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Artrópodes

parasitos
Objetivos de aprendizagem
• Compreender os principais ectoparasitos de interesse médico

• Conhecer as principais formas clínicas

• Relacionar a patogenia com os sinais e sintomas

• Estabelecer as ferramentas diagnósticas adequadas

• Conhecer o tratamento utilizado

• Compreender as medidas profiláticas no combate a parasitose


Caso clínico
Paciente do gênero feminino, leucoderma, solteira, 30 anos de idade,
portadora da doença de Wilson, totalmente dependente para as
atividades da vida diária. Apresentou-se ao Hospital Clériston
Andrade, em Feira de Santana-Bahia (Ba), trazida por sua cuidadora,
solicitando avaliação bucomaxilofacial após ser observado
sangramento, secreção e odor fétido em cavidade oral. Ao exame
clínico, observou-se uma grande quantidade de larvas na região do
palato duro, do palato mole e da língua.
Caso clínico
A conduta adotada foi: internamento hospitalar; solicitação de
traqueostomia; admissão em centro cirúrgico; anestesia geral para
remoção completa das larvas, com média de mil larvas, em diversos
tamanhos; e debridamento de tecido mole afetado. A conduta pós-
operatória foi a prescrição de antibiótico, anti-inflamatório e
analgésico (dexametasona 10 mg, cetoprofeno 100 mg, metronidazol
500 mg, cefalotina 1 g e dipirona sódica 1 g, todos sendo ingeridos
por sete dias).
Tunga penetrans -
Tungíase

• Bicho-do-pé.

• Fêmeas - Hematófagas

• É a menor pulga conhecida.

• Hospedeiros: suínos, homem, cão e gato.

• Alta prevalência no Brasil, especialmente


nos meses mais quentes.
Ciclo biológico
Apresentação clínica

• Lesões assintomáticas e sintomáticas


• Prurido ou dores intensas
• Usualmente nos pés (ou qualquer área
que o inseto tenha entrado em contato)
• Áreas típicas: Superfície plantar, entre os
dedos e peri-ungueais
• Forma simples: fragmento branco com
ponto preto central (segmentos
abdominais)
Apresentação clínica

• Forma grave: lesões papulares, crostosas,


eritematosas; nódulos que causam prurido
e dor intensa; lesões crateriformes.

• Infecções secundárias (S. aureus, bactérias


gram-negativas, veiculação mecânica de
Clostridium tetani (tétano), micoses,
Clostridium perfrigens (gangrena).
Diagnóstico/Tratamento/Profilaxia

Tratamento Profilaxia
• Retirada manual sem romper a fêmea • Andar calçado
para não liberar ovos;
• Luvas (trabalho com a terra)
• Desinfecção local
• Inseticidas
• Local da lesão: aplicação de
bacteriostático; antimicrobiano de uso • Vacinação antitetânica
tópico.
• Quadros mais graves: drogas
sistêmicas.
Pediculose e Ptiríase – (piolho)
• Pediculus capitis e Pediculus humanus (Família: Pediculidae)

• Pthirus pubis (chato) (Família: Pthiridae)

• Corpo achatado dorso-ventralmente; ápteros (sem asas). MITOS: não voa e não salta de hospedeiro
para hospedeiro!

• O aparelho bucal é retrátil e do tipo picador-sugador. Libera enzimas digestivas e anticoagulantes


(saliva)

• Importantes como agentes infestantes e como vetores biológicos de doenças.


Pediculose e Ptiríase – (piolho)
Agentes infestantes:

• Responsáveis pela ptiríase e pediculoses (do corpo e do couro cabeludo) no homem.

• Prurido com infecção bacteriana secundária (piodermite).

• Devido à espoliação sanguínea, o hospedeiro (geralmente crianças altamente infestadas)


podem tornar-se anêmicos

Vetores de doenças (principalmente P. humanus):

• Riquétsias causadoras do Tifo exantemático e Febre das trincheiras, da bactéria Borrelia


recurrentis (Febre recorrente - Etiópia e Sudão).
Período de incubação: 8
a 9 dias
Ciclo biológico
P. capitis: 7 a 8 ovos/dia

P. humanus: 10 ovos/dia

P. pubis: 3

Ovo – Ninfa 1 – Ninfa 2 –


Contato sexual Ninfa 3 e Adulto: 3 a 4
semanas

Mudas/exoesqueleto

OVOS (as lêndeas)

ADULTO Não se desloca normalmente


Apresentação clínica
• Assintomático
– Primeira infestação ou infestação leve

• Sintomático
– O ato de coçar pode causar infecções bacterianas secundárias;

– Dificuldade para dormir (prurido intenso)

– Presença de linfadenopatia regional e alopecia

• Pediculus capitis
– Prurido (couro cabeludo, região posterior do pescoço regiões auriculares – região quente e
úmida) Coceira: fatores salivares; reação imunológica
Apresentação clínica
• Pediculus humanus
– Prurido noturno (axiliar, tronco e virilha). Prurido intenso no corpo, anemia, espessamento na
pele, hiperpigmentação com distribuição generalizada e infecções oportunistas

– Piolho sai das vestes para se alimentar (hematofagismo).

