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IESDE BRASIL
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: TarikVision/Shutterstock
5 Experiência do cliente 90
5.1 Atendimento 90
5.2 Relacionamento com o consumidor 95
5.3 Fidelidade e lealdade de marca 100
Gabarito 106
APRESENTAÇÃO
Já parou para pensar como algumas marcas parecem
Vídeo conversar diretamente com você? Como, às vezes, parecem
saber exatamente do que você gosta, de que modo interagir
e como motivá-lo a uma determinada ação, quase como
mágica? Essa “magia” só é possível quando o conhecimento do
comportamento do consumidor entra em cena. É exatamente
por isso que essa parte dos estudos de marketing se tornou
essencial para as empresas. Tanto é que, ainda hoje, as principais
– e também a maioria – das pesquisas de marketing e algumas
de psicologia focam essa área. Sendo assim, esse livro se dedica
a introduzir a relevância e a aplicabilidade das estratégias do
comportamento do consumidor.
Logo no primeiro capítulo, a proposta é apresentar como
conhecer o consumidor de uma marca. Assim, vamos explorar
definições e características que nos ajudam a entender
mais a relevância do comportamento do consumidor no
desenvolvimento de estratégias de marketing. Também veremos
a necessidade de entender como ocorre o processo de decisão
do consumidor para, assim, sabermos o que devemos levar em
consideração em nossas ações para obtermos sucesso.
Seguindo essa lógica de sucesso estratégico, o segundo
capítulo se dedica ao mapeamento do consumidor. Isso quer
dizer que precisamos entender como identificar o público-
alvo de uma empresa, suas principais características e seus
atributos, a ponto de conseguirmos desenhar o seu perfil como
se fosse uma pessoa (persona). Para isso, vamos explorar passo
a passo algumas etapas que ajudam nessa delimitação, como: as
pesquisas de mercado, o que considerar no mapeamento e de
que maneira desenvolver as personas com base nesse ponto.
Nesse viés, uma boa oportunidade a aproveitarmos é
mergulhar na realidade on-line. Uma vez que uma grande parte
das marcas já está voltada ao meio digital, precisamos entender
o que eventualmente se altera nesse cenário e como conhecer,
identificar e mapear o consumidor nesse contexto.
No terceiro capítulo, o objetivo passa a ser entender o que influencia o
comportamento do consumidor e, portanto, o que deve ser considerado nas
estratégias de marketing off-line e on-line. Visto que essas influências podem
ter diferentes fontes, vamos analisar algumas mais marcantes, como as sociais
e as pessoais e, inevitavelmente, a influência que as redes sociais podem ter
no comportamento de consumo.
Percebemos então que o conhecimento sobre o consumidor de um bem
ou serviço faz uma grande diferença. Todos esses pontos que apresentamos
nos ajudam a melhorar o posicionamento, a visibilidade e os resultados
das organizações. Por essa razão, no quarto capítulo, vamos conhecer os
aspectos estratégicos mais relevantes a serem considerados no plano de
marketing, os quais são capazes de melhorar a assertividade de acordo com o
comportamento do consumidor-alvo, tanto off-line como on-line. Desse modo,
serão apresentados de que maneira ocorre a decisão desse consumidor,
como contemplar esses aspectos no planejamento de marketing e de que
modo englobar, também, o on-line nessas estratégias.
Como todos os pontos precisam estar interligados para termos melhores
resultados, é de se esperar que esse conhecimento nos ajude a construir e
direcionar uma melhor experiência para o cliente da nossa marca. Sabendo
como identificar, mapear e direcionar as estratégias, poderemos moldar
como o consumidor vê, entende e interage com a organização. Então, no
quinto capítulo, vamos procurar entender quais são os aspectos-chave do
atendimento e como ele deve ocorrer, além da importância de construirmos
um relacionamento com o cliente. Para finalizarmos, vamos explorar o que é
necessário e de que forma incorporar o comportamento do consumidor para
obtermos as almejadas fidelidade e lealdade de marca.
Bons estudos!
8 Comportamento do Consumidor
1
Conhecendo o comportamento
do consumidor
Estudar o comportamento do consumidor não é uma neces-
sidade recente. Se pararmos para analisar a trajetória do próprio
marketing, veremos que conhecer quem é o seu público-alvo sem-
pre foi essencial para qualquer negócio. No entanto, conseguir en-
tender o seu comportamento se revelou um trunfo a mais, tanto é
que estudiosos e empresas se dedicam a, constantemente, estar
acompanhando as nuances e alterações que podem ocorrer com
o consumidor. Isso porque esse tipo de conhecimento potencializa
a assertividade das estratégias de marketing.
Um bom ponto de partida para entendermos mais a importân-
cia do comportamento do consumidor é conhecer suas definições
e características-chave. Saber quem é e o que faz nos ajuda a
melhor contextualizar a sua participação e a diferença que exer-
ce nas estratégias de marketing. Para mantermos uma ótica de
aprimoramento do sucesso estratégico, uma etapa obrigatória é
analisarmos como ocorre o processo de decisão do consumidor.
Esse conhecimento é a base para sabermos o que o move e, even-
tualmente, como melhorar a sua percepção e os resultados da
nossa marca. Vamos, então, conhecer os processos que podem
promover a ação e o consumo das pessoas.
10 Comportamento do Consumidor
e prováveis consumidores – se comporta. Assim, será possível focar a
funcionalidade, a apresentação e, até mesmo, o aroma que estejam em
sinergia com essas pessoas e que possam agradar com maior facilidade.
Necessidades de autorrealização:
Curiosidade envolvem o alcance do que a
pessoa identificou como sendo
seu potencial de realização
O último degrau da pirâmide, pessoal e profissional.
isto é, as necessidades de
autorrealização, foi atingido por
menos de 3% da população Necessidades de estima:
mundial. associadas à confiança, à
autoestima e ao respeito.
Necessidades sociais:
sentimento de pertencimento
a um grupo (família, amigos
etc.).
Necessidades de segurança:
envolvem o quanto a
pessoa se sente segura
no ambiente (física e
socialmente).
kc
to
ers
Necessidades fisiológicas:
utt
12 Comportamento do Consumidor
um par de calçados é uma necessidade; entretanto, ter o sapato da
marca X é um desejo. Kotler e Keller (2018) afirmam que esses de-
sejos estão associados a padrões de comportamento culturais das
pessoas, podendo ser alterados de acordo com a sociedade.
14 Comportamento do Consumidor
Estudo de caso
Uma agência de viagens quer se especializar em turismo de rotas românticas europeias. Para esse
posicionamento ser bem-sucedido, será preciso entender muito bem quem é o seu provável consumidor,
quando e quanto costuma investir nesse tipo de viagem, onde busca informação, que tipo de destinos
são percebidos como românticos, recorrência etc. Conhecer o comportamento do consumidor vai ajudar a
identificar, até mesmo, possíveis brechas de serviços e ofertas que podem ser preenchidas, exclusivamen-
te, por essa agência.
Com essas informações bem estruturadas, a agência poderá fazer negociação com operadoras que
oferecem pacotes para esses destinos e que possuem o tipo de serviço alinhado aos interesses específicos
desse consumidor, bem como negociar valores, sazonalidade e outros aspectos relevantes para esse ramo
de negócio. Se ela for inteligente, até como a sua interface (apresentação dos pontos de contato), digital
e/ou loja física, está configurada será um ponto para atrair e fidelizar os clientes.
Podemos reparar, até aqui, que a chave das estratégias das empre-
sas com origem no marketing está na satisfação das expectativas, das
necessidades e dos desejos dos consumidores. Tanto é que a definição
de administração de marketing é apresentada como sendo “a arte e a
ciência de selecionar mercados-alvo e captar, manter e fidelizar clientes
por meio da criação, entrega e comunicação de um valor superior para
o cliente” (KOTLER; KELLER, 2018, p. 3).
Selecionar valor
kun
uc
16 Comportamento do Consumidor
das as instituições desenvolvem estratégias de marketing para alcançar
a lealdade de marca, uma vez que atingir esse nível no relacionamento
permite uma melhor resposta à empresa, com menor investimento.
A segmentação de mercado bem-feita e a leitura correta do comporta-
mento do consumidor possuem interferência direta nesse resultado.
