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Albert Savino Khattar: TUBA: Sua História, o Panorama Histórico No Brasil, o Repertório
Albert Savino Khattar: TUBA: Sua História, o Panorama Histórico No Brasil, o Repertório
Campinas
2014
i
ii
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE ARTES
Campinas
2014
iii
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca do Instituto de Artes
Eliane do Nascimento Chagas Mateus - CRB 8/1350
Título em outro idioma: Tuba : its history, the historical overview in Brazil, the
Brazilian solo repertoire, including catalog and interpretative suggestions of three
works.
Palavras-chave em inglês:
Tuba (Instrumento musical)
Music - Thematic catalogs
Brazilian music
Brazilian composers
Área de concentração: Práticas Interpretativas
Titulação: Mestre em Música
Banca examinadora:
Emerson Luiz de Biaggi [Orientador]
Paulo Adriano Ronqui
Maico Viegas Lopes
Data de defesa: 25-08-2014
Programa de Pós-Graduação: Música
iv
v
vi
RESUMO
ABSTRACT
This dissertation deals with the history and development of the tuba, illustrating its
main modifications. Provides the first historical account of the tuba in Brazil,
besides covering the Brazilian repertoire originally composed for tuba as a solo
instrument, regardless of the instrumentation, from works for tuba solo to works for
tuba and orchestra. We also include in this work, a catalog of this repertoire and
interpretive suggestions, relevant to the tuba technique, of three selected works.
Keywords: Tuba; Interpretation; Tuba solo; Tuba and Piano; Tuba and orchestra;
Tuba and Band; Brazilian music; Brazilian composers; Catalog.
vii
viii
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................ vii
ABSTRACT ............................................................................................................ vii
AGRADECIMENTOS ............................................................................................ xiii
LISTA DE FIGURAS............................................................................................... xv
LISTA DE EXEMPLOS ......................................................................................... xvii
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
CAPÍTULO 1 - A HISTÓRIA DA TUBA – SURGIMENTO E EVOLUÇÃO ............... 5
1.1. Os principais instrumentos que a antecederam: Serpente, Bass horn e
Oficleide. .............................................................................................................. 5
1.2. O surgimento das válvulas. ...................................................................... 15
1.3. A primeira tuba. ........................................................................................ 18
1.4. Os saxhorns e outros instrumentos relacionados à tuba.......................... 23
1.4.1. Saxhorns............................................................................................ 23
1.4.2. Tuba Tenor, Eufônio e Barítono......................................................... 28
1.4.3. Bombardão, Wagnertuben, Tuba francesa e Cimbasso. ................... 30
1.4.4. Hélicon e Sousafone. ......................................................................... 41
1.5. A Tuba moderna....................................................................................... 45
1.6. A tuba como instrumento solista. ............................................................. 50
CAPÍTULO 2 - A TUBA NO BRASIL ..................................................................... 53
2.1. Panorama histórico. .............................................................................. 53
2.2. As pesquisas sobre a tuba no Brasil. .................................................... 64
CAPÍTULO 3 - O REPERTÓRIO SOLO BRASILEIRO.......................................... 67
3.1. Catálogo do repertório brasileiro para tuba solista. ............................... 70
3.2. Sugestões interpretativas das obras selecionadas. .............................. 79
3.2.1. Fernando Morais - Estudo Característico n.1 para Tuba Solo. .......... 79
3.2.2. Osvaldo Lacerda – Seresta para tuba e piano................................... 89
3.2.3. Cláudio Santoro – Fantasia Sul América para tuba solo ................... 95
Considerações Finais .......................................................................................... 109
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 111
ANEXO – Partitura das Obras Selecionadas. ..................................................... 115
ix
Fernando Morais – Estudo Característico n.1 para tuba solo. ......................... 115
Osvaldo Lacerda – Seresta para tuba e piano. ................................................ 118
Cláudio Santoro – Fantasia Sul América para tuba solo. ................................. 127
x
À minha Bella Paola.
xi
xii
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus, por endireitar meus olhos, para que eu possa
enxergar as linhas retas que Escreveu em minha vida.
À minha querida esposa por sempre estar ao meu lado, em todos os momentos da
nossa jornada. Também a agradeço por todo apoio e auxílio neste trabalho.
Ao amigo e professor Dr. Paulo Adriano Ronqui, por tamanha generosidade e
amparo. Sem sua ajuda, este trabalho não existiria.
Ao professor Dr. Emerson Luiz de Biaggi, por aceitar orientar este trabalho em um
momento crítico. Suas orientações foram decisivas.
Aos professores que fizeram parte das bancas examinadoras por suas valiosas
informações que enriqueceram esta dissertação.
À minha mãe, Luciana, por todo incentivo em minha vida musical e também pela
correção deste trabalho. Agradeço também ao meu pai, Albert, pelo apoio
incondicional.
Aos meus sogros Fernando e Ninna, por confiarem a mim seu bem maior e
também agradeço por todo o carinho.
À minha vó Jandira e minha tia Belinha por todo carinho e incentivo. Sem a
presença de vocês, esta jornada não seria a mesma.
Ao professor Donald Smith (in memoriam), por toda sabedoria compartilhada
comigo. Seus ensinamentos me ajudam a trilhar este caminho.
Aos professores Ulisses Damascena, Gian Marco de Aquino, Darrin Milling e
James Gourlay. Obrigado por todo conhecimento e dedicação indispensáveis à
minha formação.
Aos professores Dráusio Chagas, Valmir Vieira e Daniel Havens por toda
informação compartilhada. Sem suas informações, uma importante parte deste
trabalho não existiria. Agradeço também ao professor Valmir, por todo material
enviado.
Ao compositor Fernando Morais, por compartilhar informações, envio do material e
sua boa vontade.
À Letícia Cardoso Silva Machado, pela boa vontade e presteza com que sempre
me auxiliou.
Finalmente, agradeço a todos os meus parentes e amigos que, mesmo
indiretamente ou sem perceberem, fazem parte de mais essa etapa de minha vida
e, claro, compõem minha história.
xiii
xiv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Serpente, modelo com furos – Fonte: The Metropolitan Museum of Art. . 6
Figura 2: Fagote Russo – Fonte: Association des Collectionneurs d'Instruments de
Musique à Vent ....................................................................................................... 8
Figura 3: Serpente Militar – Fonte: The Metropolitan Museum of Art ...................... 9
Figura 4: Cimbasso – Fonte: Craig Kridel, Berlioz Historical Brass ....................... 10
Figura 5: Serpente Forveille – Fonte: Craig Kridel, Berlioz Historical Brass .......... 11
Figura 6: Bass Horn Inglês – Fonte: Craig Kridel, Berlioz Historical Brass............ 12
Figura 7: Keyed Bugle – Fonte: The Metropolitan Museum of Art ......................... 13
Figura 8: Oficleide – Fonte: The Metropolitan Museum of Art ............................... 14
Figura 9: Chromatic Trumpet de Charles Clagget. – Fonte: The Last Trumpet. .... 16
Figura 10: Baβ-Tuba de Wiprecht e Moritz – Fonte: The Tuba Family .................. 20
Figura 11: Desenho apresentado para a patente do instrumento Baβ-Tuba de
Wiprecht e Moritz, com a ordem da numeração das válvulas – Fonte: The Tuba
Family. ................................................................................................................... 21
Figura 12: Tuba Romana – Fonte: ClipArt ETC. .................................................... 21
Figura 13: Tabela da série harmônica do instrumento, apresentado na patente –
Fonte: The Tuba Family. ....................................................................................... 22
Figura 14: Tabela de extensão dos Saxhorns – Fonte: The Tuba Family. ............ 26
Figura 15: Alto horn em mi bemol (Saxhorn Alto en mi bémol). Calibre: 0.469".
