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PUIGGROS

PLUTÃO
Tradução
MARIA STELA GONÇALVES

EDITORA PENSAMENTO
São Paulo

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Título do original: Plutón

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 05

O PLANETA, O MITO, AS REGÊNCIAS 06


O descobrimento 06
O nome 07
O símbolo 07
Do mito de Plutão, Ceres e Prosérpina 07
As regências de Plutão 10

CONSIDERAÇÕES GERAIS 12
Limite da consciência 12
Plutão desnuda 12
A "oportunidade" de Plutão 13
Plutão manifesta os extremos 14
Profundo - oculto - misterioso 14
A dualidade básica: vida - morte Nascer, renascer, regenerar-se 15
Poder 16
As forças primitivas 16
Uma experiência de universalidade 17
A vontade de nos libertar 17
Habitual - extraordinário 17
Plutão separa para unir 18
A válvula de segurança 19
Civilização versus barbárie 19
O denso e o vazio interior 21
Um instante no fio da navalha 22

PLUTÃO NOS SIGNOS 23


Plutão em Áries 25
Plutão em Touro 26
Plutão em Gêmeos 26
Plutão em Câncer 27
Plutão em Leão 28
Plutão em Virgem 29
Plutão em Libra 30
Plutão em Escorpião 31

PLUTÃO NAS CASAS 33


Plutão na casa um 34
Plutão na casa dois 36
3
Plutão na casa três 37
Plutão na casa quatro 38
Plutão na casa cinco 39
Plutão na casa seis 40
Plutão na casa sete 41
Plutão na casa oito. 42
Plutão na casa nove 43
Plutão na casa dez 44
Plutão na casa onze 45
Plutão na casa doze 46

OS ASPECTOS 48
Plutão - Sol 50
Plutão - Lua 51
Plutão - Mercúrio 54
Plutão - Vênus 54
Plutão - Marte 56
Plutão - Júpiter 58
Plutão - Saturno 59
Plutão - Urano 60
Plutão - Netuno 61

OS TRÂNSITOS 63
Plutão - Sol 65
Plutão - Lua 66
Plutão - Mercúrio 68
Plutão - Vênus 68
Plutão - Marte 70
Plutão - Júpiter 71
Plutão - Saturno 72
Plutão - Urano. 73
Plutão - Netuno 74
Plutão - Plutão 75
Os trânsitos de Plutão nas casas 75

BIBLIOGRAFIA 77

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INTRODUÇÃO

A ideia de escrever um livro sobre Plutão me ocorreu de maneira repentina,


como um vislumbre, no decorrer de uma refeição com amigos.
Comentei o fato em voz alta e minha surpresa nesse momento não foi menor
que a dos demais presentes. A zombaria e o comentário malicioso, dado o caráter
erótico do planeta, nos acompanharam até o final daquela refeição e mesmo muito
depois dela, todas as vezes que se encontravam alguns dos comensais.
Quando acontece alguma coisa "fora do comum", costumo prestar muita
atenção, desperto da habitual letargia do cotidiano e, durante alguns dias,
esquadrinho todas as aparentes "casualidades" que constantemente ocorrem na
vida.
Desse modo, foi fácil descobrir (a evidência aparecia com uma frequência
incomum) que outros companheiros da mesma área de conhecimento -
companheiros orientados para a direção que eu trilhava - também haviam
experimentado a presença de Plutão no ambiente. Cada um à sua maneira, de acordo
com sua idiossincrasia específica, havia tomado à decisão de cumprir o mandato
plutoniano. De algum modo, para todos eles se encerrava uma etapa e tinha início
outra. Foram dias em que todos os sinais indicavam a mesma direção.
Fazia pouco tempo que Plutão havia entrado no signo de Escorpião.
Até aquele momento, eu não tinha dedicado uma atenção especial a Plutão.
Sabia os quatro conceitos básicos que todo astrólogo conhece, mas as "coincidências"
acorreram em meu auxílio e em muito pouco tempo veio a mim uma quantidade
extraordinária de informação: material escrito, em geral de difícil acesso, e conversas
com pessoas que, de uma maneira direta ou indireta, ofereciam os dados de que eu
necessitava.
Foi realmente uma experiência plutoniana: da obscuridade dos arquivos ou do
habitual segredo de certas pessoas - que eu conhecia havia anos e que nunca me
haviam dito nada acerca do assunto - vinha à luz a informação necessária para
escrever este livro.
Tudo o que podia dizer eu já disse. No momento oportuno, virão outros que
ampliarão e matizarão o assunto exposto nestas poucas páginas.
Agradeço, pois, às coincidências, aos sinais, às circunstâncias e às pessoas que, de
maneira sutil, mas efetiva, facilitaram o conteúdo deste livro.

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O PLANETA, O MITO, AS REGÊNCIAS
O descobrimento

Irregularidades na órbita de Netuno supor a existência de um novo planeta. Os


astrônomos Percival Lowell e W. H. Pickering, cada um por seu lado, começaram,
em 1905, a trabalhar sobre esse tema. Em 1915, Lowell publicou o resultado de
suas pesquisas, que assinalava o lugar teórico no qual o planeta devia estar situado.
O Observatório de Lowell, em Flagstaff, Arizona, estivera procurando por esse
planeta durante anos, por meio de sistemáticas pesquisas fotográficas, até que, no
dia 21 de janeiro de 1930, duas chapas do mesmo lugar mostraram um ponto de
luz que se havia deslocado. Portanto, não podia tratar-se de uma estrela. Plutão se
havia revelado, perto do local previsto por Lowell; esse último, no entanto, já tinha
morrido.
Clyde Tombaugh, membro da equipe do observatório, anunciou o seu
descobrimento no dia 12 de março de 1930.
É o planeta mais distanciado do sistema solar, mas não sempre, já que sua
órbita é tão excêntrica (0,248) que, quando se aproxima de seu periélio (a distância
mais próxima do Sol), cruza a órbita de Netuno e deixa de ser o limite do sistema.
Isso ocorre todas às vezes em que transita pelo signo de Escorpião.
Seu afélio (distância máxima em relação ao Sol) é de 7.375 milhões de
quilômetros, a distância média é de 5.900 milhões de quilômetros e seu periélio, de
4.425 milhões de quilômetros.
A inclinação de sua órbita é de 17° 19', a maior em relação aos demais planetas.
O período de revolução em torno do Sol é de 247,7 anos. A rotação sobre si mesmo
é de 6 dias e 9 horas. O diâmetro equatorial tem 3.000 km e sua velocidade orbital
média é de 4,7km/s. Magnitude 14, é conhecido um satélite seu, Caronte, que tem
quase a metade de seu tamanho e que realiza uma volta completa sobre Plutão no
mesmo período que este leva para girar sobre si mesmo.
Dadas as suas dimensões e o fato de cruzar a órbita de Netuno, alguns
astrônomos formularam a hipótese de que, no passado, Plutão fosse um satélite de
Netuno. Devido a uma série de circunstâncias, ele teria atingido a velocidade de
liberação, transformando-se em planeta solar.
Trata-se de um corpo sólido e frio (-228° C), com muito pouca gravidade em sua
superfície (0,03 na relação Terra = 1).
Plutão rompe a ordem de proporção que, com exceção de Marte, a oitava
inferior de Plutão, existia anteriormente.
Os planetas, do Sol a Júpiter, aumentam seu tamanho de modo proporcional e,
a partir disso, decrescem da mesma maneira. No entanto, pelo pouco que se sabe, o
tamanho de Plutão parece demasiado pequeno para manter essa regra. O mesmo
ocorre com as distâncias, cuja progressão matemática era quase perfeita até o
descobrimento do planeta. Também difere na obliquidade da órbita e em sua
elipse.
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Plutão é diferente de tudo o que se conhece até agora.

O nome

Tal como pode ser verificado em Science, voI. 7, n.º 1.850, de 1930, ao ser
descoberto, Plutão foi denominado simplesmente planeta X.
Posteriormente à publicação do descobrimento, uma menina inglesa, Venetia
Burney, de onze anos, de Oxford, sugeriu o nome Plutão. Seu pai telegrafou esse
nome ao Observatório Lowell e, como se tratava da primeira proposta a chegar a
Flagstaff, foi aceita.
Eis a que tudo se resumiu.

O símbolo

Tão logo se soube da existência de Plutão, foram propostos diversos símbolos,


fundamentados nas mais variadas argumentações, a maioria das quais apresentava
um real interesse. Contudo, o tempo foi, não se sabe como, depurando essas
primeiras tentativas, até reduzi-las aos dois símbolos ainda usados. Entre as
extravagâncias de Plutão talvez figure a de ter dois símbolos em lugar de um, como
ocorre com os demais planetas.
J Este símbolo, de uso comum, é a combinação das letras P e L, as duas primeiras
letras do nome Plutão. Além disso, coincidem com as iniciais de Percival Lowell, a
quem é atribuído o descobrimento.
K Este, também de uso comum, parece simbolizar melhor as características de
Plutão, além de incorporar os três elementos - círculo, semicírculo e cruz - que
compõem os símbolos dos demais planetas.
A semente ou espírito, o círculo, penetra no crescente, o semicírculo, da
consciência (a alma ou o princípio lunar) para atingir mais tarde a cruz da matéria, a
Terra ou o corpo físico. Lido ao contrário, o espírito eleva-se acima do corpo e da
alma. Ilustra claramente o princípio de morte e renascimento atribuído a Plutão.

Do mito de Plutão, Ceres e Prosérpina

Pelo que se sabe, o significado original dos planetas não difere do caráter dos
deuses dos quais tomam o nome. Dessa forma, portanto, a mitologia pode oferecer
indicações úteis para a compreensão da astrologia, ainda que somente a prática
contínua do estudo refine a intuição para discernir a correta interpretação do mito
aplicável a cada situação.
A Plutão (Hades), filho de Saturno (Cronos), deus do tempo, e de Ops (Réia),
deusa da Terra, coube a pior parte na repartição do mundo efetuada com os irmãos
quando seu pai foi destronado. Júpiter (Zeus), o mais poderoso, ficou com o reino dos
céus, Netuno (Poseidon), com as águas - e especialmente o mar - e a Plutão, por ser o
mais jovem dos três, foi concedido o reino dos infernos.
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Esse vasto império é rodeado por dois rios, o Aqueronte e o Estige, que as almas
dos mortos devem atravessar para chegar à morada de Plutão.
O velho Caronte, o barqueiro, rechaça os mortos insepultos (é relativamente
recente o hábito de enterrar os cadáveres, já que antes eram deixados sobre a terra
para alimento dos animais; daí deriva a regência de Plutão/Escorpião sobre as
sepulturas) e todos aqueles que não podem pagar o preço da passagem (daí decorre
o antigo costume de colocar uma moeda na boca do defunto). Em sua barca,
transporta os demais para o outro lado e os entrega a Mercúrio (Hermes), o
mensageiro dos deuses, que os conduz para o tribunal, composto por três juízes,
Minos, Eaco e Radarnanto, que, em nome de Plutão, ministram a justiça. "Pagar um
preço" antes de passar pela "justiça de Plutão" são dois conceitos bem-conhecidos
por todos aqueles que estudam o planeta ou que experimentaram seus trânsitos.
Uma vez julgados, alguns vão para os Campos Elíseos, o céu, enquanto outros
são dirigidos para o Tártaro, o inferno, uma cidade fortificada, guardada por um
tríplice muro de ferro e rodeada por um rio de fogo chamado Flégeton; este último é
custodiado pelas três fúrias infernais, Alecto, Megera e Tisífone, que não dormem
nem de dia nem de noite.
Como se isso não bastasse, Plutão tem como guardião de seu reino o cão
Cérbero, um cachorro de três cabeças que não deixa sair nenhuma pessoa que ali
entra.
De modo geral, Plutão é representado com sobrancelhas espessas, olhos
avermelhados e expressão ameaçadora, com uma forquilha de duas pontas em sua
mão direita e uma chave que fecha, mas não abre na esquerda. Sua coroa é de
ébano, simbolizando provavelmente a obscuridade de seu reino; outras vezes, no
entanto, cobre-se com um manto que o torna invisível, outra de suas características,
sentado em um trono de enxofre, com o cão Cérbero a seus pés e com as três fúrias
a seu lado. É também representado num carro de três rodas puxado por três cavalos
negros (quatro, segundo Ovídio) , chamados Meteo, Abastro e Núvio. Às vezes, a seu
lado está Prosérpina (Perséfone), segurando um narciso. Em outras, ela se encontra
sobre um carro, semelhante ao de Plutão, simbolizando, neste caso, Hécate, que
preside à magia e aos encantamentos.
Plutão, denominado Júpiter das regiões inferiores ou das profundezas da Terra,
significa rico e é o deus ativo no interior da Terra. Entende-se por isso a força vital da
Terra, a fecundação ou o elemento terra em si mesmo. É também chamado, em
latim, Dis, rico, ou Dispater, pai rico. Oreus, outro de seus nomes, significa tragador ou
recebedor, uma qualidade da Terra. Foi denominado Februo, que, em grego, significa
purgar, purificar - que é também uma qualidade da Terra.
Em função da dureza de seu caráter, de sua feiura e da obscuridade de seu
reino, todas as deusas fugiam de Plutão e o recusavam como marido. Cansado dessa
situação, ele subiu no carro de três cavalos e foi visitar a ilha da Sicília, dirigindo-se
ao monte Érix. Vênus (Afrodite), a deusa do amor, percebeu sua presença e pediu a
Cupido (Eros) que, com suas flechas, ferisse o coração de Plutão. Prosérpina, filha de
Ceres (Deméter) e Júpiter - e que, segundo Ovídio, significa as sementes ou messes,
a lua e a rainha dos infernos -, encontrava-se no lago Pergusa, próximo do Etna, com
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margens coberta de flores e primavera eterna. Entretinha-se olhando flores e
misturando os lilases com as violetas. Quando Plutão a viu, enamorou-se dela e a
raptou, apesar de seus protestos e dos gritos de socorro que dirigia a suas
companheiras e a sua mãe. Dirigindo a todo galope seus cavalos negros - aos quais,
para animar, chamava pelos nomes -, Plutão e Prosérpina atravessaram grandes
lagos, dentre os quais os Pálicos, que exalavam um intenso odor de enxofre. Ao
chegarem à fonte Aretusa, uma das mais belas ninfas, chamada Cianes, que vivia
numa fonte, deteve Plutão, estendendo seus braços por todas as partes. Este último,
ao ver que não podia passar, encheu-se de ira e deu um terrível golpe com seu cetro,
abrindo a terra e entrando com seu carro até os infernos. Cianes, despeitada com o
desprezo que Plutão manifestara por suas águas sagradas, condoeu-se tanto que não
cessou de derramar lágrimas até transformar-se completamente em água. Quando
Ceres tomou conhecimento dessa desventura, procurou incessantemente sua filha
Prosérpina, percorrendo mares e terra. Vasculhou montanhas, cavernas e bosques e,
depois de visitar toda a Terra sem encontrar qualquer vestígio, retornou à Sicília. Em
sua peregrinação, encontrou a ninfa Cianes transformada em água e, embora não
pudesse falar, esta última lhe mostrou o véu de Prosérpina que flutuava sobre as
águas da fonte. Ceres compreendeu que o raptor de sua filha havia passado por
aquele lugar. Pouco depois, soube pela ninfa Aretusa, que corria por cima e por baixo
da Terra, que Prosérpina estava no inferno e era a mulher de Plutão. Ao ouvir tal
coisa, Ceres sentiu a morte penetrá-la, vestiu-se de luto e se fechou por algum tempo
numa caverna. Subiu depois num carro puxado por dois dragões e, atravessando a
imensidão do espaço, apresentou-se diante de Júpiter com o rosto banhado em
lágrimas e os cabelos revoltos, e lhe pediu justiça. Júpiter procurou acalmá-la dizendo-
lhe que Plutão tinha as mesmas brilhantes qualidades dos demais deuses e que não
era nenhuma afronta tê-lo por genro. Diante da insistência de Ceres, consentiu que
Prosérpina fosse devolvida à sua mãe, desde que não houvesse comido nada a partir
do momento em que entrara no inferno, pois "tal era a decisão do destino". Mas
Prosérpina, certa feita em que passeava pelos jardins do palácio, havia visto uma
formosa romã, da qual comera sete sementes. Seu retorno à Terra era impossível.
Contudo, à força de rogos, Ceres conseguiu que Júpiter ordenasse que sua filha
morasse seis meses com o marido e seis meses com a mãe. Essa decisão devolveu a
calma a Ceres.
Está clara a analogia do mito com o ritual agrícola da semeadura, o período no
qual a semente está sob a Terra, "até que, seis meses mais tarde, retorna para sua
mãe". Estudando detalhadamente o mito, é possível deduzir todas e cada uma das
fases desse processo de semeadura e de colheita. Entretanto, não é o céu que copia a
Terra; é esta que copia aquele.
Em outras palavras, o mito é um esquema arquetípico de determinadas forças
que operam analogamente nos diversos níveis de realidade e que são, portanto,
aplicáveis ao homem.
Plutão é a força da vida, a seiva que nutre. Essa seiva está sujeita aos ciclos da
Lua (Prosérpina) e, em tal história, estão envolvidos Ceres, a Terra, e Júpiter, o Céu;
ela é, de certa forma, uma explicação de como funciona o processo de geração da
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vida, da alternância vida-morte e da impossibilidade de existir uma sem a outra.
É significativo o fato de que, em 1930, quando é descoberto, Plutão se encontre
situado entre duas estrelas, Castor e Pólux. A mitologia diz que Castor, sujeito à
mortalidade, morreu numa batalha nas proximidades do monte Taigeto. Pólux, que o
amava muito, pediu a Júpiter que devolvesse a vida a Castor ou que o privasse - a
ele, Pólux - de sua imortalidade. Júpiter não pôde atendê-lo de modo completo, mas
consentiu que, durante todo o tempo que Castor vivesse sobre a Terra, pudesse
Pólux habitar nas moradas dos mortos. Assim, viviam e morriam alternadamente.

As regências de Plutão

Apesar dos anos transcorridos desde seu descobrimento, os astrólogos não


chegaram a um consenso acerca da regência ou domicílio de Plutão e ainda menos
no que diz respeito à sua exaltação, queda ou detrimento. Certamente é difícil,
dadas as características do planeta, ser radical nesta questão.
Como todos os planetas transaturnianos, ele representa uma oitava mais
elevada de outro astro, neste caso Marte, e, de modo geral, é aceita a ideia de que
substitui este último na regência de um signo - segundo alguns, Escorpião, segundo
outros, Áries. Os primeiros baseiam-se no mito, na clara analogia deste com o signo
de Escorpião e no aspecto regenerador de Plutão. Os últimos acreditam que, depois
de atribuir Urano a Aquário e Netuno a Peixes, por uma questão de lógica, Plutão
deve ser o regente de Áries; desse modo, enfatizam o lado destrutivo do planeta,
como oitava superior de Marte - entendido este último como deus da guerra.
Evidentemente, essa conexão nada apresenta de desdenhável.
Existem outros que acreditam que os novos planetas - Urano, Netuno e Plutão -
trabalham num nível transpessoal e que regem os mesmos signos que os planetas
com os quais se relacionam. Dessa forma, Urano regeria tanto Aquário como
Capricórnio, mas num nível superior a Saturno; Netuno regeria Peixes e Sagitário,
num plano distinto do de Júpiter; quanto a Plutão, regeria Escorpião e Áries, mas de
maneira muito mais impessoal que Marte.
Na verdade, há muitos astrólogos que continuam trabalhando - no que diz
respeito aos temas individuais - unicamente com os sete planetas tradicionais,
reservando os novos para interpretações mais geracionais e gerais. A prática na
leitura de temas demonstra que a maioria das pessoas continua a guiar-se por
esquemas e perspectivas centrados nelas mesmas, vendo a vida através de seu
prisma particular e apresentando grandes dificuldades para ter uma opinião
impessoal.
Os planetas transpessoais afetam essas pessoas através dos acontecimentos de
seu ambiente e somente em pequeno grau de forma direta e individualizada. Tal fato
corroboraria a terceira hipótese.
Uma quarta teoria afirma que Plutão é regente de Peixes e que trabalha
conjuntamente com Netuno na dissolução e transformação da matéria. Também em
astrologia esotérica, segundo Alice Bailey, Plutão é regente de Peixes. Fala-se
igualmente na existência de uma forte conexão entre Plutão e Mercúrio, regente
10
esotérico de Áries, que, segundo o mito, conduz as almas dos mortos à presença de
Plutão.
Tudo isso tem sentido e seria ingênuo menosprezá-lo para optar por
determinada regência, com o objetivo de facilitar o trabalho.
Pessoalmente - e considerando tudo o que foi mencionado -, inclino-me a
trabalhar sobretudo com base na hipótese de que Plutão é o regente, o co-regente,
de Escorpião. Prefiro entender o planeta como uma possibilidade de transcender a
realidade atual e de atingir uma outra melhor, muito embora esteja consciente de
que, para isso, a pessoa deverá, de modo inevitável, enfrentar a destruição (Áries) e
a dissolução (Peixes) de todas as cargas acumuladas que impedem a transformação
(Escorpião).
Ainda que, no livro, eu suponha a regência de Escorpião, creio ser necessário
levar em consideração as outras alternativas, que algumas vezes justificam ou
complementam possíveis experiências plutonianas que, de outra forma, careceriam
de sentido.

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CONSIDERAÇÕES GERAIS
Limite da consciência

Toda percepção da "realidade" ou da "verdade última" se reveste de muitas


aparências e apresentações, que, de maneira indefectível, se vão adequando a cada
nova situação, a cada nova necessidade. A concepção que possuímos acerca da
vastidão de nosso sistema solar - e, por conseguinte, da natureza do ser humano -
se amplia continuamente. Com Plutão, expandiu-se de modo considerável o
conhecimento de nosso sistema planetário, e seu paralelismo está na expansão de
consciência que Plutão representa no mapa natal de cada indivíduo.
Sendo o último planeta descoberto e oficialmente aceito como tal, Plutão
assinala, até o presente momento, o limite do sistema. De alguma maneira,
podemos considerá-lo como a última apresentação da amplidão de nossa
concepção da verdade. Ele é o limite dentro do qual cabe todo o demais, o mais
abrangente e, ao mesmo tempo, o mais afastado, aquele que, em função de seu
caráter de limite do sistema conhecido - isto é, ordenado -, está mais próximo do
caos, do qual emergiu e com o qual nos conecta.
É possível supor que, no ritmo acelerado em que hoje se efetuam os
descobrimentos de todos os tipos, novos planetas se revelem, ampliando tanto o
horizonte de nosso sistema solar específico como a extensão de nossos conceitos.
Tal fato não alterará basicamente as verdades plutonianas, estas simplesmente
encontrarão seu lugar adequado, sua situação, ordem e categoria no interior de uma
verdade mais ampla.
De qualquer maneira, nem todas as pessoas estão igualmente capacitadas. Há
mentes extraordinariamente brilhantes que apresentam anos de adiantamento em
relação à maioria. Para essas pessoas, talvez Plutão já tenha deixado de ser o limite;
no entanto, para as demais, representa - hoje e provavelmente ainda por muitos
anos - esse limite impreciso e misterioso no qual se detém nosso conhecimento.
Enquanto o Sol, centro do sistema, representa em nós o centro de consciência,
Plutão, o planeta mais afastado, simboliza a nossa parte menos conhecida, a parte
da qual menos consciência temos. Estamos inexoravelmente dentro de sua órbita e
somente expandindo nossa consciência até os limites assinalados por essa órbita
podemos considerar-nos como seres completos.
Plutão é uma viagem até nossos limites atuais e a possibilidade - uma vez
atingidos esses limites· - de transcender-nos a nós mesmos e de atingirmos uma
realidade mais ampla.

Plutão desnuda

Plutão representa o limite, "o círculo intransponível" de nossa consciência atual.


É o último círculo conhecido, o rio circular que as almas dos mortos atravessam
antes de chegar ao "outro mundo".
12
Diante da morte, como é bem-conhecido, todos devem apresentar-se desnudos;
ninguém leva nada para o outro lado.
A possibilidade plutoniana de morrer em determinada situação, de acabar com
um estado definido e passar a outro novo, assim como a opção de dar um passo
adiante, supõe que, de modo prévio - e isso constitui a ação de Plutão -, a pessoa se
tenha despojado de todas as suas vestes, de seus critérios e escalas de valores. Para
enfrentar com êxito uma situação nova, Plutão destrói, aniquila, desintegra tudo
aquilo que não é útil.
Plutão desnuda, deixando-nos no vazio mais absoluto. Para poder "transcender"
o cotidiano conhecido, temos de pagar um preço: o de nossos pontos de referência
habituais, daquilo em que nos apoiamos e que constitui a razão de ser com a qual
nos identificamos. Seja por sua ação externa ou por aquela que provocamos a partir
de instâncias mais interiorizadas e desconhecidas, Plutão nos leva a destruir o que
amamos, aquilo que foi fundamento e causa de nossa conduta. Todo esse processo
gera dor, muita dor, e, ainda que, eufemisticamente, falemos sempre em
transformação, trata-se, na realidade, de morte e renascimento. Morremos desnudos
e nascemos desnudos e tão inevitável é um como o outro.
É inelutável o fato de que Plutão cause dor ao desintegrar uma situação, estado
ou parte da personalidade (senão toda a personalidade). O que sofre variações - e
isso depende de como Plutão se situa no tema, bem como de aspectos colaterais - é a
compreensão de que essa dor é parte imprescindível de um processo de crescimento,
de um destino - e Plutão está muito vinculado ao destino - que nós próprios, pelo
menos em parte, construímos para nós todos os dias com nossas ações. A
compreensão (e aprender acarreta dificuldades) da mecânica da evolução, a
aceitação de que as grandes leis estão acima das pequenas e de que o processo geral
evolutivo não deve deter-se diante dos processos individuais - e também de que,
algumas vezes, a personalidade com a qual nos identificamos constitui um obstáculo
ao nosso verdadeiro crescimento - minoram essa dor e nos tornam aptos a sobreviver
ao tremendo poder com que nos defronta a progressão ou o trânsito de Plutão sobre
os pontos sensíveis do tema.

