Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação.................................................................................................................................. 5
Introdução.................................................................................................................................... 8
Unidade I
DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO................................................................................ 11
Capítulo 1
Fisiologia e semiologia da epiderme................................................................................ 11
CAPÍTULO 2
Distúrbios seborreicos e de queratinização primários................................................. 17
CAPÍTULO 3
Distúrbios seborreicos e de queratinização ligados à nutrição................................ 31
CAPÍTULO 4
Distúrbios seborreicos e de queratinização em felinos................................................ 35
CAPÍTULO 5
Distúrbios seborreicos e de queratinização ligados à raça....................................... 39
CAPÍTULO 6
Fórmulas magistrais no tratamento dos distúrbios seborreicos................................ 44
Unidade iI
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS................................................................................................ 51
CAPÍTULO 1
Anatomia e fisiologia dos condutos auditivos.............................................................. 51
CAPÍTULO 2
Anamnese, exame físico e exames complementares dos condutos auditivos............ 57
CAPÍTULO 3
Fatores primários, predisponentes e perpetuantes da otite externa.............................. 67
CAPÍTULO 4
Classificação da otite externa e tratamento................................................................. 70
CAPÍTULO 5
Otite média............................................................................................................................ 80
CAPÍTULO 6
Ototoxicidade e otite interna............................................................................................ 83
CAPÍTULO 7
Afecções cirúrgicas dos ouvidos.................................................................................. 86
Unidade iII
DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS................................................................................... 94
CAPÍTULO 1
Doença dos olhos............................................................................................................. 94
CAPÍTULO 2
Doença das unhas............................................................................................................ 102
Capítulo 3
Doenças dos sacos anais............................................................................................... 108
Referências................................................................................................................................. 114
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
A pele é composta epiderme, derme e hipoderme. Os distúrbios seborreicos estão
relacionados a alterações na camada mais externa da pele, a epiderme. O processo
pelo qual se formam os queratinócitos, células da epiderme, é composto de etapas,
cujo ciclo completo leva em média 22 dias. Alterações nesse ciclo levam à produção
exacerbada e rápida dos queratinócitos, além de produção excessiva de sebo pelas
glândulas sebáceas. Essas alterações são visualmente identificadas como excesso
de escamas na pele, pelos e untuosidade do pelame ao toque, além de um quadro
xerótico, de odor rançoso, comprometendo a qualidade de vida do animal e dos
proprietários.
Observa-se, pois, que todas as doenças acima comentadas podem ter uma causa-base
em comum. É dever do médico veterinário examinar todos os componentes do sistema
tegumentar. O conteúdo a seguir é um resumo das principais doenças informadas,
como reconhecê-las e realizar seu diagnóstico correto para que seja alcançado sucesso
nos tratamentos.
8
Objetivos
»» Compreender a fisiologia e a etiologia dos distúrbios queratosseborreicos.
9
10
DISTÚRBIOS
SEBORREICOS E Unidade I
DESQUERATINIZAÇÃO
Capítulo 1
Fisiologia e semiologia da epiderme
11
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
Etiologia e classificação
A etiologia dos distúrbios seborreicos e de queratinização primários, ligados à
predisposição racial, não está bem elucidada, porém é de conhecimento que um gatilho
altera o processo de proliferação e diferenciação das células epidérmicas, acarretando
uma rápida e incompleta queratinização das células e proliferação acelerada dos
corneócitos, sendo visíveis como escamas (Figura 2).
Figura 2. Paciente apresentando intensa descamação farinácea, sendo visíveis as escamas a olho nu tanto na
12
DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO │ UNIDADE I
Em cerca de 90% dos casos, existe uma causa-base, o que se faz necessário uma
anamnese e exame físico detalhado, permitindo saber com propriedade qual exame
complementar deverá ser solicitado.
Anamnese dermatológica
13
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
O exame físico deve ser minucioso, incluindo todas as regiões do corpo e não só a
queixa relatada durante a anamnese. Muitos distúrbios dermatológicos têm padrão
lesional característico, o que se faz necessário, por parte do clínico avaliador, possuir
conhecimentos das diversas dermatopatias. O exame físico pode ser iniciado com a
avaliação geral do paciente como: escore corporal, temperatura retal e avaliação de
linfonodos. Ressalte-se que doenças sistêmicas podem gerar sinais dermatológicos
associados, como é o caso das doenças endócrinas e leishmaniose.
14
DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO │ UNIDADE I
Figura 3. A – Quadro queratosseborreico com descamação micácea, nota-se que a coloração da escama é
15
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
16
CAPÍTULO 2
Distúrbios seborreicos e de
queratinização primários
Algumas raças são predispostas, tais quais Cocker Spaniel, Springer Spaniel Inglês,
West Highland White Terrier, Labrador e Basset Hound.
Figura 5. Presença de sebo acumulado no pelame de cão S.R.D. jovem, com distúrbio seborreico hereditário.
17
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
Figura 6. Quadro queratosseborreico secundário à doença alérgica. Paciente com pelame untuoso e presença
de descamação micácea.
Manifestações clínicas
Clinicamente, a pelagem estará seca e sem brilho, com descamação excessiva (caspas),
crostas, pele untuosa, ressequida, odor rançoso. Em geral, os quadros cutâneos estão
acompanhados de quadros otológicos, com excesso de cerúmen e/ou otites ceruminosas
(Figuras 7.A e 7.B).
Figura 7. A – Quadro de otite ceruminosa associado à seborreia secundária. Observa-se o excesso de cerúmen
18
DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO │ UNIDADE I
Infecciosa Alérgica
Piodermites Dermatite alérgica a picada de ectoparasitas
Dermatofitose Dermatite atópica
Dermatite por Malassezia Hipersensibilidade alimentar
Leishmaniose Parasitárias
Endócrinas Demodicose
Hipotireoidismo Escabiose
Hiperadrenocorticismo Queiletielose
Dermatose causada por hormônio sexual Pediculose
Diabetes Mellitus Sarna otodécica
Nutricional Imunomediada/Autoimune
Dermatose responsiva à Vitamina A Complexo pênfigo
Dermatose responsiva à Zinco Lúpus eritematoso discoide
Desequilíbrio nutricional Lúpus eritematoso sistêmico
Metabólica Farmacodermia
Má absorção/Má digestão Adenite sebácea
Dermatite necrolítica superficial Neoplásica
Linfoma epiteliotrópico cutâneo
Fonte: Elaboração própria da autora.
Tratamento e prognóstico
19
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
dias até a melhora das afecções cutâneas, após isso será possível diminuir
a frequência dos banhos mediante manutenção do quadro seborreico.
