei da castragao, como, também, um meio de tra- tat 0 gozo pela linguagem, servindo de supléncia a inexisténcia da relagao sexual. G0z0 Occonceito lacaniano de gozo implica em algo mais do que o prazer. Ele estaria as- sociado ao que Freud formulou em “Além do principio do prazer” (1920), au seja, 8 pul- s&0 de morte, a Thanatos, em oposigo a Eros, pulsdo de vida. Em Lacan, podemos pensar @ nogao de gozo dividindo seu ensino em um antes e um depois do Semindrio 20. Antes, a nogao de gozo estava referida & concepgdo juridica do termo, o gozo era articulado a partir do gozo do Outro. Outra referéncia foi defini-lo associado a satistagao da pulsio. Um terceito modo de pensé-lo é via adjetivagao: gozo clitoridiano, gozo masturbatério, goz0 da coisa, go70 perverso, gozo da mulher, gozo de Deus, etc, No Seminario 17,0 gorzo esté referido @ uma perda resultante da operagao significante sobre 0 corpo, “S6 se pode gozar dos restinhos de gozo recuperados sob as formas do Objeto a”, Depois: “No Seminét10 20, 0 goza é definido como 0 goro da Um. “Sef ...) 6 goz0 do Um nao pode ser goz0 do Outro |..] O. que é Um? |... podemos identifica-lo ao corpo, a nogao de narcisismo [..J porque 0 narcisismo é 0 que faz 0 Um do compo,” A partit desse Seminario, 0 goz0 & do Umi. [os gozos) “sdo maneitas do Sujeito conseguir a ilusdo de ser Um". Aplicando- Se @ concep;ao de goro & contemporaneidade, ao mal-estar atual, podemos dizer que @ sociedade capitalista estaria mais voltada nao pata a satistagdo do desejo, mas para um modo de gozo caracterizado pela incessante Aquisigéo de objetos, pelo consumnismo ligado @ forma de gozo denominada por Lacan de “mais-de-gorar™ Digitalizado com CamScanner GOZO FALICO Eamodalidade do gozo inscrito na fungao fali mens e mulheres que se submetem a lei da castrac do corpo, a ser recuperado no objeto da pulsdo, orientado pelo significante falico, Enquanto 0. gozo do homem é todo inscrito na funco félica, na mulher nem todo 0 goz0 se sujeita a fungaio da castragao, de modo que, nela, hé uma divisdo entre 0 ozo falico e um gozo Outro. Silica (ver fungéio félica}, presente nos ho- I¢a0, € que implica numa extracao do gozo GOZO FEMININO Inscrito em uma ldgica “para além do Edipo", isto 6, nao submetido é lei dacastragao, 0 goz0 feminino revela-se enigmatico e inapreensfvel, permanecendo infinito em termos da linguagem e ilimitado em relacao a sua localizagao corpérea. 0 gozo feminino, que algumas (ou seja, nem todas) mulheres podem experimentar, nao estabelece a relagdo sexual entre os parceiros, isto 6, nao é complementar ao gozo masculino, mas suplementar ao gozo fa- lico. Ea partir do enigma sobre 0 gozo feminino, gozo que, por estrutura légica, segundo Lacan, nao pode ser expresso em palavras, que podemos ler a frase “nunca se saber ao certo O que quer uma mulher”. SIGNIFICANTE E LETRA Enquanto o signo é uma significagao para alguém, a letra 6 a esséncia do significante e no significa nada para ninguém, a letra nao tem significado algum. Lacan toma o termo “sig- nificante” da obra do lingiiista Ferdinand de Saussurre. Essa palavra nao foi utilizada por Freud, que nao conhecia a obra de Saussurre. Segundo esse tiltimo, o significante 6 elemento fonolégico do signo. Nao o som em si, mas a imagem mental desse som. Nos termos de Saussurre, o significante é a “imagem acistica” que significa um significado. Saussurre sustenta que o significado e o significante so interdependentes, mas, para Lacan, o significante 6 primério e produz o significado. 