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Manual de Introducao A Sobrevivencia
Manual de Introducao A Sobrevivencia
À SOBREVIVÊNCIA
Saber lidar com Catástrofes e outras Emergências
Conceito de sobrevivência para pessoal civil, em contexto de potenciais catástrofes. Um
manual baseado em artigos militares desclassificados e de domínio público.
R. Gomes
©2012
Manual de Introdução a Sobrevivência – Saber lidar com Catástrofes e outras Emergências.
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Manual de Introdução a Sobrevivência – Saber lidar com Catástrofes e outras Emergências.
Conteúdo
1. OBJETIVOS GERAIS ................................................................................................................ 5
2. PÚBLICO-ALVO ...................................................................................................................... 5
3. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 5
4. FATORES ESSENCIAIS ............................................................................................................. 7
Objetivos do Capítulo ................................................................................................................ 7
1. Esteja Preparado ............................................................................................................... 7
Sempre que possível deve haver Planeamento .................................................................... 7
Revisão do Estado de Saúde.................................................................................................. 8
2. Construir um KIT de Emergência ....................................................................................... 8
Local de armazenamento ...................................................................................................... 9
Componentes do KIT ............................................................................................................. 9
CHECK-LIST PARA KIT DE EMERGÊNCIA (PARTE 1) .............................................................. 10
CHECK-LIST PARA KIT DE EMERGÊNCIA (PARTE 2) .............................................................. 11
CHECK-LIST PARA KIT DE EMERGÊNCIA (PARTE 3) .............................................................. 12
KIT DE EMERGÊNCIA VERSÃO REDUZIDA (KEVR) ................................................................ 13
3. A Psicologia da Sobrevivência ......................................................................................... 14
SINTESE DOS FACTORES ESSENCIAIS ................................................................................... 15
EXERCICIOS PARCELARES (FACTORES ESSENCIAIS) ............................................................. 15
5. INTERPRETAÇÃO DA NATUREZA ......................................................................................... 17
Objetivos do Capítulo .............................................................................................................. 17
Orientação por Métodos Expeditos ........................................................................................ 17
a. O conceito dos Pontos Cardeais, da Latitude e da Longitude ..................................... 17
b. Orientação durante o dia ............................................................................................ 18
c. Orientação durante a noite ......................................................................................... 21
d. Improvisar uma bússola .............................................................................................. 23
SINTESE DA INTERPRETAÇÃO DA NATUREZA ...................................................................... 24
EXERCICIOS PARCELARES (INTERPRETAÇÃO DA NATUREZA) .............................................. 24
6. PRINCÍPIOS DE SOCORRISMO.............................................................................................. 26
Objetivos do Capítulo .............................................................................................................. 26
a. Primeiros Socorros .......................................................................................................... 26
1. Estojo de Primeiros Socorros ...................................................................................... 26
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Manual de Introdução a Sobrevivência – Saber lidar com Catástrofes e outras Emergências.
1. OBJETIVOS GERAIS
Com este manual deverá conseguir compreender as envolvências de uma catástrofe e saber
desenvolver estratégias para sobreviver até chegar ajuda diferenciada.
2. PÚBLICO-ALVO
Formandos do Curso de Introdução à Sobrevivência para Civis, em ambiente de Catástrofe e
outras Emergências.
3. INTRODUÇÃO
Desde o princípio do Tempo que a Humanidade iniciou a sua luta pela sobrevivência.
A inteligência que assiste o ser humano trouxe o Conhecimento e com ele, a Tecnologia que
permitiu vencer a adversidade. O Homo sapiens evoluiu e aparentemente dominou o Planeta
acima de todas as outras espécies. No entanto, o controlo sobre as forças da Natureza nunca
será total e por isso é útil saber técnicas que permitam contornar os obstáculos do Universo.
Como oficial médico militar e médico na Viatura Médica de Emergência e Reanimação tive
oportunidade de encontrar cenários de catástrofe e emergência.
