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5 "É nesse.seguido
que entendemosVandelh, professor de História Natural da Uni
versidade Reformadade Coimbrã, quando, e;n meadosda décadade 1780, em sua
A danação do objeto - o museu no ensino de história A história nos objetos
Para assumir seu caráter educativo, o museu coloca-se, então, como tempo presente como mudança, como algo que não era, que está sendo e .d5r/
que pode ser diâerentel Mostrando relações historicamente fundamenta-Z
o lugar onde os objetos sãoexpostospara compor um argumento crítico.
das entre objetos atuaR e de outros tempos, o museu ganha substância
Mas só isso não basta. Torna-se necessáriodesenvolver programas com o &/:
educativa, pois há relaçõesentre o que passou, o que estápassandoe o
intuito de sensibilizar os visitantes para uma maior interação com o mu-
que pode passar.
'Memória sobre a utilidade dos Museus de História Natural', identiâcou como uma Se aprendemos a ler palavras, é preciso exercitar o ato de ler obje-
coisa só a História Natural e as Ciências dos Museus". (LOPES, 1995, p. 722). tos, de observar a história que há na materialidade das coisas.Além de
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A datação do objeto - o museu no ensino de história
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A história nos objetos
A danaçãodo objeto - o museu no ensinode história
Vale ainda breve menção ao emprego de certos objetos (como o pró- professores.\No caso do Museu do Ceará, há cursos e oficinas que
prio copo plástico) para entabular diálogos interdisciplinares, a exemplo tematizam a-seguinte questão: como visitar o museu? Uma das metas
dos relacionados à educação ambiental. Um objeto descartável tem seu primordiais é despertar os professorespara o potencial educativo da his-
valor de uso avultado, reduzido, depreciado pela rapidez de seu consumo/ tória dos objetos, criando não somente um recurso didático para as aulas,
mas sobretudo formando em seus alunos novas percepçõespara a
destruição, mas sua matéria-prima cobra e mostra o alto custo social e
natural da produção fabril massificada:o plástico, que em um momento multiplicidade de tempos.
Nesses cursos, uma das questões colocadas é a necessidadede compor
fugaz era objeto e logo depois virou lixo, requer algumas centenasde anos
visitas temáticas. Argumenta-se que é muito improdutivo percormr as salas
para se decompor no meio ambiente, pois não é biodegradável.
do museu sem fazer delimitações para pr.ivilegiar certos aspectos.Depois, é
Com atividades vinculadas à "historicidade dos objetos" na própria
üabalhada a idéia de constrlú problemáticas a partir do tema, desenvolven-
sala de aula, o professor incita.g.percepção,do$ alunos e aí eles terão o
do, na sala de aula, indagaç(5esespecí6cas soba as peças em exposição. Além
direito de saborear com mais intensidade, as propostas de reflexão ofere-
de oferecer possibilidades pam desperta' o interesse da tumba, as pergunta
cidas pelo museus Desse modo, não se trata mais de "visitar o passado", e
sim de animar estudos sobre o tempo pretérito, em relaçãocom o que é que devem fazer parte do que está sendo ensinado -- procumm ampliar a
ÚMdo no presente:jCom a excitação para a aventura de conhecer através própria noção de história, na medida em que seinduzem a questionamentos
sobre a complexidade da nossa inserção nos processos históricos.
de perguntas sobre objetos, abre-se espaçopam a percepção mais ampla
diante da exposição museológica. Mais que isso: alarga-se ojuízo crítico Então, o que é uma problemática histórica? Antes de tudo, é a pos-
sobre o mundo que nos rodeia. sibilidade de negar as perguntas tradicionais, as indagações que solicitam
Estudar a história não signiÊca saber o que aconteceu e sim ampliar dados ou informações sobre datas, fatos ou certas personalidades. Por
o conhecimento sobrea nossaprópria historicidade. Saberque oim humano exemplo: quando Éoiproclamada a República? Quem proclamou a Repú-
blica? E assim por diante... No caso do museu: quais as peças expostas?
é um .çe7zü,
campo de possibilidades historicamente condicionado e abertu-
ra para mudanças. E por isso que Paulo Freire argumenta que a pedagogia Qual a data de tal quadro? A quem pertenceu ÇÊr $adelg::.. Tais inter-
rogações inclinam-se para @reflexo condicionada Quando não há proble-
do diálogo está(enraizadana "sityacionahdade"do ser no mundo: "os ho-
mens i@ porque aKZiüem situação). O ato educativo alarga o ser humano na
máticas historicamente fundamentadas, o resultado da pergunta é uma
medida em que se considera o iÇr:ill11«/ar prática cotidiana de pensar e coleçãode datas e fatos, uma linha cronológica pontuada de ac.onteçjmçQ-
tos-.sçm relação diabética com o presente -- emerge um passado morto.
atuar criticamente sobre a situação em qt;ê'Be ÇQQstituio estar no mundo e
Lucien Febvre (1989) explica que " [...] pâr um problema é precisamen-
coma mundo (FREIRE, 1987, p. IOI). "'"'d te o começo e o íim de toda a história. Se não há problemas, não há histó-
t Para a realização dé86apedagogia do diálogo, não bastavisitar a
exposição. E preciso colocar a exposição como parte de um programa ria. Apenas narrações, compilações.