Estudo de caso
Um exemplo de como uma empresa pode selecionar valor pode ser encontrado na Azul Linhas Aéreas.
Após estudar o perfil do viajante brasileiro, a companhia optou por oferecer, em seus voos, snacks
(lanches rápidos) que fossem práticos, divertidos e que o passageiro pudesse levar com ele. Em parceria
com empresas do segmento alimentar, ela desenvolveu os lanches Azul, os quais envolvem as cobiçadas
balinhas em formato de avião, batatas fritas e cookies.
ck
sto
g/Shutter
Fornecer valor
kun
uc
Estudo de caso
Um exemplo de como fornecer valor pode ser encontrado nas marcas de produtos de limpeza. O sabão
em pó OMO é uma das marcas favoritas no mercado brasileiro, mesmo não sendo o produto mais
acessível da categoria. A Unilever apostou na tradição que a empresa possui no segmento de limpeza e
propôs uma formulação que deixaria as roupas com um branco mais intenso.
ck
sto
g/Shutter
Comunicar valor
kun
uc
Estudo de caso
Para ilustrar o efeito da comunicação mesmo em segmentos com poucos diferenciais, há alguns anos,
os postos Ipiranga investiram fortemente na divulgação de suas lojas de conveniência. A proposta era
informar que tudo que o consumidor-alvo da rede de combustível busca, no Ipiranga, ele encontra. Além
de os postos serem mais reconhecidos, o resultado foi gerando uma frase que, diretamente, referencia a
marca: “No Ipiranga, tem”.
18 Comportamento do Consumidor
estratégia organizacional e de marketing. Kotler e Keller (2018) de-
fendem que os resultados das empresas não são definidos apenas
por competências técnicas e eficácia dos seus produtos e serviços.
É preciso saber como abordar, como entregar ao seu público, e isso
faz toda a diferença, independente de ser em um contexto digital
ou presencial.
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Pensiri/Shut
Nsit/Shutt
Estímulos internos Estímulos externos
Estão associados às diferenças Estão associados ao ambiente,
identificadas pelo próprio indivíduo (por como a sociedade na qual
exemplo, fisiológicas), aos recursos que ele o indivíduo está inserido,
possui (financeiros e de acesso), às suas o espaço, a cultura e a sua
preferências, ao conhecimento, aos valores estrutura e as relações
pessoais, ao estilo de vida, à personalidade familiares.
e à relevância que a compra teria para ele.
20 Comportamento do Consumidor
Reconhecimento Busca de Avaliação das Decisão Comportamento
do problema informações alternativas de compra pós-compra
Fireofheart/Shutterstock
Para ficar mais claro, vamos explorar um pouco cada uma dessas
etapas do processo de decisão do consumidor.
k
c
on/Shuttersto
Reconhecimento de necessidade/problema
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Busca de informações
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Am
Dinâmica de busca
Fonte de informação
Com as respostas obtidas
Pode ser publicidade, literatura,
na coleta de informação, o
internet, parentes e amigos,
consumidor passa a conhecer
meios de comunicação. Envolve
os concorrentes de determinada
observar ou testar algo antes da
categoria e suas principais
compra.
características.
22 Comportamento do Consumidor
Conjunto de
Conjunto de escolha: munido de
conscientização: mais informações,
consumidor começa a
agrupa as marcas diferenciar as
Conjunto de
que estão sendo marcas e somente
Conjunto total: consideração:
consideradas para algumas passam Decisão: consumidor
são todas as marcas consumidor
serem comparadas a ser vistas como acredita que uma das
disponíveis no considera as
e ponderadas. concorrentes marcas se destaca das
mercado de um marcas que se
equiparadas, ou demais na resolução
segmento. destacaram na
seja, opções a do seu problema.
conscientização.
serem escolhidas.
Vyacheslavikus/Shutterstock
Salientes: Importantes:
aqueles facilmente percebidos com maior relevância no
pelos consumidores. processo de escolha.
ck
Abert/Shuttersto
Qualificadores: Determinantes:
um critério inicial para considerar aspectos que possuem relevância
uma marca é definido. na decisão de uma compra.
24 Comportamento do Consumidor
citar alguns exemplos comuns: “Se tem tanto para vender, não deve ser
tão bom”; “Os mais caros são melhores”; “Para estar anunciando tanto, Livro
devem estar com dificuldade para vender”. O autor, ainda, complemen- No livro A lógica do
consumo: verdades e
ta que o hábito é um bom exemplo de heurística, quando compramos mentiras sobre por que
marcas já conhecidas para não precisar comparar e analisar as diversas compramos, o autor se
propõe a desenvolver
alternativas antes de decidir por uma aquisição. pesquisas que utili-
zem elementos do
k
neuromarketing (teoria
c
on/Shuttersto
Solomon (2016) reforça que essa decisão pode ser orientada pela
motivação da compra para atender a uma necessidade primária (fisio-
lógica), porque desenvolveu uma estima pela marca (emocional), ou
para pertencer a um grupo de amigos (social).
c
on/Shuttersto
Comportamento pós-compra
VIc
A
26 Comportamento do Consumidor
Conseguimos ver que o ciclo de compra envolve, também, o
descarte. Até mesmo nessa fase, a relação que o consumidor tem com
a marca vai alterar o tipo de reação que ele terá.
Estudo de caso
Quer ter um exemplo disso? Vejamos o caso das latinhas de Coca-Cola. Para fazer com que parte do
produto seja colecionável, a empresa investe em edições comemorativas, como nomes populares de
pessoas ou expressões de diferentes países. Assim, é possível aumentar o tempo que o consumidor
interage com a marca.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O comportamento de compra nasce da constatação de uma ne-
cessidade que precisa ser sanada pelas pessoas. Conhecer o compor-
tamento do consumidor é uma mola propulsora dos resultados de
marketing. Essa informação é tão essencial que sua origem se confun-
de com as origens do próprio marketing. A análise constante de pa-
drões comportamentais alimenta, de maneira decisiva, as estratégias
de marketing e, no caso de empresas que querem se manter competi-
tivas, orienta o posicionamento estratégico de toda a organização. Este
último precisa ter como objetivo atender (e superar) às expectativas do
público-alvo.
ATIVIDADES
1. Por que estudar o comportamento do consumidor é considerado
marketing?
REFERÊNCIAS
CHURCHILL JR., G. A.; PETER, J. P. Marketing: criando valor para os clientes. 3. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.
FRÖSÉN, J.; TIKKANEN, H. Development and impact of strategic marketing – a longitudinal
study in a Nordic country from 2008 to 2014. European Journal of Marketing, Bingley,
Emerald Publishing Limited, v. 50, n. 12, p. 2.269-2.294, nov. 2016. Disponível em: https://
www.researchgate.net/publication/311503141_Development_and_impact_of_strategic_
marketing_-_a_longitudinal_study_in_a_Nordic_country_from_2008_to_2014. Acesso em:
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HOLBROOK, M. B. What is consumer reserch? Journal of Consumer Research, Oxônia,
Oxford University Press, v. 14, n. 1, p. 128-132, jun. 1987. Disponível em: https://academic.
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28 Comportamento do Consumidor
KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing. 15. ed. São Paulo: Pearson Education,
2018.
KUMAR, K.; SUBRAMANIAN, R.; STRANDHOLM, K. Market orientation and performance:
does organizational strategy matter? Journal of Applied Business Research, Colorado, v. 18,
n. 1, p. 37-49, jan. 2002. Disponível em: https://clutejournals.com/index.php/JABR/article/
view/2099. Acesso em: 12 jun. 2020.
SCHIFFMAN, L. G. KANUK, L. L. Comportamento do Consumidor. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2000.
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comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 2001.
SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 11. ed.
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VIEIRA, C. B. et al. Motivação na Administração Pública: considerações teóricas sobre a
aplicabilidade dos pressupostos das teorias motivacionais na esfera pública. Revista
ADMpg Gestão Estratégica, Ponta Grossa, v. 4, n. 1, p. 1-18, 2011. Disponível em: http://www.
admpg.com.br/revista2011/artigos/12.pdf. Acesso em: 12 jun. 2020.