0 significante é, em primeiro luger, um elemento material, sem sentido, que faz parte de um sistema diferencial fechado. Se osigni- ficante se situa do lado do simb6lico, inaugurando a cadeia significante, por intermédio do falo como significante-mestre, a letra se encontra do lado do teal, diz Lacan. — Nesse sentido, podemos dizer que a especificidade do significante é representar, € letra 6 no ter um sentido. O significante nao é apenas funcional; em si, ele porta uma a ( a partir da ~, Que se presta a um uso outro: ser rasurada, amassada, rasgada... Em Lituraterra, a pat Nogao de litoral, a letra seré separada do significante, ao mesmo Sr : a Culando dois registros heterogneos: sujeito e objeto ou, de modo mais a a eT Desde entéo, Lacan faz passar para um segundo plano o Outro prévio, a quina simbdlica que, desde sempre, engendra significagao. materialidade —carta/letra OBJETO AE MAIS-DE-GOZAR oe A proposigéio do objeto a, por Lacan, nao se processou desde o int Digitalizado com CamScanner 289 290 ensino, nem se manteve inalterada. Podemos: dizer que esse objeto cumpre certo trajeto historico, clinico e conceitual, ao longo desse ensino, ou, talvez, seja mesmo possivel considerar que o ensino de Lacan tem seu proprio trajeto constituido pelos processos de invengao, tematizagao e problematizagao de tal objeto. A propria “natureza” desse ob- jeto dificulta-nos sua “apreensdo”. Segundo Lacan, 0 objeto a é um resto, o que sobra da incidéncia da linguagem e da cultura sobre as dimensdes da satisfacao, da natureza e dos corpos. Ele nao 6 exatamente um objeto, como qualquer outro objeto do mundo, tampouco pode ser considerado como um nao-objeto. Como, entao, definir 0 objeto a? No Seminério sobre a angustia, Lacan acrescenta, aos trés objetos ja destacados por Freud (0 seio, as fezes € 0 falo), mais dois outros — 0 olhar e a voz — e compée, entéo, a lista de cinco objetos a “naturais”, cada um deles proveniente, como restos, de um corpo despedagado. Freud, em “Além do principio do prazer’, paralelamente a0 desenvolvimento do conceito de pulsdo de morte como retorno a0 inanimado, aponta uma tensao no aparelho psiquico, ori- ginada dos impulsos recalcados, que nao é resolvida. Segundo ele, essa tenséo diz respeito "3 diferenga de quantidade entre o prazer da satisfago que é exigida e a que é realmente con- seguida”. Lacan retoma essa questo e trabalha no sentido de uma positivagao desse resto como fonte de algo novo. Dessa perda, surge 0 objeto a, objeto perdido para o sujeito, impos- sivel de nomear e causa do seu desejo. NOME-DO-PAI ‘Aexpressao “o nome do pai” apareceu pela primeira vez na obra de Lacan, em prin- cfpios da década de 50 (em letra mindiscula) e se refetia ao papel proibitivo do pai, como quem estabelece o tabu do incesto no complexo de Edipo (quer dizer, o pai simbolico). Desde o inicio de sua obra, Lacan brinca com a homofonia entre “/e nom du pére” {onome do pai) e “/e non du pére" (0 nao do pai), para sublinhar a fungao legislativa e proi- bitiva do pai simbélico. Esse significante fundamental outorga identidade ao sujeito (0 no- meia, d4 sua posi¢ao na ordem simbélica). Se esse significante esté foraclufdo (no incluido na ordem simbélica), o resultado é uma psicose. No Semindrio 3, sobre as psicoses, Lacan representa 0 complexo de Edipo como uma metéfora (a metéfora paterna), na qual um significant (0 Nome-do-pai) substitui outro (0 desejo da mae). ‘A fungao paterna é essencial a ordem simbélica. E por uma metéfora, a metéfora pa- tema, que a crianga substitui o Nome-do-pai ao enigma do desejo da mae, e que 0 falose torna a razo do desejo e a castragao, seu limite e sua lei para o pequeno humano. OUTRO 0 “Outro” 6, talvez, o termo mais complexo da obra de Lacan. Quando comegau @ em- pregé-lo, na década de 30, nao se destacava muito e se referia simplesmente as “outras pes- soas”, Ainda que Freud utilize o conceito, ao falar de der Andere(a outra pessoa) e das Andere Digitalizado com CamScanner (a alteridade), Lacan parece, na realidade, havé-lo