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Alternativas

Não Convencionais
para Transmissão de
Energia Elétrica
Estudos Técnicos e
Econômicos

Fabiana A. de T. Silva
Gerhard Ett
Gerson Y. Saiki
José A. Jardini
José G. Tannuri
Marcos T. Bassini
Mario Masuda
Milana L. Santos
Patricia O. Silveira
Ricardo L. Vasquez-Arnez
Ronaldo P. Casolari
Sergio O. Frontin
Takuo Nakai
Thales Sousa
Volkmar Ett
Geraldo Luiz Costa Nicola
Gerente do Projeto – Eletrobras Eletronorte
Engenheiro eletricista pela Universidade de Brasília, atua na Eletrobras Eletronorte
desde 1977 na área de engenharia da transmissão, subestações. Participou do projeto
e implantação de vários empreendimentos em corrente alternada entre 69 e 500 kV,
corrente contínua 600 kV e de compensação de reativos da transmissão.

José Antonio Jardini


Coordenador do Projeto – FDTE
Engenheiro eletricista (1963), mestre (1969) e doutor (1973) pela Escola Politécnica
da USP. Trabalhou na Themag no cargo de superintendente e como professor/pes-
quisador na Escola Politécnica da USP (Professor Titular). Atuou nos projetos de
Itaipu, Cesp, Chesf, Eletronorte, Furnas, Eletrosul. É atuante no CIGRÉ, grupo B2
Linhas e B4 Corrente Contínua (onde liderou vários grupos de trabalhos), e no IEEE
onde participou da organização de vários congressos. É Fellow Member do IEEE e
atuou como Distinguished Lecturer nas Sociedades de Potência (PES) e Industrial
(IAS). Coordenou inúmeros projetos de P&D no âmbito do programa da Aneel.

Sergio de Oliveira Frontin


Coordenador do livro – FDTE
Engenheiro eletricista pela Escola Nacional de Engenharia da UFRJ (1969). Mestre
em Power Systems pelo Rensselaer Polytechnic Institute (RPI), Troy – Estados Uni-
dos (1971). Trabalhou na Aneel, Furnas Centrais Elétricas S.A., Itaipu Binacional
e Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL). Ex-professor da PUC-RJ e do
Instituto Militar de Engenharia.

Fabiana Aparecida de Toledo Silva


Pesquisadora FDTE
Engenheira eletricista pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mestre em
Engenharia Elétrica pela mesma instituição e doutora em Engenharia Elétrica pela
Escola Politécnica de São Paulo (EPUSP). Desde 1999 vem trabalhando como pro-
fessora universitária e pesquisadora em projetos de pesquisa e desenvolvimento.
Atualmente trabalha como pesquisadora ligada à Fundação para o Desenvolvimen-
to Tecnológico da Engenharia (FDTE).

Gerhard Ett
Pesquisador FDTE
Engenheiro químico (1991), químico (1992) e mecânico de aeronaves (1989).
Doutor em Materiais pela USP/IPEN (1998). Co-fundador da Electrocell, empresa
de energias renováveis, célula a combustível e baterias especiais para sistemas foto-
voltaicos e veículos elétricos. Coordenador da Comissão de Hidrogênio na ABNT.
Professor de Engenharia do Hidrogênio na FAAP. Vice-presidente da VDI e diretor
da ABTS. Gerente de projeto do IPT: Gaseificação de Biomassa. Publicou 5 capítulos
de livros, 12 pedidos de patente. Coautor dos projetos premiados: SAE (2000), CNI
(2004), FIESP (2004), WWR/ FGV(2006), ANPEI (2007) e FINEP(2009).

Gerson Yukio Saiki


Pesquisador FDTE
Engenheiro eletricista pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Mes-
tre em Engenharia de Eletricidade pela mesma instituição. Atualmente trabalha
como pesquisador ligado à Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da
Engenharia (FDTE).

José Galib Tannuri


Pesquisador FDTE
Engenheiro eletricista pela Escola Nacional de Engenharia da UFRJ (1962). Pós
graduado em Power System Engineering (1967) pela General Electric Schenectady,
NY, EUA. Trabalhou em Furnas Centrais Elétricas S.A. e Themag Engenharia Ltda.
Ex-professor da PUC-RJ, Instituto Militar de Engenharia e Universidade de Brasília.

Marcos Tiago Bassini


Pesquisador FDTE
Engenheiro eletricista pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (2011).
Iniciou o programa de mestrado na mesma instituição em 2012. Atualmente tra-
balha como pesquisador ligado à Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico
da Engenharia (FDTE).
Alternativas
Não Convencionais
para Transmissão de
Energia Elétrica
Estudos Técnicos e
Econômicos
Fabiana A. de T. Silva
Gerhard Ett
Gerson Y. Saiki
José A. Jardini
José G. Tannuri
Marcos T. Bassini
Mario Masuda
Milana L. Santos
Patricia O. Silveira
Ricardo L. Vasquez-Arnez
Ronaldo P. Casolari
Sergio O. Frontin
Takuo Nakai
Thales Sousa
Volkmar Ett

Alternativas
Não Convencionais
para Transmissão de
Energia Elétrica
Estudos Técnicos e
Econômicos

EXECUTORA PROPONENTES

1ª Edição

Brasília
2012
Tiragem: 3.000 livros
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – Aneel
SGAN Quadra 603, Módulos I e J, Asa Norte. CEP: 70830-030. Brasília – DF
Nelson José Hubner Moreira
Diretor Geral
CENTRAIS ELÉTRICAS DO NORTE DO BRASIL S.A. – Eletronorte
SCN Quadra 06, Conjunto A, Blocos B e C, Entrada Norte 2, Asa Norte. CEP: 70716-901. Brasília – DF
Josias Matos de Araujo
Diretor Presidente
FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. – Furnas
Rua Real Grandeza 219, Botafogo. CEP: 22281-900. Rio de Janeiro – RJ
Flávio Decat de Moura
Diretor Presidente
CEMIG GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S.A. – Cemig GT
Avenida Barbacena, 1200, Santo Agostinho. CEP: 30190-131. Belo Horizonte – MG
Djalma Bastos de Moraes
Presidente
COMPANHIA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA – CTEEP
Rua Casa do Ator, 1.155, Vila Olímpia. CEP: 04546-004. São Paulo – SP
Cesar Augusto Ramirez Rojas
Presidente
EMPRESA AMAZONENSE DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA S.A. – EATE
Rua Tenente Negrão, 166, Itaim-Bibi. CEP: 04530-030. São Paulo – SP
Elmar de Oliveira Santana
Diretor Técnico
FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DA ENGENHARIA – FDTE
Rua Padre Eugênio Lopes 361, Morumbi. CEP: 05615-010. São Paulo – SP
André Steagall Gertsenchtein
Diretor Superintendente
Capa, projeto gráfico e diagramação:
Goya Editora LTDA.
Revisão:
Ricardo Dayan

Catalogação na fonte
Centro de Documentação – CEDOC / ANEEL

Alternativas não convencionais para a transmissão de energia elétrica


– estudos técnicos e econômicos / José Antonio Jardini
(coordenador). --- Brasília : Teixeira, 2012.

368 p. : il.

ISBN: 978-85-88041-04-2

1. Energia elétrica, transmissão. 2. Linha de Transmissão.


I. Título.

CDU: 621.3:62(81)

Esta publicação é parte integrante das atividades desenvolvidas no âmbito do Programa de P&D da Aneel.
Chamada 005/2008 publicada em setembro de 2008, relacionada ao Projeto Estratégico –
Alternativas não Convencionais para a Transmissão de Energia Elétrica em Longas Distâncias.
Todos os direitos estão reservados pelas empresas indicadas acima.
Os textos contidos nesta publicação podem ser reproduzidos,
armazenados ou transmitidos, desde que citada a fonte.
Fotos de abertura de capítulos: www.sxc.hu
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

SUMÁRIO

As contribuições do Projeto Transmitir


RESUMO EXECUTIVO

CAPÍTULO 1

Alternativas para Transmissão de Grandes Blocos


de Energia Elétrica a Longas Distâncias
Preâmbulo ..........................................................................................................................32
Escopo ................................................................................................................................32
Definição das Alternativas de Transmissão para Análise...........................................33
Potência transmitida de 6.000 MW, com dois circuitos .......................................33
Potência transmitida de 6.000 MW, com um circuito ..........................................34
Potência transmitida de 9.000 MW .........................................................................34
Transições de tensão para transmissão CA e CC ..................................................34
Sistema hexafásico e circuito duplo trifásico .........................................................34
Uso da tecnologia de hidrogênio .............................................................................34

SUMÁRIO 5
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

CAPÍTULO 2
Projeto de Linhas de Transmissão CA CC
Objetivo ..............................................................................................................................36
Princípios básicos de projeto...........................................................................................37
Estudos para definição das geometrias de cabeças de torres .....................................37
Dados climatológicos.................................................................................................37
Velocidade de vento ...................................................................................................37
Condutor e cabo para-raios ......................................................................................38
Condutor ...............................................................................................................38
Cabo para-raios ...................................................................................................38
Condições de vento estudadas para a linha............................................................38
Vento de alta intensidade ..........................................................................................38
Combinações de pressões de vento e temperatura
para cálculo de trações e flechas ..............................................................................38
Dados e critérios para cálculo de trações e flechas ...............................................39
Cargas mecânicas sobre os cabos ............................................................................39
Estado básico ........................................................................................................39
Estado de tração normal (EDS everyday stress) ..............................................39
Estado de referência.............................................................................................40
Distância de segurança .............................................................................................40
Requisitos de normas ..........................................................................................40
Requisitos dos estudos elétricos ........................................................................40
Largura da faixa .........................................................................................................40
Estudos de gradientes e efeito corona .....................................................................40
Corona visual........................................................................................................40
Rádio interferência ..............................................................................................41
Ruído audível ........................................................................................................41
Campo elétrico .....................................................................................................41
Campo magnético................................................................................................42
Coordenação de isolamento .....................................................................................42
Distâncias para tensão operativa .......................................................................42
Número de isoladores na cadeia .......................................................................43
Distância para sobretensão de manobra .........................................................43
Balanço da cadeia ................................................................................................43

6 SUMÁRIO
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Estudos mecânicos............................................................................................................44
Isoladores e ferragens.................................................................................................44
Estruturas ....................................................................................................................44
Fundações ...................................................................................................................45
Tipos de estruturas consideradas ...................................................................................46
Estruturas para linhas CC .........................................................................................46
Estruturas para linhas CA .........................................................................................46
Definição de vento e pressão ...........................................................................................46
Ventos utilizados em projetos existentes ......................................................................46
Pressão devido ao vento extremo ...................................................................................47
Pressão devido ao vento de alta intensidade ................................................................48
Pressão de vento na estrutura .........................................................................................48
Pressão devido ao vento extremo ............................................................................48
Pressão devido a tormentas elétricas de alta intensidade ....................................49
Estudos para as linhas CC ...............................................................................................49
Hipóteses de carregamento para dimensionamento da LT CC ..........................50
Cálculo da torre básica CC .......................................................................................50
Estimativa de pesos para as torres CC ....................................................................51
Estudos para as linhas CA ...............................................................................................52
Alternativas para torre 1.000 kV .............................................................................52
Silhuetas sugeridas ....................................................................................................52
Considerações sobre as silhuetas ...................................................................................55
Considerações finais ........................................................................................................57
Definição das geometrias de torres CA .........................................................................58
Torre Cross-rope 550 kV......................................................................................59
Torre Chainette 800 kV .......................................................................................59
Torre Chainette 1.100 kV ....................................................................................60
Hipóteses de carregamento para dimensionamento de torres CA ...........................60
Cálculo das torres para LTs CA .....................................................................................61
Resultados obtidos .....................................................................................................61
Equação de regressão do pesos das torres CA .......................................................63
Cálculo das fundações das torres CA ............................................................................64
Resultados obtidos .....................................................................................................65
Referências .........................................................................................................................66

SUMÁRIO 7
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

CAPÍTULO 3

Aspectos Econômicos
Objetivo ..............................................................................................................................68
Premissas e critérios para comparação econômica de alternativas...........................68
Metodologia para escolha do condutor ..................................................................68
Critério para custeamento de linhas de transmissão ............................................69
Itens considerados no custeamento de linha .........................................................69
Custo de linha .............................................................................................................70
Custo de perdas ..........................................................................................................71
Perdas Joule ...........................................................................................................71
Perdas corona .......................................................................................................72
Custos de operação e manutenção ..........................................................................73
Juros durante a construção .......................................................................................74
Fator de Recuperação de Capital (FRC) .................................................................74
Definição do condutor econômico ..........................................................................74
Definição da função de custo para linha CC e CA ......................................................75
Função custo para linha de transmissão CC ..........................................................75
Função custo para linha de transmissão CA
com torre Chainette Y para 800 kV e 1.100 kV .....................................................77
Função custo para linha de transmissão CA
com torre Cross-rope para 800 kV e 1.100 kV .......................................................78
Penalização por sobretensão sustentada .......................................................................79
Custos de equipamentos CA ...........................................................................................80
Capacitores série .........................................................................................................81
Reator paralelo (shunt) ..............................................................................................83
Transformador ............................................................................................................84
Autotransformador ....................................................................................................85
Sem comutador de taps .......................................................................................85
Com comutador de taps......................................................................................86
Autotransformadores especiais..........................................................................87
Compensador estático ...............................................................................................88
Custos de conversoras ......................................................................................................88
Custos de módulos de manobra .....................................................................................89
Conexão de transformador .......................................................................................89
Conexão de linha ........................................................................................................89
Interligação de barras.................................................................................................90
Conexão de compensador.........................................................................................90
Custo do módulo geral (ou módulo de infraestrutura) de subestação ....................90
Referências .........................................................................................................................92

8 SUMÁRIO
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

CAPÍTULO 4

Comparação entre Sistemas de


Transmissão CC e Meia-onda
Objetivo ..............................................................................................................................96
Linhas de meia-onda ........................................................................................................96
Silhueta de torre adotada .................................................................................................96
Relações de tensão e corrente em linhas de meia-onda ..............................................97
Relações de tensão e corrente com fator de potência não unitário ...........................99
Perdas Joule......................................................................................................................100
Perdas Joule para configuração 1 ...........................................................................101
Perdas Joule para configuração 2 ...........................................................................102
Curtos-circuitos ..............................................................................................................103
Curto-circuito no início da linha ...........................................................................103
Sobretensão na linha submetida a curto-circuito ...............................................104
Sobretensão durante curto, configuração 1 ...................................................104
Sobretensão durante curto, configuração 2 ...................................................105
Sobretensão na linha paralela à linha submetida a curto-circuito ...................106
Sobretensão em linha paralela durante curto, configuração 1....................106
Sobretensão em linha paralela durante curto, configuração 2....................107
Desligamento de uma das linhas ..................................................................................109
Com tensão de 1 pu nos terminais ........................................................................109
Com tensão ajustada de acordo com a potência transmitida ............................110
Sobretensão de manobra por energização de linhas .................................................111
Resumo dos resultados das simulações .......................................................................112
Desempenho elétrico do sistema de transmissão CA em meia-onda ....................113
Definições de alternativas CA meia-onda e CC.........................................................119
Alternativas CA meia-onda...........................................................................................119
Cálculo do condutor econômico ...........................................................................119
Silhueta das linhas CA .............................................................................................122
Cálculo das potências características ....................................................................124
Gradiente máximo na superfície dos condutores ...............................................130
Valorização das alternativas ....................................................................................132
Custo anual das linhas (incluindo manutenção) .................................................133
Custo de perdas Joule...............................................................................................133
Custo de perdas corona ...........................................................................................133
Subestações e equipamentos...................................................................................133
Custo total anual das alternativas CA meia-onda ...............................................138
Alternativas CC ...............................................................................................................139
Cálculo do condutor econômico ...........................................................................139

SUMÁRIO 9
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Custo da linha por km .............................................................................................139


Custo das perdas Joule .............................................................................................139
Manutenção...............................................................................................................140
Custo anual da linha por km ..................................................................................140
Perdas corona ............................................................................................................142
Custo das conversoras .............................................................................................142
Custo de perdas nas conversoras ...........................................................................142
Custos das alternativas.............................................................................................143
Comparação entre as alternativas CA meia-onda e CC ...........................................144
Referências .......................................................................................................................146

CAPÍTULO 5

Análise de Sensibilidade para Sistemas de


Transmissão CC e CA Meia-onda
Objetivo ............................................................................................................................150
Casos analisados .............................................................................................................150
Caso 1 – Qual deveria ser o custo da conversora, de maneira a
impactar os resultados obtidos para as soluções CA meia-onda e CC? ....150
Caso 2 – Considerar 15% menor as perdas para
as soluções CA meia-onda e CC......................................................................151
Caso 3 – Considerar 10% menor os custos da linha CA meia-onda .........152
Caso 4 – Calcular o custo da solução CC considerando a
transmissão de potência a partir de uma única linha de transmissão .......153
Caso 5 – Calcular o custo da solução CA, considerando
outra filosofia de operação em relação às perdas Joule................................153
Caso 6 – Inclusão de configurações em 765 kV
com maior potência característica possível ...................................................154
Caso 7 – Considerar custo da energia R$ 113/MWh e
juros de 8% ao ano .............................................................................................158
Caso 8 – Alongamento de uma linha de 2.000 km .......................................158
Caso 9 – Comparação econômica CC, um bipolo, e CA
meia-onda, um circuito, para transmissão de 6.000 MW ...........................160
Caso 10 – Comparação econômica entre CC e CA meia-onda
para transmissão de 9.000 MW com dois ou três circuitos.........................162
Caso 11 – Análise de sensibilidade adicional ................................................163
Referências ......................................................................................................................167

10 SUMÁRIO
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

CAPÍTULO 6

Sistema de Transmissão
1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW
Objetivo ............................................................................................................................170
Casos de fluxos de potência utilizados nas simulações ............................................171
Metodologia e critérios adotados .................................................................................173
Alternativa básica............................................................................................................174
Energização da LT ....................................................................................................174
Sistema CA com compensação série na LT ..........................................................175
Compensação série de 65% nas LT’s 1.000 kV ..............................................175
Compensação série de 60% nas LT’s 1.000 kV ..............................................178
Configuração do sistema de transmissão .............................................................180
Custos dos equipamentos da configuração básica ..............................................183
Custo da alternativa básica .....................................................................................184
Sistema CA com 3, 2 e 1 subestação seccionadora intermediária ...........................185
Sistema CA 1.000 kV com torre tipo Cross-rope ........................................................186
Determinação da compensação série na LT ........................................................187
Compensação série de 75% nas LT’s 1.000 kV ....................................................189
Comparação com a alternativa básica...................................................................192
Sistema CA com compensadores síncronos nas subestações seccionadoras ........193
Sistema com quatro SE’s seccionadoras intermediárias .....................................194
Comparação de custo entre as alternativas com
compensação série e com compensadores síncronos ...............................................201
Conclusões ......................................................................................................................202
Referências .......................................................................................................................202

CAPÍTULO 7

Avaliação do Limite Econômico


da Transmissão CC e CA
Objetivo ............................................................................................................................204
Avaliação econômica – Sistema CC .............................................................................204
Cálculo econômico ..................................................................................................204
Resultados obtidos – Sistema CC ..........................................................................205
Avaliação econômica – Sistema CA.............................................................................208
Cálculo econômico ..................................................................................................209

SUMÁRIO 11
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Custo da linha por km.......................................................................................210


Custo das perdas Joule ......................................................................................210
Custo das subestações (terminais e intermediárias) ....................................210
Custo das transformações.................................................................................212
Custo das compensações shunt, série e carga ................................................213
Resultados obtidos – Sistema CA ..........................................................................215
Ponto de interseção obtido para os sistemas CC e CA .............................................218
Referências .......................................................................................................................219

CAPÍTULO 8

Sistemas Multiterminais CC
Objetivo ............................................................................................................................222
Considerações iniciais ....................................................................................................222
Simulação com programa do tipo Transitórios
Eletromagnéticos (Primeira etapa) ..............................................................................223
Principais componentes do sistema de controle do sistema multiterminal CC ...226
Desempenho do sistema multiterminal em regime permanente............................229
Aplicação de faltas no sistema.......................................................................................232
Falta monofásica (Fase A) no lado CA do retificador.........................................232
Falta monofásica (Fase A) no lado CA do inversor 3 .........................................234
Bloqueio dos inversores .................................................................................................237
Falta na linha CC ............................................................................................................240
Desempenho do sistema considerando a modelagem das
fontes CA com suas características dinâmicas (Segunda etapa) .............................241
Desempenho dinâmico do sistema diante de faltas ..................................................245
Falta monofásica (Fase A) no lado CA do retificador ........................................246
Falta monofásica (Fase A) no lado CA do inversor 3 .........................................248
Avaliação econômica do sistema multiterminal CC .................................................251
Conclusões .......................................................................................................................255
Referências .......................................................................................................................255

12 SUMÁRIO
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

CAPÍTULO 9

Comparação entre Linha Hexafásica e


Trifásica em Circuito Duplo
Objetivo ............................................................................................................................258
Estudo de sobretensão na linha hexafásica/trifásica ................................................258
Escolha preliminar do condutor econômico........................................................258
Definição preliminar da configuração hexafásica...............................................259
Definição da configuração de transformadores .................................................260
Energização da linha hexafásica ............................................................................261
Sobretensões fase-terra .....................................................................................262
Sobretensões fase-fase .......................................................................................264
Energização da linha trifásica.................................................................................264
Sobretensões fase-terra .....................................................................................266
Sobretensões fase-fase .......................................................................................266
Definição da geometria da torre 289 kV hexafásica e 500 kV trifásica ..................267
Coordenação de isolamento ...................................................................................268
Estudo da tensão operativa...............................................................................268
Isolamento para sobretensão de manobra .....................................................269
Capacidade de corrente do condutor e flechas ....................................................270
Capacidade de corrente ....................................................................................270
Flecha para a temperatura máxima no condutor..........................................271
Altura da torre ..........................................................................................................272
Faixa de passagem ....................................................................................................273
Isolamento para manutenção em linha viva ........................................................274
Resultados finais .......................................................................................................275
Configurações típicas de torres ..............................................................................276
Torre hexafásica 500 kV – Configuração circular ........................................276
Torre trifásica 500 kV CD – Configuração circular .....................................277
Torre trifásica 500 kV CD – Tronco-piramidal [3] ......................................278
Comparação econômica da LT 289 kV hexafásica com
LT 500 kV circuito duplo trifásica ................................................................................279
Definição da faixa de passagem .............................................................................279
Pesos das estruturas .................................................................................................279
Resultados econômicos obtidos da comparação das linhas ..............................280
Custo dos transformadores e módulos associados .............................................280
Resultados e conclusões ..........................................................................................281
Referências .......................................................................................................................282

SUMÁRIO 13
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

CAPÍTULO 10

Uso do Hidrogênio para Transporte de Energia


Gerada a partir de Usinas Hidroelétricas
Objetivo ............................................................................................................................284
Introdução........................................................................................................................284
Caso estudado e resultados ...........................................................................................284
Discussão..........................................................................................................................286

APÊNDICE A

Definição da Geometria da Torre CA


Coordenação de isolamento..........................................................................................288
Isolamento para tensão operativa ..........................................................................288
Distância em ar...................................................................................................288
Número de isoladores .......................................................................................289
Característica suspensão normal.....................................................................290
Ângulo de balanço da cadeia ...........................................................................291
Isolamento para sobretensão de manobra............................................................292
Metodologia ........................................................................................................292
Distâncias mínimas para o risco de critério ..................................................293
Ângulo de balanço de cadeia para sobretensão de manobra ......................294
Capacidade de corrente do condutor e flechas ..........................................................295
Capacidade de corrente ..........................................................................................295
Flecha para a temperatura máxima no condutor ................................................296
Altura da torre (altura do condutor inferior ao solo)................................................297
Faixa de passagem...........................................................................................................299
Isolamento para manutenção em linha viva ...............................................................301
Referências .......................................................................................................................303

14 SUMÁRIO
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

APÊNDICE B

Hipóteses de Carregamento para


Dimensionamento de Torres CC e CA
B.1. Hipóteses de carregamento para dimensionamento de torres CC ................306
Dados gerais ..............................................................................................................306
Cabos ...................................................................................................................306
Torre .....................................................................................................................307
Trações nos cabos ..............................................................................................307
Pressão de vento ................................................................................................308
Cálculo dos esforços.................................................................................................308
Cargas verticais...................................................................................................308
Cargas transversais ............................................................................................309
Cargas longitudinais ..........................................................................................309
Árvores de carregamento ........................................................................................310
B.2. Hipóteses de carregamento para dimensionamento de torres CA.............. 312
Introdução .................................................................................................................312
Dados gerais ..............................................................................................................312
Cabos ...................................................................................................................312
Torre .....................................................................................................................313
Pressão de vento extremo .................................................................................313
Pressão de vento alta intensidade ....................................................................314
Tração nos cabos ................................................................................................314
Tensão 550 kV – 4 x 954 Rail ...........................................................................314
Tensão 800 kV – 4 x 1.113 Bluejay ..................................................................314
Tensão 1.100 kV – 8 x 954 Rail ........................................................................315
Tensão 800 kV – Cabo 3/8” EHS .....................................................................315
Pressão de vento na estrutura .........................................................................315
Cálculo dos esforços.................................................................................................315
Árvores de carregamento ........................................................................................315
Exemplo de árvores de carregamento ..................................................................316
Referências .......................................................................................................................319

SUMÁRIO 15
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

APÊNDICE C

Mémórias de Cálculos de
Torres CA e CC e de Fundações
Cálculo da torre básica CC ............................................................................................322
Introdução .................................................................................................................322
Característica da linha.......................................................................................322
Característica da torre .......................................................................................322
Materiais ..............................................................................................................322
Metodologia de cálculo .....................................................................................323
Critério de dimensionamento..........................................................................323
Tabela de dimensionamento ............................................................................323
Estais de cordoalha de aço galvanizado..........................................................324
Pesos da estrutura ..............................................................................................324
Tabela de dimensionamento (continuação) ...........................................................324
Silhueta da torre .................................................................................................325
Exemplo de cálculos de torres CA ...............................................................................326
Memória de cálculo para estrutura 550 kV CA 6 x Bittern ...............................326
Introdução...........................................................................................................326
Característica da linha.......................................................................................326
Característica da torre .......................................................................................326
Materiais ..............................................................................................................326
Metodologia de cálculo .....................................................................................327
Critério de dimensionamento..........................................................................327
Estais de cordoalha de aço galvanizado..........................................................328
Cargas nas fundações ........................................................................................328
Tabela de dimensionamento ............................................................................328
Peso da estrutura e acessórios ..........................................................................329
Deslocamento na condição EDS .....................................................................329
Silhueta da torre 550 kV CA 6 x Bittern .........................................................330
Memória de cálculo para estrutura 800 kV CA 6 x Bittern ...............................331
Introdução...........................................................................................................331
Característica da linha.......................................................................................331
Característica da torre .......................................................................................331
Materiais, metodologia de cálculo e critério de dimensionamento ...........331
Tabela de dimensionamento ............................................................................332
Estais de cordoalha de aço galvanizado..........................................................332
Cargas nas fundações ........................................................................................332
Peso da estrutura e acessórios ..........................................................................333

16 SUMÁRIO
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Deslocamento na condição EDS .....................................................................333


Silhueta da torre 800 kV CA 6 x Bittern .........................................................334
Memória de cálculo para estrutura 1.100 kV CA 8 x Lapwing .........................335
Introdução...........................................................................................................335
Característica da linha.......................................................................................335
Característica da torre .......................................................................................335
Materiais, metodologia de cálculo e critério de dimensionamento ...........335
Estais de cordoalha de aço galvanizado..........................................................336
Carga nas fundações..........................................................................................336
Tabela de dimensionamento ............................................................................336
Peso da estrutura e acessórios .........................................................................337
Silhueta da torre 1.100 kV CA 8 x Lapwing ...................................................338
Exemplo de cálculo de fundações ................................................................................339
Fundação dos mastros – Sapata com fuste vertical –
Torre 1.100 kV 8 x 1.590 Lapwing – memória de cálculo ..................................339
Características dos materiais............................................................................339
Cargas máximas no topo da fundação ..........................................................340
Verificação ao tombamento e cálculo das tensões de base ..........................340
Verificação da estabilidade ao arranque .........................................................342
Dimensionamento estrutural do fuste............................................................342
Dimensionamento estrutural da sapata .........................................................344
Forma e armadura .............................................................................................346
Fundação dos estais – Torre 1.100 kV 8 x 1.590 Lapwing –
memória de cálculo ..................................................................................................347
Qualidade dos materiais ...................................................................................347
Coeficientes de segurança e de redução .........................................................347
Solicitações na fundação ...................................................................................347
Esquema ..............................................................................................................348
Verificação do arrancamento ...........................................................................348
Dimensionamento estrutural ...........................................................................349
Quantidade de materiais e serviços para uma fundação .............................349
Figuras .................................................................................................................350
Referências .......................................................................................................................350

SUMÁRIO 17
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

APÊNDICE D

Alongamento de LT Utilizando
Reatores Série e Capacitores em Derivação
Objetivo ............................................................................................................................352
Conjuntos de simulações ...............................................................................................353
Comparação entre os sistemas simulados X meia-onda ....................................354
Determinação das potências dos reatores e capacitores ...........................................355
Modelo PI ..................................................................................................................355
Capacitor .............................................................................................................355
Reator ...................................................................................................................356
Modelo T ...................................................................................................................356
Capacitor .............................................................................................................356
Reator ...................................................................................................................356
Comparação de custos ...................................................................................................356
Custo do circuito PI .................................................................................................357
Custo de 250 km de linha de transmissão em meia-onda .................................358
Desempenho dos sistemas com circuitos PI e T ........................................................359
Estudos de fluxo de potência ..................................................................................359
Perdas no reator e capacitor ....................................................................................360
Estudo de estabilidade do sistema .........................................................................360

18 SUMÁRIO
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

As contribuições do Projeto Transmitir

Eden Luiz Carvalho Junior (EATE)


Geraldo Nicola (ELETROBRAS ELETRONORTE)
João Cesar Bianchi de Melo (EATE)
Luiza Maria de Souza Carijó (ELETROBRAS FURNAS)
Marcelo Torres de Souza (CTEEP)
Maureen Fitzgibbon Pereira (CTEEP)
Sebastião Vidigal Fernandes Júnior (CEMIG GT)

E
m um país de dimensões continentais, em que os grandes novos
aproveitamentos hidrelétricos encontram-se distantes dos princi-
pais centros de consumo e sujeitos a cada vez mais a maiores restri-
ções ambientais, o estudo e o desenvolvimento de novas tecnologias
de transmissão de energia elétrica a longas distâncias assumem um papel pri-
mordial para o desenvolvimento do país. Este é o contexto em que se inseriu
e foi proposto o Projeto Estratégico de Pesquisa e Desenvolvimento, P&D,
nº 005/2008, Alternativas Não Convencionais para Transmissão de Energia
Elétrica em Longas Distâncias, da Aneel. O objetivo principal deste projeto
foi, portanto, pesquisar e apresentar de forma abrangente, detalhada e atua-
lizada, todos os aspectos da transmissão de energia ditas não convencionais,
ou seja, que ainda não foram implantadas no Brasil.

PREFÁCIO 19
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Para atingir esse objetivo, buscou-se, em uma primeira etapa, identifi-


car, analisar e consolidar as informações relativas ao estado da arte das al-
ternativas de transmissão não convencionais em pesquisa ou existentes em
outros países. Estas informações foram apresentadas de forma extremamente
competente e didática pelos pesquisadores da Fundação FDTE (Universida-
de de São Paulo) e publicadas no volume 1, Estado da Arte, deste projeto. As
empresas patrocinadoras do Projeto Eletrobras Eletronorte (coordenadora),
Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE, que acompanharam cuida-
dosamente o trabalho realizado, ficaram totalmente satisfeitas com os resul-
tados alcançados nesta primeira publicação. Com o livro publicado e distri-
buído para os principais técnicos, centros de pesquisa e entidades de ensino
do país, acredita-se que o primeiro compromisso foi atingido: prover uma
fonte de consulta e pesquisa atualizada para os técnicos e estudantes do setor
elétrico nacional, com os aspectos técnicos e econômicos mais importantes
sobre as alternativas de transmissão de energia não convencionais para lon-
gas distâncias existentes no mundo e suas possibilidades de aplicação no país.
Em uma segunda etapa, outras importantes questões sobre estas apli-
cações precisavam ser respondidas e são objetivos integrantes deste projeto
de pesquisa: quais as alternativas promissoras? Quais os custos comparati-
vos entre estas possíveis alternativas? Que outras alternativas podem ser pro-
missoras em futuro próximo? Onde e como poderiam ser aplicadas? Como
elas se encaixam dentro do contexto mundial e como são utilizadas em ou-
tros países, com as mesmas condições do Brasil? Respostas objetivas a estas
questões são de interesse não somente das empresas patrocinadoras deste
projeto, mas também das universidades, dos órgãos de pesquisa, operação
e planejamento, das agências governamentais e de todos os profissionais e
técnicos envolvidos no assunto.
Com a publicação deste volume 2, a partir do trabalho competente da
FDTE, esperamos estar contribuindo para incentivar a pesquisa, o desen-
volvimento e a aplicação das tecnologias mais adequadas para o sistema de
transmissão nacional e, sobretudo, esperamos poder contribuir para o cres-
cimento do país, permitindo o atendimento ao mercado de forma contínua e
sustentável, com qualidade, confiabilidade e custos adequados, beneficiando
toda a sociedade brasileira.

20 PREFÁCIO
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

RESUMO EXECUTIVO

José A. Jardini
Geraldo Nicola
Sergio O. Frontin

E
m setembro de 2008, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Ane-
el) publicou a Chamada 005/2008 relacionada ao Projeto Estratégi-
co “Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de Energia
Elétrica em Longas Distâncias”.
Com tal iniciativa, a Aneel considerou ser de alta relevância o estudo de
novas alternativas para a transmissão de energia elétrica para longas distân-
cias, buscando a obtenção de subsídios tecnológicos aplicáveis na otimização
destas modalidades de transmissão.
Para a realização desta pesquisa, foram selecionadas as empresas pro-
ponentes: Eletrobras Eletronorte (Coordenadora), Eletrobras Furnas, Ce-
mig GT, CTEEP e EATE e, como entidades executoras, as Fundações: Co-
ppetec (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e FDTE (Universidade de
São Paulo).

RESUMO EXECUTIVO 21
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Este projeto intitulado de Transmitir, iniciado em julho de 2009 e finali-


zado em maio de 2012, foi desenvolvido essencialmente em duas etapas. Na
primeira etapa foi realizada pesquisa estabelecendo o estado da arte das alter-
nativas de transmissão, “ditas” não convencionais no atual cenário mundial
de energia elétrica. Na segunda etapa do projeto, foram realizados estudos e
análises técnicas e econômicas comparando as alternativas não convencio-
nais mais promissoras entre si e com as alternativas convencionais para a
transmissão de energia elétrica a longa distância.
As alternativas denominadas não convencionais escolhidas foram aque-
las que ainda não foram implantadas no Brasil, mas, em alguns casos, já são
aplicadas em âmbito mundial, embora ainda necessitem de estudos e pesqui-
sas complementares para o seu aprimoramento, otimização técnica e econô-
mica. Neste sentido, foram escolhidas as seguintes alternativas:

• Transmissão de corrente alternada acima de 800 kV – UATCA;


• Sistemas flexíveis de transmissão em corrente alternada – (FACTS);
• Conversores CA/CC. Fonte de corrente e fonte de tensão;
• Transmissão em corrente contínua acima de ±600 kV;
• Sistemas de corrente contínua em multiterminais;
• Transmissão de energia elétrica em meia-onda;
• Sistemas de transmissão multifásicos;
• Supercondutores de alta temperatura;
• Linhas de transmissão isoladas a gás;
• Células a combustível hidrogênio.

Para fins de comparação, foram escolhidas as alternativas convencio-


nais: a transmissão em corrente alternada em 750 kV e a transmissão em
corrente contínua em ±600 kV, as quais já são largamente empregadas no
Brasil e no mundo e apresentam elevado grau de maturidade e desempenho.
Os resultados preliminares do estado da arte foram apresentados pa-
ra a comunidade técnico-científica, em seminário realizado nos dias 9 e
10 de fevereiro de 2011 em Brasília. Neste seminário, além das apresenta-
ções relativas às alternativas de transmissão efetuadas pelos pesquisadores
da FDTE e Coppetec, foi realizado painel sobre as inovações tecnológicas
em subestações, equipamentos e linhas de transmissão, com a participa-
ção das empresas ABB, Siemens e Alstom, além de especialistas brasileiros
nos assuntos em pauta.
Face à similaridade das distâncias entre a geração e centros de consumo
na China e Brasil, técnicos da State Grid Corporation of China apresentaram

22 RESUMO EXECUTIVO
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

neste evento a sua experiência na implantação de sistemas em corrente alter-


nada e corrente contínua, abordando os seguinte temas:

• Research and Application of 1.000 kV AC Transmission Technology;


• Practice of UHV and Multiterminal UHVDC in China;
• UHV DC System Study and Design;
• Current HVDC Development Standardization Demand and IEC TC 115;
• Study on Steady Characteristic and Transient Stability of UHV Half–
wave-length AC Transmission System.

