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Page 1 of 8 Oey te aa bala © FORA, PemvensAo £ METAFORA PATERNA PHOBIA, PERVERSION AND PATERNAL METAPHOR ‘Ana Carolina Quarte Lopes Mestre em Teoria Psicanalitica pelo Programa de Pés-graduagio em Teoria Psicanalitica, Universidade Federal do Rio de Janeiro Membro Associado da Sociedade de Psicanélise tracy Doyle caroldlopes@hotmail.com Resumo Esse artigo ver diferencia a fobia da perversso, na qualidade de posicBes subjetives Secorrentes 6a, percepeso da castragso materna, através da construgso lacaniano SENT T clgnincante fais, em suas vertentes positiva e negativa. De um lado, a fobia Eurgnig como. um apelo 20 Pai (ou seja, a busca de um ordenador simbéico, @ tetaforizacSo da falta). Por outro, na perverséo haveria a negagSo da lei que limita o 079, redurindo 0 objeto sexual & categoria de fetiche. Pelavras-chaves: Pai; falo; fobia; perversso. Phobia, perversion and paternal metaphor Abstract In this artige, the author establishes a difference between phobia and perversion, a5 positions arising from the subjective perception of maternal castration, based 0m Cocan’s defintign of phallus, in its positive and negative lines of interpretation, On ene fide, 2 phobia would arise from a call to the Father (J.¢. the search for a symbolic Seitionty of the void, 8 metaphoric figure). On the other side, on perversion, there sreuld be 9 denial of the law that limits joy, diminishing the sexual object to the ‘category of fetish, Keywords: Father; phallus; phobia; perversion, Em seus estudos iniciis, Freud apontou né histeria a particularidade do sintoma. fébico, Emnsttuido a. partir do deslocamento significante, Desa maneira, a fobia ¢ tida por ele como | Cini ‘isteria de angustia, marcando uma diferenga no campo da histeria pela resposta que o sujet ‘wwww.nucleosephora.com/asephallus/numero_07/artigo_02_port.htm! 05/05/2011 Digitalizado com CamScanner htt TreSEPHallus Page 2 of 8 dé & angistia que Ihe invade. Diante disso, 2 fobia surge para inserir no mundo da crianga um J limite © caso do pequeno Hans (Freud, 1909) - paradigmético caso de fobla da histéria da psicandlise = ‘ocupa um lugar dé destaque na literatura psicanalitica, pois, pela pri 2, 0 paciente de Freud era uma criange, O que torna precisa a Investigaggo ho que diz respelto & entrada éo ‘Sexual ho Campo subjetivo. © afer" TEbiea|ustra_o tempo do_confronto_ do, suleito com o enigma da_sexveidade, revélando @ Togica da estruturacgo deste enquanto sujeito do inconsciente. A fobla € tida na fexplanagio freudiana (como a neurose_d3_Tnféncial por_exceléncia, justamente por se fazer //1 ju aparecer no momento onde 6 Eu sé vé em dificuldades quanto & castracao. Freud, em seu desenvolvimento teérico, utiliza-se do mito_do Edipo na tentativa de explicar 2 Constituigdo e a estruturacdo do sujelto, ou seja, sua posicdo frente 20. desejo ¢ 8 lel paterna. © pal funciona como model ienteatéro © transmisor dos valores morals, constitutivo do/f feal do Ego. Lacan (1956-57) articula diferentemente os conceitos de objeto e de castracdo. Ele redimensionou 0 conceito freudiano de castragso, conceltuando-o como uma das formas da felta de objeto. Para Lacan, 2 operacdi nse diz respeito apenas @ ameaca de castraco ditada por Ui-adultot-mas-principalmente 2 viva ameaya cujo_efelto deve ser compreendido fy cams Unie Zisdo-Uo-vinculo imaginério e narcisico estabelecido entre a crianca ea mae. ‘ Plans comecar a pritica masturbatéria e sua Irma nascer podemos acreditar que havia certo