Este manual pretende dar ao leitor os elementos básicos de sobrevivência, incluindo conceitos
essenciais para lidar com vários cenários prováveis de catástrofe.
Porque a adversidade pode surgir a qualquer momento das nossas vidas e sem aviso prévio, é
importante estar preparado.
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FACTORES ESSENCIAIS
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4. FATORES ESSENCIAIS
Objetivos do Capítulo
1. Descrever o conceito de catástrofe
2. Identificar as perguntas base para um correto planeamento
3. Deduzir a necessidade dos planos de contingência
4. Descrever os constituintes de um de KIT de emergência (versão completa e reduzida)
5. Explicar a Psicologia da sobrevivência
1. Esteja Preparado
A Catástrofe é definida como um desastre, uma calamidade súbita, na qual estão incluídos
uma série de eventos que causam risco de vida nas pessoas envolvidas. Normalmente
caracteriza-se por insuficiência dos meios de ajuda.
É importante lembrar que mesmo situações de lazer mais simples (acampar, dar um passeio a
pé na montanha ou dar uma volta de barco), podem significar colocar a vida em perigo e
desencadear situações de emergência que terminam em catástrofe.
Uma lista de perguntas como mostra a Tabela 1 é essencial para iniciar o planeamento.
Lista de Perguntas
1. Quanto tempo vou estar fora do ambiente normal onde vivo?
2. Tenho de levar mantimentos?
3. Quais são as condições que vou encontrar?
4. Existe algum equipamento/roupa adicional necessária?
5. Onde está situada a ajuda mais próxima?
Tabela 1 – Antes de uma viagem ou expedição deve colocar estas perguntas a si mesmo.
Baseado nas perguntas previstas na Tabela 2 podem ser definidos os planos de contingência.
PLANOS DE CONTIGÊNICA
1. O que fazer se alguém se perder?
2. O que fazer se alguém ficar doente?
3. O que fazer se as condições do clima mudarem?
Tabela 2 – Perguntas principais que servem de base para formar planos de contingência.
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Local de armazenamento
O local escolhido para armazenar o kit de emergência é de extrema importância.
É aconselhado manter kits de emergência em casa, no local de trabalho e no veículo, pois
como é impossível prever onde nos iremos encontrar durante um desastre, a prevenção é
essencial.
Componentes do KIT
•àáli e tos,à ãoàperecíveis, para um período de 3 dias;
•àápito;à
•àNavalha multifunções;
Mantenha presente que o kit de emergência deve ser submetido a inspeção periódica para
evitar a sua degradação ou o fim da validade dos produtos.
Utilize a lista de verificação (CHECK-LIST) que se encontra adiante para manter o kit de
emergência (versão completa) pronto para utilização.
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Ver CAP 6 – Princípios de Socorrismo
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Como alternativa, existem várias lojas online que vendem kits já constituídos, podendo ser
selecionado o mais conveniente e adaptado às necessidades individuais.
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3. A Psicologia da Sobrevivência
Todos os seres humanos em situação de perigo experimentam sensação de medo; esta
sensação resulta da adrenalina produzida pelos mamíferos em momentos de adversidade. É
uma molécula ativadora do sistema nervoso simpático.
No entanto, o medo não dominado leva ao pânico; é a resposta mais destrutiva à situação de
sobrevivência e coloca a vida em perigo pela irracionalidade dos atos que gera.
É impossível não ter medo; como apontado popularmente, a coragem é ter medo mas
mesmo assim seguir em frente . Podem ser dados vários passos para controlar o medo, sendo
que o planeamento e a familiarização com situações de emergência ajudam a minorar os
comportamentos deletérios.
Na catástrofe, a mente deve ser ocupada imediatamente com a análise da situação e com as
tarefas imediatas de sobrevivência, o que impede que o medo impere.
