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Autoras
Júlia Silveira Matos; Adriana Kivanski de Senna; Francisca Carla Santos Ferrer
Resumen Curricular
Júlia Silveira Matos
Docente da Universidade Federal do Rio Grande – FURG/Brasil
jul_matos@hotmail.com
Código postal 96208-110
Teléfono: +5553991797457
Francisca Carla Santos Ferrer
Docente do Centro Universitário Projeção – Uniprojeção/Brasil
carla.ferrer77@hotmail.com
Teléfono: +5561982015053
Adriana Kivanski de Senna
Docente da Universidade Federal do Rio Grande – FURG/Brasil
Júlia Silveira Matos; Francisca Carla Santos Ferrer; Adriana Kivanski de Senna
1. Introdução
Novamente precisamos fazer uma consideração sobre a afirmativa de Barca, pois, para
um docente-historiador promover um ensino voltado para narrativas substantivas que
proporcionem aos alunos condições de avaliação da História, desenvolvendo, assim, uma
literacia histórica mais avançada, antes se faz necessário que a própria formação do docente-
historiador também seja focada no desenvolvimento de um quadro de ideias válidas sobre o
passado histórico, como afirmou a autora.
A partir dessa discussão, se faz necessário que consideremos a proposta
universalizante que a teoria de Jörn Rüsen levanta, pois, se existe uma forma de aprendizagem
específica da História, da mesma forma, também existem maneiras próprias de aprendizagem
em casa área do conhecimento. No campo da História alguns conceitos são pilares para sua
aprendizagem, como tempo, fontes e variança histórica, de forma semelhante, na matemática
ou na biologia existem conceitos próprios que são pilares para as aprendizagens dos
estudantes. Assim, notemos que alguns conceitos e saberes se destacam dentre outros em cada
campo de conhecimento como agente contribuinte no processo de ensino e aprendizagem. A
questão que se constitui aqui é: Sabemos quais são? Muito bem, a partir daqui podemos
inferir que se fazem mais do que nunca necessárias pesquisas interventivas que investiguem
em cada área quais são os saberes fundantes das aprendizagens e principalmente, capazes de
fomentar a compreensão da utilidade dos mesmos para a vida prática e cidadã nas sociedades
atuais. Saber para que serve matemática ou língua portuguesa talvez seja mais fácil do que
explicar para que serve biologia, filosofia, sociologia ou história para a vida prática cotidiana.
A resposta simplista de que as disciplinas escolares servem para formar cidadãos, e mais, que
as mesmas servem para torná-los críticos e reflexivos, não dá conta da necessidade de
reconhecimento da utilidade para a vida prática que os estudantes precisam ter.
Sendo assim, partiremos para o segundo momento do presente texto que é analisar os
currículos de cursos de licenciaturas das principais universidades públicas brasileiras. Ao
observarmos a estrutura de oferta e distribuição das disciplinas no currículo da Licenciatura
em Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, notamos que o mesmo tem como
centralidade os conteúdos básicos da área e somente no quarto semestre do curso apresenta
pela primeira vez a disciplina de didática voltada para a formação na licenciatura. No quinto
semestre oferta uma disciplina Intitulada Práticas Pedagógicas em Educação Inclusiva e o
Estágio Supervisionado 1. Na sequência, no sexto semestre oferta o Estágio 2 e as disciplinas
intituladas Ensino de Geografia através do campo, Práticas de pesquisa em Geografia,
Concep. E elaboração de materiais didáticos em geografia. Como podemos inferir a partir
desses dados, as disciplinas voltadas para a formação pedagógica acabaram ocupando um
espaço maior do que as específicas de pesquisa. A pesquisa e o ensino não são propostos nesse
currículo como saberes imbricados e articulados de forma a dar suporte para formar futuros
professores pesquisadores da própria prática.
Ainda nesse passo da análise, voltamos para a Licenciatura em História da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, essa apresentou em seu site vários currículos um de
2011 a 2015/1 com disciplinas do corpo de conteúdos da História geral e do Brasil e outro
currículo de 1987 a 1996/2, que apresenta as disciplinas da licenciatura e nesse nos
detivemos. Portanto, na UFRJ a licenciatura em História apresenta a partir do primeiro
semestre disciplinas referentes a pesquisa como Metodologia da História 1 e no segundo
semestre metodologia 2. No quinto semestre oferta monografia, teoria da investigação
histórica e didática específica da história. No sétimo semestre oferta didática geral e prática de
ensino. Por fim no oitavo semestre oferta Estrutura e funcionamento do ensino e didática
específica da História 2. Mais uma vez, observamos que outra licenciatura em área de
diferente e universidade diferente não apresenta pesquisa e ensino de forma dialogada, são
disciplinas separadas e com focos distantes uma da outra.