A "oportunidade" de Plutão

Com muita frequência, consideramos o efeito de Plutão de uma forma que me


atrevo a qualificar de transcendental, e há razões para assim fazê-lo. Plutão nos
confronta com uma realidade que geralmente supera nossa capacidade de reação;
contudo, em função disso, cometemos o erro de esquecer que quase todos nós nos
movemos num nível de elementaridade básico. A quem nos consulta a respeito de
um problema provocado pela ação de Plutão, falamos da "grande oportunidade que
se lhe apresenta" e menosprezamos a gravidade de seu problema e o fato de que
esse problema não se manifesta necessariamente de forma transcendente, mas, de
preferência, de modo comum. Plutão coloca a maior parte de nós num beco sem
saída, ou seja, num determinado nível evolutivo - o da maioria de nós -; a pessoa
conta com poucas opções para decidir por si mesma; tudo lhe chega já estabelecido e
13
a única solução de que dispõe é aguentar a situação da melhor maneira que puder.
As pessoas que não se orientam para realidades mais transcendentes -
realidades que ultrapassam o plano pessoal - e que, em decorrência disso, tentam
compreender as ações do destino apreendem sempre a experiência plutoniana como
algo maligno, e sua tendência natural é escapar à prova, o que, evidentemente, não
está ao seu alcance.
Nesses casos, é praticamente inútil falar de "oportunidade", ainda que,
filosoficamente, seja correto. Talvez fosse mais útil avisar o consulente, embora seja
penoso, de que a tormenta se aproxima.

Plutão manifesta os extremos

A energia representada por Plutão rege os extremos, o melhor e o pior em nós,


se é possível fazer essa distinção.
Quando essa energia é canalizada para a parte do espírito, a força plutoniana
amplia a consciência do indivíduo de forma lenta e imperceptível, tal como a aurora
de um novo dia. Esse indivíduo não voltará a ser o mesmo e, apesar da mudança, a
transformação terá sido sutil, gradual e quase imperceptível.
Em contrapartida, se a energia se dirige para o material, a manifestação da força
é muito distinta. A semente plutoniana trabalha sob a terra, silenciosa e
incessantemente, e, de repente, irrompe na superfície, como um terremoto ou um
vulcão, que nos colhem desprevenidos e diante dos quais não sabemos como reagir.
Contudo, há algumas pessoas que nunca chegam, pelo menos por iniciativa
própria, a trabalhar com as energias profundas de si mesmas. Para todos aqueles
que permanecem enredados no plano imediato de suas necessidades pessoais mais
básicas, Plutão aparenta estar adormecido, trabalhando neles não como indivíduos,
mas como partes integrantes de um todo geracional, partes essas que têm o mesmo
destino do demais membros do grupo - fato que implica uma total, ou quase total,
ausência de controle sobre os acontecimentos.

Profundo - oculto - misterioso

A dimensão cósmica - e, por correspondência, humana - simbolizada por Plutão


é tão complexa, profunda e inacessível em termos de pensamento comum que,
sempre que procuramos averiguar seu significado num tema natal individual, esse
significado se encontra envolto num espesso halo de mistério. Embora, em nível
geracional, haja alguma (não muita) informação baseada em acontecimentos
coletivos concretos, no nível individual a explicação não está muito clara, nunca nos
parecendo completa; sempre há algo oculto, sutil e difícil de ser conceituado em
forma de lógica comum. Plutão situa-se a si mesmo fora da esfera do comum e seus
significados adquirem uma amplitude e uma intensidade que facilmente aturdem e
ultrapassam a mente melhor dotada.
A simples observação de suas características aparentes ou superficiais pouco
pode ajudar-nos na tarefa de compreender com precisão seu significado profundo,
14
tão ligado ao misterioso signo de Escorpião e a não menos oculta e transcendente
casa oito, na qual, simbolicamente, a alma se liberta. Isso implica que, para começar
a entender o significado de Plutão, não podemos utilizar exclusivamente as
experiências alheias, de personagens mais ou menos populares, cujas motivações
mais profundas desconhecemos; devemos outrossim, e de modo inevitável, começar
por nós mesmos e pelos amigos ou pessoas mais próximas de nós e que melhor
podemos conhecer em profundidade.

A dualidade básica vida – morte


Nascer, renascer, regenerar-se·

Nascer implica crise, assim como renascer. A tendência que todos


demonstramos de nos prolongar a nós mesmos - em nossos filhos, em nossas obras -
e o desejo inconsciente de nos perpetuar implicam seguir o processo vital em sua
totalidade, isto é, o processo de regenerar-se. Morrer para viver de novo, tal como
na fábula da Fênix, que renasce de suas cinzas.
Essa dualidade vida - morte, expressa de maneiras muito diversas, é
consubstancial com a natureza de Plutão. Quer entendamos a dualidade com a
primeira manifestação da divisão da unidade - seja esta denominada Natureza, Vida
ou Princípio Cósmico - quer, por outro lado, simplesmente vejamos sua analogia no
processo de reprodução de uma célula, estaremos chegando ao nível de
profundidade, originalidade ou capacidade de gerar, no qual se situa Plutão.
Essa sequencia dual produz, em seu desenvolvimento, profundos transtornos,
tanto pessoais como coletivos. Plutão traz à superfície tudo o que deve ser eliminado
durante o processo de regeneração. Ele enfatiza e revela as facetas mais ocultas de
nós mesmos. Põe-nos diante de nossa realidade mais crua e desnuda, levando-nos a
ver que também em nós existe essa dualidade básica.
Se somos construtores, também podemos destruir; somos bons e maus a um só
tempo e nossos níveis se compensam como o ying e o yang, mostrando-nos assim -
através da aproximação com os princípios mais instintivos, ou seja, próximo da
origem da fonte de energia - nossa mais pura e genuína natureza.
A crise que tal processo supõe pode levar-nos a pensar em Plutão como um
destruidor, como uma sombra ou como nosso lado obscuro, e certamente essa é
uma de suas características mais evidentes. Contudo, o caudal de sabedoria oculta
que Plutão faz surgir na superfície possibilita ao homem - que sabe ser correto o
conhecimento obtido através da experiência plutoniana - tomar decisões
transcendentes para sua vida futura.
Os mistérios mais profundos da vida, bem como talvez a própria essência de sua
energia, aparecem em estreita relação com Plutão. A vida tende sempre a
manifestar-se, a reproduzir-se, ainda que nas circunstâncias mais difíceis.
O poder que a vida demonstra, de nascer, manifestar-se, morrer, regenerar-se e
perpetuar-se em outra manifestação, nos mostra as chaves através das quais
podemos procurar entender Plutão, ao mesmo tempo que revela a evidente
dificuldade de penetrar no mistério de sua essência.
15
Poder

Quando o indivíduo toma a decisão de colocar em prática as determinações a


que chegou, obtém controle sobre si mesmo; isso significa, em todos os níveis,
poder. Trata-se do poder de transformar-se e de efetuar mudanças na própria vida e
no meio ambiente. Isso é plutoniano, como também o é o fato inegável de que o
homem é mortal. Admite-se a existência de capítulos e situações da vida que devem
ter fim - isto é, morrer - e que esse é um ato definitivo; dessa forma, o homem está
preparado para que a poderosa energia de Plutão lhe abra o caminho para novas
experiências.
A sabedoria que pode ser obtida a partir desse processo constitui o lado
luminoso de Plutão.
Finais ou começos de qualquer coisa são como as duas faces de uma moeda:
ambas podem ser positivas, caso sejam utilizadas na situação e no momento
oportuno. A luz só é necessária no local onde reina a escuridão e esses conceitos de
luz-sombra são completamente reversíveis. O saber oculto legado pela tradição diz:
"O que é luz para o homem comum é obscuridade para o iniciado e o que é luz para
o iniciado é obscuridade para o homem comum". Plutão rege tanto a luz como a
obscuridade e, por definição, rege o saber oculto de todos os tipos.
De tudo o que foi dito é possível deduzir - e relativamente fácil de comprovar -
que uma das características de Plutão diz respeito ao fato de seu significado
comportar qualidades opostas ou aparentemente contraditórias.
Essa energia plutoniana tem origem numa fonte que transcende a forma através
da qual se manifesta. Para a mente comum, acostumada a avaliar as coisas por seus
efeitos e não pelas causas, essa força dual aparece em termos de opostos.

As forças primitivas

Essa força ou energia, neutra em si mesma, é o elemento bruto, o poder


primitivo ou a força animal adormecida em nós, necessária para a manifestação no
mundo; trata-se do "carvão que um dia será diamante".
No mapa natal de um indivíduo - e, por conseguinte, em sua vida -, Plutão
representa uma energia que lhe trará surpreendentes revelações acerca das força
primitivas e instintivas que ele ainda não integrou em si mesmo.
Quando isso ocorre, o indivíduo se sente sacudido em seu centro nevrálgico e
ameaçado pelo perigo de desintegração.
Essa energia que flui de maneira difusa, inapreensível - como uma espécie de
inércia da fatalidade .-, confronta o indivíduo com uma série de situações difíceis. Não
importa o quão implicado ou afastado esse indivíduo se encontre do assunto; ele
sempre se defrontará com seu lado mais primitivo e animal. Plutão o leva para o
passado mais remoto ou traz o passado até ele.
Nessa batalha que o indivíduo trava consigo mesmo, a vitória e a qualidade desta
última dependem enormemente dos outros fatores implicados no mapa natal. Se a
pessoa permanece lúcida e atenta a essa tremenda força que sente em seus níveis
16
psicológicos mais profundos, e se consegue integrá-la, vê aberto diante de si um
imenso campo de consciência - o campo de seus insuspeitos impulsos instintivos -, que
a autoriza a dar um novo passo no caminho da evolução.

Uma experiência de universalidade

Há pelo menos um momento na vida, mais cedo ou mais tarde, em que cada um
de nós experimenta a influência de Plutão. Todos já fizemos uma viagem às
profundezas de nosso ser, vimos um esquema básico, tivemos uma experiência de
universalidade.
Durante o período de duração dessa prova, não há esconderijos, não há ajudas;
estamos sós numa encruzilhada do destino e percebemos que não somente chegou o
momento de tomar uma decisão como também que essa decisão depende
exclusivamente de nós, já que somos o ponto de partida.
Optamos, ou talvez somos forçados a optar, não importa. Depois de fazê-lo,
sentimos imediatamente uma sensação de paz e de serenidade. Desaparece o medo
do futuro e a fé em nós aumenta à medida que vamos abandonando os velhos
hábitos, complexos ou estereótipos de pensamento. A felicidade inunda o coração, e a
mente se abre para um novo começo. Essa é a experiência plutoniana, que comporta
o nosso próprio renascimento.

A vontade de nos libertar

O trabalho de Plutão consiste em nos libertar, por bem ou por mal, dos vínculos
com a matéria que deixaram de ser úteis para o espírito. Ele pode aparecer como um
inimigo, já que nos põe em contato com a morte (ou com algum tipo de morte), mas,
assim como Urano e Netuno, suas vibrações tentam levar o indivíduo a perceber a
irrealidade e a temporalidade do mundo em contraste com a realidade e a eternidade
do espírito.
Eliminação, renovação, regeneração, finais e começos são palavras-chave de
Plutão. Por tudo isso, Plutão é um planeta obsessivo, cuja qualidade compulsiva nos
impele a transformar-nos, a dirigir-nos para uma meta que ultrapassa as metas
comuns, a transcender a qualidade humana para conseguir um estado do ser, cujo
crescimento e esplendor não têm limites.
Urano possui a centelha capaz de nos despertar de nossa habitual letargia e
Netuno proporciona a mais elevada inspiração; no entanto, Plutão é aquele que nos
dá a vontade indomável de que necessitamos para no libertar de todos os nossos
entraves e para seguir o nosso caminho particular.

Habitual - extraordinário

Plutão concentra, intensifica, transcende os limites. Em si mesmo, é neutro, mas


tem a habilidade de levar uma situação, pessoa ou evento a ultrapassarem os limites
comuns. Se a situação é de força, com Plutão é de "muito mais força"; se é de
17
fraqueza, de "muito mais fraqueza". Plutão aprecia os extremos. Seu princípio
consiste em sair do normal, do habitual, para entrar no campo do extraordinário; daí
decorre a sua relação com todo o "fantástico" ou "milagroso".
Plutão encontra-se pleno de paradoxos ou contradições aparentes. Por um lado,
com seu poder, transforma uma situação habitual numa situação extraordinária; mas
Plutão é um planeta extremamente lento e muitas pessoas nasceram com ele no
mesmo signo e situação, o que significa que aquilo que é individualmente
extraordinário é, ao mesmo tempo, comum a um grande segmento da sociedade num
momento determinado. Em outras palavras, muitas pessoas conseguem, de modo
simultâneo, determinado nível extraordinário em algum aspecto definido. Isso
equivale a dizer que Plutão devolve à categoria do habitual aquilo que anteriormente
havia elevado ao nível do extraordinário.
É frequente ouvir-se, da parte de alguns astrólogos, que somente as pessoas
muito evoluídas respondem às energias de Plutão. No entanto, o que ocorre talvez
seja o seguinte: certas habilidades extraordinárias passam despercebidas
simplesmente pelo fato de que são temporalmente comuns a um numeroso grupo de
pessoas.
As qualidades existentes em cada geração acabam por evidenciar-se porque se
manifestam em cada um dos membros do grupo.

Plutão separa para unir

Essa transcendência dos limites, que pode manifestar-se de várias maneiras -


seja pela proeza física, pela clarividência ou pela transgressão -, implica o rompimento
desses limites e dessas barreiras e o atingimento de um nível que se situa acima da
norma. E novamente aparece o paradoxo: quando alguns homens rompem limites e
barreiras, desenvolvem a capacidade de reconhecer-se e de unir-se entre si nesse
novo nível recém-atingido. A consequência é uma universalização das atitudes
pessoais.
Com efeito, Plutão nos separa das pessoas que ainda agem dentro da norma,
dos limites, e o faz da seguinte maneira: quando alguém passou por uma forte
experiência plutoniana e conseguiu integrá-la em sua personalidade, sofreu uma
mudança muito profunda e percebeu a existência de algumas leis ou esquemas
básicos que podem ser enquadrados na categoria de universais. A partir daí, a pessoa
rege sua vida por essas leis, que soube reconhecer como parte básica de si mesma.
Conhece a lei e, em função disso, sabe o que deve fazer. Sua ação torna-se mais
impessoal e sua relação com o grupo é a de alguém que o transcendeu, mas que
continua sendo membro dele; transforma-se em "unidade" - quer isto seja ou não
reconhecido pelos demais -, sabe o que fazer e como integrar sua ação na
coletividade. Comparando, seria possível dizer que, enquanto a separação provocada
por Urano se processa à margem do grupo - porque torna as coisas distintas -, a de
Plutão é uma separação que transcende, já que faz as coisas "de modo melhor", mas
mantém sempre a relação com o grupo.
18
Se Plutão incrementa a superação dos limites, é lógico pensar que facilita a
realização de objetivos, caso a pessoa dirija seu interesse para a área de seu tema
natal em que tenha Plutão.
Evidentemente, tudo isso ocorre da maneira descrita quando a energia de
Plutão é utilizada de modo construtivo; tal coisa só acontece quando a pessoa se
orienta para a evolução criativa de si mesma e dos demais. Caso contrário,
evidencia-se a face obscura de Plutão, seu lado destruidor.
Os resultados catastróficos de um possível mau uso da energia nuclear
(tipicamente plutoniana) são tão evidentes que podem servir de exemplo para que
qualquer pessoa implicada numa experiência plutoniana reflita bem antes de abrir a
porta para as influências destrutivas do planeta.

A válvula de segurança

Houve, entre os astrólogos, muita especulação acerca do fato de que os


planetas pesados - Urano, Netuno e Plutão - não trabalham no nível individual, a não
ser que estejam nos ângulos ou fortemente aspectados. Contudo, é lógico pensar
que todos os planetas trabalham num mapa natal, embora o, façam de maneiras
diversas.
Os planetas pesado, em função da tremenda potência de energia que
representam, manifestam sua ação através do indivíduo, mas não a partir do
indivíduo, como o fazem os planetas pessoais.
Em outras palavras, o homem é um canal para a sua manifestação; sua energia
flui através de nós, mas é demasiado poderosa para permanecer em nós.
Quando a influência de Urano flui livremente através do indivíduo, este último
pode tornar-se um gênio. Quando isso não ocorre, quando é reprimida no interior,
essa influência produz transtornos de tipo congestivo, condutas espasmódicas ou
epilepsias de várias espécies. Se é Netuno o planeta que se manifesta de forma livre,
encontramo-nos diante do protótipo de artista, de homem sensível, espiritualizado, e
com possíveis conexões com outras dimensões da realidade; mas, se essa energia é
acumulada e reprimida, transforma-se em veneno, prejudica a sensibilidade, e a
pessoa se torna enfermiça e perde contato com a realidade básica.
O poder da vontade simbolizado por Plutão, quando flui sem entraves, conduz o
indivíduo à realização das maiores proezas, nada lhe sendo proibido; mas se ele não
canaliza essa força, permitindo que se detenha em si, será presa fácil de todo tipo de
obsessões. As compulsões ancestrais de todas as espécies controlarão sua conduta e
ele perderá a oportunidade de projetar e de colocar em prática, por si próprio, seu
futuro. Em outras palavras, o indivíduo anula sua força de vontade, anula-se a si
mesmo, e tal coisa certamente é uma espécie de morte.
É possível dizer que Plutão representa a válvula de segurança do nível psicológico
mais profundo. Se, quando existe muita pressão, essa válvula não se abre, é normal
que uma pessoa estoure.

Civilização versus barbárie


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Os gregos, os romanos e a maioria dos povos que, em determinado momento,
detiveram o monopólio da civilização deram o nome de bárbaros a todos aqueles que
não pertenciam a seu âmbito cultural.
Esse fato não era mais que o reflexo da tradicional e clássica dicotomia entre
"homem" e "natureza". Ou, dito de modo mais específico, da dicotomia entre o
"homem civilizado" e as "forças cegas da natureza".
Vertendo tal coisa para uma concepção moderna, falamos de consciência e de
subconsciência. Mas pouco importa a forma pela qual a designemos; o certo é que
essa luta continua.
Desse ponto de vista, para O civilizado homem atual - como ocorrera
anteriormente para o grego -, natureza e barbárie têm muito em comum, quando não
são consideradas como sinônimos.
O ego tende a tornar consciente todo o inconsciente, procurando ordenar o
caos; mas, para fazê-lo, deve inevitavelmente confrontar-se com esse caos.
A natureza - e nós também somos natureza a Deusa Mãe, a. obscura origem da
vida; dela tudo nasce e nela tudo termina.
Enquanto geradora, ela traz em si os dois princípios básicos, o masculino e o
feminino, através dos quais se expressa das mais variadas maneiras. Plutão
representa a expressão masculina, o princípio fálico, da Grande Mãe. É o princípio
ativo do caos ou barbárie. Ou pelo menos é a forma pela qual aparece em nossa
visão "civilizada".
Quando Plutão age sobre nós - isto é, quando a parte ativa da natureza se
manifesta em nós -, somos confrontados com o nosso lado bárbaro, não-civilizado,
mas também com o princípio gerador de nossa natureza. Tal como nos aponta o
mito, Plutão é um raptor que se apodera de uma parte de nós - da parte inocente ou
virgem - e que nos leva ao submundo (ao inconsciente), onde, depois de nos violar -
isto é, fazer-nos perder nossa inocência -, nos obriga a comer a romã, o fruto da
árvore do conhecimento, antes de nos devolver ao mundo exterior.
Em outras palavras, através de Plutão adquirimos conhecimento, mas, para isso,
devemos descer - como Dante em sua Viagem aos infernos - ao inframundo (ao
interior da Terra) para "ressuscitar" três dias depois.
A civilização é resultado da constante luta do homem para entender e controlar
a natureza - e, por analogia, para entender e controlar a si mesmo -, e o aparente
paradoxo está no fato de que, para poder continuar "civilizando-se", o homem
precisa aprofundar-se cada vez mais no lado "bárbaro" de si mesmo.
O descobrimento de Plutão coincidiu com o auge da psicanálise e com o
movimento surrealista, que procurava trazer à luz a parte inconsciente da psique.
Nada é casual, como tampouco o é o fato de que esse planeta tenha sido
descoberto no signo de Câncer, "a mãe do horóscopo", as águas onde tem origem a
vida, assim como o fato de que, naquele momento, Plutão estivesse situado entre
Castor e Pólux, que, em sua regência, distribuem entre si o céu de cima e o inferno
de baixo.

20
O denso e o vazio interior

Na mitologia greco-romana, Plutão é conhecido como o Júpiter do inframundo;


em outras palavras, a Plutão é outorgada a mesma categoria de Júpiter.
Em Astrologia, Júpiter é o grande benéfico e, em função disso, supõe-se que
Plutão deva ser o maior maléfico de todos; no entanto, nenhum astro pode ser
maléfico de modo absoluto, uma vez que essa característica de "absoluto" pertence
exclusivamente ao criador.
Contudo, para o homem situado simbolicamente na superfície da Terra, a meio
caminho entre o céu e o inferno (o ponto de máxima densidade no centro da Terra)
e partícipe de ambos, Plutão representa a outra face de Deus, o anjo da morte, o
anjo decaído, com tudo aquilo que tal coisa possa simbolizar em nós mesmos.
O reino da obscuridade se opõe ao da luz, o denso ao sutil, a matéria ao espírito,
a morte à vida. Complementam-se mas não podem estar juntos; se um reina, o seu
oposto não pode reinar, e cada elemento rege aquilo que lhe é análogo.
Plutão rege o mais denso de nós, desde a matéria menos refinada, os desejos
não transmutados, até as ideias menos elevadas; ele rege tudo o que nos impele
para baixo, tudo o que nos "vincula" à Terra. Para o homem - a alma em encarnação
-, representa a matéria que oculta, que encarcera o espírito. Plutão não pode criar, já
que este é um atributo do Sol, o doador de vida; sua forma de "criação" consiste em
destruir, mas só pode agir sobre aquilo que rege, sobre o que lhe é análogo. Assim,
em sua destruição do denso, provoca a metamorfose necessária, que separa o
espírito da matéria e que conduz ao desenvolvimento dos múltiplos estados do ser.
Se fôssemos espíritos muito puros, o planeta não teria efeito sobre nós; mas
ninguém o é. O fato de encarnarmos, de termos um corpo físico, nos situa sob a
influência de Plutão. A diferença fundamenta-se no fato de que, para os homens
puros, Plutão constitui uma ajuda para a libertação dos vínculos com a matéria. Em
contrapartida, para os poucos evoluídos, representa um cárcere no qual o espírito se
consome e se embrutece.
Para quem o sabe ver, Plutão evidencia o denso, aquilo que deve ser
transformado; mas o que deve ser revisado?
Dizemos que Plutão mostra o que está oculto; no entanto, por estar oculta, uma
coisa não é necessariamente má e, por conseguinte, sujeita à revisão. Por outro lado,
é evidente que o oculto, aquilo que ciumentamente guardamos em segredo, está
influindo totalmente em nossa aparência exterior. A fachada, a máscara, está
perfeitamente de acordo com o que se deseja ocultar. Existe, portanto, uma relação
direta entre o externo e o interno, o público e o privado, e não é possível modificar
um sem que o outro seja alterado.
Deve ser modificado aquilo que se encontra em desacordo com o propósito
interno real, transcendendo as circunstâncias temporais e ambientais; para isso, é
imprescindível que tal propósito esteja claro na mente e, caso se esteja atento, é
possível descobrir na atuação "externa" tudo o que deve ser revisado. Pode-se ter
consciência das áreas em que o propósito é fraco ou nas quais a atuação não
mantém correspondência com a finalidade. É sempre melhor que a ação de Plutão
21
nos encontre orientados para a direção correta; dessa maneira, esta ação se
transforma numa ajuda poderosa.
O ser humano, como entidade completa que é, deveria conhecer todas e cada
uma das partes que o compõem; embora se trate de uma tarefa difícil, nem por isso
deixa de ser imprescindível para que ele conheça seu propósito. Entendendo sua
realidade atual, o homem pode deduzir o que foi e os passos ou etapas a serem
seguidos; em outras palavras, pode dar uma resposta à clássica questão: Quem sou,
de onde venho e para onde vou? Cito tal coisa porque, caso não se investigue o
"quem sou?" e caso seja mantida uma zona. "vazia" na complexa totalidade do ser, é
muito difícil que Plutão possa mostrar a composição e as qualidades dessas zonas
ignoradas.
Plutão, em seu aspecto mais abstrato e em sua pureza mais genuína, é uma lei
e, ainda que se procure desconhecer seus preceitos, suprimindo da mente
consciente as formas circunstanciais pelas quais essa lei se manifesta, não é possível
evitar, de modo algum, seus poderosos efeitos.
Plutão evidenciará esse "vazio" interior e, não dispondo de canais adequados
para aproximar-se, em forma e quantidade precisa, de cada necessidade, buscará
por si próprio seus meios de expressão, arrebatando, em sua passagem, qualquer
obstáculo que encontre.
Essa força tem uma qualidade regeneradora, mas, se todos os seus canais forem
fechados, desviar-se-á pela linha de menor resistência, composta pelos hábitos;
estes últimos não poderão resistir a esse imenso caudal e, dessa forma, o homem se
verá inevitavelmente superado pela caricatura que fez de si mesmo, afastando-se
cada vez mais da imensa e rica realidade que, de modo latente, o constitui.

