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Racismo No Contexto Contemporâneo. Contribuições Da Psicologia Social para A Problematização Do Preconceito
Racismo No Contexto Contemporâneo. Contribuições Da Psicologia Social para A Problematização Do Preconceito
E SILVA, Sâmela1
GUIMARÃES, Edmara2
MATOS, Rafaela3
SILVA, Aline4
DE LUIZ, George5
RESUMO
Este estudo pauta-se em discutir as práticas de racismo na sociedade brasileira, evidenciando as condutas
relacionadas à discriminação racial bem como as formas de enfrentamento, visando problematizar esses conflitos
na vivência das pessoas de pele negra. Ainda buscando levantar a atuação do profissional da psicologia na
promoção de ferramentas que visem eliminar a opressão e o preconceito, problematizar as políticas públicas
voltadas à igualdade e inclusão social; e, desmistificar a discriminação institucional sofrida pela população
negra. Trata-se de um estudo bibliográfico, de caráter exploratório-descritiva, exibindo natureza indutiva,
mediante abordagem quali-quantitativa. Destacou-se as vivências do racismo no mercado de trabalho e relações
sociais, ainda frisando que a desigualdade social é um dos temas mais abordados na bibliografia selecionada
devido a sua influência na vida dos negros, e em razão da desigualdade racial. A análise dos artigos verificou que
há muitos negros em estado de pobreza, pois isso tem forte ligação a questões raciais nos países que sofreram
colonização dos escravos, e isso reflete um desequilíbrio social nos diversos grupos sociais com os quais
convive. Para a psicologia, o desafio, é formar as novas gerações, argumentando e conduzindo esse tema para
além dos ambientes acadêmicos. Cabe aos psicólogos enfrentarem o mito da democracia racial, para criar uma
ciência e profissão realmente comprometida com a promoção dos direitos fundamentais, objetivando a
construção de uma sociedade igualitária.
ABSTRACT
This study aims to discuss the practices of racism in Brazilian society, highlighting the conduct related to racial
discrimination as well as the ways of coping, aiming to problematize these conflicts in the experience of black-
skinned people. Still seeking to raise the performance of the professional of psychology in the promotion of tools
that aim to eliminate oppression and prejudice, problematize public policies aimed at equality and social
inclusion; and demystify the institutional discrimination suffered by the black population. This is a
bibliographical study, exploratory and descriptive, showing an inductive nature through a qualitative and
quantitative approach. The experiences of racism in the labor market and social relations were highlighted, while
emphasizing that social inequality is one of the most addressed topics in the selected bibliography due to its
influence on the lives of blacks, and due to racial inequality. The analysis of the articles found that there are
many black people in a state of poverty, as this is strongly linked to racial issues in countries that have been
colonized by slaves, and this reflects a social imbalance in the various social groups with which they live. For
psychology, the challenge is to educate the new generations by arguing and leading this theme beyond academic
environments. It is up to psychologists to confront the myth of racial democracy to create a science and
profession that is truly committed to the promotion of fundamental rights, with the aim of building an egalitarian
society.
1
Estudante de Psicologia do UNIVAG - Centro Universitário. E-mail: sameladepaula_@hotmail.com
2
marajoycelaine@gmail.com
3
rafaelamatos_22@hotmail.com
4
alinesilva.livramento@gmail.com
5
Professor do Curso de Psicologia do UNIVAG - Centro Universitário. E-mail: george.luiz@univag.edu.br
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1 INTRODUÇÃO
violento uma vez que essa população foi forçada a sair de sua cultura mudar seus hábitos e
obrigados a trabalhar como escravos. Com isso a identidade da população negra teve sua
construção defasada sendo negada e em algumas circunstâncias e marginalizadas. Adorno
(1996) afirma que há um expressivo número de negros reclusos, que na maior parte das vezes,
sequer foram julgados, haja vista que, são negros e pobres, logo: são culpados!