equiliorio na vida do menino, j8 que, de uma forma ou de outra, ele de fato podia acomodar-se ‘na posigo de falo Imagingrio da mae. Ao emprestar a0 seu corpo a funcéo de flo, ele seria 0 Que ila suprit a castrag3o materna. No decorrer de seu relato, Freud valoriza o pedido de amor Que Hans faz 8 sua mie. 14 Lacan, ndo desvalorizando 0 que Freud havia verificado, aponta algo fundamental: a demanda matema, Com © nascimento de sua irmazinha, Hans sente-se ameagado com a possibilidade de ser substituido enquanto objeto de amor, o que the traz multe decepcdo com relagéo & mse. O que 0 menino op i é que a falta que ele havia sido chamado a suprir é da ordem da impossibiidade e que, assim, sua posicso de falo da mae s6 poderia ser insustentavel. A angustla frente a introdugdo do terceiro, 0 qUe desvia o olhar matemno, ¢ relevante no surgimento da fobla de Hans, plat espito« uma mudanca de posigio dele como objeto materno , ssi, como SolucBo da fengistis) causada por essa mudanca de lugar, temos o sintoma fablco, que se serozonts Commo urna Tmaricira de relativizar 9 demanda imperiosa do Outro. Hans no sabe o que / g~: © Outro quer, mas isso néo o dispensa de tentar responder. 4 No decorrer de seu ensino sobre as psicoses, Lacan elabora a construcso do concelto do Nome- dorPai, trazido para o campo do significante. A partir do Semindrio 3: as psicoses (Lacan, 1954- 55), o’significante do Nome-do-Pal passa a ser 0 eixo das articulagdes lacanianas a respelto da fungdo paterne. E enquento ordenador do campo do desejo e do gozo é o representante da le pinstauracdo do Nome-do-Pal se faz estruturante para a crianga, na medida em que permite @ tia se situar enquanto sujeito submetido & lel, 8 castracSo e, por isso, desejante, e (ie, mais —+ como objeto do desejo do Outro, - Quando Lacan teorizou o Nome-do-Pai, 0 lugar da mae estave em uma posi¢do de certeza} ele no fala de funcao materna, € sim da Mae. Nesse momento 0 pe: ‘do simbélico recal sobre 0 pal, enquanto a mae é dada como natural. A questo do significante, da linguagem, da lel, da peem zimbélica, vem com o pal, E é justamente ai que_pademos.entender em qué.o pal doh pegueno Hans hesitau. Ao apresentor-se como uma vor fata, n6o operou como agente da ‘castragio, deixando, assim, que o menino tivesse um Irrestrito acesso a mae. Se a mie © Instala de forma a permitir 20 filho fazer uma producéo, organizadora, 2 fobia Seige’ com> caida. O pai se apresenta claudicante na sustentacéo do desejo_da_mie ¢ este é AE” Teafirmado e nao dialetizado pela lei da castracao. A saida encontrada pelo sujeito ¢, entéo, Thilzeree das insignias paternas que the restam para improvisar uma metafora do WNomedo-Palf// dando origem ao significante fébico, Essa metafora porta uma referéncia ao falo. s Pal aon mata patra ae nos, daa ofa sede ay UH a Pee lan 6 HasEIS o ee o sufelto se vale, como saida estruturante, de construcdo de un) foums res orate Tobie» arto Ua Solugso, ra medida em que ela aparece para convocar a fung8o do; He ee ernie bastante preciso dé seu ensino, Lacan diz que “é preciso ter © Nome-do- “Bi mas ¢ também preciso que salbamos servr-nos dele.” (Lacan, 1957-58, p. 163)", Podemos , Par due’ Insergho do Nome-do-Pai na neurose ndo & uma solugéo pera todos os Impasses. A foblaysurge frente & fragilidade da funcSo patern: Lacan aponta que, no caso analisado por Freud, a funcéo paterna atua de forma escassa na ddivulgacso do Nome-do-Pal, que deveria entrar em cena a fim de decantar 0 desejo da mée. Hd http://www.nucleosephora.com/asephallus/numero_O7/artigo_02_port.html 