Diâmetro da campana: 8-1/4”. – Fonte: Yamaha .................................................. 26
Figura 16: Decreto militar que designa os saxhorns como instrumentos das bandas
francesas. Fonte – Mitroula. .................................................................................. 27
Figura 17: Barítono em si bemol. Calibre: 0.504". Diâmetro da campana: 8 3/8". –
Fonte: Yamaha. ..................................................................................................... 29
Figura 18: Eufônio em si bemol. Calibre: 0.591-0.661". Diâmetro da campana: 11-
4/5". – Fonte: Yamaha. .......................................................................................... 30
Figura 19: Bombardon em mi bemol. Este é o exemplo da confusão com
nomenclaturas. Pois, este bombardon é um saxhorn contrebasse, fabricado por
Sax. – Fonte: Musical Instrument Museums Edinburgh. ....................................... 32
Figura 20: Bombardon em dó e si bemol. Construtor Gautrot. – Fonte: Mitroula .. 32
Figura 21: Wagnertube tenor em si bemol. – Fonte: Gebr. Alexander. ................. 34
Figura 22: Tuba francesa em dó. .......................................................................... 36
Figura 23: Trechos da obra Quadros de uma Exposição, transcrição de Ravel.... 37
Figura 24: Trombone Basso Verdi ......................................................................... 39
Figura 25: Cimbasso em fá. – Fonte: Meinl Weston.............................................. 40
Figura 26: Hélicon em fá. – Fonte: Cerveny. ......................................................... 42
Figura 27: Sousafone. Modelo “raincatcher”. ........................................................ 43
Figura 28: Sousafone em si bemol. – Fonte: C.G.Conn. ....................................... 44
xv
Figura 29: Sousafone feito com fibra de vidro. – Fonte: C.G.Conn. ...................... 44
Figura 30: tuba em mi bemol. – Fonte: Yamaha ................................................... 47
Figura 31: Tuba em fá. – Fonte: Yamaha. ............................................................. 47
Figura 32: Tuba em si bemol. – Fonte: Melton. ..................................................... 48
Figura 33: Tuba em dó. – Fonte: Cerveny. ............................................................ 48
Figura 34: Vaughan Williams e Philip Catelinet. .................................................... 52
Figura 35: Manuscrito Autógrafo de Rafael Coelho Machado. – Fonte: Biblioteca
Alberto Nepomuceno. ............................................................................................ 55
Figura 36: Catálogo das obras para tuba de Cláudio Santoro. – Fonte:
www.claudiosantoro.art.br. .................................................................................... 96
xvi
LISTA DE EXEMPLOS
xvii
xviii
INTRODUÇÃO
2
especificamente o repertório brasileiro para tuba como instrumento solista. O
catálogo aqui apresentado tem, como objetivo central, ampliar a relação das obras
já catalogadas para tuba como instrumento solista. Além disso, serão
apresentadas sugestões interpretativas de três obras contrastantes, selecionadas,
dentre o material catalogado.
3
4
CAPÍTULO 1 - A HISTÓRIA DA TUBA – SURGIMENTO E
EVOLUÇÃO
1
Tudel é o tubo de início do instrumento, onde se encaixa o bocal.
5
Os primeiros predecessores dos instrumentos de metal foram construídos
utilizando conchas do mar, chifres de animais, tubos de madeira e outros objetos
encontrados na natureza como bem observa Phillips (1992).
Figura 1: Serpente, modelo com furos – Fonte: The Metropolitan Museum of Art 2.
2
Disponível em: http://www.metmuseum.org/Collections/search-the-
collections/501668?rpp=20&pg=1&ao=on&ft=musical+instruments&what=Serpents&pos=6 Acesso
em: 10 de outubro de 2013.
6
comparado a um bocal pequeno para eufônio (esse instrumento será apresentado
no subcapítulo 1.4.2. dessa dissertação).
Como a serpente foi desenvolvida por um religioso, seu primeiro uso foi
exatamente para reforçar as linhas graves do coral de vozes. Posteriormente,
passou a integrar bandas militares antes de chegar às orquestras sinfônicas.
7
1. O Fagote Russo – instrumento feito de madeira no formato de um
fagote, daí o nome, com a campana feita em metal na forma de
uma cabeça de dragão. Obviamente, não se trata de um
instrumento com palheta dupla e, sim, de bocal;
3
Disponível em: http://acimv.blogspot.com.br/ Acesso em: 10 de outubro de 2013.
8
2. A Serpente Militar – instrumento francês construído de madeira
com o formato similar ao de um saxofone. Há alguns construídos
com o formato de uma tuba moderna;
4
Disponível em: http://www.metmuseum.org/Collections/search-the-
collections/505795?rpp=20&pg=1&ao=on&ft=musical+instruments&what=Serpents&pos=10
Acesso em: 10 de outubro de 2013.
9
3. O Cimbasso – instrumento desenvolvido na Itália, possui um
grande tudel, com o corpo feito de madeira e com a campana de
metal. Bevan (2000) diferencia este como sendo o primeiro
cimbasso, que possui seis furos na estrutura do instrumento (Fig.
4), do cimbasso moderno (Fig. 25);
5
Disponível em: http://www.berliozhistoricalbrass.org/cimbasso.htm - Acesso em: 10 de outubro de
2013.
10
4. A Serpente Forveille – instrumento feito de madeira e metal pelo
construtor parisiense Forveille.
6
Disponível em: http://www.berliozhistoricalbrass.org/serpent_forveille.htm - Acesso em: 10 de
outubro de 2013.
11
5. O Bass Horn Inglês – instrumento construído de metal em formato
de V. Foi desenvolvido pelo serpentista francês Alexandre Frichot
na década de 1790 na Inglaterra, país para onde Frichot foi viver
como refugiado da Revolução Francesa.
Figura 6: Bass Horn Inglês – Fonte: Craig Kridel, Berlioz Historical Brass7
A serpente, por possuir pouco volume sonoro, sofre da falta de uma gama
diferenciada de dinâmicas. Consequentemente, poucos compositores escreveram
para esse instrumento. Descrevem Phillips (1992) e Bevan (2000) que há
inúmeras críticas negativas para este instrumento durante seus anos de uso.
7
Disponível em: http://www.berliozhistoricalbrass.org/english_bass_horn.htm - Acesso em: 10 de
outubro de 2013.
12
Figura 7: Keyed Bugle – Fonte: The Metropolitan Museum of Art8
Dois anos depois desse evento, em 1817, foi enviado para a Académie
Royale des Beaux-Arts uma nova série de instrumentos feitos pelo construtor Jean
Hilaire Asté, conhecido como Halary.
Este instrumento foi tratado pelos compositores como o baixo para a família
dos trombones e também utilizado como instrumento solista. Baines (1993) aponta
que a primeira aparição deste instrumento ocorreu em Paris, no ano de 1819, na
ópera Olimpie, do compositor italiano Gaspare Spontini, em cuja apresentação se
utilizava uma banda de cena.
8
Disponível em: http://www.metmuseum.org/Collections/search-the-
collections/501677?rpp=20&pg=1&ao=on&ft=musical+instruments&where=Europe&what=Aeropho
nes%7cBrass%7cBugles&pos=4 Acesso em 10 de outubro de 2013.
13
seu próprio criador, Halary. Posteriormente, os oficleides foram fabricados
possuindo de nove a doze chaves, sendo o mais convencional com onze.
9
Disponível em: http://www.metmuseum.org/Collections/search-the-
collections/501671?rpp=20&pg=1&rndkey=20140115&ao=on&ft=*&what=Ophicleides&pos=4
Acesso dia 10 de outubro de 2013.
14
entre os outros instrumentos de metais dentro da orquestra. Hector Berlioz foi um
dos principais críticos deste instrumento. Em seu tratado de orquestração, faz a
seguinte afirmação:
Em 1777, Johann Maresh uniu duas trompas com o intervalo de uma terça
menor entre elas. Bevan (2000) acredita que este é o primeiro protótipo de uma
série de inventos, feitos para facilitar o cromatismo, antes das válvulas.
10
BERLIOZ, 1844, pág. 227. Original: “Je crois qu’il faut rarement les laisser à découvert. Rien de
plus grossier, je dirais même de plus monstrueux et de moins propre à s’harmoniser avec le reste
de l’orchestre, que ces passages plus ou moins rapides, écrits en forme de solos pour le médium
de l’ophicléïde dans quelques opéras modernes: on dirait d’un taureau qui, échappé de l’étable,
vient prendre ses ébats au milieu d’un salon.”
15
Pouco depois, Charles Clagget, islandês residente em Londres, registrou a
patente de Chromatic Trumpet and French Horn (trompete cromático e trompa), no
dia 15 de agosto de 1788. O sistema consistia em unir dois instrumentos, dois
trompetes ou duas trompas, de maneira que fosse possível utilizar o mesmo bocal
durante a performance, unindo os instrumentos e o bocal por meio de uma
pequena caixa.
11
BROWNLOW, 1996.
16
como veremos a seguir, ambos, Wieprecht e Moritz foram o inventor e construtor,
respectivamente.
12
A data correta, como comprova BEVAN (2000), é 1833.
17
1.3. A primeira tuba.
13
Maestro de bandas, compositor e inventor.
14
Construtor de instrumentos musicais.
15
Original: The instrument is pitched in F with five Berliner-Pumpen. The three valves for the right
hand are arranged to give 1, ½ and 1 ½ tones; the pair for the left give ¾ and 2 ½ tones.
Significantly an attempt was made to overcome the defects in intonation; the instrument was
designed to play down to the fundamental, although owing to the relatively narrow bore the lower
notes – as Berlioz was to remark – were not strong; and it was made mainly in brass with German
Silver fittings, the normal materials of Continental tubas today. Wieprecht`s new instrument thus
established several of the characteristics of later tubas.
18
Este instrumento tinha a seguinte digitação: Fá: (primeira fundamental) 16;
Mi: 1° Válvula; Mi bemol: 2° Válvula; Ré: 1° e 2° Válvulas; Ré bemol: 1° e 4°
Válvulas; Dó: 3° Válvula (sendo a segunda fundamental)17; Si: 5° e 4° Válvulas; Si
bemol: 5° e 3° Válvulas; Lá: 5°, 4° e 3° Válvulas; Lá bemol: 5°, 4°, 3° e 2° Válvulas;
Sol: 5°, 4°, 3° e 1° Válvulas; Gb: 5°, 4°, 3°, 2° e 1° Válvulas.