30 Comportamento do Consumidor
2.1 Pesquisa de marketing
Vídeo A realidade é que, para ser um bom profissional da área de mar-
keting, é quase um pré-requisito ser um investigador, um curioso
que sempre quer saber mais e o porquê das coisas. Boa parte dessa
constatação vem do fato de que o marketing precisa fazer muitas
perguntas para obter diversas respostas. Por essa razão, uma etapa
fundamental dentro de uma estratégia de marketing organizacio-
nal – se levarmos em consideração que as empresas que querem se
manter competitivas focam nas necessidades do seu público – é a
pesquisa de marketing.
32 Comportamento do Consumidor
mente há alguma confusão, como se ambas as pesquisas fossem a
mesma coisa. Com o intuito de entendê-las um pouco melhor, va-
mos observar as etapas a seguir (KOTLER; KELLER, 2018).
Definição do
problema e dos Desenvolvimento
do plano Coleta de Análise das Apresentação dos
objetivos de informações resultados Tomada de
pesquisa de pesquisa informações decisão
Fireofheart/Shutterstock
Para ficar mais claro, iremos analisar o que cada uma dessas etapas
envolve.
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toc
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it Idea/Shutte
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Vyacheslavikus/Shutterstock
k
toc
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Coleta de informações
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Nesse caso, é preciso ter uma atenção maior, pois é a etapa que
mais pode apresentar erros. É na coleta de informação que verifica-
mos se o tipo de pesquisa, a metodologia e a forma de contato estão
adequados para o estudo. Por isso, é preciso levar em consideração
o perfil da amostra de respondentes para saber se os dados podem
ser coletados via e-mail, Facebook, Instagram (com a compra de da-
dos de utilizadores, por exemplo), questionários on-line ou presen-
cialmente, por meio de entrevistas ou grupos de foco (focus group).
Também é possível julgar se será necessária a condução do pesqui-
sador ou se o formulário pode ser preenchido diretamente pelo res-
pondente. No caso de pesquisas qualitativas, em que os dados são
mais subjetivos, quem está à frente da coleta deve tentar se manter
o mais imparcial possível e, sob hipótese alguma, pode realizar con-
dução ou indução de resposta.
34 Comportamento do Consumidor
No ambiente digital, a coleta dos dados é geralmente mais rápida, até
mesmo quando é feita por meio de mídias sociais – normalmente são
1
1
comercializadas em mídias kits pelas plataformas. Talvez pela necessi-
São pacotes de informações
dade de velocidade nessa realidade, o monitoramento deve ser maior.
gerais dos utilizadores, podendo
Nesse contexto, o padrão comportamental e o próprio cenário – com o ser vendidos para as marcas,
surgimento de novas possibilidades de comunicação, como o Tik Tok – sem dados de identificação
pessoal, apenas com padrões de
também se alteram com muita facilidade e, como o consumidor se torna comportamento.
ainda mais exigente, as marcas precisam estar mais atentas.
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toc
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it Idea/Shutte
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esign/Shutter
Tomada de decisão
-d
e
Lin
Essas etapas servem para ilustrar o que ocorre (ou deveria ocor-
rer) em um projeto de investigação de marketing. Com isso, consegui-
mos perceber que as pesquisas de marketing fornecem informações
poderosas, as quais permitem que os gestores da área e a empresa
conheçam um pouco mais sobre o padrão de comportamento do seu
consumidor.
36 Comportamento do Consumidor
caso do marketing, uma etapa importante para podermos entender o pa-
drão do comportamento do consumidor se refere a saber, efetivamente,
quem são os clientes e os potenciais simpatizantes da marca. Quem são,
onde estão e como vivem, tudo precisa ser conhecido; e a melhor forma
de se conseguir isso é por meio de um bom mapeamento do público-alvo.
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Perfil geográfico
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Perfil demográfico
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Estrutura familiar
Idade
Envolve entender quais são as
Consumidores de diferentes
prioridades de consumo em
idades têm necessidades e
um pequeno grupo de pessoas
desejos distintos. Além disso,
– é preciso saber qual é a média
é natural que, em um mesmo
de pessoas que compõem as
grupo etário, outros fatores e
famílias, por região, ou o grupo
conjuntos de valores possam
social alvo. Esse tópico possui
influenciar o comportamento
grande efeito sobre as
do consumidor.
prioridades de gastos.
38 Comportamento do Consumidor
ck
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One/Shutters
cro Perfil socioeconômico
Mi
Perfil psicográfico
Ns
Perfil comportamental
Sa
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Gula
40 Comportamento do Consumidor
2.3 Desenvolvimento de personas
Vídeo No estudo do comportamento do consumidor, a pesquisa de mar-
keting e o mapeamento do público-alvo geram o bem mais precioso
para qualquer gestor: o conhecimento. Sabemos que, para direcionar
as estratégias, precisamos conhecer pessoas, o que elas fazem, como
vivem, o que aspiram e o que as motivam a consumir. Se nos lembrar-
mos que um dos objetivos do marketing é atender às necessidades dos
clientes, quanto mais e melhores informações tivermos, mais teremos
chances de obter êxito.
Nessa busca por ser o mais específico possível, uma das ferramen-
tas que tem ajudado bastante na compreensão do comportamento do
consumidor e em como desenvolver um relacionamento mais próximo
com ele é o desenvolvimento de personas. Aliás, no marketing contem-
porâneo, vamos ouvir falar bastante desse termo, pelo simples fato de
que ele realmente consegue melhorar os resultados.
42 Comportamento do Consumidor
O primeiro passo envolve buscar dados sobre o mercado e
1
depurá-los. Refere-se, justamente, a analisar as informações
e os insights coletados nas pesquisas de marketing.
Se a empresa já possui um histórico de quem é o seu
consumidor-alvo, é possível separar a amostragem com
essas características. Algumas perguntas – como quem é,
onde se concentra, qual é a idade, profissão e o que espera
da compra – podem ser respondidas por meio da análise de
quem já comprou, sendo reforçadas com pesquisas qualitativas
(entender em profundidade as questões) e quantitativas (maior
alcance). Quando a empresa está iniciando as suas operações,
precisa ter uma ideia de quem é seu público, tomando como
base suas diferenciações e o que possui de proposta de valor.
2
aspectos, que são analisados nesse passo, precisam ser
propostos já no desenho inicial do estudo, antes de ir para
a coleta de dados. É quase como se essa etapa funcionasse
como um sensor, que traça e corrige o alinhamento do
consumidor-alvo. Os dados são avaliados, tratados e
catalogados de acordo com as métricas de segmentação.
Estamos falando das métricas de mapeamento de público,
propostas por Weinstein (1995). Esses aspectos são: localização
geográfica, idade, gênero, renda, etnia, profissão, informações
atitudinais etc. As métricas (dados geográficos, demográficos,
socioeconômicos, psicográficos e comportamentais) possuem
um enorme contributo no desenvolvimento de personas, pois
nos permite focar em quem realmente teria interesse e veria
valor nos diferenciais da marca.
3
mapeamento do público-alvo, existem outros recursos
que os profissionais de marketing podem utilizar para
contribuir na personificação. Alguns exemplos disso Glossário
são arquétipos, fotos, minicurrículos e estórias sobre a
possível personagem, que ajudam nesse desenvolvimento
arquétipo: modelo ou padrão
da persona. É uma etapa que envolve muita sensibilidade
que pode ser reproduzido;
e um bom tratamento dos dados qualitativos para capitar
conjunto de representações para
sutilezas comportamentais e atitudinais do consumidor.
criar uma imagem ideal.
Apesar de não ser o foco deste capítulo, vale referir que entre o pú-
blico-alvo e a persona existe, ainda, uma categoria chamada de avatar.
Mesmo tendo alguns profissionais de marketing que, de um lado, con-
siderem os avatares como sinônimos de personas e, do outro, como
44 Comportamento do Consumidor
significando o mesmo que público-alvo, na realidade, ambas as visões
são imprecisas. Isso porque o avatar, embora seja uma versão que
apresenta mais detalhes, como a presença de arquétipos, ainda não
contém enredos e estórias, como no caso das personas; ele seria uma
categoria intermediária. Isso quer dizer que o avatar consegue ajudar
a situar o profissional de marketing sobre quem é o cliente, mas não
gera a sensação de proximidade e empatia, assim como faz a persona.