05/05/2011 Digitalizado com CamScanner sSEPHallus, Page 3 of 8 alge nigt go que. amedo, que ¢ 2 angistia sem nome. Por isso 0 pequenc investigador dit 20 pall Steno gue char para os Cavalos, ai fico Com meso" (Freud, 102, p. 29). Hane tenta evitar of avalos, mas ao mesmo tempo eS pense € fala neies. Esse animal funona como uma forma de metstors © condo de acesso 20 desejo. Ao creunecrever a cena, 0 objeto fObico aparece em | ‘sus fino orgenizadora, limitands a anguttia do goro deemedido sobre ele Astin, 0 significante fébicn recobre algo que nfo tem como se resolver no nivel de angistia intolerdvel para © sujelto, e 2 diniea atemative deste é fazer uso de um esforgo imaginario, de um “tigre de papel” (Lacan, 1968-69), que, com toda sua forza, detimita © espace, mas, ainda axsim, no conuegue dar conta de toda a angustia, Hans tem mage de gue 0 cavalo 0 morta e também de que o cavalo cain. Na leitura de Lacan. 0 avale € traride aokramps do significante, ele funciona nomeando o medo e aplacando, ern parte, a angistia. Lacan Sfonta que € 2 prépna crianga que dé 0 estatuto de significante a0 cavalo. O objeto fabico deve ser destacado ce sus reahdade imagindria e visto como um significante entre outros, suscetivel, asiin, de obedecer ds leis 68 combinagso © de substituicso que fazem funcionar a cadens signiicante, Meso 0 objeto cavalo tendo estado presente desde cedo na relacso entre pai e filho, € no encontro com 0 professor Freud que esse estatuto de significante fica afirmado, pois € Freud ‘quem designs para o medo de Hans um outro objeto, que, contudo, esta sempre ausente: o seu Proprio pai como rival. Assim, 0 significante fobico.veicula todas es transteréncias © [arstormactes necessarias do que ¢ problematico na relaglo entre mie, fala e fiho. Hons faz de sua fobia um apelo ao significante Nome-do-Pai, que, a0 delimitar a castracso através go leche de um objeto f6bico,funcions deforma a organiza sua subjetividade campo do desejo © do gozo. E, contude, um apelo, uma busca de significante aue {aa 0s vezes o agente da castragso. Portanto, essa supléncia estabelece o limite. © sonho de Hans, no qual a palavra “mimar” aparece como significante fundamental escutado por Freud, evidencia uma passagem do sonho de angistla ao sintoma marcado pelo mado’. Freud nos ensinou que, na via de estruturagso do sujeito perverso polimorfo, 50 esperados medos infantis. Sé que Hans transformou esse medo em sintoma a0 apelar para um/ Geslocamento e substituir o medo do pal por medo de cavalo, 7 Em uma Unica sesso que Hans teve com Freud, este, passando a ocupar o lugar ce pai simbélico, fer © Que fo! essencial para o menino: introduziu-o a0 mito ediplano. Narrando o mito Ge Edipo, Freud inseriu uma estrutura simbélica em uma relagSo que até entio era por exséncis magingria. Trouxe, forcosamente, o pai para a relago familiar, incluindo-o no 26 no romance familiar, como também no sintoma do filho, determinando, assim, a diregso do tratamento, © sujet, através do significante fébico, deixa de ser tomado de angiistia, invadide pelo reat Freud eponta que o cavalo ere_um objeto, fazendo parte do mito Individual do pequeno Mans) {>Usean exciorece gue © cavalo ribo era nem o pal nem a mie do menino e sim o brasSo ¢2 8 Tobia, algo que favorece 2 trangulagdo edipiana. Nesse momento 0 autor estd positivanco & -Tas também se manifestondo pontualmente_ em aye quadios dversos. Na placa diaténa, ene = hisefia ea neurose obsessiva, 0 sujeto faz uso de Sar-Bignificante trunfo