(Ver capítulo de fórmulas magistrais)
Adenite sebácea
Sinais clínicos
Os animais acometidos podem apresentar quadros descamativos de discretos a graves
em região dorsal, pescoço, plano nasal, orelhas e cauda. O quadro pode ser localizado,
multifocal ou generalizado. Nele, ocorre a perda dos pelos secundários, apresentando
uma pelagem hipotricótica, alopécica e oleosa. Os pelos serão visualizados sem brilho e
quebradiços, podendo ser observadas escamas aderidas ao pelame seco e emaranhado.
A pele pode apresentar-se xerótica (Figura 8).
Figura 8. Adenite Sebácea - Cão da raça Akita apresentando quadro de hipotricose com crostas e escamas em
pavilhão auricular.
Em geral, não há prurido, porém infecções secundárias são comuns. Cães da raça
Akita podem ter quadro sistêmico, manifestando-se febril, apático e com perda de
peso concomitante. Uma característica dessa dermatopatia é a presença de cilindros
foliculares no pelo, os quais podem ser visíveis macroscopicamente (Figura 9).
21
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
Tratamento e prognóstico
22
DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO │ UNIDADE I
Ictiose
Tratamento e prognóstico
23
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
Figura 10. Animal idoso apresentando acúmulo excessivo de queratina em plano nasal.
O plano nasal e coxins podem apresentar o acúmulo de queratina seca, dura e espessa
(Figura 11). Erosões e ulcerações secundárias podem ocorrer, predispondo a infecções
bacterianas concomitantes. A hiperqueratose nos coxins pode ter um crescimento
exacerbado com formação de cornos e prejuízo ao andar do animal, causando dor e
claudicação (Figura 12).
Figura 11. Cão S.R.D. idoso com acúmulo de queratina seca e início de erosão.
24
DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO │ UNIDADE I
Figura 12. Cão com hiperqueratose de coxins, queixa de claudicação e formação de cornos.
Algumas raças são mais predispostas a essa hiperqueratose, tais como Cocker Spaniel,
Beagle, Basset Hound, Labrador Retriever e Bulldog Inglês (Figura 13)
O exame histopatológico pode ser uma ferramenta auxiliar na exclusão dos diagnósticos
diferenciais. Ele poderá apresentar padrão lesional com hiperplasia epidérmica com
hiperqueratose ortoqueratótica ou paraqueratótica.
25
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
Tratamento e prognóstico
É um distúrbio seborreico idiopático que ocorre nas bordas das orelhas de cães que
possuem orelhas pendulares. O Dachshund apresenta predisposição racial para esse
quadro seborreico. A doença pode progredir levando a quadro típico de vasculite
(Figura 14)
Figura 14. Progressão da doença em um quadro de vasculite, com a perda de coloração e pelame em ponta
Sinais clínicos
Ocorre o acúmulo de material oleoso e de escamas nas bordas dos pavilhões auriculares.
Com a cronicidade do quadro, as bordas se apresentarão alopécicas e crostosas, podendo
26
DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO │ UNIDADE I
evoluir para quadros de fissuras e úlceras, que, no ato do balançar as orelhas, podem
causar dor e sangramento. As lesões limitam-se ao pavilhão auricular (Figura 15).
Figura 15. Dachshund com borda de orelha com áreas alopécicas, com hipotricose e descamação.
Tratamento e prognóstico
27
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
Sua etiopatogenia não está bem elucidada, porém se acredita que, em razão da
hiperglucagonemia pelo tumor pancreático, levando a um aumento da gluconeogênese
ou ao aumento da atividade catabólica hepática de aminoácidos, acarrete a baixa
concentração de aminoácidos e depleção de proteínas na epiderme, consequentemente
causando lesões cutâneas necróticas.
Tem ocorrência rara em cães e gatos, sendo mais observada em animais idosos. Possui
predileção racial por raças pequenas como West Highland White Terrier, Scottish
Terrier, Pastor de Shetland e Cocker Spaniel.
28
DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO │ UNIDADE I
Sinais clínicos
Apresenta distribuição simétrica das lesões em região facial e podal. Áreas de atrito
podem apresentar lesões, além de regiões ventrais e mucocutâneas. Ao exame físico,
o paciente pode apresentar abdominalgia em região topográfica de fígado e pâncreas.
29
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
Tratamento e prognóstico
›› Silimarina de 20 a 50 mg/kg/24h;
›› Vitamina E 400UI/12h.
30
CAPÍTULO 3
Distúrbios seborreicos e de
queratinização ligados à nutrição
Sinais clínicos
Observam-se áreas alopécicas, eritematosas com descamação em região de face,
perilabial, perioculares, mentonianas, plano nasal, pavilhão auricular e genitálias.
Podem haver placas hiperqueratóticas e crostosas em locais de pressão, como cotovelos
e joelhos, e em locais de traumatismo constante (Figura 16.A).
Figura 16. A - Paciente canino S.R.D com histórico de dieta pobre, surgimento de crostas periocular e em região
perilabial. 16.B - Após dieta de alta qualidade, apresentou remissão total das lesões.
31
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
Tratamento e prognóstico
32
DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO │ UNIDADE I
Sugere-se que a causa da deficiência de vitamina A não é sistêmica, mas sim local, devido
a uma deficiência das células da epiderme em absorver a vitamina A ou a distúrbio na
sua utilização. Rara em cães, acomete cães jovens entre 2 e 3 anos e tem prevalência
sobre as raças Cocker Spaniel, Labrador e Schnauzer miniatura.
Sinais clínicos
33
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
Tratamento e prognóstico
34
CAPÍTULO 4
Distúrbios seborreicos e de
queratinização em felinos
Acne em felinos
Comum em gatos, a acne é um distúrbio idiopático de queratinização folicular e
hiperplasia glandular. Não há predisposição racial ou etária, contudo o quadro costuma
iniciar em felinos adultos e idosos.
Sua etiopatogenia ainda não está bem elucidada, havendo causas multifatoriais, tais
como alteração do ciclo de crescimento do pelo, hábito de higienização diminuído,
estresse, produção sebácea anormal, imunossupressão e infecção viral crônica
concomitante. A natureza cíclica da doença pode estar associada à inabilidade do novo
pelo anágeno de expulsar os plugues queratossebáceos.
Sinais clínicos
Clinicamente são observados comedos e crostas em região mentoniana e perilabial
inferior com a presença de pápulas, pústulas e raramente furunculose e celulite (Figura
17.A e 17.B). Em geral, apresenta-se assintomática.
Quando ocorre a ruptura do folículo piloso, pode haver infecções secundárias por
bactérias e malassezia, evoluindo para o agravamento da lesão, em que a região
acometida pode apresentar edema, espessamento e prurido.
Figura 17. A - Observam-se comedos e crostas em região mentoniana. 17.B - Presença de pápulas e foliculite em
35
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
Tratamento e prognóstico
36
DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO │ UNIDADE I
Sinais clínicos
As lesões são observadas mais comumente em gatos da raça persa, siameses e rex, os
quais apresentam predisposição para a hiperplasia da glândula da cauda felina.