Artigo
https://www.academia.edu/1433452/The_field_behind_the_screen_using_netnography_for_
marketing_research_in_online_communities
46 Comportamento do Consumidor
as marcas). Entretanto, para gerar esse relacionamento nas estraté-
gias on-line, as personas – da organização e do consumidor-alvo –
precisam ser trabalhadas de acordo com o seu comportamento no
ambiente virtual.
Os profissionais de marketing devem decidir quais recursos pro-
jetar em um novo produto, estipular preços, onde vender bens
ou oferecer serviços e quanto gastar com propaganda, vendas,
Internet e marketing digital. Essas decisões devem ser tomadas
em um ambiente fomentado pela Internet, onde consumidores,
concorrência, tecnologia e forças econômicas mudam rapida-
mente, e as consequências do que os profissionais de marke-
ting dizem ou fazem podem se multiplicar instantaneamente.
(KOTLER; KELLER, 2018, p. 3)
sto
23/Shutter
Sites
sky
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Blogs
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Vlogs
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48 Comportamento do Consumidor
ck
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ar
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E-mail marketing
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E-commerce
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Redes sociais
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Kirill Mlayshev/Shutterstock
Puckung/Shutterstock
Busca ativa por informação: na realidade Comunidades de consumo: são grupos que
digital, o cliente tem mais facilidade em se unem para partilhar opiniões, impressões e
acessar informações técnicas sobre produtos experiências sobre uma marca específica ou um
e serviços, opiniões de quem comprou tema que pode, indiretamente, interagir
e como foi a experiência e, com com as empresas e, até mesmo,
isso, pode comparar com outros comercializar dentro desses canais,
concorrentes do mercado. Além sem efetivar a venda diretamente
da facilidade de acesso, as – como em um e-commerce.
informações também estão
sempre disponíveis.
Kirill Mlayshev/Shutterstock
Kirill Mlayshev/Shutterstock
Engajamento: é um contributo
positivo da realidade digital para o
Lealdade: refere-se a outro aspecto que, para
marketing. Isso porque, no ambiente on-line,
ser alcançado no digital, se difere do off-line.
o consumidor se sente mais à vontade para
Shankar, Smith e Rangaswamy (2003) apresentam
interagir tanto entre consumidores quanto
que a visibilidade da marca, a facilidade de
com as marcas. No caso das empresas, o
acesso à informação (sobre a marca, produto e/
engajamento leva à maior possibilidade de seu
ou serviço) e o suporte oferecido no processo
cliente entrar em contato para questionar algo,
da compra e na entrega têm um peso maior na
para reclamar ou fazer sugestões. Também
realidade on-line. A satisfação positiva com esses
permite que a organização consiga feedbacks
aspectos possui uma relevância maior na escolha
constantes, que ajudam a medir a sua aceitação
do consumo virtual e na construção da lealdade.
e o comportamento do seu consumidor.
053StudioSign/Shutterstock
50 Comportamento do Consumidor
De maneira resumida, são muitos os aspectos que diferem a reali-
dade digital da off-line. Existem alguns pontos que precisamos ter em
mente já na elaboração da estratégia, por exemplo, como desenvolver
a persona do consumidor-alvo digital e observar se a persona organi-
zacional também está adequada para o ambiente virtual. A estratégia
digital, apesar de precisar ser específica para essa realidade, deve estar
integrada com todas as etapas de marketing. Isso garante que o consu-
midor tenha acesso aos mesmos valores e às mesmas características
da marca em diferentes canais, mas com a mesma coerência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Grande parte do sucesso estratégico se deve ao conhecimento sobre a
marca, seus diferenciais e valores, mas também sobre quem é o seu cliente.
O comportamento do consumidor consegue entregar muitas informações
válidas nesse processo, principalmente por meio de pesquisas de marke-
ting e perfis de mapeamento do público-alvo. Esses dados são importantes
na medida em que nos permitem conhecer quem é o cliente, o que faz,
como se sente e o que motiva a sua escolha de compra. As pesquisas de
marketing – qualitativas e quantitativas – e o mapeamento do público-alvo
nos ajudam a obter informações capazes de desenvolver uma imagem ain-
da mais clara de quem é o consumidor-alvo: as personas.
Com a aceleração da competitividade pós-globalização e, especial-
mente, pós-internet, percebemos que quanto mais detalhes e nuances a
persona conseguir trazer sobre o consumidor, melhor será para a empre-
sa. Para isso, comumente enriquecemos a construção com fotos, enredo
e estória, para conseguirmos construir uma personificação mais próxima
de quem é o cliente. As personagens desenvolvidas, tanto da marca como
do consumidor, precisam conversar na realidade off-line e on-line – sa-
ATIVIDADES
1. A realização de pesquisas de marketing é obrigatória para se elaborar
uma estratégia?
REFERÊNCIAS
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WEINSTEIN, A. Segmentação de mercado. São Paulo: Altas, 1995.
52 Comportamento do Consumidor
3
Influências no comportamento
do consumidor
Se pararmos para pensar como consumidores, vamos reparar
que muitas coisas influenciam nossas escolhas e nosso processo de
decisão. Se analisarmos pela perspectiva de profissionais de mar-
keting, entender bem como se processam essas influências nos dá
a chance de participar dessa dinâmica e manter a nossa marca na
memória do cliente. Por essa razão, é importante estarmos atentos
aos fatores que afetam o comportamento do consumidor.
Como seria praticamente impossível estudarmos todos os fatores
que podem influenciar esse comportamento e o processo decisó-
rio, vamos nos dedicar a explorar aqueles que geralmente possuem
maior relevância. Por vivermos em sociedade, um bom ponto de parti-
da são as influências sociais; a seguir, devemos explorar as que envol-
vem o núcleo do próprio indivíduo, que são as pessoais. Com tantas
informações, opiniões e feedbacks disponíveis on-line, outra fonte de
grande influência no comportamento do consumidor são, justamen-
te, as redes sociais. Como envolve a compra de produtos ou serviços,
entender como as estratégias de marketing podem participar dessas
influências ajuda na vantagem competitiva das marcas.
54 Comportamento do Consumidor
uma maneira de entender como e quanto é gasto com o consumo e de
que modo os membros partilham opiniões e experiências. Compreen-
der como a classe social funciona também nos ajuda a identificar qual
o melhor jeito de interagir com esse público.
Quantidade 0 1 2 3 4 ou +
Banheiros 0 3 7 10 14
Empregados domésticos 0 3 7 10 13
Automóveis 0 3 5 8 11
Microcomputador 0 3 6 8 11
Lava louça 0 3 6 6 6
Geladeira 0 2 3 5 5
Freezer 0 2 4 6 6
Lava roupa 0 2 4 6 6
DVD 0 1 3 4 6
Micro-ondas 0 2 4 4 4
Motocicleta 0 1 3 3 3
Secadora de roupa 0 2 2 2 2
Serviços públicos
Não Sim
Água encanada 0 4
Rua pavimentada 0 2
56 Comportamento do Consumidor
rios de interesses diferentes em relação a preço, perfil de embalagem,
funcionalidade, distribuição etc. A depender da classe social, o perfil de
comunicação também precisa ser adaptado, não pelo poder aquisitivo,
mas, sim, pela similaridade e influência de atitudes que cada uma des-
sas classes inspira.
1
Primários ou laços fortes: são grupos pequenos,
que permitem as interações do tipo “cara a cara” e que
possuem muito tempo de interação. Um bom exemplo é a
família, que, sem dúvidas, é capaz de influenciar fortemente
a formação e o comportamento do indivíduo.
2
Secundários ou laços fracos: apesar de haver interação
“cara a cara”, não têm muita convivência e seu poder de
Filme influência é menor. São os conhecidos na comunidade ou
os colegas de trabalho, por exemplo.