OCUPAR A MENTE
1. Verificar a situação e os danos ocorridos
2. Reconhecer o local onde se encontra
3. Encontrar outros sobreviventes
4. Reconhecer um líder de equipa
5. Estabelecer um programa e plano a seguir
Tabela 3 - Tarefas imediatas após evento catastrófico.
Quanto mais tempo aguentar vivo, maior é a probabilidade de encontrar ajuda diferenciada.
Figura 3 – Várias foram as vítimas de tremores de terra que foram retiradas vivas dos escombros após mais de 3
dias. Todas sobreviveram em boa parte graças à perseverança de Espírito.
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Conforme adequado, responda às seguintes afirmações com Verdadeiro (V) ou Falso (F):
3. A revisão do estado de saúde deve ser considerada sobretudo para viagens a locais
exóticos.
4. O Kit de Emergência deve estar em local acessível e conhecido por todos os membros da
família.
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INTERPRETAÇÃO DA NATUREZA
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5. INTERPRETAÇÃO DA NATUREZA
Objetivos do Capítulo
1. Descrever os pontos cardeais
2. Identificar os métodos de orientação durante o dia
3. Interpretar os sinais da Natureza
4. Identificar os métodos de orientação durante a noite
5. Explicar a construção de uma bússola improvisada
A forma mais simples de evitar este risco é saber onde se encontra em cada instante. Embora
o mais provável seja não dispor de mapas cobrindo todo o terreno de todas as viagens que
faça poderá permanecer orientado de uma forma geral.
Não é âmbito deste manual ensinar a ler cartas militares (mapas), mas sim utilizar os
elementos existentes na Natureza para conseguir ter uma ideia geral da sua posição.
Figura 4 – Representação dos pontos cardeais N=norte, S=Sul, O=Oeste, e E=Este. Representação do Globo
Terrestre com as linhas de Latitude (permitindo identificar um ponto em relação ao equador, para N ou S) e com as
linhas de Longitude (permite identificar um ponto em relação ao meridiano de Greewich – Pri eàMeridia à– para
O ou E).
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Na navegação por métodos expeditos vamos poder utilizar as pistas que a natureza nos dá
para conseguirmos encontrar os Pontos Cardeais. Assim vai ser possível saber se nos
deslocamos para Norte, Sul, Este ou Oeste, sem recorrer à Bússola. Porém, não vamos ter
acesso a coordenadas específicas. Isso só se consegue com navegação por carta ou recorrendo
ao sistema de GPS.
Pelo Sol
O Sol nasce ligeiramente a sul do Este (Leste) e põe-se ligeiramente a norte do Oeste e a
declinação ou ângulo de variabilidade muda com a estação do ano.
E O
Figura 5 – Amarelo= Nascer do Sol (E: ESTE); Vermelho =Pôr do Sol (O: OESTE)
Com esta premissa a trajectória do Sol é o um bom ponto de referência permanente. Procura-
se verificar a direcção pelo menos uma vez por dia, usando os seguintes métodos:
MÉTODO DA VARA
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MÉTODO DO RELÓGIO
Pode usar-se um relógio analógico (ponteiro das horas) para determinar, aproximadamente,
quer o norte quer o sul verdadeiros.
Na zona temperada do norte, o ponteiro das horas é apontado para o Sol. A meia distância
entre o ponteiro das horas e as 12 horas do relógio corre uma linha que aponta o SUL (na
prática essa linha é a mediatriz do angulo formado pela reta das 12h e pela reta da hora atual).
Se tiver dúvidas acerca de qual das extremidades da linha aponta o norte, basta recordar que o
Sol está a ESTE antes do meio-dia e a OESTE da parte da tarde.
O relógio também pode ser usado para orientação na zona temperada do sul; porém, o
método é diferente: aponta-se a marca das «12h» do relógio para o Sol; a meia distância entre
as «12» e o ponteiro das horas atual (novamente uma mediatriz do angulo formado por essas
retas imaginárias) estará a linha que indica o NORTE.
