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Escrita

Sou uma portuguesa natural.


Talvez por isso devesse ser uma pessoa orgulhosa e patriota, uma
ferrenha do Futebol, que anseia a exposição da bandeira nacional
na varanda quando o mundial chega, que veste a camisola com o
famoso número 7 nas costas e que enche o peito para dizer que
vem do País onde Nossa senhora foi avistada, do país onde se
canta o fado com um imponente coração de Viana colado ao peito,
onde os pastéis de nata são feitos e se vendem latas de Sardinha
como recordação. No entanto, dou comigo a questionar-me como
independentemente de todas estas nobres qualidades que o meu
Portugal tem, a minha única opção para poder ter alguma
qualidade de vida seja uma possível emigração.
Há quem diga que somos famosos pelo nosso Bacalhau, há
também quem nos reconheça pela nossa capacidade inata de
chegar sempre atrasados, e confesso, nesse aspeto sou bastante
portuguesa.
Acho fascinante como temos a descontração de, embora vendo
sempre o copo meio vazio, continuar com fé que alguém vai
conseguir mudar isso por nós.
É espantoso em como pleno século XXI a nossa realidade seja
cada vez mais abismal e tão idêntica aos séculos passados.
Mas…podemos fazer algo para mudar este estilo de vida?
Poder, podíamos, mas concordamos demasiado com o “deixa para
amanhã o que podes fazer hoje”.
Vivemos no país onde reina a procrastinação, onde a vontade de
mudar é deixada para o que vier a seguir e a responsabilidade dos
factos é trespassada para outro enquanto continuar a ser possível.
Finalizo então com uma pergunta que percorre a minha mente
“Será que somos só preguiçosos ou apenas temos demasiado
medo da mudança?”.

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