3
a querer fazer parte de um grupo e a querer se distanciar o
máximo possível. Como já é de se imaginar, o aspiracional
é aquele que inspira o sujeito a se apropriar de valores e
comportamentos do grupo de referência com que deseja
estar associado. A pessoa quer se comportar como os
demais e seguir, inclusive, seus padrões de consumo para
No filme Amor por con-
trato, é explorada, princi- ser aceita (como comprar produtos de luxo, para parecer ser
palmente, a questão das de uma determinada classe social). O dissociativo é o oposto;
influências sociais. Nesse é quando não se quer ter qualquer tipo de associação ou
enredo, uma empresa de relacionamento com um grupo, mesmo quando ainda faz parte
marketing é especializada da comunidade (por exemplo, por questões sociais, culturais
em divulgar marcas de e/ou religiosas).
luxo, por meio da sua
incorporação no estilo
de vida de uma família Blackwell, Miniard e Engel (2005) ainda apresentam outras pos-
encenada. Pela convivên-
cia com essa família “de
sibilidades, alegando que os grupos podem ser: formais, com nor-
mentirinha”, as pessoas mas e listas de participantes definidos (como uma de voluntários
passaram a aderir às
marcas dinamizadas.
de apoio às obras de caridade); informais, que são menos estru-
58 Comportamento do Consumidor
Cada tipo de associação faz com que as informações divulgadas no
grupo tenham uma influência maior ou menor, sendo elas mais ou me-
nos confiáveis. Quando a marca consegue participar dessas opiniões
e validações como uma empresa bem avaliada, aumenta substancial-
mente a sua aceitação. Existem, ainda, outros pontos de influência so-
cial, como a questão cultural e o momento de vida do consumidor.
Apesar de apresentar alguns Por ser a manifestação direta do povo, a cultura se atualiza com as
pontos que possam nos levar a modificações do comportamento humano. Observar essas alterações
pensar que seria uma influência
social, nesse caso, a observação auxilia na compreensão sobre o que o público pode estar buscando e
tem a ver com uma tendência de de que maneira a nossa empresa pode se posicionar para ser a escolha
comportamento por fases da vida. ideal. Isso envolve diferentes aspectos da marca: preço, apresentação,
Como assim? A influência social
está muito pautada nas pessoas distribuição etc. Um bom alinhamento garante que os indivíduos te-
(até mesmo no que influencia o nham uma imagem positiva da marca e a recomendem em seu meio.
indivíduo), mais do que estipula
um ponto de corte imaginário,
de acordo com a fase da vida da 3.1.4 Influências do momento de vida/situação
pessoa. Por essa razão, Kotler e
Keller (2018) defendem que é Muitas vezes, o consumo de alguns produtos ou serviços pode estar
importante fazer essa distinção associado ao momento de vida dos consumidores ou à sua situação.
para analisar se há confirmação
Seguro de vida, por exemplo, é algo que as pessoas passam a se preo-
de possíveis fontes de influência
social. Seria como ter um calen- cupar, normalmente, quando possuem família. São muitas as compras
dário de quais são os eventos e que podem estar associadas a idades e necessidades específicas.
de quando esses podem alterar o
comportamento de compra. Assim, cabe analisar qual é a necessidade a qual a marca pode
atender e em qual momento da vida da sua persona. Solomon (2016)
indica que a relação de compra e venda, por definição, abarca um
Estudo de caso
motivo para a ação. Além disso, contempla onde obter informação,
Uma bolsa da Prada pode o local da compra (tanto lojas físicas como on-line), os hábitos da
parecer uma necessidade
importante para uma executiva
pessoa, seu grupo social e a capacidade de compra. No final, todos
de publicidade, solteira, de esses fatores são influenciados pelo momento de vida do indivíduo.
30 anos, que recebe acima da
média da categoria. Porém, se a Para entender esse tipo de influência, precisamos ter as perso-
compararmos com a persona da nas do consumidor-alvo da marca bem definidas. Nesse caso, as si-
publicitária que está casada, à
tuações de vida que favorecem a seleção da marca pelo público já
espera da primeira filha e fazen-
do uma pós-graduação, apesar devem estar identificadas. Para Solomon (2016), aqui entra a ques-
de estarem no mesmo grupo, tão da autoimagem situacional. Com isso, temos que analisar qual
a segunda provavelmente vai
é o papel de um indivíduo em uma determinada situação: entender
priorizar a compra de um bom
carrinho para bebê. Isso porque a como ele interage com a marca, como busca opinião e validação nos
situação de ambas e o momento seus grupos de convivência e qual o tempo que ele dispõe para a
de suas vidas são diferentes.
aquisição do produto ou serviço. O tempo que ele está disposto a
60 Comportamento do Consumidor
esperar para ter acesso ao que foi comprado também influencia – as
compras efetuadas pela internet, por exemplo, envolvem um tempo
de espera para receber o produto em casa.
Personalidade e autoimagem
o od
av
62 Comportamento do Consumidor
A coerência desse relacionamento também envolve a autoima-
gem do consumidor, ou seja, precisamos entender como as pessoas
do nosso público-alvo se veem. Esse aspecto envolve uma questão a
qual precisamos estar atentos: a forma como o indivíduo se enxerga
é subjetiva. Desse modo, é possível que as pessoas escolham se rela-
cionar com marcas que possuam coerência com suas autoimagens
reais, de como elas realmente se enxergam, mas também com “a sua
autoimagem ideal (como essa pessoa gostaria de se ver), ou mesmo
a sua autoimagem de acordo com os outros (como ela pensa que os
outros a veem)” (KOTLER; KELLER, 2018, p. 170, grifos nossos).
k
oc
Shutterst
Fatores psicológicos
Ns
Percepção
Emoções e sentimentos
da área de psicologia que estudam esse tema, como Freud
(teoria das forças psicológicas como formadoras do compor-
Motivação e necessidade
tamento), Maslow (as motivações seguem uma hierarquia de
Aprendizagem
Memória necessidades) e Herzberg (a insatisfação e a satisfação podem
motivar ações respectivas com as emoções desenvolvidas).
Para Blackwell, Miniard e Engel (2005), o gatilho da motivação é
Fonte: Elaborada pela autora.
acionado por uma tensão causada pela percepção de uma fal-
ta. Ou seja, o desconforto de sentir que precisa de algo é uma
forma poderosa de promover um comportamento. Conforme
a necessidade identificada, a atitude da pessoa pode ser de se
aproximar ou de se distanciar de uma marca.
•• Percepção: de que modo o consumidor identifica e interpreta
a sua necessidade influencia a sua motivação para agir. Esse
filtro é feito pela percepção do indivíduo. Para Solomon (2016),
trata-se de um processo que envolve sensações, por meio dos
cinco sentidos, e estímulos básicos, que ativam os sentidos
como luz, cheiro e som, e como eles são identificados, organi-
zados e interpretados. É semelhante a dar um significado para
a influência das sensações de acordo com as crenças, valores,
contexto e experiências do indivíduo. Segundo o autor, esse
processo tem três etapas: exposição, que envolve os estímulo
e receptores sensoriais; atenção, quando se identifica exata-
mente qual era a necessidade; e interpretação, que é o signifi-
cado atribuído aos estímulos sensoriais.
•• Emoções e sentimentos: as nossas atitudes não são totalmen-
te racionais e cognitivas. Como seres humanos, quase todas as
nossas ações podem invocar ou serem influenciadas por emo-
ções e sentimentos. Para Kotler e Keller (2018), tanto as emoções
quanto os sentimentos são resultados dos estímulos ambien-
tais interpretados (percepção) e contextualizados pela realidade
e pelo momento de vida de uma pessoa. Portanto, precisamos
sempre considerar que os consumidores são influenciados por
emoções e, por isso, cabe ao profissional de marketing desen-
volver sentimentos positivos no cliente em relação à marca.
64 Comportamento do Consumidor
•• Aprendizagem: está bastante associada à absorção de um co-
nhecimento, sendo movida pela experiência e podendo refletir
no comportamento (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Ou
seja, quase sempre a aprendizagem está relacionada com as
atitudes. Nesse processo, estão envolvidos impulsos, estímu-
los, sinais e respostas que geram uma ação. Nas teorias de
aprendizagem, há duas abordagens bem populares: a cog-
nitiva, que trata da mudança do conhecimento e processos
mentais; e a behaviorista/comportamental, que promove uma
mudança no comportamento. Para Solomon (2016), a expe-
riência necessária para que exista a aprendizagem não precisa
ser obrigatoriamente direta, e a observação também pode de-
sencadear esse processo. O autor diz que, às vezes, as pessoas
Glossário
podem até aprender algo sem querer – aprendizagem inciden-
tal –, como ocorre quando somos repetidamente expostos a jingle: música desenvolvida
para uma campanha publicitária.
um jingle.