Os subsídios obtidos decorrentes das intervenções dos participantes e


dos palestrantes convidados contribuíram, efetivamente, para complemen-
tação do estabelecimento do estado da arte relativa à primeira fase deste
projeto e foram incorporados no primeiro livro publicado, com lançamento
realizado em outubro de 2011 durante o XXI SNPTEE – Florianópolis/SC.
Neste livro, os seguintes capítulos foram elaborados:

• Capítulo 1 – Perspectivas da transmissão de energia elétrica


a longa distância no Brasil;
• Capítulo 2 – Transmissão corrente alternada
acima de 800 kV – UATCA;
• Capítulo 3 – Sistemas flexíveis de transmissão
em corrente alternada – (FACTS);
• Capítulo 4 – Conversores CA/CC. Fonte de corrente e
fonte de tensão;
• Capítulo 5 – Transmissão em corrente contínua acima de ±600 kV;
• Capítulo 6 – Transmissão de energia elétrica em meia-onda;
• Capítulo 7 – Sistemas de transmissão multifásicos;
• Capítulo 8 – Supercondutores de alta temperatura;
• Capítulo 9 – Linhas de transmissão isoladas a gás;
• Capítulo 10 – Viabilidade técnica e econômica
de células a combustível e hidrogênio;
• Capítulo 11 – Maturidade tecnológica das alternativas
não convencionais de transmissão de energia;
• Capítulo 12 – Agenda estratégia de pesquisa e desenvolvimento.

Com o estado da arte consolidado, passou-se para a segunda fase do


projeto, onde foram realizados estudos e análises técnicas e econômicas com-
parando as alternativas não convencionais.

RESUMO EXECUTIVO 23
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Seguindo o mesmo procedimento, a partir de um estágio avançado dos


estudos, estes foram apresentados no segundo seminário, realizado em Bra-
sília nos dias 23 e 24 de novembro de 2011, objetivando receber contribui-
ções dos participantes do evento.
Nesta oportunidade, além das apresentações por parte dos técnicos das
executoras, foram apresentadas outras palestras de interesse ao projeto como:

• Estudos técnicos e econômicos realizados para a transmissão da Usi-


na de Belo Monte. (EPE);
• Soluções inteligentes para a transmissão em longa distância e acesso
a rede de fontes renováveis (Siemens);
• CC não convencional. 800 kV Multiterminal. Grids e Breakers.
(ABB);
• Implantação de novas tecnologias no processo de expansão da trans-
missão (Painel – Aneel, CTEEP, ONS, EPE).

Posteriormente à realização do segundo seminário, objetivando a ab-


sorção de conhecimentos complementares, foi formada delegação composta
pelos técnicos das executoras e representantes das empresas, para visitas às
empresas e instalações na Rússia, China e Índia. Estes países estão implantan-
do sistemas de transmissão em modalidades que dizem respeito diretamente
às pesquisas realizadas neste projeto e, ainda mais, nestes países estão sendo
desenvolvidos equipamentos de ponta voltados a diversas tecnologias para
transmissão de grandes blocos de energia em longas distâncias.
Neste sentido, foi elaborada agenda técnica para adquirir conhecimen-
tos existentes naqueles países relativos à implantação dos sistemas de trans-
missão de 1.000/1.200 kV CA e 800/1.000 kV CC e dos estudos em desenvol-
vimento relacionadas à transmissão em meia-onda. Esta agenda contemplou
os aspectos de projeto, disponibilidade operacional, aspectos de manutenção
e operação, experiência na operação de interligações de grande potência e
possíveis inovações tecnológicas que estão sendo visualizadas para aprimo-
ramento dos sistemas de transmissão.
A visita ocorreu no período de 19 de abril a 05 de maio de 2012 com
enorme sucesso, em decorrência da receptividade das empresas visitadas e
permitiu oportuno registro das diferentes realidades e políticas existentes nos
países denominados BRICS as quais afetam e influenciam as aplicações de
tecnologias de transmissão de energia elétrica. Foram os seguintes os mem-
bros do projeto que participaram da delegação:

24 RESUMO EXECUTIVO
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

• Geraldo Luiz Costa Nicola – Eletrobras Eletronorte;


• Vanderlei Guimarães de Machado – Eletrobras Eletronorte;
• Luiza Maria de Sousa Carijó – Eletrobras Furnas;
• Sebastião Vidigal Fernandes Junior – Cemig GT;
• Marcelo Torres de Souza – CTEEP;
• José Antonio Jardini – FDTE;
• Sergio de Oliveira Frontin – FDTE;
• José Galib Tannuri – FDTE;
• Milana Lima dos Santos – FDTE;
• Alquindar de Souza Pedroso – Coppetec;
• Antônio Carlos de Siqueira Lima – Coppetec.

Os conhecimentos adquiridos a partir das contribuições oferecidas pe-


los participantes do segundo seminário, e durante as visitas realizadas na
Rússia, China e Índia, foram analisados e incorporados aos resultados dos
estudos técnicos e econômicos das alternativas não convencionais e apresen-
tados neste livro, constituído de 10 capítulos e quatro apêndices, conforme
indicados a seguir.

CAPÍTULO 1 – Alternativas para transmissão de grandes blocos


de energia elétrica a longas distâncias.

Apresenta as condições de contorno em que serão realizados os estudos


técnicos e econômicos
Sobre o aspecto técnico, são avaliados os resultados de estudo de fluxo de
carga, estabilidade transitória e transitórios eletromagnéticos. Os dois primei-
ros tipos de estudos definem as necessidades e quantidades de equipamentos
para o bom desempenho do sistema: compensação reativa série e paralelo,
subestações intermediárias, capacidade de equipamentos em regime e com
sobrecarga etc. O último estudo traz resultados de apoio do projeto das li-
nhas de transmissão principalmente no tocante à coordenação de isolamento.
Sob o aspecto econômico, são definidos custos de equipamentos, linhas,
perdas Joule e perdas corona. A linha é o item mais importante da avaliação
econômica, razão pela qual suas características de projeto tiveram uma abor-
dagem especial, o que também é reportado neste livro.

RESUMO EXECUTIVO 25
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

CAPÍTULO 2 – Projeto de linhas de transmissão CA e CC

Este capítulo tem por objetivo apresentar os estudos realizados e os re-


sultados obtidos do cálculo do dimensionamento das torres a serem utiliza-
das para o custeamento das alternativas de linhas não convencionais.

CAPÍTULO 3 – Aspectos econômicos

Este capítulo apresenta os aspectos econômicos do custeamento das al-


ternativas de transmissão para transporte de grandes blocos de energia em
longas distâncias. Estão apresentados os critérios e a premissas utilizadas
para o custeamento das alternativas em CA e CC, os custos de linhas e tam-
bém custos dos equipamentos utilizados nos custeamentos das alternativas
propostas, com base no banco de custos da Aneel. Alguma variação relati-
va pode ocorrer quando utilizadas cotações de mercado para os itens mais
relevantes de linhas e equipamentos terminais. Os resultados dos capítulos
subsequentes devem ser interpretados como tendência e não foram concebi-
dos para subsidiar decisões econômicas em projetos em fase de implantação.

CAPÍTULO 4 – Comparação entre sistemas de transmissão CC e


meia-onda

Os objetivos deste capítulo são: verificar, através de simulações, alguns


aspectos do funcionamento de linhas de meia-onda; detalhar a definição de
alternativas de transmissão CA meia-onda e CC; apresentar e comparar es-
timativas de custo para as alternativas de transmissão.

CAPÍTULO 5 – Análise de sensibilidade para sistemas


de transmissão CC e CA meia-onda

Este capítulo propõe a análise de sensibilidade em relação ao caso de


referência apresentado no capítulo 4. As etapas para as estimativas de custo
são semelhantes às apresentadas no capítulo 4.

26 RESUMO EXECUTIVO
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

CAPÍTULO 6 – Sistema de transmissão 1.000 kV CA tradicional – 6.000 MW

O capítulo 6 apresenta o dimensionamento preliminar de um sistema de


transmissão 1.000 kV CA tradicional, de 2.500 km, para uma potência trans-
mitida de 6.000 MW. O termo “tradicional” refere-se ao tipo de transmissão,
ou seja, sistema de transmissão com subestações seccionadoras. Dessa forma,
são definidas, de forma preliminar:

• Linha de Transmissão: número de circuitos (circuito simples), si-


lhueta da torre, cabo condutor (condutor ótimo) e número de sub-
condutores por fase;
• Compensação derivada nas LT’s: instalada nas barras e LT’s do siste-
ma, necessária para a condição de energização do sistema de trans-
missão e de rejeição de carga no terminal do sistema receptor;
• Compensação série: instalada nas LT’s do sistema, necessária para ga-
rantir a estabilidade do sistema quando de defeito monofásico segui-
do da abertura permanente de um circuito do sistema 1.000 kV CA;
• Compensador estático no terminal receptor: instalado no terminal
receptor para garantir fator de potência unitário neste terminal, de
modo que o sistema de transmissão definido fique independente do
sistema conectado à jusante do terminal receptor;
• Número otimizado de subestações seccionadoras do sistema de
transmissão. Também foi analisada uma alternativa composta de
compensadores síncronos, alocados nas subestações seccionadoras
do sistema de transmissão, para garantir a estabilidade do sistema
em substituição à compensação série ao longo dos 2.500 km do sis-
tema de transmissão.

CAPÍTULO 7 – Avaliação do limite econômico da transmissão CC e CA

Este capítulo apresenta a avaliação dos limites econômicos dos sistemas


de transmissão CC e CA, quando considerada a variação do nível de ten-
são (kV), a potência transmitida (MW) e o comprimento de linha (km). As
etapas para avaliação dos limites econômicos propostos são semelhantes às
apresentadas no capítulo 4 e às restrições indicadas no capítulo 3.

RESUMO EXECUTIVO 27
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

CAPÍTULO 8 – Sistemas multiterminais CC

Neste capítulo, são apresentados os estudos realizados para verificar a


viabilidade de inserção de um sistema CC multiterminal numa rede específi-
ca que, no caso, é semelhante à rede em 500 kV do Nordeste brasileiro. O es-
tudo consistiu na simulação dos seguintes aspectos: desempenho do sistema
CC multiterminal em programa de simulação de transitórios eletromagné-
ticos, no caso o PSCAD/EMTDC®, visando examinar a resposta do sistema
CC durante faltas; estudo de transitórios eletromecânicos para ver o efeito
da falta e ação dos controles, fazendo também uso do programa anterior-
mente mencionado e cálculo econômico visando obter o custo do sistema.

CAPÍTULO 9 – Comparação entre linha hexafásica


e trifásica em circuito duplo

Este capítulo tem por objetivo apresentar os resultados da comparação


econômica entre uma linha trifásica em circuito duplo de 500 kV e uma li-
nha hexafásica equivalente com a mesma tensão fase-terra da linha trifási-
ca, que é igual a 289 kV. Para atingir o objetivo, houve a necessidade prévia
de realizar estudos de sobretensões nas linhas hexafásica e trifásica e definir
geometria das torres 289 kV hexafásica e 500 kV trifásica.

CAPÍTULO 10 – Uso do hidrogênio para transporte de energia


gerada a partir de usinas hidroelétricas

Tem como objetivo avaliar o custo de geração de hidrogênio a partir de


um valor de referência para a energia vertida turbinável, o custo de trans-
porte do hidrogênio gerado e o custo de geração de energia elétrica a par-
tir de células combustíveis. Para a análise proposta, foi adotado o valor de
100 MWh/h como referência.

28 RESUMO EXECUTIVO
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

APÊNDICES
A – Definição da geometria da torre CA
B – Hipóteses de carregamento para dimensionamento de torres CC e CA
C – Memórias de cálculos de torres CA e CC e de fundações
D – Alongamento de LT utilizando reatores série e capacitores em derivação

Pelas contribuições recebidas ao longo de todo o projeto, inclusive na


fase de elaboração deste livro, as entidades executoras e patrocinadoras re-
gistram seu agradecimento às empresas e entidades: ABB, Siemens, Alstom,
ZTR (Zaporozhtransformator – Rússia), ECR (Electric Controllable Reac-
tors JSC – Rússia). State Grid Corporation of China, Power Grid Corpora-
tion of India Limited, Operador Nacional do Sistema, Empresa de Pesquisa
Energética e Agência Nacional de Energia Elétrica.
Finalizando, esperamos que o principal insumo do Projeto Transmitir
seja o de incentivar os especialistas das empresas de energia elétrica, consul-
tores, fornecedores, centros de pesquisas e universidades a prosseguirem nos
estudos e pesquisas, questionando os resultados e propondo soluções diver-
sas daquelas cogitadas neste livro, de forma a agregar novas informações e
conhecimentos. Essa realimentação é de suma importância para o constante
aprimoramento das técnicas, metodologias e soluções adotadas na expansão
do Sistema Elétrico Brasileiro.

RESUMO EXECUTIVO 29
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

CAPÍTULO 1

Alternativas para Transmissão de Grandes Blocos


de Energia Elétrica a Longas Distâncias

José A. Jardini
Sergio O. Frontin

31
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Preâmbulo
No livro Alternativas Não Convencionais para Transmissão de Energia
Elétrica – Estado da Arte, foi registrado o estado da arte das técnicas utiliza-
das para transmissão de energia: Corrente Contínua (CC); Corrente Alter-
nada (CA); Meia-onda; Supercondutividade; Linhas Isoladas a Gás; Linhas
Hexafasicas; e FACTS (Flexibile AC Transmission System).
Foi reportada também a investigação sobre as necessidades que poderão
surgir no Brasil para transmissão de energia gerada na Amazônia, concluin-
do com a recomendação de alternativas que deveriam ser comparadas. Além
de comparar as tecnologias, deveriam ser examinadas as faixas de potência a
serem transmitidas, as distâncias e o número de circuitos.

Escopo
O escopo deste livro é apresentar a comparação entre várias alternativas
tecnológicas para transmissão tanto sobre o aspecto técnico como econômi-
co. Sobre o aspecto técnico são avaliados os resultados de estudo de fluxo de
carga, estabilidade transitória e transitórios eletromagnéticos.
Os dois primeiros tipos de estudos definem as necessidades e quanti-
dades de equipamentos para o bom desempenho do sistema (compensação
reativa série e paralelo, subestações intermediárias, capacidade de equipa-
mentos em regime e com sobrecarga etc.). O último estudo traz resultados
de apoio do projeto das linhas de transmissão principalmente no tocante à
coordenação de isolamento. Sob o aspecto econômico, são definidos custos
de equipamentos, das linhas, das perdas Joule, e das perdas corona. A linha
é o item mais importante nesta avaliação econômica, razão pela qual suas
características de projeto tiveram uma abordagem especial, o que também é
reportado neste documento.

32 Alternativas para Transmissão de Grandes Blocos de Energia Elétrica a Longas Distâncias


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Definição das Alternativas de Transmissão para Análise


Na definição das alternativas para análise, foram feitas as seguintes
considerações:
• Número de circuitos, inicialmente partindo com base no critério (N-1);
• Para cada alternativa, deverão ser calculados os valores ótimos da
bitola dos condutores e do número de subcondutores por fase (CA)
ou polo (CC);
• Serão verificadas as soluções para diferentes tensões;
• Para as alternativas CA, exceto meia-onda, será otimizado o número
de subestações seccionadoras intermediárias.

Na viabilidade econômica deverão ser considerados os seguintes custos:


• Linhas de transmissão;
• Subestações;
• Equipamentos;
• Perdas (Joule e corona);
• Energia Não Suprida (ENS), que refletirá o índice de confiabilidade
da alternativa.

Potência transmitida de 6.000 MW, com dois circuitos

A seguir, é apresentada a relação das alternativas de transmissão, com


dois circuitos, inicialmente definidas para análise desses casos.

a1 – CA com tecnologia meia-onda, com 2.500 km, e tensões de 800


kV e 1.000 kV;
a2 – CC com tensões de ± 600 kV a ± 800 kV, com 2.500 km;
a3 – CA, aqui denominado tradicional, com estabilidade dinâmica obti-
da pelo uso de compensação série ou compensação derivada, com
tensão de 1.000 kV e 2.500 km.
b1 – CA com tecnologia meia-onda “alongando” a linha com reatores
série e capacitância paralelo, com tensão de 1.000 kV, com dois cir-
cuitos de 2.000 km de extensão;
b2 – CA com tecnologia “convencional” (“encurtada” com compensação
série); com tensão de 1.000 kV e 2.000 km de extensão;
c1 – CC com tensões de ± 600 kV a ± 800 kV e 2.000 km.

CAPÍTULO 1 33
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Potência transmitida de 6.000 MW, com um circuito

Casos similares aos indicados anteriormente, a1 e a2, para uma distân-


cia de 2.500 km.

Potência transmitida de 9.000 MW

Casos similares aos indicados anteriormente, a1 e a2 para uma distân-


cia de 2.500 km.

Transições de tensão para transmissão CA e CC

Análise das transmissões CC com potência na faixa 1.000 a 6.000 MW,


tensões de ± 500 kV a ± 800 kV, e distância de 500 km a 2.500 km, determi-
nando os pontos de inflexão.
Análise, de forma análoga, da transmissão CA convencional para as mes-
mas faixas de potências e distâncias, com tensões na faixa de 500 kV a 1.000 kV.
Comparação da transmissão CC com CA para as potencias e tensões
listadas acima.

Sistema hexafásico e circuito duplo trifásico

Estas tecnologias são comparadas para a transmissão de potência de


2.000 MW, com dois circuitos tradicionais, e tensão de 500 kV, e um circuito
hexafásico de mesma potencia e tensão fase-terra.

Uso da tecnologia de hidrogênio

Geração de 100 MWh, eletrólise; transporte de H2; célula de combustí-


vel. Avaliação econômica desta alternativa.

34 Alternativas para Transmissão de Grandes Blocos de Energia Elétrica a Longas Distâncias


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

CAPÍTULO 2

Projeto de Linhas de Transmissão CA CC

Mario Masuda
Takuo Nakai
José A. Jardini

35
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Objetivo
Este capítulo tem por objetivo apresentar os estudos realizados e os re-
sultados obtidos do cálculo do dimensionamento das torres a serem utiliza-
das para o custeamento das alternativas de linhas não convencionais.
Para determinação dos pesos das torres, foram necessários as definições
e os estudos relacionados a seguir:
• Princípios básicos para projeto de linha.
Foram definidos os princípios básicos para que as alternativas de li-
nhas de transmissão fossem comparadas em bases iguais.
• Definição de vento e pressão de vento para cálculo mecânico.
Foram definidos o vento e a respectiva pressão a serem utilizados
nos dimensionamentos de todas as alternativas de torres.
• Hipóteses de carregamento para cálculo de estruturas CC.
Foram determinados os esforços atuantes nas torres obtidos a partir
das definições anteriores.
• Memória de cálculo para estrutura 500 kV CC 3 x Lapwing.
Foi dimensionada a torre básica das alternativas de configurações
CC para as condições do projeto do estudo.
• Alternativas para torres 1.000 kV CA.
Foram pesquisados os vários tipos de estruturas a serem utilizadas
nas comparações econômicas.
• Coordenação de isolamento, geometria da torre LT’s CA.
Foram dimensionadas as geometrias das torres para várias alterna-
tivas de configurações de torres CA para os tipos definidos na pes-
quisa das alternativas.
• Hipóteses de carregamento para cálculo de estruturas CA.
Foram determinados os esforços atuantes nas configurações das tor-
res definidas na coordenação de isolamento.
• Cálculo dos pesos das torres para CA.
Foram dimensionadas três torres, uma para cada nível de tensão, das
alternativas de configurações CA para as condições do projeto.
• Cálculo das fundações das torres CA.
Foram dimensionadas as fundações dos mastros e dos estais para
uma torre por tipo de tensão. As demais fundações foram estimadas.

36 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Princípios básicos de projeto


O estudo das alternativas não convencionais para a transmissão de
energia em longas distâncias foi efetuado através de uma avaliação técnico-
-econômica dessas alternativas. Essa avaliação foi realizada com base nos
pré-projetos dessas linhas.
O objetivo deste item foi apresentar os princípios básicos e o roteiro a
ser seguido para o desenvolvimento dos pré-projetos das linhas que serão
consideradas como alternativas desse estudo. Estes princípios servem para
que os projetos de linhas estejam em mesmas bases em função da necessi-
dade da comparação econômica entre estas.
Deve-se ressaltar que os princípios básicos apresentados neste item es-
tão baseados nos requisitos dos leilões de linhas de transmissão da Aneel.

Estudos para definição das geometrias de cabeças de torres


Os aspectos considerados para a definição das geometrias das cabeças
das torres encontram-se descritos a seguir.

Dados climatológicos

Dados climatológicos foram adotados de acordo com os requisitos dos


estudos específicos. Assim, os dados utilizados para estudos mecânicos são
diferentes daqueles utilizados no cálculo da capacidade de corrente e, por sua
vez, diferentes também dos utilizados em cálculos de gradientes. Para cada um
dos estudos específicos, foram definidos os dados climatológicos necessários.

Velocidade de vento

Foram levantados os valores de velocidades de vento utilizados em pro-


jetos de linhas de transmissão existentes ou em construção localizadas entre
as regiões geradoras (Norte) e consumidoras (Sudeste e Nordeste) e, a partir
destes dados, foi definida a distribuição de vento utilizada no estudo.

CAPÍTULO 2 37
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Condutor e cabo para-raios

Condutor
Foram utilizados os condutores do tipo CAA (ACSR) com bitolas ade-
quadas para as potências a serem transmitidas nas linhas.

Cabo para-raios
Foram utilizados em todas as alternativas cabos para-raios do tipo
aço galvanizado com bitola de 3/8". Não foram utilizados os cabos do tipo
OPGW em função de suas variações de acordo com os fabricantes.

Condições de vento estudadas para a linha

Para vento de base de projeto tem-se:

• Período de retorno do vento igual a 250 anos, que corresponde a um


nível de confiabilidade intermediário entre os níveis 2 e 3.
• Foi utilizada metodologia da norma da IEC-60826 [6], com a fina-
lidade de determinar as cargas e pressões de vento nos diversos ele-
mentos da linha.

Vento de alta intensidade

Foi adotada para o vento de alta intensidade a velocidade igual à do vento


extremo de rajada (t = 2 a 3s) para o período de retorno do projeto majorado
por um fator de 20% e com uma frente estreita de atuação do vento.

Combinações de pressões de vento e temperatura


para cálculo de trações e flechas

As combinações de velocidades de vento (V) e temperaturas (θ) para


fins de determinação das trações e flechas dos condutores encontram-se
na tabela 1.

38 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 1: Condições para o cálculo das trações


Condições Temperatura (°C)
EDS 23
Vmax 15
Valta intensidade 15
V45 15
θmin 0
θmax A definir

Dados e critérios para cálculo de trações e flechas

• A flecha de referência do cabo para-raios na condição de maior du-


ração deverá ser de aproximadamente 90% da flecha do condutor
na mesma condição.
• Para outras condições, a flecha do cabo para-raios poderá resultar
maior que a correspondente do condutor, desde que a distância entre
ambos não seja menor que o comprimento da cadeia de suspensão.
• Vão básico adotado para estudo: 500 m.

Cargas mecânicas sobre os cabos

Os cabos foram dimensionados para suportar três estados de traciona-


mento: básico, de tração normal e de referência, definidos a partir da combi-
nação de condições climáticas e de envelhecimento do cabo como se segue.

Estado básico
• Para condições de temperatura mínima, sem vento, a tração axial
máxima deve ser limitada a 33% da tração de ruptura do cabo.
• Para condições de vento com período de retorno de 50 anos, a tração
axial máxima deve ser limitada a 50% da tração de ruptura do cabo.
• Para condições de vento extremo, a tração axial máxima deve ser li-
mitada a 70% da tração de ruptura do cabo.

Estado de tração normal (EDS everyday stress)


No assentamento final, à temperatura média, sem vento, o nível de tracio-
namento médio dos cabos deve atender ao indicado na norma NBR 5422 [7].

CAPÍTULO 2 39
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Além disso, o tracionamento médio dos cabos deve ser compatível com o de-
sempenho mecânico no que diz respeito à fadiga ao longo da vida útil da li-
nha de transmissão.

Estado de referência
A distância mínima ao solo do condutor deve ser verificada para a maior
temperatura do condutor, na condição sem vento.

Distância de segurança

Requisitos de normas
Foram adotados para as distâncias de segurança os requisitos da norma
NBR 5422 [7] onde aplicáveis ou, na falta desta, a NESC [5].

Requisitos dos estudos elétricos


Os requisitos de normas foram confrontados com os requisitos prove-
nientes dos estudos elétricos:
• Campo elétrico.
• Campo magnético.
• Estudos de gradientes e efeito corona (RI, AN).

Largura da faixa

A largura de faixa foi definida pelos aspectos abaixo:


• Balanço do condutor.
• Campo elétrico.
• Campo magnético.
• Estudos de gradientes e efeito corona (RI, AN).

Estudos de gradientes e efeito corona

Corona visual
A linha de transmissão, com seus cabos e acessórios, bem como as fer-
ragens das cadeias de isoladores não devem apresentar corona visual em 90%
do tempo para as condições atmosféricas predominantes na região atraves-
sada pela LT.

40 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Rádio interferência
a) Para linhas de CC
A mediana da distribuição da relação sinal/ruído no limite da faixa de
segurança deve ser igual ou superior a 24 dB, para o período de um ano.
O sinal adotado para o cálculo deve ser o nível mínimo de sinal na re-
gião atravessada pela LT, conforme resolução DENTEL ou sua suces-
sora, desde que não superior a 66 dB acima de 1 μV/metro a 1 MHz.

b) Para linhas de CA
A relação sinal/ruído no limite da faixa de segurança, quando a li-
nha de transmissão estiver submetida à tensão máxima operativa,
deve ser no mínimo igual a 24 dB, para 50% do período de um ano.
O sinal adotado para o cálculo deve ser o nível mínimo de sinal na
região atravessada pela linha de transmissão, conforme resolução
DENTEL ou sua sucessora.

Ruído audível
a) Para linhas de CC
A mediana da distribuição do valor do ruído audível no limite da fai-
xa de segurança deve ser igual ou inferior a 42 dBA, para tempo bom.

b) Para linhas de CA
O ruído audível no limite da faixa de segurança deve ser, no máxi-
mo, igual a 58 dBA em qualquer uma das seguintes condições não
simultâneas: durante chuva fina (0,00148 mm/min); durante névoa
de 4 (quatro) horas de duração; ou durante os primeiros 15 (quinze)
minutos após a ocorrência de chuva.

Campo elétrico
a) Para linhas de CC
No limite da faixa de segurança, o campo elétrico no solo e a corrente
iônica devem ser iguais ou inferiores a 10 kV/m e 5 nA/m², respec-
tivamente. Considerar no cálculo a modelagem por cargas espaciais
na condição atmosférica mais desfavorável (verão úmido) com 95%
de probabilidade de não ser excedida.

b) Para linhas de CA
O campo elétrico a um metro do solo no limite da faixa de servidão
deve ser inferior ou, no máximo, igual a 4,16 kV/m. Adicionalmente,

CAPÍTULO 2 41
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o campo elétrico no interior da faixa de servidão não deve provocar


efeitos nocivos em seres humanos, considerando a utilização que for
dada a cada trecho (8,33 kV/m).

Campo magnético
a) Para linhas de CC
Mitigar efeitos de interferência magnética sobre bússolas.

b) Para linhas de CA
Na condição de operação de curta duração, o campo magnético no li-
mite da faixa deve ser inferior ou, no máximo, igual a 67 A/m, equiva-
lente a uma indução magnética de 83,3 μT. Adicionalmente, o campo
magnético no interior da faixa de servidão não deve provocar efeitos
nocivos em seres humanos (416,67 μT).

Coordenação de isolamento

Os estudos da coordenação de isolamento de linhas foram elaborados


conforme itens abaixo.

Distâncias para tensão operativa


a) Para linhas de CC
Para as linhas de CC, a distância mínima necessária para a confi-
guração condutor-estrutura foi definida considerando as seguintes
premissas:
• A suportabilidade considerando a condição mais desfavorável:
polaridade positiva.
• A máxima tensão operativa da linha e uma correção devido às
condições atmosféricas de 1,12 pu.

As distâncias para a configuração condutor-estrutura deverá ser ob-


tida da referência [1].

b) Para linhas de CA
Para as linhas de CA foram adotadas as mesmas premissas para a li-
nha CC acima.
As distâncias para a configuração condutor-estrutura deverá ser ob-
tida da referência [2].

42 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Número de isoladores na cadeia


a) Para linhas de CC
Para as linhas de CC, foi adotada uma distância de escoamento de
30 mm/kV-polo-terra [3].

b) Para linhas de CA
Para as linhas de UHV, foi adotada uma distância de escoamento de
14 mm/kV-fase-fase [4].

Distância para sobretensão de manobra


As distâncias para sobretensão de manobra deverão ser calculadas con-
forme os requisitos de risco de falha.
a) Para linhas de CC
Nas ocorrências de curto-circuito polo para a terra, ao longo da LT,
o risco de falha de isolamento no outro polo para a terra, devido à
sobretensão, será igual ou inferior a 10-3.

b) Para linhas de CA
Os riscos de falha (fase-terra e fase-fase) por circuito, em manobras
de energização e religamento, foram limitados aos valores constan-
tes da tabela 2.

Tabela 2: Critério para risco de falha


Risco de falha (adimensional)
Manobra
Fase-terra Fase-fase
Energização 10-3 10-4
Religamento 10-2 10-3

Balanço da cadeia
Foram consideradas tanto para as linhas CC ou CA as mesmas condições.
a) Para tensão operativa
O ângulo de balanço do condutor será calculado conforme os parâ-
metros abaixo:
• Altitude média da linha: 300 a 1.000 m.
• Temperatura coincidente com vento máximo: 15 °C.
• Período de retorno do vento: 50 anos.
• Categoria de terreno: B.

O cálculo da deflexão da cadeia será efetuado baseado em NBR 5422 [7].

CAPÍTULO 2 43
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b) Para sobretensão de manobra


• O ângulo de balanço do condutor para sobretensão de manobra
foi calculado conforme os parâmetros do subitem A acima, po-
rém com o vento médio da distribuição.

Estudos mecânicos
Foram estabelecidos as premissas e critérios para definição e cálculo das
estruturas dimensionadas pelos estudos elétricos.

Isoladores e ferragens

Na definição dos isoladores foram considerados os seguintes critérios:


• Para a condição de EDS, será utilizado o fator de segurança 2,5 da
NBR 5422 [7].
• Para a condição de vento, será utilizado o fator 1,73 conforme IEC [9].
• Foram utilizados isoladores de 16, 21, 24, 30 e 40 toneladas.

Estruturas

As estruturas metálicas utilizadas foram as do tipo treliçadas e apara-


fusadas.
As estruturas estaiadas foram calculadas levando em conta os efeitos
da deflexão dos mastros associados às cargas de compressão atuando sobre
estes. Essa verificação foi realizada utilizando uma análise não linear geo-
métrica (análise de 2ª ordem).
O cálculo da resistência limite de cada elemento das estruturas foi re-
alizado de acordo com as recomendações da norma ASCE 10-97 [8]. Os
valores assim calculados foram multiplicados por um fator de minoração
igual a 0,94.
Para os estais, a resistência limite foi multiplicada pelo fator de mino-
ração pelo valor correspondente a 75% da carga de ruptura mínima garan-
tida pelo cabo selecionado.
Foram utilizados os seguintes materiais:
• Laminados planos: ASTM- A36
• Laminados não planos: ASTM-A572, grau 50 e grau 60

44 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

• Laminados redondos: SAE 1045


• Parafusos: ASTM-A394, tipo T0

As estruturas foram verificadas para os seguintes carregamentos:


• Vento transversal extremo.
• Vento extremo oblíquo a 45°
• Vertical de construção.
• Vento de tormentas elétricas transversal.
• Vento de tormentas elétricas a 45°.
• Contenção de cascata.

Fundações

As fundações utilizadas no projeto foram:


• Fundação em tubulão e sapata para mastro de torres estaiada.
• Fundação em tubulão para os estais-haste.

No dimensionamento geotécnico das fundações das torres foram em-


pregados processos consagrados de cálculo, dentre eles podemos citar:

• O dimensionamento à tração das fundações padronizadas do tipo


tubulão ou sapatas foi feito pelo Método de Biarez. Alternativamen-
te foi utilizado outro processo consagrado como, por exemplo, o
Método de Arrancamento ou outro com metodologia comprovada.
• O dimensionamento ao tombamento da fundação em tubulão foi
feito pelo Método de Brooms (1964) adaptado por Maciel (2006).
Revezadamente foi utilizado outro método comprovado.
• Na verificação da tensão de cálculo de compressão atuante na base
da fundação, foi utilizado um método de ampla utilização.

No projeto estrutural foram respeitados os seguintes parâmetros de pro-


jeto referentes ao concreto armado:
• Concreto armado pré-moldado: fck ≥ 25 MPa
• Concreto armado in loco: fck ≥ 20 MPa
• Concreto simples: fck ≥ 9 MPa
• Concreto ciclópico: fck ≥ 8 MPa
• Armadura para concreto: CA50
• Cobrimento mínimo da amadura: 4 ou 5 cm

CAPÍTULO 2 45
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Tipos de estruturas consideradas


Estruturas para linhas CC

Para as linhas CC, foi utilizada para o bipolo convencional (dois polos)
a estrutura do tipo estaidada monomastro convencional.

Estruturas para linhas CA

Para as linhas CA, foram utilizadas as estruturas do tipo Chainete ou


Cross-rope.

Definição de vento e pressão


Considerando que uma linha de 2.500 km compreende regiões com di-
ferentes características de vento e outras condições meteorológicas, inicial-
mente foi efetuado um levantamento dos dados de ventos utilizados em al-
guns projetos recentes licitados pela Aneel.
Dessa forma foram coletados os valores de vento de alguns projetos e,
baseado na análise destes, foi estabelecida uma distribuição para o presen-
te estudo.
O objetivo deste item foi definir os dados de vento e as respectivas pres-
sões para a utilização nos estudos das definições das alternativas das linhas
de transmissão, objeto deste projeto.

Ventos utilizados em projetos existentes


Para efeito de comparação, encontram-se apresentados na tabela 3 os
valores referentes a ventos com período de retorno de 250 anos, que é o re-
quisito da Aneel para linhas com tensão superior a 230 kV.

46 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 3: Relação das velocidades de vento para as linhas


VT=250anos,10min,10m,Cat. B
LT
(km/h)
Trecho 1 102,8
Linha 1 Trecho 2 110,9
Trecho 3 122,3
Trecho 1 100
Linha 2
Trecho 2 120
Linha 3 91,23
Linha 4 115

Da tabela 3 acima, verifica-se que o valor de 122,3 km/h utilizado no


trecho 3 da linha 1 é o maior valor entre as linhas relacionadas.
Face ao objetivo do projeto, apesar do grande comprimento de linha a
ser considerado, será utilizado um único valor de vento igual a 122,3 km/h.
Dessa forma, adotou-se a distribuição de vento correspondente ao valor
do vento acima mencionado com os seguintes parâmetros:
• Vmédio = 19,71 m/s.
• σ = 2,5623 m/s (13%).

Pressão devido ao vento extremo


Foi adotada a metodologia da referência [6] para determinação das car-
gas e pressões de vento nos diversos elementos da linha. Os valores obtidos,
partindo-se da distribuição de vento adotada, encontram-se na tabela 4.
Para obtenção dos valores da tabela abaixo, foram considerados tam-
bém os seguintes parâmetros:
• Vão básico: 500 m.
• Altitude média: 300 m.

Tabela 4: Velocidades para os períodos de retorno e pressão de vento


P. Ret. F. Aux. V. Proj. PDR P. V. Condutores P. V. Isoladores P. V. P. Raios
T Y VT q0 Pc(Pa) Pc(kgf/m2) Pvi(Pa) Pvi(kgf/m2) PPR(Pa) PPR(kgf/m2)
2 0,367 19,38 227,1986 441 45,0 666 67,9 472,7 48,2
30 3,384 27,93 471,9636 916 93,4 1.383 140,9 981,9 100,1
50 3,902 29,39 522,8395 1.015 103,5 1.532 156,1 1.087,8 110,9
150 5,007 32,53 640,19 1.243 126,7 1.876 191,2 1.331,9 135,8
250 5,519 33,98 698,59 1.356 138,2 2.047 208,6 1.453,4 148,2
500 6,214 35,94 781,81 1.518 154,7 2.290 233,5 1.626,6 165,8

CAPÍTULO 2 47
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Pressão devido ao vento de alta intensidade


Não há um critério internacionalmente aceito e normalizado para de-
finir a velocidade do vento decorrente de Tormentas Elétricas (vento de alta
intensidade). Na falta de dados específicos sobre as velocidades do vento du-
rante este tipo de tormentas, tem sido usual majorar a velocidade do vento
extremo de rajada (t = 3 s) para o período de retorno do projeto por um fator
em torno de 20% com uma frente estreita de atuação. Partindo da velocida-
de de vento extremo para o período de retorno de T = 250 anos, foi obtido o
valor para o vento de alta intensidade conforme a seguir:

Valta intensidade = 33,98 ∗ 1,39 ∗ 1,2 = 56,7 m/s

A pressão de vento considerada na estrutura foi:

q01 = 0,5 ∗ 1,20 ∗ 56,72 = 1.928 N/m2 = 193 kgf/m2

Considera-se também que este tipo de vento possui uma frente muito
reduzida, no máximo 100 m. Foi considerada para o condutor uma pressão
de vento igual a 100/500 da pressão total atuando uniformemente ao longo
do vão, resultando em 38,6 kgf/m².

Pressão de vento na estrutura


Pressão devido ao vento extremo

A carga de vento atuando nas estruturas, na direção do vento, foi deter-


minada com base em [6].