0 método do relógio pode originar erros, especialmente nas latitudes mais baixas, e pode fazer andar em círculo.
Para evitar isto, faça um relógio de sol e acerte a hora pela que este indicar. Depois de ter andado durante uma
hora, faça outra leitura num relógio de sol. Se necessário, volte a acertar o seu relógio.
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MUSGO
Figura 9 – Musgo.
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À noite podemos usar as estrelas para, determinar o NORTE do hemisfério norte ou o SUL no
hemisfério sul.
Figura 11 – Encontrar a Estrela Polar. A Ursa Maior roda lentamente em torno da Estrela Polar e nem sempre
aparece na mesma posição.
Para encontrar a Estreia Polar, localize a Ursa Maior. As duas estrelas mais brilhantes da
extremidade da «caçarola» são normalmente designadas por guardas. A Estrela Polar fica no
prolongamento da linha que une as guardas, cerca de cinco vezes a distância que as une, como
mostra a Figura 11.
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A constelação da Cassiopeia também pode ser usada. Este grupo de cinco estrelas brilhantes
apresenta-se como um «M» ou como um «W» (quando está próxima da linha do horizonte). A
Estrela Polar fica exatamente em frente da estrela do centro a cerca de meio caminho entre a
Cassiopeia e a Ursa Maior.
A constelação do Cruzeiro do Sul ajudá-lo-á a localizar o Pólo Sul. Este grupo de quatro estrelas
brilhantes tem a forma de uma cruz (+). As duas estrelas que formam o eixo maior do Cruzeiro
são designadas por pontas. Prolongue o eixo maior da cruz, na direção do seu pé,
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aproximadamente 4,5 vezes a distância que separa as duas «pontas» e obterá um ponto
imaginário (ver Figura 12). Este ponto assinala a direção geral do SUL.
2º Usando fita cola, fixar a agulha na rolha, com a ponta virada para
a extremidade que queremos designar por Norte (N);
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Durante a noite, a Estrela Polar indica o NORTE. A constelação do Cruzeiro do Sul ajuda
a localizar o SUL;
Conforme adequado, responda às seguintes afirmações com Verdadeiro (V) ou Falso (F):
2. O lado onde nasce o musgo corresponde ao SUL, por ser mais quente.
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PRINCIPIOS DE SOCORRISMO
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6. PRINCÍPIOS DE SOCORRISMO
Objetivos do Capítulo
1. Descrever os componentes de um estojo de primeiros socorros
2. Enumerar os passos corretos da técnica de suporte básico de vida
3. Enumerar técnicas improvisadas para transporte de vítimas
4. Relatar como encontrar e pedir ajuda diferenciada
a. Primeiros Socorros
1. Estojo de Primeiros Socorros
Os materiais mais utilizados para fazer um estojo de primeiros socorros são:
Já existem estojos compilados de origem que podem ser comprados online, que depois podem
ser adaptados às suas necessidades e conhecimentos.
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Fazer só compressões torácicas é melhor do que não fazer reanimação nenhuma. Iniciar SBV e
desfibrilhar nos 3-5 minutos que se seguem ao colapso por PCR permite sobrevidas da ordem
dos 49% – 75%.
SEGURANÇA:
1. Assegurar que a vítima e os presentes estão em segurança (ex.: não há cheiro a gás, não há
risco de electrocução, etc.)
3a. Se responde:
Deixar a vítima na posição em que está, desde que não fique em maior risco;
Tentar perceber o que se passa com a vítima e pedir ajuda se necessário;
Reavaliá-la regularmente.
Figura 15 – Permeabilização da via aérea. NOTA: Nos primeiros minutos a seguir à PCR, a
vítima pode fazer movimentos respiratórios em
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esforço ou inspirações ocasionais, lentas e ruidosas. Não confundir esta respiração agónica
com respiração normal.
