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ESTUDO DA PROFECIA DE DANIEL

Versículo a Versículo

Prólogo

“há necessidade de mais íntimo estudo da Palavra de Deus; especialmente devem


Daniel e Apocalipse merecer a atenção como nunca dantes na história da nossa obra.”
Testemunhos para Ministros, pp. 112,113 e 115

"Os mistérios de Daniel e Apocalipse são um estudo fascinante. Cristo deseja que Seus
seguidores compreendam esses livros, e o Espírito Santo iluminará a mente de todos
aqueles que se esforçam sinceramente para entender a verdade que eles contêm."
Conselhos sobre a Escola Sabatina, p. 110

"Daniel e Apocalipse contêm uma mensagem especial para o povo de Deus nos últimos
dias. Esses livros revelam o conflito entre Cristo e Satanás, e mostram como os fiéis
serão preservados através dos tempos difíceis que estão por vir."
Eventos Finais, p. 13

1
Introdução

O livro de Daniel tem o seu autor o mesmo nome que significa (Dan+El) que
quer dizer, Juízo + Deus, ou seja, Deus é o meu Juiz. O livro encontra-se dividido em
duas partes principais: a primeira, contendo as histórias pessoais de Daniel e seus
amigos, e uma segunda, contendo as visões proféticas dadas a Daniel. O livro foi
escrito em dois dialetos. A maioria em aramaico (2:4-7:28) e alguns trechos em
hebraico (1:1-2:3; 8:1-12:13). A mensagem de Daniel é de tal modo importante que o
próprio Jesus o cita em Mateus 24:15,16.
Existem duas versões deste livro. A versão utilizada pela Igreja Católica
Apostólica Romana que contém adições em grego (os versículos 24 a 90 do capítulo 3 e
capítulos 13 e 14), encontradas na Septuaginta 1, mas não encontradas na Bíblia
Hebraica, cujo texto é massorético 2 e no Antigo Testamento das Igrejas Protestantes
que adotam a Bíblia proposta por Lutero.
A estrutura do livro poder ser resumida do seguinte modo:
Parte 1 - Histórias pessoais de Daniel e seus amigos:
Capítulo 1: A juventude de Daniel e seus amigos cativos na Babilônia.
Capítulo 3: A história da fornalha ardente, na qual Sadraque, Mesaque e Abednego são
lançados por se recusarem a adorar a estátua de ouro que Nabucodonosor fez.
Capítulo 4: A história do rei Nabucodonosor, sua humilhação e sua posterior
conversão.
Capítulo 5: A história da queda do rei Belsazar e da escrita na parede.
Capítulo 6: A história de Daniel na cova dos leões e a visão dos quatro animais.
Parte 2 - Visões proféticas de Daniel:
Capítulo 2: A visão de uma grande estátua.
Capítulo 7: A visão dos quatro animais.

1
Septuaginta é a versão da Bíblia hebraica traduzida em etapas para o grego Koiné, entre o século III
a.C. e o século I a.C., em Alexandria.
2
Em torno do século VI, um grupo de competentes escribas judeus teve por missão reunir os textos
considerados inspirados por Deus, utilizados pela comunidade hebraica, em um único escrito. Este
grupo recebeu o nome de "Escola de Massorá". Os "massoretas" escreveram a Bíblia de Massorá,
examinando e comparando todos os manuscritos bíblicos conhecidos à época. O resultado deste
trabalho ficou conhecido posteriormente como o "Texto Massorético". O termo "massorá" provém na
língua hebraica de messorah (‫מסורה‬, alt. ‫ )מסורת‬e indica "tradição". Portanto, massoreta era alguém que
tinha por missão a guarda e preservação da tradição.

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Capítulo 8: A visão do carneiro e do bode.
Capítulo 9: A oração de Daniel e a profecia das setenta semanas.
Capítulo 10: A visão do homem vestido de linho.
Capítulo 11: A profecia do rei do Norte e do rei do Sul.
Capítulo 12: A visão final de Daniel sobre o fim dos tempos e a segunda volta de Jesus.

Nas interpretações das profecias bíblicas existem quatro grandes escolas de


pensamento a respeito de como interpretar as profecias.
O preterismo, ou seja, todas as profecias da Bíblia já aconteceram no passado,
antes do presente.

O futurismo, que é o oposto do preterismo, ou seja, todas as profecias Bíblicas


irão correr no futuro, um pouco antes da volta de Jesus.

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O idealismo, nesta corrente de pensamento, dá-se valor aos princípios, às
verdades gerais que estão por detrás das profecias, ou seja, por exemplo, os símbolos
de Daniel e em Apocalipse não se aplicam à história, servem apenas de lição espiritual
ou filosófica.