16
Nota produzida sem o uso de válvula. Wieprecht chama de Mutter-Töne.
17
Como a tuba foi feita em Fá, o construtor chegou à conclusão de que a melhor opção para o
instrumento seria ter sua segunda fundamental em Dó, podendo assim ampliar o registro do
instrumento.
18
TARR, 1988.
19
Figura 10: Baβ-Tuba de Wiprecht e Moritz – Fonte: The Tuba Family 19
19
BEVAN, 2000, p. 205.
20
Figura 11: Desenho apresentado para a patente do instrumento Baβ-Tuba de Wiprecht e
Moritz, com a ordem da numeração das válvulas – Fonte: The Tuba Family.20
20
BEVAN, 2000, p. 519.
21
Disponível em: http://etc.usf.edu/clipart/16800/16892/rometuba_16892.htm Acesso dia 26 de
agosto de 2014.
21
Figura 13: Tabela da série harmônica do instrumento, apresentado na patente – Fonte: The
Tuba Family22.
22
BEVAN, 2000, pp. 522 e 523.
22
1.4. Os saxhorns e outros instrumentos relacionados à tuba.
1.4.1. Saxhorns.
23
BEVAN, 2000, p. 245-247.
23
cromatique e contre-basse d`harmonie. Não há dúvida que as válvulas
eram Berliner-Pumpen, com melhorias feitas por Sax.
- 13 de outubro de 1845. – Pour des instruments en cuivre. Registra o
instrumento Saxo-tromba. Neste registro aparece também a primeira
menção aos Saxhorns. Um dos grandes atrativos dos Saxhorns é a
explicação nesta patente do funcionamento da mesma digitação para
toda a família de Saxhorn, importante sobre tudo, para bandas amadoras.
- 5 de maio de 1849. - Pour des instruments a vent. Registrando o
instrumento Saxtuba.
- 9 de outubro de 1856. - Instruments en cuivre. [certificat d`addition – 30
de abril de 1859]. Aponta aspectos sobre a construção dos instrumentos
já feitos. Também registra seu sistema de seis pistões, três ascendente e
três descendente.
- 3 de janeiro de 1859. – Pour des nouvelles dispositions applicables aux
instruments de musique em cuivre. [certificat d`addition – 30 de abril de
1859]. Registra oito melhorias em seus instrumentos, incluindo
instrumentos de válvulas e chaves.
- 19 de maio de 1862. – Pour des modifications apportées aux
instruments de musique à pistons. Esta patente é sobre a importância da
qualidade sonora dos instrumentos, evitando o uso de válvulas
convencionais.
- 8 de março de 1881. – Pour des perfecionnements aux instruments de
musique. Esta é a patente com maior número de inclusões e alterações.
Refere-se a diversos instrumentos de metais, a flauta, a técnicas de
construção, técnicas de reparo de instrumentos, etc.
25
BEVAN, 2000.
26
Ibid.
27
Na pesquisa de Mitroulia (2011), esta é a forma como está grafado, pág. 136. O seguinte
comentário sobre este instrumento está na pág.135: “The report of the jury of the London
International Exhibition 1851 mentioned that this instrument was the only brass instrument known to
be able to play the notes of the octave above the flute.” Tradução: O relatório do júri da Exposição
Internacional de Londres em 1851, mencionou que este instrumento era o único instrumento de
metal conhecido por ser capaz de tocar as notas oitava acima da flauta.
25
Figura 14: Tabela de extensão dos Saxhorns – Fonte: The Tuba Family28.
Figura 15: Alto horn em mi bemol (Saxhorn Alto en mi bémol). Calibre: 0.469". Diâmetro da
campana: 8-1/4”. – Fonte: Yamaha29
28
BEVAN, 2000.
29
Disponível em: http://usa.yamaha.com/products/musical-instruments/winds/altohorns/yah-
803/?mode=model Acesso dia 16 de fevereiro de 2014.
26
Figura 16: Decreto militar que designa os saxhorns como instrumentos das bandas
francesas. Fonte – Mitroula.30
30
MITROULA, 2011.
27
1.4.2. Tuba Tenor, Eufônio e Barítono.
O eufônio é cônico e possui uma grande campana. Isso faz com que tenha
um timbre aveludado, escuro e suave. O barítono é cilíndrico e possui uma
31
Diâmetro da parte interior de um tubo (HOUAISS, 2001).
32
BEVAN, 2000.
28
campana pequena, tendo assim um timbre brilhante e claro. Ambos os
instrumentos possuem o mesmo registro e atualmente são fabricados com
afinação em si bemol. No princípio, o barítono possuía três pistões e o eufônio
quatro, hoje em dia, ambos possuem, na maioria dos casos, quatro pistões.
Observe as figuras 17 e 18.
Figura 17: Barítono em si bemol. Calibre: 0.504". Diâmetro da campana: 8 3/8". – Fonte:
Yamaha33.
33
Disponível em: http://usa.yamaha.com/products/musical-instruments/winds/baritones/ybh-
621s/?mode=model Acesso dia 16 de fevereiro de 2014.
29
Figura 18: Eufônio em si bemol. Calibre: 0.591-0.661". Diâmetro da campana: 11-4/5". –
Fonte: Yamaha34.
- Bombardão.
34
Disponível em: http://usa.yamaha.com/products/musical-instruments/winds/euphoniums/yep-
842s/?mode=model Acesso dia 16 de fevereiro de 2014.
35
PHILLIPS, 1992.
30
definição exata de qual instrumento é o bombardão. É possível somente, tentar
identificar qual tipo de bombardão era utilizado em determinada região ou obra.
36
PHILLIPS, 1992.
37
BEVAN, 2000.
38
Ibid.
31
As figuras 19 e 20 exemplificam muito bem a diversidade de instrumentos
construídos com o mesmo nome de bombardon. Além disso, a figura 19 é um tipo
de saxhorn, que também ficou conhecido com o nome de bombardon.
39
Disponível em: http://collections.ed.ac.uk/mimed/record/15630 Acesso dia 16 de junho de 2014.
40
MITROULA, 2011.
32
- Wagnertuben.
41
BEVAN, 2000.
33
Entretanto, o próprio pesquisador afirma que existe a probabilidade destes
instrumentos terem sido providos por Moritz.
42
Disponível em: http://www.gebr-alexander.com/76.0.html?&L=0 Acesso dia 25 de fevereiro de
2014.
34
- Tuba francesa.
43
BEVAN, 2000, p.347. Original: ‘puissant et terrible, qui forme une basse ample et solide pour le
groupe des cuivres’.
44
BEVAN, 2000.
45
BAINES, 1993.
35
Várias obras foram escritas para este instrumento, como por exemplo, a
versão de Maurice Ravel para os Quadros de uma Exposição do compositor
Modest Mussorgsky. Não somente o Bydlo46, mas toda a obra foi composta para a
tuba francesa. Este solo, assim como outros trechos de diversas obras, são
comumente executados com o eufônio. Mesmo assim, a maior parte do repertório
para tuba francesa é executado com a tuba baixo ou contrabaixo.
46
Bydlo – O Carro de Bois. É um dos movimentos da obra Os Quadros de uma Exposição,
originalmente escrito para piano por Mussorgsky, e transcrito para orquestra por diversos
compositores, sendo a transcrição de Ravel a mais famosa.
47
Disponível em: http://www.euphstudy.com/myeuph/frenchtuba/01.jpg Acesso dia 25 de fevereiro
de 2014.
36
Figura 23: Trechos da obra Quadros de uma Exposição, transcrição de Ravel48.
- Cimbasso.
48
Edição Kalmus.
37
falta de constância na ortografia, sendo encontrado simbasso, gimbasso e a
abreviações como gimbas.
Este novo instrumento só foi utilizado nas duas últimas óperas de Verdi,
Otello (1887) e Falstaff (1893). Mesmo assim, foi amplamente utilizado nas obras
anteriores54.
55
Disponível em: http://www.melton-meinl-weston.com/orchester-instruments-tubas-
brasswind/cat/melton-meinl-weston-cimbasso-instruments.html Acesso dia 01 de fevereiro de 2014.
40
1.4.4. Hélicon e Sousafone.
John Philip Sousa, insatisfeito com a sonoridade das tubas hélicons da U.S.
Marine Band, sugeriu a construção de uma hélicon em si bemol, com uma
campana extremamente grande e voltada para cima “para que o som pudesse ser
espalhado sobre toda a banda como cobertura num bolo58”. Nascia assim a mais
famosa tuba hélicon: o sousafone.
56
BEVAN, 2000.
57
Ibid.
58
Frase de Sousa explicando sobre o Sousafone. (BEVAN, 2000)
41
empresa King, fabricou o primeiro modelo de sousafone com fibra de vidro em
196359.
59
BEVAN, 2000.
60
Disponível em: http://www.vfcerveny.cz/en/rotary-valve/helicons/item/189-chl-621-4px Acesso dia
01 de março de 2014
42
Figura 27: Sousafone. Modelo “raincatcher”61.