Para Ciconello (2008, p. 2), “a estrutura racial existente no Brasil mantém privilégios
que alimentam a exclusão e as desigualdades sociais”, e diante disso o autor revela que "o
racismo é identificado e reconhecido pela população brasileira". É possível se pensar que uma
criança negra terá mais chances de morrer por forma violenta do que uma criança da cor
branca, e, de um jovem negro ao ingressar no mercado receber um salário inferior a uma
pessoa branca. Com base nesse tipo de pensamento, que segundo Passos (2012, p. 3), nota-se,
que, “o racismo cria mitos, padrões, critérios, estereótipos que definem valores morais e
estéticos, conformando o que deve ser considerado como bom, bonito e correto e,
consequentemente, o que não o é”.
No entendimento de Camino et al. (2001), em meio a tantas mudanças sociais,
lamentavelmente, os negros ainda são os que mais sofrem, pois, além de possuírem uma
menor oportunidade no mercado de trabalho, são muitas vezes, coagidos adentrar caminhos
que não escolheram, e sim, são direcionados em razão da ampla desigualdade social que os
atinge. Segundo Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP, 2007) o racismo,
em seu âmbito real, observa o negro como pobre, submisso, inferior, estabelecendo como
justificativa ideológica a meritocracia, e alegando que “tudo o que as pessoas conseguem ou
têm; decorre de tal esforço”. No Brasil, a pessoa branca é vista com uma melhor função
social, pois carrega certa autoridade e respeito que já lhe são automáticos.
Conforme expõe Ciconello (2008, p. 3), habitualmente o que se vê são “oportunidades
desiguais, possibilidades desiguais, talentos desperdiçados”. Para Mata et al. (2014) diante
dessa realidade, os psicólogos têm um papel fundamental, atuando no auxilio da construção
de aspectos positivistas no âmbito da população negra, e na contramão da atual construção
social, onde o branco é posto como agente central. Assim, no âmbito da psicologia, Marta e
Santos (2015, p. 47) evidenciam que “em intervenção em psicologia inclui o acolhimento; a
entrevista diagnóstica; o aconselhamento; a orientação para procura de serviços que apoiem o
sujeito em necessidades específicas ou que potencializam a ação do sujeito”.
No entendimento de Valter Mata (2015, p. 2), integrante da Comissão de Direitos
Humanos do Conselho Federal de Psicologia, “o racismo é, sim, promotor de sofrimento
psíquico”. Segundo ele, a própria saúde mental de um indivíduo negro ao sofrer tal tipo de
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2 METODOLOGIA
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
6
A Psicologia Social não soviética tem em comum com a Sociologia burguesa a tendência a justificar a
ideologia do capitalismo. Mas não se pode reduzir a Psicologia Social burguesa à sua função ideológica; ela se
ocupa também de problemas reais, e dispõe de métodos para obter e elaborar a informação científica.
7
Método de análise socioeconômica sobre as relações de classe e conflito social, que utiliza uma interpretação
materialista do desenvolvimento histórico e uma visão dialética de transformação social. A metodologia marxista
utiliza inquéritos econômicos e sociopolíticos e que se aplica à crítica e análise do desenvolvimento do
capitalismo e o papel da luta de classes na mudança econômica sistêmica. Na segunda metade do século XIX.
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Metodologia que possibilita que o pesquisador intervenha dentro de uma problemática social, analisando-a e
anunciando seu objetivo de forma a mobilizar os participantes, construindo novos saberes; tendo condições de
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refletir criticamente sobre suas ações. Constitui-se de uma base empírica concebida e realizada através de uma
relação estreita com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo.
9
condição social. Os nobres na Idade Média, por exemplo, eram reconhecidos como
superiores em relação aos outros grupos sociais, porque gozavam de certos
privilégios que haviam herdado ou lhes fora atribuído por um Rei. Estes e outros
privilégios estabeleciam uma hierarquia entre os seres humanos, fazendo com que
uns fossem reconhecidos como superiores aos outros.
uma nova militância negra surgiu, em conjunto com outros movimentos populares, como o
sindical, estudantil, das mulheres e dos gays; que entraram em cena no país.