AT = q0 (1 + 0,2 sin2 2θ) (ST1 CXT1 cos2 θ) + ST2 CXT2 sin2 θ) GT

Onde:
q0 = 71,21 kgf/m².
GT = Fator de rajada, figura 5 [6] em função da altura em relação ao solo
do centro de gravidade do painel.
ST1 = Área líquida da face 1 do painel em consideração, em m².
ST2 = Área líquida da face 2 do painel em consideração, em m².
CXT1 = Coeficiente de arrasto da face 1 do painel em consideração, figura 7 [6].

48 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

CXT2 = Coeficiente de arrasto da face 2 do painel em consideração, figura 7 [6].


θ = Ângulo de incidência do vento com a face 1, conforme figura 6 [6].
A tabela 5 apresenta valores de θ para diferentes direções do vento.

Tabela 5: Pressão de vento extremo na estrutura


θ At, (kgf) Direção do vento
0° 71,2 ∗ GT ∗ ST1CXT1 vento transversal
45º 42,7 ∗ GT (ST1CXT1 + ST2CXT2) vento a 45°

Pressão devido a tormentas elétricas de alta intensidade

Pressão dinâmica de referência

q0 = 193 kgf/m²

A tabela 6 apresenta valores de θ para diferentes direções do vento.

Tabela 6: Pressão de vento de alta intensidade na estrutura


θ At, (kgf) Direção do vento
0° 193,0 ∗ ST1CXT1 vento transversal
45º 115,8 ∗ (ST1CXT1 + ST2CXT2) vento a 45°

Estudos para as linhas CC


Na referência [9] foram calculados os pesos de torres estaiadas em CC
para as tensões de ±300, ±500, ±600 e ±800 kV, para diversos números de
condutores no feixe e várias bitolas de cabo.
Com o intuito de utilizar os resultados dessa referência, visto que no
projeto foi aplicado o mesmo tipo de estrutura, neste trabalho foram de-
terminadas as condições de carregamento referentes a este projeto, para ser
aplicada em uma ou mais torres calculadas em [9] e, através do resultado ob-
tido, estabelecer uma correlação para avaliar o peso das demais torres com
esse novo carregamento.
Inicialmente, foi escolhida para o cálculo do peso com as novas condi-
ções de carregamento a torre utilizada como básica em [9] que é a alterna-
tiva em ±500 kV com 3 x 1.590 Lapwing. A configuração da torres para as
condições do projeto encontra-se apresentada na figura 1.

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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Hipóteses de carregamento para dimensionamento da LT CC

No apêndice B.1 encontram-se apresentadas a memória das hipóteses de


carregamento que foram utilizadas na determinação dos pesos das estrutu-
ras das alternativas CC, para as condições de vento definidas anteriormente
e para um vão médio de 500 m.

Cálculo da torre básica CC

A memória de cálculo da torre básica para a LT CC ±500 kV para 3 con-


dutor/polo 1.590 MCM Lapwing, da figura 1, elaborada para as condições do
projeto encontra-se apresentada no apêndice C.1.
Os pesos resultantes para a estrutura com as alturas de 41,60 m e 47,60 m
encontram-se na tabela 7.

Tabela 7: Resultados obtidos para as torres


Altura (m) Pesos (kg) 4 Estais (m)
41,6 5,765 192,6 (458 kg)
47,6 6,250 225,2

A altura corresponde à distância da mísula do condutor ao solo.


Estais: cordoalha de aço galvanizado, ϕ = 22,2 mm, ruptura = 41 tf.
13,0m

5,35m 5,35m
2,5m

5,2m

1,2m
49
º ,5º
15,3 3,0m

5,0 457
m
36,2m

Figura 1: Configuração da torre básica utilizada

50 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Estimativa de pesos para as torres CC

Para a definição da função que representa o custo da linha de transmis-


são CC, foi necessária a determinação do peso da estrutura da figura 1, que
foi calculado a partir dos esforços atuantes, árvore de carregamento, confor-
me apresentado no apêndice B.1.
Em seguida foi elaborado o projeto estrutural completo para a confi-
guração adotada como básica que foi a torre estaiada para ±500 kV com
3 x 1.590 MCM Lapwing por feixe, conforme apêndice C.1.
Do projeto estrutural, resultou que o peso total do conjunto, que com-
põe a configuração básica da torre estaiada ±500 kV com 3 x 1.590 MCM
Lapwing, foi de 6.223 kg.
Na tabela 8 encontram-se apresentados os pesos das configurações das
torres em utilizadas [9].

Tabela 8: Pesos das configurações de estruturas de transmissão em CC de [9]


Peso (kg)
±500 kV ±500 kV ±500 kV ±300 kV ±300 kV ±600 kV ±600 kV ±600 kV ±800 kV ±800 kV
Configurações 2x 3x 4x 2x 4x 3x 4x 6x 6x 5x
Bittern Lapwing Kiwi Kiwi Chukar Bittern Chukar Kiwi Rail Kiwi
Peso Total 6.223 6.878 8.408 4.904 6.477 7.445 8.721 1.2743 10.868 12.248

Em seguida efetuou-se a extrapolação do peso para o mesmo conjunto


de configurações de torres, utilizando-se do resultado obtido para a confi-
guração básica desse estudo, lembrando que o peso considerado é a soma do
aço e dos estais. Os resultados encontram-se na tabela 9.

Tabela 9: Pesos obtidos para diferentes configurações de estruturas de transmissão em CC


Peso (kg)
±500 kV ±500 kV ±500 kV ±300 kV ±300 kV ±600 kV ±600 kV ±600 kV ±800 kV ±800 kV
Configurações 2x 3x 4x 2x 4x 3x 4x 6x 6x 5x
Bittern Lapwing Kiwi Kiwi Chukar Bittern Chukar Kiwi Rail Kiwi
Peso Total 5.600 6.223 7.665 4.449 5.888 6.755 7.953 11.572 9.860 11.243

Dessa forma, a função de regressão ajustada para definir os pesos das


torres CC pode ser expressa por:

Peso torreCC = 1.798 + 6,95 ∗ V + N ∗ S1 (0,0769 ∗ N -0,0316) (kg)

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Onde:
V: a tensão em kV.
N: número de condutores por polo.
S: secção de um condutor em MCM.

Estudos para as linhas CA


Alternativas para torre 1.000 kV

Para a comparação das alternativas de transmissão de longa distância,


um item de grande importância é a definição do tipo de torre a ser utilizada
para as alternativas em CA, principalmente aquelas em 1.000 kV com a tec-
nologia em meia-onda que depende da potência característica e que, por sua
vez, depende da configuração. Por essa razão procurou-se estudar, quando
necessário, torres com configurações compactas com a finalidade de aumen-
tar a potência característica da linha.
Neste item, procurou-se identificar configurações de torres para as al-
ternativas de 1.000 kV (eventualmente 765 kV) para comparação entre al-
ternativas de transmissão a longas distâncias.

Silhuetas sugeridas

Nas figuras de 2 a 16 a seguir, encontram-se as silhuetas de torres analisadas.


Deve-se ressaltar que as distâncias indicadas nas figuras são apenas orien-
tativas e que sua definição foi objeto de estudo na coordenação de isolamento.

15m 15m

m m
8,5 8,5
m
m

15
15

estai

estai

Figura 2: Torre tipo Chainette Figura 3: Torre tipo Chainette


configuração em delta configuração em estrela

52 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

8,5m
cordoalha

8,5m
2,0m
36
º
15m

m
15
m
8,5

m
15
8,5m

15m

estai
estai

Figura 4: Torre mista Cross-rope Figura 5: Torre Chainette com viga


e Chainette

8,5m

8,5m
8,5m

8,5m
15m
8,5

m
m

15
m
15

8,5m

estai
15m
estai

Figura 6: Torre Chainette Figura 7: Chainette modificada com viga


com viga e tirante
8,5m

Viga ou Cordoalha
8,5m

2,0m
36 15m
º
m
8,5

15m
estai

estais

Figura 8: Torre Cross-rope ou Figura 9: Torre estaiada compacta


modificada com viga tipo raquete

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m
8,5

8,5m

Figura 10: Torre tipo delta Figura 11: Torre autoportante tipo raquete
8,5m

8,5m

8,5m
15

8,5m
m

8,5m
15m

Figura 12: Torre tipo arco modificada Figura 13: Torre estaida convencional
8,5m

m
15

8,5
m

15m

8,5m
15m
estai

Figura 14: Torre Chainette modificada Figura 15: Torre tipo arco

54 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Figura 16: Torre portal

Considerações sobre as silhuetas


A seguir apresentam-se as considerações sobre as silhuetas das torres acima.

• As torres das figuras 2 e 3 do tipo Chainette apresentam boa con-


cepção em termos mecânico. Ambas alternativas necessitam de iso-
ladores com alta carga de ruptura ou com cadeias múltiplas, o que
dificulta a montagem. A estrutura da figura 2 de configuração em
delta apresenta uma dificuldade adicional, visto que os isoladores
da parte superior do delta podem ser comprimidos e, dessa forma,
precisará ser do tipo rígido.
• Configurações das figuras 4, 5 e 6 que suportam cadeias de isoladores no
trecho intermediário dos mastros apresentam os seguintes problemas:
▷ Necessidade de estaiar os mastros no nível do ataque das cadeias.
▷ Requer mastros mais pesados ou então mais estais (8) e mais fun-
dações (10) para as figuras 4 e 5 e 12 estais e 14 fundações para
a figura 6.
• A concepção da figura 7 requer viga de 33,0 m de comprimento
aproximadamente. Na montagem deste tipo de torre, seria melhor
pré-montar horizontalmente em terreno plano para depois içar na
posição vertical. No caso de montar manualmente, peça por peça, há
problema de segurança dos montadores. A configuração apresenta a
desvantagem de exigir grande quantidade de cadeias de isoladores.

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• A concepção da figura 8, quando utilizada com viga, apresenta a des-


vantagem de utilizar viga muito comprida e pesada, implicando tam-
bém dificuldades durante a montagem da viga. Por outro lado, a op-
ção com cordoalha, já utilizada no Brasil, apresenta a necessidade de
mastros mais compridos em função do peso elevado dos condutores,
8 a 10 condutor/fase.
• A concepção da figura 9 merece ser analisada, desde que não resul-
te em uma largura exagerada da cabeça da torre, pois assim perderá a
competitividade. Apresenta uma dificuldade adicional em sua mon-
tagem e a desvantagem de requerer 8 estais.
• A concepção da figura 10 não apresenta compactação das fases, e por
essa razão a distância entre fases resulta maior que os casos compac-
tos. Deve ser analisada para verificar se esse aumento das distâncias
resulta em perda da competitividade em relação às demais alternativas.
• A concepção da figura 11 é uma variante da figura 5. Ela aproveita as
propriedades do arco na parte superior da torres. Esta configuração
requer 4 estais. Devido à concepção, a estrutura apresenta altura e en-
vergadura exageradas e dificuldades de fabricação e montagem devido
à enorme variedade de peças diferentes.
• A configuração da estrutura da figura 12 é uma variante da figura 11.
Ela apresenta largura maior que a do tipo arco (figura 11). A viga da
parte superior da torre poderá ser projetada como um arco. Apresenta
dificuldades de montagem devido ao comprimento da viga, além da
segurança dos montadores.
• A figura 13 é uma torre do tipo estaiada V convencional. Esta torre
não apresenta compactação das fases.
• A estrutura da figura 14 apresenta boa concepção em termos mecâni-
cos. Esta alternativa necessita de isoladores com alta carga de ruptu-
ra ou com cadeias múltiplas, o que dificulta a montagem. O mastro é
do tipo convencional, não apresenta dificuldade de fabricação e nem
de montagem.
• A configuração autoportante da figura 15 apresenta envergadura de
aproximadamente 38,0 m. Portanto, a montagem da parte superior
da torre apresenta dificuldade de montagem e será muito demorada,
além de apresentar problemas de segurança. Dessa forma, esta confi-
guração deve ser descartada.
• A configuração autoportante da figura 16 apresenta altura exagerada.
Somente teria vantagem em termos de faixa de passagem. Desse mo-
do, esta configuração deve ser descartada.

56 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Considerações finais
Das considerações efetuadas sobre as alternativas pode-se concluir que:

• As alternativas de torres do tipo Chainette (figuras 2, 3 e 14) são as


mais promissoras e a do tipo estrela (figura 3) é melhor que a do ti-
po delta (figura 2).
• Torres estaiadas que suportam cadeias no trecho intermediário do
mastro (figuras 4, 5 e 6) não são competitivas em relação às demais.
• Torres do tipo Cross-rope (figura 8) com cordoalha poderão ser ana-
lisadas para verificar se o seu custo é competitivo com relação às de-
mais. Torre com viga deve ser descartada.
• Torre compacta tipo raquete (figura 9) pode não ser competitiva em
função da abertura da janela, por essa razão deverá ter suas dimen-
sões calculadas para verificar a sua viabilidade.
• Idem para torre tipo delta (figura 10).
• Idem para a torre do tipo arco modificada (figura 12).

Das conclusões acima obtidas, considerando que o escopo do trabalho


não é utilizar uma torre ótima e sim uma torre viável para implementação,
recomenda-se:
• No caso da necessidade de máxima compactação, a utilização da
torre tipo Chainette com configuração de isoladores em estrela con-
forme reapresentada na figura 17;
• No caso da não necessidade de compactação, a utilização da torre
Chainette modificada conforme figura 14 ou a torre tipo Cross-rope
conforme reapresentada na figura 18 (com cordoalha).

15m
8,5m

8,5
m 2,0m
36
º
15m
m
15

estai

estai

Figura 17: Torre tipo Chainette Figura 18: Torre tipo Cross-rope
configuração em estrela

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Definição das geometrias de torres CA


Neste item estão incluídos os aspectos referentes à coordenação de iso-
lamento, geometrias das cabeças das torres das linhas com as configurações
de cabos abaixo. Estas alternativas de configurações foram previamente es-
colhidas com a finalidade de se efetuar para cada uma delas um custeamento
detalhado envolvendo cálculo do peso das respectivas estruturas.

Tensão 550 kV Tensão 800 kV Tensão 1.100 kV


4 x 954 Rail 4 x 1.113 Bluejay 8 x 954 Rail
6 x 954 Rail 4 x 2.312 Thrasher 8 x 1.590 Lapwing
6 x 1.272 Bittern 6 x 954 Rail 10 x 954 Rail
6 x 1.272 Bittern 10 x 1.113 Bluejay

Nos estudos efetuados com o propósito de definir a geometria da cabe-


ça da torre, estão incluídas as seguintes definições:

• Determinação do número de isoladores na cadeia.


• Distâncias mínimas a serem adotadas para o desenho da torre.
• Distância mínima entre fases.
• Determinação da altura da torre.

Para esta etapa não foram efetuados estudos referentes ao desempenho a


descargas atmosféricas, em virtude de este aspecto, para as tensões em estudo,
não ser influente no dimensionamento das distâncias da geometria da torre.
No apêndice A encontram-se apresentados os estudos de coordenação
de isolamento para as alternativas de torres acima mencionadas.
As configurações resultantes do estudo de coordenação de isolamento
encontram-se nas figuras 19, 20 e 21.

58 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Torre Cross-rope 550 kV

4,0m
θto
0,9 m
θsm 2,5 m

3,3 m 4,5 m

0,65m

estai
33,5m

Condutor Θto (°) Θsm (°)


954 Rail 36 15,4
1272 Bittern 32,2 13,4

Figura 19: Configuração resultante para a torre para 550 kV

Torre Chainette 800 kV


5,7
m
9,1 m

5,2
m
5,7 m
9,
1
m

variável

estai
H

Condutor Nº Cond. H (m)


1.113 Bluejay 4 38
2.312 Thrasher 4 39
954 Rail 6 39
1.272 Bittern 6 39

Figura 20: Configuração resultante para a torre para 800 kV

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Torre Chainette 1.100 kV


9,3
m
15,3 m

9,3
m

7,7m
15
,3
m

variável

estai
H

Condutor Nº Cond. H (m)


954 Rail 8 46
1.590 Lapwing 8 46
954 Rail 10 47
1.113 Bluejay 10 47

Figura 21: Configuração resultante para a torre para 1.100 kV

Hipóteses de carregamento para


dimensionamento de torres CA
Para o levantamento dos custos das linhas CA foram calculados os
pesos de torres com a finalidade de obter uma expressão em função da bi-
tolas de cabo, números de condutores no feixe e da tensão da linha analo-
gamente ao caso CC. Assim, para determinação dos pesos, foi necessária
a elaboração das hipóteses de carregamento para as alternativas propostas
de estruturas. Essas hipóteses são compatíveis com as hipóteses utilizadas
para as linhas CC.
No apêndice B.2, encontram-se apresentadas as hipóteses de carrega-
mento que foram utilizadas na determinação dos pesos das estruturas das
alternativas CA.

60 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Cálculo das torres para LTs CA


Foram elaborados os projetos para determinação dos pesos das torres
CA para as alternativas 6 x 1.272 MCM para 550 kV, 6 x 1.272 MCM para
800 kV e 8 x 1.590 MCM para 1.100 kV. Esses projetos encontram-se apre-
sentados no apêndice C.
Para as demais alternativas foi determinado apenas o peso da torre es-
timado a partir dos projetos elaborados.

Resultados obtidos

Os cálculos dos pesos das torres foram efetuados para as seguintes condições:
• Torres de 550 kV do tipo Cross-rope e torres de 800 kV e 1.100 kV
torres tipo Chainette.
• Torres para vão de 500 m.

Os resultados para as torres de 550 kV encontram-se apresentados na tabela 10.

Tabela 10: Resultados de pesos para torres de 550 kV


Peso de Torres – 550 kV
4 x 954 6 x 954 6 x 1.272
Componentes
Rail Rail Bittern
Peso de 2 mastros (kg) 5.540 6.810 6.810
Estais
Quantidade total por torre (m) 210 210 210
Diâmetro da cordoalha 15/16” (mm) 23,81 33,3 33,3
Numero de fios 37 37 37
Carga de ruptura mínima (tf) 47 94,4 94,4
Peso unitário (kg/m) 2,8 5,4 5,4
Armação para cadeias de isoladores
Quantidade total por torre (m) 26 26 26
Diâmetro da cordoalha 1” (mm) 25,4 33,3 33,3
Numero de fios 37 37 37
Carga de ruptura mínima (tf) 51 94,4 94,4
Peso unitário (kg/m) 3,1 5,4 5,4
Cabo de interligação
Quantidade total por torre (m) 25 25 25
Diâmetro da cordoalha 5/8” (mm) 15,9 15,9 15,9
Numero de fios 7 7 7
Carga de ruptura mínima (tf) 20,7 20,7 20,7
Peso unitário (kg/m) 1,2 1,2 1,2
Cadeias de isoladores
Cadeias de isoladores (kN) 3 x 1 x 210 3 x 1 x 210 3 x 1 x 210

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Os resultados para as torres de 800 kV encontram-se apresentados na tabela 11.

Tabela 11: Resultados de pesos para torres de 800 kV


Peso de Torres – 800 kV
4 x 1.113 4 x 2.312 6 x 954 6 x 1.272
Componentes
Bluejay Thrasher Rail Bittern
Peso de 2 mastros (kg) 12.640 12.680 12.680 12.680
Estais
Quantidade total por torre (m) 268 272 272 272
Diâmetro da cordoalha 1 1/4” (mm) 31,75 31,75 31,75 31,75
Numero de fios 37 37 37 37
Carga de ruptura mínima (tf) 73 73 73 73
Peso unitário (kg/m) 4,9 4,9 4,9 4,9
Cadeias de isoladores
Superiores – t15 (kN) 4 x 160 4 x 240 4 x 210 4 x 240
Intermediárias – t16 (kN) 2 x 210 2 x 300 2 x 300 4 x 160
Inferior – t19 (kN) 1 x 210 2 x 160 1 x 300 2 x 160
Cabo de interligação
Quantidade total por torre (m) 31 31 31 31
Diâmetro da cordoalha 5/8” (mm) 15,9 15,9 15,9 15,9
Numero de fios 7 7 7 7
Carga de ruptura mínima (tf) 20,7 20,7 20,7 20,7
Peso unitário (kg/m) 1,2 1,2 1,2 1,2

Constata-se que os pesos das alternativas são iguais. Este resultado foi
obtido em virtude de a grande maioria das barras terem sido dimensionadas
pelo vento de alta intensidade.
Os resultados para as torres de 1.100 kV encontram-se apresentados
na tabela 12.

62 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 12: Resultados de pesos para torres de 1.100 kV


Peso de Torres – 1.100 kV
8 x 954 8 x 1.590 10 x 954 10 x 1.113
Componentes
Rail Lapwing Rail Bluejay
Peso de 2 mastros (kg) 19.830 19.830 19.970 19.970
Estais
Quantidade total por torre (m) 815 815 820 820
Diâmetro da cordoalha 1 3/8” (mm) 35 35 35 35
Numero de fios 37 37 37 37
Carga de ruptura mínima (tf) 100 110 110 110
Peso unitário (kg/m) 5,79 5,79 5,79 5,79
Cadeias de isoladores
Superiores – t18 – (kN) 4 x 300 4 x 400 4 x 300 4 x 400
Intermediárias – t19 (kN) 4 x 210 4 x 300 4 x 210 4 x 240
Inferior – t22 (kN) 2 x 210 2 x 300 2 x 210 2 x 300
Cabo de interligação
Quantidade total por torre (m) 49 49 49 49
Diâmetro da cordoalha 5/8” (mm) 15,9 15,9 15,9 15,9
Numero de fios 7 7 7 7
Carga de ruptura mínima (tf) 20,7 20,7 20,7 20,7
Peso unitário (kg/m) 1,2 1,2 1,2 1,2

Também nestes casos constata-se que os pesos das alternativas resultam


praticamente iguais, pela mesma razão mencionada na tabela 11.

Equação de regressão do pesos das torres CA

Na tabela 13 encontram-se apresentados os pesos totais (aço + estais)


das torres com configuração Cross-rope para a tensão de 550 kV e Chainette
para 800 kV e 1.100 kV.

Tabela 13: Pesos obtidos para diferentes configurações de estruturas de transmissão em CA


Peso (kg)
550 kV 550 kV 550 kV 800 kV 800 kV 800 kV 800 kV 1.100 kV 1.100 kV 1.100 kV 1.100 kV
Configu-
4x 6x 6x 4x 4x 6x 6x 8x 8x 10x 10x
rações
Rail Rail Bittern Bluejay Thrasher Rail Bittern Rail Lapwing Rail Bluejay
Peso Total 6.239 8.114 8.114 13.960 14.050 14.050 14.050 24.608 24.608 24.777 24.777

CAPÍTULO 2 63
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A equação para os pesos das torres em função da tensão da linha, nú-


mero de condutor e da bitola resultou em:

Peso torreCA = -8.708 +28,116 ∗ V + N ∗ S1 (0,03885N - 0,12) (kg)

Alternativamente foram também estimados, a partir dos pesos das tor-


res Chainette Y, os pesos das torres tipo Cross-rope para as tensões de 800 kV
e 1.100 kV. Os pesos resultantes encontram-se na tabela 14.

Tabela 14: Pesos obtidos para diferentes configurações de estruturas do tipo Cross-rope
Peso (kg)
800 kV 800 kV 800 kV 800 kV 1.100 kV 1.100 kV 1.100 kV 1.100 kV
Configurações 4x 4x 6x 6x 8x 8x 10x 10x
Bluejay Thrasher Rail Bittern Rail Lapwing Rail Bluejay
Peso Total 12.888 12.971 12.971 12.971 21.136 21.136 21.281 21.281

A função de regressão ajustada para definir o peso para as torres tipo


Cross-rope pode ser expressa por:

Peso torreCAcross-rope = -5587 +22,63 ∗ V + N ∗ S1 (0,02465N - 0,0421) (kg)

Cálculo das fundações das torres CA


Neste item encontram-se apresentados os resultados de cálculo de fun-
dações para as torres de CA.
Por se tratar de um aspecto de custeamento que não acarreta discrepân-
cias entre as alternativas, os cálculos foram efetuados para fundações de três
torres, sendo uma fundação para cada nível de tensão, e as demais estimadas
a partir dos resultados obtidos.
Assim foram calculadas a fundações paras as seguintes torres:

• Torre 550 kV – 6 x 1.272 Bittern.


• Torre 800 kV – 6 x 1.272 Bittern.
• Torre 1.100 kV – 8 x 1.590 Lapwing.

Foram calculadas inicialmente as fundações para o tipo tubulão para os


mastros, porém este tipo de fundação resultou muito maior que as do tipo
sapata. Para os estudos, foi considerada esta última.

64 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Resultados obtidos

Os resultados obtidos para as fundações tipo sapata para os mastros


encontram-se na tabela 15.

Tabela 15: Resultados para fundação tipo sapata para os mastros


Quantidade
Descrição Unidade 550 kV 800 kV 1.100 kV
6 x Bittern 6 x Bittern 8 x Lapwing
Concreto m³ 3,64 3,92 10,08
Armadura kg 290 315 805
Escavação m³ 8,57 9,32 19,33
Reaterro m³ 4,93 5,40 9,25
Bota-fora m³ 3,64 3,92 10,08

Os resultados obtidos para as fundações para os estais encontram-se


na tabela 16.

Tabela 16: Resultados para fundação dos estais


Quantidade
Descrição Unidade 550 kV 800 kV 1.100 kV
6 x Bittern 6 x Bittern 8 x Lapwing
Concreto m³ 1,47 1,58 1,81
Armadura kg 25 30 35
Concreto magro m³ 0,06 0,06 0,06
Escavação m³ 5,60 6,88 7,92
Reaterro m³ 4,13 5,30 6,11
Reaterro (sobra) m³ 1,47 1,58 1,81

Como exemplo encontra-se apresentado no apêndice C as memórias


de cálculo das fundações do mastro e do estai para a torre de 1.100 kV com
8 x Lapwing.

CAPÍTULO 2 65
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Referências
[1] EPRI. Transmission Line Reference Book HVDC to 600 kV, EPRI
Report, 1977.
[2] EPRI. Transmission Line Reference Book 345 kV and Above, second
edition, 1982.
[3] Standard Handbook for Electrical Engineers, 1999.
[4] IEC 60071-2. Insulation co-ordination part 2 Application Guide,
third edition, 1996-12.
[5] ANSI C2. National Electrical Safety Code, 1981.
[6] IEC-60826 Design criteria of overhead transmission lines, third edi-
tion, 2003-10.
[7] NBR 5422. Projeto de Linhas aéreas de Transmissão de Energia Elé-
trica, ABNT, fev/1985.
[8] ASCE 10-97. Design of Latticed Steel Transmission Structures,
American Society of Civil Engineers 01/Jan/2000.
[9] CIGRÉ. Brochure 388 Impacts of HVDC lines on the economics of
HVDC projects, WG B2/B4/C1.17, Aug/2009.

66 Projeto de Linhas de Transmissão CA CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

CAPÍTULO 3

Aspectos Econômicos

Mario Masuda
Milana L. dos Santos
Thales Sousa
José A. Jardini

67
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Objetivo
Este capítulo tem por objetivo apresentar os aspectos econômicos do
custeamento das alternativas de transmissão para transporte de grandes blo-
cos de energia em longa distância, de forma que as comparações entre alter-
nativas, ainda que tenham caráter apenas orientativo, sejam feitas em bases
de custo razoáveis.
Assim, encontram-se apresentados os critérios e as premissas utilizados
para o custeamento das alternativas em CA e CC, os custos de linhas e tam-
bém custos os equipamentos utilizados nas alternativas propostas.
Os dados de custo aqui apresentados podem sofrer variações devido a cir-
cunstâncias tecnológicas, de mercado, cambiais, entre outras, e podem não ser
adequadas para realizar orçamentos específicos de alternativas de transmissão.

Premissas e critérios para comparação


econômica de alternativas
A comparação das alternativas de transmissão de longa distância foi
elaborada em base econômica e técnica. Para que essas alternativas fossem
comparadas em bases econômicas iguais, os seus custeamentos seguiram as
mesmas premissas e critérios. Assim, neste item encontram-se descritos es-
tas premissas e os critérios que foram utilizados.
Adotou-se como conceito geral que o custeamento das linhas deve ser
efetuado partindo-se da definição do condutor econômico para cada uma
das alternativas consideradas.

Metodologia para escolha do condutor

A metodologia para seleção de condutor seguiu os seguintes passos:

68 Aspectos Econômicos
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

• Efetuar uma análise econômica que considera o custo mínimo da


linha mais os custos das perdas Joule, para determinar a secção eco-
nômica de alumínio dos condutores. Este feixe deve atender a crité-
rios de projeto elétrico (efeito corona e campos).
Nota: Considerações preliminares precisam ser levadas em conta
para a escolha de um competitivo tipo de condutor usando a análise
econômica. A experiência prática das concessionárias com os certos
tipos de condutor é uma contribuição importante para esta tarefa.
Estudos prévios indicaram que o uso de condutores de AAAC, AAC
e CAA é adequado para estas linhas, porém, para comparação neste
trabalho, foi considerado apenas o cabo tipo CAA.

• Definir os carregamentos mecânicos (devido a vento, temperatura,


tração de instalação e peso de condutor). Efetuar o cálculo de tensão
e flecha, de forma a definir as trações no condutor para verificar se o
condutor escolhido é adequado para ser usado na área.

Critério para custeamento de linhas de transmissão

O custeamento das linhas de transmissão CA e CC deverá ser efetua-


do a partir de orçamentos elaborados para várias alternativas com base num
projeto típico de cada alternativa a ser considerada.
O custo estimado de uma linha de transmissão, assim como a análise
econômica considerando a evolução e as perdas e os parâmetros econômi-
cos serão apresentados a seguir.
Os cálculos serão baseados nas referências [1], [2], [3], [5], [6].

Itens considerados no custeamento de linha

Os seguintes custos deverão ser considerados:

Material e mão de obra


Engenharia Mão de obra
Projeto Faixa de passagem e acessos
Topografia Montagem da torre
Levantamento de campo Execução da fundação da torre
Estudos ambientais Escavação e reaterro da fundação da torre

CAPÍTULO 3 69
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Materiais Mão de obra (continuação)


Torre Execução da fundação do estai
Fundação Escavação e reaterro da fundação do estai
Condutor Lançamento do condutor
Cabo guarda Lançamento do cabo guarda
Estais Instalação de estai
Aterramento (contrapeso) Instalação do aterramento
Isolador Administração & Supervisão
Ferragem do condutor Transporte de material e distribuição
Ferragem do cabo guarda Inspeção de material
Ferragem do estai Administração da construção
Espaçadores amortecedores Contingências
Acessórios As taxas serão consideradas
separadamente dos itens acima
Custos de operação
Perdas Joule e corona
Operação e manutenção

Custo de linha

Deverão ser levantados para algumas configurações os custos destas, de


forma a obter uma curva de ajuste conforme equação abaixo.
Os dados deverão ser trabalhados de modo a ter valores consistentes
perto dos custos calculados. Semelhante à metodologia apresentada em [1],
a equação de custo de linha pode ser definida como:

CLT = a + b ∗ V + S (c ∗ N + d) (1)

Onde: a, b, c, d são parâmetros a serem obtidos da curva de ajuste dos


custos da linha.
• V é a tensão fase-fase no caso do CA ou polo-terra no caso do CC
em (kV).
• S = N ∗ S1 é a seção total de alumínio do feixe por fase ou polo
(MCM); S1 é a seção de um condutor do feixe por fase ou polo.
• N: número de condutores do feixe por fase ou polo.

Ressalta-se que a equação acima depende da quantidade (N ∗ S1) e tam-


bém da seção do condutor S1.
O custo da linha será parametrizado no número de condutor por feixe
por fase ou polo e nas tensões, conforme o exemplo da figura a seguir.

70 Aspectos Econômicos
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Figura 1: Custo de bipolo CC

Custo de perdas

Os custos das perdas relacionadas com linhas de transmissão são devi-


dos aos efeitos Joule e corona.

Perdas Joule
As perdas Joule (JL) são calculadas por:
• Para linha CC
2
1 ⎛ P⎞
JLCC =2*r * I = *r ⎜ ⎟
2
MW / km (2)
2 ⎝ Vpt ⎠
Onde:
P: potência nominal em MW.
Vpt: Tensão polo-terra em kV.
r: resistência do feixe por polo em Ω/km.
r = r0/S.
r0: resistividade do condutor = 58 Ω MCM/km.
S: seção do condutor em MCM.

• Para linha CA
2
⎛P ⎞
JLCA = 3* r * I = r ⎜ ⎟
2
MW / km (3)
⎝ V ff ⎠

Vff: Tensão fase-fase em kV


Demais variáveis como acima.

CAPÍTULO 3 71
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

O custo das perdas (CJL) em um ano de forma geral será:

CJL = (Cp + 8.760 ∗ Ce lf) JL (4)

Onde:
Cp: custo da demanda.
Ce: custo da energia.
lf: fator de perdas.

O conceito utilizado é uma tarifa binômia para custo das perdas.


No presente caso, será adotado Cp = 0 e um custo típico para Ce em
função do mercado brasileiro.

Perdas corona
• Para o sistema CC
Para a transmissão em CC bipolar, serão adotadas as expressões empí-
ricas abaixo conforme recomendado em [4], para as perdas em tempo bom
(Pfair) e em tempo ruim (Pfoul).
⎛ g⎞ ⎛ d⎞ ⎛ n⎞ ⎛ HS ⎞
Pfair = P0 + 50*log⎜ ⎟ + 30*log⎜ ⎟ + 20*log⎜ ⎟ −10*log⎜ (5)
⎝ g0 ⎠ ⎝ d0 ⎠ ⎝ n0 ⎠ ⎝ H 0 S0 ⎟⎠

⎛ g⎞ ⎛ d⎞ ⎛ n⎞ ⎛ HS ⎞
Pfoul = P0 + 40*log⎜ ⎟ + 20*log⎜ ⎟ +15*log⎜ ⎟ −10*log⎜ (6)
⎝ g0 ⎠ ⎝ d0 ⎠ ⎝ n0 ⎠ ⎝ H 0 S0 ⎟⎠
Onde:
P: perda corona em dB acima de 1W/m.
d: diâmetro do condutor em cm.
g: gradiente de superfície do condutor em kV/cm.
n: número de condutor no feixe.
H: altura do condutor em m.
S: espaçamento entre polos em m.

Os valores de referência adotados serão: g0 = 25 kV/cm, d0 = 3,05 cm,


n0 = 3, H0 = 15 m e S0 = 15 m. De acordo com [8], os valores de referência P0
foram obtidos em análise de regressão para minimização da média aritmé-
tica das diferenças entre perdas calculadas e medidas. Os valores obtidos fo-
ram P0 = 2,9 dB em tempo bom e P0 = 11 dB para tempo ruim.

72 Aspectos Econômicos
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

P (W / m) = 10 P(dB)/10
perda em W/m (7)

Na avaliação econômica serão considerados 80% de tempo bom e 20%


de ruim.

• Para o sistema CA
Para a transmissão CA, será adotada a expressão apresentada em [11],
para as perdas corona em dB, por fase, em tempo chuvoso:
⎛ E ⎞ ⎛ 2⋅r ⎞ ⎛ N⎞ A
P ( dB ) = 14,2 + 65 * log ⎜ + 40 * log ⎜ + K1 * log ⎜ ⎟ + K 2 +
⎝ 18,8 ⎟⎠ ⎝ 3,51 ⎟⎠
(8)
⎝ 4⎠ 300

Onde:
E = gradiente médio superficial, em kVrms/cm;
r = raio do subcondutor, em cm;
N = número de subcondutores do feixe;
K1 = 13, para N ≤ 4.
19, para N > 4.
⎛ I ⎞
K2 = 10 * log ⎜
⎝ 1,676 ⎟⎠
, para I = intensidade de chuva< = 3,6 mm/h

⎛ I ⎞
3, 3 + 3,5 * log ⎜
⎝ 3,6 ⎟⎠
, para I > 3,6 mm/h

A= altitude.

Segundo [11], as perdas corona em tempo bom são 17 dB menores que


as perdas em tempo chuvoso.
A conversão de perdas em dB para kW/km é feita da mesma forma do
sistema CC.
Considerou-se neste estudo uma altitude média de 300 m, uma chuva
de 1,676 mm/hora seguindo o exemplo de [11], e que a linha está submetida
a essa chuva em 20% do tempo.

Custos de operação e manutenção

Os custos de operação e manutenção podem ser considerados como um


percentual do custo total da linha e será adotado no estudo igual a 2% por ano.

CAPÍTULO 3 73
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Juros durante a construção

Será considerado de dois a quatro anos o período para a construção


da linha dependendo do comprimento da linha e do número de turmas de
construção. Com a taxa de juros adotada de 10% ao ano e o custo conside-
rado no meio de cada ano em parcelas iguais, então no final da construção o
custo orçamentário deverá ser ajustado pelos fatores: 1,10 (dois anos), 1,16
(três anos) e 1,22 (quatro anos).

Fator de Recuperação de Capital (FRC)

O fator de recuperação de capital converte valores totais de investimento


em valores anuais. Nesse estudo, foi considerada basicamente uma taxa de
juros de 10% ao ano e uma vida útil de 30 anos para linhas e equipamentos.
Levando-se em conta os juros durante dois anos de construção, e uma por-
centagem de 2% anuais correspondente à operação e manutenção, o fator de
recuperação adotado nesse estudo é:
⎛ 0,1 ⎞
FRC = 1,1⎜ 0,02 + −30 ⎟
= 0,13869
⎝ 1− (1+ 0,1) ⎠

Definição do condutor econômico

O custo da linha pode ser, portanto, expresso por:

CLT = k (A1 + B1 ∗ S) = A + B ∗ S (9)

Onde:
S: seção de alumínio por feixe por polo.
k: fator de recuperação de capital.