61
Disponível em: http://tubapastor.blogspot.com.br/2012/09/pepper-finally-boasts-about-his.html
Acesso dia 01 de março de 2014.
43
Figura 28: Sousafone em si bemol. – Fonte: C.G.Conn62.
62
Disponível em: http://www.conn-selmer.com/en-us/our-instruments/band-
instruments/sousaphones/20kw/ Acesso dia 01 de março de 2014.
63
Disponível em: http://www.conn-selmer.com/en-us/our-instruments/band-
instruments/sousaphones/36kw/ Acesso dia 01 de março de 2014.
44
1.5. A Tuba moderna.
64
Na verdade a sonoridade também é escura. Entretanto, comparado com a tuba contrabaixo, o
timbre é mais claro e brilhante.
45
uma tuba extremamente grande, com afinação em dó. Em 1933, Bill Johnson, da
York Company, projetou e construiu duas tubas grandes em dó, uma ficou com
Donatelli e outra com a fábrica para ser vendida posteriormente. Arnold Jacobs,
renomado tubista da Chicago Symphony Orchestra e um dos principais
professores de metais, teve a oportunidade de comprar este instrumento de seu
professor Donatelli. Jacobs também conseguiu comprar a outra tuba York alguns
anos depois. Ele utilizou estes instrumentos durante sua carreira na orquestra
fazendo com que este tipo de tuba virasse o modelo norte-americano para tuba na
orquestra65.
Nas bandas, sobretudo nas bandas de metais, existe uma forte tendência,
devido à afinação da maioria dos os instrumentos destes conjuntos (trompetes,
trombones, eufônios, etc.), para que sejam em pares, comumente, tuba baixo, mi
bemol, e contrabaixo, si bemol.
65
FREDERIKSEN, 2010.
65
Disponível em: http://usa.yamaha.com/products/musical-instruments/winds/tubas/eb-tubas/yeb-
632_02/?mode=model Acesso dia 07 de março de 2014.
46
Figura 30: tuba em mi bemol. – Fonte: Yamaha66
67
Disponível em: http://br.yamaha.com/pt/products/musical-instruments/winds/tubas/f-tubas/yfb-
822/?mode=model Acesso dia 07 de março de 2014.
47
Figura 32: Tuba em si bemol. – Fonte: Melton68.
68
Disponível em: http://www.melton-meinl-weston.com/orchester-instruments-tubas-
brasswind/items/id-196.html Acesso dia 07 de março de 2014.
69
Disponível em: http://www.vfcerveny.cz/en/rotary-valve/tubas/cc-tubas/item/180-ccb-601-5iprx
Acesso dia 07 de março de 2014.
48
Necessário esclarecer que a tuba não é um instrumento transpositor. Ou
seja, o instrumento toca exatamente a nota grafada na partitura, soando o som
real, diferente de instrumentos transpositores como o trompete, a trompa, o
clarinete, etc.
Este é outro assunto que causa muita controversa. Afinal, por muito tempo,
não houve uma padronização quanto à escrita para os diferentes tipos de tuba
tratados no capítulo um dessa dissertação. Sendo assim, cada país adotava uma
diferente notação para o instrumento grave. Esta diferente notação ocorre,
sobretudo nas bandas e não nas orquestras. A partitura de tuba nas orquestras
sempre é em dó, som real, enquanto nas bandas, era utilizado de diferentes
sistemas, sendo ou não transpositor.
Em alguns países como o Reino Unido, as partituras para tuba nas bandas
ainda são tratadas para um instrumento transpositor. Porém, lá não existe
confusão, sendo que todos sabem qual o sistema adotado no país.
Esperamos ter aclarado sobre a questão da notação para tuba, e que, num
futuro próximo, toda partitura produzida para tuba no Brasil seja em dó.
49
1.6. A tuba como instrumento solista.
Bevan (2000) relata que, segundo John Fletcher, um dos principais tubistas
britânicos, Vaughan Williams tinha, há um bom tempo, a intenção de escrever um
concerto para tuba. Afinal, em suas obras orquestrais, frequentes são os trechos
em que a dificuldade da parte de tuba chega a ser semelhante à de um concerto.
70
O tema foi levado ao compositor por Vincenzo Vanni, tubista da New York Philharmonic
Orchestra na época.
71
FREDERIKSEN, 2010.
50
uma série de dezesseis sonatas para instrumento solo, acompanhada por piano,
iniciada em 193572.
O primeiro disco solo foi lançado em 1957, pelo virtuoso tubista William Bell.
‘Bill Bell and his Tuba’ foi o título do álbum. Em sua biografia póstuma escrita por
Phillips73, há o relato de elogios públicos do temido maestro Arturo Toscanini para
Bill Bell.
72
BEVAN, 2000.
73
Disponível em: http://www.windsongpress.com/brass%20players/tuba/bell.htm Acesso dia 01 de
março de 2014.
74
Disponível em: http://www.rogerbobo.com/photos/historic/carnegie_recital.jpg Acesso dia 06 de
março de 2014.
75
Disponível em: http://www.jamesgourlaytuba.com/Resume.html Acesso dia 16 de junho de 2014.
51
Figura 34: Vaughan Williams e Philip Catelinet76.
76
Disponível em: http://www.philipcatelinet.com/page2/files/page2-1000-full.html Acesso dia 06 de
março de 2014.
52
CAPÍTULO 2 - A TUBA NO BRASIL
53
desse instrumento. Cernicchiaro (1926) relata o concerto de um conjunto com
Zeferino Ferreira Dias (?-1878), “il più valente suonatore oficleide”, já em 1842.
Figura 35: Manuscrito Autógrafo de Rafael Coelho Machado. – Fonte: Biblioteca Alberto
Nepomuceno.
79
PEREIRA, 1999 e BINDER, 1998.
55
listagem de 188580. Em outra listagem dessa mesma capela, datada de 1887,
volta a aparecer o instrumento oficleide.
80
CARDOSO, 2005, pág. 133-163.
81
Santos, 1942. Cernicchiaro, 1926.
82
Entre 1840 e 1925 que é esta a data limite de seu livro.
56
encontrada até o momento. Seguem abaixo os músicos relatados por Cernicchiaro
(1926).
- Zeferino Ferreira Dias (?-1878). Viveu no Rio de Janeiro e era tido como
um músico extraordinário pelo modo próprio com que tocava. Sua execução era
brilhante e vertiginosa, as passagens mais difíceis eram realizadas com a maior
precisão e suavidade, despertando admiração de músicos estrangeiros. Nem
depois da sua morte apareceu algum oficleidista que ocultasse sua fama. Zeferino
era chamado de o Paganini do oficleide por seus contemporâneos. Cernicchiaro
relata uma infeliz passagem na vida de Zeferino. Trata-se de um assassinato,
cometido contra o trompetista Zacharias (não foi encontrado o nome completo),
por inveja. Segue o relato: “(Zacharias) Fu assassinato dal suo compagno e
collega d'arte Zeferino, il celebre concertista di oficleide, al ritorno da una solenne
festa, in Nichtheroy, ove lo Zacharias era stato fatto segno ad una vera apoteosi,
fatto che determinò la criminosa invidia del suo non meno insigne colega”.
(CERNICCHIARO, 1926, p. 524).
83
Não está claro no relato de Cernicchiaro se Manuel Martins Torres, tocou como solista dentro do
concerto do pianista ou se era alguma parte de destaque.
57
Moura, executando uma fantasia com motivos da ópera “Beatrice di Tenda” do
compositor Vincenzo Bellini84.
84
Nesta passagem, Cernicchiaro coloca a data de 1859 ao lado do nome do clarinetista, não
indicando se é relacionada ao ano do referido concerto ou algo ao compositor. Provavelmente é o
ano do referido concerto. Também não esclarece se é uma execução solista no concerto do
clarinetista.
85
Provavelmente trata-se da cidade baiana. O original desta passagem consta: “professore di
falarmoniche ed abile maestro di banda”. A expressão “professor de banda”, ou orquestra, significa
músico deste grupo, forma utilizada também em espanhol. O termo “filarmônica”, também é
utilizado para designar bandas, e ainda é utilizado nesta forma na Bahia. O que não fica claro é
porque Cernicchiaro utilizou-se dos termos banda e filarmônica na mesma frase. Uma possibilidade
seria para não repetir as palavras, tendo assim um melhor aspecto literário.
86
Programa Perfil, apresentado pela TV Assembleia. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=6jKmhn0MdDk Acesso dia 25 de fevereiro de 2014.
58
Lisboa me deu a tuba! Entrei pra banda e passei pra outra mesa onde se
comia melhor. Então, foi por gulodice que eu vim a ser músico!
Pouco tempo após ingressar na banda, Eleazar foi transferido para o Rio de
Janeiro onde tocava na Banda dos Fuzileiros Navais. Ele também estudava solfejo
e harmonia. Isso se passou entre 1928-2987.
87
Programa Perfil, apresentado pela TV Assembleia. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=6jKmhn0MdDk Acesso dia 25 de fevereiro de 2014.