Ver, ouvir e sentir (V.O.S) até 10 segundos para avaliar se a vítima tem respiração normal.
Se há dúvidas se a respiração é normal ou não, proceder como se não fosse.
E. Posicione a perna que está por cima de tal forma que a anca e o joelho estejam em ângulo recto;
F. Incline novamente a cabeça para trás para manter as vias aéreas desobstruídas e ajuste a mão da vítima sob a
bochecha, se necessário, para manter a cabeça inclinada;
Ir ou mandar buscar ajuda – ligar 112 ou o número de emergência local e pedir uma
ambulância;
NOTA: Não fazer pressão sobre o abdómen nem sobre a extremidade inferior do osso do
esterno - apêndice xifóide (ver o modo correcto de posicionamento das mãos adiante, na
figura 18);
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Recolocar as mãos na posição correcta sobre o esterno e fazer mais 30 compressões torácicas.
- Só parar para reavaliar a vítima se esta revelar sinais de despertar: mexer, abrir os olhos, e
respirar normalmente. Se não for este o caso não interromper a reanimação.
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IMPORTANTE: Se a insuflação de ar não fez subir o tórax (como numa inspiração normal),
antes de voltar a tentar:
Ver se há algum obstáculo na boca da vítima e removê-lo;
Reconfirmar a inclinação da cabeça e a tracção do queixo;
Não fazer mais de duas tentativas de ventilação antes de retomar as compressões
torácicas.
Se há mais do que um reanimador, devem trocar de posições no SBV cada 2min, para prevenir
o cansaço. Assegurar que o tempo de interrupção para a troca de reanimadores é mínimo.
6b. A reanimação pode ser feita só com compressões torácicas, devendo seguir o seguinte
modelo:
O socorrista não treinado ou que não quer fazer ventilação à vítima, faz só
compressões torácicas;
Quando se fazem só compressões, estas devem se contínuas, com uma frequência de
100 cpm e profundidade de 5 cm.
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Figura 18 - Poster que resume o algoritmo de SBV, incluindo o uso desfibrilhador automático externo (DAE),
segundo as Guidelines de 2010 do ERC.
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b. Transportar Vítimas
É frequente, especialmente em locais de catástrofe, as vítimas terem de ser transportadas até
um local mais seguro para que a ajuda diferenciada possa atuar. Adiante, na Figura 19, estão
descritas algumas técnicas básicas para transporte de vítimas conscientes ou inconscientes,
sem suspeita de lesão da coluna vertebral.
Se houver suspeita de lesão da coluna vertebral (ex.: queda de uma grande altura;
atropelamento; etc.) o melhor é não mudar a vítima de local e aguardar pela ajuda
diferenciada.
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c. Encontrar Ajuda
O Número Europeu de Emergência (112) pode ser acedido, para além das situações de
saúde, em situações de incêndio, assalto ou roubo. Em Portugal, a chamada é atendida em
primeiro lugar por uma Central de Emergência da PSP, que a encaminha posteriormente para
um dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM.
Dê toda a informação que lhe for solicitada, pois só assim o socorro ocorrerá de forma rápida e
eficaz. Transmita a informação de forma simples e clara:
Será útil ter junto do kit de emergência um rádio portátil recetor de AM/FM, porque é uma
das formas de comunicação com maior probabilidade de se manter em funcionamento.
A maior parte das instruções serão dadas à população por essa via.
Visite o site da ANPC em www.prociv.pt e o site do seu Município para informações mais
atualizadas.
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Durante o SBV é importante: haver segurança para quem socorre, assegurar a via
aérea, iniciar compressões precocemente e iniciar ventilações.
Se houver suspeita de lesão da coluna vertebral é melhor não mudar a vítima de local,
a não ser que o perigo seja superior aos eventuais danos associados à mobilização.
