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FILOSOFIA

- A Experiência Estética
É sempre uma vivência subjetiva de um prazer ou desprazer provocado
por um objeto, seja a contemplação da beleza natural ou de uma obra de
arte.
Na base da interpretação do espectador está a experiência estética:
® vertente racional – implica a razão
® vertente sensível – envolve os sentidos, os afetos e os sentimentos
A diferença existe nos próprios objetos, uns serão belos e outros não.
Experiência estética => desinteressada: não se procura satisfazer qualquer
necessidade prática, é um prazer
meramente contemplativo

> Juízo Estético


Para Kant, a experiência estética está ligada ao juízo estético e uma e
outra são subjetivos. Indicam juízos emitidos com base naquilo que se
sente e que não é motivado por uma explicação lógica.

juízo de gosto depende unicamente do agrado ou desagrado do


sujeito

O prazer estético é meramente contemplativo, logo desinteressado:


− não possui qualquer interesse prático;
− não se funda em conceitos:
− não depende da experiência real do representado.
Os juízos estéticos acabam por ser uma avaliação subjetiva que pretende
ser universal, como se espera que os outros indivíduos concordem
(subjetivamente universal).
Diferentes
prazeres

bom belo agradável


obtém-se da obtém-se da é desinteressado, não
satisfação de uma satisfação de um depende nem dos desejos,
qualquer necessidade qualquer desejo nem das necessidade ou
prática. pessoal. dos conhecimentos.
> A natureza dos juízos estéticos
Existem duas perspetivas que se opõem no que toca a onde o belo se
encontra:
SUBJETIVISMO ESTÉTICO OBJETIVISMO ESTÉTICO

Teoria kantiana, a beleza depende Perspetiva de Platão, a beleza é


daquilo que o sujeito espectador independente daquilo que o
sente quando observa o objeto. sujeito sente, ou seja, é belo em
virtude das suas propriedades
intrínsecas.

O belo ou a beleza é uma questão Não interessa se não conseguimos


de gosto ou preferência pessoal, captar essas propriedades dos
sendo que as propriedades dos objetos , pois elas existem como a
objetos nada contam para a sua sua caracterização do belo.
apreciação.

- Obra de Arte
Arte: única, transmite sensações, interpretação do mundo, natureza
versus artista, provoca o sujeito, conhecimento do artista, atemporal…
Até ao início do século XX era fácil para qualquer indivíduo distinguir o que
era arte do que não era, como havia critérios específicos que se seguiam.
A natureza da arte nasce com Platão com o seu objetivismo estético e vai
depois ser abordado por vários filósofos, como Kant, com a sua perspetiva
do subjetivismo estético.
Contudo, na segunda metade do século XX, começam a surgir mudanças
na maneira em como se fazia arte como se avaliava a mesma, pondo em
causa os critérios até aí usados. A expressão “objeto ansioso” criada por
Rosenberg, vai designar a criação artística que deixa na incerteza se é ou
não uma obra de arte.

> O conceito da arte


Antiguidade Clássica
® arte e técnica confundem-se
® procurava-se o belo – proporção e harmonia para o espírito e para o
olhar
® algo que possuísse ausência de beleza (feio) nunca poderia ser
considerado uma obra de arte

Idade Média
® arte e técnica confundem-se
® é dominada pela espiritualidade

Idade Moderna
® faz-se a distinção entre arte e técnica
® o objetivo da arte é o belo, considerado um valor
® belas-artes – poesia, pintura, música, arquitetura, escultura…

Idade Contemporânea
® novas designações de arte
® alterna a visão tradicional do belo e feio; belo e útil fundem-se
® desconstrução das fronteiras das definições de arte e de obra de arte
® expressão de liberdade
A evolução da arte tem como pano de fundo o contexto social, histórico e
cultural.

Características:
1. produção humana
2. prazer sensível
3. forma estética
Vai apelar:
4. obra aberta
− aos conhecimentos
5. compreensão do mundo
− à inteligência
6. expressão e liberdade
− às tradições
7. comunicação
− aos sentimentos
8. intermediária entre o mundo
interior e exterior
9. desejo de imortalidade

A arte não é invenção, é criação, distinguindo-se da técnica e da ciência.


Isto vai dizer-nos o que é arte mas não serve para definir. Definir o que é
arte tornou-se um dos problemas centrais da filosofia mais concretamente
devido à arte contemporânea que altera completamente o conceito de
arte.

- Thomas Kuhn e o progresso em ciência

A ciência progride por revoluções científicas.


Thomas Kuhn crítico das teorias indutivistas e das teorias
falsificacionistas.

Kuhn vai oferecer uma perspetiva muito diferente da anterior (ciência cumulativa)
entre os filósofos. Propõe uma conceção radicalmente nova:

® rejeita que a ciência progrida por simples acumulação de conhecimentos e sem


conflitos
® a evolução do conhecimento científico ocorre por meio de revoluções científicas
Desta forma, Kuhn atribui ao carácter revolucionário do progresso científico extrema
importância. Uma revolução científica supõe o abandono de uma estrutura teórica
(paradigma), por parte de uma comunidade científica, substituindo-o por outro
incomparável.