Considerando que o custo das perdas CPERDAS = C/S é o custo anual das
perdas Joule e esquecendo por enquanto as perdas corona, então o custo
anual total é:

CTOTanual = CLT + CPERDAS


CTOTanual = A + B ∗ S + C/S

74 Aspectos Econômicos
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

O mínimo da função ocorre quando: d(CTOTanual)/dS = 0 , que implica


C
Sec = (10)
B
Onde, Sec é a seção econômica.
Nota: O valor de Sec não depende do comprimento da linha.
O custo mínimo CTOTanualmin é obtido substituindo na expressão e no cus-
to a seção pela seção econômica, resultando:

CTOTanualmim = A + 2 B*C

A parcela do custo da linha é:

C LT min = A + B *C

Dividindo por k, pode-se obter o investimento total da linha.

Definição da função de custo para linha CC e CA


Neste item, o objetivo é apresentar a rotina e os resultados obtidos para
a definição da função de custo para linha de transmissão CC e CA. Essa fun-
ção representa os custos totais da linha conforme equação (1).
Foram utilizados os custos unitários dos componentes de linhas con-
forme apresentado na tabela 1. Ressalta-se que foram adotados praticamen-
te para todos os itens os valores do banco de dados Aneel, em reais referidos
a novembro de 2010.

Função custo para linha de transmissão CC

A definição da função que representa o custo da linha de transmissão


CC foi determinada a partir do peso da estrutura que, por sua vez, foi calcu-
lado a partir dos esforços atuantes, árvore de carregamento, conforme apre-
sentado no capítulo 2 cuja expressão a seguir fornece os pesos das torres CC.

CAPÍTULO 3 75
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Peso torrecc = 1.798 + 6,95 ∗ V + N ∗ S1 (0,0769 ∗ N - 0,0316) (kg) (11)

Onde:
V: a tensão em kV.
N: número de condutores por polo.
S: secção de um condutor em MCM.

Tabela 1: Custos unitários adotados


Custos unitários adotados (R$)
Item Descrição Unidade
nov/2010 US$1,68 a 1,74
1 Engenharia
1.1 Projeto km 4.355,00
1.2 Topografia km 2.603,44
1.3 Levantamento e sondagens km 7.168,18
1.4 Estudos ambientais km 33.204,20
2 Materiais
2.1 Torre ton 5.790,00
2.2 Cabo condutor ton 12.560,00
2.3 Cabo para-raios ton 7.220,00
2.4 Aterramento (contrapeso) km de LT 2.401,00
2.5 Isolador    
Isolador de disco de vidro 160 kN unidade 94,91
  Isolador de disco de vidro 210 kN unidade 113,90
  Isolador de disco de vidro 240 kN unidade 126,55
  Isolador de disco de vidro 300 kN unidade 151,86
  Isolador de disco de vidro 400 kN unidade 189,83
2.6 Ferragens do condutor unidade  
  Ferragem do condutor + cadeia unidade 2.626,74
2.7 Ferragem do cabo para-raios unidade 48,56
2.8 Amortecedores unidade 246,61
2.9 Acessórios km de LT 1.000,00
3 Mão de obra
3.1 Faixa de passagem e acessos ha 3.000,00
3.2 Montagem da torre ton 1.592,25
3.3 Escavação da fundação concreto m3 44,40
  reaterro m3 0,00
  concreto m3 2.456,71
  concreto magro m3 0,00
  regeneração m3 0,00
  forma m3 0,00
  aço kg 0,00

76 Aspectos Econômicos
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 1: Custos unitários adotados (continuação)


Custos unitários adotados (R$)
Item Descrição Unidade
nov de 2010 (US$1,68 a 1,74)
3.4 Lançamento do condutor km  
  lançamento 4 x 2.282,8 MCM – CA kmLT 47.250,72
3.5 Lançamento do para-raios km LT 2.938,54
3.6 Instalação do aterramento km LT 2.401,00
4 Administração e fiscalização
4.1 Transporte e distribuição dos materiais ton 168,00

Com base nos pesos da equação (11) e nos custos unitários dos compo-
nentes da tabela 1, foram definidos os custos totais para as diferentes confi-
gurações propostas. Os custos obtidos estão apresentados na tabela 2.

Tabela 2: Preços obtidos para as configurações CC propostas


Preço (R$)
500 kV 500 kV 500 kV 300 kV 300 kV 600 kV 600 kV 600 kV 800 kV 800 kV
Configurações 2x 3x 4x 2x 4x 3x 4x 6x 6x 5x
Bittern Lapwing Kiwi Kiwi Chukar Bittern Chukar Kiwi Rail Kiwi
Preço total 392.101 513.226 734.738 432.015 636.099 486.087 696.927 1.081.106 686.090 976.563
Obs.: data de referência – novembro/2010

Conhecidos os custos para as configurações propostas, foi utilizado


um software de mercado para ajuste da função de custo da linha de trans-
missão CC dada por:

CLcc = 150.266 + 226,68 ∗ V + N ∗ S1 (2,7602 ∗ N + 45,1) (R$/km) (12)

Os valores das variáveis são os mesmos indicados para equação (1).

Função custo para linha de transmissão CA com


torre Chainette Y para 800 kV e 1.100 kV

Com base nos pesos de torres calculados e curva de ajuste similar àque-
la para linhas CC e nos custos unitários dos componentes da tabela 1, foram
calculados os custos totais para as diferentes configurações propostas. Os
custos obtidos são apresentados na tabela 3.

CAPÍTULO 3 77
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Tabela 3: Preços obtidos para as configurações CA Chainette propostas


Preço (R$/km)
550 kV 550 kV 550 kV 800 kV 800 kV 800 kV 800 kV 1.100 kV 1.100 kV 1.100 kV 1.100 kV
Configurações 4x 6x 6x 4x 4x 6x 6x 8x 8x 10x 10x
Rail Rail Bittern Bluejay Thrasher Rail Bittern Rail Lapwing Rail Bluejay
Preço Total 620.729 821.760 962.349 941.761 1.298.234 1.078.996 1.259.922 1.596.970 1.979.156 1.768.083 1.902.531
Nota: As configurações 550 kV são do tipo Cross-rope

A função matemática que define o custo da linha de transmissão CA


com torre Chainette resultou em:

CLCA, Chainette = -221.076 + 1.068,3 ∗ V + N ∗ S1 (2,1374 ∗ N + 64,5) (R$/km) (13)

Os valores das variáveis são os mesmos indicados para equação (1).

Função custo para linha de transmissão CA com


torre Cross-rope para 800 kV e 1.100 kV

A partir dos pesos calculados para a torre Chainette Y, foram estimados


os pesos das mesmas configurações para a torre Cross-rope.
A estimativa dos pesos para a torre Cross-rope foi baseada considerando que:
• A hipótese governante no dimensionamento da torre é a do vento
de alta intensidade.
• A diferença entre os pesos das torres Chainette Y e Cross-rope está
na altura dos mastros.
• As alturas resultantes para as torres Cross-rope foram 51,7 m e 62,7 m
para 800 kV e 1.100 kV respectivamente, contra 56 m e 73 m para
as torres Chainette Y.

Com base nos pesos obtidos e nos custos unitários dos componentes da
tabela 1, foram calculados os custos totais para as diferentes configurações
propostas conforme apresentados na tabela 4.

Tabela 4: Preços obtidos para as configurações CA Cross-rope


Preço (R$/km)
550 kV 550 kV 800 kV 800 kV 800 kV 800 kV 1.100 kV 1.100 kV 1.100 kV 1.100 kV 1.100 kV
Configurações 4x 6x 4x 4x 6x 6x 8x 8x 10x 10x 10x
Rail Bittern Bluejay Thrasher Rail Bittern Rail Lapwing Rail Bluejay Bluejay
Preço total 620.729 821.760 962.349 789.017 1.122.377 903.780 1.040.274 1.255.227 1.622.974 1.417.927 1.533.386

78 Aspectos Econômicos
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

A função matemática que define o custo da linha de transmissão CA


resultou em:

CLCA, Cross-rope = 136.159 + 437,86 ∗ V + N ∗ S1 (2,4193 ∗ N + 59,714) (R$/km) (14)

Os valores das variáveis são os mesmos indicados para equação (1).


As diferenças entre os valores obtidos a partir da regressão das expres-
sões (13) e (14) encontram-se na tabela 5.

Tabela 5: Diferença de preços obtidos entre as configurações Chainette Y e a Cross-rope


Torre Y Cross-Rope
Configuração Diferença (%)
(expressão 4) (expressão 6)
550 kV, 4 x Rail 645.246 641.779 0,5
550 kV, 6 x Rail 809.094 801.873 0,9
550 kV, 6 x Bittern 956.629 943.504 1,4
800 kV, 4 x Bluejay 958.781 795.377 20,5
800 kV, 4 x Thrasher 1.309.127 1.128.177 16,0
800 kV, 6 x Rail 1.076.169 911.338 18,1
800 kV, 6 x Bittern 1.223.704 1.052.969 16,2
1.100 kV, 8 x Rail 1.576.819 1.221.255 29,1
1.100 kV, 8 x Lapwing 1.991.996 1.623.555 22,7
1.100 kV, 10 x Rail 1.773.292 1.418.278 25,0
1.100 kV, 10 x Bluejay 1.909.832 1.551.690 23,1

Da tabela acima, verifica-se que o custo da torre Y é muito maior que o


da torre Cross-rope. Essa diferença ocorre fundamentalmente devido aos iso-
ladores da cadeia Y, além do maior peso da torre em função da maior altura.

Penalização por sobretensão sustentada


Conforme será mencionado no capítulo 4, dependendo da potência
característica da linha CA de meia-onda, é possível que haja sobretensões
sustentadas no meio da linha, o que deve ser considerado no projeto e, con-
sequentemente, deveria ter uma penalização em termos de custo. Para esti-
mar essa penalização, são calculados os pesos adicionais das torres para os
diversos valores de sobretensão (por exemplo 1,33 pu para potência máxima
de 6.000 MW e potência característica de 4.500 MW). O custo adicional de
cada torre devido à sobretensão é calculado com base nos custos unitários

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de torre por kg e de montagem da torre por kg. Considerando-se, por exem-


plo, duas torres por km, o custo adicional para uma linha de 2.500 km seria
o custo adicional de cada torre multiplicado por 5.000. O resultado deve ser,
então, multiplicado pelo fator de recuperação de capital (FRC), para ser ob-
tido o valor anual da penalidade.

Custos de equipamentos CA
Os custos de equipamentos CA foram obtidos das bases de dados Ane-
el [12] e Eletrobras [13], e, em caso de algum equipamento não incluído nas
referidas bases, foram feitas consultas a fabricantes tradicionais.
Os equipamentos considerados nos estudos foram:
• Capacitores série.
• Reatores paralelo (também denominados shunt).
• Transformadores.
• Autotransformadores.
• Compensadores estáticos.

Os custos Aneel são calculados por uma planilha disponibilizada no site


da agência [12], na qual o usuário informa o valor de potência, na linha cor-
respondente ao equipamento e nível de tensão escolhidos. O custo é composto
por diversas parcelas, como equipamentos associados (por exemplo transfor-
madores e resistores de aterramento, sistemas de proteção contra incêndio),
obras civis, montagem, canteiro de obras, engenharia, comissionamento e ad-
ministração, custos indiretos e eventuais. Os custos do equipamento princi-
pal são dados por expressões matemáticas que constam das planilhas anexas
a [12], para diversos valores de tensão, em função das potências nominais. As
porcentagens relativas ao imposto sobre circulação de mercadorias e serviços
18
(ICMS) e transporte são definidas como 100–18 ×100% e 2,94%, respectivamen-
te. A partir das equações dos custos dos equipamentos principais, e dos va-
lores das demais parcelas, também discriminados na planilha, foram obtidas
as expressões dos custos totais Aneel, incluindo ICMS, transporte e todas as
demais parcelas, Os preços são referentes a junho de 2009. A taxa de conver-
são real/dólar média desse mês, segundo [15], foi de R$ 1,96/US$.
Os preços Eletrobras [13] são tabulados para diversos valores de tensão e
potência nominais. Conforme texto explicativo na planilha, nos valores já estão

80 Aspectos Econômicos
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

incluídos IPI, ICMS, transporte e seguro, porém não são informadas as porcen-
tagens utilizadas. As referências de custos são de junho de 2004, revisados em
dezembro do mesmo ano. A taxa de conversão utilizada foi de R$ 3,14/US$.
Como base para as estimativas, foram considerados os valores existentes
para as tensões nominais de 345 kV, 500 kV e 750 kV. Para custos de trans-
formadores e autotransformadores, também foram considerados alguns com
230 kV de tensão nominal no secundário.

Capacitores série

Os custos de capacitores série trifásicos foram obtidos nas bases de pre-


ços Aneel [12] e Eletrobras [13]. Durante os estudos de planejamento realiza-
dos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para o sistema de transmis-
são destinado a escoar a energia da usina de Belo Monte, foram levantados
pela EPE os valores de custo junto a fabricantes.

Os valores de custos Aneel, Eletrobras e dos estudos de Belo Monte es-


tão nas tabelas a seguir.

Tabela 6: Custos Eletrobras para capacitores série, três fases

Potência reativa Custo (em milhares de R$)


Mvar 500 kV 750 kV 1.000 kV (estimado)
200 26.537
300 32.806
500 42.842 48.198 53.553
1.000 61.559 69.263 76.966
2.000 78.595 87.337

Tabela 7: Custos Aneel para capacitores série, três fases


Expressão de custo (em milhares de R$), potência P dada em Mvar
500 kV 111,148 P + 346,335
750 kV 116,705 P + 349,344
1.000 kV (estimado) 122,263 P + 352,352

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Tabela 8: Custos para capacitor série trifásico, calculados com base nos valores
de R$/kvar considerados nos estudos de Belo Monte

Potência reativa três fases Custo (em milhares de R$)


Mvar 500 kV 750 kV 1.000 kV (estimado)
300 13.850 14.363
370 16.639
400 17.783
428 18.823
600 24.623 25.392 26.162
700 28.387
750 28.855 29.752 30.778
800 31.037
900 32.317 33.343 34.369
1.200 64.635 66.687 68738
1.500 79.254 81.819
1.700 90.868
1.800 95.228
2.000 103.621
2.100 107.653

Na figura a seguir há uma comparação entre os valores mencionados.


Para as estimativas de custo de capacitores série, neste estudo, optou-se
por utilizar os dados de custo dos estudos de Belo Monte.

Figura 2: Comparação entre custos de capacitor série trifásico

82 Aspectos Econômicos
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Reator paralelo (shunt)

Os custos de reatores paralelo monofásico foram obtidos nas bases de


preços Aneel [12] e Eletrobras [13], e também junto à fabricante tradicional.
Os valores obtidos estão nas tabelas a seguir.

Tabela 9: Custos Eletrobras para reatores paralelos monofásicos

Potência reativa Custo (em milhares de R$)


Mvar 500 kV 750 kV 1.000 kV (estimado)
33 2.425
50 3.080 3.541 4.003
75 3.912 4.304 4.697
100 4.635 5.068 5.500
150 5.887 6.250 6.612
200 6.976 7.252 7.528
250 7.957 8.139 8.321
300 8.860 8.943 9.027
333 9.444 9.532

Tabela 10: Custos Aneel para reatores paralelo monofásicos


Expressão de custo (em milhares de R$), potência P dada em Mvar
500 kV 984,973 ln(P) - 1.114,308
750 kV 1.063,770 ln(P) - 1.203,453
1.000 kV (estimado) 1.142,568 ln(P) - 1.292,597
Nota: In (P) = logaritmo neperiano de P

Tabela 11: Custos de reatores paralelo monofásicos obtidos de fabricantes

Potência reativa Custo (em milhares de R$)


Mvar 500 kV 750 kV 1.000 kV (estimado)
50 1.700
100 2.400
120 3.600
150 4.800

Na figura a seguir há uma comparação entre os valores mencionados.

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Figura 3: Comparação entre custos de reator paralelo monofásico

Para as estimativas de custo de capacitores série, optou-se por utilizar


os dados de custo do fabricante.

Transformador

Os custos de transformadores monofásicos foram obtidos nas bases de


dados Aneel[12]. A referência Eletrobras [13] apresenta valores consistentes
apenas para tensões 500/230 kV, e por isso não foi utilizada. Os valores ob-
tidos estão nas tabelas a seguir.

Tabela 12: Custos Aneel para transformadores monofásicos sem comutador


Expressão de custo (em milhares de R$), potência P dada em MVA
500/345 kV 1.912,473 ln(P) - 2.522,781
750/345 kV 2.162,915 ln(P) - 2.902,443
750/500 kV 2.276,753 ln(P) - 3.085,658
1.000/345 kV (estimado) 2.413,358 ln(P) - 3.282,106
1.000/500 kV (estimado) 2.540,339 ln(P) - 3.488,471

84 Aspectos Econômicos
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 13: Custos Aneel para transformadores monofásicos com comutador


Expressão de custo (em milhares de R$), potência P dada em MVA
500/345 kV 2.178,689 ln(P) - 2.951,239
750/345 kV 2.463,993 ln(P) - 3.387,009
750/500 kV 2.593,677 ln(P) - 3.595,727
1.000/345 kV (estimado) 2.749,298 ln(P) - 3.822,779
1.000/500 kV (estimado) 2.893,964 ln(P) - 4.057,640

Autotransformador

Os custos de autotransformador foram obtidos nas bases de preços Ane-


el [12] e Eletrobras [13]. Os valores obtidos estão nas tabelas a seguir, para
autotransformadores monofásicos com e sem comutador de taps.

Sem comutador de taps

Tabela 14: Custos Eletrobras para autotransformadores monofásicos


sem comutador de taps
Custo (em milhares de R$)
Potência
MVA 500/345 kV 750/345 kV 750/500 kV 1.000/345 kV 1.000/500 kV
(estimado) (estimado)
100 2.920 5.217 3.895
150 3.706 6.669 4.979 9.631 7.191
200 4.390 7.938 5.927 11.486 8.576
250 5.005 9.086 6.784 13.166 9.831
300 5.572 10.146 7.576 14.721 10.992
400 9.018 17.555 13.108
500 13.824 10.322 20.125 15.027

Tabela 15: Custos Aneel para autotransformadores monofásicos


sem comutador de taps
Expressão de custo (em milhares de R$), potência P dada em MVA
500/345 kV 2.456,049 ln(P) - 5.273,601
750/345 kV 2.236,877 ln(P) - 2.983,318
750/500 kV 2.354,607 ln(P) - 3.170,789
1.000/345 kV (estimado) 2.017,705 ln(P) - 693,03
1.000/500 kV (estimado) 2.125,567 ln(P) - 772,790

Na figura a seguir há uma comparação entre os valores mencionados.

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Figura 4: Comparação entre custos de autotransformador monofásico


sem comutador de taps

Com comutador de taps

Tabela 16: Custos Eletrobras para autotransformadores monofásicos


com comutador de taps
Custo (em milhares de R$)
Potência
MVA 500/345 kV 750/345 kV 750/500 kV 1.000/345 kV 1.000/500 kV
(estimado) (estimado)
100 3.796 6.782 5.064
150 4.818 8.669 6.473 11.748 9.436
200 5.268 9.525 7.112 13.766 11.057
250 6.007 10.903 8.141 15.567 12.503
300 6.687 12.176 9.091 17.212 13.824
400 10.821 20.168 16.199
500 16.589 12.387 22.806 18.318

Tabela 17: Custos Aneel para autotransformadores monofásicos


sem comutador de taps
Expressão de custo (em milhares de R$), potência P dada em MVA
500/345 kV 2.797,931 ln(P) - 6.084,973
750/345 kV 2.548,250 ln(P) - 3.479,141
750/500 kV 2.682,369 ln(P) - 3.692,708
1.000/345 kV (estimado) 2.298,569 ln(P) - 873,309
1.000/500 kV (estimado) 2.421,232 ln(P) - 962,675

86 Aspectos Econômicos
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
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Na figura a seguir há uma comparação entre os valores mencionados.

Figura 5: Comparação entre custos de autotransformador monofásico


com comutador de taps

Para estimativa de custos de autotransformadores, neste estudo, optou-se


por utilizar os valores de custo Eletrobras.

Autotransformadores especiais
Conforme será observado no capítulo 4, o sistema de transmissão CA meia-
-onda necessita de um transformador com faixa de taps maior que a usual, para
que as perdas Joule na linha sejam minimizadas. Além disso, se os sistemas gera-
dor e receptor da linha de meia-onda estiverem no sistema interligado, será pre-
ciso utilizar transformadores defasadores para compensar a defasagem natural
da linha, de modo que o fluxo de potência de linhas paralelas não seja afetado.
Por se tratarem de equipamentos especiais, os seus custos foram estima-
dos após consulta a fabricante. Os valores considerados estão na tabela a seguir.

Tabela 18: Custos para autotransformadores especiais


Autotransformadores especiais Custo (em milhares de R$)
345/765 kV, tap +5%/-30%, 1.000 MVA 46.200
500/765 kV, tap +5%/-30%, 1.000 MVA 48.500
500/1.000 kV, tap +5%/-30%, 1.000 MVA 53.400
345/345 kV, 180±30º, 1.000 MVA 35.000

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Compensador estático

Para o custo de compensador estático, não há informação na base de


dados Eletrobras. A expressão referente aos custos Aneel, apenas para a ten-
são nominal de 230 kV, é dada na tabela a seguir.

Tabela 19: Custo Aneel para compensador estático


Expressão de custo (em milhares de R$), potência P dada em MVA
230 kV 19.230,613 ln(P) - 56.111,724

Custos de conversoras
Os custos das conversoras são baseados em [8] e incluem tiristores,
transformadores, pátios (CA e CC), filtros (CA e CC), sistema de controle,
proteção e comunicação, obras civis e eletromecânicas, serviço auxiliar, en-
genharia e administração.
Na referência citada, os custos das conversoras nos dois terminais da li-
nha, em 106·US$, são dados pelas expressões:

Cconv = 1,5 ∗ 0,698 ∗ V0,317 ∗ P0,557 (15)


Cconv = 1,5 ∗ 0,154 ∗ V0,244 ∗ P0,814 (16)

A expressão (15) é utilizada para potência nominal de até 4.000 MW,


enquanto (16) é adequada para potências acima desse valor. V é a tensão en-
tre o polo positivo e a terra em kV, P é a potência nominal em MW. O fator
1,5 representa os impostos aplicados no Brasil.
Na tabela a seguir, são comparados os valores dos orçamentos das con-
versoras nas recentes concessões do sistema do Rio Madeira (±600 kV, 3.150
MW) [16], [17] com os valores obtidos com as expressões mencionadas. O
valor do dólar à época desse orçamento era de R$ 2,38.

Tabela 20: Comparação dos custos de conversoras calculados e orçados


nas concessões do sistema do Rio Madeira
Orçamento do Orçamento do Valor calculado Razão entre
contrato de concessão contrato de concessão pela expressão (15) orçamento e
(em milhões de R$) (em milhões de US$) (em milhões de US$) valor calculado
Conversora nº 1 1.538 646 707 91%
Conversora nº 2 1.241 521 707 74%

88 Aspectos Econômicos
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Os preços das conversoras utilizados nas comparações deste trabalho


estão ligeiramente superiores ao praticados na última concessão, e isto deve
ser lembrado durante a comparação.

Custos de módulos de manobra


Foram considerados, como base para as estimativas de custos para a
tensão nominal de 1.000 kV, os valores existentes para as tensões nominais
de 500 kV e 750 kV.
Os custos de conexão de transformador, conexão de linha e interligação
de barras são valores tabulados em função do nível de tensão e do arranjo
da subestação, tanto na referência Aneel como na Eletrobras. Os valores va-
riam ligeiramente de acordo com a região do país; foi considerado o valor
médio das cinco regiões.

Conexão de transformador

Tabela 21: Custos de conexão de transformador


Conexão de transformador Custo Aneel Custo Eletrobras
(arranjo disjuntor-e-meio) (em milhares de R$) (em milhares de R$)
500 kV 5.571 6.715
750 kV 8.755 10.477
1.000 kV (estimado) 11.939 14.239

Conexão de linha

Tabela 22: Custos de conexão de linha


Conexão de linha Custo Aneel Custo Eletrobras
(arranjo disjuntor-e-meio) (em milhares de R$) (em milhares de R$)
500 kV 6.306 7.425
750 kV 9.965 10.864
1.000 kV (estimado) 13.624 14.303

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Interligação de barras

Tabela 23: Custos de interligação de barras


Vão de interligação de barras Custo Aneel Custo Eletrobras
(todos os arranjos) (em milhares de R$) (em milhares de R$)
500 kV 5.900 3.068
750 kV 10.555 4.373
1.000 kV (estimado) 15.210 5.678

Conexão de compensador

Tabela 24: Custos de conexão de compensador


Vão de interligação de barras Custo Aneel
(arranjo disjuntor-e-meio) (em milhares de R$)
500 kV 5.843

Custo do módulo geral (ou módulo de


infraestrutura) de subestação
Tabela 25: Custos Eletrobras
Módulo geral Subestação média Subestação grande
(arranjo disjuntor-e-meio) (em milhares de R$) (em milhares de R$)
500 kV 25.992 33.003
750 kV 49.144 63.792

Os custos Aneel são calculados por uma planilha anexa a [14]. Na pla-
nilha, os dados de entrada são:
• unidade da federação e região (urbana ou rural) na qual a subesta-
ção será localizada.
• quantidade de conexões de equipamentos a serem implementadas
(entrada de linha, conexão de transformador, interligação de barra)
em cada nível de tensão e arranjo.

Para realizar uma comparação entre os custos do Módulo Geral dados


pela Aneel e pela Eletrobras, utilizou-se como exemplo a subestação fictícia
da figura a seguir.

90 Aspectos Econômicos
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
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500 kV 500 kV

345 kV 345 kV

Figura 6: Subestação exemplo para comparação de custo do Módulo Geral

Esta subestação apresenta, na tensão de 500 kV, no arranjo de disjun-


tor-e-meio: duas entradas de linha (EL), cinco interligações de barra (IB) e
três conexões de transformador (CT). Na tensão de 345 kV, no arranjo de
disjuntor e meio, duas entradas de linha (EL), três interligações de barra (IB)
e três conexões de transformador (CT).
Os custos Eletrobras são valores tabulados em função do nível de ten-
são, do arranjo da subestação e do seu tamanho (pequena, média ou grande).
Na referência Eletrobras, essa subestação é considerada de tamanho grande.
Para se obter o custo dado pela Aneel, é necessário informar o estado da
federação e se ela se localizará em zona rural ou urbana, pois isso determina
o custo do metro quadrado. Foi informado o estado de Mato Grosso do Sul,
que tem um custo de R$ 0,34/m2 na zona rural, próximo da média nacional
da zona rural, que é de R$ 0,32/m2.
Os custos Aneel são distribuídos entre Módulo de Infraestrutura Geral
(MIG) e Módulo de Infraestrutura de Manobra (MIM). Para uma subesta-
ção nova, deve-se somar os custos do MIG e do MIM. Para ampliações de
subestações existentes, não se considera o MIG.
Os custos Aneel e Eletrobras encontram-se na tabela a seguir. O custo
Aneel para o Módulo Geral é inferior ao da Eletrobras, mesmo que a subes-
tação fosse considerada de tamanho médio.

CAPÍTULO 3 91
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Tabela 26: Custo do Módulo Geral


Custo Aneel, Custo Aneel, Custo Aneel,
subestação nova, ampliação com ampliação sem
Eletrobras Eletrobras (MIG+MIM), compartilhamento compartilhamento
subestação subestação média nacional, (MIM), média (MIM+MIG-A), média
grande média subestação na nacional, subestação nacional, subestação
(milhares de R$) (milhares de R$) zona rural de Mato na zona rural de na zona rural de
Grosso do Sul Mato Grosso do Sul Mato Grosso do Sul
(milhares de R$) (milhares de R$) (milhares de R$)
33.003 25.992 16.467 7.266 9.681

Referências
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[12] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Despacho
nº 1.531, de 1º de junho de 2010. Disponível em <http://www.aneel.
gov.br/cedoc/dsp20101531.pdf>. Acesso em 14 de janeiro de 2011.
[13] ELETROBRAS. Ref Custos jun.2004 rev-DEZEMBRO.xls. Refe-
rências de Custos LTs e SEs de AT e EAT.
[14] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Despacho
nº 1.531, de 1º de junho de 2010. Disponível em <http://www.aneel.
gov.br/cedoc/dsp20101531.pdf>. Acesso em 14 de janeiro de 2011.
[15] BANCO CENTRAL DO BRASIL. Taxas de câmbio. Disponí-
vel em <http://www4.bcb.gov.br/pec/taxas/port/PtaxRPesq.
asp?idpai=TXCOTACAO> Acesso em 07 de fevereiro de 2011.
[16] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Aneel. Do
serviço público de transmissão de energia elétrica, que celebram
a União e a Estação Transmissora de Energia S.A. Contrato de
concessão nº 012/2009-Aneel. Disponível em <http://www.aneel.
gov.br/aplicacoes/siget/arq.cfm?arquivo=629>. Acesso em 25 de
janeiro de 2012.
[17] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Aneel. Do
serviço público de transmissão de energia elétrica, que celebram
a União e a Interligação Elétrica do Madeira S.A. Contrato de con-
cessão nº 015/2009- Aneel. Disponível em <http://www.aneel.gov.
br/aplicacoes/siget/arq.cfm?arquivo=632>. Acesso em 25 de janei-
ro de 2012.

CAPÍTULO 3 93
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

CAPÍTULO 4

Comparação entre Sistemas de


Transmissão CC e Meia-onda

Milana Santos
Thales Sousa
José A. Jardini
Ronaldo P. Casolari
Sergio O. Frontin

95
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Objetivo
Os objetivos deste capítulo são:
• verificar, através de simulações, alguns aspectos do funcionamento
de linhas de meia-onda.
• detalhar a definição de alternativas de transmissão CA meia-onda
e CC.
• apresentar e comparar estimativas de custo para as alternativas de
transmissão.

Linhas de meia-onda
Antes de apresentar a comparação técnica e econômica entre o sistema
de transmissão em meia-onda e o sistema de corrente contínua, é convenien-
te familiarizar o leitor com alguns aspectos do funcionamento de linhas de
meia-onda apresentados de forma sucinta no livro sobre estado da arte [1].
Aqui, serão definidos silhuetas e parâmetros, de forma a ser possível quan-
tificar os fenômenos observados.

Silhueta de torre adotada


As simulações de desempenho técnico foram realizadas considerando-se
a silhueta de torre da figura 1, onde pv e ph são as distâncias vertical e hori-
zontal das fases aos cabos para-raios (estes últimos sendo cabos 3/8” EHS),
df é a distância mínima entre condutores de fases distintas, hmin é a altura
mínima ao solo no meio do vão entre as torres e db é o diâmetro do feixe de
condutores de cada fase.

96 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Figura 1: Silhueta de torre utilizada para simulações

Para linhas de meia-onda, a potência característica é um parâmetro


importante, que influencia o seu comportamento em regime, como será de-
monstrado nas simulações.
Foram definidas duas configurações incluindo tipo de condutor e
geometria da torre, de forma que as linhas apresentem potências caracterís-
ticas nominais de 6.000 MW e 4.500 MW, respectivamente. Essas configu-
rações estão descritas na tabela 1.

Tabela 1: Configurações de torre e de feixe para diferentes potências características


Tensão Número de Potência
Cabo db df hmin flecha ph pv
Configuração nominal condutores característica
(MCM) (m) (m) (m) (m) (m) (m)
(kV) por fase (MW)
1 1.000 1.113 8 3,00 6.000
15,3 23 23,5 10 10
2 1.000 954 8 0,95 4.500

Relações de tensão e corrente em linhas de meia-onda


Para se verificar as relações de tensão e de corrente em função da potên-
cia transmitida, foram realizadas simulações com transmissão de três níveis
de potência: 6.000 MW, 4.500 MW e 3.600 MW (valor de potência na carga),
adotando-se a configuração 1 em uma linha de 2.500 km. Nesse caso, foi con-
siderada apenas uma linha em operação. Foi feito o mesmo para a configu-
ração 2. Os perfis de tensão ao longo da linha estão na figura 2 e na figura 3.

CAPÍTULO 4 97
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

A tensão no meio da linha é, em valores por unidade, aproximada-


mente igual à razão entre a potência transmitida e a potência característica.
Dessa forma, observando-se a figura 2, na qual se adotou a configuração 1
(potência característica de 6.000 MW), quando a potência transmitida é de
3.600 MW, a tensão no meio da linha é aproximadamente igual a 0,6 pu =
3.600/6.000. Da mesma forma, na figura 3, com a configuração 2 (potência
característica 4.500 MW), a tensão no meio da linha é de aproximadamente
1,3 pu = 6.000/4.500. Para potência transmitida igual à potência caracterís-
tica, a tensão no meio da linha é aproximadamente igual a 1 pu. A pequena
diferença observada é devida à resistência da linha, que, apesar de ser muito
pequena em relação à reatância indutiva, não é desprezada.

Figura 2: Perfil de tensões para configuração 1

Observa-se, nas figuras 2 a 5, que as tensões e correntes têm o mesmo


módulo em ambos os terminais da linha, independentemente do valor de
potência transmitida.

Figura 3: Perfil de tensões para configuração 2

98 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Em relação às correntes, pode-se observar, nas figuras 4 e 5, que as cor-


rentes no meio da linha são constantes em módulo, independentemente do
valor de potência transmitida, variando apenas nas proximidades dos termi-
nais. Em consequência, as perdas Joule são constantes no trecho central da
linha, o que faz com que estas sejam proporcionalmente maiores para valo-
res baixos de potência transmitida.

Figura 4: Perfil de correntes para configuração 1

Figura 5: Perfil de correntes para configuração 2

Relações de tensão e corrente com


fator de potência não unitário
As simulações anteriores foram realizadas considerando-se um fator de
potência unitário. Para diferentes fatores de potência, com o mesmo valor de
potência ativa transmitida, os perfis de tensão e corrente se modificam, con-

CAPÍTULO 4 99
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

forme pode ser observado nas figuras 6 e 7. A tensão se eleva em um trecho


não localizado no ponto central da linha.

Figura 6: Perfil de tensões para potência transmitida de 6.000 MW,


com diferentes fatores de potência, configuração 1

Figura 7: Perfil de correntes para potência transmitida de 6.000 MW,


com diferentes fatores de potência, configuração 1

Perdas Joule
Linhas de meia-onda apresentam maiores perdas percentuais quando
transmitem valores de potência inferiores à potência característica, devido
ao fato de a corrente no meio da linha não se reduzir proporcionalmente à
redução de potência transmitida.
Para minimizar as perdas Joule durante períodos de carga leve, é necessário
reduzir as tensões em ambos os terminais, de forma que a potência característica,
cuja expressão segue abaixo, seja igualada à potência entregue naquele instante.

100 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

2
V (1)
PC =
ZC

Onde V é a tensão operativa no terminal receptor e ZC é a impedância


característica da linha. Assim, deve-se ajustar a tensão no terminal receptor
da linha para o valor dado por:

P (2)
V = Vnom *
Pc, nom

Onde Vnom é a tensão nominal da linha, P é a potência entregue naque-


le instante e PC, nom é a potência característica nominal da linha, calculada
com V=Vnom. A tensão no terminal emissor da linha deverá ser ligeiramente
maior, devido à queda de tensão na linha.

Perdas Joule para configuração 1

Para a configuração 1, as perdas Joule, para diferentes valores de potên-


cia ativa entregue, mantendo-se as tensões no terminal receptor em 1 pu, es-
tão apresentadas na tabela 2.

Tabela 2: Perdas Joule nas linhas para tensão de 1 pu em seus terminais, configuração 1
Potência transmitida (MW) Perdas (MW) Tensão (pu)
6.000 849 1,000
4.500 766 1,000
3.600 727 1,000

Na tabela 3 a seguir, estão apresentados os valores de perdas Joule quan-


do as tensões são ajustadas de acordo com a potência.

Tabela 3: Perdas Joule para tensão ajustada de acordo


com a potência transmitida, configuração 1
Potência transmitida (MW) Perdas (MW) Tensão (pu)
6.000 694 0,707
4.500 520 0,612
3.600 421 0,600*
(*) valor mínimo limite de tensão considerado.

CAPÍTULO 4 101
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Considerando-se a curva de carga da tabela 4, calcula-se a média pon-


derada das perdas ao longo do dia, para tensão em 1 pu e ajustada com a po-
tência, conforme tabela 5.

Tabela 4: Curva de carga das linhas


Potência transmitida (MW) Duração (% do dia)
6.000 8,33%
4.500 41,67%
3.600 50,00%

Tabela 5: Perdas ponderadas de acordo com curva de carga da tabela 4, configuração 1


Perdas ponderadas (MW)
Com tensão de 1 pu (Tabela 2) 753
Com tensão ajustada de acordo com a carga (Tabela 3) 485

Perdas Joule para configuração 2

A mesma comparação da seção anterior foi realizada para a configuração 2.

Tabela 6: Perdas Joule nas linhas para tensão de 1 pu em seus terminais, configuração 2
Potência transmitida (MW) Perdas (MW) Tensão (pu)
6.000 628 1,000
4.500 540 1,000
3.600 497 1,000

Tabela 7: Perdas Joule para tensão ajustada de acordo com a potência transmitida,
configuração 2
Potência transmitida (MW) Perdas (MW) Tensão (pu)
6.000 584 0,816
4.500 438 0,707
3.600 350 0,632

Tabela 8: Perdas ponderadas de acordo com curva de carga da tabela 4, configuração 2


Perdas ponderadas (MW)
Com tensão de 1 pu (Tabela 2) 526
Com tensão ajustada de acordo com a carga (Tabela 3) 406

102 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Observa-se que a redução de perdas Joule obtida com o ajuste da ten-


são é significativa: 36% para a configuração 1 e 23% para a configuração 2.