Figura 18. Felino macho inteiro com pelos emaranhados com untuosidade em dorso de cauda.
37
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
Tratamento e prognóstico
38
CAPÍTULO 5
Distúrbios seborreicos e de
queratinização ligados à raça
Sinais clínicos
Inicia-se com untuosidade da pele e dos pelos, seguida de prurido leve, que se
intensifica com a cronicidade. Lesões eritematosas, alopécicas com presença de crostas,
hiperpigmentação e lignificação com exsudato xerótico são observadas em regiões
da face, orelhas, membros e patas e ventral. Concomitante ocorrem quadros de otite
ceruminosa descamativa, com cerúmen oleoso associado (Figura 19).
Figura 19. WHWT com alopecia em região ventral, hiperpigmentação e lignificação da pele evidenciando
cronicidade do quadro.
39
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
Tratamento e prognóstico
1. Diagnosticar a causa-base.
7. Pacientes com esse quadro não devem ser acasalados, devido ao quadro
ser hereditário.
40
DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO │ UNIDADE I
Tratamento e prognóstico
2. Uso tópico de gel de perióxido de benzoíla 2,5%, pois o Pob faz o flusing
folicular, eliminando o excesso de queratina de dentro dos folículos.
A frequência é em dias alternados, até o controle dos comedos; em
momento posterior, é possível espaçar esse intervalo conforme a
necessidade, para manutenção dos sinais clínicos em remissão. Nessa
apresentação, relatos de toxicidade são baixos.
41
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
Sinais clínicos
Figura 20. Gato da raça persa com resíduos seborreicos enegrecidos em região de dobras faciais.
42
DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO │ UNIDADE I
por malassezia. A citologia deve ser realizada tanto na região da face quanto no cerúmen
do conduto auditivo.
Tratamento e prognóstico
43
CAPÍTULO 6
Fórmulas magistrais no tratamento dos
distúrbios seborreicos
44
DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO │ UNIDADE I
»» Hidroviton (1 – 5%);
»» Aveia (2 – 5%).
»» Ureia (7 – 15%);
»» Propilenoglicol (2 – 10%);
»» Ceramidas (1 – 2%);
45
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
›› Clindamicina (2 – 3%);
›› Eritromicina (2 – 3%);
›› Tobramicina (0,3%).
46
DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO │ UNIDADE I
FÓRMULA 1
»» Triclosan 1%;
»» Enxofre 2,5%;
»» Hidroviton 3%;
47
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
»» Ureia 7%;
FÓRMULA 2
»» Hidroviton 3%;
»» Ureia 7%;
FÓRMULA 3
»» Hidroviton 1 – 3%;
FÓRMULA 4
»» Ureia 7%;
FÓRMULA 5
»» Clorexidine 3%;
»» Hidroviton 3%;
»» Ureia 7%.
48
DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO │ UNIDADE I
FÓRMULA 1
»» Ceramidas 2%;
»» Ácido salicílico 3%
»» Ureia 10%;
FÓRMULA 2
»» Ureia 10%;
FÓRMULA 1
»» Mupirocina 2%;
FÓRMULA 2
»» Clindamicina/Eritromicina 2 - 3%;
»» Hidroviton 3%;
49
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS SEBORREICOS E DESQUERATINIZAÇÃO
50
DOENÇAS DOS
CONDUTOS Unidade iI
AUDITIVOS
A otite é uma apresentação comum na rotina clínica veterinária, sendo observado seu
quadro isolado ou associado a quadros dermatológicos. Para um diagnóstico correto
e tratamento eficiente, o conhecimento da anatomia do conduto auditivo, dos fatores
predisponentes, perpetuantes e dos exames complementares se fazem necessários.
Nesta unidade, iremos fazer uma rápida revisão da anatomia e fisiologia dos condutos
auditivos, lembrar as principais causas-base de otites em cães e gatos e os exames
complementares que podem guiar nosso diagnóstico e permitir terapias acertadas.
CAPÍTULO 1
Anatomia e fisiologia dos condutos
auditivos
51
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
Na entrada da orelha externa, é possível observar pelos em algumas raças. Esses pelos
não devem ser arrancados, pois têm a função de proteger a entrada do conduto auditivo.
Caso estejam acumulando muita secreção, deve-se apenas cortá-los, o arranchamento
permite a criação de uma porta de entrada para infecções. A orelha externa consiste em
um canal vertical, que varia de 5 a 10 cm, conforme a raça e a idade do animal, e em
um canal horizontal de, aproximadamente, 2,5 cm. Por serem compostos de cartilagem
elástica, durante a otoscopia, é possível avaliar ambos os canais (Figura 23).
Para sua proteção, os canais verticais e horizontais são revestidos de glândulas sebáceas
e ceruminosas, as quais, juntas, produzem o cerúmen. O cerúmen, por sua vez, protege
o conduto contra a entrada de objetos estranhos e mantém a membrana timpânica
sempre úmida.
52
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
A membrana timpânica limita a orelha externa da orelha média, é uma fina camada
membranosa e opaca. É dividida em duas porções: a pars flácida, porção superior e
menor, frouxa e opaca, e a pars tensa, porção mais larga, brilhante, fina e rígida.
Figura 24. Imagem da membrana timpânica íntegra A: pars flácida, B: pars tensa, C: manúbrio do martelo.
O ouvido médio consiste na parte óssea da bulha timpânica. A tuba auditiva, por seu
turno, tem aproximadamente de 8 a 10 mm de profundidade e é constituída pelos
ossículos – martelo, bigorna e estribo. Esses ossículos são móveis e se conectam à
janela vestibular, permitindo a propagação e amplificação do som. A tuba auditiva se
abre na nasofaringe e iguala a pressão de ar em ambos os condutos auditivos, em sua
continuidade abriga o vestíbulo que está conectado à cóclea, iniciando a orelha interna
(Figura 25).
53
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
54
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
Membrana timpânica
Orelha média
A orelha média possui íntima ligação com o nervo facial e o canal carotídeo, que leva o
nervo simpático pós-ganglionar do ouvido médio até os olhos, além de ser acompanhada
por um ramo do nervo glossofaríngeo, ou seja, quadros nos quais o paciente tenha otite
média o sinal clínico encontrado pode ter alterações compatíveis com lesão em nervo
simpático pós-ganglionar, como é o caso da síndrome de Horner, principalmente em
gatos. A síndrome de Horner consiste em ptose palpebral, miose, enoftalmia e prolapso
da terceira pálpebra.
Orelha interna
Como já mencionado, existe uma ligação entre a orelha interna e os nervos faciais e o
vestibulococlear, quando a infecção atinge a orelha interna, esses nervos são acometidos
simultaneamente. Além de comprometer a função do vestíbulo e da cóclea, lembrando
que a cóclea é preenchida pelo fluido cérebro-espinhal, continuado pela perilinfa, a
qual pode carrear a infecção para as meninges, evoluindo para um caso de meningite.