•• Memória: para Kotler e Keller (2018), a memória é um pro-
cesso psicológico que afeta todas as influências no comporta-
mento do consumidor. O processo de memorização pode ser
a curto prazo (algo limitado e temporário) ou a longo prazo
(armazenamento ilimitado, que é lembrado por muito tempo).
“O marketing pode ser visto como o processo que garante aos
consumidores ter a experiência de bens e serviços apropriada,
para que as estruturas certas de marca sejam criadas e man-
tidas em sua memória” (KOTLER; KELLER, 2018, p. 177). Sendo
assim, o marketing das empresas deve tentar, ao máximo, que
elas sejam recordadas por seus clientes, com associações po-
sitivas e pelo maior tempo possível.
66 Comportamento do Consumidor
coerência na apresentação, no discurso e na entrega das empresas nas
diferentes realidades e, quase sempre, fazem essa comparação.
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s/
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Criador
Am
Contribuinte
Pouco ativo e Já possui um Mais ativo e engajado no
participativo nível mediano universo da marca que
Segue o conteúdo de engajamento. se propõe a seguir, a qual
e as comunidades Comenta e se lhe instigou curiosidade,
associados a relaciona com os interesse e identificação.
uma marca. conteúdos Interage e desenvolve
da marca. conteúdo associado
a ela.
68 Comportamento do Consumidor
competição, é importante entender o que é capaz de gerar uma res-
posta cognitiva, emocional e comportamental do consumidor, nessas
plataformas, em relação às marcas. Esses autores indicam que o en-
gajamento ocorre em níveis, de acordo com a imagem e a geração de
valor que a marca consegue apresentar on-line. Ele pode, por exemplo,
ser mantido quando as marcas exploram corretamente a veiculação de
publicidades nas suas páginas das redes sociais; além disso, dependen-
do do conteúdo da peça publicitária, ela pode ser compartilhada pelo
próprio consumidor.
disposto a se relacionar com a empresa. Esse engajamento pode ser BRIDGER, D. São Paulo: Autêntica
Business, 2018.
um percursor de lealdade, dependendo de como a marca se posiciona
(caso a sua mensagem esteja alinhada com o perfil do público-alvo e
da plataforma).
ATIVIDADES
1. Como diferenciar a influência de classe social e de grupo de referência?
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70 Comportamento do Consumidor
4
Estratégias de marketing
off-line e on-line
Um dos fatos que precisamos sempre lembrar é que toda
organização precisa de estratégias para obter resultados e man-
ter uma vantagem competitiva. No marketing, essa necessidade
é a mesma. Por maior que seja a sensibilidade do gestor e por
mais que ele detenha um grande conhecimento sobre o compor-
tamento do seu consumidor-alvo, é preciso estruturar as ideias,
informações e atitudes a serem adotadas. Entender profunda-
mente quem é a organização, qual valor ela entrega e para quem
é um elemento-chave para compor um plano estratégico para
toda a empresa, funcionando como ponto de partida. Entretanto,
há muitos outros aspectos que precisam ser contemplados na
estratégia corporativa e de marketing.
Compreender que existem diferenças quando se trata de
bens e de serviços é essencial para entender o que é esperado do
comportamento do público e como elaborar um plano estratégi-
co para cada um dos cenários. Compreender como se processa
a decisão do consumidor, mesmo nesses diferentes contextos,
ajuda a delimitar quais são os planejamentos e as ações de
marketing mais indicados. Outro ponto que nos ajuda a traçar
estratégias é perceber como alinhar as estratégias off-line com
um plano estratégico que leva em consideração a realidade e o
comportamento do consumidor digital. Todos esses pontos con-
versam e convergem entre si na performance do marketing.
Bens Serviços
Tangível, palpável Intangível, experiencial
72 Comportamento do Consumidor
ral Sun Tzu, e desde então foi bastante difundido no meio militar.
Nesse contexto, a estratégia era associada a conhecer as capacida-
des e competências do seu exército, mapear o campo de batalha
e saber os pontos fortes e fracos do oponente. Já dá para ima-
ginar o porquê desse conceito ter migrado para a realidade das
organizações: pela concorrência. Depois da Revolução Industrial, a
competição entre as empresas e a busca por uma vantagem com-
petitiva sustentável precisavam ter uma “fórmula” que permitisse
obter maior retorno. Então, foi assim que a estratégia migrou da
realidade militar para a batalha entre as marcas.
Arquitetura
Planejamento
Refere-se ao que se pretende
Traça a melhor rota, isto é, como
atingir, o destino a ser alcançado,
atingir os objetivos e em quanto
o alvo da organização. A
tempo. O planejamento leva em conta
arquitetura permite visualizar até
questões financeiras da organização,
onde a empresa pode chegar
como objetivos de faturamento e
e o que ela precisará para isso
orçamento para gastos em atividades.
(HAMEL; PRAHALAD, 1995).
Essa preocupação é analisada nos dois
Ela não é exclusiva de grandes
sistemas de planejamento (estratégico
organizações e precisa do plano
e operacional) e ambos auxiliam na
estratégico para se concretizar.
integração dos objetivos em curto,
médio e longo prazo.
74 Comportamento do Consumidor
Figura 1
Etapas da gestão estratégica contínua
ETAPA III:
ETAPA I:
direcionamento
diagnóstico ETAPA II: estratégico e
estratégico. aprendizagem.
preparo
estratégico e
operacional.
1
significa indicadores-chave de desempenho; é o balanced
scorecard (BSC), de Kaplan e Norton (1997). É uma
metodologia bastante utilizada em indústrias e negócios
mais conservadores, contando com o mapeamento de
indicadores que funcionam como metas para atender aos
objetivos organizacionais. “A construção do Scorecard, com
sua ênfase nas causas e efeitos, induz o raciocínio sistêmico
e dinâmico. Profissionais dos diversos setores da organização
passam a entender como as peças se encaixam, como seus
papéis influenciam outras pessoas e, por fim, a empresa
inteira” (KAPLAN; NORTON, 1997, p. 16). Nesse caso, os
gestores indicam quais são as métricas a serem contempladas
nos indicadores e quais são os percentuais a serem atingidos e
em quanto tempo.
Livro
OKR (Objectives and Key Results): Em português, significa
2
No livro Competindo pelo objetivos e resultados-chave. É uma versão mais moderna
futuro, é possível explorar
de indicadores muito utilizados em startups e empresas
as diferenças e os contri-
de tecnologia. Os OKRs possuem uma estrutura na
butos tanto da arquite-
qual os objetivos e os indicadores, ou resultados-chave,
tura estratégica como do
planejamento estratégico precisam ter uma raiz, que está associada ao objetivo
em diferentes realidades do departamento ou da empresa. Nesse caso, as equipes
organizacionais. Os auto- identificam metas numéricas que se desafiam a atingir
res apresentam técnicas dentro da estratégia corporativa, por exemplo, ser o melhor
de como estruturar o integrador para marketplaces no Brasil.
desenvolvimento de
ambos para melhorar
a competitividade da Em ambos os casos, são monitoradas as etapas da gestão estraté-
empresa e, assim, obter
boas respostas para os gica. Isso permite verificar se o planejamento está corretamente ali-
negócios. nhado com a arquitetura da estratégia organizacional. A seleção da
HAMEL, H.; PRAHALAD, C. K. Rio de ferramenta utilizada deve avaliar se ela atende de fato ao negócio e se
Janeiro: Campus, 1995.
está corretamente adaptada à realidade de produtos ou serviços.
76 Comportamento do Consumidor
A estratégia de bens e serviços possui particularidades desde sua
arquitetura até sua implementação operacional. Entender como es-
sas características podem ser contempladas estrategicamente nos
permite compreender como valorizar cada atributo para obter uma
vantagem competitiva. Nesse contexto, a gestão estratégica por in-
dicadores é uma boa forma de monitorar e mensurar se as etapas
previstas no planejamento estratégico estão alinhadas com a visão
do negócio, com o que entrega e para quem. Vale reforçar que é
possível entender como se processa a estratégia de ambos os seg-
mentos respeitando as particularidades e características de cada um
deles, ou seja, sem que a implementação estratégica seja igual para
produtos e serviços.