Conceitos estruturantes:
Pré-ciência Atividade desorganizada que antecede a formação de uma ciência e
termina quando uma comunidade científica adere a um paradigma.
Modelo de trabalho que estabelece a base da prática científica
Paradigma diária, é apenas substituído em caso de rutura drástica ou
revolução científica.
Ciência Ciência que se faz no contexto de um paradigma e consiste em
normal resolver problemas dentro das regras do paradigma.
Comunidade Cientistas que se baseiam em paradigmas partilhados, seguem as
científica mesmas regras e critérios de prática científica.
Anomalia Falhanços na prática científica normal, que em grande número,
põem em causa o paradigma.
Período de acumulação de anomalias em que o paradigma entra
Crise em rutura podendo em casos sérios começar a emergir um novo
paradigma.
Crise Prática científica, durante os períodos de crise, desenvolvida à
extraordinári margem do paradigma dominante.
a
Revolução Quando o paradigma mais antigo é substituído por outro
científica incompatível.
Evolução cíclica:

Ciência Pré-
Normal ciência
Quando se
estabelece um
paradigma

Revoluçã Novo Ciência


o Anomalias Normal
paradigma

Paradigma entra
Ciência em rutura
Extraordinária Crise

A ciência normal é por isso um conceito muito próximo ao de paradigma.


Para Kuhn, a ciência alterna entre três fases: fase normal, fase crítica e fase
revolucionária.

1. Da ciência normal à fase crítica


O que distingue ciência da não ciência é a existência de um paradigma capaz de apoiar
uma tradição de pesquisa organizada, coerente e consensual.
A ciência normal é aquela que é utilizada pelos cientistas no seu dia-a-dia, em que o
paradigma é um dado adquirido que não deve ser questionado. A atividade da ciência
normal é por isso cumulativa, Kuhn designa-a como resolução de enigmas, tentando
chegar a uma solução e aumentar a precisão do paradigma.
Enigmas – problemas que testam o engenho ou a habilidade do cientista.
O paradigma é então o conceito-chave da teoria de Kuhn:
─ Composto por leis e técnicas para a aplicação, bem como instrumentos adotados
pela comunidade científica.
─ Estabelece normas necessárias tornando legítimo o trabalho dentro da ciência,
modela a comunidade científica.
─ Coordena e dirige a atividade principal de resolver enigmas.

A atividade científica é bastante conservadora e dogmática. Porém, às vezes, a
comunidade científica depara-se com anomalias (falhanços) no seio do paradigma, o
que inicialmente não é um problema, mas a sua acumulação é.
Quando as anomalias se acumulam, o paradigma é posto em causa, instaurando-se
uma crise.
A crise provocada pela acumulação de anomalias pode originar alterações na prática
científica, entrando-se num período de ciência extraordinária, onde os cientistas
procuram encontrar soluções.
Kuhn considera que as crises terminam de três maneiras:
I. A ciência normal acaba por ser capaz de lidar com o problema que a crise gerou.
II. O problema é etiquetado, mas abandonado e deixado para uma geração futura.
III. Emerge um novo candidato o paradigma.

2. Da fase crítica à fase revolucionária


As crises derivadas da acumulação das anomalias, podem originar a emergência de um
novo paradigma. Acontece então uma revolução científica.
Revolução Científica corresponde a uma mudança de paradigma
põe fim à crise e mostra que a comunidade científica
aderiu a um novo paradigma
novo período da ciência normal

forma radicalmente noca de ver o mundo

Novo paradigma Muito diferente do antigo e incompatível com ele


Para Kuhn, estes paradigmas rivais são incomensuráveis
Não significa que um seja melhor que o outro, apenas são
diferentes
Um substitui o outro
Segundo Kuhn, as revoluções científicas não nos aproximam necessariamente da
verdade sobre o mundo. Por isto, Kuhn é acusado de relativismo. Não esquecer que as
revoluções científicas não são muito frequentes.
Kuhn e o problema da objetividade científica
Para Kuhn, os cientistas dependem de condições sociais e individuais, e acabam por ser
influenciados, ou seja, a verdade científica resulta assim de acordos intersubjetivos.
A escolha entre teorias rivais não se fundamenta exclusivamente em critérios
objetivos.
A subjetividade acaba por ter um papel decisivo na escolha de novos paradigmas.

Critérios Objetivos: Critérios Subjetivos:


1. Exatidão 1. Crenças
2. Consistência 2. Valores
3. Alcance 3. Normas
4. Simplicidade 4. Aspetos particulares
5. Fecundidade

Dificuldade de escolha de paradigma:


 Divergência na aplicação dos conceitos
 Os critérios mostraram repetidamente entrar em conflito uns com os outros

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