55
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
Nota: a surdez congênita pode estar ligada a defeito no ouvido interno (danos
nas células pilosas e estruturas cocleares) ou a lesão no centro auditivo-cerebral.
A deficiência auditiva pode ser congênita, causada por doença crônica, por ototoxicidade
ou envelhecimento natural das estruturas.
56
CAPÍTULO 2
Anamnese, exame físico e exames
complementares dos condutos
auditivos
Anamnese
Como em todo caso clínico, a anamnese fornece informações de relevância para o
diagnóstico do quadro, por isso deve ser feita com calma e extrair do proprietário um
histórico detalhado. Alguns pontos são importantes ser estabelecidos como:
»» Contactantes assintomáticos?
O exame físico deve sempre avaliar o animal como um todo a fim de levar a informações
que contribuam para achar a causa-base da otite. O exame físico otológico compreende
57
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
Palpação e odor nas orelhas devem ser avaliados. É possível palpar a região de condutos
analisando quanto à espessura, se está amolecida ou fibrosada, se apresenta dor, e
palpar a região articular temporomandibular, pois animais com otite média podem
apresentar dor na palpação e pressão dessa região. Infecções de ouvido tendem a ter um
odor característico, pode-se dizer que infecções bacterianas têm um odor mais azedo e
infecções por malassezia odor rançoso, não sendo essa uma regra.
Otoscopia
Para avaliação da orelha externa, é necessário o uso de um otoscópio, o qual permita que
sejam visualizados conduto vertical, conduto horizontal e bulha timpânica (Figura 27).
O otoscópio deve ser exclusivamente veterinário, devido à diferença de comprimento
dos cones dos otoscópios veterinários para os humanos.
Figura 27. A: Forma correta para visualização de conduto externo vertical. B: Forma correta para visualização de
58
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
»» corpo estranho: mais raro em animais, porém deve ser descartada sua
presença.
Felinos, principalmente, mas não necessariamente, têm otite externa e otite bilateral.
Chegaram ao atendimento com sinais inespecíficos neurológicos que podem ser
causados por otite média, abordaremos melhor o assunto no tópico de pólipos.
59
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
Uma vez que haja o diagnóstico de otite unilateral ou bilateral, os exames complementares
devem ser realizados para que se estabeleça a causa-base.
Exames complementares
Como já mencionado anteriormente, a causa dos quadros de otite pode ser multifatorial,
e, para que a terapia e o tratamento sejam efetivos, é necessário identificar a causa
primária e os fatores precipitantes e perpetuantes. Abaixo, serão expostos os exames
complementares necessários ao diagnóstico e à escolha do tratamento.
Uma das causas primárias de otite pode ser as doenças dermatológicas parasitárias.
Seu diagnóstico é simples, por meio da observação do esfregaço do cerúmen na lâmina,
quando é possível visualizar o ácaro. O de ocorrência mais comum é o Otodectes
Cynotis (Figura 28); em animais com intensa infecção, podem ser encontrados ácaros
de Sarcoptes Scabiei, Notoedres cCati e Demodex spp.
Figura 28. Ácaro de Otodectes Cynotis visualizado por exame parasitológico do cerúmen em felino com otorreia
de coloração enegrecida.
60
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
Citologia do cerúmen
Entre os exames que serão mencionados, este é o que deve ser adotado como rotina
em todos os casos dermatológicos e otológicos principalmente. O ideal é que o clínico
especializado em dermatologia tenha como kit básico de atendimento otológico os
seguintes itens (Figura 29).
»» microscópio;
»» lâminas de vidro;
»» otoscópio;
A coleta do material deve ser realizada com um swab da parte mais profunda de ambos
os condutos auditivos externos, para evitar contaminantes, de preferência coletada
através do cone do otoscópio. Após a coleta das amostras, elas devem ser avaliadas
separadamente.
O swab contendo o cerúmen deve ser friccionado de forma leve sobre toda a extensão da
lâmina fazendo um movimento de rolamento, para que toda a amostra seja analisada.
Após esse procedimento, em razão de o cerúmen ter muita gordura, é importante que
ele seja aquecido rapidamente para que o material fixe na lâmina (Figura 30). Depois
disso, inicia-se o processo de coloração no panótico rápido, deixando a lâmina por
cerca de 30 segundos em cada coloração, ao final enxagua-se a lâmina para retirada do
excesso de corante e aguarda sua secagem para leitura.
61
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
Figura 30. Exemplificando coleta de cerúmen de orelha de cão para exame de citologia.
A leitura deve iniciar com a objetiva 4x do microscópio para se ter uma visão ampla da
lâmina e escolher a área com menos aglomerado de células. Após isso, ir aumentando
a objetiva até chegar à objetiva de 100x, na qual serão visualizadas as estruturas
leucocitárias, cocoides, bastonetes e/ou malassezias (Figuras 31 e 32).
Figura 31. Imagens no aumento de 100x evidenciando infecção por leveduras de malassezias spp, nota-se que
Figura 32. Imagem no aumento de 100x evidenciando infecção por micro-organismos cocoides.
62
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
A avaliação deve ser feita de 5 a 10 áreas, obtendo uma média dos micro-organismos
encontrados, pois permitirá que se tenham informações se há mais micro-organismos
de bactérias ou fungos, além de determinar a gravidade do quadro e acompanhamento
da terapia através de avaliações citológicas pareadas.
Figura 33. A. Imagem mostra a presença de leucócitos (neutrófilos) e malassezia em citologia de cerúmen. B:
Tabela 1. Número de bactérias e leveduras encontradas por campo na citologia otológica e sua interpretação
MALASSEZIA
Cão ≤2 3-4 ≥5
Gato ≤2 3-11 ≥ 12
BACTÉRIAS
Cão ≤5 ≥ 25
Gato ≤4 ≥ 15
63
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
Citologia de nódulo/histopatologia
Não costumam ser comuns nódulos em condutos auditivos, porém qualquer alteração
notada na otoscopia ou na palpação do conduto deve ser investigada. A biópsia aspirativa
por agulha fina é a técnica recomendada para triar o tipo de tumor encontrado e decidir
qual será o tratamento adotado, que, em geral, é cirúrgico.
A biópsia deve ser coletada através do cone, se não houver possibilidade, a massa pode
ser coletada pela área externa no conduto, porém as chances de erro no diagnóstico
aumentam. Em caso de citologia inconclusiva ou na confirmação de tumor, é realizada
a secção cirúrgica e, depois, enviado o material para análise histopatológica, com
vistas à confirmação diagnóstica, e para análise das margens cirúrgicas. As neoplasias
normalmente encontradas incluem neoplasias de glândulas ceruminosas, carcinoma
de células escamosas e carcionomas anaplásicos.