tomado de Hegel. Em 1956, Lacan traz uma distingaio entre o ” que continua ocupando um lugar central no resto de ogrande Outro é designado Com A (maitisculo, por causa da palavra francesa Autre}. Lacan diz que ter presente essa diferenga é fundamental na prética analitica o analista deve estar totalmente “im. buido” da diferenca entre a e A para poder situar-se no lugar do Outro e no no do outro, : 1.0 outro € 0 outro que nao é realmente outro, mas um reflexo e projegao do Eu. E, simultaneamente, 0 semelhante e a imagem especular. De modo que 0 outro esta total- mente inscrito na ordem imaginéria. 2. 0 Outro designa a alteridade radical, a alteridade que transcende a alteridade ilusdria do imagindrio, porque nao pode assimilar-se mediante identificagao. Lacan equi- para esta alteridade radical com a linguagem e a lei, de modo que o Outro est inscrito na ordem do simbdlico. “pequeno outro” eo “grande Outro”, distinggo Sua obra. Dai em diante, na lgebra lacaniana, PULSAO Partindo de Freud e Lacan, Jacques-Alain Miller concebe a pulsdo como sendo um vetor em movimento. Esse vetor vai em dirego a um fim, a uma busca de satisfagdo e nos lembra que Freud falava da pulsdo como uma demanda, e, até mesmo, como uma exigéncia. “E uma espécie pura de demanda de satisfagao". Daf surge o problema de termos de lidar com a teo- ria freudiana, em sua afirmagao da oposigao prazer/desprazer. Miller afirma, também, que o prazer inconsciente existe e se apresenta ao sujeito sob a forma de um desprazer. E, ainda, nos traz a afirmacao de que “a pulsao, enquanto tal, constitui uma infragao ao principio do prazer”, onde Lacan concorda com Freud e introduz a categoria do mais-de-gozar. Como conseqiiéncia, chegamos a concepgao do sintoma nao mais como um avatar da pulsdo, mas como da ordem da necessidade. Para Lacan nao ha pulsao sem sintoma. REAL, SIMBOLICO E IMAGINARIO ; a Os trés registros, que aparecem com freqiléncia nos textos lacanianos simples- mente com a sigla RSI, percorrem todo o ensino de Lacan. Por se tratar de uma disci- plina que trabalha diretamente com a palavra dos pacientes, 0 simbélico ocupa um lugar de destaque na clinica psicanalitica. Contudo, os sintomas, as exigéncias pulsionais, bem como alucinagées e diversos fenémenos corporais s0 considerados, por rae como sendo do registro do real. E o que autoriza a expressao lacaniana de me c nia do real”. Sem nenhuma conotagao religiosa, 0 real, no final do ensino de Lacan, aguil que é impossivel ao cdlculo humano, aquilo que nao pode Cale at run saber, inclusive nao pode ser apreendido pelo saber da ciéncia. E, a pal id i aul ne rio, que se fundam as relagGes de identificagao que estruturam 0 mee on Ce lao especular ao corpo do outro. Assim, a crianga Bietes a amie : Corpo proprio ao tomar como referéncia o corpo apreendido ° ar em gs", © que faz com que a apreensao corporal ocorra como se 0 corp 291 Digitalizado com CamScanner 292 como se fosse uma casca, e todas as sensa¢des corporals internas nao encontrassem, de imediato, uma tradugao imaginaria ou simbélica. Desse modo, algo do proprio corpo 6 experimentado como real, sem apoio dos demais registros. O sujeito experimenta sen- sagdes em seu proprio corpo que ele desconhece. Sensag6es que passam, portanto, a ser experimentadas como "outras” para 0 proprio suj jeito, E dessa alteridade em si pré- prio que o sujeito extrairé 0 objeto que Lacan concebe como objeto a, como algo que é do corpo, mas, ao mesmo tempo, ndo reconhecido pela imagem corporal. PARA SABER MAIS SOBRE OS CONCEITOS ACOISA FREUD, S. Projeto de uma psicologia cientifica (1895). In__. Edigdo Standard Brasileira das Obras Psicolégicas Completas de Sigmund Freud, v. 1. Rio de Janeiro: Imago, 1990. 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