– Falta de higiene corporal;

• Pthirus pubis
– Adultos sexualmente ativos (ISTs); envolvimento dos pelos pubianos e corporal (axiliar, virilha,
sobrancelhas, cílios e barba). Prurido intenso; irritação cutânea, dermatite, pápulas eritematosas;
infec. oportunistas

– Crianças – fômites contaminados ou investigar abuso sexual


Diagnóstico e Tratamento

Diagnóstico Tratamento
• Encontro de ovos, ninfas ou adultos • Catação manual; escovação com

de qualquer espécie de piolho pentes finos;


• Shampoos contendo deltametrina
• Infestação ativa: encontro de piolhos
(Scabin, Deltacid...) (Repetir em 7dias);
vivos;
• Ivermectina (C.I - <5 anos e gestantes)
• Exposição de fômites e roupas a altas
temperaturas (>50oC).
Miíases – ‘’bicheiras’’ e ‘’berne’’
“Infestação de vertebrados vivos por larvas de moscas que, pelo menos em parte de seu
ciclo se alimentam de tecidos vivos ou mortos de animais (homens e outros), líquidos
corporais ou alimentos ingeridos”

-Dentre os agentes das miíases, podemos citar os parasitos obrigatórios e os parasitos


facultativos:

 Parasitos obrigatórios (miíases primárias – tecido vivo)

 Parasitos facultativos (miíases secundárias – cadáveres ou tecido necrosado)

 Pseudomiíases (larvas ingeridas com alimentos)

• Miíases furunculares (ex: berne); Miíases traumáticas (ex: bicheiras)


Ciclo biológico
• Ordem: Diptera (duas
asas) moscas,
mosquitos, varejeiras,
pernilongos,
borrachudos e mutucas.
Apresentação clínica
• Miíase cutânea

– Inchaço com presença de lesões, normalmente em regiões expostas: couro cabeludo,

face, antebraço e pernas. As lesões podem apresentar secreções, causar prurido e dor.

– Sensação de algo se movendo sob a pele

– Pode ocorrer febre ou inchaço de glândulas

• Oftalmomiíase

– Irritação severa dos olhos, vermelhidão, sensação de corpo estranho, dor, lacrimação,

inchaço de pálpebras

• Miíase nasal

– Epistaxe, mau-cheiro, dor facial, obstrução nasal, secreções, dor de cabeça, disfagia e

sensação de corpo estranho


Diagnóstico
• Clínico e laboratorial

– Encontro e identificação da mosca ou


da larva. • Dermatobia hominis
• Miíase primária
• Parasita obrigatório
– Identificação da larva envolve a
comparação de características
morfológicas das larvas

– Exame de sangue (leucocitose e


eosinofilia) • Cochliomya hominivorax
• Miíase primária
• Parasita obrigatório
Tratamento/Profilaxia

Tratamento Profilaxia
• Remoção manual das larvas (pinça) • Evitar penetração de larvas
• Berne: remoção com auxílio de
• Proteção de áreas descobertas da
esparadrapo ou nicotina (larvicida)..
• Remoção cirúrgica do tecido danificado pele (feridas abertas)
(debridamento)
• Locais com grande quantidade de
• Bacteriostático local
moscas
• Tratamento oral com ivermectina
(principalmente para miíases cavitárias)
Escabiose humana – Sarna zoonótica
Classe: ARACNIDA Espécie: Sarcoptes scabiei

Ordem: Acari (ácaros e var. hominis

carrapatos) var. bovis

Subordem: var. suis

Sarcoptiformes var. canis

Família: Sarcoptidae var. ovis 300 milhões de casos/ano


var. caprae
Variedades: espécie-específicas
var. equi
Ciclo biológico

• Inclui: ovo, larva, ninfa, adulto.

• O contágio é direto.

• 3 a 5 ovos por vez durante dois meses.

• O ciclo normalmente se completa em 10


a 17 dias.
Escavação de galerias na epiderme pelo carrapato
• Patognomônico
Apresentação clínica
Crianças: mãos e pés
• Sintomático
– Prurido intenso

– Pápulas

– Lesões eritematosas em regiões delimitadas

– Avanço da doença: expansão das lesões (mãos cont.)

– Espessamento de pele, lesões irregulares

– Regiões mais afetadas: mãos, cotovelos, pulsos, axilas, seios,


escroto, prepúcio, nádegas, abdômen, virilha, face anterior do
antebraço
Patogênese
• Formação de galerias na epiderme;

• Alimentação de linfa e células epidérmicas;

• Hiperplasia dos queratinócitos;

• Exocitose de histamina por mastócitos;

• 2-3 semanas = Erupção da pele

• Prurido intenso = coça e dissemina o ácaro

• Formação de crostas, espessamento da pele e alopecia

• Prurido = estresse = imunossupressão = expansão da lesão e infecções secundárias;


Diagnóstico
• Clínico
– Anamnese

– Exame clínico (aspecto, extensão e localização)


• Prurido (mais noturno); evolução das lesões (eritema --- a espessamento da pele e
crostas). Histórico de contágio de pessoas próximas.

• Parasitológico
– Exame da fita gomada (fita sobre as lesões) - identificação

– Raspado de pele
Tratamento/Profilaxia

Tratamento Profilaxia
• Acaricidas de uso tópico (pomadas, sabonetes,
• Evitar contato próximo com pessoas
loções) ou oral (sistêmico)
• Banho morno com sabão, secar lesão, usar doentes e pertences
medicamento tópico e deixar agir 24hs ou
• Higiene pessoal;
durante a noite (escabiol, escabin, tetmosol –
3 dias), ivermectina. • Tratamento dos fômites (calor, frio
• Novo tratamento – 7 a 10 dias após primeiro –
atingir ácaros que eclodiram dos ovos
ou acaricidas)
remanescentes (ovos resistentes ao
tratamento).

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