1
ser mais consciente, mais meticuloso – até mesmo
para aproveitar o processo e a antecipação que, em
muitos casos, faz parte da experiência de compra. Por
envolver produtos inovadores, muito complexos ou com
investimento elevado, o indivíduo quer minimizar o risco
de uma escolha errada. Com alto envolvimento, o indivíduo
analisa os diferenciais de cada marca.
78 Comportamento do Consumidor
Baixo envolvimento: pode ocorrer por muitos motivos.
2
Podemos citar, como exemplo, quando os consumidores
não conseguem perceber claramente os diferenciais
de cada concorrente (como acontece com commodities)
ou quando estão mais expostos a gatilhos mentais
e fatores ambientais. Muitas vezes, a aquisição leva em
conta prioritariamente questões como disponibilidade e
preço; nisso, o risco de perda percebido pelo consumidor, no
caso de ser uma decisão errada, é considerado baixo.
Decisões rotineiras
Sh
ve
Decisões limitadas
S hu
ek
80 Comportamento do Consumidor
Churchill Jr. e Peter (2012), essas decisões envolvem, de qualquer manei-
ra, mais tempo do indivíduo, porque há pelo menos alguma busca de in-
formação para avaliar as possibilidades de marcas disponíveis. Essa busca
pode ser pelos dados de histórico que já possui como comprador de uma
empresa, pelos sites, pelas mídias sociais ou pela opinião de pessoas co-
nhecidas. Um exemplo desse tipo de decisão é quando compramos por
necessidade de repor um secador de cabelo ou para experimentar uma
nova referência de uma marca conhecida de creme para o rosto.
Decisões extensivas/ampliadas
Sh
ve
82 Comportamento do Consumidor
gócio. Para ser eficaz, tanto a visão como o planejamento estratégico
precisam ser formalizados e explícitos. O plano precisa compartilhar
com todos da organização (ou do departamento, quando é o plano
de uma área) o que e quando será feito e o resultado que se espera
obter. Afinal, a meta do planejamento é indicar as ações estratégicas
e conseguir monitorar e mensurar se essas foram postas em prática e
se tiveram uma boa resposta. De maneira resumida, o planejamento
estratégico seria o modo como uma estratégia pode ser desenvolvida
– equivale a um plano de guerra.
84 Comportamento do Consumidor
pressivo. Nesse contexto, as ações de marketing devem investir em Filme
disponibilizar informações sobre os benefícios e as vantagens do A temática do filme Joy: o
produto/serviço, onde ele pode ser adquirido e o seu posicionamento nome do sucesso envolve
os esforços de uma mãe
face aos concorrentes. solteira inventora, que se
tornou uma empreen-
Por último, quando a decisão é extensiva/ampliada e o envolvi-
dedora de sucesso
mento do consumidor é mais alto, as ações de marketing devem evi- nos Estados Unidos da
América. No drama, Joy
denciar os diferenciais da marca e, se possível, a sua exclusividade
desenvolveu um novo
(por ser algo inovador, ter muita tradição ou possuir um investimento produto para facilitar a
limpeza, o qual poderia
elevado). Diversas formas de contato devem ser disponibilizadas para
poupar tempo de outras
tirar dúvidas de maneira personalizada e proporcionar uma jornada mães e donas de casa. O
filme mostra como não
de compra instigante, clara e agradável.
foi fácil obter a aceitação
e gerir o negócio, bem
O planejamento estratégico é uma etapa que deve dosar o for-
como as dificuldades de
malismo e a possibilidade de adaptabilidade, sendo um mapa apresentar os diferenciais
do produto, de conseguir
compartilhado do que será feito e quando. Contudo, precisa ter uma
investidores e de desen-
flexibilidade para se ajustar a mudanças expressivas do mercado, volver uma marca de
sucesso.
do público ou da empresa. Tanto as estratégias quanto as ações de
marketing precisam estar em sintonia com o padrão decisório do Direção: David O. Russell. EUA: Fox
2000 Pictures; Davis Entertainment
consumidor; essa é uma boa forma de a marca acertar no seu posi- Company; Annapurna Pictures; TSG
cionamento e otimizar seus resultados. Entertainment, 2016.
86 Comportamento do Consumidor
Esses critérios são capazes de afetar a probabilidade de o indivíduo se
engajar, compartilhar e gerar informações.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A estratégia é essencial para qualquer negócio. Começamos pela visão
de que a arquitetura estratégica fornece sobre aonde a empresa quer
chegar. Com esse objetivo, é possível elaborar o modo de concretizar essa
visão pelo planejamento estratégico. Além disso, um ponto interessante
sobre o planejamento estratégico organizacional é o quanto ele alimenta
e é alimentado pelo marketing.
O plano de marketing deve focar as estratégias e ações que conside-
rem o comportamento do seu consumidor, tanto on-line como off-line,
além de entender como contemplar o padrão de decisões do seu público
para direcionar o posicionamento e as atividades do marketing. Essa é a
melhor forma de otimizar os resultados da marca.
88 Comportamento do Consumidor
ATIVIDADES
1. A arquitetura estratégica sobrevive sem o planejamento?
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MENDONZA, X.; PLANELLAS, M. Estratégica e a estratégia, estrutura, decisão e identidade.
Barcelona: ESADE, 1995.
PORTER, M. E. What is strategy? Harvard Business Review, v. 74, n. 6, p. 61-78, 1996.
SOLOMON, M. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 11. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2016.
5.1 Atendimento
Vídeo Apesar de ser constantemente negligenciado pelas organiza-
ções, para o marketing, o atendimento funciona como “a hora da
verdade”. Mas, como assim? Simples, é nesse contato direto entre
a empresa e o indivíduo que o alinhamento de personas (organiza-
cionais e do consumidor-alvo) é posto à prova. Freemantle (1994,
90 Comportamento do Consumidor
p. 13) complementa que “o atendimento ao cliente é o teste final.
Você pode fazer tudo em termos de produto, preço e marketing,
mas, a não ser que você complete o processo com um atendimento
ao cliente incrivelmente bom, corre o risco de perder negócios ou
até mesmo sair do negócio”. Isso porque – como já é esperado,
devido à realidade digital – o padrão de exigência do consumidor
hoje é maior do que há alguns anos. Atualmente, o mínimo que ele
espera encontrar no atendimento é velocidade, prestatividade e
empatia.
Experiência do cliente 91
Envolve a análise das características comportamentais
1
mais indicadas a serem observadas no recrutamento
e na formação da equipe. Para um bom atendimento,
é recomendável pessoas que tenham, por exemplo,
paciência e proatividade. Há situações em que a
dinâmica de interação com o consumidor pode ser
desgastante para ambos. Nesse sentido, ser atendido por
alguém que ouve e que realmente tenta resolver o problema
é capaz de alterar a resposta do indivíduo e converter um
episódio pouco favorável em algo positivo para a marca.
2
desempenhando treinamentos e atualizações para
a equipe. Tecnicamente, as pessoas que trabalham
no atendimento precisam conhecer ao máximo os
produtos e/ou serviços. Além disso, o comportamento
do consumidor está sempre mudando; assim, novas
soluções que a empresa oferece podem motivá-lo a
escolhê-la. Para lidar com ambos os cenários, o atendente
precisa sentir que tem todas as informações necessárias para
atender e que elas estão atualizadas. É preciso acompanhar
como está sendo desempenhado o atendimento nos
treinamentos, como um meio de entender o que o consumidor
precisa (quais são os temas mais populares).
3
Uma vez que estar “na linha de frente” e interagir com o
cliente envolve muita dedicação e esforço, o marketing
precisa prever metas e padrões de excelência, que caso
sejam obtidos e mantidos, garantem ao colaborador
um prêmio. Essas métricas podem ser um número de
contatos satisfeitos, as notas de avaliação do atendimento
ou mesmo as vendas, dependendo do tipo de atendimento
desempenhado – ativo, quando a empresa contacta o
consumidor, e passivo, quando é acionada para responder a
dúvidas e dar suporte. Esse reconhecimento funciona como
um motivacional para a equipe atender cada vez melhor.
Apesar de muita gente achar que tudo que envolve pessoas
está associado aos recursos humanos da empresa, a motivação
da equipe e as métricas de reconhecimento são técnicas e
Glossário ferramentas do marketing para obter melhores resultados.