contra a angustia, que o protege ao delimitar o espaco. O significante; Feuicoromo "sanUnela-avancads” ~ avant-poste - (Lacan, 1956-57, p. 412) frente & angusta, pode velar a escolha da neurase ou, no caso da fobia Infantil, deixé-la em suspenso, 0 deseo fico se especic come um Hej prevenid)(Lacan, io de 21.06.1967, inéito) em relacdo a0 M&sejo Insatisfelto, da histeriave oplesejo impossivel da neurose obsessiva. Momentos ea te cmergenis ob desejo ao Ouro: co que Outro quer dein? poh. Tanto a histeria quanto a neurose obsessiva sdo manobras em relagdo ao campo do impossivel. Crobacstve Vl Guar ser’ flo, se confuncr com ele 28 8 hiterica deb o lugar par outa mmuher © que Lacan tinha em mente a0 falar de uma jungéo da fobia com a perversio? Seria possivel ao Digitalizado com CamScanner EPHallus Page $ of 8 jets gue agresenta sintomas Hibs se estruhurar de forme perverse? Cate reaaaitar gue a dintingho entre © objeto Stic ee objets fetiche decorre da Forms come ies 8 rrlactonarn corn» sigtiEaChD Ap fale O primeinn, referitio 3 reurne, Lem telago com 2 wvertente negate fo fal, tem 2 ver com & fale 2 ver, crcumacreve 2 falta, O segundo, relaconads cor 8 vertente pouitive do fain, € ume tentative de ela 2 casivacho dards extatuts Se gots ao etpets, - Lacan (1968-65) comenta um cane de fobit_de gelinhet stentide pele peicansiets Helene Deutach (2854) ne Gun © ACIENe, enthe com vinte arog, gromura anbike DOF ImgIRIChD falar, are Twrar-se de sus homospenusiviage, tide Como um trace perverss. Meese momento 0 ragad M4 extave praticamente curnde da fia, ©» perversbo em nada o incomodave Sua fobie apresentow-pe intermiterte ac longo de Inthncs Inia GR Wade aguita Tudo comecny tom sey mio mais welho forgando-o a brincar Ge ter a galinhe enguanto o ims era 0 gals que subia na galinha. © prciente, ne énoce com eete snot, grave. “Who vou ser UTA galinha’, enquants 0 Wemao matt vetho, rombendo, brevaterva gue €72 0 gale, € 0 wmBorinho, a galinha! Aswen, ele ‘adquiriy fobia » exse ave frente b enguitia de servi oF objeto de gore para o Outro Fica claro ue © significante fobico tara parte Ga vida esse mening; ele vivia em uma fazenda, ‘onde havia galinhas soltas no quintal. Mesmo antes da rncadeira com 0 irmBo, esta crianga sentia enorme prarer em acompanhar as ides Ge sua mBe a0 galinheiro, pols esta apalava 25 aves pare ver se havia ovos Quando © menino tomava banho pedia para que sua mBe 0 apalpasse assim como faria com as galinhas. Por um perioda ele também passou @ “colocar ‘ovos’ de teres no cho Ge seu Quarto, pare alegrar a mBe. Mas isso era recebido por ela com repugnéncia, ¢ ele era repreendido. No entanto, a expresso da mie ao encontrar of ovot no galinheiro ere Ge entusiasmo. Neste Jogo ¢e fazer ovos © menine tinha duas condutas; ele era a mie ao manipulé-lot e era 2 palinha, kendo tocado € pondo ove. A crianga dispunha-se a ocupar a funcSo Imagingria de ‘galinhs pars tua mBe. Agradava coincide com a galinha e assim preencher a mie. O que passou 3 The ceusar meso fo! @ entrada do irmBo em cena, quando a galinha passa de funcho Imaginéria 42 tigniicante. No momento éa brncadeira com 0 IrmBo, 0 mening encontrava-se em um tempo Lagico 9 perversSo polimorta descrta por Freud, tendo lugar ai a fantasia de completuce com © Outro. A verdade de sua posicSo feminina se revela na cena com 0 irmdo, ¢ ele passa a nio mais, poder ver é objeto de desejo do Outro; a galinha enquanto identifieacho com 0 fernininoy “mulher” do irmbo. € @ fobia ce galinhas surge, no ponto traumitico, como