Um instante no fio da navalha

Plutão representa a conexão do último conhecido com os primeiros níveis do


cognoscível e, antes que se ultrapasse a "porta" que conduz a outro reino, é
necessário defrontar-se com o guardião, com o cão Cérbero, o cachorro de três
cabeças, a parte animalizada do ser. E isso ocorre da seguinte maneira: a parte
positiva do homem não se manifesta até o momento em que este aprenda a refinar
sua parte negativa; mas, se o homem entra no confronto sem estar preparado,
sucumbe ao animal que traz dentro de si.
Uma vez que esteja em vigência essa prova, é preciso aproveitá-la: é se
aprovado ou não, mas não existe possibilidade de repetição. Ou se atinge outro nível
ou o cão devora o homem.
Plutão liga uma realidade a outra distinta, constituindo uma porta que, pelo
menos uma vez na vida, todos temos oportunidade de ultrapassar. O que existe
para além dela é difícil de saber - e muito mais difícil ainda de concretizar ou de
explicar por meio de palavras -, mas, na própria porta, no momento de atravessar o
umbral, esse fio da navalha entre dois mundos é pura consciência, um fragmento
de segundo de plenitude, de totalidade, pelo qual vale a pena enfrentar o temível
guardião.
22
PLUTÃO NOS SIGNOS
Saturno é um planeta-limite. Assinala a fronteira entre aquilo que é mais
puramente pessoal e uma espécie de consciência mais geral, ampla e impessoal.
Todos os planetas situados adiante de Saturno estão relacionados com uma
classe de experiências, processos e desenvolvimentos gerais, coletivos e
geracionais, diante dos quais todos emitimos uma resposta personalizada através
dos planetas pessoais, de Sol a Saturno, e dos aspectos destes com os
transpessoais, Urano, Netuno e Plutão.
Enquanto mantemos um tipo de consciência egotista, centrada nos limites de
nós mesmos, esses planetas não nos afetam individualmente e só o fazem através
das respostas que damos aos grandes acontecimentos coletivos. Em outras
palavras a posição por signo de Plutão assinala o tipo de experiência geral de toda a
humanidade que se está desenvolvendo nesse momento, mas não indica, de modo
algum, a resposta que damos a essa influência.
As diversas posições por signo de Plutão assinalam as diferentes experiências
de uma geração para outra. E as diferentes respostas entre os membros de uma
mesma geração são dadas através de sua posição por casa e dos aspectos com os
planetas pessoais.
É necessário levar em consideração tal coisa quando se tem a intenção de
decifrar as influências de Plutão em cada signo.
Plutão, o planeta mais distante do sistema solar, simboliza o poder de criar e
destruir, o poder radical nas raízes da vida - onde criação e destruição constituem as
duas faces do mesmo processo -, a primeira divisão entre matéria e energia, a
primeira semente, a primeira nota, o primeiro tom. Sua posição por signo assinala a
experiência histórica, a fase de civilização e as provas por que cada grupo deve
passar com o planeta no mesmo signo.
Enquanto Plutão assinala o propósito para cada época, Netuno e Urano
desenvolvem e matizam essa semente. Tais influências trabalham de forma oculta,
afetam o inconsciente coletivo das gerações e, no momento propício, emergem do
lado invisível da vida para a transformação e regeneração de todo um segmento da
sociedade, quando não da totalidade dessa sociedade.
Recapitular, selecionar e sintetizar as influências e os efeitos mais ou menos
visíveis de um planeta geracional durante um período médio de vinte anos e em
todo o mundo constitui, por definição, uma tarefa impossível.
É muito difícil dispor de toda a informação e estar capacitado para ser um
especialista em todos os temas de uma só vez. Analisar toda uma geração leva
inevitavelmente a generalizar e, dessa maneira, torna-se irresistível a tendência a
encaixar todas as peças. Tende-se a ver tudo a partir de uma única perspectiva e se
interpretam os fatos e as ideias da maneira que mais convém à tese inicial,
procedimento que conduz, de modo inelutável, à inexatidão e ao erro.
Quanto mais amplo, mais profundo e mais duradouro é o efeito de um planeta,
menos se pode falar dele; no caso de Plutão, o planeta até agora mais misterioso, tal
23
ideia é enfatizada ao máximo.
É difícil a análise dos planetas lentos em relação aos signos. É necessário
entendê-los como grandes movimentos, etapas e direções que a humanidade toma
como um todo. A partir do momento em que se procura concretizar, vê-lo do ponto
de vista de uma situação mais restrita ou mais localizada, é preciso agir com extremo
cuidado e não esquecer o propósito geral que subjaz a qualquer resposta ou
manifestação pormenorizada de determinado segmento da sociedade num
momento específico de sua transformação cronológica particular. A reação ao efeito
de Plutão em Leão não é a mesma, por exemplo, nos americanos dos anos quarenta
até meados dos cinquenta - reação que produziu uma série de movimentos de
liberação pessoal, de repúdio ao american way of life, nos anos sessenta (quando essa
geração chegou à maioridade) - e em outros lugares do planeta, que apresentam
diferenças genéticas, de tradição, de sistema social, ou ainda possibilidades
econômicas diversas que permitam concluir aquilo que o trânsito de um planeta por
um signo significa.
Na Espanha, sem que se vá mais longe, as sequelas da guerra, a pobreza e um
regime pouco permissivo frustraram a maioria das pessoas. A libertação aludida foi
adiada para mais tarde, quando as circunstâncias o permitiram, e, nessa época,
Plutão já não estava no signo de Leão. Chegou-se tarde e se fez o que foi possível;
algumas pessoas que tentaram chegar à libertação no momento anterior precisaram
pagar um preço exageradamente alto por isso.
Para decifrar a possível manifestação de Plutão em diferentes lugares ou países,
é necessário dispor do tema astral da nação em questão e interpretá-lo à luz de sua
situação social atual; disso se ocupa a chamada astrologia mundial ou política.
No entanto, é certo que Plutão em cada signo marca uma tendência distinta,
uma fase específica no total do ciclo de desenvolvimento, e que, em cada época,
nascem pessoas que, em sua vida e em suas obras, simbolizam, de modo completo,
as propriedades do planeta no signo.
Essas pessoas, no entanto, representam uma minoria; as restantes se limitam a
seguir, de forma retardada e limitada, os princípios que elas exemplificaram. Por essa
razão, é difícil concretizar situações, ideias e pessoas, e muito mais fácil - e talvez
mais correto e menos sujeito a erro - manter-se dentro de um discurso mais abstrato,
centrado em princípios básicos, sem afastar-se exageradamente do simbolismo mais
genuíno de cada signo.
Portanto, fica a cargo do conhecimento e da habilidade do astrólogo a tarefa de
dar forma concreta a cada situação pessoal particular, uma vez que esse profissional
dispõe da informação necessária: o tema astral da pessoa a ser analisada e sua
circunstância pessoal e social.
Diz-se que um planeta não afeta uma pessoa até que esta não vibre na mesma
frequência desse planeta, até que não atinja determinada evolução semelhante à
evolução simbolizada por ele. Quando um novo planeta é descoberto, tal fato
significa que uma grande parte das pessoas chegou a sintonizar com sua frequência
vibratória, isto é, atingiu um nível determinado dentro do processo evolutivo.
Plutão só foi descoberto em 1930, no signo de Câncer. Portanto, faz pouco mais
24
de cinquenta anos, tempo insuficiente para decifrar com precisão a totalidade das
complexas influências de um planeta cujo ciclo abrange quase 250 anos. Dever-se-á
esperar todo esse tempo para saber, pela experiência, o que esse planeta oferece
numa revolução completa. Na verdade, nossa experiência não abrange mais que
quatro signos - de Câncer a Libra - e toda a chave interpretativa parte do efeito de
Plutão nesses signos. Sua situação em Áries, Touro e Gêmeos, antes de manifestar-se
objetivamente, se configura como gênese dos efeitos posteriores e, como ainda
existem pessoas com o planeta em Touro e Gêmeos, é certo que isso não passa de
história-ficção e que é possível "demonstrar" qualquer coisa, assim como o seu
contrário.
Faz pouco tempo que Plutão entrou em Escorpião, seu signo regente, e devem
ser esperadas grandes mudanças, que afetarão toda a humanidade.
Em função disso, Escorpião é o último signo sobre o qual é possível aventar
uma hipótese. Ultrapassá-lo constituiria astrologia-ficção, e seria negada a tese
latente neste livro segundo a qual o homem é livre para decidir seu futuro, seja qual
for à prova a que é submetido. Por esse motivo, não incluímos aqui uma teórica
interpretação de Plutão em Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes.

Plutão em Áries (1821-1852)

Áries inicia um novo ciclo e Plutão representa a semente de um processo de


regeneração que se estenderá por um período de 250 anos. Toda a humanidade se
encontra diante de uma nova etapa, de um movimento em sua direção, de uma
nova ordem, e estão disponíveis a possibilidade e a responsabilidade de transformar
essa potencialidade em realidade. Evidentemente, isso implica luta com o regime
anterior, o qual, não obstante, não representa um obstáculo para essa geração que
se caracteriza por seu espírito revolucionário. Plutão em signos do fogo tem um
efeito inspirador e transformador, dinâmico, que revela os elementos inúteis do
ciclo anterior e que propicia a busca de novos valores. A mudança torna-se urgente
e o problema se fundamenta na adaptação às novas condições e aos novos
propósitos.
Plutão em Áries se manifesta de forma individualista e a necessidade de
modificar todo o anterior se traduz numa urgência de transformação pessoal; isso
ocorre até a pessoa perceber a ilusão que a independência levada a efeito de modo
isolado dos demais representa. Pioneiros, mártires e reformadores, líderes de
qualquer causa, obcecados pelo valor pessoal, estão sempre dispostos a derrubar
todos os obstáculos que se anteponham à sua vontade, que não reconhece limites.
Enérgico e impulsivo, não conhece a fadiga, projetando-se para além dos
próprios limites físicos, até ficar exausto.
Todo início se caracteriza por um forte desejo de aprender, e Plutão nesse signo
representa o batismo de fogo, a reorientação para progressos de ordem espiritual.
Iniciativa, impulso, integridade, determinação e vontade, os quais, de certa maneira,
incluem agressividade e violência.

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Plutão em Touro (1852-1883/84)

Nesta fase, a semente rompe sua casca protetora, o impulso inicial se estabiliza e
começa a materializar-se. Touro é um signo da Terra, fixo, e Plutão rege o
inframundo, simbolicamente as entranhas da Terra. E se, além disso, levamos em
consideração o fato de que Touro está em oposição a Escorpião, regência de Plutão,
vemos que este se manifesta aqui de forma mais concreta, material e visível. Trata-
se, por assim dizer, do meio-dia de Plutão.
Tudo o que está oculto "sob a Terra" tende a sair para o exterior, tanto o que
gera riqueza - agricultura, minas, escavações - como o que produz destruição -
terremotos e erupções súbitas. É a época em que Prosérpina retorna à superfície.
Trata-se de um período de realização prática, de utilitarismo e de cientificismo
materialista. O romantismo da fase anterior (ariana) é substituído pela ênfase no
espírito de sobrevivência e pela tendência a assegurar para si o bem-estar, a
continuidade e a segurança, bem como a acumular e concentrar poder pessoal -
poder esse que, na maioria dos casos, é usado para perpetuar o próprio ego através
de obras materiais concretas e duradouras. O esforço e a capacidade criativa se
invertem no plano do tangível e o intelecto se concentra no descobrimento das leis
que regem a matéria, com a finalidade de fazer uso dela de modo prático.
Em outra ordem de coisas, Plutão em Touro acentua a parte sensual e artística
do signo, outorga capacidade para apreciar a beleza da forma e enfatiza o desejo de
prazer. Pode deixar transparecer um refinado tom erótico, como elemento inerente à
sua forte capacidade criativa. Quando o lado destrutivo de Plutão se manifesta, essas
qualidades resultam numa sensualidade exagerada, narcisismo, desejos
constrangedores, obstinação, autoindulgência e, de maneira geral, em ânsias
compulsivas e incontroladas de satisfazer os desejos mais elementares.

Plutão em Gêmeos (1883/84-1912/14)

A imaginação e a ingenuidade de Gêmeos provocarão uma mudança no mundo.


Ao entrar num signo do Ar - sabemos que esse tipo de signo se relaciona com a
mente -, a ação de Plutão se torna ainda mais impessoal, mais desapegada e, por
conseguinte, mais livre para eliminar os antigos padrões e hábitos, especialmente o
preconceito e a ignorância. Plutão em Gêmeos enfatiza a comunicação em seu
sentido, mais-amplo: leitura, estudo, pensamento, viagens... ampliam o horizonte
mental do homem e a interação recíproca.
Os meios de comunicação, periódicos, transporte, a aviação, as novas ideias e
novos métodos se expandem de modo acelerado. É como uma "crise de
crescimento" e alguns homens, ao ampliarem sua mente, percebem a necessidade
de uma mudança radical da mentalidade coletiva. São as primeiras pessoas a terem
uma visão clara de uma sociedade futura.
Por outro lado, esse incremento da comunicação divulga rapidamente, em todo
o mundo, os inventos e descobertas concebidos pela mente do homem. Em outras
palavras, essa época põe termo ao isolamento dos povos e das diferentes culturas.
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Infelizmente, a humanidade sempre usou a energia de um planeta de forma
destrutiva antes de aprender a fazê-lo de forma construtiva. Assim, essa
universalização do conhecimento, com todas as suas descobertas técnicas, difundiu-
se rapidamente na Primeira Guerra Mundial.
A oportunidade oferecida por Plutão em Gêmeos é de regenerar a mente,
transformando-a num poderoso instrumento, capaz da mais penetrante e aguda
visão, e libertando-a da dispersão, da futilidade e da esterilidade.

Plutão em Câncer (1912/14-1937/39)

Câncer significa lar, família, clã, tradição, nação, e a geração que apresentava
Plutão em Câncer passou pela destruição e pela transformação completas de tudo o
que esses conceitos significam. Foi obrigada pelas circunstâncias a entender esses
termos de maneira diferente e mais profunda ou a viver com a tristeza e a nostalgia
de um passado que já não podia existir novamente.
Essa geração experimentou a segurança do círculo familiar, no qual as regras
eram claras: a mãe cumpria seu papel de alimentar, proteger e indicar o
comportamento "adequado" a cada situação, pessoa ou evento; era uma relação de
obediência e respeito.
O pai tinha a função de dominar e controlar toda a família; era a imagem do
trabalho duro e da honestidade. Seguir as regras era sinônimo de bem-estar e de
eficiência. Em contrapartida, não segui-las levava ao desastre. O mito da família era
sagrado. Câncer e a casa quatro representam nossas raízes, a fonte da qual
extraímos não somente nossa força e substância para construir e moldar nosso
projeto, como também, pela regência da Lua, a capacidade de adaptação desse
projeto ao meio ambiente.
A permanência de Plutão em Câncer barrou literalmente todo esse esquema
tradicional, e as pessoas dessa geração - na qual frequentemente ocorrem intensos
vínculos e cega obediência à família e à nação - sofreram uma trágica desilusão quando, no
decorrer de sua vida, se viram afastadas tanto uma como da outra, obrigadas a cortar o
cordão umbilical com a concha protetora por elas representada. Esse fato provocou dor
mas acelerou a evolução. Segundo a regra geral, onde há sofrimento há crescimento.
Plutão em Câncer teve início com a Primeira Guerra Mundial e permaneceu até a
Segunda; por outro lado, a conjunção com seu nodo norte coincidiu com a Grande
Depressão de 1929. O próprio planeta foi descoberto em 1930, no segundo decanato de
Câncer - aquele que corresponde a Escorpião -, quando seu descobridor, Percival Lowell, já
havia morrido. Essa geração sabe muito acerca do lado destrutivo do planeta. Dessa forma,
não surpreende o fato de que se encontrem muitas pessoas com Plutão em Câncer que
apresentam antes uma forte inclinação para o passado, para a protetora imagem
convencional de "lar", do que a atitude de encarar as correntes progressistas.
O sentimento, emoção e sensibilidade típicos de Câncer passaram por uma dura
prova.

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Plutão em Leão (1937/39-1956/57)

No signo de Leão, regido pelo Sol, o ego, a consciência, a semente de Plutão em Áries
frutificam, expressam-se livremente, com facilidade (Leão em trígono com Áries. É o
momento da colheita.
A geração que apresenta Plutão em Leão se torna consciente de sua individualidade; a
expressão do eu, do ego, é imperiosa e exige os direitos ao livre fluir de sua energia e de
seus desejos como elemento indispensável ao correto desenvolvimento da personalidade.
O segmento da sociedade com Plutão em Leão transgrediu todas as regras e se erigiu
como líder de si mesma. Os teenagers enquanto fenômeno social diferenciado e a ampla
gama de movimentos dos anos sessenta e setenta - dos amantes do rock'n' roll aos beatniks
- deixaram uma marca indelével na história.
Essa necessidade de manifestar a própria individualidade, de projetar-se e de criar a
partir de si mesmo, assim como, em função disso, a reação a qualquer tipo de norma,
controle e poder, estavam em clara oposição à situação geral, manipulada por ditadores de
todas as espécies, tanto na esfera econômica como na política.
Esse período viu-se marcado pelo egoísmo, pelo orgulho e pelo desejo de poder dos
dirigentes das nações, bem como pela megalomania e pela obsessão por parte das esferas
de influência ou ainda pelo governo mundial. Era o momento em que Hitler (Touro),
Mussolini (Leão), Hirohito (Escorpião) e Roosevelt (Aquário), cada um à sua maneira e de
acordo com seu temperamento, levaram o mundo à Segunda Guerra Mundial.
Quatro signos fixos, em quadratura e em oposição entre si, que, de modo drástico,
limitaram e canalizaram o nascente poder de Plutão em Leão.
A geração de Plutão em Câncer, não desejando que seus filhos passassem "pelas
privações por que ela havia passado", deu-lhes todos os gostos e facilidades. Em
outras palavras, superprotegeu-os; entre as coisas que fez pelos filhos, ganham
destaque os assuntos referentes à educação. Os jovens de Plutão em Leão
constituem a geração que, em sua maioria, teve acesso a uma boa educação; são
eles os primeiros a poderem frequentar maciçamente a universidade e tal fato
deveria ser notado mais tarde, nos anos sessenta, na rebeldia diante de um tipo de
vida que, para tais jovens, se mostrava carente de sentido. É a geração da carona, da
busca de horizontes de afirmação pessoal; a "casa" está onde se encontra o saco de
dormir, e as mulheres renunciam a seu tradicional papel de "mães". A "segurança"
dessa geração é ela mesma.
São líderes naturais e, com o tempo - com o trânsito de Plutão em Libra,
formando sextil com seu Plutão -, se moderam integrando-se na sociedade, onde
transformaram-se em dirigentes de fábricas, empresas e países, oferecendo uma
visão mais ampla e mais aquariana que seus predecessores. Demonstram maior
tolerância em relação à opinião dos demais porque aprenderam que devem
modificar a noção de poder. Viram que, se o homem não se une por amor, acaba por
unir-se pelo sangue derramado nos campos de batalha da Terra.
Mas talvez as mudanças mais espetaculares se tenham realizado no terreno do
sexo, que passou a ser entendido como um prazer e não como um dever. A
informação sobre sexo foi exaustiva e abrangeu todos os veículos, desde Playboy à
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mais meticulosa análise científica, às aulas de sexualidade nas escolas, passando pelo
erotismo que polarizou a publicidade desses anos. O uso maciço das pílulas
anticoncepcionais e a liberação do aborto na maioria dos países permitiram o livre
exercício da sexualidade e a decisão de trazer ou não novos seres ao mundo.

Plutão em Virgem (1956/57-1971/72)

Virgem rege o cotidiano, o mundo do trabalho, o serviço e a saúde, entre outras


tantas coisas, e todos esses conceitos serão afetados pela permanência de Plutão no
signo. O sextil de Plutão com Escorpião, seu próprio signo, permite que sua
influência se manifeste de forma relativamente serena. Ou, para dizê-lo de maneira
mais poética, a Água de Escorpião flui positivamente sobre a fecunda Terra de
Virgem, incrementando o crescimento em todas as áreas governadas pelo signo.
A profundidade de Plutão combina bem com a capacidade de análise de Virgem.
E Mercúrio, seu regente, rompe o segredo escorpiano e se transforma no porta-voz
da mudança.
Essa geração viu modificarem-se substancialmente os conceitos sobre saúde.
Esta última é considerada como algo mais que ausência de enfermidade; trata-se de
uma ideia muito mais global, que inclui desde uma nutrição adequada até o que
agora denominamos "qualidade de vida". A saúde é um todo que abrange muito mais
facetas que aquelas eleitas anteriormente. O papel do médico que se limita a receitar
medicamentos desvalorizou-se, foi tirado do pedestal, ao mesmo tempo em que
apareceram múltiplas medicinas alternativas, remédios simples para doenças
comuns. Houve uma volta ao natural, às velhas receitas, assim como uma forte
rejeição aos produtos químicos. O homem passou a preocupar-se com seu corpo.
Desde a ioga até o jogging, experimentou-se uma infinidade de métodos para manter
a saúde.
Ao mesmo tempo, tivemos conhecimento da extensa manipulação levada a
efeito sobre os alimentos. Adulterantes, aditivos, conservantes, hormônios,
inseticidas e todo tipo de produtos artificiais são acrescentados aos alimentos sob o
pretexto, certo ou não, de serem imprescindíveis para a grande produção de que a
humanidade necessita. Diante disso, proliferaram as associações em defesa do
consumidor, da mesma maneira que, em outro domínio, se multiplicaram os
sindicatos em defesa do trabalhador.
Plutão em Virgem significou um regresso a certas formas do natural; voltou-se ao
uso das ervas, muitas pessoas praticaram o vegetarianismo, e as dietas de todos os
tipos, especialmente as emagrecedoras, são contadas aos milhares, desde os Weight
Watchers (vigilantes do peso) até os complementos vitamínicos para atenuar a falta
desses componentes nos alimentos light.
Outra faceta desse período é a "bricolagem" ou o "faça você mesmo", o que
também inclui o self-service nos restaurantes.
Outra revolução - e esta é, na realidade, extremamente mercuriana - foi a
implantação dos computadores em todos os âmbitos de nossa atuação cotidiana,
implantação essa cujos resultados só começamos a ver agora. Os computadores
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modificaram nossa vida, mas ainda não sabemos até que ponto isso ocorreu.
Esses anos viram a popularização dos blue-jeans em todas as classes sociais e a
diminuição progressiva do biquíni. Exibir o corpo é a coisa mais natural do mundo
(lembrem-se de que Plutão desnuda). Eles também assistiram ao início da
preocupação ecologista, assim como ao maciço florescimento de gurus orientais.
Virgem é um signo que analisa e tal coisa serve para esclarecer conceitos, o que,
indubitavelmente, constitui um serviço aos demais.

Plutão em Libra (1971/72-1983/84)

As balanças, o símbolo de Libra, representam o equilíbrio e, por extensão, a


justiça. São a imagem da lei, mas esta não está situada em nenhum dos lados da
balança e sim no centro, no fiel. Ou, dito de outra maneira, no fio da navalha.
As balanças significam integração dos opostos, uma integridade interna que se
manifesta como harmonia e paz.
Como está em oposição a Áries - o signo onde se inicia o ciclo -, Libra constitui o
ponto de máxima complementação, no qual é possível conseguir a síntese, mas
onde, igualmente, a humanidade pode desviar-se para um lado ou para outro. É, ao
mesmo tempo que prova, uma oportunidade e, no que diz respeito a Plutão - já que
Libra é o setor doze de Escorpião -, representa as grandes provações, senão a
provação final. O setor doze é um final de ciclo e Plutão é, sem dúvida, um iniciador
nos mistérios, um hierofante. Saber se a humanidade, ou parte dela, superou essas
provações é algo de que teremos conhecimento durante o trânsito de Plutão em
Escorpião.
As pessoas nascidas com Plutão em Libra tinham, quando este livro foi escrito,
muito pouca idade - entre um e treze anos - e somente por volta do ano 2000
poderão expressar realmente seu potencial. Até então não se terá experiência
acerca do significado dessa posição.
Tudo aquilo que entendemos habitualmente por lei - seja esta civil, religiosa,
moral ou ética - está sendo questionado em suas bases, desde as suas raízes. Plutão
torna seu trabalho regenerador, restabelecendo a igualdade inerente a toda a
humanidade, de maneira que todos os extremos, de um lado ou de outro, fiquem
claramente evidenciados e sejam condenados a seu próprio desequilíbrio.
Equilíbrio significa relação, complementação e união dos princípios
aparentemente opostos – positivo-negativo, macho-fêmea, luz-sombra, espírito-
matéria - e está claramente exemplificado nas relações do casal.
Tal coisa é a mais evidente, concreta e próxima de nós, tendo sido nesse setor
que as mudanças se efetuaram com maior estardalhaço. As bases e as motivações
tradicionais do casamento praticamente desapareceram e, com elas, grande parte
da hipocrisia e das conveniências sociais. A moralidade estreita ou os romantismos
sem sentido deixaram de produzir relações. E estas últimas, além disso, se libertaram
do pesado jugo dos vínculos permanentes.
Aqueles que não vivenciaram a união livre dispõem agora da opção do divórcio.
Libra significa reequilibrar, corrigir erros, e muitos estão aproveitando essa ocasião.
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Separar o verdadeiro do falso - e ambos os conceitos são muito ambíguos - é
função de Libra, que aquilata o valor de cada coisa, mas também é função de Plutão,
que põe a descoberto todos os problemas, tudo o que é falso e inútil, todos os
demônios que trazemos em nós. Libra é um signo de Ar e Plutão limpará a poluição
mental.
Plutão traz a capacidade de reorganização; Libra oferece a oportunidade de
escolher, sua função é unir, e devemos entender que o amor, tão típico de Libra e da
casa sete, mais que uma emoção, é um princípio que permite fundir dois em um. Trata-
se de uma identificação mútua, uma absorção recíproca, que transcende a síntese, que
seria um resultado. É a unidade antes da divisão.