Curtos-circuitos
Foram simulados curtos-circuitos monofásicos ao longo de um circuito
e foram observados valores de tensão e corrente em alguns trechos da linha
em defeito e da linha sã em paralelo.

Curto-circuito no início da linha

O circuito da figura 8 foi simulado. Em todas as simulações de curto, foi


considerado um curto fase A-terra, em t = 50 ms, com uma resistência de cur-
to Rf de 20 ohms. As impedâncias de geração Xgs e Xr são de 0,25 pu e 0,34
pu, respectivamente. Os transformadores representados por Ts1, Ts2 e Tr são
de 6.000 MVA, com relações de transformação 20/500 kV, 500/1.000/138 kV
e 1.000/500/138 kV, respectivamente, e impedâncias iguais a 0,10 pu.
Antes do curto, cada linha transmitia 3.000 MW, e a tensão nos ter-
minais estava ajustada de forma a minimizar as perdas Joule. Foi utilizada
a configuração 1, com potência característica nominal de 6.000 MW, para
ambas as linhas.

Isã

Icurto
Xgs
Xr
Ts1
Ts2
Tr

Figura 8: Circuito para simulação de curto-circuito


no início da linha e verificação de correntes

Para um curto no início de uma das linhas, a corrente medida pelo


transformador de corrente (TC) do início da linha com curto chega a 3,8 pu,
conforme figura 9. Notar que a tensão pré-curto é de 0,75 pu, se fosse 1 pu a
corrente de curto seria maior.

CAPÍTULO 4 103
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Corrente (pu)
4

3,5

2,5
A

1,5

1 B
0,75
0,5 C A
B
0
C
-0,5

-1

-1,5

-2

-2,5

-3

-3,5

-4

-4,5 tempo (s)


0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4

Figura 9: Correntes no início da linha em defeito, para o curto da figura 8

Sobretensão na linha submetida a curto-circuito

Foi simulado o circuito da figura 10. Buscando-se determinar os valo-


res mais críticos de sobretensão na linha em defeito para curto monofásico,
foram simulados curtos em diversos trechos da linha.

v
v
... v v
... v v

df

Figura 10: Circuito para simulação de curto-circuito e


verificação de tensões na linha em defeito

Sobretensão durante curto, configuração 1

Para a linha com configuração 1, com potência característica de


6.000 MW, o maior valor de tensão na linha defeituosa, 2,23 pu, foi observa-
do a 1.050 km do início, para curto-circuito fase A-terra a 2.200 km do início
da linha, conforme figura 11. Notar, aqui, que a tensão pré-curto é de 0,73 pu.

104 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tensão (pu)
2,5
2,23
2
A
1,5

B
1
0,73
C
0,5
A
B
0 C

-0,5

-1

-1,5

-2
-2,22

-2,5 tempo (s)


0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4

Figura 11: Tensões na linha em defeito, a 1.050 km do início,


para curto-circuito monofásico A-terra a 2.200 km do início da linha

Sobretensão durante curto, configuração 2

Para a linha com configuração 2, o maior valor de tensão na linha defeituosa,


3,0 pu, ocorreu a 1.100 km do início, para curto-circuito fase A-terra a 2.300 km
do início da linha, conforme figura 12. Notar que a tensão pré-curto é de 0,83 pu.
Tensão (pu)

3,5

3,0

2,5
A
2,0

1,5
B
1,0
0,83 C A
0,5 B
C
0,0

-0,5

-1,0

-1,5

-2,0

-2,5

-3,0

-3,5 tempo (s)


0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4

Figura 12: Tensões na linha sã, a 1.100 km do início, para curto-circuito monofásico
A-terra a 2.300 km do início da linha, configuração 2

CAPÍTULO 4 105
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Sobretensão na linha paralela à linha submetida a curto-circuito

Foi simulado o circuito da figura 13.

v
v
... v v
... v v

df

Figura 13: Circuito para simulação de curto-circuito e verificação de tensões na linha sã

Sobretensão em linha paralela durante curto, configuração 1

Para a linha com configuração 1, o maior valor de tensão na linha sã,


1,77 pu, foi observado a 1.200 km do início, para curto-circuito fase A-terra
na outra linha, a 350 km do início, conforme figura 14.
Tensão (pu)

1,77

1,5
A

B
1
C
0,73

0,5
A
B
C
0

-0,5

-1

-1,5

-1,77

-2 tempo (s)
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4

Figura 14: Tensões na linha sã, a 1.200 km do início, para curto-circuito monofásico
A-terra a 350 km do início da linha, configuração 1

106 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Sobretensão em linha paralela durante curto, configuração 2

Para a linha com configuração 2, o maior valor de tensão na linha sã,


2,46 pu, ocorreu a 1.200 km do início, para curto-circuito fase A-terra na ou-
tra linha, a 250 km do início, conforme figura 15.
Tensão (pu)

2,5
2,46

A
1,5
B

1 C
0,83

0,5 A
B
C
0

-0,5

-1

-1,5

-2

-2,46
-2,5 tempo (s)
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4

Figura 15: Tensões na linha sã, a 1.200 km do início, para curto-circuito monofásico
A-terra a 250 km do início da linha, configuração 2

Correntes de curto-circuito monofásico ao longo da linha

Foi simulado o circuito da figura 16, com um curto-circuito monofási-


co aplicado em um ponto localizado no meio da linha. As duas linhas têm
configuração 1.

Isã

df

Icurto

Figura 16: Circuito para simulação de curto-circuito


no meio da linha e verificação de correntes

CAPÍTULO 4 107
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

As correntes observadas no início da linha em defeito e no início da linha


sã, e que seriam medidas pelos TCs dos sistemas de proteção das linhas, estão
apresentadas nas figuras 17 e 18. Verifica-se que, na linha em defeito, a corrente
da fase defeituosa é bastante inferior a corrente pré-defeito, após o curto, e que, na
linha sã, há um aumento na corrente da fase A. Se a proteção da linha fosse basea-
da em sobrecorrente, o curto do meio da linha de meia-onda não seria detectado,
e eventualmente haveria uma atuação indevida da proteção na linha sem defeito.
Corrente (pu)
1

0,75
C
B
0,5

A
B
C
0
A

-0,5

-1 tempo (s)
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4

Figura 17: Correntes no início da linha em defeito para


curto-circuito monofásico A-terra no meio da linha

Corrente (pu)

1,5 A

B
1 C
0,75

0,5
A
B
C
0

-0,5

-1

-1,5

-2 tempo (s)
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4

Figura 18: Correntes no início da linha sã para


curto-circuito monofásico A-terra no meio da linha

108 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Desligamento de uma das linhas


O ajuste de tensões nos terminais da linha para minimização de perdas
pode trazer um inconveniente à operação de linhas de meia-onda em para-
lelo. Em caso de perda de uma das linhas, a outra linha passará a transmitir
o dobro da potência e, portanto, será necessário um novo ajuste de tensão
nos terminais. Caso sejam utilizados transformadores com comutadores de
tap, o tempo para variação de um único tap é da ordem de alguns segundos,
o que sujeita a linha a sobretensões durante esse intervalo de tempo.

Com tensão de 1 pu nos terminais

O circuito da figura 19 foi simulado, no qual ambas as linhas têm a


configuração 1. Cada linha está, inicialmente, transmitindo 3.000 MW, com
tensão de 1 pu nos terminais (perdas Joule não minimizadas). Os disjunto-
res dos terminais das linhas são abertos em t = 50 ms. Foi medida a tensão
no meio da linha remanescente. As tensões no meio da linha remanescente
estão apresentadas na figura 20.

d
v

t t

Figura 19: Circuito para simulação de desligamento de uma das linhas

CAPÍTULO 4 109
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Tensão (pu)
2

1,5
1,44

0,5
A
B
0 C

-0,5

-1

-1,46
-1,5

-2 tempo (s)
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

Figura 20: Tensões no meio da linha remanescente durante desligamento


de uma das linhas, com tensão de 1 pu nos terminais

A tensão no meio da linha é, inicialmente, de 0,5 pu, conforme era espe-


rado, de acordo com a figura 2, pois a linha transmite metade da sua potên-
cia característica nominal. Após o desligamento da outra linha, é observado
um transitório eletromagnético, no qual a tensão vai a 1,44 pu, e após isso a
tensão tende a 1 pu, pois a linha passará a transmitir uma potência igual à
sua potência característica nominal.

Com tensão ajustada de acordo com a potência transmitida

Usando o mesmo circuito da figura 19, desta vez com a tensão nos ter-
minais ajustada para 0,707 pu, observa-se, na figura 21 que, após o transitó-
rio, a tensão no meio da linha tende ao valor de 1,4 pu, até que a tensão nos
terminais seja aumentada gradativamente com a comutação dos taps.

110 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tensão (pu)
2,5

1,5

1
0,73
0,5
A
B
0 C

-0,5

-1

-1,5

-2

-2,5 tempo (s)


0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

Figura 21: Tensões no meio da linha remanescente durante desligamento


de uma das linhas, com tensão de 0,707 pu nos terminais

Sobretensão de manobra por energização de linhas


Foi simulado o circuito da figura 22:

t t+8 ms
Er
DJ1

300 Ω

Figura 22: Circuito para simulação de energização

Uma das linhas será energizada em vazio, enquanto a outra linha perma-
nece desenergizada. Será utilizado um resistor de pré-inserção de 300 ohms
em série com a linha, que será curto-circuitado (bypass) após 8 ms. O valor
da tensão na geração Er é de 1 pu.
Inicialmente, o disjuntor DJ1 é fechado em diversos instantes do ciclo,
para que seja verificado qual instante de fechamento tf leva aos maiores va-
lores de sobretensão. Foi obtido o valor de tf = 0,01551 s. Em seguida, foi
realizada uma série de 200 simulações nas quais o instante de fechamento
é aleatório, com uma distribuição uniforme onde a média é 0,01551 s e um
desvio padrão de 0,00125 s.

CAPÍTULO 4 111
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Os valores médios de tensão em cada trecho da linha estão apresenta-


dos na figura 23.

Figura 23: Médias de tensões ao longo da linha para energização de linha de meia-onda

A maior média de tensão observada é de 1,78 pu, e ocorre no final da li-


nha. Esse valor é muito similar aos observados em energização de linhas CA
de menor comprimento. Dessa forma, a energização de linhas de meia-on-
da não apresenta maiores problemas em relação a linhas CA convencionais.

Resumo dos resultados das simulações


Os resultados das simulações estão resumidos na tabela 9 a seguir.

Tabela 9: Conclusões das simulações realizadas


Potência característica
Aspecto observado (MW) / tensão operativa Requisito técnico que afeta o custo
(pu) adotada na simulação
Tensão no meio da linha Se admitida transmissão de potência superior à
4.500 e 6.000/
em função da potência potência característica, haverá sobretensões no
1,0 e controlada
transmitida meio da linha
Corrente constante no meio Para um mesmo valor de tensão nos terminais,
4.500 e 6.000/
da linha mesmo com variação as perdas Joule no meio da linha são constantes,
1,0 e controlada
da potência transmitida o que reduz a eficiência para cargas leves
6.000/controlada (resultado
Impacto do fator de potência se aplica a quaisquer valores Necessidade de controle de fator de potência,
da carga de potência característica e para que seja mantido no intervalo +/- 0,98.
tensão)

112 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 9: Conclusões das simulações realizadas (continuação)


Potência característica
Aspecto observado (MW) / tensão operativa Requisito técnico que afeta o custo
(pu) adotada na simulação
6.000/1,0 Perdas Joule = 753 MW
Necessidade de tap de até -40%.
6.000/controlada
Perdas Joule = 485 MW
Perdas Joule
4.500/1,0 Perdas Joule = 526 MW
Necessidade de tap de até -37%.
4.500/controlada
Perdas Joule = 406 MW
Corrente pré-falta = 0,75 pu
Curto fase A
6.000/controlada Corrente de curto no início da linha (fase A) =
Inicio da linha
3,8 pu
Corrente pré-falta = 0,75 pu
Curto fase A Corrente na fase em defeito = 0,2 pu
6.000/controlada
Meio da linha Corrente na fase A da linha sã = 1,5 pu
Necessidade de outro tipo de proteção
Curto fase A, sobretensão na 6.000/controlada Até 2,23 pu nas simulações realizadas
linha em defeito 4.500/controlada Até 3 pu nas simulações realizadas
Curto fase A, sobretensão na 6.000/controlada Até 1,77 pu nas simulações realizadas
linha sã 4.500/controlada Até 2,46 pu nas simulações realizadas
1,44 pu durante transitório e 1,0 pu em regime
6.000/1,0
Sobretensões por (até a primeira movimentação do tap)
desligamento de uma linha 2,0 pu durante transitório e 1,4 pu em regime
6.000/controlada
(até a primeira movimentação do tap)
Sobretensões de manobra 6.000/1,0 Máxima tensão média de 1,77 pu, observada no
durante energização (em vazio) final da linha

Desempenho elétrico do sistema de


transmissão CA em meia-onda
Neste item são apresentados os resultados das simulações realizadas
para o sistema de transmissão CA em meia-onda para uma potência trans-
mitida de 6.000 MW.
O caso base utilizado nas simulações correspondeu à configuração do
ano 2016, carga pesada. O sistema de transmissão CA em meia-onda foi re-
presentado na tensão 1.000 kV, com duas linhas de transmissão de potência
característica de 6.000 MW e transformadores 1.000/500 kV nas SEs termi-
nais. Foi considerado sistema de transmissão ponto a ponto, com a potência
de 6.000 MW sendo entregue na SE 500 kV Araraquara (SE receptora).
Os parâmetros das linhas de transmissão em meia-onda foram:
• R1 = 0,01272 Ω/km.
• X1 = 0,2153 Ω/km.
• Y1 = 7,6354 μΩ-1/km.

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Com esses valores foram obtidas:

• Impedância característica:
X1 0,2153
Zc = = = 167,92 Ω
Y1 7,6354 ∗10 −6

• Velocidade da onda:
1 1 m
v= = = 294.038
X1 ∗Y1 0,2153* 7,6354 *10 −6 μs
ω2 377 2

A potência característica das LTs, para 1.000 kV, resultou igual a:

V 2 1.000 2
Pc = = = 5.955 MW
Z c 167,92

O comprimento das LTs para operarem na condição de meia-onda re-


sultou igual a:

294.038 ∗ 8, 333
l = v ∗t = = 2.450 km
1.000

As linhas de transmissão em meia-onda foram representadas por 10


trechos de 245 km cada. Para efeito de otimização das perdas no sistema em
meia-onda, os taps dos transformadores nas extremidades das LTs foram
ajustados num valor em torno de 0,7 pu, de modo que cada linha de trans-
missão tivesse a potência característica ajustada para 3.000 MW.
Os resultados de fluxo de potência obtidos para a condição de meia-onda
(10 trechos de 245 km cada) foram:

• Taps dos transformadores 1.000/500 kV na SE emissora: 0,673 pu


do lado 500 kV.

• Taps dos transformadores 1.000/500 kV na SE receptora: 0,736 pu


do lado 500 kV.

114 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

• Tensões no sistema:
▷ SE emissora 500 kV: 1,059 pu.
▷ SE receptora 500 kV: 1,057 pu.
▷ Sistema 1.000 kV: foi obtido o perfil com os valores extremos:
0,779 pu (SE emissora) e 0,710 pu (SE receptora).

• Potência em cada LT 1.000 kV: 2.995 MW, com perda de 636,4 MW


(por LT).

• Diferença angular entre as extremidades das LTs meia-onda: 180,5°.

As simulações dos transitórios eletromecânicos foram efetuadas para os


seguintes defeitos aplicados no sistema:

• Defeito 1: Defeito monofásico na barra da SE emissora 1.000 kV


(100 ms), seguido da abertura de 1 circuito 1.000 kV da LT meia-onda.

• Defeito 2: Defeito trifásico na barra da SE emissora 500 kV durante


100 ms.

• Defeito 3: Defeito trifásico na barra da SE receptora 500 kV durante


100 ms.

Nas simulações dos três (3) defeitos, foi verificado o bom desempenho
do sistema, com um bom nível de amortecimento.
As figuras 24 a 33 apresentam os resultados obtidos na simulação do defeito 1.

Figura 24: Ângulo das máquinas da UHE no lado da SE emissora

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Figura 25: Ângulo das máquinas da UHE no lado da SE receptora

Figura 26: Frequência das máquinas da UHE no lado da SE emissora

Figura 27: Frequência das máquinas da UHE no lado da SE receptora

116 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Figura 28: Potência elétrica das máquinas da UHE no lado da SE emissora

Figura 29: Tensões nas barras das SEs emissora e receptora 500 kV

Figura 30: Tensões nas barras da LT 1.000 kV (próximas à SE emissora)

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Figura 31: Tensões nas barras da LT 1.000 kV (meio da LT)

Figura 32: Tensões nas barras da LT 1.000 kV (próximas a SE receptora)

Figura 33: Fluxo ativo na LT 1.000 kV remanescente

118 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Definições de alternativas CA meia-onda e CC


O estudo de cada alternativa começa com a determinação do condutor
econômico (seção de alumínio). Em seguida, serão calculados os custos de
instalação das linhas, perdas Joule, perdas corona e, quando aplicáveis, cus-
tos correspondentes às subestações terminais, conversoras CA/CC e even-
tuais custos adicionais.

Alternativas CA meia-onda
As alternativas CA meia-onda devem apresentar as seguintes características:
• transmissão de até 6.000 MW (valor na carga).
• dois circuitos meia-onda.
• distância de 2.500 km (pouco mais de meia-onda a 60 Hz).
• tensões nominais 765 kV e 1.000 kV.
• condutores CAA (alumínio com alma de aço) adequado.
• feixes de 4, 6, 8 e 10 condutores.
• potências características de 3.000, 4.500 e 6.000 MW para as linhas
de meia-onda.

Inicialmente será feita uma seleção de condutores com base no critério


do condutor econômico. Em seguida, serão definidas algumas configurações
para cálculo dos parâmetros da linha. As configurações que resultarem nas
potências características desejadas serão verificadas em relação ao critério
do gradiente máximo.

Cálculo do condutor econômico

Foram definidas configurações que proporcionam potências característi-


cas de 6.000 MW, 4.500 MW e 3.000 MW, para tensões nominais de 765 kV e
1.050 kV. Para a tensão de 765 kV, foram utilizados feixes (bundle) com N = 4,
6 e 8 subcondutores, e, para 1.000 kV, N = 8 e 10 subcondutores.
O custo da linha aumenta com a utilização de um condutor de maior
seção de alumínio, considerando tensão e geometria constantes. Por outro
lado, as perdas são reduzidas com o aumento da seção. O condutor econô-
mico é aquele que apresenta a menor soma dos custos da linha e das perdas
durante um intervalo de tempo definido, por exemplo, ao longo de um ano.

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Como apresentado no capítulo 3, dados o tipo da torre, a tensão máxima


da linha e o número de subcondutores por fase, o custo anual por quilômetro
de uma linha pode ser expresso em função de S1 (seção de alumínio de um
condutor do feixe em MCM) na forma A+B ∗ S1, onde A e B são constantes.
O custo anual por quilômetro das perdas Joule da linha também pode ser
expresso em função de S1, na forma C/S1, como será apresentado a seguir.
Considerando as expressões anteriores, a seção S1 que minimiza a soma
dos custos da linha e das perdas Joule é, portanto, igual a

C B (3)

O custo anual por quilômetro das perdas corona não é função direta da
seção S1, pois depende do gradiente elétrico superficial. Além disso, os cus-
tos das perdas corona, conforme poderá ser verificado nos resultados, são
bem pequenos em relação aos custos da linha e das perdas Joule. Para evitar
cálculos iterativos que não trariam variações significativas no resultados, as
perdas corona não serão consideradas na definição do condutor econômico.
As expressões utilizadas para os custos das linhas (CL), bem como o fa-
tor de recuperação de capital (FRC) para converter os custos totais em cus-
tos anuais foram definidos no capítulo 3:

CLCA, Chainette = -221.076 + 1.068,3 ∗ V + N ∗ S1 (2,1374 ∗ N + 64,5) (R$/km) (4)

CLCA, Cross-rope = 136.159 + 437,86 ∗ V + N ∗ S1 (2,4193 ∗ N + 59,714) (R$/km) (5)

⎛ j ⎞ (4)
FRC = 1,1⎜ 0,02 + −n ⎟
⎝ 1− (1+ j) ⎠

O custo das perdas Joule (CJ) é dado pela expressão:


ρ ⎛ P⎞
2
C
CJ = ⎜⎝ ⎟⎠ ( CP + Ce *lf * 8760 ) = (5)
S V S

Onde:
P = potência máxima transmitida.
V = tensão operativa durante período de potência máxima.
lf = fator de perdas.
ρ = resistividade do alumínio = 58 Ω/m, em MCM.

120 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

S = seção transversal do feixe = N ∗ S1, em MCM.


CP = custo da demanda, em R$/km, aqui considerada = 0.
CE = custo da energia, em R$/km, aqui considerada = R$ 138/MWh.

Foram considerados os dados de durações de potências da tabela 10,


medidas no final da linha (terminal receptor). Para atender ao critério N-1,
haverá duas linhas em operação.

Tabela 10: Durações de potência para cálculo do condutor econômico


Potência transmitida Potência transmitida Duração
por duas linhas (MW) por uma linha (MW) (di)
6.000 3.000 8,33%
4.500 2.250 41,67%
3.600 1.800 50,00%

O fator de perdas calculado a partir da tabela anterior é lf = 0,7.

Para que as perdas Joule sejam minimizadas, considera-se que a tensão


operativa será ajustada apropriadamente, de acordo com a tabela 11 a seguir.

Tabela 11: Valores de tensão operativa para minimizar perdas Joule


Tensão operativa
Potência característica Potência transmitida
(pu da tensão nominal,
nominal da linha (MW) por uma das linhas (MW)
1.000 kV ou 765 kV)
3.000 0,71
6.000 2.250 0,61
1.800 0,60*
3.000 0,82
4.500 2.250 0,71
1.800 0,63
3.000 1,00
3.000 2.250 0,87
1.800 0,77
* Considerado limite mínimo do tap

Foram considerados os dois tipos de torre CA cujas funções de custo são


determinadas no capítulo 3. Alguns exemplos das expressões a ser utilizadas
na determinação do condutor econômico para cada uma das configurações
estão resumidos na tabela 12 a seguir.

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Tabela 12: Exemplos de valores de custo anual


das linhas e das perdas Joule, em função de S1
Tensão Potência Número de Custo anual da linha Custo anual
Tipo
nominal característica subcondutores incluindo manutenção das perdas Joule
de torre
(kV) (MW) (N) (A+B * S1), R$/km (C/S1), R$/km
Chainette 765 4.500 4 87.867,20 + 40,524 S1 280.634.570 / S1
Chainette 765 3.000 4 87.867,20 + 40,524 S1 188.698.685 / S1
Chainette 765 3.000 6 87.867,20 + 64,343 S1 125.799.123 / S1
Chainette 1.000 6.000 8 132.315,05 + 90,534 S1 109.533.017 / S1
Cross-rope 765 4.500 4 67.463,96 + 38,495 S1 280.634.570 / S1
Cross-rope 1.000 6.000 8 85.681,63 + 87,726 S1 109.533.017 / S1
Cross-rope 1.000 6.000 10 85.681,63 + 116,368 S1 87.626.414 / S1

Foram definidos os condutores econômicos para cada uma dessas situa-


ções, conforme exemplos da tabela 13 a seguir. Para facilitar a referência, foi
criado um código para cada uma das configurações, na primeira coluna da
tabela, onde a letra “A” indica torre Chainette e “B” indica torre Cross-rope.

Tabela 13: Condutores econômicos definidos para diversas combinações de


tensão nominal, potência característica desejada e número de subcondutores
Silhueta Tensão Potência Número de Condutor
Configuração
de torre nominal (kV) característica (MW) subcondutores (N) econômico (S1)
4A Chainette 765 4.500 4 2.515 MCM*
7A Chainette 765 3.000 4 2.156 MCM
8A Chainette 765 3.000 6 1.431 MCM
10A Chainette 1.000 6.000 8 1.113 MCM
4B Cross-rope 765 4.500 4 2.515 MCM*
10B Cross-rope 1.000 6.000 8 1.113 MCM
11B Cross-rope 1.000 6.000 10 874,5 MCM
* Bitola máxima comercial para cabos CAA

Silhueta das linhas CA

Como será visto a seguir, para as linhas CA meia-onda é necessário de-


terminar a geometria das torres, de forma que a potência característica bem
como os gradientes superficiais de cada configuração possam ser calculados.
As distâncias mínimas e flechas consideradas (figuras 34 e 35, tabela
14) foram determinadas a partir dos resultados apresentados no capítulo 2.

122 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Figura 34: Silhueta compacta, torre Chainette

Figura 35: Silhueta não compacta, torre Cross-rope

Tabela 14: Distâncias mínimas e flechas utilizadas nas silhuetas


df (m) hmin (m) flecha (m) ph (m) pv (m)
Silhueta compacta (765 kV) 9,1 15,5 23,5 10 10
Silhueta não compacta (1.000 kV) 15,3 23 23,5 10 10
Silhueta compacta (765 kV) 9,1 15,5 23,5 12 12
Silhueta não compacta (1.000 kV) 15,3 23 23,5 15 15

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Cálculo das potências características

Com os dados da tabela, foram calculadas as coordenadas dos condu-


tores de fase e para-raios para diâmetro do feixe (db) iguais a 1, 2 e 3 metros.
Com a utilização do programa Alternative Transients Program (ATP),
mais especificamente o módulo Line Cable Constants (LCC), foram calcu-
ladas as potências características para cada uma das configurações, e foram
traçados gráficos, conforme figuras a seguir.
Conforme observado na figura 36, não é possível atingir a potência carac-
terística de 6.000 MW em 765 kV com nenhuma das configurações de torre.

Figura 36: Potência característica em função do diâmetro do feixe, 765 kV.


Objetivo: Potência característica = 6.000 MW

124 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
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De acordo com a figura 37, também não é possível atingir a potência


característica de 4.500 MW em 765 kV com nenhuma das configurações.

Figura 37: Potência característica em função do diâmetro do feixe, 765 kV.


Objetivo: Potência característica = 4.500 MW

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Conforme figura 38, a potência característica de 3.000 MW em 765 kV


é atingida com a configuração 7A, com um feixe de diâmetro 1,34 m, e com
a configuração 7B, com um feixe de diâmetro 1,82 m. Para verificar as dife-
renças em relação ao gradiente de tensão e perdas corona, também serão se-
lecionadas a configuração 8A, com um feixe de diâmetro 1,0 m, e a 8B, com
feixe de diâmetro 1,30 m.

Figura 38: Potência característica em função do diâmetro do feixe, 765 kV.


Objetivo: Potência característica = 3.000 MW

126 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
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Na figura 39, observa-se que a potência característica de 6.000 MW


em 1.000 kV é atingida com a configuração 10A com um feixe de diâmetro
3,0 m. Para fins de comparação, será selecionada também a configuração
11B, com um feixe de diâmetro 3,46 m, alternativa cujos custos serão avalia-
dos apesar do diâmetro excessivo do feixe.

Figura 39: Potência característica em função do diâmetro do feixe, 1.000 kV.


Objetivo: Potência característica = 6.000 MW

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De acordo com a figura 40, a potência característica de 4.500 MW em


1.000 kV é atingida com a configuração 12A, com um feixe de diâmetro
0,95 m, e com a configuração 12B, com um feixe de diâmetro 1,18 m.

Figura 40: Potência característica em função do diâmetro do feixe, 1.000 kV.


Objetivo: Potência característica = 4.500 MW

128 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
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Por fim, na figura 41, verifica-se que não é possível atingir a potência
característica de 3.000 MW em 1.000 kV com nenhuma configuração, por
dificuldades mecânicas em implementar um feixe de diâmetro excessiva-
mente reduzido.

Figura 41: Potência característica em função do diâmetro do feixe, 1.000 kV.


Objetivo: Potência Característica = 3.000 MW

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Buscando-se aproximar da potência característica desejada de 3.000 MW,


utilizou-se a torre Cross-rope com um aumento na distância entre fases (de
15,3 para 18 metros). Foi obtido um valor de potência característica próximo a
4.180 MW para o condutor 795 MCM (Tern). Com esse valor de potência ca-
racterística, o condutor econômico foi recalculado, passando a ser 954 MCM
(Rail), com uma potência característica de 4.187 MW.
Para que esse valor fosse mais próximo de 3.000 MW, seria necessário
aumentar muito a distância entre fases – o que exigiria uma faixa de passa-
gem significativamente mais larga –, ou reduzir ainda mais o diâmetro do
feixe. Os custos dessa configuração, chamada de 16B, serão avaliados, apesar
de esta exigir uma faixa de passagem maior que as outras opções.
As configurações selecionadas nas figuras anteriores encontram-se re-
sumidas na tabela 15.

Tabela 15: Projetos de linha que atingem as potências características desejadas


Potência Número de Diâmetro
Tensão Condutor
Configuração característica subcondutores do feixe Silhueta
(kV) (MCM)
nominal (MW) (N) (m)
7A 765 3.000 4 2.156 1,34 Compacta
7B 765 3.000 4 2.156 1,82 Não compacta
8A 765 3.000 6 1.431 1,00 Compacta
8B 765 3.000 6 1.431 1,30 Não compacta
10A 1.000 6.000 8 1.113 3,00 Compacta
11B 1.000 6.000 10 874,5 3,46 Não compacta
12A 1.000 4.500 8 954 0,95 Compacta
12B 1.000 4.500 8 954 1,18 Não compacta
16B 1.000 4.187 8 954 1,00 Não compacta

Gradiente máximo na superfície dos condutores

Foi definido que os projetos de linha deveriam atender ao seguinte crité-


rio: os gradientes máximos superficiais seriam no máximo 95% do gradiente
de início da corona visível.
Para o cálculo do gradiente de início da corona visível, foram conside-
rados os seguintes dados:

• Altitude média da linha de transmissão: 300 m.


• Temperatura média: 23 °C.

130 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


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A pressão atmosférica ao nível do mar é de 760 torr e a cada 8 m de al-


titude ela cai cerca de 1 mbar. Com 300 m há uma queda de 37,5 mbar =
28,13 torr. Consequentemente a pressão atmosférica a 300 m é de 731,87 torr.
De acordo com [2], o gradiente de início da corona visível é calculado por:

⎛ 0, 301 ⎞
EC = 30 * m * δ ⎜ 1+ ⎟
(6)
⎝ δ ⋅r ⎠

Onde:
Ec = gradiente de início da corona (kV/cm).
r = raio do condutor (cm) .
m = fator de irregularidade da superfície do condutor.
δ = densidade relativa do ar.

O cálculo de δ é dado por:

⎛ 273 + t 0 ⎞ ⎛ p ⎞
δ =⎜ (7)
⎝ 273 + t ⎟⎠ ⎜⎝ p0 ⎟⎠
*

Onde t é a temperatura, p é a pressão do ar, t0 = 25 °C e p0 = 760 torr.


Substituindo t por 23 °C e p por 731,87 torr em (7), temos:

δ = 0,9695

Foi adotado o valor de 0,8 para m. Para o cálculo do gradiente foram


considerados os casos que são apresentados na tabela 7.
Os valores de gradiente de início da corona visível, bem como os gra-
dientes máximos superficiais – obtidos por meio de programa digital apro-
priado – estão apresentados na tabela 16 a seguir.

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Tabela 16: Gradientes de início da corona visível e


gradientes superficiais para as alternativas meia-onda
95% Ec Gradiente máximo
Configuração
(kVpico/cm) (kV/cm)
7A 26,6 25,2
7B 26,6 26,9
8A 27,1 22,2
8B 27,1 23,5
10A 27,4 27,8
11B 27,7 26,9
12A 27,6 25,5
12B 27,6 26,3
16B 27,8 24,9

Comparando-se os valores de gradiente máximo com os valores de gra-


diente para início da corona, verifica-se que apenas as configurações 7B e
10A não passaram por esse critério.
Dessa forma, as configurações 7B e 10A passarão a utilizar condutores
com maior raio, conforme tabelas 17 e 18 a seguir.

Tabela 17: Projetos de linha para os novos casos 7B e 10A


Potência Número de Diâmetro
Tensão Condutor
Configuração característica subcondutores do feixe Silhueta
(kV) (MCM)
nominal (MW) (N) (m)
7B 765 3.000 4 2.312 1,80 Não compacta
10A 1.000 6.000 8 1.192,5 2,90 Compacta

Tabela 18: Gradiente de início da corona visível e


gradientes superficiais para os novos casos 7B e 10A
95% Ec Gradiente máximo
Configuração
(kVpico/cm) (kV/cm)
7B 26,57 26,35
10A 27,36 26,91

Valorização das alternativas

A valorização será realizada calculando-se os custos anuais das linhas,


subestações, bem como os custos operacionais (perdas e manutenção).

132 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Custo anual das linhas (incluindo manutenção)

Para se calcular os custos anuais da linha, incluindo a manutenção, apli-


cam-se, a cada uma das soluções das tabelas 15 e 17, as expressões A+B ∗ S1
da tabela 12, em função da tensão máxima, número de subcondutores e con-
dutor utilizado.
Deve-se notar que, na saída de uma linha, toda a potência deveria ser
transmitida pela outra linha. Então, cada linha deveria ser projetada para su-
portar uma sobretensão sustentada de valor 6.000 MW/(potência caracterís-
tica nominal), em valores por unidade, ou seja, 2 pu, 1,43 pu e 1,33 pu para
potência característica de 3.000 MW, 4.182 MW e 4.500 MW. Por isso, deve
ser considerada uma diferença no custo da linha (penalidade).
Para estimar essa penalidade de modo simplificado, foi utilizada a me-
todologia apresentada no capítulo 3.

Custo de perdas Joule

Para se calcular os custos de perdas Joule, devem ser aplicadas as expres-


sões C/S1 da tabela 12, em função da tensão nominal, número de subcondu-
tores e condutor utilizado.

Custo de perdas corona

O custo das perdas corona é calculado de acordo com a metodologia


apresentada no capítulo 3.

Subestações e equipamentos

De acordo com informações de fabricantes, os bancos de autotransfor-


madores devem ter uma potência nominal de no máximo 1.000 MVA. Dessa
forma, estão previstos seis transformadores de 1.000 MVA. Por outro lado,
considera-se que quatro bancos de transformadores de 1.500 MVA para CC
são factíveis. Portanto, serão calculados os custos de conexão dos dois trans-
formadores adicionais no sistema de meia-onda.

CAPÍTULO 4 133
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Devem ser usados autotransformadores e transformadores com adequa-


da faixa de taps para operar a linha com minimização de perdas (+5% a -40%).
Pode ser necessário compensar a defasagem natural da linha de meia-
onda (180°) e o ângulo do sistema nas barras terminais (± 30°), para não
afetar o fluxo de potência de linhas paralelas. A defasagem de 180° será ob-
tida se, nos transformadores do terminal receptor, houver uma defasagem
de 180° entre o primário e o secundário.
Ainda conforme informações de fabricantes, considera-se que o equi-
pamento defasador, bem como o transformador regulador, não estão dis-
poníveis no mercado para tensões acima de 345 kV.
A proposta de configuração para as subestações transmissora e recep-
tora do sistema de transmissão CA meia-onda é apresentada na figura a se-
guir. Quando o terminal gerador estiver isolado do restante do sistema elé-
trico, o equipamento defasador pode ser eliminado.
O trecho tracejado corresponde a uma parte dos custos que é comum
às alternativas CA meia-onda e CC e que, por isso, não será considerada
nos custos.

Subestação Subestação
transmissora receptora
500 / 765 ou 1.000 -40%
765 ou 1.000 kV -40% Linha meia-onda, /500 kV
500 kV 765 kV ou 2.500 km 765 kV ou
1.000 MVA 1.000 MVA
500 kV
1.000 kV 1.000 kV

1.000 MVA 1.000 MVA

1.000 MVA 1.000 MVA

1.000 MVA 1.000 MVA

1.000 MVA 1.000 MVA

1.000 MVA 1.000 MVA

Figura 42: Configuração das subestações do sistema de transmissão CA meia-onda

Deve ser previsto equipamento para controle de reativo (controlável


indutivo/capacitivo). A correção do fator de potência se faz necessária para
evitar tensão excessiva permanente na linha. Admitindo que o fator de po-
tência não seja inferior a 0,98, a potência reativa necessária resulta Q = 6.000
∗ (tag(arc cos 0,98)) = 1.200 Mvar. O custo de um compensador estático com
essa potência reativa é apresentado no capítulo 3.

134 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Para o custo da subestação CA meia-onda da figura 42, deverão ser


computados:

• em ambos os terminais:
▷ 6 x 1.000 MVA de bancos de autotransformadores reguladores
500/765 kV ou 500/1.000 kV, com faixa de taps +5/-40%.
▷ seis conexões de transformadores em 765 ou 1.000 kV.
▷ duas entradas de linha em 765 ou 1.000 kV.
▷ quatro interligações de barra em 765 ou 1.000 kV.
▷ duas conexões adicionais de transformadores em 500 kV.
▷ uma interligação adicional de barra em 500 kV.
▷ módulos de infraestrutura geral e de manobra para as conexões
acima.

• em caso de operação da linha em meia-onda em paralelo com o sis-


tema elétrico, em um dos terminais:
▷ 6 x 1.000 MVA de defasadores 180° ±30°.
▷ 6 x 1.000 MVA de bancos de autotransformadores 500/345 kV.
▷ Diferença no custo dos transformadores reguladores, que passa-
rão a ser 345/765 kV ou 345/1.000 kV.