Agora voltamos para as universidades do sul do país. Na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul – UFRGS, no currículo de sua licenciatura em língua portuguesa, novamente o
centro são os conteúdos específicos da área e metodologia da pesquisa é ofertada como uma
disciplina optativa apenas. Não oferece disciplinas para pesquisa, apenas voltadas para a
licenciatura como: Planejamento e elaboração de projetos para o ensino, Intervenção
pedagógica e necessidades educativas especiais e por fim, claro, as disciplinas referentes aos
estágios supervisionados 1 e 2. Como vemos temos aqui, três universidades, duas no centro e
uma no sul do país que apresentam a mesma concepção na estrutura curricular de formação
em diferentes licenciaturas. Novamente retornamos para o currículo de Licenciatura em
História da Universidade Federal do Rio Grande – FURG. O padrão como vimos até aqui não
muda, temos a partir do segundo semestre a oferta de disciplinas como: Práticas pedagógicas,
Teoria da História, metodologia da História, didática, metodologia do Ensino 1, Estágio
Supervisionado 1, Metodologia do Ensino 2, Estágio supervisionado 2. E como último curso
apresentamos a estrutura curricular da Licenciatura em Matemática, também, da FURG.
Nesse curso os conteúdos da área de cálculo, álgebra e física ganham a centralidade do
currículo, apenas no terceiro semestre encontramos a oferta de uma disciplina de Didática. No
entanto, localizamos nessa grade uma disciplina optativa que propõe pesquisa e ensino e foi
intitulada Pesquisa em ensino de Ciências.
Aqui vale ressaltar que a escolha das universidades foi aleatória como forma de
amostragem de um padrão nacional. Ainda, optamos por licenciaturas distintas para
demonstrar que esse é um padrão que se enraizou na formação dos professores e que talvez
seja o pior obstáculo a ser vencido. Formar futuros docentes precisa passar pelo entendimento
de que só é possível fazer educação de qualidade quanto o professor é capaz de produzir
saberes científicos a partir de sua prática cotidiana de sala de aula. Mas, ainda precisamos
analisar um documento que estabelece diretrizes nacionais para todas as licenciaturas que é a
Resolução número 2, de 1 de julho de 2015 do Conselho Nacional de Educação – CNE, a qual
define que:
§ 5º São princípios da Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica:
I - a formação docente para todas as etapas e modalidades da educação básica como
compromisso público de Estado, buscando assegurar o direito das crianças, jovens e
adultos à educação de qualidade, construída em bases científicas e técnicas sólidas
em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica;
II - a formação dos profissionais do magistério (formadores e estudantes) como
compromisso com projeto social, político e ético que contribua para a consolidação
de uma nação soberana, democrática, justa, inclusiva e que promova a emancipação
dos indivíduos e grupos sociais, atenta ao reconhecimento e à valorização da
diversidade e, portanto, contrária a toda forma de discriminação;
III - a colaboração constante entre os entes federados na consecução dos objetivos
da Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação
Básica, articulada entre o Ministério da Educação (MEC), as instituições formadoras
e os sistemas e redes de ensino e suas instituições;
IV - a garantia de padrão de qualidade dos cursos de formação de docentes ofertados
pelas instituições formadoras;
V - a articulação entre a teoria e a prática no processo de formação docente,
fundada no domínio dos conhecimentos científicos e didáticos, contemplando a
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão;
VI - o reconhecimento das instituições de educação básica como espaços necessários
à formação dos profissionais do magistério;
VII - um projeto formativo nas instituições de educação sob uma sólida base teórica
e interdisciplinar que reflita a especificidade da formação docente, assegurando
organicidade ao trabalho das diferentes unidades que concorrem para essa formação;
VIII - a equidade no acesso à formação inicial e continuada, contribuindo para a
redução das desigualdades sociais, regionais e locais;
IX - a articulação entre formação inicial e formação continuada, bem como entre os
diferentes níveis e modalidades de educação;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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