Um princípio básico que constitui a hj$çódá..prç1l)gemaé a sua ínti-
educativo mais amplo, que inclui a questão das visitas monitoradas e a
relação do museu com a sala de aula e outros espaços.Desse modo, é ma relação com o conhecimento crítico enredado na própria historicidade
das várias dimensões constitutivas da vida social. A história-problema
responsabilidade do museu }Ê«(#+&) manter estratégias de orientação para
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A história nos objetos
Desse modo, é mister reconhecerque o fiindamental não consiste assumir seu papel educativo, comprometido com o ensino de.
em abandonar as visitas guiadas, ou simplesmente chama-las de visitas .B. e
[), o museu hhMfieo pressupõe que o
orientadas. O que não se pode esquecer é que não há modelos e sim prin- ato de expor é um exercício poético a partir de objetos e com objetos --
cípios sobre os quais o espírito criador penetra no inÊnito das possibilida- construção de conhecimento que assumesua especificidadesComo lugar
des. Dar informações ou guiar os alunos pela exposição pode ser, ou não, de produção do saber o museu não pode ser cona;tndido ;=h centros de
um pecadooriginal... Afinal, a informação também pode assumir o senti- pesquisaou de aulas,embora faça pesquisae dê aulas, liam com institui-
do de provocação, sedução para o pensamento reflexivo.
ções de recreação,embora assuma um caráter lúdicos.A peculiaridade
f O desafio, portanto, é potencializar o campo de percepção diante do museu se realiza plenamente em múltiplas interações: com tramas es-
l dos objetos, por meio da "pedagogia da pergunta", como diria Pàulo Freire. téticas e cognitivas, em análises e deslumbramentos, na dimensão lúdica
\ Aprendera refletir a partir da "cultura material" em suadimensãode e onírica dos íiindlUentos historicamente engendrados que constituem o
f experiência socialmente engendrada.
espaço expositivo.' ]
E nessadireção que se torna necessárioo aprofundamento do de- O ato de expor nunca deve negar-se enquanto atitude, postura di-
bate sobre os sentidos especíâcos da chamada arte-educação no ensino de ante e dentro do mundo histórico. Desde os seusprimórdios como insti-
história, já que não se trata de simplesmente ensinar história da arte. mas tuição pública até hoje, o museu põe emjogo uma questãocrucial: a me-
fazer da arte um modo de estudar a historicidade. Certamente. a arte. tamorfose dos objetos no espaçoexpositivo. Ao tornar-se peça do museu,
educação nos museus históricos não deve ser a mesma arte-educação cada objeto entra em uma reconâguração de sentidos. Para conduzir tal
vivenciada nos museus de arte, mas é igualmente certo que alguns princí- processo,a museologia histórica tem o compromisso ético de explicitar
pios permanecem válidos, como a idéia de fazer do museu uma "casa de seus. próprios parâmetros e, por conseguinte, seus desdobramentos
experiências",como dizia Mário Pedrosa(ARANTES, 1995). educativos, em contraponto com outras experiências.
Ora, ao contrário de algumas tendências da chamada filosofa pós-
moderna, que tudo mistura em um caldo de relatividade nauseante.con. [...] quando entramosnos museus, entramos no tdbuna], onde
várias falas se apresentam, várias vozes silenciosas, fortíssimas e
tinua ârme e corte a inegociávelnecessidadede discutir o sentido político
eloqüentes se apresentam, há réplicas e réplicas, há a possibilida-
da arte-educação, em sua potência de crítica e utopia, dimensões comple- de o tempo todo de uma altercação, e tem-;e, de alguma maneira,
tamente indispensáveis ao ensino da história, já que o que interessa mes- que tomar posição. [...] para que e]e (o púb]ico) sda cevadoa
tentar tomar posição e ganhar essaautonomia de quem toma po-
mo não é o estudo do passado,e sim as múltiplas relaçõesque se podem sição,que é o grande papel educativo que as instituições culturais
compor entre passado,presentee fiituro.7
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( 8Garcia Canclini argumenta que "[...] o museu e qua]quer po]ítica patrimonia]
tratam os objetos,os edifícios e os costumesde tal modo que, mais que exibi-los,
tornam inteligíveis as relaçõesentre eles, propõem hipóteses sobreo que significam
p'ra nós que hoje os vemos ou evocamos." (CANCLINI, 1998, p. 202). 5\
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A danação do objeto - o museu no ensino de história
[...] para estar inteiramente a serviço da comunidade [...] o mu- 0 OBJETO GERADOR
seunão pode abdicar de seu papel como instrumento crítico de
recuperação, acessoe entendimento da extraordinária diversidade
da experiência humana e do mundo em que vivemos. (BEZER- Um dos princípios fundamentais da pedagogia de Paulo Freire, que
RA DE MENEZES, s. d.).
continua a desafiar os rumos da prática educativa, e especificamente os
caminhos da alílabetização, é trabalhar com a seguinte questão:jantes de ler
palavras,temos leituras do mundo, e quando lemos palavras acontecemno-
vas leituras do mundo. E por isso que
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BJ- UNOCHAPECO
UNNERSIDADE (OMUNITÁRIA REGIONAL DE CHAPECÓ
Máv'ü Chagas
CDD907
O lugar do museu 37
Catalogação: lara Menegatti CRB 14/488 ISBN: 978-85-7535-060-7
Sujeito e objeto?z..
Ojogo dasvitrines 67
Capa: nitarioJunior dos Santos-- a partir da coto de Peter Hughes "School Roam Chair' Referências 163
DEDALUS Acervo MAE
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