Plutão em Escorpião (1983/84-1995)

Na permanência e Plutão em Escorpião ocorre uma série de circunstâncias


significativas. Durante esse período, Plutão se mantém dentro da órbita teórica de
Netuno, atinge seu periélio (sua proximidade máxima em relação ao Sol) e sua maior
velocidade a 17° de Escorpião, em trígono com o signo e o grau de seu descobrimento,
além de ser esse o signo em que está há menos tempo. Plutão representa poder e,
durante esse trânsito, em função de tudo o que se mencionou anteriormente, está
potencializado ao máximo, ao mesmo tempo em que pelo trígono com sua primeira
manifestação, flui com facilidade.
Escorpião é o signo do segredo, e poder e segredo sempre caminharam juntos. É o
poder de gerar, regenerar e degenerar, a porta entre a vida e a morte, tanto numa
direção como noutra. É, por assim dizer, o local em que os "véus" entre os planos são
mais finos. É fácil deduzir que, agora mais do que nunca, podemos ultrapassar esta
porta em direção à morte ou em direção à vida. Trata-se de um momento decisivo para
a humanidade; muitas pessoas podem estender sua consciência para outros níveis,
desenvolver poderes extrassensoriais e eliminar os obstáculos que impediam seu
desenvolvimento espiritual. Escorpião rege todo o oculto, as águas profundas e
qualquer lugar em que nunca penetre a luz do Sol; entre estes, encontram-se as
cavernas-templo das iniciações e as moradas dos grandes seres.
Escorpião é um signo de Água, profundo e inescrutável, e a água representa as
emoções e os sentimentos. Plutão em Escorpião evidenciará o imenso poder da
emoção.
Escorpião é um signo magnético: atrai os demais e se sente atraído por eles,
especialmente no que diz respeito ao sexo oposto. Essa atração é um impulso animal
decorrente da ação de Marte e, na maioria das ocasiões, se apresenta como atividade
sexual. Tal coisa, embora seja certa em muitos casos, representa um erro de
interpretação comumente aceito, já que, na realidade, Escorpião procura conhecer a
reação dos outros à emoção, à amizade e ao amor. Por essa razão, busca seu
complemento, o espelho em que possa ver-se refletido, no qual possa conhecer-se;
ele sabe que somente o calor do afeto dos outros pode derreter seu gelo. Em outras
palavras, deseja desvelar seu segredo, que, de resto, é tão sigiloso para ele quanto
para os demais. Sua ânsia consiste em acalmar a tormenta emocional interna, viver
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em paz consigo mesmo e com os outros, e, para isso, sabe ou intui que lhe faz falta
uma total integração com a categoria e valores representada pela outra pessoa. Trata-
se de um processo que só pode desenvolver-se na intimidade da esfera pessoal e
privada.
De modo definitivo, ele procura conhecer a si como indivíduo e tal coisa é
importante, uma vez que a permanência de Plutão em Escorpião oferece a grande
oportunidade da integração de todas as pessoas, países e raças, integração que se
fundamenta na individualidade de cada um.
Plutão em Escorpião desvelará o segredo, romperá os véus do separatismo, quando
nos dermos conta, de modo individual, de que a única coisa que nos separa dos outros
é um eu social - uma imagem construída com conceitos aceitos sem um
questionamento prévio - e de que, num nível mais profundo, somos todos iguais,
células dê um mesmo planeta, trabalhando para um mesmo fim; em suma, estaremos
prontos para assentar as bases da utopia aquariana.
Nesse período, Plutão oferece a oportunidade de conseguir a comunhão, a
grande comunidade, com todos os outros seres humanos, ou ainda super-humanos; e
o e preço a ser pago é a morte dos nossos pequenos eus. Romper a imagem implica
defrontar-se com a realidade, a humanidade pode deparar-se com mais de uma
surpresa.
Plutão tende a trazer à luz o inconsciente coletivo em cada um de nós e mostrar a
unidade de toda a vida. Nossa reação a esse fato determinará o futuro.

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PLUTÃO NAS CASAS
Todas as coisas têm a aparência que os nossos olhos lhes atribuem; a maneira
subjetiva pela qual percebemos o mundo exterior está matizada pelos planetas e
pelos signos nas casas. Assim, cada pessoa vê a realidade de modo diferente.
As casas, embora possam ser interpretadas de muitas maneiras diferentes e
tenham sentido em diversos níveis, são, de modo definitivo, como que um cenário,
uma decoração, uma paisagem interior que projetamos e impomos sobre todas e
cada uma de nossas atividades e também sobre o mundo exterior; por conseguinte,
nós os matizamos. Em outras palavras, as casas nos levam a perceber de determinada
maneira o drama, a história que devemos viver. Plutão nos liga ao destino de nossa
geração, mas percebemos sua influência através de uma das casas do horóscopo e de
seus aspectos com os planetas mais pessoais; dessa forma, a lei da natureza, o que é
comum à nossa geração, nos é revelada através de circunstâncias pessoais específicas
e, assim sendo, interpretamo-la como nosso destino individual.
Dessa maneira, a casa em que Plutão se situa mostra onde e como cada pessoa
encontra sua conexão, relação e contribuição individual para a consciência do grupo.
Plutão é poder e o local em que se encontra é uma área na qual podemos atingir
o ponto mais alto ou descer ao mais baixo; trata-se de uma vereda com duas
direções.
Em função da manifestação dual e da ambivalência de se planeta - assim como
de sua invisibilidade e de seu trabalho subterrâneo -, sua compreensão é
extremamente difícil e somente quando uma pessoa conseguir construir uma ponte
entre as suas contradições, mais aparentes que reais, estará capacitada a deixá-lo
fluir de maneira construtiva e, apoiando-se em sua força, revelar o melhor de si
mesma.
O trabalho de Plutão é sutil e mostra um ponto fraco na casa e no signo onde se
encontra, ponto esse ainda não conhecido pelo eu consciente. Estabelece uma
relação com nossa estrutura mais íntima e devemos permitir que esta última aflore
ao mundo exterior; contudo, precisamos estar muito atentos a nossos impulsos
internos e não esperar até que os efeitos do trabalho oculto de Plutão se evidenciem,
pois, se o fizermos, será demasiado tarde. Os mandatos plutonianos, embora difíceis
de aceitar, devem ser obrigatoriamente cumpridos.
Em seu livro Astrology Karma and Transformation, S. Arroyo diz: "A posição por
casas de Plutão revela o velho ego ou a velha armadura da personalidade que ainda
se mantém ativa e que conserva uma considerável concentração de energia psíquica.
Enquanto permanece inconsciente, e inextricavelmente ligada a velhos padrões de
vida, essa energia atua como complexos psicológicos que provocam convulsões e
obsessivos padrões de pensamento e de conduta em nossa vida consciente".
É necessário deixar fluir esta energia, liberá-la e usá-la consciente e
convenientemente, a fim de que, com o poder de vontade que representa, nos ajude
a percorrer o caminho necessário ao nosso desenvolvimento, manifestando a
essência de nossa individualidade solar.
O local em que Plutão se encontra no tema expressa um antigo esquema ou
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padrão de conduta, nossa antiga personalidade, os desejos passados, constituindo a
área em que podemos nos relacionar com o ancestral presente em nós e com o nosso
passado menos evidente e mais desconhecido, diante do qual estamos mais
desprotegidos. Encontramo-nos à mercê de alguns impulsos que, de modo geral, não
conseguimos explicar racionalmente e é por esse motivo que o lugar em que Plutão
se situa no tema mostra a esfera da nossa vida, o campo de experiências; nesse
campo, podemos encontrar nosso eu mais atávico, mais "bárbaro" e, de alguma
maneira, mais original, verificar aquilo que, em nós, precisa ser renovado, excluído ou
reestruturado e colocar em prática o velho e difícil axioma: "Conhece-te a ti mesmo e
conhecerás o mundo".
O local em que Plutão se situa é a área em que podemos nos conhecer, o lugar onde
entramos em contato com a fonte de energia existente em nós. Podemos usar esse caudal
na conquista de nossa própria evolução, podemos transformar essa energia em vontade,
assim como adequar nossa conduta ao nosso propósito evolutivo, simbolizado, em nosso
horóscopo, pelo Sol.
A casa em que temos Plutão assinala a área na qual tendemos a impor nossa vontade
aos outros e a satisfazer nossos desejos acima de qualquer outra consideração. Não nos
esqueçamos de que nesse local se encontra nosso depósito de poder; trata-se de nosso
território privado e uma diminuição de poder nessa área é apreendida como um ataque à
nossa identidade. Por essa razão, é um de nossos pontos mais fracos, o local" em que as
reações são mais compulsivas.
A energia de Plutão não pode ser retida, devendo ser liberada de modo imediato; caso
contrário, provoca uma pressão interna insuportável e termina inexoravelmente por
estourar.
O signo da cúspide da casa em que Plutão se situa mostra a forma pela qual essa
energia se manifesta. Se o signo é masculino, leva à extroversão, é dominante e marca a
tendência a fazer uso dos outros. Se o signo é feminino, convertemo-nos em sujeitos
passivos e receptores dessa energia.
Algo semelhante ocorre quando Plutão está progredido. Ou, pelo contrário, quando se
encontra em sua fase retrógrada.

Plutão na casa um

É importante e necessário observar qualquer planeta que esteja na casa da


"personalidade" com profunda atenção, já que ele sempre matiza a totalidade do indivíduo
com suas próprias características.
Com Plutão nesse setor, manifesta-se a tendência escorpionina ao segredo. Essa
pessoa talvez pareça quieta e distante, introvertida ou tímida, mas tal coisa não passa de
aparência. Em seu interior, trava-se a mais árdua batalha para encontrar o sentido da
própria personalidade. Na realidade, possui uma forte determinação, é intrépida, indócil,
invencível e, com frequência, ditatorial.
A identidade é continuamente revisada e a opinião e a percepção de si mesma se
transformam de maneira constante; trata-se de uma urgência que não permite descanso,
pois é preciso avançar. Dirigido para o bem ou para o mal, o indivíduo nunca está satisfeito
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consigo mesmo, manifestando sempre a necessidade de "regenerar-se".
A insegurança representada por esse procedimento impede que o indivíduo se
expresse livremente e, embora este último possua, de modo geral, uma
compreensão profunda, necessita defrontar-se com a opinião dos outros, a fim de
gerar uma nova - e continuamente em progresso - imagem de si próprio.
Essa dependência leva o indivíduo a defender-se constantemente e, algumas
vezes, a envergonhar-se de sua relação com os outros. Ele desenvolve a tendência a
recolher-se em si mesmo e a não compartilhar os seus sentimentos com as outras
pessoas. Seu problema é "ele mesmo" e o indivíduo o aborda com um tal nível de
profundidade que a comunicação pessoal se torna difícil; em alguns casos, esse
indivíduo chega mesmo a transformar-se num autêntico ser solitário e até numa
pessoa alienada de seus amigos e da sociedade em geral.
Ele tem verdadeira necessidade de encontrar um progressivo e permanente
sentido para a vida e essa urgência provoca uma instabilidade constante, que, na
melhor das hipóteses, o levará a alguma das modalidades de autodescoberta.
Pode ser gentil e sensível, mas geralmente é pouco cordial. Raramente é fraco,
embora pareça - ou seja - tímido e inseguro.
Mas se, por qualquer razão, ele se descontrola, todo o poder representado por
Plutão irrompe como um vulcão, fazendo aflorar tal quantidade de cólera que todo
mundo fica surpreso.
Esse indivíduo está sempre em contato com o poder; é um canal através do qual
o poder flui. O perigo reside na crença de que a própria pessoa é o poder ou no
desejo de usá-lo para proveito próprio, acima de qualquer critério.
Tal coisa pode levar o indivíduo plutoniano a pensar que, em si mesmo, ele é o
poder, a lei, e que pode, por conseguinte, ser um "sem lei". Quer aja dentro dos
parâmetros da sociedade quer não, esse indivíduo sempre é diferente, sempre é o
mesmo, conseguindo tal coisa graças a uma espécie de distanciamento, de
separação em relação às formas usuais e ortodoxas de atuação. De algum modo,
pode ser considerado imutável, por mais que se modifiquem as circunstâncias que o
rodeiam.
Possui um forte magnetismo e, caso o deseje, pode influenciar facilmente o
meio ambiente. Daí decorre a tendência a impor sua vontade e suas opiniões aos
outros; essa imposição se efetua antes por táticas explosivas temperamentais que
através da sugestão.
Sua poderosa personalidade frequentemente domina os outros. É inacessível,
inescrutável, cheia de segredos e torna-se difícil manter uma amizade estável com
ele. Caso esteja muito aflito, é o tipo de pessoa que deve ser evitada.
Essa pessoa necessita de moderação e desenvolvimento da habilidade de
autodirecionamento. Seu extremismo e a dualidade de sua natureza e de seu objetivo, a
transformam num ser que passa alternadamente de uma coisa para outra. O que hoje a
estimula é rechaçado por ela amanhã. Demonstra desejo pelo novo e dificuldade de
abandonar o velho.
Com efeito, Plutão, tanto na casa um como na casa oito, leva a pessoa a defrontar-se
com a morte. A sensação de morrer diariamente, de que cada dia é diferente, torna o
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indivíduo mais forte, intensifica o autocontrole e fornece coragem para que se enfrente
qualquer situação. Isso se traduz num forte sentimento do "agora", fator que explica sua
dificuldade de projetar-se para o futuro ou de aceitar padrões do passado.
Em outra ordem de coisas, e em relação com o corpo físico, o indivíduo pode
manifestar um vigor pouco comum, ter um sinal ou marca no corpo - especialmente no
rosto - ou ter vindo ao mundo através de uma operação cesariana.
Se está muito aflito, pode indicar alguma deformação física ou alguma manifestação
de hiperdesenvolvimento. Também indica amputações. Em alguns casos, tal coisa sugere o
fato de o indivíduo ser filho ilegítimo e, caso Plutão esteja retrógrado e a cúspide se
encontre em signo feminino, isso produz uma profunda marca psicológica.
Se a energia de Plutão é usada de forma construtiva e criativa, o indivíduo mostra um
alto poder de concentração e uma invejável capacidade de aprofundar-se nos significados
mais ocultos da vida. Se outros fatores do. mapa o. confirmam, possui um psiquismo. forte.
Se a isso acrescentamos o magnetismo que o torna atraente, seu poder mental e sua
resistência, encontramo-nos diante de um tipo especial de "médico.", que não se preocupa
em demasia com a técnica (embora apresente uma mente científica), mas em ser o canal
mais puro possível, através do qual fluem as forças curativas da luz. Sua personalidade se
dissolve nessa luz e o poder deixa de causar-lhe problemas.
Quando não sublima esse poder, manifesta-se no indivíduo uma poderosa e
angustiante sexualidade, que se encontra latente em todas e em cada uma de suas ações.

Plutão na casa dois

A pessoa que tem Plutão bem-aspectado nesse setor manifesta uma incomum
habilidade para levar ao êxito seus esforços referentes ao atingimento de algum tipo de
segurança material.
Possui um interesse e uma percepção inata para compreender o valor e o.
funcionamento do dinheiro, conhecendo a espécie de energia representada por este
último. Forte instinto de autopreservação e facilidade para conseguir os recursos que lhe
proporcionam a segurança de que necessita. Desejo de controle sobre esses recursos.
Ainda que esse setor se relacione com todos os tipos de valores - materiais,
psicológicos ou espirituais -, Plutão na casa dois tende, de modo geral, a tornar a
pessoa fortemente materialista, muito embora uma ênfase excessiva no controle e na
posse de bens seja causa de problemas interiores.
O indivíduo se sente à vontade nos assuntos do mundo e pode conseguir grandes
ganhos, especialmente no que diz respeito a tudo o que está sob a superfície da
Terra: petróleo, metais, minas etc. Possível habilidade para tornar-se milionário e,
caso os bons aspectos se efetuem com Júpiter ou Vênus, seus ganhos provirão de
fonte legítima. Também pode ocorrer que os bons aspectos levem o indivíduo a sentir
o desejo de compartilhar seus bens com as pessoas mais necessitadas.
Com Plutão nessa casa, os "valores" se transformam num parâmetro importante
e as próprias habilidades são vendidas ao melhor preço possível. Como Plutão sempre
transcende o habitual, essa pessoa pode prescindir dos diversos modelos monetários
usuais; ela considera os recursos como se fossem uma lei da natureza, seus métodos
36
são geralmente "secretos" e pode ascender sem fazer o percurso habitual.
Nesse setor, uma pessoa confronta seus valores, desejos e apetites e aprende a
controlá-los. Com Plutão, a atitude pessoal deve transformar-se de maneira a
conseguir uma regeneração dos valores.
Plutão dita sua própria lei e, desse modo, encontramos aquele que "toma o que
quer", sem levar em consideração os outros: o usurpador, o manipulador, o ladrão.
Se está aflito, o desejo de possuir leva o indivíduo à avareza e os métodos de ganhar
dinheiro podem não ser honestos. Plutão estabelece uma relação com o mundo do
roubo.
O dinheiro pode ser perdido de modo súbito e inesperado. O indivíduo pode ser
vítima de um ladrão ou ver-se privado de seus bens por um acidente natural, ainda
que, se estiver bem-aspectado e progredido, seja muito possível que o seguro cubra
as despesas.
Mal aspectado, não devem ser descartadas mortes ou suicídios relacionados com
crises bancárias e perdas repentinas. Destrói o sentimento de segurança material,
gera forte compulsão para gastar e nega o que mais desejamos.
Plutão produz mudanças radicais de atitude, da maior indulgência em relação
aos nossos desejos à mais severa austeridade. Plutão na casa dois deve evitar que se
considerem as pessoas mais próximas de nós como "objetos" nossos.

Plutão na casa três

Nesse setor, o trabalho sutil e oculto de Plutão afeta a mente e o sistema


nervoso, assim como, em geral, tudo aquilo que entendemos por comunicação. A
ambivalência do planeta, unida à clássica dualidade desse setor, provoca mudanças
drásticas nas atitudes mentais do indivíduo.
Plutão obriga a pessoa a penetrar nas regiões mais obscuras da mente e a
transcender intensamente o habitual, coisas que lhe conferem uma maneira de
pensar singular, às vezes genial e quase sempre obsessiva. Presença de intensos
torvelinhos mentais e tendência à depressão e a pensamentos negativos.
Nesse setor, é muito poderosa a tendência plutoniana de tornar consciente
tudo o que é inconsciente. Essa compulsão de mergulhar no oculto de si mesmo e
dos outros, de revelar o que descobriu, condena, de modo geral, o indivíduo a
experimentar uma constante insatisfação mental, decorrente da dificuldade de
tentar comunicar aos outros essas impressões e percepções profundas e, além
disso, de fazê-lo no mesmo nível de profundidade no qual esse indivíduo atua.
Para seu equilíbrio nervoso, deve comunicar-se com as outras pessoas e, se não
pode fazê-lo de forma comum, deve tentá-lo por meio da escrita ou de qualquer
outro meio. Necessita expressar seus sentimentos para poder eliminá-los de sua
memória.
De mente clara e atilada, pode, por reação, passar para o lado contrário e
transformar-se num charlatão muito hábil na arte de enganar os outros. Astucioso e
embusteiro.
Pode gerar o tipo versátil que produz um bom vendedor, locutor ou professor
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dotado de uma boa habilidade oratória.
Se outros fatores do mapa o apoiam, pode "transcender" e possuir algum tipo
de percepção extrassensorial.
Mal aspectado, existe a possibilidade de alguma "perturbação" mental.
É possível que se expresse de forma autoritária e irritante ao falar ou que seja
fanático em suas ideias, assim como, por outro lado, que apresente uma tendência
a falar sobre a morte, o trágico, o elevado e sobre qualquer coisa oculta.
Em outro nível, pode não ter irmãos e, caso esteja muito aflito, talvez indique
que esses irmãos são ilegítimos.
Separações do ambiente. Possíveis problemas de circulação. Em caso de
amputação de um membro, é provável que ocorra a do dedo mínimo, o de
Mercúrio.
Autores de literatura sensacionalista (desnudar o culto). Autores ocultos (com
pseudônimo) e acerca do oculto e, de modo especial, críticos com uma boa dose de
sátira, sarcasmo e cinismo.
Esta posição é frequente em curandeiros que agem por "imposição das mãos".

Plutão na casa quatro

A cruz cardeal é a mais dinâmica do zodíaco e a casa quatro é a base dessa cruz, assim
como a base de todo o tema e, por definição, a base, os alicerces, do indivíduo
representado pelo horóscopo.
Trata-se do atávico, das raízes do ser, daquilo que liga o indivíduo com seu passado; é
o código genético herdado de seus pais, sua árvore genealógica. É a meia-noite do mapa, a
obscura origem de tudo aquilo que uma pessoa é; em suma, para defini-lo de alguma
maneira, constitui a alma do indivíduo.
Esse setor, entendido como base, nos indica a estabilidade ou a instabilidade do
indivíduo. Os fundamentos internos de seu caráter e as energias ocultas que nele operam.
Não deixa de ser interessante o fato de que essa casa, cujo simbolismo é análogo ao
de Câncer - as águas nas quais tem origem a vida -, assinale tradicionalmente "a última
parte da vida", como pode ser lido na maioria dos manuais de astrologia. Talvez a
explicação resida na dificuldade de desvelar os mitos que compõem a herança do indivíduo
e que, psicologicamente, o vinculam a seu passado. Desse modo, somente quando toma
plena consciência de sua realidade individualizada - sua realidade solar -, a pessoa tem
condições de tornar objetivo o que nela é subjetivo - isto é, sua realidade lunar. A Lua é
regente natural de Câncer e da casa quatro e, quando essa tomada de consciência tem
lugar, a pessoa costuma, em geral, já ser idosa.
Entre suas características, Plutão apresenta também a de fazer aflorar aquilo que está
oculto e, quando se situa nesse setor, incrementa ao máximo a, busca do conhecimento
interno.
A vida interior é enfatizada e a intensidade do planeta age sobre a sensibilidade,
característica de Câncer e desse setor, elevando-a de modo acentuado; em muitas ocasiões
esse fato se traduz no desenvolvimento, controlado ou não, de habilidades mediúnicas,
clarividência, adivinhação e outras condutas próprias das pessoas sensitivas.
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Essa habilidade para penetrar na mente inconsciente gera, por outro lado, intensas
crises emocionais e uma forte instabilidade, que se traduz geralmente numa busca, às vezes
compulsiva, de paz emocional.
Desejo de ter um lar cheio de amor e de segurança, no qual seja possível descansar,
regenerar-se e exercer controle sobre todas as coisas ao redor.
Nessa casa, Plutão indica que a sensibilidade, os sentimentos e os vínculos com o
ancestral - o herdado, o conceito de "onde viemos" - constituem aquilo que deve ser
reorientado. Plutão facilita essa tarefa regeneradora e, caso esta não ocorra, nos
nega, no local em que está situado, aquilo que mais desejamos.
Plutão leva a uma modificação do conceito tradicional de lar: os limites da família
logo se tornam acanhados, o "lar" pode ser encontrado em qualquer lugar e a
"família", junto a qualquer pessoa ou em qualquer ambiente.
O conceito de nutrição e o de mãe são inerentes ao significado de Câncer e da
casa quatro; a este respeito, Plutão pode assinalar uma forte dependência em relação
aos pais e, de modo especial, em relação à mãe. Com referência a isso, diz Liz Greene:
"Parece, com frequência, que o vínculo seja estabelecido com sua mãe, mas, por trás
desta, se esconde a Grande Mãe". Greene se refere ao mundo, à Terra, e lhe dá o
nome de corpo da mãe. Novamente aparece o laço de união com o ancestral, com a
origem, com o nosso passado. E Plutão na casa quatro obriga a estabelecer esse
contato.
Em outra ordem de coisas, Plutão na casa quatro pode indicar significativas
tensões no âmbito familiar, prematura separação da família e desagregação, real ou
simbólica, desta última. Mudanças de residência. Destruição do lar por causas
naturais.

Plutão na casa cinco

Em alguns aspectos, essa posição é semelhante à conjunção Plutão-Sol e, em


outros, à conjunção Plutão-Leão.
O indivíduo sofre crises de identidade e oscila de um extremo ao outro, da mais
profunda vacuidade - o sentimento absoluto de não ser nada - à mais cega arrogância
e pretensão.
O conhecido monólogo "ser ou não ser", de Shakespeare, é um exemplo
adequado da elevada especulação filosófica de Plutão nesse setor. O desejo de
manifestação, de prolongação de si mesmo, característico do setor, adquire, com
Plutão, uma combinação de sombra e luz. Tudo ou nada é a fórmula e esta se aplica a
todos os campos, de especulação financeira ao romance amoroso. Essa manifesta
capacidade de apostar tudo confere certa atitude dramática e, por vezes, grotesca e
cínica, um magnetismo um tanto demoníaco, que atrai irresistivelmente os outros. De
alguma maneira, é deixado claro o fato de que o indivíduo é capaz de "criar", já que
está disposto a "morrer".
Esse desejo concentrado na própria prolongação oferece um intenso caudal
criativo, que pode expressar-se através de qualquer método: cinema, teatro, dança,
belas-artes etc.
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Sua dualidade lhe permite direcionar-se para qualquer coisa, desfrutar de tudo,
do mais sórdido ou ridículo ao mais sublime ou sofisticado. Geralmente participa
simultaneamente de várias dessas qualidades ou de alguma outra, pouco comum.
Plutão é o regente de Escorpião e da casa oito e simboliza a energia sexual, a
serpente Kundalini adormecida na base da coluna vertebral. Quando essa energia,
que permite procriar, se situa no setor cinco, pode ser utilizada de forma
construtiva nas próprias obras, os filhos da mente, através de um controle e de um
enfoque dessa energia para um elevado ponto de síntese.
Se, pelo contrário, a ênfase recai sobre o sexo, a energia plutoniana pode
arrasar tanto o plano mental e emocional como o físico. Caso não seja utilizada com
sabedoria, a energia sexual se torna perigosamente destrutiva.
Amores apaixonados que arrefecem de modo repentino; ou, em contrapartida,
amores turbulentos, nos quais as relações de poder desempenham um papel
importante. Laços afetivos perigosos. A ideia de risco, de desafio, se torna muito
atraente e se associa à sensualidade e ao prazer. Mal aspectado, as relações podem
assumir um caráter degradante; aberrações de todos os tipos.
Sempre extremo, esse tipo de indivíduo se casa com o primeiro amor ou
mantém uma relação após a outra, senão várias ao mesmo tempo.
Pode ter muitos filhos ou não ter nenhum (acerca disso, é necessário ver os
temas dos pais), embora a última alternativa seja mais frequente. Se os tem, as
relações com estes são complicadas ou pelo menos incomuns. Plutão está envolvido
em grande parte de casos de aborto.
Plutão traz riquezas para a área em que se encontra, riquezas que podem ser
perdidas se está mal aspectado.