Radiografia de bulha
A bulha timpânica normal tem de ser circular ou oval e estar preenchida de gás, ou
seja, visivelmente radioluscente (Figura 34). Alterações que devem ser procuradas
64
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
Figura 34. Radiografia látero-lateral para avaliação de bulha timpânica Região destacada evidencia bulha
Fibro-otoscopia
Tomografia
65
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
66
CAPÍTULO 3
Fatores primários, predisponentes e
perpetuantes da otite externa
Fatores primários
A causa primária das doenças de ouvido em geral são aquelas ligadas à pele, já que o
epitélio que reveste o ouvido é semelhante ao da pele, logo fungos e bactérias não são
a causa, e sim micro-organismos oportunistas, que têm supercrescimento e infecção
quando ocorre a disbiose otológica. As principais dermatopatias são dermatite atópica,
hipersensibilidade alimentar, doenças seborreicas e parasitárias (Figura 35). Corpo
estranho (pelos excessivos, carrapatos, insetos) neoplasias, pólipos e traumas também
são fatores primários de otite.
Figura 35. Otocaríase em felino Nota-se a produção característica de cerúmen enegrecido com aspecto de
borra de café.
67
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
Figura 36. Canino filhote, com diagnóstico de celulite juvenil apresentando pústulas, crostas melicéricas e
Figura 37. Cão com dermatite atópica canina, apresentando eritema e hiperqueratose leve de pavilhão auricular.
Cerca de 2 a 4% dos cães alérgicos podem apresentar apenas otites recorrentes como
sinal clínico de alergia alimentar e/ou dermatite atópica. Uma anamnese completa
e investigativa conduz o clínico a essas hipóteses, por isso um quadro de otite,
principalmente quando recorrente, deve considerar doenças alérgicas como causa
primária.
68
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
Fatores predisponentes
Fatores perpetuantes
Os fatores perpetuantes são aqueles que impedem uma cura da infecção e cicatrização
do conduto auditivo, são eles: limpeza excessiva com ceruminolíticos e limpadores
auriculares, tratamento inadequado da infecção, supercrescimento e posterior infecção
por bactérias e leveduras.
Entre os fatores perpetuantes, o tratamento inadequado é o que mais ocorre, está ligada
a esse fator a escolha equivocada do antibiótico, a frequência e a duração do tratamento.
Essa falha pode ser corrigida com o auxílio de cultura e antibiograma para a escolha do
antibiótico correto e simplesmente com citologia pareada para acompanhamento da
quantidade de bactérias e leveduras por campo. Dessa forma, a terapia otológica só
será suspendida quando as quantidades dos micro-organismos estiverem em número
normal.
69
CAPÍTULO 4
Classificação da otite externa e
tratamento
Otite ceruminosa
A otite ceruminosa é caracterizada por inflamação e produção excessiva de cerúmen.
Fatores como otocaríase, seborreia, hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo,
dermatoses nutricionais, dermatoses alérgicas, tumores e excesso de pelos dentro do
conduto auditivo são responsáveis por desencadear um quadro de otite ceruminosa.
Causas iatrogênicas, como secagem incorreta dos condutos no banho, uso excessivo de
ceruminolítico e limpeza errônea do conduto auditivo com hastes flexíveis ou pinças,
compactando o cerúmen, podem evoluir para irritação e posterior otite ceruminosa
(Figura 38).
Figura 38. Cão com dermatofitose crônica associado à otite ceruminosa concomitante.
70
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
O excesso de cerúmen ocorre devido a uma irritação crônica, pelos fatores mencionados,
das glândulas sebáceas e glândulas ceruminolitícas, resultando em dilatação, hiperplasia
e aumento da atividade glandular, produzindo, assim, mais cerúmen. Na otoscopia,
essa dilatação e hiperplasia das glândulas podem ser visualizadas em forma de “sagu”
dentro do conduto auditivo (Figura 39).
Figura 39. Imagem por vídeo-otoscopia evidencia dilatação e hiperplasia das glândulas ceruminosas, sendo
Tratamento
1. Investigar causa-base.
71
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
72
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
Otite eczematosa
É caracterizada por edema, inflamação e aumento de cerúmen. As causas são as mesmas
da otite ceruminosa, porém a grande maioria está relacionada a doenças alérgicas de
base, como hipersensibilidade alimentar e dermatite atópica (Figuras 40 e 41).
Figura 40. Cão apresentando edema e inflamação do conduto auditivo externo com excesso de cerúmen,
73
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
Figura 41. Cão com otite eczematosa, apresentando edema e inflamação do conduto auditivo externo. Paciente
Tratamento
1. Investigar causa-base.
74
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
Animais com dermatite atópica, que estão sendo tratados com maleato de oclacitinib,
em geral apresentam resposta diminuída ao controle da otite alérgica, sendo necessário
associar terapia otológica em forma de pulsoterapia.
Otite estenosante
Também chamada de otite hiperplásica, ocorre geralmente em quadros crônicos,
principalmente as otites de causa alérgica e naqueles que foram erroneamente tratados.
A principal complicação desse quadro é a impossibilidade de avaliar o conduto auditivo
externo, em virtude, muitas vezes, de a entrada do conduto estar totalmente fechada
(Figuras 42 e 43).
Figura 42. Cão da raça Pug com hiperplasia e estenose parcial importante de conduto auditivo externo. B:
75
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
Figura 43. Cão da raça Labrador, com estenose total do conduto auditivo externo, secundário a quadro crônico
de otite externa.
Nesse tipo de otite, um diagnóstico mais investigativo é necessário, para isso conta-se
com o auxílio de radiografia de crânio para ver se há sinais de hiperplasia de conduto e
calcificação e opacidade de bula timpânica, que indicam um quadro mais grave de otite
média (Figura 44).
Figura 44. Observa estenose (seta) de conduto auditivo externo esquerdo em comparação com conduto direito
76
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
Tratamento
1. Uma tentativa de diminuição da estenose do conduto pode ser a
administração de glicocorticoide oral, prednisona ou prednisolona, na
dose de 1 mg/kg a 2 mg/kg, a cada 24 horas, por até 10 dias.
Figura 45. Aplicação intralesional de acetato de metilprednisolona como tratamento conservativo da otite
estenosante.
77
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
Otite purulenta
Como a própria classificação sugere, são os todos os quadros com exsudato purulento
associado. Geralmente, nesses casos estão envolvidas infecções bacterianas por
Staphilococcus spp e Pseudomonas spp. Por isso, recomenda-se sempre coletar
amostra do exsudato para cultura e antibiograma. Diferentemente das outras otites,
nesses quadros é obrigatório o uso de lavagem otológica e antibiótico oral para eficácia
do tratamento.
Tratamento
78
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
79
CAPÍTULO 5
Otite média
O quadro de otite média não é diagnosticado tão facilmente como os quadros de otite
externa, porque alguns animais possuem a membrana timpânica intacta e outros não
apresentam otite externa associada, caso esse relatado principalmente em gatos.