URA: unidade de resposta audível;
gravação que indica as opções
que o consumidor tem para ser Dessa forma, há diferentes possibilidades de atendimento e etapas.
atendido e já encaminha o contato Elas podem integrar automações, como URAs, e atendimentos perso-
para o departamento indicado.
nalizados, seja no formato presencial, seja por telefone ou canais de
92 Comportamento do Consumidor
comunicação on-line. Em todos esses formatos, o perfil humano de-
dicado ao atendimento deve estar alinhado com as características da
organização e o perfil do público-alvo.
c
Ma
Experiência do cliente 93
k
oc
rst
ector/Shutte
Telemarketing ou televendas
rov
c
Ma
c
Ma
94 Comportamento do Consumidor
terializar a sua persona e o seu posicionamento. Essa interação con-
tribui para a construção da imagem da organização na memória do
consumidor e, em paralelo, permite obter feedbacks e informações so-
bre a aceitação da marca. Por isso, é essencial desenvolver estratégias
de marketing que aumentem a entrega de valor e que satisfaçam e
excedam as expectativas do consumidor para, assim, gerar a satisfação
e iniciar a construção de um relacionamento.
A satisfação
do cliente não As empresas devem
é garantia de analisar os dados
lealdade, mas é e padrões de
Atualmente, um bom ponto comportamento do Os dados do histórico
o consumidor de partida para consumidor para de compra fornecem
o indivíduo se Um bom
aprecia ser propor soluções ideias sobre o que
interessar em relacionamento
ouvido e sentir que superem as atraiu a atenção
manter esse pode ser um
que as empresas suas expectativas. do cliente e de
relacionamento precursor da
valorizam as como é seu ciclo de
com a marca. lealdade.
suas opiniões e compra (caso haja
sugestões. reincidência).
Vyacheslavikus/Shutterstock
Experiência do cliente 95
A verdade é que as estratégias de marketing devem levar em con-
sideração como captar e manter o interesse da sua persona-alvo
desde a construção do posicionamento (KOTLER; KELLER, 2018).
Além de ser rentável do ponto de vista financeiro (de assegurar um
volume de faturamento), o relacionamento garante a captação cons-
tante de informações que ajudam a otimizar o planejamento estra-
tégico. Essas informações iniciam um ciclo virtuoso, que permite
gerar a aproximação do que os consumidores da marca precisam,
transmitindo, para eles, a ideia de cocriação e de ser valorizado pela
empresa.
96 Comportamento do Consumidor
Personalizar a comunicação com o cliente.
É possível fazer isso via diferentes pontos de
contato. Isso permite que a pessoa se sinta
especial e passe a ter mais empatia com a marca.
Tar
apon Fazer diferenciação por peso de quem é o cliente organizacional hoje.
gS
iri/
Shu O peso desse consumidor pode ser encontrado na combinação de quais
tter
sto
ck são as suas necessidades e qual é o seu valor para empresa (quanto gera
de faturamento e com qual frequência). Com isso, é possível direcionar
estratégias diferenciadas para cada contexto.
Identificar quem são os clientes da marca hoje e aqueles que podem se tornar, o
que significa que é preciso manter um foco na persona do consumidor-alvo. Para
isso, é necessário monitorar constantemente os pontos de contato com a marca
para captar possíveis mudanças no perfil do seu cliente.
Experiência do cliente 97
e Keller (2018, p. 144) apresentam um ponto que merece atenção: o
CRM “funciona melhor para aquelas [empresas] que costumam cole-
tar uma grande quantidade de informações individuais dos clientes e
comercializam uma grande quantidade de produtos que se prestam
à venda cruzada, requerem substituição ou atualização periódicas e
oferecem alto valor”. Isso significa que, apesar de essa sigla ter se
tornado bem popular nas estratégias de marketing, tanto de produto
como de serviço, é preciso entender se a realidade de negócios da
marca se encaixa com um CRM ou se o departamento de marketing
consegue fazer essa gestão sem a automação. Uma boa forma de en-
tender melhor a adaptabilidade do CRM à realidade de uma empresa
é conhecer a sua definição.
98 Comportamento do Consumidor
lidade do produto ou serviço, de padrão de qualidade, de inovação e
de logística – serão atendidas. Quando a organização implementa um
software, uma metodologia, a TI também passa a precisar ser envol-
vida para garantir a funcionalidade dos CRMs. Portanto, o relaciona-
mento da empresa com o consumidor deve ser encarado como um
esforço integrado das áreas.
Vantagens do
relacionamento
Promover o
engajamento entre Entender a
marca e público-alvo perspectiva do
(mesmo em consumidor,
negócios on-line). suas
necessidades.
Ajustar as
estratégias entre
as áreas da
organização.
Experiência do cliente 99
e, inclusive, incorporar metodologias de CRM, dependendo do perfil
e dimensão do negócio. É preciso ter em mente, principalmente nas
estratégias de marketing, que o bom relacionamento deve ser pau-
tado em entregas de valor, capazes de gerar uma satisfação positiva
no cliente da organização.
Com isso, surge a pergunta: há diferença entre ser fiel ou leal aos
produtos e/ou serviços de uma empresa? Efetivamente, sim. Apesar
de aparecerem como sinônimos em alguns dicionários, na prática, há
divergências sutis entre os conceitos quando aplicados em diferentes
contextos – por exemplo, de relacionamento interpessoal e emocional.
No caso do marketing, é interessante perceber que há diferenças entre
a fidelização do consumidor e a sua lealdade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por que as organizações investem tanto em obter a lealdade dos seus
clientes? Porque a lealdade de marca pode ser vista como uma blindagem,
uma barreira protetora que, além de evitar que o cliente deixe de consumir
daquela empresa, prova que ele está preparado para defendê-la e até ir
contra consumidores de concorrentes que atentem contra a marca.
Para o marketing, conquistar essa lealdade é ter a certeza de que todas
as estratégias planejadas e implementadas estavam alinhadas ao compor-
tamento do seu público-alvo. Por conseguir esse alinhamento, percebemos
que o atendimento e o relacionamento foram capazes de agregar valor para
esse consumidor, que se manteve satisfeito com a organização. Além disso,
as métricas de fidelização conseguiram fazer com que o consumidor desen-
volvesse laços de empatia e afeto com a marca, a ponto de ele associar a
marca da organização à sua marca pessoal, sendo um promotor e defensor
dela. Justamente por isso, é compreensível por que também é tão difícil che-
gar a esse nível. Por essa razão, independentemente de ser um negócio de
produto ou serviço, on-line ou off-line, investir em técnicas, ferramentas e
métricas que permitam desenvolver a lealdade ainda é uma ótima estratégia.
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o mundo e-business. São Paulo: Makron Books, 2001.
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SOLOMON, M. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 11. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2016.
Gabarito 107
4 Estratégias de marketing off-line e on-line
4. Na verdade, não. É mais viável haver um planejamento estratégico
sem uma arquitetura formalizada do que o contrário. Como exemplo,
podemos pensar o seguinte: é possível fazer o projeto arquitetônico de
uma casa sem saber como se pode construir? Seria difícil de executar.
Sem um planejamento estratégico para descrever como obter os
resultados estratégicos, a visão do negócio encontrada na arquitetura
deixa de ser um objetivo concreto e realizável para se tornar algo
abstrato, como um sonho.
5 Experiência do cliente
7. A motivação da equipe de atendimento é responsabilidade do
marketing na medida em que deve funcionar como uma forma de
melhorar o desempenho da área (número de contatos, pontuação
de avaliação e até mesmo vendas). A motivação e a recompensa são
ferramentas do marketing para que o colaborador sinta que quanto
mais engajado com o objetivo traçado pelo marketing, mais retorno
ele obterá.
9. Não existe uma delimitação por segmento que indique um que seja
mais favorável ao desenvolvimento da fidelidade de marca. Tanto em
produtos como em serviços, o que vai decidir se há potencial para
fidelização é como foi desenvolvida a estratégia. Ou seja, se a empresa
conhece bem o público-alvo e se promoveu um bom relacionamento
com o cliente ao ponto de ser perceptível a entrega de valor que a
marca faz para o consumidor..
Gabarito 109
COMPORTA MENTO DO CONSUMIDOR
JEANNE BOTELHO MACIEL