Na visão de Passos (2012, p. 4):
A sociedade brasileira, há muitos anos convive com uma parcela expressiva de sua
população completamente excluída de direitos, em razão da vigência do regime autoritário no
decorrer de duas décadas, e sobretudo a despeito da reconstrução da normalidade democrática
(ADORNO, 1996). Neste cenário, cabe salientar que um elemento de ampla relevância para
se buscar compreender a dinamicidade de toda essa estrutura de desigualdade, está
diretamente vinculada o racismo, pois, “a pequena parte da população com alta renda é
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[...] nos shopping centers de elite, onde os trabalhadores negros são confinados em
postos de vigias ou faxineiros e raramente empregados em atividades de
atendimento ao público; na programação televisiva, onde os negros/as, quando
aparecem, ocupam as tradicionais posições de subordinação (a empregada
doméstica, o bandido, a prostituta, o menino de rua, o segurança); nas piadas e
expressões de cunho racista sempre presentes nas reuniões de família brancas.
Expressões como "não sou racista, mas nunca aceitaria meu filho ou filha se casando
com um negro/a" são comuns no Brasil. São milhões de atitudes, gestos, opções e
decisões diuturnamente tomados dentro de uma estrutura social e simbólica na qual
a cor da pele é um determinante importante (CICONELLO, 2007, p. 3).
Ainda no que tange ao Brasil, Andrews (1997, p 95) afirma que se trata de “uma das
maiores sociedades multirraciais do mundo e lar do maior componente isolado da diáspora
africana além-mar”. Nesta perspectiva, Adorno (1996) descreve que várias e distintas
segmentações contribuem para o cenário social, atualmente observado no território brasileiro,
como: a situação ocupacional, a carência de profissionalização, a baixa escolaridade, as
relações de gênero, a origem regional, a faixa etária, e, de modo especial a cor da pele.
Segundo o autor, estudos comprovam que, na sociedade brasileira, a população negra,
encontra-se posicionada nos degraus mais baixos das hierarquias sociais.
Para Ana Carolina Lima (2017), advogada e militante do movimento negro, no Brasil
o racismo é estrutural e institucional, visto que quando o país começou a incluir socialmente
os negros, mediante ações afirmativas e programas sociais, uma ampla parcela da sociedade,
sobretudo, membros da classe média, sentiram-se desconfortáveis ao ver negros ocupando
cargos que historicamente eram negados aos mesmos. A autora ainda afirma que, mudar esse
quadro requer assegurar direitos e oportunidades a todos, tendo em vista um contexto de
igualdade racial, para que os negros ocupem espaços de decisão social e construam políticas
públicas de combate ao racismo na perspectiva de quem conhece essa realidade.
Neste cenário, ainda é válido destacar que:
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No Brasil, uma análise cuidadosa das características positivas atribuídas aos negros
indica uma nova e mais sofisticada forma de preconceito, uma vez que os
estereótipos positivos aplicados definem claramente papéis sociais específicos para
este grupo. Podemos pensar que se eles são musicais, são também aptos para o ritmo
e para a dança, se são fortes, estão aptos para o trabalho braçal, e se são alegres, não
devemos nos preocupar com a sua situação social, pois nem eles têm consciência
dela (LIMA; VALA, 2004, p. 403).
Segundo Adorno (1996, p.1) “a exclusão social é reforçada pelo preconceito e pela
estigmatização”. Corroborando desse entendimento, Lima (2017) afirma que para uma parcela
considerável da sociedade que, é assustador assumir que negros tenham acesso aos mesmos
serviços, frequentem os mesmos espaços, e consumam os mesmos produtos. Para essas
pessoas, assumir tais situações, significa perda de status, pois se apoiam na posição relativa de
superioridade do branco em relação ao negro, arraigada na sociedade. A autora culpa a mídia,
que tende omitir a história e a cultura afro-brasileira, nas produções culturais, e nos
noticiários, negando que as mazelas sociais referentes à saúde, segurança, educação,
transporte, moradia estão relacionados diretamente à população negra.