Considerando-se um percentual de 0,6% de perdas nos transformadores


(0,3% x 2 terminais), o custo dessas perdas é dado por 0,6% ∗ 6.000 MW ∗
R$ 138/MWh ∗ 8.760 h/ano ∗ 0,7 = R$ 30,5 milhões/ano.
Considera-se um percentual de 0,3% de perdas nos defasadores e mais
0,3% de perdas nos transformadores 500/345 kV = R$ 30,5 milhões/ano.
Os dados de custo para as subestações 500/765 kV e 500/1.000 kV es-
tão nas tabelas a seguir:

CAPÍTULO 4 135
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Tabela 19: Custo de subestações 500/765 kV do sistema CA meia-onda


(valores em milhões de R$)
Custo unitário Total Total anual
Item Qtde.
(R$) (R$) (R$/ano)
Banco de autotransformadores 1.000 MVA,
2x6 48,5 582,0 80,7
500/765 kV, com faixa de taps +5/-40%
Perdas Joule nos transformadores 30,5
Conexão de transformador (765 kV) 2x6 8,755 105,1 14,6
Entrada de linha (765 kV) 2x2 9,965 39,9 5,5
Interligação de barra (765 kV) 2x4 10,555 84,4 11,7
Conexão de transformador (500 kV) adicional 2x2 5,571 22,3 3,1
Interligação de barra (500 kV) adicional 2x1 5,900 11,8 1,6
Módulo de infraestrutura (geral e de manobra)
2 14,420 28,8 4,0
para as conexões acima
Conexões e módulos de infraestrutura 292,3 40,5
Total subestações 151,7
Defasadores 180° ± 30° 1x6 35,0 210,0 29,1
Banco de autotransformadores 1.000 MVA,
1x6 17,3 103,8 14,4
500/345 kV, necessários para os defasadores
Diferença de custo nos transformadores
reguladores em um dos terminais (345/765 kV 1x6 -2,4 -14,6 -2,0
- 40% no lugar de 500/765 kV - 40%)
Total defasagem 299,3 41,5
Correção do fator de potência no receptor 87,4 12,1
Nota: Defasadores e transformadores: valores informais obtidos de fabricantes tradicionais; demais valores
obtidos do banco de preços Aneel, referência dez/2008 [10]

136 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 20: Custo de subestações 500/1.000 kV do sistema CA meia-onda


(valores em milhões de R$)
Custo unitário Total Total anual
Item Qtde
(R$) (R$) (R$/ano)
Banco de autotransformadores 1.000 MVA,
2x6 53,4 640,8 88,9
500/1.000 kV, com faixa de taps +5/-40%
Perdas Joule nos transformadores 30,5
Conexão de transformador (1.000 kV) 2x6 11,939 143,3 19,9
Entrada de linha (1.000 kV) 2x2 13,624 54,5 7,6
Interligação de barra (1.000 kV) 2x4 15,210 121,7 16,9
Conexão de transformador (500 kV) adicional 2x2 5,571 22,3 3,1
Interligação de barra (500 kV) adicional 2x1 5,900 11,8 1,6
Módulo de infraestrutura (geral e de manobra)
2 14,941 29,9 4,1
para as conexões acima
Conexões e módulos de infraestrutura 383,5 53,2
Total subestações 172,5
Defasagem 180° ± 30° 1x6 35,0 210,0 29,1
Banco de autotransformadores 1.000 MVA,
1x6 17,3 103,8 14,4
500/345 kV, necessários para os defasadores
Diferença de custo nos transformadores
reguladores em um dos terminais (345/1.000 kV 1x6 -2,7 -16,0 -2,2
- 40% no lugar de 500/1.000 kV - 40%)
Total defasagem 297,8 41,3
Correção do fator de potência no receptor 87,4 12,1
Nota: Defasadores e transformadores: extrapolados a partir de valores informais obtidos de fabricantes
tradicionais; demais valores extrapolados a partir do banco de preços Aneel, referência dez/2008 [10]

CAPÍTULO 4 137
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Custo total anual das alternativas CA meia-onda

Na tabela 21 a seguir, estão apresentados os custos totais anuais das al-


ternativas CA meia-onda avaliadas.

Tabela 21: Custo total anual das alternativas CA meia-onda


(valores em milhões de R$/ano)
Item 7A 7B 8A 8B 10A 11B 12A 12B 16B
1a Tensão nominal (kV) 765 765 765 765 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000
1b Tensão máxima (kV) 800 800 800 800 1.100 1.100 1.100 1.100 1.100
2 N (subcondutores) 4 4 6 6 8 10 8 8 8
Potência característica
3 3.000 3.000 3.000 3.000 6.000 6.000 4.500 4.500 4.187
(MW)
Tipo da torre(1) C NC C NC C NC C NC NC
4
diâm. feixe (m) 1,34 1,80 1,00 1,30 2,90 3,46 0,95 1,18 1,00
5 Condutor (MCM) 2.156 2.312 1.431 1.431 1.192,5 874,5 954 954 954
6 Custo das linhas 876,2 782,3 899,7 779,3 1.201,4 937,2 1.093,4 846,9 846,9
7 Custo perdas Joule 437,6 408,1 439,5 439,5 459,3 501,0 430,4 430,4 400,5
8 Custo perdas corona 30,1 34,5 5,4 6,0 5,4 3,3 2,4 2,6 1,8
Subtotal:
9 1.343,9 1.224,9 1.344,6 1.224,8 1.666,0 1.441,6 1.526,2 1.279,8 1.249,2
linhas + Joule + corona
Transformadores com
10 80,7 80,7 80,7 80,7 88,9 88,9 88,9 88,9 88,9
regulação +5/-40%
Perdas Joule nos
11 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5
transformadores
Subestações: conexões
12 e módulos de 40,5 40,5 40,5 40,5 53,2 53,2 53,2 53,2 53,2
infraestrutura
Subtotal: subestações e
13 151,7 151,7 151,7 151,7 172,5 172,5 172,5 172,5 172,5
equipamentos
14 Conversoras
Perdas Joule nas
15
conversoras
16 Subtotal: conversoras
17 Subtotal 1.495,0 1.376,6 1.496,4 1.376,5 1.838,5 1.614,1 1.698,7 1.452,3 1.421,7
Adicional correção do
18 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1
fator de potência
Adicional sobretensão
19 230,3 185,4 230,3 185,4 0,0 0,0 105,5 85,0 110,4
6.000/Pc
20 Subtotal 1.738,0 1.574,0 1.738,8 1.574,0 1.850,6 1.626,2 1.816,3 1.549,3 1.544,1
Adicional defasador 41,5 41,5 41,5 41,5 41,3 41,3 41,3 41,3 41,3
Adicional perdas Joule
30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5
no defasador
(1)
Tipo de torre: C = Chainette (compacta); NC = Cross-rope (não compacta)

138 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Alternativas CC
Considerando a alternativa de transmissão em CC, foram consideradas as
seguintes características de configuração para o cálculo econômico sugerido:

• Distância: 2.500 km.


• Número de linhas: 2.
• Número de condutores: 4 e 6.
• Capacidade total: 6.000 MW.
• Tensões: 500 kV, 600 kV, 700 kV e 800 kV.

Cálculo do condutor econômico

O cálculo do condutor econômico pode ser dividido em várias etapas,


conforme apresentado a seguir.

Custo da linha por km

Foi utilizada a equação custo de linha CC por km apresentada no ca-


pítulo 3:

CLCC = 150.266 + 226,68V + N ∗ S1 (2,7602 ∗ N + 45,1) (R$/km) (8)

Onde:
V é a tensão em kV.
N é o número de condutores por polo.
S1 é a secção de um subcondutor em MCM.

Custo das perdas Joule

Para o cálculo do custo das perdas Joule, deve-se inicialmente determi-


nar o valor da perda considerando o carregamento máximo. As perdas Jou-
le são dadas por:
2
1 r ⎛ P max ⎞
ΔP = ⎜ ⎟ (MW/km) (9)
2 N * S1 ⎝ V ⎠

CAPÍTULO 4 139
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Onde:
Pmax é a potência (capacidade) máxima (MW).
r é a resistividade do alumínio = 58 Ω/m ∗ MCM.

Assim, o custo das perdas Joule é dado por:

CJ = ΔP (Cp + Ce ∗ 8.760 ∗ lf (10)

Onde:
Cp é o custo da demanda, em R$/km.
Ce é o custo da energia, em R$/km.
lf é o fator de cargas. E,
2
⎛ MWi ⎞
3
lf = ∑ ⎜ (11)
⎝ MW max ⎟⎠
di
1

Os valores de potência considerados, bem como as durações correspon-


dentes, são os mesmos das alternativas CA meia-onda, conforme tabela 10.
Da mesma forma, o valor do fator de perdas lf é igual a 0,70. Os valores ado-
tados para Cp e Ce são 0,0 e 138,00 R$/MWh, respectivamente.
Portanto, a partir de (9) e (10), a expressão para o custo das perdas Joule
pode ser representada por:

C1 C1 C (12)
CJ = = =
S N * S1 S1

Manutenção

Foi admitido o custo anual de manutenção igual a 2% do custo para as


linhas e conversoras.

Custo anual da linha por km

O custo anual de construção por quilômetro é dado por:

CanualL = 1,1 ∗ (0,02 + k) ∗ [150.266 + 226,68V + N ∗ S1 (2,7602 ∗ N + 45,1)] (R$ ∗ ano/km) (13)

140 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Onde:
1,1 é o juros durante a construção.
0,02 é o custo anual de 2% de manutenção e operação, conforme definido.
k é o fator de amortização da linha.

O fator de amortização k é dado por:


j
k= (14)
1− (1+ j)− n

Considerando a vida útil (n) da linha igual a 30 anos e uma taxa de ju-
ros (j) igual a 10% a.a., o valor de k é igual a 0,106.
O custo anual da linha (CanualL) pode ser representado por CanualL =
A + B ∗ S1 e considerando que o custo das perdas Joule (CJ) é dado pela re-
lação C/S1, a secção econômica pode ser definida por:

C
S1 = (15)
B

A tabela 22 apresenta os condutores econômicos definidos, consideran-


do diferentes níveis de tensão e número de subcondutores.

Tabela 22: Condutores econômicos definidos para


diversos níveis de tensão nominal e número de subcondutores
Tensão nominal Potência Número de Condutor econômico
(kV) (MW) subcondutores (N) (S1)
800* 6.000 4 1.780 MCM
800* 6.000 4 2.156 MCM
800* 6.000 6 1.780 MCM
700 6.000 4 2.010 MCM
600 6.000 4 2.344 MCM
500 6.000 4 2.536 MCM
* O valor proposto para o condutor econômico busca atender aos critérios técnicos (por exemplo,
valor de máximo gradiente) e menor custo global

CAPÍTULO 4 141
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Perdas corona

As perdas corona são calculadas utilizando-se a metodologia apresen-


tada no capítulo 3.
Para o cálculo de energia perdida anual, adota-se 20% de tempo ruim e
80% bom e também o valor lf =1,0.

Custo das conversoras

Conforme apresentado no capítulo 3, de acordo com a referência [2], o


custo da conversora é calculado por:

Cconv = 1,74 ∗ 1,5 ∗ 0,698 ∗ V0,317 ∗ P0,557 ∗ 106 (R$) (16)

Onde:
V é a tensão em kV.
P é a potência em MW.

O custo anualizado para as conversoras é dado por:

Canual_conv = (0,02 + k) ∗ [1,74 ∗ 1,5 ∗ 0,698 ∗ V0,317 ∗ P0,557 ∗ 106] (R$/ano) (17)

Nota: Para ajustar o valor da equação 16 com o preço do bipolo I do sis-


tema de transmissão do Rio Madeira (US$ 646 milhões para 3.150 MW), o
fator 1,5, equação 16, deveria ser modificado para 1,365 [12],[13]. Dessa for-
ma, o custo anual para as conversoras seria dado por:

Canual_conv = 1,1 ∗ (0,02 + k) ∗ [1,74 ∗ 1,5 ∗ 0,698 ∗ V0,317 ∗ P0,557 ∗ 106] (R$/ano) (18)

Custo de perdas nas conversoras

O valor das perdas máximas nas conversoras (dois terminais) será con-
siderado igual a 1,5% da potência total máxima. Assim:
1,5
CPconv = * P max*10 3 *(Cp + Ce * 8760 * If ) (22)
100

142 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Considerar If para as situações anteriores igual a 0,70. Os valores adota-


dos para Cp e Ce são 0,0 e 138,00 R$/MWh, respectivamente.

Custos das alternativas

O custo total das alternativas é função que relaciona a soma das parce-
las: ativos + perdas. A tabela 23 apresenta as soluções obtidas para todas as
alternativas propostas.

Tabela 23: Soluções obtidas para todas as alternativas propostas


(valores em milhões de R$/ano)
Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5 Caso 6
CC CC CC CC CC CC
1 Tensão nominal (kV) 500 600 700 800 800 800
2 N (subcondutores) 4 4 4 4 4 6
3 Condutor (MCM) 2.536 2.220 1.903 1.780 2.156 1.780
4 Potência característica (MW) – – – – – –
Compacta (C) /
5 – – – – – –
Não compacta (NC)
6 Custo das linhas 577,34 543,85 510,21 506,81 565,33 686,18
Custo adicional das linhas para
7 – – – – – –
suportar sobretensão 6.000/PC
8 Custo perdas Joule 435,45 345,46 296,11 242,34 200,08 161,56
Custo perdas corona 15,30 36,54 53,53 60,89 55,36 37,62
10 Subtotal: linhas + Joule + corona 1.028,09 925,85 859,85 810,04 820,77 885,36
11 Transformadores – – – – – –
12 Perdas nos transformadores – – – – – –
Subestações: módulos de
13 – – – – – –
infraestrutura e manobra
Custo adicional dos
14 transformadores – – – – – –
com tap +5/-30%
15 Custo adicional do defasador – – – – – –
16 Correção fp receptor – – – – – –
Subtotal: subestações e
17 – – – – – –
equipamentos
18 Conversoras 284,59 301,53 316,63 330,32 330,32 330,32
19 Perdas Joule nas conversoras 76,16 76,16 76,16 76,16 76,16 76,16
20 Subtotal: conversoras 360,75 377,69 392,79 406,48 406,48 406,48
21 Total (R$/ano) 1.388,84 1.303,54 1.252,64 1.216,52 1.227,25 1.291,84

CAPÍTULO 4 143
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Comparação entre as alternativas CA meia-onda e CC


Com o objetivo de melhor apresentação, a tabela 24 apresenta um resu-
mo do custo total anual definido para as alternativas CA meia-onda e CC. As
configurações CA meia-onda com a silhueta compacta apresentaram custos
maiores que as correspondentes configurações não compactas, e por isso fo-
ram omitidas nesta tabela. Todas as configurações CC selecionadas para essa
tabela utilizaram quatro condutores por polo.
Observa-se que a alternativa de transmissão com menor custo total
anual do sistema é a denominada “Caso 4 CC” (800 kV, 4 x 1.780 MCM). As
alternativas CA meia-onda de menores custos são a “12B” e a “16B” (ambas
em 1.000 kV, 8 x 954 MCM) com valores de potência característica diferen-
tes, e valores de custo muito próximos. Elas apresentam custo equivalente a
127% da melhor alternativa CC, de acordo com o item 20 da tabela. A dife-
rença de custo entre as alternativas aumenta se for considerado o custo de
compensação da defasagem natural das linhas de meia-onda, para que não
se afete o fluxo de potência das linhas paralelas.
No subtotal do item 20 da tabela, são inclusos os custos da correção do
fator de potência, bem como o acréscimo no custo da linha para suportar a
sobretensão observada quando a potência transmitida é maior que a potên-
cia característica. Mesmo que esses itens fossem hipoteticamente desconsi-
derados, o menor custo ainda seria da alternativa CC, pois o custo da melhor
alternativa CA seria 13% maior.
Vale observar que, para as condições estabelecidas neste estudo, os cus-
tos da linha CA meia-onda, item 9 (não incluindo módulos de conexão, in-
fraestrutura e transformadores) são superiores aos custos do sistema CC
completo, linha 17 (incluindo conversoras).

144 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 24: Custo total anual das alternativas CA meia-onda e CC


(valores em milhões de R$/ano)
Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5 Caso 6
Item   7B 8B 11B 12B 16B
CC CC CC CC CC
1a Tensão nominal (kV) 765 765 1.000 1.000 1.000 600 700 800 800 800
1b Tensão máxima (kV) 800 800 1.100 1.100 1.100 600 700 800 800 800
2 N (subcondutores) 4 6 10 8 8 4 4 4 4 6
Potência característica
3 3.000 3.000 6.000 4500 4187 – – – – –
(MW)
Tipo da torre(1) NC NC NC NC NC
4 – – – – –
diâm. feixe (m) 1,80 1,30 3,46 1,18 1,00
5 Condutor (MCM) 2.312 1.431 874,5 954 954 2.220 1.903 1.780 2.156 1.780
6 Custo das linhas 782,3 779,3 937,2 846,9 846,9 543,85 510,21 506,81 565,33 686,18
7 Custo perdas Joule 408,1 439,5 501,0 430,4 400,5 345,46 296,11 242,34 200,08 161,56
8 Custo perdas corona 34,5 9,2 3,3 2,6 1,8 36,54 53,53 60,89 55,36 37,62
Subtotal: linhas +
9 1.224,9 1.228,0 1.441,5 1.279,8 1.249,2 925,85 859,85 810,04 820,77 885,36
Joule + corona
10 Transformadores 80,7 80,7 88,9 88,9 88,9 – – – – –
Perdas Joule nos
11 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 – – – – –
transformadores
Subestações: conexões
12 e módulos de 40,5 40,5 53,2 53,2 53,2 – – – – –
infraestrutura
Subtotal: subestações
13 151,7 151,7 172,5 172,5 172,5 – – – – –
e equipamentos
14 Conversoras – – – – – 301,53 316,63 330,32 330,32 330,32
Perdas Joule nas
15 – – – – – 76,16 76,16 76,16 76,16 76,16
conversoras
16 Subtotal: conversoras – – – – – 377,69 392,79 406,48 406,48 406,48
17 Subtotal 1.377,3 1.379,7 1.614,0 1.452,4 1.421,7 1.303,54 1.252,64 1.216,52 1.227,25 1.291,84
Relação 113% 113% 133% 119% 117% 107% 103% 100% 101% 106%
Adicional correção do
18 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 – – – – –
fator de potência
Adicional sobretensão
19 185,4 185,4 0,0 85,0 110,8 – – – – –
6.000/Pc
20 Subtotal 1.574,8 1.577,2 1.626,1 1.549,4 1.544,1 1.303,54 1.252,64 1.216,52 1.227,25 1.291,84
Relação 129% 130% 134% 127% 127% 107% 103% 100% 101% 106%
Adicional defasador 41,5 41,5 41,3 41,3 41,3 – – – – –
Adicional perdas Joule
30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 – – – – –
no defasador
(1)
Tipo de torre: C = Chainette (compacta); NC = Cross-rope (não compacta)

CAPÍTULO 4 145
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Referências
[1] PROJETO TRANSMITIR. Alternativas não convencionais para
transmissão de energia elétrica: estado da arte. Brasília: Teixeira, 2011.
[2] CIGRÉ. Brochura 388. Impacts of HVDC Lines on the Economics
of HVDC Projects. Joint Working Group B2/B4/C1.17, ago/2009.
[3] SANTOS, M. L. Avaliação do desempenho de linhas de transmissão
de energia elétrica de meia onda. 2010. 77p. Dissertação (Mestrado)
– Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
[4] MARUVADA, P. S. Corona Performance of high-voltage transmis-
sion lines. SRP, Hertfordshire, 2000.
[5] EPRI. Transmission Line Reference Book, 345 and Above. Segunda
edição, 1982.
[6] FDTE. Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica em Longas Distâncias. NT-017-R1-11 - Definição
da Função de Custo para Linha CC e CA, 2011.
[7] SANTOS, M. L.; JARDINI, J. A.; MASUDA, M.; NICOLA, G. L.
C. A Study and Design of Half-Wavelength Lines. In.: IEEE PES
Trondheim PowerTech, 2011, Trondheim.
[8] SANTOS, M. L.; JARDINI, J. A.; MASUDA, M.; SOUSA, T.;
FRONTIN, S. O.; NICOLA, G. L. C. Transmissão de energia por
longas distâncias utilizando alternativas não-convencionais. In.:
XXI SNPTEE Seminário Nacional de Produção e Transmissão de
Energia Elétrica. Florianópolis, 2011 (Artigo completo submetido).
[9] SANTOS, M. L.; JARDINI, J. A.; MASUDA, M.; NICOLA, G. L.
C. Requisitos elétricos para projeto de uma linha de transmissão
de energia elétrica em meia onda. In.: 2010 IEEE / PES Transmis-
sion and Distribution Latin America. São Paulo, 2010.
[10] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Despacho nº
1.531, de 1º de junho de 2010. Disponível em <http://www.aneel.
gov.br/cedoc/dsp20101531.pdf>. Acesso em 14 de janeiro de 2011.
[11] FDTE. Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica em Longas Distâncias. NT-024-R0-11 – Definição
de equipamentos e base técnica para custeamento de sistemas de
transmissão em meia onda, 2011.

146 Comparação Econômica entre Sistemas de Transmissão CC e Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

[12] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Aneel. Do ser-


viço público de transmissão de energia elétrica, que celebram a União
e a Estação Transmissora de Energia S.A. Contrato de concessão No.
012/2009-Aneel. Disponível em <http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/
siget/arq.cfm?arquivo=629>. Acesso em 25 de janeiro de 2012.
[13] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Aneel. Do ser-
viço público de transmissão de energia elétrica, que celebram a União
e a Interligação Elétrica do Madeira S.A. Contrato de concessão n.º
015/2009-Aneel. Disponível em <http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/
siget/arq.cfm?arquivo=632>. Acesso em 25 de janeiro de 2012.

CAPÍTULO 4 147
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

CAPÍTULO 5

Análise de Sensibilidade para Sistemas de


Transmissão CC e CA Meia-onda

Thales Sousa
Milana L. Santos
José A. Jardini
José G. Tannuri

149
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Objetivo
O presente capítulo propõe a análise de sensibilidade em relação ao caso
de referência apresentado no capítulo 4.
As etapas para as estimativas de custo são semelhantes às apresentadas
no referido capítulo 4.

Casos analisados
A seguir são apresentados os casos de sensibilidade analisados.

Caso 1 – Qual deveria ser o custo da conversora, de maneira a impactar


os resultados obtidos para as soluções CA meia-onda e CC?

Para a simulação desse caso, foi considerada a melhor solução CA


meia-onda e CC, (capítulo 4). A partir dessas soluções, foi realizada a com-
paração entre a diferença de custo destas e o custo obtido para as converso-
ras (solução CC). Assim:

Custo Conversora + (custo CA meia-onda - Custo CC)


Fator de Impacto =
Custo Conversora

330,32 + (1.549,4 - 1.216,52)


Fator de Impacto = = 2,01
330,32

Desse modo, pode-se dizer que, para que haja um impacto nos custos
resultante da conversora, esta deveria ter um custo 201% maior.

150 Análise de Sensibilidade para Sistemas de Transmissão CC e CA Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Caso 2 – Considerar 15% menor as perdas para


as soluções CA meia-onda e CC

Considerando as características técnicas da melhor solução CA meia-on-


da e CC obtida no capítulo 4 e considerando a redução de 15% nas perdas (o
que equivale, na prática, a reduzir em 15% o custo da energia), tem-se:

Tabela 1: Custo das alternativas CA meia-onda e CC considerando


uma redução de 15% nas perdas (valores em milhões de R$/ano)
12B Caso 3 Caso 4
Item
CA CC CC
1a Tensão nominal (kV) 1.000 700 800
1b Tensão máxima (kV) 1.100 700 800
2 N (subcondutores) 8 4 4
3 Potência característica (MW) 4.500 – –
Torre (C = Chainette, NC = Cross-rope) NC
4 – –
Diâmetro do feixe (m) 1,18
5 Condutor (MCM) 900 1.780 1.780
6 Custo das linhas 823,2 491,10 506,81
7 Custo perdas Joule 387,8 269,05 205,99
8 Custo perdas corona 2,6 55,37 60,89
9 Subtotal: linhas + Joule + corona 1.213,6 815,52 773,69
10 Transformadores 88,9 – –
11 Perdas Joule nos transformadores 25,9 – –
Subestações: conexões e módulos de
12 53,2 – –
infraestrutura e manobra
13 Subtotal: subestações e equipamentos 167,9 – –
14 Conversoras – 316,63 330,32
15 Perdas Joule nas conversoras – 64,74 64,74
16 Subtotal: conversoras – 381,37 395,06
17 Subtotal 1.381,5 1.196,89 1.168,75
Relação 118% 102% 100%
18 Adicional correção do fator de potência 12,1 – –
19 Adicional sobretensão 6.000/Pc 85,0 – –
20 Subtotal 1.478,6 1.196,89 1.168,75
Relação 126% 102% 100%

Notas:
a. a título de simplificação, para o sistema CA meia-onda, os valores de diâmetro do feixe e de perdas
corona foram considerados praticamente inalterados com a mudança da seção transversal do
condutor utilizado.
b. na tabela acima, não foram considerados os custos do defasador para o sistema CA meia-onda.
c. o condutor do sistema CC para 800 kV ficou inalterado por ser o mínimo para atender ao critério de
corona.

CAPÍTULO 5 151
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Caso 3 – Considerar 10% menor os custos da linha CA meia-onda

Nesse item, o custo da linha CA meia-onda foi considerado 10% menor,


quando comparado à melhor solução apresentada no capítulo 4.

Tabela 2: Custo das alternativas CA meia-onda e CC considerando


uma redução de 10% nos custos da linha CA (valores em milhões de R$/ano)
12B Caso 4
Item
CA CC
1a Tensão nominal (kV) 1.000 800
1b Tensão máxima (kV) 1.100 800
2 N (subcondutores) 8 4
3 Potência característica (MW) 4.500 –
Torre (C = Chainette, NC = Cross-rope) NC
4 –
Diâmetro do feixe (m) 1,18
5 Condutor (MCM) 1.033,5 1.780
6 Custo das linhas 803,0 506,81
7 Custo perdas Joule 397,3 242,34
8 Custo perdas corona 2,6 60,89
9 Subtotal: linhas + Joule + corona 1.202,9 810,04
10 Transformadores 88,9 –
11 Perdas Joule nos transformadores 30,5 –
Subestações: conexões e módulos de
12 53,2 –
infraestrutura e manobra
13 Subtotal: subestações e equipamentos 172,5 –
14 Conversoras – 330,32
15 Perdas Joule nas conversoras – 76,16
16 Subtotal: conversoras – 406,48
17 Subtotal 1.375,4 1.216,52
18 Relação 113% 100%
Adicional correção do fator de potência 12,1 –
Adicional sobretensão 6.000/Pc 85,0 –
Total (com custos adicionais) 1.472,5 1.216,52
Relação 121% 100%

Notas:
a. a título de simplificação, para o sistema CA meia-onda, os valores de diâmetro do feixe e de perdas
corona foram considerados praticamente inalterados com a mudança da seção transversal do
condutor utilizado.
b. na tabela acima, não foram considerados os custos do defasador para o sistema CA meia-onda.

152 Análise de Sensibilidade para Sistemas de Transmissão CC e CA Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Caso 4 – Calcular o custo da solução CC considerando a transmissão


de potência a partir de uma única linha de transmissão

Considerando 6.000 MW de potência a ser transmitida em uma única li-


nha de transmissão em um nível de tensão de 800 kV, tem-se a seguinte solução:

Tabela 3: Custo da solução CC considerando a transmissão de potência


a partir de uma única linha de transmissão (valores em milhões de R$/ano)
12B Caso 4
CA CC
Tensão nominal (kV) 800 800
N (subcondutores) 6 4
Condutor econômico (MCM) 2.118 1.780
Custo das linhas 386,44 506,81
Custo perdas Joule 271,54 242,34
Custo perdas corona 18,81 60,89
Subtotal: linhas + Joule + corona 676,79 810,04
Conversoras 285,46 330,32
Perdas Joule nas conversoras 114,24 76,16
Subtotal: conversoras 399,70 406,48
Total 1.076,49 1.216,52
Relação 88% 100%

Foi considerada a potência de 4.500 MW por polo (que em condição de


sobrecarga de 33% suportaria transmitir 6.000 MW), atendendo ao critério
N-1 na saída de um polo de linha ou conversora.

Caso 5 – Calcular o custo da solução CA, considerando


outra filosofia de operação em relação às perdas Joule

Os custos serão calculados considerando que as tensões operativas não


são ajustadas para minimizar as perdas Joule. Nesse caso, não é mais consi-
derado o custo de uma faixa especial de taps (+5%/-30%), e sim de uma fai-
xa usual (± 5%).
Caso as linhas fossem operadas sempre com tensão nominal, as perdas
Joule seriam, para uma configuração de potência característica 4.500 MW,
igual a 129% das perdas calculadas quando consideradas as tensões ajustadas.
Utilizando-se a mesma razão de aumento nas perdas Joule, têm-se os
valores da tabela a seguir.

CAPÍTULO 5 153
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Tabela 4: Custo das alternativas CA meia-onda e CC considerando outra


filosofia de operação com relação a perdas Joule (valores em milhões de R$/ano)
12B Caso 4
Item
CA CC
1a Tensão nominal (kV) 1.000 800
1b Tensão máxima (kV) 1.100 800
2 N (subcondutores) 8 4
3 Potência característica (MW) 4.500 –
Torre (C = Chainette, NC = Cross-rope) NC
4 –
Diâmetro do feixe (m) 1,18
5 Condutor (MCM) 1.113 1.780
6 Custo das linhas 916,6 506,81
7 Custo perdas Joule 475,9 242,34
8 Custo perdas corona 2,6 60,89
9 Subtotal: linhas + Joule + corona 1.395,1 810,04
10 Transformadores 78,2 –
11 Perdas Joule nos transformadores 30,5 –
Subestações: conexões e módulos de
12 53,2 –
infraestrutura e manobra
13 Subtotal: subestações e equipamentos 161,9 –
14 Conversoras – 330,32
15 Perdas Joule nas conversoras – 76,16
16 Subtotal: conversoras – 406,48
17 Subtotal 1.557,0 1.216,52
18 Relação 128% 100%
Adicional correção do fator de potência 12,1 –
Adicional sobretensão 6.000/Pc 85,0 –
Total (com custos adicionais) 1.654,1 1.216,52
Relação 136% 100%

Notas:
a. a título de simplificação, para o sistema CA meia-onda, os valores de diâmetro do feixe e de perdas
corona foram considerados praticamente inalterados com a mudança da seção transversal do
condutor utilizado.
b. na tabela acima, não foram considerados os custos do defasador para o sistema CA meia-onda.

Caso 6 – Inclusão de configurações em 765 kV


com maior potência característica possível

Considerando um diâmetro máximo do feixe de 3,5 m, as máximas po-


tências características obtidas na tensão nominal de 765 kV são:

154 Análise de Sensibilidade para Sistemas de Transmissão CC e CA Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 5: Configurações de torre para 765 kV com


feixes de 3,5 m de diâmetro e potências características resultantes
Potência Número de
Tensão Condutor Diâmetro Configuração
Casos característica subcondutores
(kV) (MCM) do feixe (m) da torre
nominal (MW) N
17A 3.626 4 2.515* Compacta
17B 3.396 4 2.515* Não compacta
18A 4.054 6 1.590 Compacta
765 3,5
18B 3.773 6 1.590 Não compacta
19A 4.301 8 1.192,5 Compacta
19B 3.989 8 1.192,5 Não compacta
* Condutor CAA de maior diâmetro disponível comercialmente

Os valores de gradiente de início da corona visível, bem como os gra-


dientes máximos superficiais, estão apresentados na tabela 6.

Tabela 6: Gradiente de início da corona visível para


configurações para 765 kV com feixes de 3,5 m de diâmetro
95% Ec Gradiente máximo
Casos
(kVpico/cm) (kV/cm)
17A 26,48 27,17
17B 26,48 28,00
18A 26,99 25,58
18B 26,99 26,55
19A 27,36 23,70
19B 27,36 24,71

As configurações 17A e 17B não atendem ao critério do gradiente su-


perficial de ser menor que 95% do gradiente de início da corona, mesmo uti-
lizando o maior condutor CAA comercial. Mesmo assim, elas são inclusas
nos cálculos seguintes, para fins de comparação.
Os custos totais das configurações são apresentados na tabela 7, bem
como os custos das configurações consideradas no capítulo 4, para fins de
comparação.
As configurações 765 kV com feixes de 3,5 m de diâmetro apresentam
custos maiores que as configurações 765 kV consideradas anteriormente.
Para fins de comparação com as configurações CC, as configurações 19A e
19B foram incluídas na tabela 8.
A inclusão das configurações 765 kV com maior potência característica
possível, considerando um diâmetro máximo de 3,5 m, não alterou as con-
clusões anteriores, já que a alternativa CA meia-onda de menor custo total
tem tensão nominal de 1.000 kV.

CAPÍTULO 5 155
156
Item 7B 8B 17A 17B 18A 18B 19A 19B 11B 12B 16B
1a Tensão nominal (kV) 765 765 765 765 765 765 765 765 1.000 1.000 1.000
1b Tensão máxima (kV) 800 800 800 800 800 800 800 800 1.100 1.100 1.100
2 N (subcondutores) 4 6 4 4 6 6 8 8 10 8 8
3 Potência característica (MW) 3.000 3.000 3.626 3.396 4.054 3.773 4.301 3.989 6.000 4.500 4.182
Torre (C = Chainette, NC = Cross-rope) NC NC C NC C NC C NC NC NC NC
4
Diâmetro do feixe (m) 1,82 1,30 3,50 3,50 3,50 3,50 3,50 3,50 3,46 1,18 1,00
5 Condutor (MCM) 2.156 1.431 2.515 2.515 1.590 1.590 1.192,5 1.192,5 874,5 954 795
6 Custo das linhas 752,3 779,3 948,9 821,4 950,9 828,4 979,1 860,4 937,2 846,9 777,1
7 Custo perdas Joule 437,6 439,5 453,4 424,7 534,6 497,5 567,2 526,0 501,0 430,4 480,6
8 Custo perdas corona 35,7 9,2 47,9 48,5 15,1 15,9 8,3 8,8 3,3 2,6 3,9
9 Subtotal: linhas + Joule + corona 1.225,6 1.228,0 1.450,2 1.294,5 1.500,5 1.341,8 1.554,6 1.395,2 1.441,5 1.279,8 1.261,7
10 Transformadores 80,7 80,7 80,7 80,7 80,7 80,7 80,7 80,7 88,9 88,9 88,9
11 Perdas Joule nos transformadores 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.

Subestações: conexões e
12 40,5 40,5 40,5 40,5 40,5 40,5 40,5 40,5 53,2 53,2 53,2
módulos de infraestrutura
13 Subtotal: subestações e equipamentos 151,7 151,7 151,7 151,7 151,7 151,7 151,7 151,7 172,5 172,5 172,5
14 Conversoras – – – – – – – – – – –
15 Perdas Joule nas conversoras – – – – – – – – – – –
16 Subtotal: conversoras – – – – – – – – – – –
(valores em milhões de R$/ano)

17 Subtotal 1.377,3 1.379,7 1.601,9 1.446,2 1.652,2 1.493,5 1.706,3 1.546,9 1.614,0 1.452,4 1.434,2

Análise de Sensibilidade para Sistemas de Transmissão CC e CA Meia-onda


Adicional correção
18 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1
do fator de potência
19 Adicional sobretensão 6.000/Pc 185,4 185,4 150,8 142,1 110,5 109,4 91,0 93,4 0,0 85,0 110,8
20 Subtotal 1.574,8 1.577,2 1.764,8 1.600,5 1.774,9 1.615,0 1.809,4 1.652,5 1.626,1 1.549,4 1.557,1
Tabela 7: Custo total anual das alternativas CA meia-onda

Adicional defasador 41,5 41,5 41,5 41,5 41,5 41,5 41,5 41,5 41,3 41,3 41,3
Adicional perdas Joule
30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5
no defasador
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Total (com custos adicionais) 1.646,7 1.649,2 1.836,8 1.672,5 1.846,8 1.687,0 1.881,3 1.724,5 1.697,9 1.621,2 1.628,9
Item 7B 8B 19A 19B 11B 12B 16B Caso 2 CC Caso 3 CC Caso 4 CC Caso 5 CC Caso 6 CC
1a Tensão nominal (kV) 765 765 765 765 1.000 1.000 1.000 600 700 800 800 800
1b Tensão máxima (kV) 800 800 800 800 1.100 1.100 1.100 600 700 800 800 800
2 N (subcondutores) 4 6 8 8 10 8 8 4 4 4 4 6
3 Potência característica (MW) 3.000 3.000 4.301 3.989 6.000 4.500 4.182 – – – – –
Torre (C = Chainette, NC = Cross-rope) NC NC C NC NC NC NC
4 – – – – –
Diâmetro do feixe (m) 1,82 1,30 3,50 3,50 3,46 1,18 1,00
5 Condutor (MCM) 2.156 1.431 1.192,5 1.192,5 874,5 954 795 2.220 1.903 1.780 2.156 1.780
6 Custo das linhas 752,3 779,3 979,1 860,4 937,2 846,9 777,1 543,85 510,21 506,81 565,33 686,18
7 Custo perdas Joule 437,6 439,5 567,2 526,0 501,0 430,4 480,6 345,46 296,11 242,34 200,08 161,56
8 Custo perdas corona 35,7 9,2 8,3 8,8 3,3 2,6 3,9 36,54 53,53 60,89 55,36 37,62
9 Subtotal: linhas + Joule + corona 1.225,6 1.228,0 1.554,6 1.395,2 1.441,5 1.279,8 1.261,7 925,85 859,85 810,04 820,77 885,36
10 Transformadores 80,7 80,7 80,7 80,7 88,9 88,9 88,9 – – – – –
11 Perdas Joule nos transformadores 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 – – – – –
Subestações: conexões e módulos de
12 40,5 40,5 40,5 40,5 53,2 53,2 53,2 – – – – –
infraestrutura e manobra
13 Subtotal: subestações e equipamentos 151,7 151,7 151,7 151,7 172,5 172,5 172,5 – – – – –
14 Conversoras – – – – – – – 301,53 316,63 330,32 330,32 330,32
15 Perdas Joule nas conversoras – – – – – – – 76,16 76,16 76,16 76,16 76,16
16 Subtotal: conversoras – – – – – – – 377,69 392,79 406,48 406,48 406,48
17 Subtotal 1.377,3 1.379,7 1.706,3 1.546,9 1.614,0 1.452,4 1.434,2 1.303,54 1.252,64 1.216,52 1.227,25 1.291,84
(valores em milhões de R$/ano)

Relação 113% 113% 140% 127% 133% 119% 118% 107% 103% 100% 101% 106%
18 Adicional correção do fator de potência 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 – – – – –
19 Adicional sobretensão 6.000/Pc 185,4 185,4 91,0 93,4 0,0 85,0 110,8 – – – – –
20 Subtotal 1.574,8 1.577,2 1.809,4 1.652,5 1.626,1 1.549,4 1.557,1 1.303,54 1.252,64 1.216,52 1.227,25 1.291,84
Relação 129% 130% 149% 136% 134% 127% 128% 107% 103% 100% 101% 106%
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de

Adicional defasador 41,5 41,5 41,5 41,5 41,3 41,3 41,3 – – – – –


Tabela 8: Custo total anual das alternativas CA meia-onda e CC

Adicional perdas Joule no defasador 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 30,5 – – – – –
Total (com custos adicionais) 1.646,7 1.649,2 1.881,3 1.724,5 1.697,9 1.621,2 1.628,9 1.303,54 1.252,64 1.216,52 1.227,25 1.291,84
Relação 135% 136% 155% 142% 140% 133% 134% 107% 103% 100% 101% 106%

CAPÍTULO 5
157
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Caso 7 – Considerar custo da energia R$ 113/MWh e juros de 8% ao ano

Considerando novos valores para o custo da energia e para o juro anual,


os custos das melhores alternativas são apresentados na tabela 9. Observa-se
que os custos das alternativas CA meia-onda e CC são reduzidos, mas a rela-
ção entre eles não se altera.