Conforme adequado, responda às seguintes afirmações com Verdadeiro (V) ou Falso (F):
2. No SBV devem ser iniciadas logo compressões, sem verificar condições de segurança.
3. A reanimação deverá ser feita sem interrupções até chegar ajuda diferenciada, a vítima
recuperar ou o reanimador ficar exausto.
4. A Técnica do arrasto pode ser utilizada por um socorrista só para movimentar a vítima.
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Objetivos do Capítulo
1. Explicar os meios de prever um desastre
2. Identificar formas de agir em caso de seca
3. Identificar formas de agir em caso de fogo
4. Identificar formas de agir em caso de inundação
5. Identificar formas de agir em caso de avalanche
6. Identificar formas de agir em caso de tempestade
7. Identificar formas de agir em caso de terramoto
a. Prever o desastre
Atualmente a Internet é um precioso aliado nas matérias da prevenção. Existem sites que se
dedicam 24h a prever a meteorologia ou a avisar ocorrência de desastres pelo Mundo fora.
www.hewsweb.org
Site do Humanitarian Early Warning System (HEWS): aviso de sismos, inundações,
tempestades que estão a ocorrer no Mundo.
Alguns sites têm ainda um sistema de aviso por EMAIL ou SMS caso estejam previstas
situações fora do normal e com elevado risco para a região definida.
b. Seca
Nas regiões temperadas, se a pluviosidade desce abaixo do normal, pode haver um período de
seca. Nestas alturas, a morte da vegetação causa privação de nutrientes na cadeia alimentar, e
se a seca é prolongada e severa, os animais mortos podem contaminar os poucos recursos
hídricos que ainda persistirem.
A água torna-se um recurso muito importante e pode ser fator de conflito. A falta de água para
a higiene é um também um fator de risco adicional para a saúde. Mesmo que haja pouca água
para beber, devem ser lavadas as mãos após defecação e antes de se preparar comida.
Nunca desperdiçar água; a água usada na comida pode ser reutilizada. Nos poços que ficaram
aparentemente secos, pode haver água escavando mais fundo.
A água disponível deve ser guardada num ponto mais sombrio e fresco. Toda a água deverá
ser fervida antes de ser consumida.
c. Fogo
Muitos dos fogos que assolam sazonalmente o País são o resultado de cigarros mal apagados
ou de queimadas mal planeadas. A própria luz do Sol através de vidro pode ser potenciada e
iniciar fogo. Quando se deteta um pequeno fogo, a melhor maneira de o apagar é lançando
terra para cima.
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Se ficar no meio de um fogo, não deve retirar a roupa para manter algum nível de proteção. O
fumo indicará a direção do vento, o fogo espalha-se mais rápido nesse sentido e em direção ao
topo das colinas. O melhor trajeto serão as linhas de água ou procurar grandes clareiras.
Se as roupas atearem fogo, o melhor é rolar no chão ou tentar abafar as chamas com uma
manta.
Nos apartamentos, deveram ser fechadas todas as janelas e bloqueados os espaços entre
portas que deixem passar ar - o oxigénio alimenta o fogo. É por isso quando se partem vidros,
para "entrar ar", que os fogos ganham maior dimensão.
Nas viaturas, o maior risco é o fogo chegar ao tanque de combustível. O objetivo é controlá-lo
antes que aconteça. Se a viatura apanha fogo num espaço confinado, rapidamente haverá
fumo e vapores tóxicos. Se não conseguir apagar o fogo, deverá tentar remover a viatura do
espaço mas sem entrar nela.
O extintor tem de estar guardado em sítio acessível; no apartamento deverá ser na cozinha e
na viatura deverá estar próximo do condutor.
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d. Inundação
Portugal é também um país de inundações; a mais recente atingiu a Madeira em 2009. As
inundações podem ser causadas por chuvas intensas que aumentam o caudal de lagos, rios e
reservatórios ou então por terramotos no mar que geram fluxos turbulentos de água que
atingem as regiões costeiras.