Para Camino et al. (2001), embora atualmente não se acredite em hierarquias sociais
baseadas nas raças, lamentavelmente a cor da pele ainda serve como um símbolo da
discriminação existente; e nesse sentido, pode-se afirmar que o racismo é ideológico, ou, um
discurso de justificativa dos processos de discriminação social. No entanto, Ciconello (2008)
afirma que toda essa invisibilidade em torno da população negra, tem começado a mudar,
tendo em vista o fortalecimento de todo um processo de ressignificação de ser negro; o qual
vem buscando, vencer os mais variados estereótipos negativos, que comumente estão
associados à negritude, e que frequentemente são reproduzidos não apenas nas relações
sociais, mas nos meios de comunicação de massa.
social, dessa forma, sua utilização contribui para manter a hierarquia social. Em situações nas
quais a hierarquia social ou a posição social dos agentes, já naturalizada pela sociedade, está
sendo ameaçada ou corre o risco de ser invertida, que invoca para atos discriminatórios, que
são caracterizados por um discurso racista. No que diz respeito a esse discurso, rompe-se uma
norma implícita, uma vez que na sociedade brasileira, o racismo é constantemente negado e
escamoteado.
O mencionado autor, ainda assevera que, na maioria das vezes, as pessoas não
admitem ser racistas, ao mesmo tempo, são poucas as que revelam terem sido vítimas da
discriminação. As queixas de racismo analisadas neste artigo permitem evidenciar que a
identificação racial se vincula, simultaneamente, a percepção de diferenças sociais e culturais
entre as pessoas, que seriam derivadas de sua raça, e ao espaço social que separa indivíduos
brancos e negros na sociedade brasileira. Criou-se um senso comum, baseado em racistas, de
que as pessoas negras são inferiores e de que o lugar que elas devem ocupar deverá estar de
acordo com a sua inferioridade.
[...] o conceito de racismo não contempla a possibilidade de uma pessoa negra ser
racista contra outro indivíduo negro, mesmo considerando que haja no Brasil uma
variação significativa no matiz da cor da pele dos negros (dos mais escuros aos mais
claros), do ponto de vista histórico e conceitual, não é possível considerar que os
mais claros, por exemplo, oprimem os mais escuros. [...] Uma pessoa negra pode
detestar uma determinada pessoa branca, outra pessoa negra pode ter raiva de certa
pessoa negra e querer não se relacionar com ela, isso ou aquilo não é racismo. Elas
simplesmente não gostam daquelas pessoas (CFP, 2017, 34).
A Psicologia é a ciência que nos ensina a olhar o que não está explícito, o que é não
dito, o que está encoberto, num nível muito individual. [...] este debate está nos
mostrando que esse sofrimento, causado pelo preconceito, pela humilhação social,
têm sua origem na maneira como se constituem as relações e a sociedade. A
Psicologia tem um olhar, sim, para o não dito, no entanto, esse é um olhar muito
dirigido para as questões específicas (CRP-SP, 2007, p. 16).
Silva (2005), descreve que a população negra vive “encurralada” com pouca ou
nenhuma chance de ultrapassar a barreira econômica que lhe é imposta, mantida pelo
imaginário social que confere ao indivíduo negro um lugar de fracasso e destituição. Assim,
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ao internalizar tantos atributos negativos, comumente imputados por sua cor de pele, instala-
se o sentimento de inferioridade, gerando constrangimento na relação com os demais
membros da sociedade, e favorecendo o surgimento de comportamentos de isolamento,
frequentemente entendidos como timidez ou agressividade. Nesta perspectiva, Damasceno e
Zanello (2018), ressaltam também, que recentemente o Ministério da Saúde reconheceu que a
discriminação racial afeta a saúde mental.
Diante disso, salienta-se que no início do século XXI, o Conselho Federal de
Psicologia (CFP) criou a Resolução nº 18, de 19 de dezembro de 2002, que institui um
conjunto de normas para atuação de profissionais da Psicologia em relação ao preconceito e à
discriminação racial. O citado documento, é elaborado com base na Declaração Universal dos
Direitos Humanos, na Constituição Federal, na Convenção Internacional sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Racial, e em dispositivos do Código de Ética
Profissional, buscando a contribuição desses profissionais na criação de condições que visem
a eliminação da opressão e da marginalização gerada pelo preconceito racial (CFP, 2017).
Silva (2005), cita que os dados do Ministério da Saúde, assim como IBGE e do IPEA
apontam uma diferença bastante expressiva, no perfil socioeconômico e nos indicadores de
morbimortalidade da população negra em relação à população geral. Por outro lado, salienta-
se que, no Brasil, não existem dados precisos, acerca da prevalência dos transtornos mentais
na população negra. Segundo a autora, isso deve-se a dois fatores: primeiro, aos profissionais
da saúde, que não coletam tal informação, isto é, o quesito cor da pele, nas fichas dos usuários
dos serviços de saúde e, em segundo, quando esta informação é coletada, não há análise de
tais dados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde - DATASUS.