Tabela 9: Custo das alternativas CA meia-onda e CC considerando


R$ 113/MWh e juros de 8% a.a. (valores em milhões de R$/ano)
Caso 4
Item 12B
CC
1a Tensão nominal (kV) 1.000 800
2 N (subcondutores) 8 4
3 Potência característica (MW) 4.500
Torre (C = Chainette, NC = Cross-rope) NC
4 –
Diâmetro do feixe (m) 1,18
5 Condutor (MCM) 954 1.780
6 Custo das linhas 731,0 437,7
7 Custo perdas Joule 352,4 198,4
8 Custo perdas corona 2,1 49,4
9 Subtotal: linhas + Joule + corona 1.085,5 685,6
10 Transformadores 76,7 –
11 Perdas Joule nos transformadores 24,9 –
12 Subestações: conexões e módulos de infraestrutura 45,9 –
13 Subtotal: subestações e equipamentos 147,6 –
14 Conversoras – 285,3
15 Perdas Joule nas conversoras – 62,4
16 Subtotal: conversoras – 347,7
17 Subtotal 1.233,1 1.033,3
Relação 119% 100%
18 Adicional correção do fator de potência 10,5 –
19 Adicional sobretensão 6.000/Pc 73,3 –
20 Subtotal 1.316,9 1.033,3
Relação 127% 100%
Adicional defasador 35,6 –
Adicional perdas Joule no defasador 24,9 –
Total (com custos adicionais) 1.377,5 1.033,3
Relação 133% 100%

Caso 8 – Alongamento de uma linha de 2.000 km

Caso a distância a ser percorrida seja de 2.000 km, propõe-se um “alon-


gamento” elétrico, tabela 10, de forma que a linha se comporte como uma
linha de meia-onda.

158 Análise de Sensibilidade para Sistemas de Transmissão CC e CA Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Considerando dois circuitos com a configuração de linha 12B (1.000 kV,


8 x 954 MCM), foram definidos, conforme apêndice D, circuitos ‘T’ que
substituem 500 km de linha adicionais necessários para completar o meio
comprimento de onda.
Os custos totais dos sistemas de transmissão CA com alongamento, CA
tradicional e CC, 2.000 km, estão apresentados na tabela a seguir. Todas as
alternativas consideram dois circuitos.
Verifica-se que, para a distância considerada, o custo total do sistema
de transmissão com a linha “alongada” é ligeiramente inferior ao com a li-
nha “encurtada”. E ambos são consideravelmente mais caros que o sistema
de corrente contínua.

Tabela 10: Resumo dos custos anuais das soluções de transmissão em longa distância
(valores em milhões de R$/ano)
Encurtamento
Alongamento CC
Item (CA conv. 2.000
(2.000 km + PI) (2.000 km)
km)
1 Tensão nominal (kV) 1.000 1.000 800
2 N (subcondutores) 8 8 4
3 Potência característica (MW) 4.500 4.500 –
Torre (C = Chainette, NC = Cross-rope) NC NC
4 –
Diâmetro do feixe (m)
5 Condutor (MCM) 954 795 1.780
6 Custo das linhas 677,5 621,8 405,4
7 Custo perdas Joule 344,3 364,2 193,9
8 Custo perdas corona 2,1 29,0 48,7
9 Transformadores 88,9 73,2 –
10 Perdas Joule nos transformadores 30,5 30,5 –
Subestações terminais e seccionadoras,
11 53,2 93,0 –
conexões e mód. de infraestrutura
12 Adicional sobretensão 6.000/Pc 68,0 – –
13 Capacitor série – 104,2 –
14 Reator paralelo – 99,3 –
15 Perdas reator – – –
16 Reator série 48,1 – –
17 Capacitor paralelo 37,8 – –
18 Perdas reator série (0,3%) 0,0 – –
19 Adicional correção do fator de potência 12,1 5,9 –
20 Conversoras – – 330,3
21 Perdas Joule nas conversoras – – 76,2
22 Subtotal 1.362,5 1.421,1 1.054,5
23 Adicional defasador 41,3 – –
24 Adicional perdas Joule no defasador 30,5 – –
25 Total (com custos adicionais) 1.434,3 1.421,1 1.054,5
26 Relação 135% 135% 100%

CAPÍTULO 5 159
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Caso 9 – Comparação econômica CC, um bipolo, e CA


meia-onda, um circuito, para transmissão de 6.000 MW

Esta hipótese foi analisada de forma a avaliar o impacto do atendimen-


to ao critério N 1 de planejamento na relação entre custos das alternativas.
De acordo com estatísticas de falha do sistema de Itaipu [1], têm-se:
• CC: 0,105 defeito de um polo por 100 km de bipolo por ano, 0,25 h
de tempo médio de reparo.
• CA: 0,852 defeito na linha por 100 km de linha por ano, 1 h de tem-
po médio de reparo.

Foram considerados os seguintes tempos de reparo:


• CC: 0,25 h de tempo médio de reparo.
• CA: 1 h de tempo médio de reparo.

No caso de 800 kV, 6.000 MW, deverão ser usados dois conversores por
polo (paralelo ou série) para viabilizar o transporte dos transformadores,
com 33% de sobrecarga por 30 minutos. Assim, na saída de um conversor, o
corte de transmissão será menor.
O despacho do sistema e o corte de carga em cada alternativa estão in-
dicados na tabela 11 a seguir.

Tabela 11: Cortes de transmissão para perda de linha ou polo, para diferentes valores
de potência transmitida antes do defeito
Potência Corte de transmissão Corte de transmissão
transmitida % tempo por saída de polo CC por saída de linha CA
(MW) (MW) (MW)
6.000 8,33 2.000 6.000
4.500 41,67 500 4.500
3.600 50 0 3.600
Média ponderada 375 4.175

A energia anual não fornecida será:

• CC: (0,105 falta/100 km/ano) ∗ 2.500 km ∗ (0,25 h/falta) ∗ 375 MW


= 246 MWh/ano.
• CA: (0,852 falta/100 km/ano) ∗ 2.500 km ∗ (1 h/falta) ∗ 4.175 MW
= 88.927 MWh/ano.

Portanto, a diferença é de 88.681 MWh/ano.

160 Análise de Sensibilidade para Sistemas de Transmissão CC e CA Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Considerando o preço de venda da energia (R$ 138/MWh), esta diferença


representa 12,24 milhões de R$/ano. Considerando o preço da energia inter-
rompida (que é bem maior que o preço de venda, por exemplo, 10 x R$ 138/
MWh), esta diferença representa 122,4 milhões de R$/ano.
A tabela 12 a seguir apresenta a comparação entre os custos dos sistemas
de transmissão CA meia-onda e CC, incluindo os custos da confiabilidade.

Tabela 12: Comparação dos custos totais anuais das alternativas CA e CC, um circuito
(valores em milhões de R$/ano)
Item CA meia-onda CC
1 Tensão nominal (kV) 1.000 800
2 N (subcondutores) 8 6
3 Potência característica (MW) 6.000 –
Torre (C = Chainette, NC = Cross-rope) NC
4 –
Diâmetro do feixe (m) 3,76
5 Condutor (MCM) 1.590 2.118
6 Custo das linhas 562,9 386,44
7 Custo perdas Joule 347,3 271,54
8 Custo perdas corona 18,0 17,31
9 Subtotal: linhas+Joule+corona 928,1 675,29
10 Transformadores 88,9 –
11 Perdas Joule nos transformadores 30,5 –
12 Subestações: conexões e módulos de infraestrutura 49,4 –
13 Subtotal: subestações e equipamentos 168,7 –
14 Conversoras – 307,82
15 Perdas Joule nas conversoras – 76,16
16 Subtotal: conversoras – 383,98
17 Subtotal 1.096,9 1.059,27
Relação 104% 100%
Penalização por indisponibilidade 122,4 –
18 Adicional correção do fator de potência 12,1 –
19 Adicional sobretensão 6.000/Pc 0,0 –
20 Subtotal 1.231,4 –
Relação 116% –
Adicional defasador 41,3 –
Adicional perdas Joule no defasador 30,5 –
Total (com custos adicionais) 1.303,2 –
Relação 123% –

Observa-se que os custos da alternativa CA meia-onda são 4% maiores


que os da alternativa CC, antes de serem considerados os custos da confiabili-
dade. Esta última parcela, juntamente com o custo de correção do fator de po-
tência, torna a alternativa CA meia-onda 16% mais cara que a CC.

CAPÍTULO 5 161
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Caso 10 – Comparação econômica entre CC e CA meia-onda


para transmissão de 9.000 MW com dois ou três circuitos

Nesse caso, foram analisados os custos de dois sistemas distintos de


transmissão, CA meia-onda e CC, com objetivo de realizar uma compara-
ção econômica entre eles. Foram consideradas duas ou três linhas CA e dois
bipolos CC, e uma potência máxima transmitida de 9.000 MW. As configu-
rações 1A a 3B são para duas linhas. As configurações 5A a 7B são para três
linhas, e por isso apresentam condutores de menor seção.
As etapas de definição de alternativas e custeamento são semelhantes à
rotina de cálculos apresentada no capítulo 4.
As soluções obtidas para o sistema CA meia-onda são apresentadas na
tabela 13.

Tabela 13: Custo total anual das alternativas CA meia-onda (valores em milhões de R$/ano)

Item 1A 2B 3A 3B 5A 6B 7A 7B
1a Tensão nominal (kV) 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000
1b Tensão máxima (kV) 1.100 1.100 1.100 1.100 1.100 1.100 1.100 1.100
2 N (subcondutores) 8 10 8 8 8 10 8 8
3 Potência característica (MW) 6.000 6.000 4.500 4.500 6.000 6.000 4.500 4.500
Torre (C = Chainette, C NC C NC C NC C NC
4 NC = Cross-rope)
Diâmetro de feixe (m) 2,95 3,38 0,89 1,11 3,06 3,44 0,92 1,14
5 Condutor (MCM) 1.351,5 1.033,5 1.192,5 1.192,5 1.113 874,5 954 954
6 Custo das linhas 1.273,4 1.029,7 1.201,4 951,5 1.748,1 1.405,8 1.640,1 1.270,3
7 Custo perdas Joule 612,9 641,1 520,9 520,9 744,4 757,9 651,9 651,9
8 Custo perdas corona 14,1 8,8 6,2 7,3 68,5 5,0 3,4 3,9
Subtotal:
9 1.900,3 1.679,7 1.728,5 1.479,6 2.560,9 2.168,7 2.295,4 1.926,1
linhas + Joule + corona
10 Transformadores 133,3 133,3 133,3 133,3 133,3 133,3 133,3 133,3
Perdas Joule nos
11 45,7 45,7 45,7 45,7 45,7 45,7 45,7 45,7
transformadores
Subestações: conexões e
12 75,9 75,9 75,9 75,9 79,7 79,7 79,7 79,7
módulos de infraestrutura
Subtotal: subestações e
13 254,9 254,9 254,9 254,9 258,7 258,7 258,7 258,7
equipamentos
14 Conversoras – – – – – – – –
15 Perdas Joule nas conversoras – – – – – – – –
16 Subtotal: conversoras – – – – – –
17 Subtotal 2.155,2 1.934,6 1.983,4 1.734,5 2.819,6 2.427,4 2.554,1 2.184,8
Adicional correção do fator de
18 13,2 13,2 13,2 13,2 13,2 13,2 13,2 13,2
potência
19 Adicional sobretensão 9.000/Pc 158,3 127,4 316,6 254,9 237,5 191,1 475,0 382,3
20 Subtotal 2.326,7 2.075,2 2.313,2 2.002,6 3.070,3 2.631,7 3.042,2 2.580,3
Adicional defasador 61,9 61,9 61,9 61,9 61,9 61,9 61,9 61,9
Adicional perdas Joule no
45,7 45,7 45,7 45,7 45,7 45,7 45,7 45,7
defasador
Total (com custos adicionais) 2.434,3 2.182,9 2.420,9 2.110,2 3.177,9 2.739,4 3.149,9 2.687,9

162 Análise de Sensibilidade para Sistemas de Transmissão CC e CA Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

As soluções obtidas para o sistema CC são apresentadas na tabela 14.

Tabela 14: Custo total anual das alternativas CC (valores em milhões de R$/ano)
Caso 1 Caso 2 Caso 3
Item
CC CC CC
1 Tensão nominal (kV) 700 800 800
2 N (subcondutores) 4 4 6
3 Condutor (MCM) 2.515 2.497 1.780
4 Potência característica (MW) – – –
5 Compacta (C)/Não compacta (NC) – – –
6 Custo das linhas 605,49 618,45 686,18
Custo adicional das linhas para suportar
7 – – –
sobretensão 6.000/PC
8 Custo perdas Joule 504,06 388,64 363,52
Custo perdas corona 46,87 51,67 37,62
10 Subtotal: linhas + Joule + corona 1.155,99 1.058,76 1.087,32
11 Transformadores – – –
12 Perdas nos transformadores – – –
Subestações: módulos de infraestrutura
13 – – –
e manobra
Custo adicional dos transformadores
14 – – –
com tap +5/-30%
15 Custo adicional do defasador – – –
16 Correção fp receptor - – –
17 Subtotal: subestações e equipamentos – – –
18 Conversoras 396,86 414,01 414,01
19 Perdas Joule nas conversoras 114,24 114,24 114,24
20 Subtotal: conversoras 511,10 528,25 528,25
21 Total (R$/ano) 1.667,52 1.587,01 1.615,57

Considerando as soluções apresentadas nas tabelas 13 e 14, é possível


observar que o menor custo total para a solução CA meia-onda foi igual a
2.110,2 milhões de R$/ano, e o menor custo total para a solução CC foi igual
a 1.587,01 milhões de R$/ano, representando uma diferença percentual de
custo de aproximadamente 32,97%.

Caso 11 – Análise de sensibilidade adicional

Considerando o caso de referência apresentado no capítulo 4, foram


definidas novas premissas, a fim de avaliar a sensibilidade dos custos totais.
As novas premissas foram:

• custo da energia, de R$ 138/MWh para R$ 102/MWh.


• juros anuais, de 10% a.a. para 8% a.a..

CAPÍTULO 5 163
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

• fator correspondente a juros durante a construção (dois anos), de


1,10 para 1,08.
• penalização por sobretensão, em caso de perda de uma das linhas
CA meia-onda, foi desconsiderada, devido à possibilidade de utiliza-
ção da reserva girante inerente do sistema. Ou seja, em caso de perda
de uma das linhas, a linha remanescente não transmitiria o dobro da
potência, e por isso não apresentaria sobretensão.
• fator de carga, de 0,7 para 0,5, com os patamares de carga da tabela 15.

Tabela 15: Curva de carga considerada


Potência transmitida por Potência transmitida por Duração
duas linhas (MW) uma linha (MW) (di)
6.000 3.000 15%
3.000 1.500 60%
1.200 600 25%

Para as linhas CA meia-onda foi adotada a configuração de torre Cross-rope


por ter menor custo quando comparada à configuração de torre Chainette.
No caso de referência, apresentado no capítulo 4, há um compromisso
entre o valor das perdas Joule e o custo da penalização. O aumento na potên-
cia característica das linhas resulta em maiores perdas Joule. Por outro lado,
apresentam sobretensões menores (ou nenhuma sobretensão) após a perda
de uma das linhas, pois a razão potência transmitida dividida pela potência
característica é menor.
Como essa penalização não está sendo considerada na análise de sen-
sibilidade em questão, o valor mais adequado para a potência caracterís-
tica é 3.000 MW, pois, em caso de carga pesada (cada linha transmitindo
3.000 MW), a tensão na linha ficaria em 1 pu, e as perdas Joule seriam as me-
nores possíveis.
Portanto, para 765 kV, foi avaliada a potência característica de 3.000 MW.
Para 1.000 kV, não é possível, com a configuração de torre adotada, atingir
um valor tão baixo. A menor potência característica possível, com um con-
dutor econômico, foi de 4.175 MW, com um feixe de diâmetro 1,00 m (que
resulta num espaçamento de 38 cm entre condutores, o que poderia trazer
dificuldades de implementação) e distância entre fases aumentada de 15,3 m
para 18 m. Isso aumentaria o custo da linha devido à maior faixa de passa-
gem. Esse aumento não foi calculado, mas mesmo assim essa alternativa foi
avaliada para fins de comparação. Caso essa seja a alternativa de menor cus-
to CA, esse cálculo pode ser refinado.

164 Análise de Sensibilidade para Sistemas de Transmissão CC e CA Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Para as linhas CA de meia-onda, as potências características avaliadas,


os condutores econômicos, as configurações de feixe, os gradientes superfi-
ciais, os gradientes limites e as tensões ajustadas para minimização de perdas
Joule estão apresentados na tabela 16.

Tabela 16: Alternativas CA meia-onda avaliadas


Potência Gradiente Gradiente Tensões
Tensão Diâmetro
característica máximo de início da ajustadas para
Caso nominal Feixe do feixe
nominal superficial corona visual carga pesada/
(kV) (m)
(MW) (kVpico/cm) (kVpico/cm) média/leve (pu)*
6 x 1.033,5 MCM
CA1 765 3.000 1,35 26,98 29,00 1,00 / 0,71 / 0,45
(Ortolan)
8 x 715,5 MCM
CA2 1.000 4.175 1,00 27,03 29,43 0,85 / 0,60 / 0,38
(Starling)
* Valores teóricos; considera-se razoável o limite mínimo do tap = 0,6 pu

Notar que os valores de tensão ajustados para carga leve são bastan-
te baixos, e certamente não serão atingidos com comutadores de taps de
transformadores. Nesse caso, as perdas Joule não seriam minimizadas e te-
riam que ser calculadas caso a caso com programas de simulação como, por
exemplo, o Alternative Transients Program (ATP). Porém, para simplificar
os cálculos, esse detalhe foi desconsiderado e as perdas Joule serão calcu-
ladas como se fossem minimizadas. Caso a alternativa de menor custo seja
CA em meia-onda, esse cálculo pode ser refinado.
Para as linhas CC, os condutores econômicos, as configurações de
feixe, os gradientes superficiais e os gradientes limites estão apresentados
na tabela 17.

Tabela 17: Alternativas CC avaliadas


Tensão 95% do gradiente
Gradiente máximo
Caso nominal Feixe de início da corona
superficial (kV/cm)
(kV) visual (kV/cm)
4 x 1.780 MCM
CC1 500 17,79 26,84
(Chukar)
4 x 1.590
CC2 600 22,42 26,99
(Lapwing)
4 x 1.351,5 MCM
CC3 700 27,14 27,20
(Dipper)
4 x 1.780 MCM
CC4 800 26,52 26,84
(Chukar)*
* Sem considerar o gradiente superficial, o condutor econômico seria o 1.192,5 MCM (Bunting)

Os custos das alternativas CA e CC são apresentados na tabela 18.

CAPÍTULO 5 165
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Tabela 18: Custos anuais das alternativas CA meia-onda e CC avaliadas


(valores em milhões de R$/ano)
Item CA1 CA2 CC1 CC2 CC3 CC4
1a Tensão nominal (kV) 765 1.000 500 600 700 800
1b Tensão máxima (kV) 800 1.100 500 600 700 800
2 N (subcondutores) 6 8 4 4 4 4
3 Potência característica (MW) 3.000 4.175 – – – –
4 Diâmetro do feixe (m) 1,35 1,00 – – – –
5 Condutor (MCM) 1.113 715,5 2.156 1.780 1.431 1.780
6 Custo das linhas 577,2 629,0 439,4 403,1 370,4 429,8
7 Custo perdas Joule 298,4 282,0 270,4 227,5 207,9 127,9
8 Custo perdas corona 4,0 0,7 12,1 29,9 45,9 44,6
9 Subtotal: linhas + Joule + corona 879,5 911,7 722,0 660,5 624,2 602,4
10 Transformadores 68,4 75,3 – – – –
11 Perdas Joule nos transformadores 16,1 16,1 – – – –
Subestações: conexões e módulos de
12 34,4 45,1 – – – –
infraestrutura e manobra
13 Subtotal: subestações e equipamentos 118,8 136,5 – – – –
14 Conversoras – – 241,6 256,0 268,8 280,4
15 Perdas Joule nas conversoras – – 40,2 40,2 40,2 40,2
16 Subtotal: conversoras – – 281,8 296,2 309,0 320,6
17 Subtotal 998,4 1.048,2 1.003,8 956,6 933,2 923,0
Relação 108% 114% 109% 104% 102% 100%
18 Adicional correção do fator de potência 10,3 10,3 – – – –
19 Adicional sobretensão 6.000/Pc – – – – – –
20 Subtotal 1.008,6 1.058,4 – – – –
Relação 109% 115% – – – –
Adicional defasador 35,2 35,0 – – – –
Adicional perdas Joule no defasador 16,1 16,1 – – – –
Total (com custos adicionais) 1.059,9 1.109,5 – – – –
Relação 115% 120% – – – –

Os custos das linhas e dos equipamentos CA e CC foram reduzidos,


devido à menor taxa de juros considerada. Porém, a redução mais significa-
tiva foi a das perdas Joule, devido à redução do fator de carga e do custo da
energia. Isso fez com que, para as linhas CA meia-onda, a tensão nominal de
765 kV ficasse mais econômica que a tensão de 1.000 kV.
Ainda assim, a transmissão em CC foi a de menor custo total. A opção
CA mais barata é 8% mais cara que a melhor solução CC, sem considerar a
correção do fator de potência e a compensação da defasagem angular natural.

166 Análise de Sensibilidade para Sistemas de Transmissão CC e CA Meia-onda


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Referências
[1] SANTO, S. E. Some numbers from 750 kV AC / 600 kV DC. CI-
GRÉ SC B4, Question 1.8. Disponível em <http://www.cigre.org.
br/bienal2010/relatorio/Pages/Arquivos/B4/Relat%C3%B3rio%20
CE-B4%20-%20Anexo%202/Contrib%20ppt%20B4%201_8%20
SES%20Br.pdf>. Acesso em 06 de novembro de 2011.
[2] CIGRÉ. Joint Working Group B2/B4/C1.17. Impacts of HVDC Li-
nes on the Economics of HVDC Projects. Technical Brochure 388,
Aug/2009.

CAPÍTULO 5 167
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

CAPÍTULO 6

Sistema de Transmissão
1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW

Ronaldo P. Casolari
José A. Jardini
Fabiana A. de T. Silva
Patrícia O. da Silveira

169
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Objetivo
O objetivo deste capítulo é apresentar o dimensionamento preliminar
de um sistema de transmissão 1.000 kV CA tradicional, de 2.500 km, para
uma potência transmitida de 6.000 MW.
O termo “tradicional” refere-se ao tipo de transmissão, ou seja, sistema
de transmissão com subestações seccionadoras. Dessa forma, serão defini-
das, de forma preliminar:

• Linha de Transmissão: número de circuitos (circuito simples), si-


lhueta da torre, cabo condutor (condutor ótimo) e número de sub-
condutores por fase.
• Compensação derivada nas LT’s: instalada nas barras e LT’s do siste-
ma, necessária para a condição de energização do sistema de trans-
missão e de rejeição de carga no terminal do sistema receptor.
• Compensação série: instalada nas LT’s do sistema, necessária para ga-
rantir a estabilidade do sistema quando de defeito monofásico segui-
do da abertura permanente de um circuito do sistema 1.000 kV CA.
• Compensador estático no terminal receptor: instalado no terminal
receptor para garantir fator de potência unitário neste terminal, de
modo que o sistema de transmissão definido fique independente do
sistema conectado a jusante do terminal receptor.
• Número (otimizado) de subestações seccionadoras do sistema de
transmissão.

Também será analisada uma alternativa composta de compensadores


síncronos, alocados nas subestações seccionadoras do sistema de transmis-
são. Esses equipamentos garantiriam a estabilidade do sistema em substitui-
ção à compensação série ao longo dos 2.500 km do sistema de transmissão.

170 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Casos de fluxos de potência utilizados nas simulações


O caso base utilizado nas simulações do sistema de transmissão CA tra-
dicional foi obtido a partir do caso disponibilizado no portal da EPE corres-
pondente ao estudo do aproveitamento do Rio Madeira (arquivo DV10817P.
SAV – caso 16). O caso EPE corresponde à configuração do ano 2016, carga
pesada, com a transmissão Porto Velho – Araraquara sendo feita através de
2 bipolos ± 600 kV CC. Neste caso, em Porto Velho estava representado o
sistema back-to-back interligando os sistemas 230 e 500 kV da região.
O caso utilizado nas simulações deste capítulo apresentou as seguintes
características em relação ao caso base da EPE:

• Foi removido o sistema back-to-back de Porto Velho, de modo a tor-


nar o sistema de transmissão Porto Velho (terminal transmissor) –
Araraquara (terminal receptor) em transmissão ponto a ponto.
• A potência de 300 MW que fluía pelo back-to-back foi alocada na
barra Porto Velho 230 kV, ou seja, não houve necessidade de a barra
swing (Ilha Solteira) fornecer adicionalmente esta potência. Foi con-
siderada uma máquina de 300 MW na barra Porto Velho 230 kV nas
simulações do ANATEM, de forma que a área Acre-Rondônia não
apresentasse problemas de estabilidade.
• Foram ajustados os despachos das UHE’s do lado do terminal trans-
missor (Jirau e Santo Antônio), de maneira que no terminal receptor
(Araraquara) chegasse à potência de 6.000 MW.
• Foram adotados os modelos de máquina, reguladores de tensão e ve-
locidade, e estabilizadores da UHE Ilha Solteira para representar as
máquinas localizadas no lado do terminal transmissor.
• O sistema de transmissão CA tradicional foi representado na tensão
1.000 kV, com duas linhas de transmissão (circuito simples) de po-
tência característica da ordem de 6.000 MW (para efeito de compa-
ração com o sistema de transmissão em meia-onda) e transforma-
dores 1.000/500 kV nos terminais transmissor e receptor.
• A configuração de torre utilizada para as linhas de transmissão CA
tradicional foi a mesma definida para o sistema de transmissão em
meia-onda e está apresentada na figura 1.

CAPÍTULO 6 171
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

9,3
m
15,3 m

9,3
m

7,7m
15
,3
m

variável

estai
H

Condutor Nº Cond. H (m)


954 Rail 8 46
1.590 Lapwing 8 46
954 Rail 10 47
1.113 Bluejay 10 47

Figura 1: Silhueta da torre do sistema de transmissão CA tradicional 1.000 kV

• O condutor econômico definido para o sistema de transmissão em


estudo (1.000 kV – 2 circuitos – 3.000 MW por circuito) foi oito
subcondutores 795 MCM (Tern) por fase, com espaçamento entre
subcondutores de 1,18 m. Esse espaçamento foi definido para se ob-
ter uma potência característica de cada circuito igual a 6.000 MW
(LT do sistema tradicional semelhante à LT do sistema meia-onda).
• Com base nas considerações apresentadas, foram obtidos os seguin-
tes parâmetros da linha de transmissão:
R1 = 0,00983 Ω/km.
X1 = 0,2131 Ω/km.
Y1 = 7,6920 μ(Ω)-1/km.
• Inicialmente foram consideradas quatro subestações seccionadoras
no sistema de transmissão 1.000 kV, com uma distância de 500 km
entre cada subestação, conforme figura 2.

172 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Figura 2: Sistema de transmissão CA tradicional 1.000 kV (6.000 MW)

• Ainda conforme mostrado na figura 2, foram considerados reatores


em derivação ligados diretamente nas LT’s e compensação série em
todos os trechos (no primeiro trecho, a compensação série foi con-
centrada na extremidade da LT oposta à geração).
• Na barra 5191, está representada a geração necessária (6.000 MW +
perdas no sistema de transmissão) para o fornecimento da potência
de 6.000 MW na chegada ao sistema receptor (barra 5221). A barra
5221 está conectada à barra 5202 (SE Araraquara 500 kV) que faz
parte do SIN.

Metodologia e critérios adotados


Para a definição da compensação derivada das LT’s, foram feitos os se-
guintes estudos:
• Energização de uma LT, em regime permanente, trecho a trecho. A me-
todologia adotada foi manter a tensão de 1,0 pu na barra inicial da LT
1.000 kV (barra 5211). Essa tensão foi obtida através da variação de ten-
são na geração e do controle do tap do transformador 500/1.000 kV (li-
gação 5201-5211). Como critério, adotou-se um valor de máxima ten-
são sustentada em vazio dentro da faixa 1,15 – 1,20 pu na extremidade
aberta da LT, de acordo com os valores da tabela 4 (para sistema EHV
500 kV) do submódulo 23.3 dos Procedimentos de Rede do ONS [1].
• Rejeição de carga: aplicação de defeito monofásico na barra de
1.000 kV no terminal receptor (barra 5221), seguido da perda da SE
receptora 1.000/500 kV (SE Araraquara). Como critério, adotou-se
a sobretensão temporária máxima de 1,40 pu, valor mais frequente
adotado no sistema com elementos saturáveis, conforme tabela 4 do
submódulo 23.3 dos Procedimentos de Rede do ONS [1].

CAPÍTULO 6 173
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Para a definição da compensação série, foram feitos os seguintes estudos:


• Fluxo de potência: análise do desempenho do sistema em regime per-
manente, patamar de carga pesada, na condição normal de operação
do sistema de transmissão CA tradicional (3.000 MW por circuito).
• Transitórios eletromecânicos: aplicação de defeito monofásico na
barra de 1.000 kV no terminal transmissor (barra 5211), seguido da
abertura do primeiro trecho de um circuito 1.000 kV. O regime final
desse transitório corresponderia à análise, em regime permanente,
da perda de um trecho de um circuito 1.000 kV (critério N-1).

Para operação em regime permanente, foi adotada a faixa de tensão 0,95


– 1,05 pu nas barras do sistema 1.000 kV (condição operativa normal), fai-
xa operativa mais utilizada pelos sistemas EHV, conforme tabela 1 do sub-
módulo 23.3 dos Procedimentos de Rede do ONS [1]. No entanto, nas su-
bestações intermediárias (subestações seccionadoras sem transformadores
de interligação com o restante do sistema), foi admitido aceitável um valor
mínimo de 0,90 pu.

Alternativa básica
Energização da LT

No estudo de energização da LT, a compensação série foi curto-circuita-


da, a tensão no terminal transmissor da LT 1.000 kV (barra 5211) foi mantida
em 1,0 pu e foram assumidos reatores em derivação correspondentes a uma
compensação de 97% da potência reativa gerada pela LT em vazio (em cada
trecho de 500 km, tem-se: 0,97 ∗ Yc ∗ V2 = 0,97 ∗ 7,692 ∗ 10-6 ∗ 500 ∗ 1.0002
= 3.730 Mvar, correspondente à potência trifásica). Em cada extremidade de
cada trecho de 500 km da LT, foi considerado 1.865 Mvar (potência trifásica)
de reatores em derivação.
A tabela 1 apresenta os valores obtidos na energização trecho a trecho
da LT 1.000 kV (tensão nas barras e potência reativa nas máquinas).

174 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 1: Energização trecho a trecho da LT


Energização Energização Energização Energização Energização
1º Trecho 2º Trecho 3º Trecho 4º Trecho 5º Trecho
Barra
V Qg V Qg V Qg V Qg V Qg
(pu) (Mvar) (pu) (Mvar) (pu) (Mvar) (pu) (Mvar) (pu) (Mvar)
5191 1,000 -581 1,000 -696 0,950 -725 0,950 -848 0,950 -982
5211 1,000 – 1,000 – 1,000 – 1,000 – 1,000 –
5213 1,006 – 1,019 – 1,032 – 1,046 – 1,062 –
5215 – – 1,025 – 1,051 – 1,080 – 1,111 –
5217 – – – – 1,058 – 1,100 – 1,147 –
5219 – – – – – – 1,107 – 1,168 –
5221 – – – – – – – – 1,175 –

Analisando-se os valores da tabela 1, verifica-se que a máxima tensão ob-


tida foi 1,175 pu (energização do último trecho), dentro do critério estabeleci-
do. O maior valor de potência reativa absorvida pela geração foi de 982 Mvar.

Sistema CA com compensação série na LT

A metodologia adotada consistiu em manter a tensão em 1,05 pu no ter-


minal transmissor (barra 5211) e 1,00 pu no terminal receptor (barra 5202).
Para isto, foram utilizados os recursos de tensão na geração e de taps nos
transformadores 500/1.000 kV.
Foram feitas simulações de sensibilidade para diversos valores de com-
pensação série nas LT’s, tendo sido verificado que para uma compensação
série de 65% o sistema permanece estável, enquanto que para 60% o sistema
perde a estabilidade. A seguir, são apresentados os resultados obtidos para
essas duas condições.

Compensação série de 65% nas LT’s 1.000 kV

O fluxo de potência para essa condição, com a potência de 6.000 MW


sendo entregue no terminal receptor (Araraquara), apresentou os resultados
mostrados na tabela 2. Esses resultados correspondem aos valores de tensão
ao longo da LT, as potências ativa e reativa na geração e no terminal recep-
tor, a defasagem angular entre os terminais transmissor e receptor da LT e a
perda ativa na LT.

CAPÍTULO 6 175
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Tabela 2: Resultados do fluxo de potência – Compensação série de 65% na LT


Tensão Potência
Barra
Módulo (pu) Fase (º) Ativa (MW) Reativa (Mvar)
5191 1,050 40,5 6.480 +3.024
6.452 (potência no
5211 1,050 24,3 –
terminal transmissor)
5213 1,008 18,2 – –
5215 0,972 11,2 – –
5217 0,945 4,0 – –
5219 0,930 -3,4 – –
5.934 (potência no
5221 0,928 -11,0 +1.300
terminal receptor)
5202 0,985 -14,3 – –
Defasagem angular na LT (entre barras 5211 e 5221): 35,3º
Perda ativa na LT (entre barras 5211 e 5221): 6.452 - 5.934 = 518 MW

Verifica-se que nessa condição a tensão no sistema 1.000 kV não per-


maneceu dentro da faixa 0,95–1,05 pu, porém ficou acima do valor 0,90 pu
nas subestações intermediárias (sem transformação). O sistema Sudeste ne-
cessitou injetar da ordem de 1.300 Mvar no sistema de transmissão 1.000 kV,
para manutenção do fator de potência unitário no terminal receptor.
A análise de transitórios eletromecânicos para um defeito monofásico
na barra 5211 e abertura permanente do trecho 5211–5213 de um circuito
1.000 kV apresentou os seguintes resultados (figuras 3 a 6):

1,073

1,024

0,974 VOLT 5211 MLT1-1--1000


VOLT 5202 ARARA2-SP500

0,925

0,876
0, 4, 8, 12, 16, 20,

Figura 3: Tensão nos terminais: transmissor (Porto Velho) e receptor (Araraquara)

176 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

62,3

45,4

DELT 5191 10 UH-JIRAU11GR 2041 10 I.SOLTE-13GR


28,5
DELT 3588 10 MARIMBON-8GR 2041 10 I.SOLTE-13GR

11,6

-5,3
0, 4, 8, 12, 16, 20,

Figura 4: Ângulo elétrico das máquinas do sistema: transmissor (Jirau) e Sudeste


(Marimbondo)
60,116

FMAQ 5191 10 UH-JIRAU11GR


FMAQ 3588 10 MARIMBON-8GR

60,076

60,035

59,994

59,954
0, 4, 8, 12, 16, 20,

Figura 5: Frequência elétrica das máquinas do sistema: transmissor (Jirau) e Sudeste


(Marimbondo)
6567

5043
FLXA 5211 MLT1-1--1000 5250 MLT1-3A-1000 1
FLXR 5211 MLT1-1--1000 5250 MLT1-3A-1000 1

3519

1996

472
0, 4, 8, 12, 16, 20,

Figura 6: Fluxos: ativo e reativo no trecho remanescente da LT 1.000 kV

CAPÍTULO 6 177
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

O sistema continuou apresentando um bom desempenho, porém com


amortecimento inferior ao apresentado pelos casos anteriores (com maiores
valores de compensação série). A defasagem angular entre as extremidades
das LT’s 1.000 kV ficou em torno de 35°.
A análise de rejeição de carga no terminal receptor (Araraquara) apre-
sentou o seguinte perfil de tensão na extremidade aberta (figura 7).