defesa contra anpiitis Co deveyo do Outro sobre ele. Quando © menino fol estudar na cidade, apresentou grande methora. Mas, bastava regressar para cata, de férias, cue seu sintoms voltave. O retorno para casa representava a volta para um ‘gor0 que 0 smeaceve E & perversto Ga quel 8 familia queria que ele se livresse, mangando-o procurar a snaista? Quando criance, tues fentasias eram ligades & mBe, que em sua Imaginagso era o Outre nis Barrado. Deutsch (1955) Cencreve as attudes ce seu Dacente, nessa fave da infSncss, tome “passivamente anal", porém a excothe Ge objeto ere heterosserual O ave levou & mudanga na excotns ce objeto foi 2 brincageira de gelnhe-gelo importa pelo trmBo. Nesta expenéncis, ad atitude passive ena 38 estave volteds pare # homouterualidade, tengo o itmnSo ne hugat a inBe, 36 Que 8 brincaceirs com 0 imbo havis stivado wus presipoLiso Hative Ao longs da andiine Surgiu & lembrancs de que, Mesme antes Go episesio Com © WBS, © MeNInG 48 te KentERVa com es gelinhes, fm decotréncis, ele precitou, no Jogo, mantfestar tejitio 99 ceees inconsciente de set 8 muthet Ge seu itmso, A cena Com 0 ltmS tepresentava o como entre © 9S € 2 galints, € cle, recusande-se a ser 8 galinhs, estava repudiands seu Gete}s omorserual passive. Como te ve, © Jogo com 0 itmio ganhou significacte de segucso, © que, de acorns com a analsts, foi uma expentnoa para a gual ele fora longamente preparace gor suas fentasias ineonscientes. Entho, © horror & sua homossevualidade passive se manifesto na fobia Ce gatinhes. Deutsch (1951), de forma bastante freudiana, expde que © Menino LLC a menns estratégia Ge Hans para Ger Contomno & angustia; geslocou © pengo wleme para © munds ‘orterno, tendo @ galinhs © papel de espeiho das pulsbes que O Menino repens E 0 pequene Hans? Poderiamos pensi-to como um pegueno perverse? Lacan (1986-57) por diversas vetes se pergunta 0 que fer com que Htans finaimente foste neurdtico, © nSo perverss. Be brinca respondendo que o destino quis Ge ovirs manera pars em seguiga ublarse Ge! aigumas passagens de Freud para sfirmar o lugar da neurose Ge Hans €, assim, sustentar que.) le nfo era um perverse. Tal € 0 J090 Com a mBe: as Calcinhas Gests 46 eram ce interesse pars o tk Steg C ede ontop ta eto Se ae Sorte 9 rovecavam nojo € ee cuspia em Cima. Logo, mio constituiam um objeto fetiche que denegaria a/ ‘eastracto materna, Digitalizado com CamScanner 4SEPHallus Page 6 of 8 Todo © Jago perverse em tomo da funcbo bo vév conceme & funcSo do falo. Enquanto # mBe ests westiga com a calcinha, Mans tem @ possibilidage de continuar no logro imagindrio do faio que taita 3 mie Freud excreve que Mans, com sua atitude, marca que as calcas da mie tém para ele funsoes diversas quando estBo sendo usadas © quande nBo, Precisando fazer ume dificil passagem pata & wmbolizagdo, Mans utliza-se do vév. Mravés ce eeu Jogo de enibicionisma @ woyeurismo Com a mie, ele 2 observa por cebalve de camicola, suponde 0 faio enguanto velado. Para ele, sua mie ext nua © exté Ge camiscla ao mesmo tempo. Pare seu pal, todavia, ¢ realmente muito dificil lentenger © mening, uma vez que a me deve ou estar nual ou de camisola, numa altemativa erctudente. Pot ovtro lado, Lacan se vale 0 noje que Mans demonstra 20 ver a calcinha da mée fora do corps pats marcar a dlferenca entre 0 objeto tébico € 0 objeto fetiche. Ele marca que 0 objeto Sbbica, Ngorokamente falando, no € um objeto, mas um significante € & questo do falo simbélico que esté em Jogo na fodia e no fetiche. No eficécla da fobia osemos verificar @ passagem da crianga do engodo imaginério com @ mBe a0 falo simbélico. Fobia e fetiche tentam, de aigum modo, Supnir a marca da castracSo que se impe 20 imaginsrio. | Ay © tetiene tora valor Ge simbolo Bo se firar como aquilo que ihe traz satisfagso francamente { Yevusl, eazuesto na fobis 0 objeto que limita a angustia também causa medo. Fobia e fetichismo \ compartiiam certa utlizagSo do objeto, J8 que em ambas hi a elelg Uma fungSo simbélica’ no c280 da fobia, 0 de “sentinela avangada” e, ha perverséo, de “condigso abeolute 60 desejo" e Freud insien que © fetiche eve ser decifrado como um sintoma, ainda que ele estejasitvade no Comoe er pewersSes e que sua questdo dz respelto & denegagao, © no ao recaigue. Ele Shanta ara’ Seceaacho Ga castragao materna, pols 0 fetiche-se faz presente enauanto 7 setts do fale que'a cranga scredtou exist Ela nBa quer renurciar a essa tdi, 8 que tsso/ 7 ‘Gaur levn4pavaa de Seu orpio, em que esté narcisicamente Investdo. Nese momento, 20 pensarmos a jung8o da fobia com a perversso, devemos lembrar que, para Lacon, B perversSo € essencisimente masculina, e que as mulheres caberiam apenas os tragos perverse. A partir dessa letura de Lacan, Ferreti (1995) diz que "se 0 objeto fetiche & ponto Citrutural da perversSo, a fobdia nas mulheres, placa giratéria, ficaria entre histeria e obsessSo. Ios homens o destino do objeto febico poderia ser outro: 0 fetiche.” (Ferreti, 1995, p. 162). Pore Chemama (1994) 0s pacientes histéricos que chegam aos consultérios de psicandlise se queixande de medos fobicos se distinguem dos histéricos que no se queixam de tais medos. Ele Giz que es mulheres de forma geral, mas principalmente as histéricas, raramente apresentam seus fentasmes sob 2 forma de cenérios erotizados contados na primeira pessoa, relatos de Stuagbes mals ov menos perversas que poderiam the acontecer. O autor nos fala que a especificag$o ¢3 fobia, com relagSo & histeria, pode precisar da referéncia 2 uma terceira cestrutura = 2 perversSo. © ave 0 autor atime € que © sujeto fébico(Abo 0 € sem saber, $5 ue para tals sujeitos © ‘ignificante félico, que correspond BO Significanté do desejo, n5o pode valer concomitantemente toma tignifcanie <2 cesejo ede castracBo, J8 que a castracho. “se encontra Contomada” (Chemams, 1954, 9. 76). O que acontece & que 20 dar-se conta da atribuicSo falica Gen tose, ¢ sssim passer 2 mencaprezar Tet0, 0 fébico ,Aio_se prende & idéia de uma postibilidade de scesso direto 20 goro como fez 0 perverso. 1 tungSo do fetiche no tem 0 mesmo valor significante que 0 tignificante fébica possu, ele Tepresents 0 felo enguante aquilo que falta 8 me, ¢ um simbolo, Por set um simbolo, o fetiche tb representande 0 que falta no real ¢ o nega. O perverso sabe da falta-a-ser eM she nO CUETO, F., fas # nega repusande 0 flo imagingio sobre o penis, Lacan nos mostra que, no fetichismo, 0” Prépro sujeto relats que encontrou seu erclusivo objeto da satisfac8o, © que Ihe traz Lanquiléede. "No que Giz respeito & realzacSo da falta como tal, 9 solucdo fetichista é, lncontestavelmente, uma 8s mais concebivels, € vamos encontré-Iaefetivamente | realizada.” (Lacan, 1956-57, D. 85). Eno momento precisa em que a castracso materna, a falta do Outro, evidenciarse para o sujeito come ums engénaa de tamponamento, que o perverse, fetichista, coloca um objeto no lugar. * | Rasim, 0 perverso aldm de recusar 8 castrago materna, faz manobras com a funcSo patena, | + autontendo-se como agente da propns fel, } Rago Barros (1998) aponta que # saida