O historicismo, nesta corrente de pensamento, que a usada pela IASD e


acredito que é a melhor incorpora, de modo equilibrado, os elementos de todas as
escolas anteriores, a profecia é vista como um todo contínuo. Tendo o seu início com o
tempo de vivência do profeta e o desenrolar da história até ao fim.

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O livro de Daniel nos diz que Deus está ao leme e tudo está sob o Seu Controle.
Dan. 2:20-22; Sal.66:7; 103:19; Deut. 10:7; Jer. 29:1; Mat. 10:29-31. No entanto nós,
seres humanos temos, por vezes dúvidas acerca disso, sobretudo quando algo de mau
acontece e achamos ser uma injustiça. E quando isso se sucede, sobretudo no mundo
judaico-cristão, questionamos Deus, como questionamos entre nós, o porquê de tal
situação. No sexto século a.C. 3. Habacuque escreve “O peso que viu o profeta
Habacuque. Até quando, senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritarei:
violência! E não salvarás?” [Hab.1:1,2] Vemos aqui o propósito do “até quando?”, e
podíamos citar Apocalipse 6:10. Ou seja, não foi só uma situação do antigo Israel, mas
é também uma condição do Israel espiritual. Como a maior parte das vezes não
entendemos determinadas situações, questionamos Deus. E neste caso Habacuque vai
questionar Deus sobre a condição de Jerusalém e o poder emergente que era
Babilónia. No verso 5 e 6, escreve o profeta: “Vede entre as nações, e olhai, e
maravilhai-vos, e admirai-vos: porque realizo nos vossos dias uma obra, que vós não
creiais, quando vos for contada. Porque, eis que suscito os caldeus, nação amarga e
apressada, que marcha sobre a largura da terra, para possuir moradas não suas.”
Verso 11; “então passará como um vento, e pisará, e se fará culpada, atribuindo este
poder ao seu deus.”
Os poderes da altura eram dois a Sul o Egipto e a Norte a Assíria, sendo que
Babilónia ainda era um poder, com potencial, dentro do império da Assíria a emergir
no tempo e no espaço. (Is.23:13)

3
O sistema de numeramento dos anos d.C. (depois de Cristo) foi instituido no ano 527 d.C. pelo abade romano
Dionysius Exiguus (c.470-544), que estimou que o nascimento de Cristo (se este é uma figura histórica) ocorrera em
25 de dezembro de 754 a.u.c., que ele designou como 1 d.C. Em 1613 Johannes Kepler (1571-1630) publicou o
primeiro trabalho sobre a cronologia e o ano do nascimento de Jesus. Neste trabalho Kepler demonstrou que o
calendário Cristão estava em erro por cinco anos, e que Jesus tinha nascido em 4 a.C., uma conclusão atualmente
aceita. O argumento é que Dionysius Exiguus assumiu que Cristo nascera no ano 754 da cidade de Roma,
correspondente ao ano 46 Juliano, definindo como o ano um da era cristã. Entretanto vários historiadores afirmavam
que o rei Herodes, que faleceu depois do nascimento de Cristo, morreu no ano 42 Juliano. Deste modo, o
nascimento ocorrera em 41 Juliano, 5 anos antes do que Dionysius assumira.

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https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/especialistas-explicam-que-exodo-
biblico-tem-mais-ligacao-com-babilonia-do-que-com-o-egito.phtml, consultado a 5/03/2023

Habacuque diz que Deus vai suscitar os caldeus para serem uma “vara” nas
Suas mãos contra Israel. Tal como a Assíria tinha sido uma “vara” contra Israel,
sobretudo o reino do Norte/Israel (Samaria) – Isaías 10:5,6.
No verso 12, Habacuque vai “refilar” com Deus, dizendo: “não és Tu desde
sempre, ó Senhor, meu Deus, meu Santo? Nós morremos: ó Senhor, para juízo o
puseste, e tu, ó rocha, o fundamentaste para castigar. Tu és tão puro de olhos que
não podes ver o mal, e a vexação não podes contemplar: por que, pois, olhas para os
que procedem aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais
justo do que ele?”
Por outras palavras, como pode Deus permitir que nações como a Assíria e os
Caldeus, que não te conhecem, se adoram outros deuses, sejam juízes do teu povo,
que apesar de pecadores são mais fiéis.
Deus tem o seu propósito (Job 34:21). E todos nós somos filhos de Deus e todos
merecem um tempo de arrependimento e salvação. E é isso que Deus irá fazer com o
grande e terrível rei Nabucodonosor, mais tarde.
No entanto, não foi por falta de avisos constantes da parte de Deus, que a
nação de Israel se tornou cativa destes impérios. Por exemplo em 2 Crónicas: 36:15,16
é nos dito o seguinte: “E o Senhor Deus de seus pais, falou-lhes constantemente por
intermédio dos mensageiros, porque se compadeceu do seu povo e da sua
habitação.