Plutão na casa seis

Com essa posição de Plutão, o indivíduo tem necessidade de sentir-se útil Quer
servir aos outros e às vezes isso se transforma, num desejo obsessivo. Essa
compulsão a prestar assistência tem algo de "reformador" e nem todas as pessoas
estão dispostas a aceitar ou a apreciar esse tipo de ajuda. De modo geral, os
indivíduos que manifestam essa necessidade acertam mais quando canalizam as
forças reformadoras para sua transformação pessoal.
As relações com os superiores e com os subordinados algumas vezes são
complicadas, tortuosas, quando não destrutivas.
Neste caso, a energia de Plutão se manifesta na área do cotidiano e pode
provocar grandes desproporções entre a transcendência vital do planeta e o
rotineiro e muitas vezes frívolo transcorrer da vida habitual. Percepção clara, de
maneira intuitiva ou inspirada, da realidade cotidiana; tendência a beneficiar-se
disso, ou seja, a explorar essa capacidade. Em casos muito aflitos, sadismo nas
relações com o cotidiano, especialmente com os fracos, com os subordinados ou
com aqueles que em geral nos prestam algum tipo de serviço. Forte tendência e
capacidade de destruição nesse campo.
É possível que tudo o que foi dito se manifeste no âmbito do trabalho, levando
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o indivíduo a estar permanentemente desocupado, ou que, pelo contrário, se está
bem aspectado, leve esse indivíduo a ser um trabalhador dedicado ou um líder
operário voltado para a melhoria das condições de trabalho dos demais. Plutão
representa grandes grupos, corporações, e, caso esteja situado nesse setor, a
pessoa pode sentir-se submersa num ambiente materialista, onde predomina uma
relação impessoal.
Os assuntos relacionados com a saúde ou com a doença podem constituir o
instrumento adequado para produzir grandes transformações, a purificação e a
regeneração dos próprios valores. Crises de saúde e excelente capacidade de
recuperação. Excessos, extravagâncias e obsessões nesse domínio. Mal aspectado,
doente crônico.
De curandeiro a hipocondríaco, não lhe agrada a moderação. Possui a
habilidade de ser um canal de cura. Medicina, psicologia e conselhos adequados
podem constituir excelentes campos de trabalho. Além disso, se uma pessoa
consegue esquecer-se de si mesma no serviço aos outros, não tem tempo para ficar
doente e geralmente não fica.
Em mau aspecto, problemas intestinais e de eliminação, assim como
perturbações nervosas e dificuldade no estabelecimento do diagnóstico.
Irritabilidade, crítica feroz, opiniões rígidas.
Instabilidade e insegurança, que a pessoa não demonstra, mas que os outros
notam.

Plutão na casa sete

O indivíduo se projeta no complementar, descobrindo-se a si mesmo através do


"não-eu". O ponto de consciência representado por Plutão se manifesta através do
"outro", geralmente o cônjuge. É possível dizer que a pessoa encontra o destino por
meio do companheiro, desse "outro".
Trata-se de uma situação delicada, que necessita do adequado sentido de
equilíbrio entre o eu e todo o resto, simbolizado pelo cônjuge. Esse é o campo a
partir do qual o indivíduo projeta seus sentimentos mais ocultos, seus fantasmas
mais desconhecidos, e, por essa razão, é a área da vida onde é possível conhecê-los,
libertar-se deles e regenerar-se. As relações constituem o lugar no qual uma pessoa
encontra algo, a energia plutoniana, que é mais forte, poderosa e inevitável que a
própria vontade de decisão.
Nesse encontro com o poder, ocorre de a pessoa pensar que a única coisa que
pode fazer é confiar no destino; essa impotência é sentida através do, e em relação
com o "outro".
As circunstâncias e a maneira pela qual tal coisa se apresenta podem variar
muito. Pode acontecer que o companheiro, por caráter ou em vista de circunstâncias,
imponha um enfoque, um destino, acerca do qual o indivíduo nada possa fazer; pode
ocorrer ainda que esse indivíduo, por sua estrutura psicológica, embora o deseje e
procure pô-lo em prática, seja incapaz de alterar suas necessidades no que se refere a
essa relação.
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São enormes as variações oferecidas por Plutão na casa sete. Divórcio, triângulos
amorosos, experiências de domínio ou de submissão, batalhas pelo poder, problemas
sexuais, loucura ou morte do companheiro, sacrifício, problema e perturbações
emocionais profundas. Fracassos.
Nesse setor, em que os laços pessoais são tão fortes, todos os encontros
apresentam alguma turbulência e, quanto mais profundos são, menos se submetem
ao nosso controle. Em função disso, as pessoas com Plutão na casa sete tendem a
evitar envolver-se em relações profundas, mas, cedo ou tarde, deverão encontrar-se a
si mesmas, refletidas no outro, e confrontar-se com seu destino.
Ao projetarmos no outro o nosso inframundo particular, o subconsciente, deixam
de ter importância as características desse outro. Nós o vestimos com nossas emoções
primordiais; o outro não é assim, mas, através do disfarce, percebemos como somos
nós. Desse modo, essa pessoa adornada por nossas experiências patológicas se integra
em nossa vida como amante, amiga ou companheira. Apresenta um encanto
irresistível; quanto a nós, não somos livres, temos necessidade de nos encontrar com
esse arquétipo enquanto ingrediente imprescindível de nossa experiência.
Nesse setor, Plutão ensina o desapego à "personalidade", a habilidade de ver os
dois lados de uma questão e uma profunda compreensão do significado do Amor
como princípio.
Pode significar uma união da qual a pessoa não consegue escapar, ou, pelo
contrário, múltiplas uniões normalmente de caráter compulsivo. Tendências a passar
para outrem a iniciativa, dependência em relação aos outros e também o
comportamento oposto. O companheiro representa o lugar em que nos impomos aos
demais. Paixão. Aflito, tendências destrutivas, sadomasoquismo. Tragédias.
Desejo compulsivo e inconsciente de procurar o companheiro "ideal". Uniões não
convencionais ou ilegais e grandes períodos de solidão dentro da relação, decorrente
da falta de compreensão com o companheiro.
Plutão pode destruir tudo aquilo que se considera estável, aí incluída a tradicional
frase da cerimônia matrimonial: "até que a morte os separe". E isso ocorre porque
Plutão rege todos os tipos de morte.

Plutão na casa oito

Excelente capacidade para conseguir qualquer tipo de progresso, moral, mental


ou espiritual. Recuperação, ressurreição. Busca da própria parte negativa, com a
finalidade de destruí-la e de reconstruir o ego num nível mais elevado. De modo geral,
mudanças drásticas nos valores emocionais aos quais a pessoa está ligada.
Em mau aspecto, é fácil o indivíduo escolher o caminho da degeneração e pode
mesmo ocorrer que, para ele, esse seja o caminho que mais oportunidades de
aprendizagem oferece.
Ninguém, senão ela própria, tem condições de auxiliar uma pessoa que apresente
Plutão na casa oito a regenerar seus desejos. Tal indivíduo deve matar o antigo ego e
renascer durante esta vida.
Essa casa, que tradicionalmente rege o oculto, constitui a entrada para a
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dimensão seguinte e mantém muitos vínculos com as experiências fora do corpo. Se
há outros aspectos que o corroboram, possui uma natural habilidade para tudo o que
diga respeito ao paranormal, à magia, à mediunidade, às vidências, aos estados
alterados de consciência, assim como ao psiquismo e ocultismo em geral.
O poder e a vontade característicos de Plutão, ligados à misteriosa casa oito -
sede natural do perseverante e maquiavélico Escorpião -, e levando-se em
consideração que, nesse caso, Plutão está em seu domicílio, conduzem o indivíduo a
atingir qualquer objetivo a que se proponha.
É provável que use métodos pouco comuns - embora nem por isso menos
científicos - e não necessariamente legais. Tendência a manipular e a usar os outros,
assim como seu dinheiro, de acordo com os próprios valores, mediante a utilização de
algum tipo de poder - financeiro, psicológico, sexual, oculto. Nada pode deter esse
indivíduo, já que, por assim dizer, tem a morte por conselheira. É possível deduzir que
os erros nesse campo de experiências costumam apresentar consequências fatais.
Ganhos advindos de heranças e, de modo geral, grande habilidade para
beneficiar-se do dinheiro e dos recursos dos outros.
Fascínio pela morte e pela vida situada depois desta.
Se a energia de Plutão não é desperdiçada, trata-se de um indício de vida longa.
Se, pelo contrário, essa energia é consumida desequilibradamente, implica rápida
degeneração física.
De maneira geral, indica um final de vida pouco claro, dramático, talvez
violento e, de certa forma, incomum.
Nesse setor, a fonte de energia representada por Plutão se expressa através da
sexualidade. Por conseguinte, é nessa área que a pessoa tende a impor-se aos
outros. Em mau aspecto, necessidade compulsiva de demonstrar constantemente
às demais pessoas essa potência sexual. Crises e experiências difíceis nesse
domínio. Por reação, celibato.

Plutão na casa nove

Tradicionalmente, trata-se do setor da filosofia e, da religião, ou, como é


costume chamá-lo, o setor da mente abstrata em oposição ao setor três, o dá
mente concreta.
Plutão projeta uma poderosa energia nessa direção e canaliza a mente para
realidades não habituais, para filosofias profundas, que transcendem as concepções
estabelecidas ou aceitas. Manifesta sempre a necessidade de chegar ao mais fundo,
à origem do conceito. Se está bem aspectado e se o indivíduo logra controlar uma
força tão poderosa, pode vir a ser um grande pensador, um místico profundo ou um
magnífico professor que os leve a perceber aquilo que transcende o concreto.,
Necessidade de conhecer e de compreender o objetivo da vida. Expansão espiritual.
Desejo de explorar os horizontes mais longínquos, na Terra ou para além desta.
Pioneirismo e características exploratórias nos campos da filosofia, religião e
misticismo. Se utiliza essa força de modo frutífero, o indivíduo pode aspirar ao
atingimento de seus mais elevados ideais de iluminação e sabedoria, muito embora,
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de modo geral, precise desrespeitar certas crenças e opiniões fixas antes de
começar a sentir-se satisfeito consigo mesmo.
Mal aspectado, tal coisa se transforma em subserviência em relação a
determinadas crenças, religiões, ideologias obscuras e por vezes cruéis, práticas
esotéricas em geral e rituais e magia negra em particular. Dogmatismo, fanatismo e
uma tendência - que é quase uma urgência - de ensinar aos outros aquilo que a
pessoa pensa ser a verdade. Nesse setor, o indivíduo deseja impor sua verdade, sem
dar muita importância aos métodos. Tende a forçar os outros a "acreditarem" -
evidentemente, para "seu próprio bem" ou para sua regeneração. Alguns livros
dedicados ao tema dizem que se trata de uma posição característica dos
inquisidores da Idade Média.
Afastamento do lugar de origem; a pessoa pode encontrar-se com seu destino
no estrangeiro. Pode ocorrer também que o indivíduo se sinta "perdido" na vastidão
do longínquo.

Plutão na casa dez

Um planeta num ângulo sempre é poderoso, especialmente nesse setor do


Meio-do-Céu, o ponto mais elevado do horóscopo, o mais alto que podemos atingir.
Plutão, particularmente se está em conjunção com o MC, oferece um grande poder
para obter-se aquilo que é indicado por essa casa. Prestígio, reconhecimento, êxito
social e profissional estão ao alcance do sujeito.
A força de Plutão o empurra para cima e lhe fornece uma habilidade natural
para atingir o ponto mais alto. Essa posição é encontrada em políticos,
comerciantes, homens de negócios, líderes e, de modo geral, em todos aqueles que
comandam a sociedade, aqueles que estão em posição superior. Plutão não
entende de leis morais; é simplesmente poder que se manifesta e essa posição é
encontrada também nos ditadores e nos grandes especuladores. Trata-se de uma
batalha de poder e pelo poder, e a pessoa almeja que ele seja total. Nessa posição,
aliam-se a busca consciente de poder de Saturno - o regente natural da casa dez - e
a compulsão inconsciente de Plutão nessa mesma direção. Contudo, as duas
energias não operam da mesma maneira; Saturno tende a manter, a cristalizar as
posições alcançadas, enquanto Plutão destrói constantemente, com o objetivo de
transcender. Esse conflito desequilibra e conturba de tal maneira que se torna
muito difícil para o indivíduo conservar os seus próprios valores, já que os
transforma de maneira incessante.
Trata-se de uma posição de autoridade que, na melhor das hipóteses,
desenvolve o senso de responsabilidade. Proporciona capacidade de liderança e
atração magnética em relação ao público, mas colide inevitavelmente com outras
pessoas que também estão convencidas de sua capacidade e autoridade. Esse
indivíduo é amado ou odiado, mas dificilmente passa despercebido.
Se ele utiliza essas capacidades de forma negativa, é possível que destrua
muitas pessoas em seu caminho rumo ao alto. Ambição e vocação imperiosa e
desmedida de engrandecer-se e de dirigir. Extremismo e fanatismo social ou
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profissional. Ditador. Perdas repentinas da posição atingida. Falta de escrúpulos
para conseguir o poder. Lutas dramáticas. Maquiavelismo.
Manifestam-se também um grande poder de regeneração e capacidade de
eliminar a autossuficiência que geralmente acompanha a conquista do poder.
É provável que um dos pais tenha sido muito dominador e permanece um
sentimento de independência em relação a todos aqueles que ostentam uma
situação de autoridade.
Segundo Manley P. Hall, todos os salvadores do mundo nasceram em
Capricórnio, regente natural da casa dez. Hickey se refere a essa situação como à
necessidade de entender o sentido de "busca primeiro o reino dos céus e todo o
demais te será dado por acréscimo". E, nesse caso, esse "por acréscimo" inclui paz
mental, abundância material e uma correta posição na vida.

Plutão na casa onze

Com Plutão nesse setor - tradicionalmente denominado setor dos amigos -,


existe um vínculo misterioso, secreto e às vezes doentio com as amizades. O
extremismo do planeta rompe aquelas que poderiam constituir as barreiras de
posição social, racial, idade ou sexo, e a amizade se desenvolve livremente sobre
bases mais profundas, à margem de qualquer conveniência conjuntural ou inércia
ambiental. Atração, repulsa, paixão, afeto e ódio, tudo cabe nessas relações, que,
por um lado, roçam o genial e, por outro, o perigoso.
Entretanto, o aspecto separativo de Plutão, bem como sua característica de
inevitabilidade, dá à amizade uma aparência de impessoalidade, levando a repetir-se
o típico paradoxo plutoniano de significados aparentemente contraditórios: laços de
amizade muito profundos e, ao mesmo tempo, conceituação do fato da amizade
como algo universal e exterior à própria pessoa.
Essa dualidade de envolvimento profundo e distanciamento absoluto é ótima
para todos aqueles que trabalham com ciências sociais, para os psicólogos e
sociólogos, uma vez que esses profissionais aliam o interesse pelos outros a uma
neutralidade científica que os capacita a emitir julgamentos justos.
Se Plutão está muito aflito e pouco controlado, o sujeito se torna
extremamente independente e até mesmo claramente antissocial.
Por oposição à quinta casa, a criatividade do indivíduo - e, por conseguinte,
seus projetos - pode ser encontrada em situações limítrofes ou de extrema
dificuldade, dado o nível de profundidade que pretende alcançar. No entanto, caso
consiga controlar o processo, atingirá graus de inovação, originalidade e
inventividade pouco habituais.
Para esse indivíduo, os amigos são muito importantes: influenciam-no muito e
podem ajudá-lo a conhecer-se. Ou, pelo contrário, se os escolheu mal, ele pode
deparar-se com relações e situações pouco ortodoxas e com rupturas inevitáveis.
Manifesta uma necessidade compulsiva de ser aceito e amado pelos outros. Se
utiliza de forma adequada essa energia, o indivíduo pode transformar-se em
amparo e em alegria para seus amigos e para a humanidade. Membro ativo em
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grupos de ação altruísta. Mal aspectado, e por reação, é o típico "lobo solitário".
Seu interesse recai sobre o futuro, sobre operações ideais e realizáveis a médio
ou a longo prazo; com isso, ele frequentemente negligencia o presente.
Crises em suas esperanças, desejos e ideais decorrentes de causas que
escapam ao controle da pessoa.
Nesse setor, Plutão "desperta" a verdade da natureza humana.

Plutão na casa doze

Plutão, o planeta do oculto, do sutil e do misterioso, no setor doze - o setor da


solidão, das grandes provas, do inconsciente e do místico -, de certa maneira
pressupõe uma redundância.
Trata-se de uma posição difícil, em que a poderosa força do planeta se
manifesta através de situações sobre as quais pouco sabemos e em relação às quais
pouco podemos fazer.
Indica uma sensibilidade e uma profundidade extremas, bem como uma vida
plena de experiências internas. Pode produzir um psiquismo desenvolvido e uma
hipersensibilidade descontrolada.
Grandes períodos de autêntica solidão, desejados ou não, nos quais uma
pessoa pode atingir até as raízes de seu próprio mistério, constituindo tal coisa, na
melhor das hipóteses, um procedimento prévio e obrigatório para a própria
ressurreição.
Esse indivíduo possui recursos, força ou poder ocultos; trata-se de uma grande
reserva de energia que ele tem a possibilidade de concretizar ou não.
Nesse setor, Plutão indica grandes provas e experiências pouco comuns ou até
mesmo fantásticas, de acordo com seu grande potencial.
Se está bem aspectado, fornece ao indivíduo uma grande capacidade de
compreensão e de compaixão em relação aos outros, coisa que, sem dúvida alguma,
pode ser-lhe imprescindível para entender e para aceitar as provas a que será
submetido. Como a casa doze é a casa dos inimigos ocultos e das doenças crônicas,
devem-se esperar, especialmente se Plutão está aflito, inimigos poderosos e
maldosos e possivelmente uma perturbação interna, difícil de diagnosticar e de
erradicar.
Essa posição é frequentemente encontrada em artistas, poetas e em pessoas
que, de uma maneira ou de outra, vivem separadas da sociedade.
Nessa casa, o lado mais elevado de Plutão se manifesta como desejo de ser um
canal através do qual possa fluir a ajuda aos limitados e angustiados.
A vontade de auto-anulação e de autossacrifício, dirigida para o serviço da
humanidade, traz consigo a sabedoria do aspecto positivo de Plutão nesse setor.
Mal utilizada, essa energia tende à autopiedade, à auto-recriminação e a uma
tendência a ver em todas as circunstâncias a presença de conspirações contra a
própria pessoa.
O inimigo secreto reside no próprio subconsciente, o depósito em que se
acumulam resíduos psicológicos; o indivíduo deve enfrentar as próprias falhas e
46
tentações, a fim de evitar o sentimento de culpa.
Na casa doze, Plutão obriga a pessoa ao serviço e ensina que "serviço não é
sacrifício", já que o conceito de sacrifício elimina o valor do serviço.

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OS ASPECTOS
Os aspectos de Plutão constituem um dos fatores menos previsíveis do tema
astrológico; isso ocorre em função da dificuldade de saber em que nível de
profundidade está agindo e que manifestação pode ter. Nem todos os elementos
importantes se revelam no plano físico, havendo mudanças profundas e
transcendentes que se passam em níveis muito internos. No que se refere a isso,
Plutão se manifesta como um especialista.
Outra coisa que ocorre com todos os planetas lentos - e Plutão é o mais lento
deles - é o fato de a clássica diferenciação entre aspectos bons e maus, harmônicos e
desarmônicos, positivos ou negativos, ou como se queira denominá-los, diluir-se até
quase desaparecer. Por sua lentidão, são planetas geracionais e os aspectos entre
eles são comuns a muitas pessoas. Por essa razão, é possível supor que oferecem os
parâmetros energéticos adequados à evolução coletiva de todo esse setor
geracional, ou seja, que esses aspectos são os adequados. Por conseguinte, em si
mesmos, eles não são nem bons nem maus, mas simplesmente os aspectos
necessários a essa estrutura evolutiva.
As modificações ocorrem no nível da abordagem que cada indivíduo faz dessa
energia. E isso depende tanto da situação e dos aspectos de seus planetas pessoais -
os rápidos - como da filosofia com que esse indivíduo encara a vida.
Se aceitamos que os aspectos são parâmetros energéticos, isto é, padrões de
comportamento, e que não estão situados dessa maneira por pura casualidade - a
astrologia não admite a casualidade -, é fácil deduzir que a posição em que se
encontram tem uma causa e um propósito. E, como parece lógico, é possível pensar
também que o parâmetro planetário com o qual nascemos se relaciona com aquilo
que somos. Esse é o ponto até onde chegamos. Desse ponto de vista, os aspectos nos
ajudariam a descobrir esses hábitos de conduta - tanto os que apreciamos como os
que repudiamos - e, por conseguinte, nos facilitariam a compreensão de quais
hábitos devemos modificar e de quais precisamos incrementar, a fim de adequar-nos
ao propósito implícito no mapa astral. Entendido dessa forma, nenhum aspecto é
mau; eles simplesmente mostram o que somos, mas depende de nós conhecer-nos a
nós mesmos e, a partir desse momento, dirigirmos nossa vida na direção adequada
ao nosso objetivo.
A mudança consiste em deixar de entender os aspectos planetários como
condicionamentos pouco menos que insuperáveis e passar a considerá-los como guia
e oportunidade. Em mudanças dessa natureza, situa-se a maior ou menor liberdade
do indivíduo.
Plutão é o planeta da regeneração e seus aspectos, especialmente o Sol e a Lua,
nos mostram como flui e como podemos usar essa energia. Pode parecer fácil ou
difícil - depende do fato de os aspectos serem harmônicos ou não -, mas, se uma
pessoa os aceita e compreende como parte integrante de sua experiência, pode fazer
as modificações e as adequações pertinentes e necessárias para seu desenvolvimento
mais rápido e, por conseguinte, acelerar o processo de aproximação do estado no
qual o indivíduo pode considerar-se "acima das estrelas".
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Plutão aumenta o grau de consciência e seus aspectos, particularmente com os
planetas pessoais, assinalam a parte da própria pessoa - simbolizada pelo planeta
aspectado - em que esse fenômeno se realiza e onde deve efetuar-se esse
renascimento. A casa em que esse planeta se situa mostra a área da vida em que se
produz a ação. A dificuldade consiste no fato de que a pressão de Plutão movimenta
molas internas e a pessoa geralmente não percebe essa influência. Ela se sente
impelida a introduzir mudanças em sua vida ou em seu ambiente, às vezes sem
conhecer a causa desse desejo, e tal coisa provoca nela transtornos mais ou menos
compulsivos. A pessoa deverá procurar identificar esses impulsos por meio de um
honesto exame de si mesma.
Um trígono ou um sextil não indicam que a energia flui de modo harmônico;
indicam apenas que flui com facilidade, e, se uma pessoa não tomou anteriormente a
precaução de retocar, refinar ou purificar essa energia, ocorre-lhe de manifestar
facilmente sua pior parte.
Um "bom aspecto" nem sempre é bom. Acontece também que os aspectos de
Plutão nos relacionam com o inframundo, com o subconsciente e, em função de sua
categoria de planeta geracional, com o inconsciente coletivo. Como consequência,
defrontamo-nos com uma serie de fantasma e de "tabus", que são nossos apenas de
forma parcial e, se não estivermos atentos - caso não tenhamos exercitado um certo
controle sobre nossas emoções e motivações -, poderemos pagar o preço de nos
sentir culpados de algo que não nos diz respeito. Em casos exagerados, é possível até
mesmo que o indivíduo se sinta culpado do "pecado" que nossos primeiros pais
cometeram há tanto tempo atrás. O medo e o sentimento de culpa nos aproximam
perigosamente da paranoia.
Nesses casos, nada pior que a tendência a reprimir tudo isso, que evidentemente
nos desagrada. A missão de Plutão é trazer à luz aquilo que está oculto, para poder
vê-lo com clareza e para efetuar as mudanças pertinentes.
Transformação é a palavra-chave e aquilo que já, temos - nem mais, nem menos
- é o que se submete à transformação.
Dois planetas em aspecto estão "trabalhando" juntos e, quando tem Plutão
como companheiro, o indivíduo se vê diante de algo irrevogável, iniludível, que deve
ser conhecido e de alguma forma solucionado.
Essa característica de inevitabilidade nos vincula, em certa medida, ao destino.
Isso é mais claro em aspectos poderosos como a conjunção e a oposição e, em menor
grau, a quadratura, acentuando-se na proporção do fechamento do orbe do aspecto
e tornando-se especialmente notório quando os planetas estão perto dos ângulos.
Algo é eliminado para que em seu lugar possa desenvolver-se uma possibilidade
nova e mais atualizada. Esse é o lado positivo do aspecto destrutivo de Plutão. Um
indivíduo que apresente esse planeta muito poderoso em seu mapa natal pode
assumir a carga de redimir alguma coisa para a sociedade. Dessa maneira, a
fatalidade coletiva se introduz na vida dessa pessoa e exige dela sacrifício e esforço.
Plutão vincula-a pessoalmente à miríade de interações dos outros, torna-a partícipe
do ordenamento cósmico e, em troca, pede-lhe que veja o mundo com olhos
diferentes e que faça com satisfação o que deve fazer.
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Os aspectos de Plutão com os outros planetas, arrolados em seguida, não
pretendem absolutamente esgotar as por definição inesgotáveis interpretações que
deles podem ser feitas; pretendem somente assinalar uma relação dos efeitos mais
óbvios e conhecidos de um planeta tão inescrutável como é Plutão.
Não os separo em aspectos bons e maus; tampouco especifico, com exceção de
casos particulares, o tipo de aspecto, conjunção, trígono etc., mas procuro mostrar
as duas faces dessa energia.
O uso construtivo ou destrutivo dessa energia não depende tanto do aspecto em
si quanto da abordagem, feita por cada pessoa, da totalidade da experiência
plutoniana. E, para isso, é preciso fazer uma análise da complexa totalidade do tema
astral do indivíduo.