perversa pode se alternar com a fobla, Ele vai ainda mats lange, estatuindo que a said perverss pode até mesmo se apresentar como resolugSo da fobi 18 gue ela permite que @ questo do desejo possa ser considerada pelo sujelto, mesmo se esse |hutp://www.nucleosephora.com/asephallus/numero_O7/artigo_02_port.htm! 05/05/2011 Digitalizado com CamScanner y de um abjeto que tem | "f° sSEPHallus Page 7 of 8 desejo esta submetido & “condigo absoluta” do fetiche. Deixa claro ainda que a jungSo com a perversio implica uma mudanga tanto na funcSo do objeto quanto na posicéo do sujeito frente 20 desejo do Outro. ‘Agora, no podemos nos esquivar de salientar que a fobla‘néo fol tida por Freud como um 0 patolégico independente, e sim como uma sindrome (Freud, 1909) que ele denomina logo, aponta ‘pelo proprio nome, para uma semeihanca entre a histeria € 2 smo diferenca o fato de, na segunda, n8o haver conversSo, mas sim forte Dresenca da angustia. Por ser tida como uma sindrome, podem ser encontradas manifestagbes febicas tanto na histeria quanto na neurose obsessiva. Isso nos leva a pensar que Lacan (1968~ 69), em De um Outro ao outro, retomou a posigio freudiana de 1909 a0 no localizar 2 fobla ‘como uma terceira neurose. Assim sendo, ele elevou 0 objeto fobico 8 fungso de um significante __ SOMBRE SisCobra® mostrou como 6 sintome. na fobla € menos estével que nas OULaS Or tin 80 ‘neuroses, estando sempre aberto a transformacées. Em contrapartida, na fobla aang procede de uma lembranca recalcada, ela é por exceléncia angistla_de_castragso sentido, guarda uma distancia em relacdo 4s duas grandes ordens de neurose. [Assim, diante de um Impasse com relago & castracSo, a fobla se apresenta como conseqdéncia sintomética bastante freqdente que impede o sujeito de ser arrastado ao gozo, evidenclando-se como um ponto de estagnac3o para a angistia. O que @ faz t8o comum na Infancia, enquanto Sintoma constituinte, como um apelo felto pela crianga a um termo que sustente a relacéo insustentivel. Mas ndo € 56 nesse periodo que ela se manifesta. Ao longo da vida, em momentos e passagem, 2 cada vez que se aproxima a prova do desejo do Outro, no qual o sujeito precisa Ge um recurso simbélico, ou de uma supléncia, pode surgir tendo entéo caracteristicas de um sintoma singular, de um tempo a ser percorrido, Notas 1. Na liggo de 13 de Abril de 1976, Seminério 23: 0 sinthoma (2007), Lacan diz que “Por isso 2 psicandlise, 20 ser bem sucedida, prova que podemos prescindir do Nome-do-Pal. Podemos sobretudo prescindir com a condicdo de nos servirmos dele." (Lacan, 1975-76, p. 132). Essa formulagSo sobre o sintoma ao final de anélise -sinthome - surge tardiamente € ‘no fol suficientemente desenvolvida por Lacan. Ele sustenta que o sinthome pode operar como um estabilizador da subjetividade, pode funcionar como significante Nome-do-Pal. 2. Em uma manhé Hans acorda chorando. Ao ser indagado sobre o motivo do choro, conta que sonhou que a mie tinha ido embora e no poderia mals mimar com ele (Freud, 1909). 3. Curiosamente, foi justamente Freud, que havia sido analista da mae de Hans, que deu 0 primeiro cavalinho de brinquedo para o menino em seu terceiro aniversério. Assim, Hans ecorreu a este significante para agenciar a castragdo e este passou a organizar’a sua constelagao subjetiva. 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Rio de janeiro: Editora Campus, p. 33-42. ‘Texto recebido em: 20/05/2008 sprovado em: 17/09/2008 Digitalizado com CamScanner

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