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Toxoplasmose

Profa Marcilene R. Silva


Protozoários de interesse
médico
Veículo de Via de
Espécie Doença Fonte de infecção Forma de transmissão
transmissão penetração
E. histolytica Amebíase Humanos Cistos (fezes) Água, alimentos Oral
 ok
T. cruzi Chagas Cão, gambá Tripomastigota Barbeiros S. tegumentar

G. lamblia Giardíase Humanos Cistos Água, alimentos Oralok

T. vaginalis Tricomoníase Humanos Trofozoíto Sexual Trato ok


genital
Alimentos,
Oocistos (fezes de Oral,
água
T. gondii Toxoplasmose Gatos/felídeos gatos); cisto na carne ; placentária,
contaminada,
taquizoítos no leite sanguínea
carne crua
L. braziliensis Leishmaniose Cães Promastigotas Lutzomyia  ok
S. tegumentar

Plasmodium Malária Humanos Esporozoíto Anopheles  ok


S. tegumentar
Paciente primigesta com IgM e IgG
positivos para Toxoplasmose na 12º
semana de gestação. Na 22º semana
iniciou tratamento com espiramicina. Na 33º
semana foi realizada aminiocentese cujo
exame molecular (PCR) deu positivo para
DNA de Toxoplasma. No US na mesma
semana foi observado no feto aumento dos
ventrículos cerebrais e microcalcificações
cerebrais. Ao nascimento mostrou
comprometimento ocular. Bebe em
tratamento (HIGA et al., 2010)
Paciente primigesta com IgM e IgG
positivos para Toxoplasmose na 12º
semana de gestação. Na 22º semana
iniciou tratamento com espiramicina. Na 33º
semana foi realizada aminiocentese cujo
exame molecular (PCR) deu positivo para
DNA de Toxoplasma. No US na mesma
semana foi observado no feto aumento dos
ventrículos cerebrais e microcalcificações
cerebrais. Ao nascimento mostrou
comprometimento ocular. Bebe em
tratamento.
Caso clínico Marcilene- 2017
Exame periódico: IgM e IgG negativos
1º trimestre (4º gestação): IgM indeterminado e IgG
reativo
Avidez de IgG: moderado
Início de tratamento: espiramicina- custo
2º trimestre: IgM reativo e IgG reativo (mudança de
método)
18º semana: aminiocentese
PCR: negativo
3º trimestre: IgM reativo e IgG reativo
Exames de imagem: normal
Exames ao nascimento: raio-x, sorologia IgM e IgG
pareada, fundo de olho, ultrassom transfontanela
(punção medula)- análise patológica da placenta
Toxoplasmose
Cisto com bradizoítos

Taquizoítos
Toxoplasma gondii: Hospedeiro definitivo: rep. sexuada

parasita intracelular
obrigatório de aves e
mamíferos
CLASSIFICAÇÃO

REINO:
Protozoa

Complexo apical
FILO: ESPÉCIE
Apicomplexa Merogonia = Toxoplasma gondii
esquizogonia
ORDEM:
Eucoccidiida
• Agente etiológico
FAMÍLIA:
Sarcocystidae

Gênero:
Toxoplasma

Toxon = arco
Aspectos epidemiológicos
• É uma importante zoonose

• Distribuição mundial (Doença parasitária negligenciada)


• Prevalência: 30 a 50% da população mundial

• Grupos de risco:
• Fetos, transplantados, HIV+

• Fatores sócio-econômicos

• Modos de infecção
• Alimentos ou bebidas contaminados com oocistos de Toxoplasma gondii
• Carne crua contendo cistos de Toxoplasma gondii
• Transplancentária (Toxoplasmose congênita)
• Transplante de órgãos
• Inalação de oocistos (http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-
epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/doc/parasitas/toxoplasma_gondii.pdf)
• 2020: relato de vários casos de
Toxoplasmose em Ouro Preto. Semelhança
dos casos: UFOP

Dados não publicados


Formas de vida do Toxoplasma gondii
Taquizoítos
• Forma infectante, proliferativa
• Semelhante a um pequeno arco
• Presente na fase aguda
• Encontrados no vacúolo parasitóforo (VP) de várias células
• Multiplicação: Endodiogenia

Bradizoítos
• Forma infectante
• Encontrados dentro do VP em células
• Multiplicação lenta (bradi)
• Fase crônica
• Presentes no cérebro, retina, músculos

Oocistos
• Forma infectante
• Resistência (12 a 18 meses)
• Contém 2 esporocistos e 4 esporozoítos
• Presente no ambiente (fezes de felídeos)
Taquizoítos

Complexo apical
• Conoide
• Anel polar
• Microtúbulos
subpeliculares
• Micronemas
(reconhecimento e adesão)
• Roptrias (penetração)
• Grânulo denso
(remodelação do vacúolo)
Taquizoítos no pulmão Cisto com Cisto isolado com
Bradizoítos Bradizoítos
(músculo)