Plutão - Sol

Em todos os aspectos entre esses dois planetas, encontra-se implicado o


princípio de poder, que se faz sentir no plano pessoal e que se manifesta das
maneiras mais variadas. Todos os símbolos de autoridade, particularmente o do pai,
entram nessa relação.
O uso controlado desse poder desenvolve a autoconfiança, fator que confere ao
indivíduo valor e força interior; ele tem capacidade de liderança e geralmente
assume essa responsabilidade. Seguro de suas metas, esse indivíduo sabe o que quer
e busca seu objetivo com convicção, talvez de forma indireta e pouco manifesta, mas
com uma sutil agressividade.
As opiniões dos outros e os acontecimentos ou Circunstâncias externas o
afetam pouco, ou nada, em termos de sua realidade mais íntima.
Sereno e imperturbável, sua calma interna prevalece em qualquer circunstância.
Não se modifica facilmente e, caso sofra uma forte pressão, na maioria das
vezes simplesmente se imobiliza.
Apresenta instinto de lutador e seu forte desejo de progresso se conjuga com
uma apreciável habilidade para eliminar antigos padrões de comportamento
passíveis de retardar esse progresso.
Deseja o poder e a autoridade, mas também o reconhecimento de seus
contemporâneos.
Dotado não somente de magnetismo pessoal, intuição e habilidade criativa,
como também de ambição, determinação, espírito aventureiro e paixão pelo perigo,
esse indivíduo manifesta a urgente necessidade de remodelar-se, de regenerar-se.
Está em constante processo de transformação pessoal. Dirige-se, na maioria das
vezes de forma inconsciente, para um objetivo que, embora nada tenha de claro,
fatalmente o atrai de modo obsessivo.
Vontade poderosa, sentimentos intensos e um halo de segredo no que se refere
às suas motivações e a seus desejos, os quais, caso não tenha feito um profundo
exame de si mesmo, o indivíduo não sabe definir.
O misterioso o atrai e ele experimenta curiosas conexões e "coincidências" com
pessoas e circunstâncias; ainda que não revelem uma explicação racional aparente,
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essas conexões e coincidências são captadas e de certa maneira compreendidas pelo
indivíduo, já que se amoldam perfeitamente a seu padrão de comportamento.
Passa periodicamente por fortes crises de identidade, que se manifestam em
mudanças radicais do conceito que faz de si mesmo e da forma como age. Essa
pessoa se vê forçada a fazer essas mudanças, intui que deve efetuá-las ou, pelo
menos, sente a necessidade imperiosa de levá-las a efeito; em contrapartida, as
pessoas que a rodeiam são incapazes até mesmo de tecer conjecturas acerca de
alguma das razões ocultas dessas modificações, fato que provoca situações de
grande tensão, quando não de ruptura absoluta.
Com o aspecto Plutão - Sol, essa pessoa se encontra basicamente voltada para
sua própria transformação e para a expressão adequada do princípio de poder; ela
está aprendendo que o poder real sempre provém do interior e que as táticas
autoritárias e dominadoras não são, de modo geral, as mais apropriadas.
Deve compreender que a autoridade que busca conseguir depende do
autodomínio e não do domínio sobre os outros.
Mal expressa, essa energia torna o indivíduo arrogante e rude, desprovido de
qualquer tipo de consideração para com os outros. O excesso de autoconfiança o
conduz ao egocentrismo e ao egoísmo, criando nele a tendência ao histrionismo, ao
exibicionismo e ao perfeccionismo. Temperamento violento, arrogância,
irritabilidade e sobrestimação de suas forças.
Contudo, é possível que tais manifestações não passem de uma fachada que
oculta um profundo complexo de inferioridade.
Em outra ordem de coisas, se o aspecto é conflituoso, especialmente a
quadratura, essa pessoa apresenta grandes dificuldades e problemas em relação à
figura do pai, coisa que, no caso de temas femininos, se estende também aos outros
homens.
Pai autoritário e rude. Falta de comunicação e de amor, sentimento de ver-se
privado dessa figura de autoridade, ressentimento e separação psicológica, quando
não a própria perda física do pai. Isso gera cicatrizes psicológicas profundas, que
dificultam muito o estabelecimento de uma clara identidade pessoal.
No caso da oposição, há uma tendência a projetar esse problema nas relações
com o companheiro e/ou a manifestar-se de forma tirânica e despótica, possessiva e
dominadora. Ou, pelo contrário, a pessoa sofre todas essas manifestações da parte
do companheiro. De qualquer modo, esse aspecto é absorvente e um dos dois - ou
ambos - se consome em favor do outro. Desilusões e congestões emocionais.
Possessividade, ciúme e solicitações excessivas e pouco racionais, frequentemente
inconscientes, dirigidas às pessoas a quem o indivíduo está intimamente ligado.
O antídoto para essa situação parece ser o progresso pessoal e a prática da
objetividade e da generosidade.

Plutão -Lua

Grande sensibilidade e extremismo emocional são características típicas desses


aspectos, especialmente em signos de Água. As oscilações emocionais são uma
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constante.
A Lua simboliza aquilo que uma pessoa sente acerca de si mesma e, em
combinação com Plutão, pode expressar uma forte insatisfação e a necessidade de
remodelar-se continuamente para melhorar a própria imagem.
A face destrutiva de Plutão obriga o indivíduo a eliminar hábitos e padrões de
comportamento; as atividades rotineiras se tornam insuportáveis e a inércia do
conhecido, estéril e decepcionante.
Tormentos sentimentais e períodos em que a inclinação a destruir a própria
imagem é tão forte que pode chegar, em casos muito aflitos, a estimular a tendência
ao suicídio. As pessoas que apresentam esse aspecto no mínimo "pensaram" nessa
possibilidade.
Esses tormentos internos, de grande intensidade, excedem em muito as
perturbações habituais.
Não obstante - e muito embora possam deixar marcas profundas -, essas
ocorrências lunares costumam ter pouca duração. Tal coisa, unida à tendência
plutoniana de descobrir aquilo que transcende os fatos, de investigar os mistérios
ocultos por trás de qualquer atitude, desenvolve a capacidade de controlar essas
situações, excetuando-se os momentos culminantes da crise. Muitas vezes, essa
pessoa adota uma aparência de frieza, tendendo à estabilidade, ao controle e à
compostura; no entanto, isso não passa de uma estratégia de sobrevivência -
estratégia muito conhecida por esse tipo de pessoa, já que Plutão a capacita a
ressurgir das mais tremendas crises emocionais. Padrões herdados de seus pais e do
ambiente de sua primeira infância a condicionam fortemente, mas, ao mesmo
tempo, ela manifesta o profundo desejo, e possui a capacidade, de romper com
esses esquemas familiares e tradicionais.
Capacidade de esforço e autodisciplina. Quando estabelece um objetivo para si,
o indivíduo se entrega de forma total; sua dedicação e sua vontade são
inquebrantáveis. Embora seja, às vezes, intermitente e oscile de acordo com a
situação da Lua, sabe claramente o que quer e não há qualquer coisa exterior a ele
que possa modificar seus sentimentos ou seu propósito.
O segredo acerca de sua intimidade e um elevado sentido do privado
transformam-no num ser difícil de entender.
Em certas ocasiões, Plutão representa a mãe (por sua relação com as entranhas
da Terra) e, em aspecto com a Lua - o símbolo materno por excelência -, essa
qualidade se enfatiza, se manifesta como uma espécie de complexo materno, como
certa tendência a nutrir, desenvolvendo o papel de mãe de família, seja em
organizações, grupos de pessoas ou escolas, seja na qualidade de Madre Superiora de
um convento.
Em temas femininos, esse aspecto pode impelir a ter muitos filhos, como prova
evidente do "poder" de gerar. De qualquer maneira, a figura de Mãe, quer se trate de
uma mãe real ou simbólica, tem uma grande importância. A relação Plutão - Lua
simboliza de modo perfeito o arquétipo de mãe terrível que é encontrado em várias
tradições, como, por exemplo, a deusa hindu Kali. O poder de, por um lado, nutrir os
seus filhos e, por outro, devorá-los constitui uma imagem muito significativa. Trata-se
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do poder de dar e de tirar a vida.
O impulso de "proteger" os outros pode transformar esse indivíduo num ser
dominador. Possui habilidade tanto para auxiliar como para aproveitar-se, nas
situações problemáticas, das outras pessoas.
Pode desenvolver uma sensibilidade extrema e despertar suas faculdades
psíquicas. Exposto a essas influências, o indivíduo pode apresentar tendência à
mediunidade, sonhos proféticos e premonições. Muita curiosidade, imaginação e
interesse em relação a tudo o que representa poder de modificação e regeneração.
De modo geral, não hesita em aplicar todas essas habilidades aos assuntos diários e
em estimular suas relações pessoais.
Com frequência, esse indivíduo rompe os vínculos que o ligam ao lar e à família -
e especialmente à mãe -, com a finalidade de encontrar sua própria identidade.
Capacidade para aceitar as mudanças que a vida lhe proporciona e para usá-las
em seu próprio benefício.
O indivíduo costuma estar atento, acumula saber e o guarda. A capacidade de
intuir e a facilidade de separar o joio do trigo, aliadas a uma forte subjetividade,
levam-no a tender para o oportunismo e para o controle e domínio das situações,
seja mediante sedução, fascínio pessoal, seja através de uma persistente persuasão.
Genialidade para adaptar-se às variações de humor ou às oscilações emocionais de
uma determinada situação, tornando o indivíduo um estrategista rápido e intuitivo.
Essa relação Lua-Plutão é definitivamente don-juanesca e tem a seu alcance a
possibilidade de uma vida social ampla e profunda. No entanto, se trabalha com o
mais elevado de si mesmo - e isso costuma ocorrer numa segunda etapa da vida -, o
indivíduo se torna desprendido e impessoal, visando auxiliar os outros, ou seja, ser
um canal por onde fluam forças úteis para todos.
O mau uso desses aspectos pode conduzir a situações de forte irracionalidade e
falta de controle.
O indivíduo deverá aprender importantes ensinamentos no que diz respeito às
relações humanas, uma vez que geralmente se encontra em situações ou atividades
nas quais precisa lidar com o público. Em contrapartida, esse aspecto define também
o tipo de pessoa que se isola, que se auto-impõe uma solidão que limita as suas
oportunidades.
O uso excessivo de suas emoções, em lugar de seu intelecto, conduz o indivíduo
a oscilações constantes.
Muito aflitos, esses dois planetas se reprimem mutuamente, entravando tanto a
emotividade como a sensualidade e a capacidade de criar. Tornam-se estéreis em
vários níveis ou, pelo contrário, se descontrolam em atitudes e em atividades
impulsivas de medidas, que também conduzem, por meio da dissipação inútil da
forças, à esterilidade.
No caso da oposição, um tende a absorver o outro ou a ser absorvido por ele.
De qualquer forma, é destruído o sentido de identidade distinta.
No aspecto físico, podem ter problemas nos órgãos do aparelho reprodutor. Em
alguns casos, de tipo hereditário.

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Plutão-Mercúrio

Na essência de Plutão está a ânsia de saber de desvelar o oculto, o instrumento


que permite a relação, a conexão do interior com o exterior, favorecendo a
comunicação. Quando essas duas forças trabalham em conjunto, uma parte oculta
do conhecimento aflora na superfície e pode ser comunicada e compartilhada.
Esse aspecto tende a proporcionar uma mentalidade ágil, lógica, racional e
argumentativa, sensível e intensa, embora, ao mesmo tempo, secreta e pouco
confidente. Poder de concentração, de observação e de aprofundamento; nada
escapa ao olhar plutoniano.
Capta com facilidade qualquer situação e é mentalmente muito rápido para
modificar seu ponto de vista, caso tal coisa seja exigida pelo aparecimento de um
fato novo ou imprevisto. Plutão o torna apto a obter de forma direta - sem precisar
percorrer todo o "processo" do pensamento - o resultado final.
Falar é uma atividade que pode agradar-lhe ou não e, embora sempre tenha
algo a dizer acerca de qualquer assunto, prefere fazê-lo sobre temas profundos e de
interesse universal; pode também optar por permanecer em silêncio.
A habilidade para expor suas ideias e seu poder de sugestão parecem tão
lógicos que as outras pessoas aceitam as suas opiniões - que naturalmente têm
substância e peso - de forma subconsciente, sem averiguar se correspondem ou não
à exposição que delas faz o indivíduo. Na verdade, essa aceitação é causada pelo
poder que permanece subjacente às palavras. O indivíduo expressa a ideia com tanta
força e convicção que leva os outros a pensar que deve ser necessariamente válida e
significativa em si mesma.
Esse indivíduo pode produzir determinada sugestão hipnótica, não
obrigatoriamente de forma consciente, por meio dos gestos de suas mãos e de suas
expressões faciais. Mentalmente agressivo, tem capacidade para utilizar essas
habilidades para dominar a mente dos outros, através de um sutil manipulação.
Quando o aspecto é conflituoso, o indivíduo sente uma forte tensão mental. A
contínua necessidade de transcender os resultados já obtidos e de atingir graus mais
elevados cria nele uma sutil e constante insatisfação. Essa tensão pode chegar a
exercer tal dominação que sua mente se dispersa em múltiplas direções, perde o
rigor e não aceita nenhum tipo de autocensura. Passando por constantes mudanças
de projetos e sofrendo de uma falta de adaptabilidade, o indivíduo se torna
impaciente com as pessoas perceptivamente lentas e não considera as ideias dos
outros.
Dogmático e obstinado, a obsessão por suas ideias o conduz facilmente ao
fanatismo. Pode manifestar espírito de contradição, curiosidades doentias, críticas e
sátira, malícia, insolência, impudicícia, tendência à ofensa e sadismo mental.
Muito aflito, tende a indicar perturbações mentais mais ou menos graves e até
mesmo uma inibição da expressão verbal.

Plutão - Vênus

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A pessoa que apresenta esse aspecto sente a iniludível necessidade de manter
relações de caráter íntimo, de experimentar algum tipo de satisfação emocional.
Sua proximidade e implicação em relação a todas as manifestações do
emocional são intensas, e o desejo de aprofundar-se ao máximo na relação afetiva
se torna urgente e às vezes compulsivo. Necessidade de desvelar os mistérios do
sexo, do amor, de transgredir as convenções existentes nesse domínio e de exercer,
impor, todo o seu poder emocional e sexual. Possui magnetismo, carisma e atração.
Se esses dois planetas permutam suas energias de forma harmoniosa, o amor flui
livremente, da ternura à paixão. Inspirado, profundo, pleno e rico, o êxtase amoroso
pode ser a chave da transformação do indivíduo.
Em sua expressão mais elevada, esse aspecto simboliza o amor universal, o
princípio que transcende todas as barreiras, quer sejam étnicas, raciais, culturais ou
sociais.
A graça e a gentileza de Vênus, bem como sua capacidade criativa, se
contrapõem à força criadora e à habilidade para a adaptação aos propósitos secretos
de Plutão. A capacidade de amar se conjuga com a sexualidade. Não há dúvida de que
esse aspecto pode mostrar o lado mais belo do amor, mas também é certo que nunca
é simples, persistindo sempre um sentimento de fatalidade diante do qual não se
admitem comportamentos ingênuos. Grande fascínio pessoal, erotismo intenso,
sensibilidade, hedonismo e desejo de manifestar-se através da harmonia, do afeto e
da fruição de prazer.
Pode proporcionar grandes dotes criativos nas diferentes manifestações da arte.
Amor pelo belo e por tudo o que torna a vida agradável. Vênus oferece certa
proteção nas circunstâncias difíceis provocadas por Plutão.
As relações construídas sobre a utilização adequada desse aspecto se baseiam na
igualdade e na aceitação dos valores de cada um e são suficientemente fortes para
durar por toda a vida. Quando ama, o indivíduo adora o ser amado, é fiel e leal e não
complica sua vida com trivialidades e amores passageiros.
Se outros aspectos não o impedem, possui uma personalidade harmoniosa,
sociável, relacionando-se com todos de modo indiferenciado. Busca a bondade e a
beleza nos outros e se identifica com seus problemas, procurando dar-lhes uma
solução. Vênus rege tanto as relações como o conforto material, tanto a casa sete
como a casa dois, e é comum dizer-se que existe um forte vínculo entre o amor e o
dinheiro: "Quanto mais uma pessoa ama, mais abundância tem em todos os níveis".
A relação entre esses dois planetas se reveste de muitas aparências e nem toda
são harmoniosa: algumas são francamente desagradáveis e até trágicas. Entre outras
coisas, ostenta a merecida fama de romper casamentos.
Orgulhoso, apaixonado, pouco leal, a intensidade de sua paixão acarreta, de
modo paralelo, fortes doses de rancor, vingança, traição e a revelação do potencial
que o próprio indivíduo possui para destruir aquilo que mais ama.
Propensão para triângulos amorosos, os quais provocam em seus participantes
um sofrimento considerável.
Forte poder para procriar; possessivo e ciumento, o indivíduo mostra uma paixão
obsessiva. A autoindulgência e o amor pelo prazer podem levá-lo facilmente para a
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trilha da depravação. De modo frequente, esse aspecto se manifesta sob a forma de
problemas sexuais, físicos ou psíquicos. Geralmente há uma incompatibilidade nas
relações; também é comum a inclinação à homossexualidade e à bissexualidade. Até
mesmo pessoas cuja conduta é inteiramente heterossexual experimentam uma
sensação de atração-repulsão em relação a um dos dois sexos, uma dualidade muito
típica de Plutão. Favorece a propensão para a luxúria, cobiça, ansiedade, avareza e
voracidade no comportamento e, em outra ordem de coisas, estimula o comércio
sexual. Desenganos na vida emocional e, caso não se modifique a característica do
aspecto, sérios problemas nas relações amorosas e rupturas que, com Plutão,
perduram para sempre.
Outra das características de Plutão, a morte, às vezes se concretiza na perda do
ser amado, que ocorre quando dele mais se necessita. Plutão nos priva daquilo que
mais desejamos ou necessitamos, amputa algo pessoal, elimina nossa muletas e nos
obriga a andar.
Plutão representa uma parte tão vital do indivíduo que este não pode fugir, não
pode escapar a ela, tampouco reprimi-la; só lhe resta à alternativa de enfrentar a
experiência plutoniana a partir de seu próprio nível, entendê-la como uma fase
necessária do processo de desenvolvimento da própria pessoa.
Emocionalmente insaciável, tem múltiplas aventuras eróticas e mostra tendência
para a ninfomania. Trata-se do aspecto dos símbolos sexuais.
A relação Vênus - Plutão simboliza as provas e a oportunidade para reorientar e
refinar a natureza amorosa e dos relacionamentos. E a vida proporciona ao indivíduo
as situações nas quais ele tem possibilidade de praticar essa arte. Esse indivíduo está
aprendendo ser gentil, não para conseguir objetivos pessoais, mas porque isso torna
a vida mais agradável para todos.
Está transformando seus valores nessa área e refinando o sentido que para ele
têm os conceitos de "prazer", "felicidade" e "amor". Enquanto esses valores não são
regenerados, o indivíduo tem uma vida emocional insatisfatória e uma grande
dificuldade em experimentar a sensação de amar e ser amado.
No caso específico da oposição, inverte-se a situação: os outros, seus
companheiros, apresentam o problema mencionado, e o indivíduo sofre os seus
efeitos.

Plutão - Marte

Esse aspecto, como o de Vênus, está ligado à sexualidade, mas, enquanto este
apresenta um erotismo agradável e amoroso - já que envolve a expressão de ambos
-, o marciano exerce a expressão de poder de um sobre o outro, procedimento que,
em certa medida, se assemelha a um rapto. Envolve o conceito de sobrevivência, o
sentido que o homem dá à sua capacidade de autodeterminação. A confiança - ou a
ausência dela - em si mesmo, na própria força.
A energia representada por Marte se manifesta na extroversão; o indivíduo
procura satisfazer seus desejos e impulsos em seu ambiente material mais próximo.
Marte é a energia que usamos no mundo e Plutão simboliza a energia que utilizamos
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para trabalhar no inframundo, isto é, em nossa estrutura psíquica mais profunda.
Ambos estão, por assim dizer, mais envolvidos com a Terra e com o inferno que com
o céu.
Desse modo, é fácil compreender que existe um profundo medo das urgências
primitivas simbolizadas pelos aspectos entre esses dois planetas. Contudo, em forças
primitivas possuem em si mesmas um grande cabedal de sabedoria acerca da
fertilidade e da sobrevivência, tanto biológica como psíquica.
A violência e a paixão de Marte - Plutão assustam o homem civilizado; há uma
conexão entre o erótico e o sangrento, a excitação sexual e a brutalidade, e não é
fácil nem cômodo confrontar-se com isso. Esse indivíduo intelectualizado sente uma
aversão por suas raízes, por seus desejos mais corpóreos, e tende a enterrar esses
impulsos no mais fundo de si mesmo; em outras palavras, ele os reprime.
Esta rejeição de sua parte mais primitiva desemboca frequentemente numa
sensação de impotência, castração e falta de poder. Tal aspecto representa a mais
dinâmica e intensa combinação de energia que pode ser encontrada no tema natal e
tende a expressar-se da maneira mais radical possível.
A pessoa que possui essa imensa quantidade de energia aprecia chegar ao fundo
das coisas. A presença de uma vontade poderosa, de coragem e de sentido da
autodeterminação lhe permite superar todos os obstáculos com que se depara em
seu caminho. Capacidade para tomar decisões e rapidez de resposta em casos de
emergência.
De modo frequente, a vontade de dominar e o amor pelo poder se fazem
acompanhar por certa crueldade. Tende-se a entender a força como a capacidade de
conseguir o que se deseja; a parte mais animalizada da pessoa é muito forte. Por
tudo isso, a própria escala de valores é muito importante, já que guia e controla a
expressão do poder.
De maneira geral, esse indivíduo não se ajusta às regras da sociedade, pouco
importando que use a energia de forma positiva ou negativa, que seja um destruidor
ou um reformador. Ambos compartilham o descontentamento com o status quo.
Mas, se está integrado na sociedade e tem interesse em participar ativamente
de seu desenvolvimento, o indivíduo está apto a canalizar essas energias, a tomar as
decisões oportunas e a realizar as ações pertinentes, que muitas pessoas desejam
mas que poucas podem levar a cabo.
Sua grande capacidade de autodisciplina lhe permite dedicar toda a sua força de
vontade na transformação de si mesmo e dos outros. Neste caso, o aspecto
regenerativo de Plutão age sobre a natureza de desejos de Marte.
Pelo contrário, se esse poder não é manejado com extremo cuidado, o indivíduo
se torna prepotente e sente um compulsivo desejo de "ganhar" a qualquer preço,
desejo esse que o obriga a justificar para si próprio todas as suas atitudes e
condutas. Rege-se pela lei do mais forte e menospreza qualquer código moral ou
ético. Deseja impor sempre a sua vontade, a sua força, e fazer o que bem entende;
entretanto, como é impelido por forças compulsivas, por impulso racionais
descontrolados, poucas vezes sabe o que verdadeiramente deseja.
Na melhor das hipóteses, manifesta uma grande compreensão do que
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significam a luta e a violência. Plutão empresta consciência à força bruta de Marte e,
em caso de luta e agressão, essa força é inteligente e velada.
Autoconfiança, ambição, capacidade de trabalho, constância e uma energia
quase ilimitada lhe permitem conseguir o que deseja. Esse personagem nunca se
rende. Persistência. Com outros fatores favoráveis, longevidade.
Exige demasiado de si mesmo. Quando atinge um objetivo, o indivíduo
estabelece para si outro mais longínquo, já que precisa superar constantemente suas
próprias conquistas, fator que gera nele uma grande tensão interna e um alto nível
de frustração, caso não consiga seu propósito tão rapidamente quanto esperava.
Esse indivíduo cria, de modo contínuo, suas próprias frustrações.
Tendência a usar a força e táticas de guerrilha para atingir seus objetivos.
Obsessão de vencer. Desgaste inútil de energia. Atitude antissocial. Afligido por
Saturno, tendências sádicas. Impaciência, cólera. Em alguns casos, indica pouca
vitalidade física. É também símbolo de morte violenta.

Plutão - Júpiter

Boa disposição, otimismo, oportunidades e facilidades para obter tudo o que


torna a vida agradável.
Alegria de viver, entusiasmo, emoções exuberantes, exageros e um intenso
desejo de liberdade.
Esse aspecto pode manifestar-se como algum tipo de "proteção" vinda do
exterior ou então indica que o indivíduo sabe proteger-se.
A abundância jupiteriana tende a transcender a esfera do comum, chegando a
extremos inacreditáveis, ou, pelo contrário, pode ser ultrapassada pelo contato de
Plutão.
Sentido de honra, dignidade, orgulho, ambição, humor (às vezes ferino), muitos e
variados interesses e, entre estes, algum tipo de esporte ou exercício físico.
Tendências ao cerimonioso.
Percepção. precisa e um julgamento adequado, quase instantâneo. Sabedoria.
Trata-se de um aspecto revitalizador, rejuvenescedor e regenerador.
Capacidade para superar os obstáculos, tanto pessoais como externos. Tal coisa,
aliada à sua vitalidade e ao seu carisma, leva frequentemente o indivíduo a ser eleito
líder do grupo a que pertence.
Pode mostrar qualidades de uma elevada evolução espiritual. Sua tendência a
buscar as causas que subjazem às aparências projeta-o para além das crenças aceitas
pela religião organizada.
Apresentando um insaciável desejo de compreender, o indivíduo é um incansável
perseguidor da verdade e se interessa pela filosofia, pela metafísica e por tudo o que
se oculta por trás dos fatos da vida.
Provavelmente teve acesso a uma educação esmerada, bem como a
oportunidade de ler muitos livros e de viajar para lugares suscetíveis de ampliar sua
aprendizagem.
É possível que se sinta atraído pelos diferentes iogas e sistemas de meditação
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enquanto veículos que o auxiliem a conseguir o autodomínio através de sua própria
regeneração.
Sua sensibilidade e habilidade investigadora, assim como sua ambição espiritual e
o desejo de ensinar e de chefiar o grupo, transformam-no, de modo quase
matemático, num líder espiritual e, na realidade, esse aspecto é encontrado na
maioria deles.
Quase sempre alegre, otimista e generoso, costuma apresentar grande
discernimento acerca dos negócios e é geralmente acompanhado pelo êxito
financeiro, em particular com bons aspectos de Vênus.
As más relações entre esses dois planetas podem implicar exagero,
prodigalidade, sensualidade, arrogância, fanatismo, extravagância e voracidade.
Tendência a confundir sua própria lei com "A lei", a impressionar as outras
pessoas com a "importância" de suas ideias filosóficas e de seus conceitos religiosos e
a erigir-se em líder, professor ou guru. Grandes ideias que, na maioria das vezes, não
chega a concretizar. A opinião sobre si mesmo oscila do excesso de confiança à
dúvida mais angustiosa, do ideal mais elevado ao mais primitivo de seus instintos
animais.
Mentira, corrupção, autoritarismo, verbosidade, megalomania, duplicidade. Esse
aspecto é frequentemente encontrado nos especuladores, apostadores, psicólogos,
astrólogos, ocultistas, médiuns, advogados e juízes.