As linhas de água aparentemente secas podem ser rapidamente preenchidas por água durante
chuvas intensas. Aliás, após um período de seca, a chuva persistente deve ser considerada
um alerta para inundações, inclusivamente nas cidades, visto que os locais de drenagem
podem estar entupidos com detritos e lixo.
Em caso de inundação deverão ser evitadas zonas ao nível do mar. A evacuação deverá ser
feita para terrenos com altitude e fora de áreas potencialmente inundáveis (ex.: a montante
de uma barragem).
Nos apartamentos, se houver uma inundação deverão ser desligados as fontes de gás, água e
eletricidade. Deverão ser reunidos os pertences mais importantes e o kit de emergência, e as
pessoas deverão ser evacuadas para o topo do edifício. Se o volume das águas for elevado,
pode ser necessário levar material que funcione como flutuador improvisado caso a inundação
chegue ao último andar.
Nas viaturas, evitar áreas de declive mesmo em zonas de maior altitude, pois essas zonas
geram bolsas onde a água se acumula. Se a viatura avariar deverá ser imediatamente
abandonada.
Nunca tentar atravessar uma corrente de água, a não ser que se tenha a certeza que a altura
da água é inferior a metade da altura dos pneus da viatura ou inferior à altura dos joelhos.
Os tsunamis correspondem a uma série de vagas (de água) geradas por um ou mais tremores
de terra. Estas deslocam-se a grande velocidade e podem atingir mais de 30 m, no entanto a
energia contida numa coluna de 1 m é suficiente para causar grande destruição. Se ocorrer um
evento desta natureza, deverá fugir rapidamente para terreno elevado e só voltar quando
houver certeza de que não há mais réplicas.
e. Avalanche
Nas zonas geladas podem ser geradas deslocações súbitas de neve. Esta massa ao ganhar
velocidade produz danos notáveis. Quando pára, solidifica instantaneamente, dificultando o
socorro de quem ficar aprisionado.
Se for apanhado no início de uma avalanche, deve assumir uma posição de decúbito ventral
(tipo bodyboard) procurando ir na crista da deslocação.
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Quando a avalanche parar, deverá ser criada rapidamente uma cavidade à volta do local onde
ficar aprisionado (antes que a neve solidifique), se possível escavando para chegar à
superfície.
f. Tempestades
Os Furacões (também designados por Ciclones e Tufões), são ventos poderosos de alta
velocidade, de força 12 na escala de Beaufort (ver Tabela 5).
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No Hemisfério Norte, o período mais propício para ocorrência deste fenómeno é de JUNHO a
NOVEMBRO; no Hemisfério Sul é de NOVEMBRO a ABRIL.
Os Tornados são uma variante ainda mais violenta com ventos giratórios a assumirem uma
velocidade de 640 km/h. O diâmetro do vórtex que atinge o chão é de apenas 50 m mas causa
uma destruição tremenda, deslocando-se a 50 km/h.
Se houver aviso de furacão, deverão ser evitadas as zonas costeiras, as janelas dos edifícios
deverão ser protegidas (risco de quebra de vidros) e as portas trancadas. Nestes casos os
melhores locais de proteção são as caves, as estações de metro, zonas debaixo de pontes e em
último caso valas.
Durante uma tempestade com relâmpagos deverão ser evitadas árvores, especialmente as
árvores isoladas, assim como locais com muito metal, especialmente zonas como redes,
antenas de comunicação ou postes de alta tensão.
É possível pressentir uma descarga elétrica (sente-se calor e os pêlos do corpo a ficarem
eriçados), na iminência de um relâmpago o melhor é adotar uma posição ventral com as
palmas das mãos dirigidas para o solo.
A ideia é fazer com que o mínimo de corrente passe pelo nosso corpo, poupado ao máximo o
tórax que contém o coração e os pulmões – órgãos nobres que podem ficar danificados com a
eletricidade.