88
Embora o Programa Perfil apresente a data de 1929, como sendo a data que Eleazar ingressou
na orquestra, Cardoso (2005) afirma que a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de
Janeiro, foi criada em 1930.
89
Programa Perfil, opus cit.
90
Ibid.
91
Programa Perfil, opus cit.
59
Dráusio Chagas92, paulista, nascido em Campinas no dia 09 de julho de
1936, foi um dos principais professores de tuba do Brasil. Com quatorze anos de
idade, tocava na banda da escola Liceu Coração de Jesus em São Paulo. Nessa
banda, teve contato com os instrumentos que nortearam sua carreira: o trombone,
o eufônio e a tuba93.
92
Informações fornecidas pelo próprio professor Dráuzio Chagas através de entrevista telefônica
no dia 09 de junho de 2014.
93
Nesta banda, era utilizado o sousafone.
94
Trombonista da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.
95
Gagliardi é considerado o principal professor de trombone do Brasil. Com vasta carreira como
instrumentista, compositor e professor. Seu livro didático para iniciantes ao trombone foi premiado
pela Associação Internacional de Trombonistas.
96
O Ponto dos músicos era o nome genérico dado por seus frequentadores a um bar/café,
frequentado por profissionais do cenário musical paulistano. Neste local, era oferecido e acertado
trabalho entre seus frequentadores. Importante lembrar que era uma época com poucos telefones
fixos e não havia internet, sendo o contato direto, a melhor maneira de conseguir trabalho.
60
Paralelamente ao cargo de tubista da Orquestra Sinfônica Municipal de São
Paulo, Dráusio tocou de 1972 a 1979, na Orquestra do maestro Osmar Milani.
Esta orquestra participou de programas na TV Globo de SP, nome atual da antiga
TV Paulista, e, posteriormente, de programas no canal SBT.
Dráusio Chagas é conhecido no meio musical pelo apelido de Boi. Ele conta
que certa vez, estava tocando trombone baixo em uma obra com o título Boi
Bumbá, e após uma intervenção de trombone que ele estava tocando, alguém
disse: “E Boi...”. Conta ele: “E foi assim que saí do anonimato e virei o Boi (risos)”.
97
Ciro Pereira (1929 – 2011) foi um importante compositor, arranjador, maestro e professor.
98
Atual EMESP – Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim.
61
Em outubro de 1971, chegou ao Brasil Donald Smith, tubista norte-
americano naturalizado brasileiro99. Nascido em 30 de agosto de 1946, nos EUA.
Cresceu em Los Angeles, onde teve a oportunidade de estudar com o grande
tubista Roger Bobo.
Donald também atuou na música de câmara junto aos grupos Metal Brasil,
Metal São Paulo, Decâmara, entre outros.
99
As informações referentes ao Donald Smith foram fornecidas, através de entrevistas telefônicas,
com seu grande amigo e conterrâneo Daniel Havens, músico trompista e compositor.
100
Fonte: http://www.osesp.art.br/portal/paginadinamica.aspx?pagina=linhadotempo acesso em 04
de junho de 2014.
62
constituição da Associação dos Tubistas, Eufonistas, Bombardinistas e
Sousafonistas do Brasil. A ATEBS do Brasil tinha como presidente Donald Smith e
vice-presidente Dráusio Chagas. O professor Donald quando questionado101 sobre
o porquê deste nome da associação, e não simplesmente tuba e eufônio,
respondeu que “assim iria contemplar a todos. Afinal, muitos ainda não sabem a
história dos instrumentos e não quero ninguém de fora por causa disso”. Em
alguns registros da ATEBS ainda consta uma variação do nome, sendo
Associação dos Tubistas, Eufonistas, Bombardinistas ou Baritonistas e
Sousafonistas do Brasil.
101
Pergunta feita, por mim, no período em que estudei com ele.
102
Informações fornecidas pelo próprio professor Valmir Vieira.
103
Atualmente Sexteto Brassil.
63
Em sua trajetória musical, Valmir inspirou e encomendou obras para tuba
de vários compositores brasileiros como Dimas Sedícias e o Maestro Duda104.
Embora ainda não possa ser afirmado que o Brasil possui uma tradição
tubística, pode-se afirmar que esse processo já começou e se encontra em pleno
desenvolvimento e avanço no país. O número crescente de profissionais, cada vez
mais qualificados nas instituições de ensino musical, nas bandas e orquestras do
país comprovam a força do movimento e o contínuo desenvolvimento desse
processo.
104
José Ursicino da Silva é o nome de batismo do Maestro Duda.
105
Artigo disponível na Biblioteca Digital da Universidade Federal de Minas Gerais.
106
Nome dado ao gênero musical das marchas militares (HOUAISS, 2001).
64
Lisboa aponta, em seu artigo, o tratamento solístico que Cavalcante dispende com
a tuba em suas composições em relação aos outros compositores. Apesar de
tratar de composições para tuba em seu artigo, Lisboa é trombonista.
107
Felizmente, Renato da Costa Pinto, enviou-me sua dissertação, por intermédio do Prof. Dr.
Heinz Schwebel, dois meses antes da conclusão de minha pesquisa.
65
66
CAPÍTULO 3 - O REPERTÓRIO SOLO BRASILEIRO
A tuba, desde sua chegada ao país (ainda não foi encontrado um registro
oficial para determinar a chegada da primeira tuba no Brasil), sempre foi muito
utilizada no repertório sinfônico brasileiro. Podem-se citar as obras de Carlos
Gomes, mesmo as escritas originalmente para cimbasso, trazem um enorme
destaque para a tuba, como as aberturas de O Guarani e Fosca, além de Villa-
Lobos, como por exemplo, a Bachiana n.7. Diversos outros compositores
nacionais utilizaram a tuba de maneira imprescindível em suas obras, porém,
somente em 1978 surge a primeira obra composta por um brasileiro para tuba
como instrumento solista.
Há uma grande lacuna temporal108 entre os três temas com variações de
Miguel dos Anjos de Sant`Anna Torres que, provavelmente, compôs estas peças
na segunda metade do século XIX, e a primeira obra encontrada, datada de março
de 1978, escrita pelo compositor paulista Osvaldo Lacerda. Esta obra, intitulada
Canto e Rondó foi dedicada ao tubista e professor Donald Smith, conforme
relatado anteriormente.
Pode-se chegar a algumas conclusões sobre esta lacuna temporal. A falta
de interesse dos tubistas deste período em encomendar obras compostas para
tuba ou não ter algum tubista compositor, são algumas possíveis explicações.
Outra hipótese seria o fato de não haver, nesse período, tubistas no Brasil, que
tivessem o interesse em ser solistas. Como tratado anteriormente nessa
dissertação, o primeiro grande concerto para tuba e orquestra surgiu somente em
1954 na Inglaterra, porém, como houve um considerável número de músicos
dedicados ao oficleide, poderíamos ter a mesma sequência histórica com a tuba.
Ainda podemos especular outros motivos de ordem técnica. Qual era a
proficiência técnica-musical destes músicos? Qual era o tipo de instrumentos que
eles utilizavam, aqui no Brasil, na primeira metade do século XIX? Perguntas
estas que, até o presente momento, se encontram sem respostas.
108
Em torno de cem anos!
67
Todavia, graças à recente pesquisa catalográfica de Pinto (2013), sabe-se
que nesse longo período sem obras para tuba, houve diversas composições para
eufônio. Foram encontradas ao todo onze obras para eufônio e banda entre 1926-
1945. Infelizmente, algumas dessas obras não possuem a data exata de
composição, assim como a localização. Entretanto, cinco dessas peças possuem
essa informação, sendo obras provenientes do interior da Bahia.
É crescente o volume de composições, no cenário musical brasileiro, para
tuba como instrumento solista. Foram encontradas e catalogadas sessenta e seis
peças compostas por compositores brasileiros, nascidos ou naturalizados, para
tuba como instrumento solista, no período de 1978 até 2014. Isso comprova a
importância do momento que o instrumento vive no cenário nacional. Porém, a
produção brasileira para tuba como instrumento solista ainda está à margem da
produção de diversos países como bem mostram os dois volumes do livro Tuba
Source Book109. Em sua primeira edição (1996), lista cerca de mil e novecentas
peças, somente na seção de tuba e piano e, na segunda edição (2006), lista mais
de três mil obras na mesma seção. Obviamente, nessa listagem estão incluídas
obras de vários países. Com as devidas proporções, o mesmo fenômeno ocorre
no Brasil: a tuba sendo reconhecida e utilizada pelos compositores como
instrumento solista.
Na primeira edição do livro Tuba Source Book, em 1996, Donald Smith foi o
consultor brasileiro, para o envio de informações pertinentes ao nosso país.