Plutão - Saturno

O indivíduo que apresenta esse aspecto se questiona de modo completo e


profundo e aparece envolto numa aura de seriedade.
Manifestando sentido do dever e sendo capaz de assumir as maiores
responsabilidades, o indivíduo é um trabalhador perseverante, autodisciplinado e
paciente, que concebe, planeja e obtém o que deseja, ainda que isso demore anos.
Tenaz, metódico e persistente, busca a perfeição, valoriza muito os detalhes e
repudia o superficial.
Integridade, honestidade e bom senso, métodos claros e ações justas são
qualidades desse aspecto, que muitas vezes é encontrado naqueles que cuidam dos
recursos dos outros, particularmente banqueiros. Essas pessoas quase sempre
chegam a posições de autoridade, através do trabalho lento e da disciplina. É possível
confiar neles.
Passam períodos de sua vida marcados por uma extrema autodisciplina e,
algumas vezes, pela autonegação. Pode ocorrer também uma exclusão, voluntária ou
não, de todas as comodidades modernas, assim como um retorno a uma maneira
mais natural de viver. Capacidade de abnegação e de resignação, que levam
facilmente o indivíduo a um estado de ascetismo. Estoico e taciturno, acumula poder
por meio do silêncio. Trata-se do filósofo, daquele que pensa com sobriedade, do
pesquisador científico, daquele que tem um profundo conhecimento do ser.
Dotado de uma calma e de uma paciência inacreditáveis, o indivíduo sabe, de
modo instintivo, que qualquer coisa que tenha valor e que seja duradoura é
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construída devagar e cuidadosamente.
Os aspectos desarmônicos entre essas duas energias indicam uma situação de
obrigatoriedade, de dever. A pressão e a necessidade de Saturno, unidas à
intensidade, ao poder de regeneração de Plutão, impelem o indivíduo a defrontar-
se com seus problemas e a livrar-se deles. Está aprendendo lições de
responsabilidade e de paciência através de um trabalho duro.
Esse aspecto, que inclui tal tipo de provas, nunca é encontrado em horóscopos
de pessoas fracas.
Ambição pessoal, desejo de poder e de autoridade, moral rígida e pouco liberal
são manifestações dessa relação planetária. O mau uso de tal força pode
manifestar-se sob a forma de egoísmo, sadismo, impaciência, contradição,
brutalidade, traição, falsidade, fraude, violência, extorsão, ciúme, luxúria,
sexualidade exacerbada, tendências criminosas, magia negra e vampirismo.
Inclinação ao suicídio.

Plutão - Urano

Urano separa e Plutão destrói. Seria possível imaginar que, juntas, estas duas
características não poderiam oferecer nada de bom; no entanto, não ocorre dessa
maneira. A separação uraniana tem o objetivo de diferenciar, de ver com clareza
uma situação, de tomar consciência da própria opinião. Em outras palavras, Urano
separa para individualizar, enquanto Plutão vincula o velho com o novo e destrói o
obsoleto para que algo novo possa surgir. E, vista em profundidade, sua ação
consiste em unir num novo nível; para que isso ocorra, Plutão deve primeiramente
destruir. Ambos os planetas, à sua maneira, são construtores. Urano individualiza e
Plutão outorga consciência, inclusive consciência social.
Esse aspecto incrementa a autoconsciência. Voluntarioso, determinado e
resistente, esse indivíduo tem na mudança seu conceito-chave. A centelha intuitiva
uraniana torna-o apto a distinguir novas e melhores soluções para qualquer tipo de
problema, assim como a maneira de consegui-lo; dotado de talento técnico e
inventivo, volta imediatamente seu interesse - uma vez conseguido o que deseja -
para outro objetivo e mais uma vez persiste até atingi-lo. A orientação individualista
de sua vida e o radicalismo nas mudanças de estruturas lhe conferem uma postura
e às vezes uma ação revolucionárias.
Um inquebrantável desejo de independência e de liberdade conduz esse
indivíduo a ser diferente dos outros, a desenvolver seu próprio caminho e a não
seguir a massa. Inconformista, criativo, inquieto e impulsivo, tem novas e
progressistas ideias, bem como soluções originais para os problemas; trata-se de
um reformador da sociedade. Compreende e respeita o princípio da fraternidade e
entende o amor como um conceito universal que une os homens em causas
comuns.
Esse aspecto favorece os estudos científicos, o interesse pela metafísica e
certas capacidades de clarividência.
Guiando-se pelo fazer e deixar fazer, esse indivíduo tem uma vida muito
60
variada e excitante, mantém-se à margem da corrente geral e precisa estar livre
porque está aprendendo a manejar a liberdade. Não se ajusta à norma e, se
participa, o faz em atividades marginais.
Os aspectos conflituosos indicam problemas de identidade, de relação, de
inserção em seu próprio grupo. Muito impulsivo, tende às explosões de caráter, às
atitudes de raiva, aos ódios, ao fanatismo, à excentricidade, a um sentido exagerado
do pessoal e a manifestações antissociais. Pode mostrar-se precipitado, violento,
rude, rebelde, licencioso, pervertido, crítico e aguerrido.
Problemas no sistema nervoso, paralisia, acidentes repentinos, tendência ao
suicídio e morte súbita.

Plutão - Netuno

Existe uma relação muito profunda entre esses dois planetas. Produzem-se
neles circunstâncias e situações muito significativas, que não encontramos nos
outros. Um primeiro indício que nos adverte da importância dessa relação é o
caráter incomum de que se reveste, em nosso sistema solar, o fato de a órbita de
Plutão cortar, em determinada fase de seu percurso, a órbita de Netuno,
conectando, desse modo, dois "mundos" muito diferenciados entre si.
Essa situação única nas revoluções planetárias acontece todas as vezes em que
Plutão se aproxima do signo de Escorpião; e, se levarmos em conta que Vênus, o
planeta da relação, aquele que tudo une, está exaltado em Peixes, regido por
Netuno e em exílio em Escorpião, poderemos começar a intuir algo da
transcendência desse contato, dessa união, que se produz a cada período de
aproximadamente 250 anos, quando as órbitas se encontram.
Peixes, o último signo do zodíaco, nos liga, numa nova volta da espiral, a Áries,
o primeiro signo, a primeira energia, que necessita ainda ser caracterizada.
Escorpião também é um signo de mudança, de morte e ressurreição, e vincula um
nível ao outro. Vida e morte, princípio e fim estão sempre estreitamente unidos.
Netuno representa os ideais mais elevados, a inspiração mais sutil ou um
estado de graça ao qual se pode aspirar, ao passo que Plutão significa o poder toda
a força acumulada ao longo do tempo e de alguma maneira concentrada como
semente no mais profundo do inconsciente.
Para dar um grande salto, é necessário muito "impulso"; para atingir os ideais
de Netuno, é necessária a força de Plutão. Enquanto este último cruza um signo,
Netuno percorre dois, um positivo e outro negativo. Isso também pode nos levar a
pensar numa distribuição da energia, na manifestação dual, nas duas faces da moeda
dessa energia capaz de nos transportar da pura potencialidade ao mais elevado
estado de realização. Devemos observar igualmente que esses planetas são muito
lentos e que os aspectos que produzem entre si no desenvolvimento de seus ciclos
afetam toda a humanidade, desvelando o inconsciente coletivo, repolarizando os
ideais dessa humanidade de acordo com novas diretrizes e alterando fatores
profundamente enraizados na natureza humana.
Netuno simboliza a dissolução e Plutão, a possibilidade de transcender; nesse
61
processo, Vênus - a capacidade de amar - tem uma grande participação. Netuno - a
oitava superior de Vênus - e Plutão - a oitava superior de Marte - reproduzem, num
nível mais elevado, as relações que estes dois planetas exercem no plano pessoal.
No mapa astral de cada indivíduo, os aspectos entre Netuno e Plutão
representam, em função de seu movimento lento, uma influência de longa duração,
de manifestações e resultados pouco menos que permanentes, e assinalam
igualmente situações e acontecimentos decisivos, pontos de fatalidade, de crise
duradoura ou o início de um novo capítulo da vida.
Netuno é a capacidade de imaginar, de sonhar e de produzir mundos ideais; ele
prefere flutuar a pisar em terra firme, aventurar-se pelo desconhecido à segurança
do habitual e, em naturezas evoluídas, se manifesta sob a forma de elevada
compreensão e espiritualidade.
A expressão criativa da relação entre esses dois astros estimula o fervor a certos
ideais, assim como a capacidade para inspirar e guiar outras pessoas. Excelente em
tudo aquilo que diz respeito ao intangível: religião, psiquismo, arte etc. Dotado de
percepção clara e de uma intuição bastante desenvolvida, eleva qualquer
característica a um nível artístico e possui uma habilidade natural para sentir,
experimentar e manejar o abstrato. Trata-se do sonhador capaz de transportar seu
sonho para a realidade, do visionário que também age.
Amante da justiça, o indivíduo é um libertador que lula contra tudo aquilo que
desumaniza, degrada ou oprime o homem; esse ideal de justiça é manifestado em
todos os domínios em que age.
Romântico e sonhador, ele pode, na melhor das hipóteses, transformar a
fantasia em arte e a sensibilidade em compaixão.
Em sentido contrário, sua sensibilidade e sua fantasia se tornam intoxicantes e o
indivíduo é capaz de fanatizar-se por qualquer coisa; dessa forma, passa a confundir
seus sonhos com a realidade, vive numa ilusão constante; irresponsável e volúvel,
apresenta uma forte tendência a mergulhar em si mesmo, a desaparecer do
"mundo", a eliminar sua parte mais "real" e a viver numa espécie de vida dupla,
dentro de um sonho.
Capaz de grandes sacrifícios, o indivíduo mostra paixão pela pompa e pelo
cerimonioso, tendência ao martírio, à purificação interior, ao autocastigo, à auto-
disciplina e também à autopiedade.
Caso expresse a sua pior parte, tende a ser astucioso, decepcionante, falso,
malicioso, portador de absurdas ideias utópicas, de escassa moral e exagerado;
nesse caso, pode ocorrer também que facilmente sucumba às drogas, narcóticos e
venenos, ou que comercie com eles, podendo ainda manifestar tendências criminais
e inclinação para o suicídio.
De modo geral, o indivíduo mostra interesse - e tem aptidões para tal assunto -
pelo sobrenatural, podendo chegar a ser mago, clarividente e médium, que luta pela
liberdade do homem. Ou, pelo contrário, pode transformar-se em praticante da
magia negra. De qualquer modo, nunca sendo compreendido pelos outros, tende a
sentir-se só ou abandonado.

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OS TRÂNSITOS
Cada astro tem múltiplas facetas e as combinações entre planetas - por aspecto,
progressão ou trânsito - são inumeráveis. Se a isso acrescentamos sua posição por
signo e por casa, as variáveis são infinitas. Essa multiplicidade de possibilidades
permite que cada indivíduo tenha um tema singularizado, ao mesmo tempo em que
inviabiliza as fórmulas ou receitas muito gerais e concretas que, embora em si
mesmas possam ser corretas, não podem ser aplicadas indiscriminadamente a todos
os casos. A arte e a ciência do astrólogo são os elementos que, através de uma
leitura da totalidade do mapa astral, têm condições de discernir as influências em
jogo e suas possíveis manifestações.
Todos nós apreciamos as referências concretas, as verdades matemáticas; no
entanto, seríamos muito ingênuos se pensássemos que trabalhar com elementos tão
sutis quanto as forças planetárias constitui uma tarefa fácil. Ser um bom astrólogo
ou um bom mago demanda muito trabalho, e qualquer pessoa deve munir-se de
prudência antes de atrever-se a sugerir - para não dizer predizer - algo aos outros.
Que o capítulo anterior sirva como introdução a este, que não pretende ser um
receituário dos efeitos dos trânsitos, mas um pequeno mostruário dos tópicos mais
comuns e óbvios da relação entre duas forças determinadas. A forma de
manifestação dependerá tanto do signo e da casa como de outros aspectos
colaterais que podem estar operando de modo simultâneo, além da vontade do
indivíduo para manipulá-lo de uma maneira ou de outra.
Tal como no caso dos aspectos, não especificarei aqui que tipo de trânsito é
abordado, se conjunção, trígono, quadratura, oposição ou qualquer outro. Limito-me
a assinalar as características mais evidentes do aspecto, quer se expresse de uma
maneira quer de outra.
Nada é mais claro e, ao mesmo tempo, mais difícil de interpretar que os
trânsitos de Plutão. Como todos os planetas transaturnianos - os lentos -, sua ação
ou efeito perdura muito tempo; ela começa a ser sentido antes do aspecto exato e
sua manifestação se prolonga por muito tempo depois, ainda que, de modo geral, no
momento preciso, costume introduzir alguma coisa que evidencia o tipo de
experiência que está ocorrendo. Isso é particularmente certo no caso de Plutão, cujo
aspecto, na maioria das vezes - e em função de seus longos períodos de
retrogradação -, acontece em três ocasiões consecutivas, reproduzindo
simbolicamente o efeito dos três grandes planetas. Urano desperta e sua influência
leva o homem a perceber seu verdadeiro eu; ele representa a natividade, o
nascimento da consciência. Netuno trabalha na dissolução do ego e simboliza a
crucificação. Quanto a Plutão, liberta o espírito através de um processo de
transformação e renascimento, de morte e ressurreição, concluindo o trabalho
iniciado por Urano e Netuno.
O trânsito de Plutão tem o poder de nos colocar em contato com a semente que
existe em nosso próprio interior, com a nossa natureza mais essencial e com nossos
potenciais em seu estado mais puro, por meio das experiências vitais mais intensas.
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Ajuda-nos a experimentar novamente o impulso vital espontâneo de nossa primeira
juventude, da época em que ainda não estávamos condicionados pelo tremendo
peso das convenções culturais. O trânsito de Plutão nos devolve nossa expressão
natural e nos remete à nossa essência, por tanto tempo esquecida.
A energia, por definição, sempre é pura, neutra; o uso que o homem faz dela é o
elemento que transforma a experiência em positiva ou negativa. Contudo, é
necessário levar em consideração que, quando uma nova energia emerge no
horóscopo - e Plutão é a mais nova de todas -, o homem, em sua inexperiência,
tende a usá-la negativamente até aprender a utilizá-la de forma construtiva.
O trânsito de Plutão quase sempre nos colhe desprevenidos. Estamos apegados
a nossos hábitos e geralmente opomos resistência a abandonar nossos velhos
padrões de comportamento, que tanta segurança aparente nos proporcionam; no
entanto, Plutão exige que passemos pelo processo de regeneração. Não é suficiente
aproximar-se dele.
De modo geral, os trânsitos de Plutão estão relacionados com algum tipo de
morte e de destruição do velho, do inútil, a fim de que possa florescer o novo; e, se
uma pessoa tem medo da morte, é certo que sentirá medo dos trânsitos de Plutão.
Apegamo-nos ao velho, já que nossa educação e nossos preconceitos culturais
nos fazem sentir verdadeiro terror diante do "caos", diante de situações ou
sentimentos para os quais não dispomos de uma resposta preparada, diante de
qualquer coisa que seja diferente do que já conhecemos e controlamos de modo
relativo; por outro lado, também é certo que o homem está mais aberto e mais
disposto para o novo quando desorientado, confuso e quando não consegue
compreender, pelo menos em sua totalidade, o que está ocorrendo. Sempre nasce
alguma coisa do caos, de nossa natureza "bárbara", comumente contraposta à nossa
imagem civilizada e por esta reprimida. Essa é a ação de um trânsito de Plutão:
despojar-nos de nossa carapaça civilizada para que, do mais profundo de nossa
essência, seja desvelada a realidade que somos, qualquer que seja essa realidade.
trazer à luz - ou seja, tomar consciência do que somos - é o passo prévio do
procedimento de reorientação, de regeneração e de renascimento. Trata-se da
oportunidade oferecida por Plutão. Aproveitá-la ou menosprezá-la é uma opção que
depende inteiramente de nós. Nesse trânsito, podemos alcançar a liberdade,
inclusive em relação a nós mesmos; em outras palavras, podemos atingir uma
liberdade total.
Devemos estar permanentemente atentos, pois a ação de Plutão, em sua maior
parte, está oculta; não é por acaso que o mito o apresenta portando um manto que
o torna invisível. As implicações desse trânsito para a totalidade de nosso ser e os
prolongamentos no tempo - é bom lembrar a lentidão e a duração no tempo do
efeito desse planeta -, assim como a profundidade e a sutileza de sua ação, tornam
muito difícil o estabelecimento do significado correto de sua influência. Somente a
perspectiva concedida pelo tempo nos auxiliará a descobrir um sentido nas
mudanças que, sem dúvida alguma, são produzidas em nossas vidas por um trânsito
de Plutão. Este último atua sempre em níveis profundos, em nossas regiões
obscuras; assim, seu significado nunca é óbvio, e os fenômenos aparentes raramente
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permitem julgá-lo de forma adequada. Além disso, sua ação visa separar, libertar, o
perdurável do transitório, seja a alma do corpo - através do processo da morte -, seja
o eu real, individual, de todas as estruturas de comportamento que compõem a
personalidade social. Trata-se sempre de um processo de tomada de consciência, seja
qual for o nível em que venha a ocorrer tanto, o trânsito de Plutão sempre é dual,
opera com dois elementos (a sombra e a luz, o velho e o novo, a morte e a vida), e é
absolutamente drástico (ou branco ou preto) ; como esse trânsito representa o final de
um processo, ou a pessoa se liberta ou não o faz, sendo o resultado totalmente
irreversível.
A morte e a destruição, física ou psicológica, constituem o resultado da falta de
adaptação a circunstâncias e exigências novas; contudo, se for considerada de um
ponto de vista elevado, a morte é o confinamento da energia na forma, do espírito na
matéria, é a semente sob a Terra, que, no momento certo, rompe a casca - aquilo que
deixou de ser útil - e engendra uma nova vida. Plutão, a semente, desce até a nossa
própria obscuridade para, na ocasião adequada - após destruir nossas bases e defesas,
nossas cascas -, florescer e encontrar a luz.
Entretanto, essas crises plutonianas não são transcendentes, a menos que Urano e
Netuno tenham preparado previamente o caminho. É muito importante que a pessoa
reconheça a inevitabilidade da mudança plutoniana - mudança que se encontra na
própria estrutura das coisas e diante da qual não há escapatória - e entenda que ela é
necessária no atual estágio evolutivo pessoal.

Plutão - Sol

A conjunção Plutão - Sol é um dos mais importantes - senão o mais importante -


trânsitos que podem ocorrer na vida de um indivíduo. Proporciona um vigor inusitado,
que capacita a varrer literalmente todos o obstáculos, geralmente velhos hábitos, que
se opõem ao livre fluir dessa energia, transformada em propósito e vontade firmes. Por
conseguinte, trata-se de uma época de grandes mudanças; abre-se um novo caminho,
uma nova ordem de coisas, e se produz uma completa reorientação da vida, capaz de
levar à iluminação mediante um processo de regeneração. As decisões tomadas nesse
momento podem ser decisivas para o resto da vida. A própria pessoa se converte no
artífice de seu futuro, mas não convém esquecer que Plutão é um planeta
transcendente e que suas energias não são facilmente utilizáveis para propósitos
egoístas ou banais. O indivíduo é o canal dessa força e não seu proprietário. O segredo
consiste em usar essa energia para o próprio progresso e não para dominar os outros.
Com esse trânsito, a pessoa pode ser levada a acreditar que descobriu a verdade, mas,
na melhor das hipóteses, descobriu apenas a "sua verdade" e não deve cair na
tentação de querer impô-la aos outros, embora pense que é "para o seu bem". Por
outro lado, é conveniente que o próprio indivíduo provoque, de modo consciente, as
mudanças, não permitindo que estas última o façam por si mesmas, já que, dessa
forma, podem ser demasiadamente drásticas.
A pessoa deve encarar aquelas partes de si mesma que talvez não lhe agradem,
mas que existem; isso faz parte do processo de autoconhecimento, de verificação da
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unidade essencial que constitui um indivíduo e da utilização adequada desse
conhecimento. Isso produz poder e é possível que se deva assumir algum tipo de
autoridade sobre os outros, uma responsabilidade que deve ser manejada com
sutileza.
Para a pessoa voltada ao progresso espiritual, esse é o momento-chave, no qual
pode eliminar os obstáculos que impediram seu avanço.
Por outro lado - e em sentido contrário -, a quadratura, assim como as casas e
signos que envolve, assinala o tipo de "ensinamento" que devemos aprender, o que
devemos modificar e a área em que essas mudanças se produzem. Na oposição,
experimentamos tal coisa através dos outros. Nesses casos, o trânsito de Plutão é
realmente condicionador. Trata-se de uma prova que testa a força, a energia e o
conhecimento da própria pessoa. Isso se manifesta de diferentes formas e acarreta
todo tipo de crise, estimulando a ambição pessoal e rezelando o pior de cada um.
Autodestrutivo e destruidor daqueles que o rodeiam, o eu se manifesta com muita
força e repudia qualquer espécie de disciplina, até mesmo a própria, e, por
conseguinte, qualquer tipo de autoridade. Esse trânsito é perigoso porque, ao
mesmo tempo em que vê tudo contra si, a pessoa se sente com forças para destruir
qualquer tipo de obstáculo ou oposição. A única coisa frutífera a fazer nesse
momento é procurar saber o que se é e aquilo de que se necessita para reconhecer-
se como indivíduo.
É inútil tentar evitar as energias de Plutão, pois, de qualquer maneira, estas
deverão manifestar-se.
A pessoa certamente entrará em conflito com os outros; trata-se de um período
difícil para as relações - tanto as íntimas como as mais cotidianas -, já que é muito
fácil ser envolvida em lutas pelo poder, especialmente com pessoas que detenham
algum tipo de autoridade.
Pode causar graves problemas de saúde e, em casos muito aflitos, a morte
física.

Plutão - Lua

A Lua só ilumina à noite e, simbolicamente, esta última representa o


inconsciente do homem, a parte obscura de cada um de nós que, de modo geral,
desconhecemos, mas que indiscutivelmente afeta nossa estabilidade e condiciona
nossa manifestação consciente, o, propósito e a vontade que simbolizam a nossa
parte solar.
Representa também o passado a infância, o atávico e, por conseguinte, os
padrões de conduta assimilados e herdados nesses períodos. O luminar de nossa
noite particular - a oportunidade de conhecer a nossa parte oculta - é representado
pela Lua. Dessa maneira, entende-se por que o trânsito de Plutão, o doador de
consciência, é a grande ocasião para conhecer, reorientar e reconstruir a base, os
alicerces de nosso edifício pessoal.
Esse trânsito é tremendamente poderoso, ativando diferentes áreas, facetas e
complexos de nossa personalidade que permaneciam adormecidos desde a nossa
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infância. Nossa racionalidade nunca se defrontara com eles, seja por
desconhecimento ou por havê-los reprimido, e eis que agora surgem com toda sua
força. Encontramo-nos diante de situações e sentimentos crus, urgentes e intensos,
que evocam em nós, em lugar de atos próprios de um adulto racional, respostas
infantis compulsivas.
É uma época de grandes mudanças emocionais na vida do indivíduo, mudanças
essas que afetam seu ambiente mais imediato, mais pessoal - a casa, a família e, em
particular, a mãe. Além de intensificar o desejo de encontrar as próprias raízes,
provoca a manifestação do lado receptivo, feminino, da pessoa, assim como a
necessidade de experimentar longos momentos de intimidade. O indivíduo pode
expandir seus conhecimentos acerca de aspectos de sua personalidade que
normalmente estão ocultos e, dessa forma, compreender os motivos reais de muitos
de seus atos e estados de espírito. Trata-se de um excelente trânsito para descobrir
o próprio potencial, bem como a própria filosofia de crescimento e de progresso.
Pode ser conflituoso pela intensidade de sentimentos que provoca, mas constitui a
preparação necessária para uma nova etapa de desenvolvimento.
O superficial deixa de gerar satisfação, a compreensão mental não é suficiente, o
indivíduo precisa sentir em profundidade e saber que sua intuição caminha de modo
conjunto com seu raciocínio lógico.
Esse trânsito ajuda o homem, talvez através do conhecimento de uma mulher, a
perceber o seu lado receptivo e a modificar o seu conceito do feminino. Numa
mulher, incrementa a feminilidade; ao mesmo tempo, leva-a a reformular a ideia que
tem de seu papel feminino na vida.
Em contrapartida, quando uma pessoa não pode ou não deseja introduzir as
mudanças necessárias, esse trânsito produz uma grande instabilidade nas emoções,
constantes oscilações nos estados de espírito; o indivíduo sente uma necessidade
compulsiva de mudança, de movimento, muito embora não tenha uma direção
definida nem um objetivo concreto.
Grande sensibilidade e tendência à depressão, que levam o indivíduo a ofender-
se diante da menor insinuação. Enfatiza a natureza sensual e a tendência - situada
acima de qualquer consideração - a satisfazer os próprios desejos. No nível
psicológico, reaparecem padrões de conduta que se tornaram inadequados ao
momento presente, memórias do passado que devem ser modificadas ou
reorientadas. É totalmente inútil ignorá-las; é preciso compreendê-las e integrá-las
no atual programa de "adulto", a fim de que sua pressão se detenha e não prejudique
a correta percepção dos fatos. É muito fácil, durante esse trânsito, sucumbir a
qualquer tipo de obsessão. As raízes do problema estão dentro da própria pessoa e
não devem portanto, ser buscadas no exterior.
A oposição marca um período de confrontos emocionais extremos com os
outros, especialmente com o cônjuge. Lutas destrutivas, táticas subversivas,
manipulações de todos os tipos, ciúme ou complexos de culpa. Relações possessivas
que tendem a explosões com profundas consequências psicológicas. No que se refere
à saúde física, pode haver congestões no plexo solar e problemas digestivos.