Como já mencionado, metade dos casos de otites externas crônicas tem otite média
associada, o que, por sua vez, pode apresentar a ruptura da membrana timpânica, quadro
esse que deve ser levado em consideração principalmente em razão da ototoxicidade,
não sendo possível o uso de qualquer produto otológico. (Ver capítulo 7)
80
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
bula timpânica, causam sua destruição por necrose. Em resumo, a otite média em cães
é causada secundariamente a otites externas crônicas, a otites externas erroneamente
tratadas e por iatrogenia através de ruptura da membrana por alta pressão durante o
procedimento de lavagem otológica.
Em gatos, a otite média pode ser primária, como resultado de infecções ascendentes
através da tuba auditiva até a orelha média, ou seja, gatos apresentam quadros de otite
média sem apresentar otite externa prévia. As principais causas de otite média primária
em gatos são os pólipos nasofaríngeos, porém patógenos virais respiratórios já foram
isolados da orelha média em gatos com otite média.
Bulha timpânica
A bulha timpânica é a principal estrutura a ser avaliada pelo exame otoscópio, contudo,
em casos nos quais não há uma iluminação adequada pelo otoscópio, ou que o conduto
externo esteja preenchido de exsudato ou estenosado, essa avaliação se torna inviável.
Tratamento
81
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
Figura 46. A: Visualização da bulha timpânica através de vídeo-otoscopia preenchida por conteúdo purulento. B:
82
CAPÍTULO 6
Ototoxicidade e otite interna
Princípios ativos
Com relação ao dano causado, esses danos podem ser classificados em transitórios e
permanentes. E podem causar distúrbios de audição ou de equilíbrio. No Quadro 5, estão
listas as medicações sistêmicas mais utilizadas e com os efeitos ototóxicos conhecidos.
83
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
Otite interna
A otite interna está entre as causas mais comuns de doença vestibular em cães, assim
como ocorre na otite média, sua presença está associada ao quadro de evolução da otite
média para interna. A infecção instalada em orelha média, se não tratada e diagnosticada
precocemente, pode evoluir para a orelha interna e causar danos em sistema vestibular
periférico.
Os animais com doença vestibular periférica devido à otite interna costumam apresentar
paresia epsilateral do nervo facial e síndrome de Horner, inclinação de cabeça
do lado da otite e um nistagmo horizontal com direção constante que não se altera
com rotação de cabeça, diferentemente de lesão em sistema vestibular central. Para
84
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
Diagnóstico e tratamento
85
CAPÍTULO 7
Afecções cirúrgicas dos ouvidos
Otohematoma
Também chamado de hematoma aural, ocorre quando vasos do pavilhão auricular se
rompem, acumulando sangue sob a pele. Pode ocorrer tanto em cães quanto em gatos,
entretanto em cães é mais comum (Figura 47).
Figura 47. Otohematoma em pavilhão auricular direito de cão secundário a quadro de otite externa.
Tratamento
1. Tratar a causa-base concomitante, pois, como mencionado, a grande
maioria é secundária a quadros de otite.
86
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
Figura 48. Tratamento cirúrgico realizado em cão com otohematoma. A: Incisão em “S” para drenagem de
87
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
Neoplasias e pólipos
Tanto tumores quanto pólipos podem ocorrer em qualquer lado do conduto auditivo,
bloqueando a visualização de todo o conduto, predispondo ao acúmulo de cerúmen e,
posteriormente, a quadros de otites persistentes. Em geral, quadros de otite unilateral
persistentes têm pólipos ou neoplasias como a causa-base, isso é um alerta para um
diagnóstico preciso. Outro quadro que pode causar obstrução do canal auditivo são as
hiperplasias de glândulas ceruminosas, muito comum em gatos e cães da raça Cocker
Speniel e Labrador Retriever.
Os pólipos têm maior importância em felinos, são crescimentos não neoplásicos que
se originam na tuba auditiva, mucosa do ouvido médio e orofaringe. A origem pode
ser congênita ou adquirida após uma otite média secundária à infecção respiratória.
Em gatos com sinais de otite média, é obrigatória a inspeção da cavidade bucal e
otoscopia para procura de pólipos nasofaríngeos.
O tratamento de pólipos e hiperplasia de glândulas ceruminosas pode ser feito por meio
de avulsão, com a ajuda de otoscópio cirúrgico e pinças de apreensão; exercendo força
de tração, essas massas podem ser retiradas. Outra forma é a retirada através de excisão
e cauterização dos pólipos e hiperplasia por fibro-otoscopia.
Figura 49 - Neoplasia em conduto auditivo vertical externo de cão após ablação cirúrgica
88
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
Em casos nos quais há calcificação de bulha por otite média crônica ou neoplasia
maligna, faz-se necessária a osteotomia de bulha com ablação total de conduto auditivo,
pois, como explicamos, a infecção migra, podendo atingir o canal interno da orelha e
evoluir para um quadro persistente de lesão neurológica ou uma meningite, que pode
ser fatal ao animal.
Colesteatoma
Figura 50. Desenho de orelha humana exemplificando a localização do colesteatoma, a localização em cães e
humanos é igual.
89
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
Figura 51. Tomografia evidenciando osteoproliferação, lise e expansão de bula, lise do osso temporal e aumento
90
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
Cirurgias de ouvido são sempre delicadas e devem ser feitas por profissionais aptos e
treinados para tal procedimento. Em virtude de inervações passarem muito próximas à
região, há o risco eminente de lesionar nervos e de o animal ficar com lesão irreversível.
Este tópico abordará os tipos de técnicas cirúrgicas existentes e suas indicações.
No entanto, cursos teórico-práticos e muito treinamento são necessários para que se
possa realizar tais procedimentos descritos.
É importante que o dono do animal esteja ciente das implicações sistêmicas, estéticas,
e de cuidados contínuos que uma cirurgia em conduto auditivo pode acarretar, por isso
é relevante que todo o procedimento seja explicado antes da cirurgia e que as possíveis
consequências dela, como perda de audição, perda de manutenção da orelha ereta em
raças que possuem essa característica e exposição de orifício de conduto sejam expostas
aos proprietários, a fim de evitar insatisfações por parte deles.
Figura 52. A: Pós-cirúrgico de ressecção do segmento vertical da orelha externa, em destaque a abertura direta
91
UNIDADE II │ DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS
NOTA: a realização das técnicas cirúrgicas não será abordada neste capítulo em razão
de serem extensas e necessitarem de experiência e riqueza de detalhes para que possam
ser ensinadas.
Cuidados pós-operatórios devem ser adotados após uma cirurgia de ouvido, como uso
de antibióticos sistêmicos, de preferência baseados em cultura e antibiograma, por
períodos de três a quatro semanas, anti-inflamatórios e analgésicos. Compressas frias
podem ser benéficas nas primeiras 36 horas pós-cirúrgicas para diminuição do edema.