Constam somente cinco peças brasileiras nesse grande catálogo. Acreditamos,
que o motivo de haver incluído somente estas obras no catálogo é porque, elas
foram editadas e publicadas. Estas peças fazem parte da Coleção para Tuba e
Piano, publicada pela Funarte110 em 1985. Nessa coleção encontram-se as obras
de Bruno Kiefer, Guilherme Bauer, Ricardo Tacuchian, Ernst Widmer e Francisco
Mignone. A Funarte também editou e publicou a obra para tuba de Lindembergue
Cardoso em 1984, mesmo assim, essa peça não chegou a ser incluída no
catálogo internacional. Até o presente momento, a maioria do repertório solo para
109
MORRIS; GOLDSTEIN, 1996 (primeira edição). MORRIS; PERANTONI, 2006 (segunda
edição).
110
Fundação Nacional de Arte
68
tuba, encontra-se em manuscrito autógrafo ou editado em computador por
softwares específicos, não publicado oficialmente.
Nesta mesma edição do Tuba Source Book (1996), no capítulo 14, foi
organizado o esboço biográfico de tubistas profissionais. A nota introdutória deste
capítulo 14, explica que somente estão incluídos músicos profissionais. Entretanto,
Donald listou e enviou para este capítulo uma lista com tubistas amadores,
estudantes e profissionais. Muitas dessas informações estão listadas incompletas
e, infelizmente, não retratam o cenário profissional brasileiro, afinal há instituições
nesse registro, bandas e orquestras que são estudantes ou amadoras.
Curiosamente, a biografia do próprio Donald não aparece nesta listagem. Porém,
acreditamos ser válida e importante a inclusão desses tubistas, profissionais,
estudantes e amadores, pois, mostra o crescente desenvolvimento da tuba no
Brasil.
Foi encontrado também, na edição de 1996, registros de gravações da
Aquarela do Brasil, de Ary Barroso em versão para quarteto de tubas, embora,
não haja o registro de arranjo dessa obra.
Na segunda edição desse livro, em 2006, algo curioso acontece: Donald
Smith continua listado como consultor internacional, mesmo tendo falecido em
2002. Será que a informação de seu falecimento chegou aos editores? Será que
os editores, tentaram entrar em contato novamente com Donald, para atualizar e
recolher novas informações? Não seremos irresponsáveis em afirmar,
simplesmente, que a resposta de ambas as perguntas seja não. Afinal, se
tentaram entrar em contato e, obviamente, não conseguiram, publicaram com as
informações obtidas anteriormente. Existe ainda, nesta de edição de 2006, um
acréscimo de duas obras brasileiras. Trata-se de dois arranjos: 1- Aquarela do
Brasil, composto por Ary Barroso, arranjado para quarteto de tubas por Hans
Weichselbaumer, versão esta gravada diversas vezes; 2 - Wave, composto por
Tom Jobim, arranjado para eufônio solo, quatro tubas e seção rítmica pelo tubista
Sérgio Carolino.
69
Nessa nova edição de 2006, também constam diversas gravações incluindo
músicas de Tom Jobim, como Água de Beber e Chega de Saudades (No More
Blues). Além, claro, de Aquarela do Brasil.
Pode-se dizer que a principal força motriz do aumento das obras para tuba
como instrumento solista são os próprios intérpretes. A maioria das obras foi
encomendada e/ou dedicadas a eles. Percebe-se também uma maior demanda
técnica para a execução desse repertório. Afinal, com o aprimoramento
técnico/musical dos intérpretes, é sempre solicitada, aos compositores, uma
abordagem cada vez mais complexa dentro da técnica tubística.
111
Material que consta no catálogo de Pinto (2013).
70
local de composição; Dedicatória; Edição; Estreia; Instrumentação; Duração
aproximada; Localização da obra.
Embora esteja incluído o item relacionado à edição de partitura, a imensa
maioria encontra-se em manuscrito, muitos destes editados por softwares
específicos. Consideramos as partes editadas por computador, como ‘manuscrito
editado em computador’. Afinal, é um material não publicado por nenhuma
instituição, seja comercial ou sem fins lucrativos.
O presente catálogo conta com sessenta e seis obras, todas para tuba
solista. O livro 10 Estudos para tuba, de Mahle, está catalogado como uma única
obra, pois, não são fornecidas informações de cada estudo112. Todavia, os
Estudos Característicos n.1 e n.2 de Morais, estão contabilizados como duas
obras, pois não fazem parte, por enquanto, de um livro para tuba.
Segue o catálogo abaixo:
112
Pinto (2013) registra informações de cada um dos 10 estudos, contabilizando este livro como 10
obras ao todo.
71
Data e local
Duração Localização da
N° Compositor Título da obra de Dedicatória Edição Estreia Instrumentação
aproximada obra
composição
manuscrito autógrafo
(Serviço de Difusão de Biblioteca ECA-
Gian Marco de
AMOROSINI, Brasília-DF,19- Gian Marco de Partituras, Documentação USP; arquivo
1 Dodecachoro [NOVO] Aquino, Brasília- tuba e piano 2'
Wagner (s.d.) 20/01/1983 Aquino Musical, da Universidade de pessoal Albert
DF, 1984.
São Paulo, Escola de Khattar
Comunicação e Arte)
Obra
encomendada
pelo Instituto
Nacional de
BAUER, Guilherme Música da Funarte, Rio de Janeiro-RJ, arquivo pessoal
2 Três Miniaturas s.i. s.i. tuba e piano 4'
(1940) FUNERTE para o II 1985. Albert Khattar
Concurso Nacional
Jovens Interpretes
da Música
Brasileira
Albert Savino
BOTA, João Victor Campinas-SP, Albert Savino manuscrito editado em Khattar, arquivo pessoal
3 A Viagem do Elefante tuba solo 4'20''
(1981) 2010 Khattar computador Campinas-SP, Albert Khattar
72
07/2010
BOTA, João Victor Respingos Sonoros campinas-SP, Albert Savino manuscrito editado em arquivo pessoal
4 Inédito tuba e piano 2'
(1981) [NOVO] 2010 Khattar computador Albert Khattar
arquivo pessoal
CAMARGO, Renato Gian Marco de manuscrito editado em
5 Introspecções [NOVO] (s.l.), 1986 Inédito tuba e piano s.i. Gian Marco de
(s.d.) Aquino computador
Aquino
Obra
encomendada
pelo Instituto
Nacional de
CARDOSO,
2 Miniaturas para Música da Funarte, Rio de Janeiro-RJ, arquivo pessoal
6 Lindembergue (1939- (s.l.), 1983 s.i. tuba solo 3'
Tuba FUNERTE para o II 1985. Albert Khattar
1989)
Concurso Nacional
Jovens Intérpretes
da Música
Brasileira
Wilthon Matos,
COHEN, Marcos Seis Peças para Tuba Belém-PA, manuscrito editado em arquivo pessoal
7 Wilthon Matos Belém-PA, tuba solo 10'
(1977) Solo Abril de 2002 computador Albert Khattar
06/2002.
Salvador-BA/ Renato da Costa arquivo pessoal
CORDEIRO, Renato da Costa manuscrito editado em
8 Carimbolada # Belém-PA, Pinto, Salvador- tuba e piano 3'10'' Renato da Costa
Emanuel (s.d.) Pinto computador
07/2012 BA, 05/06/2013 Pinto
Data e local
Duração Localização da
N° Compositor Título da obra de Dedicatória Edição Estreia Instrumentação
aproximada obra
composição
Albert Savino
CUNHA, Beetholven Concertino para tuba Teresina-PI, Albert Savino manuscrito editado em tuba e orquestra arquivo pessoal
9 Khattar, Fortaleza- 11'
(1978) e orquestra de cordas 2011 Khattar computador de cordas Albert Khattar
CE, 11/2011.
Campina
DANTAS, Weskley Encomendada por manuscrito editado em tuba e grupo de arquivo pessoal
10 Carnificina [NOVO] Grande-PB, Inédito 2'20''
(s.d.) Sérgio Carolino computador metais Albert Khattar
2011
Sérgio Carolino, tuba, 9 trombones.
DEDDOS, Fernando Encomendada por manuscrito editado em arquivo pessoal
11 Odisseia [NOVO] (s.l.), 2010 Genebra-Suíça, (6 tenores e 3 10'
(1983) Sergio Carolino computador Fernando Deddos
30/01/2011. baixos)
Tuba, 6
DEDDOS, Fernando Fandangroove Encomendada por manuscrito editado em Sérgio Carolino, arquivo pessoal
12 (s.l.), 2011 Trombones, Drum 8'
(1983) [NOVO] Sergio Carolino computador Portugal, 2012. Fernando Deddos
Kit
James Gourlay,
73
21/07/2010.
KOVAL, Peter Polka Ponderosa São Paulo- Albert Savino manuscrito editado em tuba e arquivo pessoal
21 Inédito 4'30''
(1944) [NOVO] SP, 2010. Khattar computador banda/piano Albert Khattar
Donald Smith,
LACERDA, Osvaldo São Paulo- arquivo pessoal
22 Canto e Rondó Donald Smith manuscrito São Paulo-SP tuba e piano 5'10''
(1927-2011) SP, 03/1978 Albert Khattar
04/12/1978.