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Plutão - Mercúrio

A função de Mercúrio no tema natal está bastante definida. Ele é, como


costuma-se chamá-lo, o mensageiro dos deuses, aquele que relaciona uma coisa com
a outra e todas com todas; em seu significado mais profundo, é consciência. L M.
Hickey descreve-o como "o pensador que transcende o mecanismo do cérebro" e,
acerca do trânsito de Plutão, diz que "outorga o poder de conexão com a Mente
Universal".
Na verdade, está claro o fato de que o trânsito de Plutão por Mercúrio impele o
indivíduo a chegar ao fundo de qualquer coisa que desperte o seu interesse, a
descobrir a verdade que transcende a aparência, ao mesmo tempo que direciona a
mente para o desnudamento do sentido último da vida. Durante esse período, a
percepção está muito atilada e a pessoa pode entender as coisas com uma clareza
muito maior, aprender e tirar proveito desse conhecimento. Trata-se de um bom
trânsito para qualquer tipo de pesquisa e muitas vezes surge um insuspeitado
interesse pela metafísica e pelo estudo das leis cósmicas, interesse que, na maioria
dos casos, provoca mudanças profundas nas ideias e nas opiniões do indivíduo.
Uma nova compreensão da vida, assim como o poder de influir sobre os outros
por meio do próprio ponto de vista, incrementam certa necessidade de expressar-se,
de comunicar aos demais aquilo que se descobriu. Essa pessoa não admite respostas
superficiais e, de modo lento, vai se aprofundando nas próprias ideias. É uma época
para aprender e também para ensinar, caso a pessoa seja suficientemente flexível
para evitar, por exemplo, ideias fantásticas ou obsessivas.
Em sentido contrário, a má utilização da energia plutoniana intensifica o lado
desonesto de Mercúrio. Superficialidade forçada, decorrente do fato de o indivíduo
não desejar, ou não se atrever a, considerar de maneira profunda sua própria
reorientação. Tendência ao engano, à crítica sarcástica e maliciosa, a enredar a
situação e a aproveitar-se das circunstâncias. O indivíduo pode mostrar-se
fanaticamente convicto de sua verdade e tentar impô-la aos outros. Pode ter
percebido que o conhecimento é poder, mas, caso não o maneje com extremo
cuidado, talvez dê lugar a trágicas consequências. Crises nervosas e esgotamento
mental costumam acompanhar esse trânsito, na hipótese de a pessoa ultrapassar
sua própria capacidade de trabalho. A obsessão por uma ideia, ainda que esta seja
totalmente válida, não traz a paz, pelo menos antes que se chegue ao fundo dela.

Plutão - Vênus

Vênus representa o amor, a capacidade de coesão, a união de dois ou mais


elementos. Produz-se, por assim dizer, uma espécie de afinidade química. Esse
trânsito pode nos levar a conhecer o que realmente é o amor, libertando-nos do
sentimento de posse, com o qual, de modo frequente, o confundimos. Durante esse
período, o indivíduo entende o amor, não como uma parte da existência diária, mas
como uma experiência transcendente, capaz de modificar por completo sua vida.
Esse trânsito produz um profundo efeito sobre as relações e a vida sexual do
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indivíduo. Este último sente um grande fascínio por outra pessoa e se envolve
totalmente nessa relação, que nem sempre é satisfatória, uma vez que esse trânsito
evidencia esquemas de comportamento que, desconhecidos até aquele momento,
desempenham um importante papel na atração sentida pelo indivíduo. Isso
desemboca muitas vezes em situações compulsivas e não muito racionais, visto que
se deseja basicamente uma relação intensa, que pode ou não ser harmoniosa, mas
que, de qualquer maneira, é profundamente significativa e importante na
experiência vital do indivíduo.
Se, durante esse trânsito, tem início uma relação amorosa - coisa bastante
frequente -, essa relação se fundamenta em bases tão profundas que é quase certo
haver algum aspecto Cármico, algum tipo de compensação ou retribuição que deve
ser satisfeito e que muitas vezes não se mostra nada fácil.
As relações já existentes também se intensificam durante esse trânsito,
tornando-se menos rotineiras; a necessidade de gratificação, transcendência e
profundidade psicológica é maior e mais urgente que nos outros períodos. As bases
dessa relação podem sofrer mudanças consideráveis, bem como encontrar novas
facetas criativas que têm o poder de transformar a relação e a vida dessa pessoa. Em
contrapartida, esse trânsito pode pôr fim a uma união que deixou de ser satisfatória
ou que não preenche os requisitos mínimos para enfrentar a nova perspectiva
oferecida por Plutão.
Esse trânsito se caracteriza por proporcionar uma grande sensibilidade em
relação aos outros, além de uma atitude imparcial no que diz respeito à própria
pessoa. De modo geral, reorienta, por bem ou por mal, as relações emocionais
entre as pessoas. Essa energia pode ser sublimada, surgindo, durante esse período,
uma habilidade criativa desconhecida, uma atividade artística capaz de satisfazer a
sensibilidade e o sentido da fruição, incrementados por esse trânsito. De modo
oposto, pode degenerar num sensualismo exagerado, a tal ponto que a pessoa só se
interesse em satisfazer as sensações físicas, à margem de qualquer
desenvolvimento da consciência e de qualquer crescimento como ser humano.
Como Vênus rege Touro, o polo oposto a Escorpião, é preciso escolher entre
autoindulgência e autodomínio.
O uso descontrolado ou incorreto da energia desse trânsito intensifica, de
maneira simultânea, a parte sexual de Plutão e a sensual de Vênus. E, se esses
planetas estão muito aflitos no tema natal, pode gerar todo tipo de exageros,
excentricidades e aberrações, assim como o comércio desses atos. Esse aspecto é
encontrado em temas de prostituição de qualquer espécie.
Introduz na vida da pessoa tanto a necessidade como a oportunidade de
transformar completamente as relações. Em função disso, costuma produzir
rupturas, geralmente rápidas e bruscas. No entanto, se uma pessoa aprende a lição
de não confundir o amor com a emoção, é possível evitá-las, ou então levá-las a
efeito sem ressentimento nem cólera. Em ambos os casos, essa pessoa aumentou
seu conhecimento e não voltará a passar por essa experiência. Sabe que o amor é
antes um princípio que uma emoção.
Em outra ordem de coisas, se Vênus está aflito no tema, será melhor evitar as
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especulações financeiras. Na esfera da saúde, é possível detectar pouca resistência
às infecções; as partes do corpo mais propensas a elas são a garganta, os rins e os
órgãos do aparelho reprodutor. Na medida do possível, convém não abusar de
doces e pastéis ou de qualquer outra indulgência culinária.
Alguns astrólogos esotéricos afirmam que esse trânsito pode significar para o
discípulo que se encontre no caminho de regresso "a noite obscura da alma";
sustentam também que, uma vez superado, ele proporciona uma extraordinária
percepção e desenvolve um grande poder de criação.

Plutão - Marte

A força expressa em ação. Esse trânsito envolve uma tremenda energia física.
Nesse período, o indivíduo se sente capaz de obter tudo o que deseja; trata-se da
época de superar todos os obstáculos e de triunfar em qualquer área da vida que
desperte o seu interesse. Existe uma forte necessidade de usar essa grande
quantidade de energia e é difícil - e geralmente nocivo - acumulá-la.
Com este trânsito, é possível realizar grandes coisas; tudo o que requer esforço
torna-se agora mais fácil, uma vez que o estado de espírito específico o leva a tomar
essa aparência. Este indivíduo esbanja estímulo, força e capacidade para trabalhar
com afinco e essa é precisamente a melhor coisa que ele pode fazer com a presente
energia. Não convém, de forma alguma, armazená-la. Seja como for, é preciso libertá-
la.
Plutão é o planeta da transformação e Marte oferece a energia necessária para
levá-la a efeito.
Marte também representa a capacidade de sobrevivência do ego, da
personalidade, e Plutão desempenha essa mesma função em relação ao espírito. Este
trânsito enfatiza a identidade individual, o eu separado dos outros. O perigo reside no
fato de que, no processo de expansão do eu, o indivíduo procura dominar as outras
pessoas, ação à qual estas últimas evidentemente resistem. Assim sendo, o indivíduo
percebe essa energia como um obstáculo que se opõe a seu desenvolvimento. É
possível evitar tal coisa estimulando os outros e a eles se unindo na consecução dos
ideais, sejam estes de ordem física, emocional ou mental.
O uso adequado da presente energia vitaliza e regenera a saúde. Em
contrapartida, a utilização incorreta esgota as forças no decorrer da longa luta. Dito
de outra maneira, é necessário usar a energia, mas não abusar dela.
Este trânsito impõe a iniciativa sobre a reflexão e isso assinala um período difícil.
Caso se aja sem um mínimo de controle, a parte negativa de Plutão se soma à parte
negativa de Marte e o resultado é explosivo. Nossa parte mais animal tende a
transbordar. A ação bruta, desprovida de matizes, os julgamentos apressados e a
pressão dessa energia prestes a estourar abrem caminho para que a cólera e a
violência sejam os meios usados para dar saída a essa força.
Como antídoto, deveriam ser utilizados, mais do que nunca, o discernimento de
Júpiter, o irmão celeste de Plutão, e a benevolência de Vênus, o polo complementar
de Marte.
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Enquanto O efeito do trânsito perdurar, intensificam-se a tendência antissocial,
as atividades subversivas de todos os tipos e, em casos muito extremos, de grande
conflito no tema natal, a possibilidade de rapto, violação sexual e morte. É um
aspecto frequente entre assassinos e assassinados.
A mescla de energias envolvidas pelos aspectos entre esses dois planetas é
demasiado poderosa para ser retida; por essa razão, é preferível liberá-la antes que
nos prejudique. É necessário expressar essa força, e tal coisa pode ser feita de modo
construtivo ou destrutivo. Bem utilizada, é uma oportunidade que merece ser
aproveitada.

Plutão - Júpiter

A entrada de Plutão em aspecto com Júpiter, o grande benéfico, dificilmente


pode ser muito ruim, revelando-se, pelo contrário, extraordinariamente útil e
afortunada. A pessoa experimenta uma sensação de otimismo, vitalidade, positivismo
e esperança, e esse estado de espírito propicia o êxito em qualquer empreendimento
a que ela se dedique.
Trata-se de uma excelente ocasião para incrementar as faculdades pessoais mais
elevadas; podem-se atingir níveis superiores de consciência, uma ampliação da
capacidade de discernir e, caso a pessoa esteja voltada para a trilha espiritual, ajuda
de fontes extraordinariamente elevadas e, de modo geral, pouco acessíveis.
Júpiter mantém relação com a fé e com o espírito e, durante esse trânsito, os
ideais são mais elevados que de costume. O indivíduo se sente atraído pelos grandes
sistemas de pensamento que procuram explicar a sociedade ou o universo como um
todo. Tende a compartilhar as ideias que lhe foram úteis, que ampliaram sua visão, e é
fácil ocorrer, nesse período, que ele se erija em professor, em mestre. Quanto mais
divulga os conhecimentos e intuições a que chegou, mais profundos estes se tornam.
Júpiter rege tanto o ensino como o estudo e este último se transforma em prazer e em
paixão, especialmente o estudo das diversas filosofias relacionadas com o universal.
Plutão, o planeta da regeneração, induz também ao estudo de qualquer forma de
cura, particularmente as pouco ortodoxas, da cura pela fé ao mais complexo sistema
de fórmulas alquímicas; por outro lado, não se deve esquecer a faceta drástica de
Plutão, que prefere a amputação preventiva, caso a considere necessária.
Generosidade, integridade pessoal e honorabilidade, as quais, durante esse
trânsito, podem ser reconhecidas pelos outros sob a forma de prêmios, títulos e
homenagens. Uma parcela de glória que pode ser conseguida, mas que não deveria
constituir o principal motivo das ações; caso contrário, manifesta-se o lado negativo
de Plutão e este último se volta contra o próprio indivíduo. A clássica expansividade de
Júpiter, intensificada pela pressão interna de Plutão, tende a exceder-se a si mesma.
Descomedimento e falta de controle, desejo de ser importante (social e
economicamente), de acumular poder, de organizar e controlar tudo e, em alguns
casos, de explorar os outros sob uma fachada de honorabilidade. Delírios de grandeza,
de onipotência, arrogância e autossuficiência. Inclinações messiânicas, crises, perda de
reputação, gastos excessivos e, de maneira geral, excessos de todos os tipos.
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O excesso de autoconfiança pode ser traduzido pela atitude do indivíduo que
acredita possuir a verdade, pelo sentimento de que as próprias ideias ou as próprias
ações são mais importantes que os atos das outras pessoas. Por outro lado, pode
levar o indivíduo a envolver-se com alguma seita ou com algum grupo que não
aceitam alternativas para o seu dogma. Essa atitude tende a acarretar problemas
legais. O segredo reside em preservar o sentido da proporção. Discernir a justa
medida implica, durante esse trânsito, compreensão e sabedoria.

Plutão - Saturno

Saturno é o construtor por excelência; rege não somente os ossos - a estrutura


do nosso corpo -, mas também a pele, nosso limite. À medida que vamos crescendo,
e através das experiências saturninas, edificamos a estrutura de nossa
personalidade. Essa estrutura logo se transforma no ponto de apoio, no bastão que
dá segurança; ao mesmo tempo, entretanto, construímos nossa armadura, nosso
cárcere particular.
Plutão é o planeta da transformação, da regeneração inelutável, e, quando
transita em aspecto com Saturno - a resistência à mudança, o símbolo do sólido, do
cristalizado -, assinala um período de forte tensão, de modificações que só têm lugar
através de um esforço contínuo. Esse trânsito aumenta a persistência, a tenacidade,
a paciência e sobretudo a responsabilidade do indivíduo; para isso, cria as
circunstâncias ambientais e as condições psicológicas necessárias, isto é, o terreno
onde tais características possam florescer.
Plutão elimina, para regenerar, todas as partes de nossa estrutura básica que já
não são úteis para o nosso progresso, podendo suprimir tudo aquilo que nos liga ao
passado - relações, ideias, posses, dinheiro, estilo de vida - e deixar-nos apenas com
o mínimo essencial. Procura ensinar-nos que todas essas coisas não constituem
nosso ser fundamental; é preciso aprender a ficar só consigo mesmo e, no princípio,
isso tende a gerar desorientação, melancolia, depressão e impaciência.
As mudanças podem ser bruscas, mas o processo é lento, gradual e profundo, e
o indivíduo aprende a guiar-se utilizando apenas o essencial, substituindo velha
estrutura por outra menos aparente, porém mais sólida, mais sutil e, evidentemente,
mais duradoura e adequada às necessidades evolutivas do presente.
Plutão desvela as falhas de nossa estrutura, mostra qualquer tipo de fraqueza
oculta no subconsciente, atinge o ponto fraco. Por assim dizer, coloca o dedo na
ferida. Justamente nos momentos em que nossa resistência se mostra mais
vulnerável, quando nos sentimos mais fatigados, ele testa a habilidade, pouco
comum, de aceitar a responsabilidade implicada pela consideração de nossas fraquezas
menos conhecidas. Essa situação é necessária e, nesse trânsito, a força de Plutão
intensifica nos a responsabilidade, paciência e persistência no esforço; este último
pode nos conduzir, de uma forma lenta mas poderosa, à recompensa da própria
integração, da integração de nossas duas faces. Uma vez conseguida essa totalidade,
existe a possibilidade de integrá-la em outra realidade ainda maior. Não nos
esqueçamos de que Plutão é um planeta transpessoal e de que está intimamente
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ligado ao inconsciente coletivo.
Um bom antídoto para a tendência depressiva e autodestrutiva característica da
dificuldade desse trânsito pode advir de a pessoa conservar certa dose de humor e não
considerar-se a si mesma de forma demasiadamente séria.

Plutão - Urano

Embora os efeitos das energias desses dois planetas sejam sentidos na esfera do
pessoal, as causas não se originam no particular, mas no geral. Todos os planetas
situados adiante de Saturno se relacionam com o coletivo, com o destino da
humanidade como um todo e não com o do indivíduo isolado, ainda que nossa
participação no processo possa ser singular e que este nos afete profundamente no
plano individual. Urano e Plutão representam duas forças muito profundas dentro do
universo, e aprender o funcionamento deste último constitui uma boa forma de utilizá-
las. Ninguém pode prever com exatidão o que fará Urano, mas, aconteça o que
acontecer, sucederá de modo imprevisível e repentino, modificando totalmente a
situação.
A energia de Plutão é invisível; trabalha nas profundezas, purificando e redimindo
a consciência, e seus efeitos são permanentes. A combinação dessas duas forças pode
ser simbolizada como uma revolução criativa. Plutão empresta profundidade à
capacidade de mudança de Urano. Tudo isso se manifesta sob a forma de mudança,
geralmente mudança na coletividade. Em função da lentidão desses planetas, seus
aspectos são geracionais; o indivíduo pode representar uma parte ativa nesses
aspectos, caso tenha Urano forte no tema ou simplesmente reaja a essa pressão
ambiental. No plano pessoal, essas duas energias são sentidas como um forte desejo
de liberdade, e aqueles que estão atentos rapidamente percebem que a liberdade só
vigora quando a pessoa não se preocupa com a possibilidade de ser ou não livre,
renunciando à sua própria vontade e permitindo que, através de si, atue a vontade do
universo, a lei ou a ordem do cosmos. Os vislumbres de intuição opõem-se a qualquer
dogma ou ortodoxia, a inspiração revela a verdade àqueles que estão preparados e tal
coisa gera um processo de transformação profunda. Originalidade e genialidade,
aumento de poder nos níveis internos de consciência, desenvolvimento da visão
espiritual e da intuição. Intensificação da vitalidade física.
Essas mudanças, cujas origens, na maioria das vezes, devem ser buscadas em
anos passados, separam claramente esse período do anterior; trata-se de um
afastamento em relação ao passado, de um enfoque no futuro, e o indivíduo sente
uma excitação pelo novo, pelo oculto e pelo científico.
Favorece o estudo de tudo aquilo que, no momento, aparece como
revolucionário, dos computadores à ciência espacial, passando pela astrologia.
Durante esse período, o indivíduo transcende as meras aparências, aprofunda-se
em dimensões insuspeitadas, enriquece sua vida com esses conhecimentos e tem a
oportunidade de conseguir algo extraordinário, afastado das perspectivas habituais. A
pessoa tende a sentir-se nova e livre.
Em contrapartida, também pode ocorrer que o indivíduo passe por poucas
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mudanças em sua vida pessoal. Contudo, se for esse o caso, tudo aquilo que o rodeia
sofre grandes transformações. Para essa pessoa, a prova consiste em adaptar-se a
essas mudanças. A resistência e a rigidez só pioram a situação e, caso mantenha a
mesma atitude que antes, empenhando-se em permanecer inalterável, o indivíduo
pode sofrer bastante. Quanto mais flexível ele for, melhor caminhará todo o
processo. Ir contra a corrente transforma uma pessoa em vítima de si própria e,
estando Urano envolvido, é impossível preparar-se.
Outro perigo consiste em modificar - pelo simples gosto da mudança e sem
qualquer discernimento - tudo o que é velho, todas as antigas condições, sem levar
em consideração que muitas delas permanecem úteis e perfeitamente válidas. Tal
coisa torna o indivíduo errático desprovido de bases sólidas e caprichoso,
determinado a fazer apenas aquilo que aprecia, sem considerar qualquer outro
critério. Se o tema está aflito, ele pode erigir-se em lei e usar a violência para
conseguir o que deseja. Plutão representa persuasão em sua oitava elevada mas
também coação em sua faceta negativa.
É conveniente recordar que se obtêm mais resultados com mel que com vinagre.

Plutão -Netuno

Enquanto Plutão é uma força motriz, um poder que tudo move, Netuno
simboliza a capacidade de fabular, de imaginar. Num nível muito elevado, Netuno dá
forma ao impulso inicial de Plutão. Na alternância um-dois, ativo-passivo, eles
representam o primeiro par, a primeira relação ying-yang, o princípio do primeiro
ciclo.
O trânsito de Plutão por Netuno marca uma fase desse primeiro ciclo e age em
níveis muito profundos do inconsciente coletivo. Em cada um dos indivíduos que
compõem as gerações com o mesmo aspecto, manifesta-se de uma maneira muito
sutil, quase imperceptível, transformando, sem que a pessoa sequer perceba, os
valores, ideais, objetivos e concepções do mundo. É possível que um indivíduo
constate, durante esses trânsitos, que os fundamentos de vida que possuía deixaram
de interessar-lhe; percebendo que viveu, até o momento, numa ilusão, pode sentir-se
desorientado, mas o que se passa com ele está ocorrendo com toda a sua geração.
Não se encontra sozinho e é importante ter isso em mente, já que a solução para o
seu problema pode advir mais facilmente do contato com as pessoas da mesma idade
que da abordagem individual. A um problema global corresponde uma solução global.
Embora isso seja certo, se um indivíduo deseja comparar sua perspectiva de vida com
outras concepções distintas, deve procurar pessoas mais velhas ou mais jovens, uma
vez que as de sua geração o compreenderão de um ponto de vista idêntico ao seu.
Trata-se de um bom momento para concretizar um ideal de anos precedentes e,
caso seja utilizado de maneira elevada, esse trânsito produz uma inextinguível
energia espiritual. É a época de encontrar companheiros que trilhem o mesmo
caminho espiritual e de avançar em companhia daqueles que se encontram
espiritualmente despertos. Através da prática da meditação é possível sensibilizar,
durante esse período, os mundos internos e colocar em atividade a glândula pineal.
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Ainda que tenha uma visão materialista do mundo, o indivíduo se sente
inclinado, nessa época, a procurar uma explicação mais profunda dos fenômenos da
vida, a transcender de alguma forma a superficialidade em que habitualmente nos
movemos e a explorar dimensões que ultrapassem o aparente.
Num sentido completamente oposto, esse trânsito pode levar a pessoa à mais
profunda degradação. Nesse caso, o indivíduo se vê diante da idealização que
construiu do mundo, e não diante de sua realidade; desse modo, vê-se obrigado a
conhecer os próprios fantasmas - e nada há que seja mais netuniano que um
fantasma - e, muitas vezes, tal coisa se traduz numa forma ou outra de escapismo, da
intensificação da atividade onírica ao consumo de várias espécies de álcool e de
drogas. O indivíduo pode igualmente perder-se - outro conceito tipicamente
netuniano - em numerosas abstrações. O caráter se torna instável, flutuando entre a
hipersensibilidade e a tolice, e o sentido dos valores se deforma. Delírios, loucuras e
complexos de perseguição são frequentes.
É imprescindível discernir entre o que é e o que aparenta ser.

Plutão - Plutão

Os aspectos por trânsito de Plutão sobre o Plutão radical são etapas dentro de
um mesmo processo criativo de evolução e sua manifestação depende muito dos
aspectos e das situações do Plutão natal. 0corre como se, de quando em quando,
fosse recordado a um indivíduo o seu programa. São momentos adequados para que
se aprofundem os próprios objetivos e, caso a pessoa esteja na linha que lhe
corresponde, podem ser períodos de grande estabilidade e reafirmação dentro do
processo.
Ocorre o mesmo no caso específico da quadratura, mas com a particularidade
de que todos os elementos acumulados durante o ciclo - elementos que devem ser
reformulados, porque deixaram de ser úteis - se tornam evidentes. E ainda que não
o deseje, o indivíduo é obrigado a eliminá-los, sejam eles hábitos, situações criadas
ou relações. Trata-se de uma ocasião para tomar consciência do destino particular
no âmbito do destino geral.
Plutão é tão lento que, na média de vida atual da humanidade, só chega a
realizar um trânsito importante, a quadratura, a partir dos sessenta anos. E, no caso
de vidas longas, o trígono, realizado entre os oitenta e os noventa anos.

Os trânsitos de Plutão nas casas

Plutão é extremamente lento e seus trânsitos por uma casa se manifestam


durante muito tempo e das mais variadas maneiras, dependendo dos aspectos com
outros planetas; estes últimos têm, em relação a Plutão a função simultânea de
redutores de seu tremendo potencial e de canais de expressão.
Não teria sentido dedicar várias páginas a esses trânsitos, em primeiro lugar
porque seria uma repetição do que foi exposto em Plutão nas casas e, em segundo
lugar, porque, quando este último se manifesta através dos aspectos com outros
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planetas, é preciso combinar as características de ambos, assim como a significação
das duas casas nas quais esse trânsito se manifesta.
Caso se leve isso em consideração, não é difícil deduzir os possíveis efeitos de
Plutão.
Na verdade, ocorre frequentemente - e vale a pena recordá-lo - que as casas
assinalam as circunstâncias e situações nas quais o indivíduo se vê envolvido. E, por
regra geral, Plutão em trânsito age mais sobre essas circunstâncias que diretamente
sobre o indivíduo, muito embora este último sinta, de maneira inevitável, as
consequências das mudanças ocorridas no ambiente.
Evidentemente, os trânsitos mais poderosos são aqueles que envolvem casas
cardeais (um, quatro, sete e dez); no entanto, mesmo nesses casos, o indivíduo pode
passar muito tempo sem sentir mudança alguma na esfera do pessoal, sem perceber
o que ocorre ou sem saber que tal coisa se deve ao trânsito de Plutão, uma vez que,
como já foi dito, este último só age diretamente em casos muito especiais e em
pessoas altamente evoluídas - pessoas que possam captar a elevada voltagem do
planeta sem ser automaticamente destruídas.
Nas outras pessoas, os trânsitos de Plutão devem ser interpretados através
dos aspectos com os planetas mais pessoais.

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