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Eles, porém, zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras, e
mofaram dos seus profetas; até que o furor do Senhor tanto subiu contra o seu povo,
que mais nenhum remédio houve.”
Deus tem o Seu limite. Como a nação de Israel não quis mais ouvir e seguir
Deus, restou-lhes o juízo.

Parte 1 - Histórias pessoais de Daniel e seus amigos:


Capítulo 1: A juventude de Daniel e seus amigos cativos na Babilônia.

Daniel logo no primeiro capítulo e nos versos um e dois, escreveu: “No ano
terceiro do reinado de Joaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei de Babilônia, a
Jerusalém, e a sitiou. “E o Senhor entregou nas suas mãos a Joaquim, rei de Judá, e
uma parte dos utensílios da casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar, para a
casa do seu deus, e pôs os utensílios na casa do tesouro do seu deus.”
O grande império do Norte, o reino de Israel, capital Samaria, deixará de existir,
politicamente falando, no ano 721 a.C. pelo grande poder a Assíria. O reino do Sul,
Judá, capital Jerusalém, é invadido, pela primeira vez, por Nabucodonosor no ano 605
a.C., 116 anos depois da queda do reino do Norte. Portanto, segundo o profeta
Jeremias, no final do primeiro ano do reinado do rei Nabucodonosor (Jer. 25:1).
Assim Deus vai cumprir o seu aparente estranho plano. O verso 2, deste
capítulo é uma lição para cada um de nós. Em Amós Deus nos diz o seguinte:
“Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo
aos seus servos, os profetas.” [Amós 3:7]
E aqui nos é dito (v.2) que Deus entregou a Babilónia o rei Joaquim, rei de Judá.
No tempo certo, Joaquim torna-se num rei vassalo de Nabuco.
O interessante é que Joaquim (Eliaquim) era um dos filhos de Josias (2 Crón.
36:1-4; 2 Reis 23:30-34). Josias em 20 anos fez uma reforma espiritual, mas o seu filho
em pouco tempo fez o contrário (2 Crón. 36:5,6; 2 Reis 23:7; 24:1,2).
Mas este verso 2 de Daniel 1 encerra outra lição. Se voltarmos ao tempo do
reinado do rei Ezequias, entre os séculos oitavo e sétimo (726-697 a.C.). A palavra de
Deus dos diz que este rei adoece para morte. [2 Reis 20:1-6; Is. 38:1-5]. O rei não quer
morrer, pede de forma angustiante e com choros a Deus que o livre da morte e Deus

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concede-lhe 15 anos de vida. Como prova disso Deus, através do profeta Isaías lhe
mostra um sinal – a sombra do sol vai adiantar-se 10 graus 4. Mas o rei não contente
com a proposta, pede o contrário, algo bem mais difícil, no seu entender, de se fazer.
[2 Reis 20: 9-11]. Ora 10 graus para trás seriam cerca de 40 minutos. Podemos dizer
que “ele é pobre e mal-agradecido!”.
Ora acontece que no verso 12 de segunda de Reis, há uma embaixada do rei de
Babilónia (Berodac-Baladan) a Ezequias, porque ouvira falar da sua doença e cura. Não
podemos esquecer que Babilónia ainda era um poder emergente. Mas esta embaixada
não veio só para indagar sobre a doença do rei, eles vieram saber sobre o que se
passou no sol. [2 Crónicas 32:30-31].
Mas Ezequias vai mostrar todas as riquezas que possuía (2 Reis 20:13). E o
profeta Isaías insurge-se contra o rei Ezequias e pergunta-lhe “O que viram em tua
casa?” (V.15) e nos versos 17 e 18, Isaías diz. “Eis que vêm dias em que tudo quanto
houver em tua casa, e o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado a
Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o Senhor. E ainda até de teus filhos, que
procederem de ti, e que tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no paço do rei
da Babilónia.”
E assim foi, o verso 3 de Daniel 1 é demonstrativo de tal situação.
Verso 3 - “E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse
alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real e dos príncipes,”. Como vimos em 2
Reis 20:18, estes jovens foram trazidos da casa de Israel para servirem na coorte de
Babilónia. O termo eunuco aqui não significa que estes jovens fossem desprovidos dos
seus órgãos genitais. Pois o termo pode também aplicar-se ...

Verso 4 -

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Dia Solar: é o intervalo de tempo decorrido entre duas passagens sucessivas do Sol pelo meridiano do lugar - duas culminações
superiores consecutivas do Sol. É 3m56s mais longo do que o dia sideral, pois o Sol está se deslocando em sentido contrário ao
movimento diurno, isto é, de oeste para leste. Essa diferença é devida ao movimento de translação da Terra em torno do Sol, de
aproximadamente 1 grau (4 minutos) por dia (360°/ano=360°/ (365,25 dias) = 0,9856°/dia).

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