Dráusio Chagas,
Dráusio Chagas estreia da versão
LACERDA, Osvaldo São Paulo- arquivo pessoal
23 Seresta (dedicado manuscrito de quinteto, São tuba e piano 3'35''
(1927-2011) SP, 10/1990 Albert Khattar
informalmente) Paulo-SP,
03/12/1991
Paramirim- arquivo pessoal
Renato da Costa manuscrito editado em
24 LEITE, Helder (1955) Para-TUBA-Mirim # BA, s.i. tuba solo 1'30'' Renato da Costa
Pinto computador
01/05/2006 Pinto
Paramirim- arquivo pessoal
Tema da cobra do Renato da Costa manuscrito editado em
25 LEITE, Helder (1955) BA, s.i. tuba solo 2' Renato da Costa
sertão # Pinto computador
01/05/2006 Pinto
Campina
Encomendada por manuscrito editado em tuba e grupo de arquivo pessoal
26 LIMA, Caio Andrade Venom [NOVO] Grande-PB, Inédito 2'19''
Sérgio Carolino computador metais Albert Khattar
2010
Data e local
Duração Localização da
N° Compositor Título da obra de Dedicatória Edição Estreia Instrumentação
aproximada obra
composição
MAHLE, Ernest tuba e orquestra arquivo pessoal
27 Concertino para tuba 04/10/1984 s.i. manuscrito s.i. 10'
(1929) de cordas/piano Albert Khattar
MAHLE, Ernest arquivo pessoal
28 10 Estudos para tuba 1984 s.i. manuscrito s.i. tuba solo 15'
(1929) Albert Khattar
Obra
encomendada
pelo Instituto
Nacional de
MIGNONE,
Música da Funarte, Rio de Janeiro-RJ, arquivo pessoal
29 Francisco (1897- Divertimento s.i. s.i. tuba e piano 7'
FUNERTE para o II 1985. Albert Khattar
1986)
Concurso Nacional
Jovens Intérpretes
da Música
Brasileira
Campina
MIGUEL, Pedro Encomendada por manuscrito editado em tuba e grupo de arquivo pessoal
30 Cardíaco [NOVO] Grande-PB, Inédito 2'07''
(s.d.) Sérgio Carolino computador metais Albert Khattar
75
2010
MORAIS, Fernando manuscrito editado em arquivo pessoal
31 Renata (s.l.), 06/2009 Renata Menezes s.i. tuba e piano 3'35''
(1966) computador Albert Khattar
(s.l.), 01/2001
MORAIS, Fernando manuscrito editado em arquivo pessoal
32 Xaxando no Cerrado revisão: s.i. s.i. tuba e piano 3'45''
(1966) computador Albert Khattar
01/2010
MORAIS, Fernando Estudo Característico manuscrito editado em arquivo pessoal
33 s.i. s.i. s.i. tuba solo 3'
(1966) n.1 [NOVO] computador Albert Khattar
MORAIS, Fernando Estudo Característico manuscrito editado em arquivo pessoal
34 (s.l.), 01/2008 s.i. s.i. tuba solo 3'20''
(1996) n.2 [NOVO] computador Albert Khattar
MORAIS, Renato manuscrito editado em
35 Concerto N°1 (s.l.), 2010 s.i. s.i. tuba e piano 7''
Segati de (1991) computador http://www.imslp.org
MORAIS, Renato manuscrito editado em
36 Concerto N°2 (s.l.), 2011 s.i. s.i. tuba e piano 10'
Segati de(1991) computador http://www.imslp.org
MORAIS, Renato manuscrito editado em arquivo pessoal
37 Piú Tuba (s.l.), 2012 s.i. s.i. tuba solo
Segati de(1991) computador Albert Khattar
arquivo pessoal
MOREIRA, Inaldo Recife-PE, manuscrito editado em
38 Concerto para tuba # Iris Vieira s.i. tuba e orquestra 12' Renato da Costa
(s.d.) 23/11/2011 computador
Pinto
Data e local
Duração Localização da
N° Compositor Título da obra de Dedicatória Edição Estreia Instrumentação
aproximada obra
composição
tuba e grupo de arquivo pessoal
MOREIRA, Inaldo Recife-PE, Joseado (da manuscrito editado em
39 Joseano no lundu # s.i. choro (parte 2' Renato da Costa
(s.d.) 16/09/2005 BSCR) computador
cifrada) Pinto
tuba e grupo de arquivo pessoal
MOREIRA, Inaldo Iris e sua tuba chorona Recife-PE, manuscrito editado em
40 Iris Vieira s.i. choro (parte 3' Renato da Costa
(s.d.) # 29/03/2007 computador
cifrada) Pinto
NOGUEIRA, Hudson Seresta Brasileira - 2 manuscrito editado em Conservatório de
41 s.i. James Goulay s.i. tuba e banda 8'
(1968) [NOVO] computador Tatuí
Gian Marco de arquivo pessoal
NOGUEIRA, Hudson Amanhecendo Gian Marco de manuscrito editado em
42 (s.l.), 2004) Aquino, Brasília- tuba e piano s.i. Gian Marco de
(1968) [NOVO] Aquino computador
DF, 2005. Aquino
arquivo pessoal
OLIVEIRA, Adriano Sensações pela Marabá-PA, manuscrito editado em
43
76
79
uma tuba contrabaixo é perfeitamente plausível nessa obra, devendo o intérprete
buscar somente uma maior definição das articulações.
Como pode ser observado no Ex.1, as primeiras três notas devem ser
articuladas de maneira a soarem curtas e leves. Da mesma forma, as notas com
marcato, precisam ser enfatizadas e as outras devem soar leves e ligeiras.
Fazendo assim, soar a síncopa escrita na acentuação do baião.
80
Nesse mesmo trecho, existe outra característica importantíssima, que deve
ser enfatizada em toda a obra: o movimento entre ársis e tésis113 (impulso e
repouso). Para Thurmond (1991), a anacruse é força motriz do impulso musical,
pois, sem este impulso, não existe o movimento. Seu método note grouping114
ensina que o impulso não está somente na anacruse e, sim, em toda figura rítmica
que impulsiona a frase. Em outras palavras, deve-se valorizar o impulso do tempo
fraco para o tempo forte. No Estudo Característico n.1, deve-se valorizar o
impulso em direção ao primeiro tempo do compasso ou, simplesmente, o impulso
em direção à nota acentuada. Gerando assim, a sensação dançante presente no
baião além do direcionamento da frase musical. Este impulso acontece em
pequenos motivos como em toda a frase. (Ex. 2).
Detalhado no Ex. 2, nos três primeiros círculos, estão as notas que devem
ser impulsionadas, e consequentemente, o mesmo ocorre com as notas seguintes.
A grande seta mostra a direção da frase, primeiro chegando à nota Lá, nota esta
que deve ser sustentada para gerar tensão e, depois, a frase deve ser direcionada
até a nota Fá, porém agora se deve relaxar a sonoridade para concluir esta frase.
Como bem descrevem Thurmond (1991) e MacGill (2007), deve-se sempre ter em
mente os pontos de apoio da frase musical. Percebendo onde estão os
113
Estes termos gregos, arsis e thesis, são originários da dança. A dança era um dos principais
elementos culturais da Grécia Antiga. Ársis, é o movimento de elevação do pé. Tésis, é o
movimento de abaixar o pé de volta ao chão. (HOUAISS, 2001).
114
Tradução: agrupamento de notas.
81
movimentos de ársis e tésis, alinhando esta acentuação rítmica natural de todo o
movimento existente, impulso e repouso, ao movimento harmônico da obra.
82
boa interpretação é encontrada “na conjugação desses dois universos115”: partitura
e intérprete.
115
LIMA, 2006.
116
BIRD, 1994, pág.98. Original: “This movement is a fast 6/8 (dotted quarter = 144, though it is
often played as fast as 160, even by the composer!)”.
83
Algo semelhante ocorre com as anotações de dinâmica. Observe o Ex. 4.
Existem seis indicações precisas de dinâmica, como p e mf, além de duas
indicações de decrescendo e uma de crescendo. Bianchi nos dá uma excelente
sugestão: graduar cada dinâmica com números, à maneira de visualizar a
intenção de executá-las. O mesmo pode ser utilizado dentro de um crescendo ou
decrescendo. No Ex. 4, nos compassos 17 e 21, existe, em ambos, a notação p.
Não é obrigatório que ambos os pianos sejam executados da mesma maneira. É
possível tocar o primeiro piano um pouco mais sonoro que o segundo,
melhorando, assim, a relação entre a primeira e a segunda parte da frase
(antecedente e consequente117). Observe esta relação no Ex. 5:
117
Antecedente é a primeira parte da frase. Consequente é a segunda parte da frase.
84
No compasso 43, temos uma figura muito característica do baião, que
aparece uma única vez nesta obra. É importante enfatizá-la, já que este material é
utilizado uma única vez. Dessa mesma forma, deve-se enfatizar a figura utilizada
como preparação para a última frase do desenvolvimento, antes da transição,
entre os compassos 55-62, que termina no Grandioso (Ex. 7).