Complicações pós-cirúrgicas
É importante enfatizar que a otite deve continuar sendo tratada topicamente após a
cirurgia, para evitar persistência do quadro ou recidiva, o que tornaria o procedimento
cirúrgico inútil para resolução do problema. Entre as complicações cirúrgicas que
podem ocorrer, estão:
»» deiscência de pontos;
»» estenose pós-cirúrgica;
»» disfunção vestibular;
»» surdez;
»» infecções persistentes;
»» salivação excessiva;
»» blefaroespasmo;
92
DOENÇAS DOS CONDUTOS AUDITIVOS │ UNIDADE II
»» alterações posturais.
Figura 53. Felino apresentando quadro de síndrome de Horner, que se caracteriza por miose, enoftalmia e
93
DOENÇAS DOS
OLHOS, UNHAS E Unidade iII
SACOS ANAIS
CAPÍTULO 1
Doença dos olhos
Blefarite
Blefarite é um quadro inflamatório das pálpebras, podendo estar associado ou não
a quadros dermatológicos concomitantes. A causa mais comum de blefarites são as
blefarites alérgicas, devido a doenças de base, como hipersensibilidade alimentar
ou dermatite atópica canina. Frequentemente, em razão de prurido, o animal se
94
DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS │ UNIDADE III
O contrário também pode ocorrer, animais com lesões oftálmicas podem induzir
escoriações e alopecia periocular pelo ato repetido de esfregar os olhos, por isso,
juntamente com o exame das pálpebras, são necessários exames oftálmicos, como teste
de Schirmer e teste de fluoresceína.
Sinais clínicos
Figura 54. A: Paciente apresentando blefarite alérgica com malasseziose secundária. B: Paciente apresentando
95
UNIDADE III │ DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS
Tratamento e prognóstico
96
DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS │ UNIDADE III
NOTA: sempre que for prescrever medicação para uso periocular que contenha
glicocorticoide, confirmar se o animal não apresenta úlcera de córnea.
Figura 55. A: Paciente após tratamento com pomada oftálmica à base de antifúngico e glicocorticoide com
resolução do quadro e início de repilação. B: Paciente após uma semana de tratamento com pomada oftálmica
à base de antibiótico e glicocorticoide. Note que, na pálpebra inferior direita, ainda persiste quadro de edema,
Entrópio e ectrópio
97
UNIDADE III │ DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS
Algumas raças são predispostas a apresentar quadros de entrópio, tais como Sharpei,
Bloodhound, Basset Hound, Chow Chow, Labrador Retriever, Cocker Spaniel, Bulldog
Inglês, Pugs e São Bernardo. No ectóprio, o desenvolvimento está associado a raças
grandes e gigantes e com excesso de pele.
Epífora
Distúrbios ciliares
98
DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS │ UNIDADE III
Algumas raças, como Lhasa Apso, Pug, Shih-tzu, Bulldog Francês, Cocker Spaniel e
São Bernardo, são predispostas a apresentarem esses distúrbios. A fricção constante
com a córnea e conjuntiva acarretará sinais, como blefaroespasmos, lacrimejamento
excessivo, blefarite, dor e até quadros mais graves, como úlcera de córnea.
Por ser um quadro que acarreta sinais dermatológicos, como blefarite e o escurecimento
da pelagem ao redor dos olhos, são necessários conhecimentos desses quadros para que
possa ser feito o diagnóstico diferencial e encaminhado ao profissional especializado, pois
o tratamento dessas patologias é cirúrgico, com a retirada dos cílios com equipamento
correto.
Sinais clínicos
99
UNIDADE III │ DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS
Figura 56. Cão apresentando leucodermia periocular, crostas e descamação em região nasal, característicos da
síndrome úveo-dermatológica.
Tratamento e prognóstico
100
DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS │ UNIDADE III
101
CAPÍTULO 2
Doença das unhas
A unha é uma estrutura queratinizada e especializada da pele que utiliza como suporte
a terceira falange. As causas mais comuns de lesão nas unhas são traumas, os quais são
facilmente diferenciados de causas patológicas, pois ocorrem isoladamente enquanto
lesões patológicas acometem todas as unhas.
Lesões isoladas em unhas são raras, porém doenças dermatológicas podem ter o
acometimento ungueal presente. As lesões podem ocorrer tanto no leito ungueal
quanto na junção entre a pele e a unha, chamada de dobra da unha. Neste capítulo,
serão abordadas patologias isoladas das unhas e os tipos de lesões ungueais existentes
nas diversas dermatopatias.
102
DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS │ UNIDADE III
LESÃO UNGUEAL
Onicogriofose Onicomadese Onicoquizia Onicorrexia Paroníquea
Trauma ______ ______ Presente Presente ______
Onicomicose ______ ______ ______ ______ Presente
Oniquite Bacteriana ______ Presente Presente Presente Presente
Leishmaniose Presente Presente ______ ______ ______
Pênfigo foliáceo Presente Presente ______ Presente Presente
Onicodistrofia lupoide Presente Presente ______ Presente Presente
Dermatomiosite familiar ______ Presente ______ ______ Presente
canina
Dermatose responsiva ______ ______ ______ Presente Presente
ao zinco
Fonte: Elaborada pela autora (2018).
Unhas encravadas
O não cuidado com o crescimento das unhas, em relação ao corte, principalmente da
unha do primeiro dígito, acarreta lesão do coxim pelo encravamento da unha e gera
um quadro muito doloroso e inflamatório para o animal (Figura 57). Nesses casos,
a unha encravada deve ser cortada, realizada limpeza e antissepsia local, e posterior
curativo. Em casos de infecção concomitante, o uso de antibióticos sistêmicos e tópicos
é indicado, além de anti-inflamatórios e analgésicos. Instruir o proprietário a monitorar
o crescimento das unhas previne o problema. Em animais com quadros persistentes
de unha encravada, recomenda-se a amputação do dígito, quando se trata de dígito
vestigial de membro pélvico.
Figura 57. Unha de primeiro dígito encravada em coxim, com processo inflamatório associado.
103
UNIDADE III │ DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS
Oniquite bacteriana
Sinais clínicos
Tratamento e prognóstico
1. Identificar a causa-base.
2. Administrar antibióticos orais por até duas semanas após a cura das
lesões.
104
DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS │ UNIDADE III
Onicomicose
A infecção da unha por fungo pode ser causada por micro-organismos como o
Trichophyton spp, Microsporum spp e Malassezia spp., sendo o primeiro mais
comumente isolado nas infecções relatadas. De ocorrência rara, os quadros são mais
diagnosticados em animais com dermatopatias alérgicas presentes.
É possível acometer uma ou demais unhas, em geral irá notar unhas enfraquecidas
e deformadas, com paroníquia, hiperpigmentação escura em base de unha, que pode
ser confundida com pigmentação normal e exsudato e crostas em dobras ungueais.