Gameta
masculino
Merozoítos Oocisto não Oocisto
(intestino
(intestino de gato) esporulado esporulado
de gato)
Márcia Attias , Dirceu E. Teixeira , Marlene Benchimo , Rossiane C. Vommaro , Paulo Henrique Crepaldi and Wanderley De Souza.
Attias et al. Parasites Vectors (2020) 13:588The life-cycle of Toxoplasma gondii reviewed using animations
Ciclo
biológico

• Heteroxênico

• Felinos não-
imunes
(hospedeiro
definitivo). Ciclo
completo
(sexuado e
assexuado)

• Milhões de
oocistos
(primoinfecção)
por 2 semanas HUNTER, Christopher A.; SIBLEY, L. David. Modulation of innate
immunity by Toxoplasma gondii virulence effectors. Nature Reviews
Microbiology, v. 10, n. 11, p. 766, 2012.
Márcia Attias , Dirceu E. Teixeira , Marlene Benchimo , Rossiane C. Vommaro , Paulo Henrique Crepaldi and Wanderley De Souza.
Attias et al. Parasites Vectors (2020) 13:588The life-cycle of Toxoplasma gondii reviewed using animations

Parte 1- https://www.youtube.com/watch?v=Fiu6ZvbWa4E&t=255s
Parte 2- https://www.youtube.com/watch?v=xrTI2pH_HNo&t=15s
Márcia Attias , Dirceu E. Teixeira , Marlene Benchimo , Rossiane C. Vommaro , Paulo Henrique Crepaldi and Wanderley De Souza.
Attias et al. Parasites Vectors (2020) 13:588The life-cycle of Toxoplasma gondii reviewed using animations
Patogenia
Emagrecimento,
- Variável: anemia, queda de
. Da cepa do parasito: ex cobaias Morte
x pelo e retorno ao
estado geral

. Resistência da pessoa
. Modo de infecção: congênita é a mais grave

- Teratógenos biológicos pesquisados no inicio do pré-natal:


citomegalovírus, rubéola e toxoplasma
Formas clínicas
• Severidade dos sintomas dependem das linhagens do
Toxoplasma gondii
• Tipo I (maior virulência)
• Maior motilidade
• Habilidade para cruzar barreiras celulares – disseminação rápida
• Alta mortalidade
• Tipo II (virulência intermediária)
• Tipo III (baixa virulência)
• Linhagens II e III – estimulam alta resposta pró-inflamatória, o
que reduz a disseminação do parasito e as alterações patológicas.

• No Brasil há uma variabilidade no número de linhagens o


que se relaciona a maior gravidade da infecção
Formas clínicas da Toxoplasmose
• Assintomática
• 80 a 90% dos pacientes
• Sintomática (10 a 20% dos casos em adultos
e crianças) – 5 a 23 dias pós-exposição
• GERALMENTE NOS IMUNOCOMPETENTES:
• Linfadenopatia cervical discreta
• Febre
• Mal-estar
• Sudorese noturna
• Mialgias
• Dor de garganta
• Retinocoroidite é reportado
Formas clínicas da Toxoplasmose
• Sintomática
• TOXOPLASMOSE CONGÊNITA
Extremamente grave; gestante em fase aguda ou reativação da
infecção por imunodepressão
• 15-55% das crianças aos nascimento e primeira infância, sem
detecção de IgM anti-toxoplasma
• ~67% dos pacientes sem sinais ou sintomas de infecção
• Tétrade de sintomas (tétrade de sabin) : Retinocoroidite ;
Calcificação intracraniana , hidrocefalia e distúrbios
neurológicos
• Febre, Anemia, trombocitopenia, icterícia, hepatoesplenomegalia,
linfadenopatia
• Microcefalia
• Deficiência intelectual, convulsões, alterações visuais,
espasticidade (aumento do tônus muscular), perda auditiva (28%
em pacientes não tratados)
Lesões fetais na toxoplasmose conforme
período de gestação
• Primeiro trimestre de gestação
Aborto
• Segundo trimestre de gestação
Aborto ou nascimento prematuro com anomalias graves
• Terceiro trimestre de gestação
Nascimento normal; apresenta evidências da doença alguns
dias, semanas ou meses.
 Comprometimento ganglionar generalizado, edema,
hepatoesplenomegalia, miocardite, anemia, trombocitopenia, lesões
oculares com inflamação e degeneração (foco em roseta), calcificação
cerebrais, perturbações neurológicas (retardamento psicomotor) e
alterações do volume craniano (micro ou macrocefalia)
Quadro clínico da toxoplasmose
congênita Criança com
hidrocefalia

Criança com calcificação


cerebral devido a
Toxoplasmose

Retinocoroidite em
criança com
Toxoplasmose cong.
Toxoplasmose
Microcefalia
congênita experimental
Wild type