De acordo com dados do Conselho Federal de Psicologia (2017), ao se trabalhar no
indivíduo negro seu sentimento de pertencimento ao grupo racial negro, é possível possibilitar
que o próprio negro venha construir uma identidade pessoal e coletiva saudável, assim como,
estimular laços, e instigar perspectivas positiva em relação a sua própria capacidade e
identidade. Diante disso, Mata et al. (2014, p. 8) afirmam que enfrentar o racismo e o
preconceito são verdadeiros desafios no campo da psicologia, sendo necessário analisar
causas, conceitos e escalas do racismo, pois "a branquitude precisa ser desvelada se realmente
buscamos contribuir com a luta antirracista".
Para Mata e Santos (2015, p. 48):
Silva (2005) afirma que a maioria da população negra convive de forma incessante
com o sofrimento mental, em razão das condições de vida precárias atuais e, da
impossibilidade de antecipar futuro melhor. Segundo a autora, há vários sintomas físicos e
psíquicos que a condição permanente de “tensão emocional”, podem acarretar nestes
indivíduos, que vão desde sentimentos de angústia, crises de ansiedade, podendo evoluir para
casos severos de depressão, assim como rompimentos de conduta. Assim, na visão de Mata et
al. (2014), acredita-se que a Psicologia tem um papel de grande importância para toda
sociedade mundial e, no Brasil, visto que estudos afirmam que as raças humanas tinham
preconceito por determinações psicológicas ligadas a caráter e a inteligência humana.
Para Silva (2005), as consequências do racismo, evoluem, e tornam-se um problema
para a saúde física e mental ao indivíduo negro, todo esse sofrimento gerado pelo preconceito
racial, necessariamente é incontestavelmente, torna-se uma questão de saúde pública.
Segundo Conselho Federal de Psicologia (2017), o dilaceramento psíquico das vítimas de
racismo pode ser catastrófico, sendo que tais indivíduos precisam de suporte psicológico para
superar o trauma vivido, o que pode incluir terapia individual e familiar. É importante a
proposição de políticas públicas que assegure à população negra, o direito a um serviço de
saúde mental eficaz direcionado especificamente ao sofrimento produzido pelo racismo.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Distribuição dos artigos encontrados e selecionados de acordo com os descritores na base de
dados Google Scholar.
Descritores Google Scholar Selecionados
Racismo 277.705 20
Psicologia Social 48.044 15
Direitos Humanos 54.418 5
Desigualdade Social 55.000 0
Total 435.167 40
Fonte: Dados da pesquisa - elaborado pelas autoras
30
25
20 20
Escravidão
De acordo com Jesus (2005), a escravidão tem origem desde a pré-história, escravidão
é posição que transcende a cor e que esteve presente na história da humanidade desde a
antiguidade. A escravidão é a obrigatoriedade do outro, é desta forma é afastado da
representatividade humana, como se o membro de uma determinada espécie fosse inferior que
as outras. Os serviços eram baseados na agricultura escravista, pautando-se nos esforços
físicos a fim de garantir um aproveitamento lucrativo; como uso das forças e causando fadiga,
para o uso de esforços repetitivos.
21
Ainda, conforme frisa Jesus (2005), as condições para uma pessoa ser escrava eram
determinadas pelo predominante no conjunto do sistema econômico-social marcando os
diversos modo e relações entre os homens, o motivo para a importação dos escravos eram de
exploração econômica representada pelo lucro, correspondente da função econômica pela
força do trabalho. Segundo o autor, com a instituição da Lei Áurea em 1888, mudaram-se as
formas de trabalho, no qual passando de escravidão aos direitos do cidadão, passando de um
trabalho explorador para o trabalho formal tendo acesso a todos os benefícios, entre outros
então podemos ver que ao longo do tempo se evolui.
Violência Racial
Discriminação
Racismo Involuntário
Desigualdade
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 REFERÊNCIAS
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