Dermatopatias generalizadas podem ocorrer concomitante (Figura 58).
Figura 58. Onicomicose, pigmentação marrom em porção proximal da unha, assemelhando-se à pigmentação
normal da unha.
Citologia do exsudato e cultura fúngica de fragmentos das unhas são úteis para
determinar o agente causador da infecção. Em casos nos quais a citologia e a cultura
sejam inconclusivas, a realização do histopatológico pode ser feita através do envio
da terceira falange, unha acometida (amputação), em que serão visualizados hifas e
artrósporos na porção de queratina da unha.
105
UNIDADE III │ DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS
Tratamento e prognóstico
›› Clorexidina 0,05%;
›› Iodopovidine 0,4%;
›› Tiabendazol ou Clotrimazol.
Sinais clínicos
Animal apresenta perda brusca e persistente das unhas, formação de novas unhas
frágeis, onicomadesia, onicodistrofia e onicalgia. Sendo a presença de onicorrexis,
onicosquizia e prurido frequentemente associadas.
Sinais sistêmicos não são notados, a menos que o animal tenha doenças
concomitantes.
106
DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS │ UNIDADE III
Tratamento e prognóstico
›› Pentoxifilina 10 a 25 mg/kg/8h.
107
Capítulo 3
Doenças dos sacos anais
Os sacos anais são divertículos cutâneos do ânus, revestidos por epitélio queratinizado,
onde estão presentes as glândulas apócrinas, cuja função é a produção de secreção clara
e fluidificada para lubrificação das fezes. Inflamações, obstrução e infecções podem
ocorrer tanto nos sacos quanto nas glândulas. Algumas raças, como Poodle, Pastor
alemão e Labrador Retriever, são predispostas a desenvolver doenças do saco anal.
Este tópico abordará as principais patologias que acometem essa região, sua causa,
diagnóstico e tratamentos.
Saculite
Sinais clínicos
Devido à lambedura excessiva e dor, alguns animais podem causar um quadro dermatite
úmida aguda ou abcessos que podem fistular e drenar secreção purulenta e fétida, com
quadro pirético associado.
108
DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS │ UNIDADE III
Figura 59. Cadela da raça poodle apresentando edema e secreção purulenta fétida em região perineal, devido
O diagnóstico é através dos sinais clínicos e de exames físicos, nos quais se apalpa o
saco anal obstruído e distendido, com muita dor à manipulação. Na compressão dos
sacos anais, é possível visualizar uma secreção espessa e pastosa de coloração amarela
a marrom-avermelhado, indicando inflamação do saco anal.
Tratamento e prognóstico
Fístula perineal
Sinais clínicos
Figura 60. Animal com dermatite ulcerativa grave, com exsudato purulento em decorrência de fístulas perineais
profundas.
110
DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS │ UNIDADE III
Tratamento e prognóstico
111
UNIDADE III │ DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS
Sinais clínicos
112
DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS │ UNIDADE III
Tratamento e prognóstico
5. Em casos nos quais não é possível retirar com margens livres, podem-se
associar quimioterapia e eletroquimioterapia para sucesso da terapia.
113
Referências
CHOQUE, K. C. C.; FARIAS, M. R.; WERNER, J.; TAMMENHAIN, B.; OBLADEN, A.;
MACEDO, T. C. Onicodistrofia lupoide simétrica em um cão. Acta Scien Vet, no 2, v.
35, 2007, pp. 454-455.
COLE, L. K.; KWOCHKA, K. W.; KOWALSKI, J. J.; HILLIER, A. Microbial flora and
antimicrobial susceptibility patterns of isolated pathogens from the horizontal ear canal
and middle ear in dogs with otitis media. Journal of the American Veterinary
Medical Association, Schaumburg, v. 212, no 4, 1998, pp. 534-538.
CUNHA, F. M.; COUTINHO, S. D.; MATERA, A.; FIORIO, W. A. B.; RAMOS, M. C.;
SILVEIRA, L. M. G. Avaliação clínica e citológica do conduto auditivo externo de cães
com otite. Revista Educação Continuada CRMV-SP, São Paulo, v. 6, no 1-3, 2003,
pp. 7-15.
114
DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS │ UNIDADE III
GREENE, C. E. Infectious diseases of the dog and cat. – 4th ed. – St. Louis,
Missouri: Elsevier, 2012.
KUO, C. L.; SHIAO, A. S.; YUNG, M.; SAKAGAMI, M.; SUDHOFF, H.; WANG, C.
H.; HSU, C. H.; LIEN, C. F. Updates and knowledge gaps in cholesteatoma research.
BioMed Research International, v. 2015, 2015.
115
UNIDADE III │ DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS
LARSSON, C. E. et al. Terapêuticas tópica e sistêmica: pele, ouvido e olho. In: ANDRADE,
S. F. Manual de terapêutica veterinária. 3. ed. São Paulo: Roca, 2008.
LUCAS, R.; CASTANGALO, K. L.; ROLAN, R. T.; JERICÓ, M. M. Adenite sebácea: nova
opção terapêutica – relato de caso. Revista nosso clínico, ano 11, no 66, nov./dez.,
2008, pp. 8-10.
MUELLER, R. S. Diagnosis and management of canine claw diseases. Vet Clin North
Am, v. 29, 1999, pp. 1357-1371.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Ad. Hoc. Committe on Dog and Cat Nutrition.
Nutrition Requeriments of Dogs and Cats. U.S., nov. 2006.
ROHLEDER, J. J.; JONES, J. C.; DUNCAN, R. B.; LARSON, M. M.; WALDRON, D. L.;
TROMBLEE T. Comparative performance of radiography and computed tomography
in the diagnosis of middle ear disease in 31 dogs. Veterinary Radiology and
Ultrasound, v. 47, no 1, 2006, pp. 45-52.
116
DOENÇAS DOS OLHOS, UNHAS E SACOS ANAIS │ UNIDADE III
SCOTT, D. W.; MILLER, W. H.; GRIFFIN, C. E. Diseases of eyelids, claws, anal sacs,
and ears. In: SCOTT, D. W.; MILLER, W. H.; GRIFFIN, C. E. Muller; Kirk’s Small
Animal Dermatology. 6. ed. Philadelphia: Saunders, 2001. p. 1.216.
STURGES, B. K. et al. Clinical signs, magnetic resonance imaging features, and out
come after surgical and medical treatment of otogenic intracranial infection in 11 cats
and 4 dogs. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 20, 2006, pp. 648-656.
WHITE, S. D. A pele como sensor dos distúrbios clínicos internos. In: ETTINGER, S. J.;
FELDMAN, E. C. Tratado de medicina interna veterinária: doenças do cão e do
gato. 5. ed. v. 1. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004, pp. 27-30.
117
Anexo I
Frente
118
anexos
119
Anexo II
Verso
120