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g. Terramotos
A deslocação das placas tectónicas gera tremores de terra, os terramotos ou sismos. Em
Portugal, as ilhas dos Açores são tradicionalmente propensas a terramotos, mas o continente
também tem áreas de risco (Figura 20).
Os terramotos podem ter intensidade variável; quanto maior for a força gerada mais danos
vão causar.
A Tabela 6 (ver adiante), mostra as duas escalas de intensidade utilizadas para medir os sismos
e os respetivos danos previstos nas áreas povoadas.
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Manual de Introdução a Sobrevivência – Saber lidar com Catástrofes e outras Emergências.
No apartamento, deverá ter uma lanterna à mão e ligar um rádio portátil numa emissora de
notícias; a água, o gás e a eletricidade deverão ser desligadas. Todos os objetos pesados
devem ser removidos das prateleiras mais altas. Locais junto a janelas devem ser evitados. O
melhor sítio para estar durante a ocorrência de um terramoto é debaixo de uma mesa forte ou
da ombreira das portas.
Na viatura, parar assim que possível mas manter-se dentro da viatura – sempre confere
proteção contra objetos exteriores que possam cair. Os terramotos normalmente destroem
cabos elétricos e geram fendas nas estradas; deve retomar o caminho com essa precaução em
mente assim que o sismo terminar.
Na praia, o maior risco são os tsunamis, por isso estas devem ser abandonadas o mais
rapidamente possível.
Depois do terramoto, aplicar os primeiros socorros às vítimas mas não usar edifícios
danificados como abrigo.
Esteja preparado para as réplicas (tremores que se seguem ao sismo principal). Atenção às
fugas de gás, qualquer chama pode desencadear uma explosão!
O ideal é reunir todos os sobreviventes num espaço aberto e seguir as instruções transmitidas
por rádio pela proteção civil local.
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Durante uma seca toda a água deve ser fervida antes de consumida.
Para estar sempre operacional, o extintor deve estar num sítio acessível e o prazo do
seu conteúdo deve ser respeitado;
Durante tempestades deverão ser evitados locais e objetos que sejam condutores de
eletricidade, onde há maior probabilidade de uma descarga elétrica.
Mesmo após o terramoto principal pode haver réplicas intensas e também destrutivas.
Conforme adequado, responda às seguintes afirmações com Verdadeiro (V) ou Falso (F):
2. Pode haver água em poços aparentemente secos se escavar mais fundo. A água deve ser
fervida antes de ser consumida.
5. Nas praias de água muito quente, se houver um terramoto nunca há risco de tsunami.
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CONCLUSÃO
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8. CONCLUSÃO
Com este manual foram identificados passos importantes para atuação em cenários que à
partida proporcionariam perigo para os intervenientes. A sobrevivência em catástrofe não se
esgota nestas medidas, antes pelo contrário, quanto mais técnicas forem treinadas maior será
a probabilidade de sucesso.
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1V 1F
2F 2F
3V 3V
4V 4V
5V 5F
1F 1F
2F 2V
3F 3V
4F 4V
5V 5F
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10. BIBLIOGRAFIA
John Wiseman, SAS Survival Guide, How to survive in the wild in any climate, on land or
at sea. Collins Gem. 2004.
James Wesley Rawles, How to Survive the End of the World as We Know It: Tactics,
Techniques, and Technologies for Uncertain Times. Plume (Penguin Group), 2009.
www.erc.edu
Site do Conselho Europeu de Ressuscitação, onde podem ser encontradas as guidelines
mais recentes de suporte de vida. (acedido em Abril de 2012.)
www.prociv.pt
Site da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), no qual se encontram alojados e
disponíveis todos os Planos de Emergência aprovados pelas entidades territorialmente
competentes. (acedido em Abril de 2012.)
www.enb.pt
Site da Escola Nacional de Bombeiros, onde pode ser feito download de vários manuais
educativos relacionados com a atuação em situações de emergência. (acedido em Abril de
2012.)
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