Miofibrilas curtas e descontínuas,espaçadas


WT

Comprometimento: troncos e membros


inferiores

GOMES, Alessandra F.; BARBOSA, Helene S. Congenital Neurogênese (substância cinzenta) células
Toxoplasmosis: In Vivo Impact of Toxoplasma gondii Infection on dispostas irregularmente,, densidade celular
Myogenesis and Neurogenesis. In: Toxoplasmosis. InTech, 2017.
reduzida, com um aumento significativo do espaço
intercelular
Formas clínicas pós natal da
Toxoplasmose
• Sintomática
1-TOXOPLASMOSE OCULAR
• Retinocoroidite comum
• 30 a 60% dos casos estão relacionados ao T. gondii
• Taquizoítos na fase aguda – causam lesões na retina e coroide
Formas clínicas pós natal da
Toxoplasmose
2- Ganglionar ou febril aguda: forma MAIS COMUM
Comprometimento ganglionar, febre alta, lesão na retina
(uveíte), coriorretinite

- Uveíte =doença nos olhos decorrente de uma inflamação da úvea


- Úvea = íris + corpo ciliar + coróide.
Formas clínicas da Toxoplasmose
pós natal
3. Cutânea
Lesões generalizadas na pele (raras e fatais)
Formas clínicas da Toxoplasmose
pós natal
4. Cefaloespinal ou meningoencefálica: comum em
imunodeprimido e raro em pessoas imunocompetentes
- Lesões no hemisfério cerebral, gânglio basal e cerebelo, cefaléia,
febre, paralisia muscular, confusão mental, convulsões, letargia,
coma e morte

https://slideplayer.com.br/slide/3256916/
Formas clínicas da Toxoplasmose
• 4....
• PACIENTES COM AIDS
• Toxoplasmose cerebral (manifestação comum) – encefalite
com ou sem lesões focais (58 a 89% dos casos)
• Status mental alterado, letargia
• Convulsões
• Fraqueza
• Distúrbios de nervos cranianos
• Alterações sensoriais
• Sinais de alterações cerebelares
• Meningismo
• Desordens do movimento
• Manifestações neuropsquiátricas
• Hemorragia cerebral, coma, morte
Formas clínicas da Toxoplasmose
pós natal

5. Generalizada: rara e mortal em imunocompetentes


- Comprometimento meningoencefálico, miocárdio,
pulmonar, ocular, digestiva e testicular
Diagnóstico
• Clínico
• Assintomático ou inespecífico (febre, cansaço, linfadenopatia);
Grupos de risco?
• Laboratorial
• Identificação dos taquizoítos (fase aguda é rápida); inoculação
em camundongos (tempo para result.)
• Biópsias geralmente não são recomendadas
• Imunodiagnóstico
• ELISA para IgM e IgG anti-toxoplasma (mais utilizado)
• Teste de avidez para IgG
Imunofluorescence assay
Diagnóstico no recém nascido

• Avaliação oftalmológica (fundoscopia ocular)


• Avaliação neurológica
• Avaliação auditiva
• Ultrassonografia transfontanelar ou tomografia sem contraste
• Hemograma completo
• Análise de líquido cefalorraquidiano (bioquímica e
celularidade)
• Sorologia para toxoplasmose (IgG e IgM) da mãe e da criança
• Em crianças sintomáticas: avaliar função hepática e descartar
outras infecções congênitas (sífilis, citomegalovirose, rubéola)
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_recem_nascido_v2.pdf
Tratamento: sintomático, gestante, recém-
nascido, imunosuprimido

Drogas que atuam nas formas livres, taquizoítos. Sem efeito nos
cistos;
- Efeitos colaterais, teratogênica (Piri)

• Aguda: Pirimetamina + sulfadiazina + ácido folínico

• Gestante: Infecção aguda (sintomática ou não) ou soroconversão


• 1TRIM: espiramicina até 18 semanas (aminiocentese)
• 3TRIM: sulfadiazina + piremetamina + ácido folíníco
mãe com bebê
acometido
Sulfadiazina+
Pirimetamina +
Mãe com IgM+ Ácido folínico
Amniocentese p/
e IgG- ou IgM+ Espiramicina verificar
e IgG+ c/ teste
Até a 18 semana acometimento
de avidez baixo
fetal (fazer PCR)
ou moderado
mãe sem bebê
Espiramicina
acometido

PCR em tempo real: DN A do


líquido aminiótico

https://www.youtube.com/watc
h?v=2OvGRJWIDGg
Tratamento
Drogas que atuam nas formas livres, taquizoítos. Sem efeito
nos cistos; efeitos colaterais, teratogênica (Piri)

• Toxoplasmose ocular: antiinflamatório e antiparasitário


• Pirimetamina + sulfa + ácido folínico – 3 dias depois-
prednisona (85%)
• Clindamicina + sulfa + ácido folínico – 3 dias depois-
prednisona (93%)

• Portadores do HIV:
pirimetamina + sulfadiazina + ácido folínico ou
pirimetamina + clindamicina + ácido folínico
Profilaxia
• Água filtrada
• Higiene dos alimentos
• População de gatos
• Cuidado com os gatos
• Descarte da areia utilizada pelos gatos
• Proteção de caixas de areia em escolas
• Não se alimentar de carne crua ou mal
passada; leite cru
• Acompanhamento pré-natal da gestante
• Tratamento em fase aguda
• Vacinas?
Pesquisa finalizada:

SOROPREVALÊNCIA DE TOXOPLASMOSE EM
ESTUDANTES E FUNCIONÁRIOS DA
FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS
GERAIS

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