85
No trecho do compasso 55 ao 62, está escrito um grande ritardando, bem
medido até a chegada do Grandioso. Entretanto, é importante ter a percepção de
executá-lo de maneira orgânica e não seções estanques entre cada novo
ritardando. O grande contraste nesta obra se dá no compasso 63, no Grandioso.
Nesse trecho da obra, deve-se alterar totalmente a concepção da execução até o
momento e tocar esses três compassos com uma sonoridade ampla, com as notas
extremamente conectadas, valorizando cada mínimo tempo de duração das notas,
tendo assim, um grande contraste com todo material anterior e o que segue na
música. É importante ressaltar a necessidade de uma pequena pausa antes do
compasso seguinte em 2/4, para limpar a ideia anterior e começar a próxima.
86
Exemplo 8: Estudo Característico n.1, compasso 66 a 98.
87
Trabalhando como intérprete e professor, chegamos à conclusão, que é
imprescindível o aprendizado e o estudo de obras com os ritmos tradicionais
brasileiros. É alto o índice de músicos, estudantes e profissionais, que não estão
habituados ou, simplesmente, não possuem a mínima formação para a
interpretação adequada dos ritmos nacionais. É claro que, por estarmos em um
país continental, existe uma riquíssima variedade de estilos. Exatamente por isso,
o intérprete atento e cuidadoso, busca as informações e conhecimento sobre o
material a ser interpretado. Esta responsabilidade é ainda maior, quando um
músico interpreta a obra de seu país.
88
3.2.2. Osvaldo Lacerda – Seresta para tuba e piano.
Sua produção vocal é extremamente vasta. Mariz (2005) afirma que talvez
o lied de Lacerda seja sua principal contribuição para a música brasileira. Neste
conceito de música para voz, surge a Seresta para tuba.
Sugerimos a utilização de uma tuba baixo para execução dessa obra, tendo
em mente uma maior leveza da sonoridade. Entretanto, pode ser utilizada uma
tuba contrabaixo.
118
MARIZ, 2005.
119
Ibid. pág. 369.
89
Seresta é o mesmo que serenata. Segundo o dicionário Houaiss (2001),
seresta é a serenata brasileira. O termo serenata é o mesmo em italiano,
proveniente da palavra sereno, que significa céu claro, limpo. Cascudo (1972) diz
que serenata “é o canto e música instrumental, executados ao sereno, ao ar livre,
diante da casa a quem dedica a homenagem”. “Tocar a porta de seu amor, é
direito consuetudinário e milenar”, completa Cascudo.
É nesta atmosfera que devemos pensar esta obra. A Seresta para tuba de
Lacerda possui caráter lírico, com melodias bem construídas e de forte
intensidade dramática. Qualidades que merecem e devem ser exploradas ao
máximo.
120
LIMA, 2006.
121
BELTRAMI, 2006, pág. 185.
90
Como a Seresta era originalmente uma canção com letra, deve-se ter em
mente, sempre um forte senso de direção das frases, mesmo quando seguido de
pausas como, por exemplo, nos primeiros compassos. Também é importante
respeitar a indicação de expressão cantabile, anotada no início do solo (Ex. 9).
91
Exemplo 10: Seresta, compasso 1 a 13.
92
feita uma respiração no compasso 11 e, a partir deste ponto, seguir as indicações
da partitura. Obviamente, no trecho sem indicação, respira-se na pausa. É
importante sustentar o valor integral da nota que precede a respiração, como
exemplo, a nota sol do compasso 11.
93
repetições, criando o impulso necessário para a frase122. O mesmo princípio deve
ser aplicado na passagem que segue (Ex. 12).
122
THURMOND, 1991.
94
3.2.3. Cláudio Santoro – Fantasia Sul América para tuba solo
Foi aluno de Koellreutter, com quem estudou por pouco mais de um ano,
como descreve Neves (2008). Santoro tinha aulas diárias com Koellreutter,
“adquirindo notável técnica de escritura e abertura estética” que fizeram dele “o
primeiro compositor brasileiro a empregar a técnica dodecafônica125”.
Mariz (2005) lembra que a ida de Santoro, em 1947, para a Europa, marcou
profundamente o compositor. Foi aluno de Nádia Boulanger, “mas as companhias
que frequentou em Paris levaram-no a Varsóvia e Praga126”. Em 1948 estava
presente no Congresso dos Compositores Progressistas em Praga, que declarou
a música dodecafônica como “burguesa decadente127”.
123
Cláudio Franco de Sá Santoro é nome completo.
124
O Rio de Janeiro foi a segunda capital do Brasil, de 1763 até 1960. A primeira capital do país foi
a cidade de Salvador. Após 1960, a capital foi transferida para a cidade de Brasília.
125
NEVES, 2008, pág. 150.
126
MARIZ, 2005, pág. 305.
127
Ibid.
128
Movimento musical idealizado e liderado por Hans-Joachim Koellreutter, alemão radicado no
Brasil. Este movimento existiu na década de 1940, na cidade do Rio de Janeiro e posteriormente
em São Paulo, e tinha como objetivo, divulgar, formar e criar a música contemporânea. (KATER,
2001).
129
NEVES, 2005, pág. 153.
95
violoncelo, contrabaixo, flauta, oboé, clarineta, fagote, trompete, trompa,
trombone, tuba, piano, voz e violão. Todas estas peças podem ser executadas em
duas versões, solo ou solista e orquestra130.
Figura 36: Catálogo das obras para tuba de Cláudio Santoro. – Fonte:
www.claudiosantoro.art.br132.
130
SANTORO, 2014.
131
Através de conversas por e-mail.
132
Disponível em http://www.cláudiosantoro.art.br/Santoro/09_tuba-crono.html acesso dia 25 de
fevereiro de 2014.
96
estilo contrapontístico, incluindo, em alguns casos, formas seccionais
padronizadas133.
133
SADIE, 2001. LATHAM, 2014.
134
MATTHAY, 1913, pág. 2. Original: Good teaching consists not in trying to make the pupil do
things so that the result of his efforts shall seem like playing, but consists in trying to make him
think, so that it shall really be playing.The good teacher does not try to turn his pupil into an
automaton, but tries to prompt him to grow into a living, intelligent being.
135
LIMA, 2006, pág. 19.
97
para uma melhor definição das articulações. Porém, da mesma forma que as
outras obras tratadas anteriormente, pode-se utilizar uma tuba contrabaixo.
136
Articulação que utiliza a língua em dois movimentos para possibilitar maior velocidade na
execução. Utilizando como base, letras ou sílabas distintas. Ex. T, K. Para articulação tripla: T,T,K.
137
Desacelerar o andamento da peça de maneira súbita, imediata.
138
Desacelerar o andamento da peça de maneira gradual, como no rallentando.
99
Os glissandos nos compassos 21 e 22 devem ser realmente executados
como glissando, e não uma escala cromática rápida. Afinal, se o compositor
quisesse uma escala cromática rápida, teria escrito como no compasso 23.
Sugerimos a utilização do glissando de meio pistão, com muito direcionamento do
ar.
100
Exemplo 16: Fantasia Sul América, compasso 32 a 52.
101
Sugerimos manter a indicação de Meno até a metade do compasso 58.
Desse ponto em diante sugerimos súbito A Tempo até o final da peça. Também
sugerimos dinâmicas e articulações para o trecho final (Ex. 17).
102
mantendo-se o compasso quaternário em toda a obra. Infelizmente, não foi
localizado o material manuscrito, da versão tuba solo, para confrontarmos com a
versão de orquestra.
103
Exemplo 18: Fantasia Sul América, versão orquestral.
104
Exemplo 19: Fantasia Sul América, versão orquestral.
105
O acompanhamento de orquestra foi confeccionado em módulos. Sendo a
versão de cada instrumento um módulo, e todos escritos direto na mesma
partitura. Esta informação foi obtida através de conversas por e-mail com
Alessandro Santoro e pode ser observada no Ex. 20.
106
Exemplo 20: Fantasia Sul América, versão orquestral.
107
108
Considerações Finais
109
fácil escrever sobre matéria tão subjetiva e controversa como as possibilidades de
expressão através de uma determinada obra musical.
Muito trabalho ainda precisa ser feito neste país, para que as pesquisas
referentes à tuba possam ser ampliadas. Para isso, o primeiro passo é
conscientizar os próprios tubistas da importância da pesquisa acadêmica.
Somente através dessa importante ferramenta, será possível sanar a falta de
informação e a informação equivocada existente nos meios amadores, estudantis
e, infelizmente, profissionais.
110
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York: Pendragon Press, 1996.
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2006.
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Summy-Birchard INC, 1992.
SADIE, S. The New Grove Dictionary of Music and Musicians, 2nd ed. 29 volumes.
New York: Macmillan, 2001.
114
ANEXO – Partitura das Obras Selecionadas.
Fernando Morais – Estudo Característico n.1 para tuba solo.
115
116
117
Osvaldo Lacerda – Seresta para tuba e piano.
118
119
120
121
122
123
124
125
126
Cláudio Santoro – Fantasia Sul América para tuba solo.
127