1,505

1,35

1,195 VOLT 5221 MLT1-11-1000

1,04

0,885
0, 0,14 0,28 0,42 0,56 0,7

Figura 7: Tensão na extremidade aberta da LT 1.000 kV após rejeição de carga

A sobretensão máxima na extremidade aberta (1,505 pu) superou o valor


limite adotado no critério (1,40 pu). No entanto, essa sobretensão poderia ser
limitada ao valor do critério, desde que fosse instalada compensação derivada
adicional no sistema 1.000 kV, utilizando dispositivos de eletrônica de potên-
cia (equipamentos FACTS – reatores controlados a tiristores), de modo a in-
seri-la, quando a proteção do sistema identificasse a ocorrência desse evento,
antes da abertura dos disjuntores que provocariam a rejeição total de carga.

Compensação série de 60% nas LT’s 1.000 kV

O fluxo de potência para essa condição, com a potência de 6.000 MW


sendo entregue no terminal receptor (Araraquara), apresentou os resultados
mostrados na tabela 3. Esses resultados correspondem aos valores de tensão
ao longo da LT, as potências ativa e reativa na geração e no terminal recep-
tor, a defasagem angular entre os terminais transmissor e receptor da LT e a
perda ativa na LT.

178 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 3: Resultados do fluxo de potência – Compensação série de 60% na LT


Tensão Potência
Barra
Módulo (pu) Fase (º) Ativa (MW) Reativa (Mvar)
5191 1,050 48,5 6.480 +3.855
6.450 (potência no
5211 1,038 32,0 –
terminal transmissor)
5213 0,979 24,6 – –
5215 0,931 16,3 – –
5217 0,899 7,3 – –
5219 0,886 -2,1 – –
5.882 (potência no
5221 0,893 -11,6 +1.756
terminal receptor)
5202 0,953 -15,0 – –
Defasagem angular na LT (entre barras 5211 e 5221): 43,6º
Perda ativa na LT (entre barras 5211 e 5221): 568 MW

Verifica-se na tabela 3 que as tensões no sistema 1.000 kV ficaram abai-


xo do valor limite de 0,90 pu e que o sistema Sudeste necessitou injetar da
ordem de 1.756 Mvar no sistema de transmissão 1.000 kV.
Analisando o desempenho dos transitórios eletromecânicos para um
defeito monofásico na barra 5211 e abertura permanente do trecho 5211–
5213 de um circuito 1.000 kV, verifica-se que o sistema perde a estabilidade,
conforme pode ser notado nas figuras 8 (tensão no terminal transmissor) e
9 (ângulo das máquinas do sistema transmissor):

1,31

1,153

0,997 VOLT 5211 MLT1-1--1000

0,84

0,683
0, 0,4 0,81 1,21 1,62 2,02

Figura 8: Tensão no terminal transmissor

CAPÍTULO 6 179
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

1057

DELT 5191 10 UH-JIRAU11GR 2041 10 I.SOLTE-13GR

803

549

295

41
0, 0,4 0,81 1,21 1,62 2,02

Figura 9: Ângulo elétrico das máquinas do sistema transmissor (Jirau)

Configuração do sistema de transmissão

Com base nos resultados obtidos na análise do desempenho técnico


apresentado pelo sistema de transmissão CA tradicional 1.000 kV, foi defi-
nida a seguinte configuração do sistema para a transmissão de 6.000 MW
através de duas LT’s:
• Transformação 500/1.000 kV nas subestações terminais: 6.000 MVA,
composta de seis autotransformadores de 1.000 MVA cada (três uni-
dades monofásicas de 333 MVA), em cada subestação, resultando
num total de 36 unidades monofásicas de 333 MVA.
• Duas LT’s 1.000 kV, circuito simples (CS), oito condutores 795 MCM
(Tern) por fase, 2.500 km de extensão.
• Compensação derivada (reatores) nas LT’s: 97% dos reativos gera-
dos pela LT na tensão de 1.000 kV (1,0 pu). Em cada LT 1.000 kV,
esse valor corresponde a um montante de 1.865 Mvar (12 unidades
monofásicas de 155 Mvar) nas extremidades de cada trecho de 500
km, resultando num total de 240 unidades monofásicas de 155 Mvar.
• Compensação derivada no terminal receptor: 1.300 Mvar (quatro
unidades de 325 Mvar). Essa compensação será fornecida por um
compensador estático. Convém observar que essa compensação po-
deria ser eliminada desde que, do total de reatores instalados na LT’s,
uma parcela correspondente a 1.300 Mvar fosse controlada por tiris-
tores. O estudo não contemplou esta possibilidade, pois foi assumido
que com o compensador estático haveria uma melhor controlabili-
dade no terminal receptor.

180 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

• Compensação série: 65% do valor da reatância indutiva da LT. Pa-


ra o dimensionamento dessa compensação, considerou-se que cada
compensador série deveria transportar continuamente a potência
de 6.000 MW (critério N-1), assumindo-se que este possa trabalhar
com uma sobrecarga de 30%. Sendo assim, tem-se:

2
6.000
3 ∗ 0,35 ∗ 0,2131 ∗ 500
3 ∗ XCS ∗ IL2 √3 ∗ 1.000
QCS = = = 1.918 Mvar
1,3 1,3

Este valor corresponde à compensação série instalada em cada trecho,


de cada LT 1.000 kV. Esta compensação deverá ser dividida igualmente em
cada extremidade do trecho (959 Mvar), resultando num total de 20 unida-
des trifásicas (20 x 959 Mvar).
• Subestações seccionadoras das LT’s 1.000 kV: quatro SE’s 1.000 kV
novas, tipo disjuntor e meio (DJM), com um módulo de infraestru-
tura geral (MIG) e de módulos de manobra (MIM) para: quatro en-
tradas de linha (EL) e duas interligações de barras (IB). Não foram
consideradas conexões de compensação série e de compensação de-
rivada das LT’s.
• Subestações terminais de 500/1.000 kV (transmissora e receptora):
será adotada a mesma metodologia apresentada no capítulo 3. A pro-
posta de configuração para as subestações transmissora e receptora
do sistema de transmissão CA tradicional é apresentada na figura
10. O trecho tracejado corresponde à parte dos custos que é comum
às alternativas CA meia-onda e CC e não será considerado nos cus-
tos. Sendo assim, em cada subestação terminal, foram considerados:
▷ Subestações 500 kV: dois módulos de conexão de transformador
(CT) e um módulo de interligação de barras (IB).
▷ Subestações 1.000 kV: seis módulos de conexão de transformador
(CT), dois módulos de entrada de linha (EL) e quatro módulos
de interligação de barras (IB).
▷ Seis autotransformadores 500/1.000 kV de 1.000 MVA cada.
▷ Módulos de infraestrutura geral (MIG) e de manobra (MIM) pa-
ra as conexões acima.

CAPÍTULO 6 181
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Subestação Subestação
transmissora receptora
500/1.000 kV 1.000/500 kV
Linha CA,
2.500 km
500 kV 1.000 MVA 1.000 kV 1.000 kV 1.000 MVA 500 kV

1.000 MVA 1.000 MVA

1.000 MVA 1.000 MVA

1.000 MVA 1.000 MVA

1.000 MVA 1.000 MVA

1.000 MVA 1.000 MVA

Figura 10: Configuração das subestações do sistema de transmissão CA tradicional

A configuração em questão (sistema com 65% de compensação série)


apresentou sobretensão elevada (1,505 pu), superior ao critério estabelecido
de 1,40 pu, quando da rejeição total de carga no terminal receptor, conforme
foi mostrado na figura 7. Para eliminar essa sobretensão, haveria necessida-
de de inserir compensação derivada adicional, controlada por tiristores, no
instante da detecção da rejeição de carga.
A inserção de 200 Mvar de reatores controlados por tiristores no ter-
minal receptor (100 Mvar em cada LT 1.000 kV) foi suficiente para limitar a
sobretensão durante rejeição de carga a um valor inferior ao critério estabe-
lecido (1,40 pu), conforme pode ser observado na figura 11, onde a sobre-
tensão máxima na LT atingiu da ordem de 1,36 pu.
1,364

1,258

1,152 VOLT 5211 MLT1-1--1000 VOLT 5217 MLT1-7--1000

VOLT 5213 MLT1-3--1000 VOLT 5219 MLT1-9--1000

1,046 VOLT 5215 MLT1-5--1000 VOLT 5221 MLT1-11-1000

0,939
0, 0,14 0,28 0,42 0,56 0,7

Figura 11: Tensão na extremidade aberta da LT 1.000 kV após rejeição de carga com a
inserção de 200 Mvar adicionais no terminal receptor

O custo deste equipamento (dois reatores de 100 Mvar controlados por


tiristores) será acrescido ao custo da alternativa.

182 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Custos dos equipamentos da configuração básica

Para custeamento da alternativa tradicional CA 1.000 kV, foram ado-


tados os seguintes custos:
• Autotransformador: para cada unidade monofásica de 333 MVA, foi
adotado um valor de R$ 14.642.000, correspondendo a R$ 44/kVA,
de acordo com o capítulo 3.
• Reator derivação: para cada unidade monofásica de 155 Mvar, foi
adotado um valor de R$ 4.960.000, correspondendo a R$ 32,00/kvar,
de acordo com informações obtidas de fabricantes tradicionais.
• Compensador estático (fator unitário na carga): para cada unidade
trifásica de 325 Mvar, foi adotado um valor de R$ 58.500.000, corres-
pondendo a R$ 180/kvar, de acordo com o capítulo 3.
• Capacitor série: para cada unidade trifásica de 959 Mvar, foi assumido
um preço de R$ 36.633.800, correspondendo a R$ 38,20/kVA, con-
forme valores praticados pela EPE nos estudos do sistema de trans-
missão de Belo Monte.
• Reator derivação controlado por tiristores: para cada unidade trifási-
ca de 100 Mvar, foi adotado um preço de R$ 18.000.000, correspon-
dendo a R$ 180/kvar, de acordo com o capítulo 3 (valor de compen-
sador estático).
• Módulos de Infraestrutura e de Manobra para as SE’s 500 e 1.000 kV:
foram adotados os seguintes preços unitários:
▷ Módulo de Infraestrutura Geral (MIG) das SE’s seccionadoras 1.000
kV: R$ 10.785.000, de acordo com a planilha Aneel – MIG para 4 EL +
2 IB – 1.000 kV estimado através da extrapolação do sistema 765 kV;.
▷ Módulo de Infraestrutura Geral e de Manobras (MIG + MIM)
das SE’s Terminais 500/1.000 kV: R$ 14.941.000, de acordo com
o capítulo 3.
▷ Entrada de Linha (EL): R$ 13.624.000 para 1.000 kV, de acordo
com o capítulo 3.
▷ Conexão de Transformador (CT): R$ 11.939.000 para 1.000 kV e
R$ 5.571.000 para 500 kV, de acordo com o capítulo 3 (1.000 kV
estimado).
▷ Interligação de Barra (IB): R$ 15.210.000 para 1.000 kV e R$
5.900.000 para 500 kV, de acordo com o capítulo 3 (1.000 kV es-
timado).
• Linha de Transmissão: para cada LT, foi adotado um preço de
R$ 1.473.000/km. (capítulo 3).

CAPÍTULO 6 183
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Custo da alternativa básica

A alternativa analisada consistiu de um sistema CA tradicional pa-


ra transmissão de 6.000 MW, através de duas linhas de transmissão com
2.500 km de extensão.
A alternativa básica consistiu de um sistema na tensão 1.000 kV, com
quatro subestações intermediárias, ou seja, com cinco trechos de 500 km de
extensão cada.
Os custos envolvidos nessa alternativa básica (linhas, equipamentos,
perdas Joule e perdas corona) estão apresentados na tabela 4.
Para o cálculo dos custos das perdas Joule e corona, foram adotadas as
metodologias apresentadas no capítulo 3. Ainda conforme o capítulo, foi
adotado um fator de recuperação de capital (FRC) igual a 0,13869.

Tabela 4: Custo da alternativa CA tradicional básica


(valores em milhões de R$)
Valor Valor total
Item Quantidade Valor total
unitário anual
Autotransformador 500/1.000 kV – 333 MVA
36 14,642 527,112
(Monofásico)
Reator derivação – 155 Mvar (Monofásico) 240 4,960 1.190,400
Compensador estático (Carga) – 325 Mvar (Trifásico) 4 58,500 234,000
Capacitor série – 959 Mvar (Trifásico) 20 36,633 732,676
Reator controlado a tiristor – 100 Mvar (Trifásico) 2 18,000 36,000
MIG 4x1 10,785 43,140
EL 4x4 13,624 217,984
SE seccionadoras 1.000 kV
IB 4x2 15,210 121,680
MIG + MIM 2x1 14,941 29,882
CT 500 kV 2x2 5,571 22,284
IB 500 kV 2x1 5,900 11,800
SE terminais 500/1.000 kV CT 1.000 kV 2x6 11,939 143,268
EL 1.000 kV 2x2 13,624 54,496
IB 1.000 kV 2x4 15,210 121,680
Total SE’s + autotransformadores 3.486,402 483,53

LT 1.000 kV – CS – 8 x 795 MCM 2 x 2.500 1,473 7.365,000 1.021,45

Perdas Joule (518 MW – 0,7 – 138,00) 438,34


Perdas corona (170 MW – 138,00) 205,51

Total Alternativa 2.148,83

184 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Comparativamente aos sistemas de transmissão CC e CA meia-onda


(capítulo 3), tem-se a seguinte comparação de custos:
• CC: R$ 1.216.520.000 – 100%.
• CA meia-onda: R$ 1.621.200.000 – 133% (torre tipo Cross-rope).
• CA tradicional: R$ 2.131.750.000 – 177%.

Entre os sistemas CA, a diferença a favor da meia-onda situou-se em


torno de 33%.

Sistema CA com 3, 2 e 1 subestação


seccionadora intermediária
Neste item foram efetuadas análises das seguintes configurações:
• Sistema de transmissão com três SE’s seccionadoras (quatro trechos
de LT’s 1.000 kV com 625 km de extensão em cada trecho).
• Sistema de transmissão com duas SE’s seccionadoras (três trechos de
LT’s 1.000 kV com 833,3 km de extensão em cada trecho).
• Sistema de transmissão com uma SE seccionadora (dois trechos de
LT’s 1.000 kV com 1.250 km de extensão em cada trecho).

Os resultados obtidos nessas análises estão apresentados na tabela 5.

Tabela 5: Resultados comparativos


Compensador Tensão
Compensação Compensação Defasagem
Sistema estático – extremidade
derivada (%) série (%) angular (°)
carga (Mvar) aberta (pu)
Quatro SE’s seccionadoras
97 65 1.300 35,3 1,505
(Cinco trechos de 500 km cada)
Três SE’s seccionadoras (Quatro
97 70 1.062 29,3 1,441
trechos de 625 km cada)
Duas SE’s seccionadoras (Três
97 70 1.062 29,8 1,452
trechos de 833,3 km cada)
Uma SE seccionadora (Dois
97 75 1.060 24,9 1,405
trechos de 1.250 km cada)

Analisando a tabela 5, verifica-se que com a diminuição do número de


subestações seccionadoras houve um aumento do montante de compensação
série ao longo das LT’s 1.000 kV. Em consequência desse aumento, houve uma
diminuição dos montantes de compensador estático na carga e de reatores con-
trolados por tiristores (limitação de sobretensão devido à rejeição de carga).

CAPÍTULO 6 185
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

A tabela 6 apresenta uma comparação entre os custos desses quatro sis-


temas analisados.

Tabela 6: Comparação de custos das alternativas CA em função


do número de subestações seccionadoras
Alternativa Valor total anual
%
(nº de SE’s seccionadoras) (em milhões de R$)
Quatro SE’s (alternativa básica) 2.148,83 100,0
Três SE’s 2.137,44 99,5
Duas SE’s 2.124,17 98,9
Uma SE 2.118,72 98,6

Analisando a tabela 6, verifica-se que, com base nos custos adotados na aná-
lise, todas as alternativas são praticamente equivalentes em termos econômicos,
com a maior diferença ocorrendo a favor da alternativa com uma SE secciona-
dora (custo de 98,6% em relação à alternativa com quatro SE’s seccionadoras).

Sistema CA 1.000 kV com torre tipo Cross-rope


Neste item foi analisado o sistema de transmissão tradicional conside-
rando uma silhueta de torre do tipo Cross-rope, conforme mostrado na figu-
ra 12. Foram utilizados oito subcondutores 795 MCM (Tern) por fase, com
espaçamento entre subcondutores de 0,457 m.

m
8,5
15m
estai

Figura 12: Silhueta da torre Cross-rope do sistema CA tradicional 1.000 kV

186 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Para esse tipo de torre, foram obtidos os seguintes parâmetros da linha


de transmissão:
R1= 0,01018 Ω/km
X1= 0,2862 Ω/km
Y1= 5,8095 μ(Ω)-1/km

A análise foi efetuada para o sistema de transmissão com quatro SE’s


seccionadoras, ou seja, cinco trechos de LT’s 1.000 kV com 500 km de ex-
tensão em cada trecho.
No estudo de energização da LT, foi seguida a mesma metodologia
apresentada na análise do sistema com a torre Chainette, e com reatores em
derivação correspondentes a uma compensação de 97% da potência rea-
tiva gerada pela LT em vazio, ou seja, a mesma compensação derivada do
caso original.
A tabela 7 apresenta os valores obtidos na energização trecho a trecho
da LT 1.000 kV (tensão nas barras e potência reativa nas máquinas).

Tabela 7: Energização trecho a trecho da LT


Energização Energização Energização Energização Energização
1º Trecho 2º Trecho 3º Trecho 4º Trecho 5º Trecho
Barra
V Qg V Qg V Qg V Qg V Qg
(pu) (Mvar) (pu) (Mvar) (pu) (Mvar) (pu) (Mvar) (pu) (Mvar)
5191 1,000 -553,30 1,000 -640,70 0,950 -642,40 0,950 -738,60 0,950 -842,70
5211 1,000 – 1,000 – 0,999 – 1,000 – 1,000 –
5213 1,006 – 1,019 – 1,031 – 1,047 – 1,063 –
5215 – – 1,025 – 1,051 – 1,081 – 1,113 –
5217 – – – – 1,057 – 1,102 – 1,150 –
5219 – – – – – – 1,109 – 1,171 –
5221 – – – – – – – – 1,179 –

Analisando os valores da tabela 7, verifica-se que a máxima tensão obtida


foi 1,179 pu (energização do último trecho), dentro do critério estabelecido.
O maior valor de potência reativa absorvida pela geração foi de 842,7 Mvar.

Determinação da compensação série na LT

Na alternativa básica, a solução com quatro SE’s intermediárias resultou


numa compensação série mínima de 65%, necessária para manutenção da
estabilidade do sistema, sendo obtida uma defasagem angular de 35,3° entre
as barras terminais do sistema 1.000 kV.

CAPÍTULO 6 187
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Na presente verificação, foi adotada essa mesma defasagem angular para


a estimativa inicial da compensação série a ser instalada no sistema 1.000 kV.
Considerando-se adicionalmente a tensão de 1.000 kV (1,0 pu) nas barras
terminais do sistema e a reatância indutiva (X1) da LT, para 2.500 km, foi ob-
tido o valor de 73% de reatância a ser compensada pela compensação série.
O fluxo de potência para essa condição, com a potência de 6.000 MW
sendo entregue no terminal receptor (Araraquara), apresentou os resultados
mostrados na tabela 8. Esses resultados correspondem aos valores de tensão
ao longo da LT, as potências ativa e reativa na geração e no terminal recep-
tor, a defasagem angular entre os terminais transmissor e receptor da LT e a
perda ativa na LT.

Tabela 8: Resultados do fluxo de potência – Compensação série de 73% na LT


Tensão Potência
Barra
Módulo (pu) Fase (º) Ativa (MW) Reativa (Mvar)
5191 1,050 42,40 3.300,00 1.329,80
6.450 (potência no
5211 1,050 26,10 2.644
terminal transmissor)
5213 1,002 19,50 – –
5215 0,959 12,40 – –
5217 0,930 4,70 – –
5219 0,914 -3,30 – –
5.898 (potência no
5221 0,914 -11,40 1.484
terminal receptor)
5202 0,972 -14,70 – –
Defasagem angular na LT (entre barras 5211 e 5221): 37,5°
Perda ativa na LT (entre barras 5211 e 5221): 6.450 - 5.898 = 552 MW

Verifica-se na tabela 7 que as tensões no sistema 1.000 kV permanece-


ram acima do valor limite de 0,90 pu, o sistema Sudeste necessitou injetar
da ordem de 1.484 Mvar no sistema de transmissão 1.000 kV e a defasagem
angular na LT ficou em torno de 37,5º.
Analisando o desempenho dos transitórios eletromecânicos para um
defeito monofásico na barra 5211 e abertura permanente do trecho 5211–
5213 de um circuito 1.000 kV, verifica-se que o sistema perde a estabilidade,
conforme pode ser notado nas figuras 13 (tensão no terminal transmissor)
e 14 (ângulo das máquinas do sistema transmissor).

188 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

1,31

1,15 VOLT 5211 MLT1-1--1000

0,99

0,83

0,669
0, 0,55 1,09 1,64 2,19 2,73

Figura 13: Tensão no terminal transmissor

1038

788
DELT 5191 10 UH-JIRAU11GR 2041 10 I.SOLTE-13GR

537

286

36
0, 0,55 1,09 1,64 2,19 2,73

Figura 14: Ângulo elétrico das máquinas do sistema transmissor (Jirau)

Como o sistema resultou instável para essa condição operativa, passou-


se a análise aumentando o nível de compensação série. De modo a manter
os mesmos patamares adotados na alternativa básica, foi analisado o com-
portamento do sistema com o aumento da compensação série para o valor
de 75% nas LT’s 1.000 kV.

Compensação série de 75% nas LT’s 1.000 kV

O fluxo de potência para essa condição, com a potência de 6.000 MW


sendo entregue no terminal receptor (Araraquara), apresentou os resultados
mostrados na tabela 9.

CAPÍTULO 6 189
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Tabela 9: Resultados do fluxo de potência – Compensação série de 75% na LT


Tensão Potência
Barra
Módulo (pu) Fase (º) Ativa (MW) Reativa (Mvar)
5191 1,050 38,90 3.300,00 1.329,80
6.452 (potência no
5211 1,050 22,70 2.344
terminal transmissor)
5213 1,009 16,60 – –
5215 0,972 10,20 – –
5217 0,945 3,30 – –
5219 0,929 -3,90 – –
5.914 (potência no
5221 0,926 -11,20 1.326
terminal receptor)
5202 0,983 -14,50 – –
Defasagem angular na LT (entre barras 5211 e 5221): 33,9°
Perda ativa na LT (entre barras 5211 e 5221): 568 MW

Da tabela 9, verifica-se que a tensão no sistema 1.000 kV permaneceu


dentro do nível mínimo aceitável de 0,90 pu de tensão e o sistema Sudeste ne-
cessitou injetar da ordem de 1.326 Mvar no sistema de transmissão 1.000 kV,
valor a ser considerado no custeamento da alternativa.
A análise de transitórios eletromecânicos para um defeito monofásico
na barra 5211 e abertura permanente do trecho 5211–5213 de um circuito
1.000 kV apresentou os seguintes resultados (figuras 15 a 18):

Figura 15: Tensão nos terminais: transmissor (Porto Velho) e receptor (Araraquara)

190 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Figura 16: Ângulo elétrico das máquinas do sistema: transmissor (Jirau) e Sudeste
(Marimbondo)

60,107

FMAQ 5191 10 UH-JIRAU11GR


60,068
FMAQ 3588 10 MARIMBON-8GR

60,029

59,991

59,952
0, 4, 8, 12, 16, 20,

Figura 17: Frequência elétrica das máquinas do sistema: transmissor (Jirau) e Sudeste
(Marimbondo)

Figura 18: Fluxos: ativo e reativo no trecho remanescente da LT 1.000 kV

CAPÍTULO 6 191
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Verifica-se que nesta condição o sistema permaneceu estável, indican-


do que o nível de 75% pode, em princípio, ser suficiente para garantir a es-
tabilidade do sistema. A defasagem angular entre as extremidades das LT’s
1.000 kV ficou em torno de 33,9°.
A análise de rejeição de carga no terminal receptor (Araraquara) apre-
sentou o seguinte perfil de tensão na extremidade aberta (figura 19).

1,456

1,313

1,17 VOLT 5221 MLT1-11-1000

1,027

0,884
0, 0,14 0,28 0,42 0,56 0,7

Figura 19: Tensão na extremidade aberta da LT 1.000 kV após rejeição de carga

A sobretensão máxima na extremidade aberta (1,456 pu) superou o va-


lor limite adotado no critério (1,40 pu). No entanto, essa sobretensão pode-
ria ser limitada ao valor do critério com a inserção de reatores controláveis
(200 Mvar) durante a rejeição de carga.

Comparação com a alternativa básica

Neste item, é feita uma comparação técnico-econômica entre as duas al-


ternativas analisadas: alternativa básica com PC = 6.000 MW (torre Chainette)
e a alternativa com PC = 4.500 MW (torre Cross-rope). Na tabela 10, é apresen-
tada essa comparação, com os itens que sofreram alterações, entre as alterna-
tivas, marcados em negrito.

192 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 10: Comparação entre alternativas analisadas (PC = 6.000 e 4.500 MW)
(valores em milhões de R$)
Alternativa básica (Pc = 6.000 MW) Alternativa com (Pc = 4.500 MW)
Item
Quantidade Valor total Valor anual Quantidade Valor total Valor anual
Autotransformador
36 527,112 73,11 36 527,112 73,11
500/1.000 kV (unidades)
Reator derivação (Mvar) 37.200 1.190,400 165,10 28.180 901,760 125,06
Compensador estático
1.300 234,000 32,45 1.300 234,000 32,45
(Mvar)
Capacitor série (Mvar) 19.180 732,676 101,61 29.760 1.136,832 157,67
Reator controlado
200 36,000 5,00 200 36,000 5,00
a tiristor (Mvar)
SE seccionadoras 1.000 kV
4 382,804 53,09 4 382,804 53,09
(unidades)
SE terminais 500/1.000 kV
2 383,410 53,17 2 383,410 53,17
(unidades)
LT 1.000 kV – CS –
5.000 7.365,000 1.021,45 5.000 5.604,00 777,22
8 x 795 MCM (km)
Perdas Joule (MW) 518 438,34 538 455,26
Perdas corona (MW) 170 205,51 30 36,27
Total alternativa 2.148,83 1.768,30

Analisando a tabela 10, verifica-se que a alternativa com potência carac-


terística de 4.500 MW (utilizando torre tipo Cross-rope) é da ordem de 18%
mais econômica que a alternativa com potência característica de 6.000 MW
(utilizando torre tipo Chainette).
Comparativamente às alternativas mais econômicas em CC e meia-onda,
verificou-se que a alternativa com potência característica de 4.500 MW apre-
sentou um custo superior de 45% e 9%, respectivamente.

Sistema CA com compensadores síncronos


nas subestações seccionadoras
A análise do sistema de transmissão com compensadores síncronos alo-
cados nas subestações seccionadoras teve como objetivo definir o montan-
te de compensação síncrona necessária para manter a estabilidade do siste-
ma durante distúrbios, em substituição à compensação série instalada nas
linhas de transmissão. Será feita comparação econômica com a alternativa
de compensação série.
Nos estudos realizados (energização de LT, fluxo de carga em condição
normal transmitindo 6.000 MW, estabilidade e rejeição total de carga), pro-
curou-se definir a solução mais econômica em termos de compensação deri-

CAPÍTULO 6 193
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

vada (reatores nas LT’s e compensadores síncronos nas SE’s intermediárias).


Foi adotada a linha de transmissão de potência característica de 4.500 MW
(torre Cross-rope).

Sistema com quatro SE’s seccionadoras intermediárias

Inicialmente foi considerada a mesma configuração de sistema adotada


na utilização de compensação série, ou seja, cinco trechos de LT’s 1.000 kV
com 500 km de extensão em cada trecho, correspondendo à quatro SE’s
seccionadoras intermediárias. Para essa configuração, foram considerados
alocados compensadores síncronos em todas as quatro SE’s intermediárias.
Independentemente do montante de compensação derivada considera-
da (reatores nas LT’s e de compensadores síncronos nas SE’s seccionadoras),
o sistema é instável quando de defeito monofásico e abertura do primeiro
trecho de uma das LT’s 1.000 kV. Isto pode ser verificado através da análise
do desempenho dos transitórios eletromecânicos para um defeito monofá-
sico na barra 5211 e abertura permanente do trecho 5211–5213 de um cir-
cuito 1.000 kV onde se verifica que o sistema perde a estabilidade, conforme
figuras 20 (tensão no terminal transmissor) e 21 (ângulo das máquinas do
sistema transmissor). Teoricamente, essa instabilidade pode ser comprovada
através da teoria das áreas iguais (vide figura 22), indicando que a instabili-
dade não é um problema de suporte de tensão.
1,251

1,151

1,051

VOLT 5211 MLT1-1--1000


0,951

0,851
0, 0,28 0,56 0,84 1,13 1,41

Figura 20: Tensão no terminal transmissor

194 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

510

406

DELT 5191 10 UH-JIRAU11GR 2041 10 I.SOLTE-13GR

302

197

93
0, 0,28 0,56 0,84 1,13 1,41

Figura 21: Ângulo elétrico das máquinas do sistema transmissor (Jirau)

Figura 22: Aplicação da teoria das áreas iguais

Analisando a figura 22, tem-se:


• Curva azul: potência transmitida (6.000 MW) considerando dois
circuitos (trecho de 500 km) e dois compensadores síncronos nas
extremidades. Foram consideradas as reatâncias dos circuitos, dos
transformadores elevadores e dos compensadores síncronos.
• Curva vermelha: idem curva azul, considerando somente um circuito.
• Curva verde: potência transmitida (6.000 MW) no trecho de 500 km.
• Nessas condições, o sistema é instável, pois a área formada entre os
pontos A, B e C (entre curvas verde e vermelha) é menor que a área
formada entre os pontos C e D (entre curvas verde e vermelha).

CAPÍTULO 6 195
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Dessa forma, passou-se à análise do comportamento do sistema para


duas (2) configurações:
• Cinco SE’s intermediárias (cinco compensadores síncronos aloca-
dos no sistema), ou seja, seis trechos de LT’s 1.000 kV (416,7 km
por trecho).
• Sete SE’s intermediárias (sete compensadores síncronos alocados no
sistema), ou seja, oito trechos de LT’s 1.000 kV (312,5 km por tre-
cho). Esta configuração visa analisar a possibilidade de diminuição
do montante de compensadores síncronos (custo elevado) com o
aumento do número de subestações seccionadoras.

Nestas duas (2) configurações, foram atendidos os critérios definidos no


estudo (energização de LT, fluxo de potência para transmissão de 6.000 MW,
estabilidade e rejeição de carga) para a seguinte compensação reativa deri-
vada alocada no sistema:
• Reatores nas LT’s: 50% de compensação em cada trecho da linha,
correspondendo a um total da ordem de 7.262 Mvar de reatores em
derivação, independentemente do número de SE’s seccionadoras.
• Compensadores síncronos nas cinco SE’s seccionadoras: 3.600 Mvar
em cada SE, totalizando 18.000 Mvar de compensadores síncronos
(5 x 3.600 Mvar).
• Compensadores síncronos nas sete SE’s seccionadoras: 2.400 Mvar
em cada SE, totalizando 16.800 Mvar de compensadores síncronos
(7 x 2.400 Mvar).

Na análise de energização de LT, foram obtidas as seguintes sobreten-


sões máximas: 1,133 pu (5 SE’s seccionadoras) e 1,100 pu (7 SE’s secciona-
doras) com praticamente o mesmo montante de potência reativa absorvida
pelos compensadores síncronos (da ordem de 7.820 Mvar). A tabela 11 apre-
senta os valores obtidos na energização trecho a trecho da LT 1.000 kV (ten-
são nas barras e potência reativa nas máquinas e nos compensadores síncro-
nos) para a configuração com cinco subestações seccionadoras.

196 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 11: Energização trecho a trecho da LT – 5 SE’s seccionadoras


Energização Energização Energização Energização Energização Energização
1º Trecho 2º Trecho 3º Trecho 4º Trecho 5º Trecho 6º trecho
Barra
V Qg V Qg V Qg V Qg V Qg V Qg
(pu) (Mvar) (pu) (Mvar) (pu) (Mvar) (pu) (Mvar) (pu) (Mvar) (pu) (Mvar)
5191 0,950 -1.232 0,950 -956 0,950 -839 0,950 -857 0,950 -836 0,950 -836
5211 1,000 – 1,000 – 1,000 – 1,000 – 1,000 – 1,000 –
5213 1,078 – 1,044 -1.648 1,032 -1.175 1,029 -1.091 1,029 -1.077 1,029 -1.075
5215 – – 1,125 – 1,050 -1.892 1,036 -1.365 1,034 -1.277 1,034 -1.262
5217 – – – – 1,131 – 1,051 -1.930 1,037 -1.396 1,035 -1.308
5219 – – – – – – 1,133 – 1,051 -1.937 1,037 -1.401
5223 – – – – – – – – 1,133 – 1,051 -1.938
5221 – – – – – – – – – – 1,133 –

Na análise do fluxo de potência, as duas configurações apresentaram


desempenho semelhante, dentro dos critérios estabelecidos. Em termos de
perdas ativas (perdas Joule), foram obtidos os valores de 448 MW (cinco SE’s
seccionadoras) e 438 MW (sete SE’s seccionadoras).
A tabela 12 apresenta os resultados correspondentes aos valores de ten-
são ao longo da LT, a potência reativa na geração e nos compensadores sín-
cronos, a potência reativa no terminal receptor e a perda ativa na LT, para a
configuração com cinco SE’s seccionadoras.

Tabela 12: Resultados do fluxo de potência – Cinco SE’s seccionadoras


Tensão Potência
Barra
Módulo (pu) Fase (º) Ativa (MW) Reativa (Mvar)
5191 1,05 107,0 6.400 (geração) -277,0
6.400 (potência no
5211 1,05 104,2 -592,0
terminal transmissor)
5213 1,06 84,4 – -429,0
5215 1,06 65,0 – -491,0
5217 1,06 45,8 – -677,0
5219 1,06 26,7 – -593,0
5223 1,05 7,7 – -767,0
5.952 (potência no
5221 1,05 -11,2 +152,0
terminal receptor)
5202 1,05 -13,8 – –
Perda ativa na LT (entre barras 5211 e 5221): 6.400 - 5.952 = 448 MW

CAPÍTULO 6 197
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Da tabela 12, verifica-se que as tensões ao longo da LT se situaram


em torno de 1,05–1,06 pu e que o sistema Sudeste injetou da ordem de
152 Mvar no sistema de transmissão 1.000 kV, mostrando a necessidade
de um capacitor desse montante a ser instalado, de modo a manter o fator
unitário na carga.
Na análise de transitórios eletromecânicos para um defeito monofásico
na barra 5211 e abertura permanente do trecho 5211–5213 de um circuito
1.000 kV, as duas configurações apresentaram desempenhos semelhantes.
As figuras 23 a 27 apresentam os resultados para a configuração com cinco
SE’s seccionadoras:

1,07

1,034

0,998

VOLT 5211 MLT1-1--1000

VOLT 5202 ARARA2-SP500


0,963

0,927
0, 4, 8, 12, 16, 20,

Figura 23: Tensão nos terminais: transmissor (barra 5211) e receptor (barra 5202)

Figura 24: Ângulo elétrico das máquinas do sistema: transmissor (Jirau) e Sudeste
(Marimbondo)

198 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

60,201

FMAQ 5191 10 UH-JIRAU11GR

FMAQ 3588 10 MARIMBON-8GR


60,102

60,002

59,902

59,803
0, 4, 8, 12, 16, 20,

Figura 25: Frequência elétrica das máquinas do sistema: transmissor (Jirau) e Sudeste
(Marimbondo)

Figura 26: Fluxos: ativo e reativo no trecho remanescente da LT 1.000 kV

Figura 27: Potência reativa nos compensadores síncronos

CAPÍTULO 6 199
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Analisando as figuras 23 a 27, verifica-se o bom desempenho do sistema


durante o transitório simulado, com um razoável nível de amortecimento.
Nessas condições, o sistema foi considerado estável.
Na análise de rejeição de carga no terminal receptor (Araraquara), am-
bas as configurações apresentaram sobretensões máximas superiores ao cri-
tério adotado (1,40 pu): 1,437 pu (cinco SE’s secionadoras) e 1,476 pu (sete
SE’s seccionadoras). Os resultados obtidos para a configuração com sete SE’s
seccionadoras estão apresentados nas figuras 28 (perfil de tensão na extremi-
dade aberta) e 29 (potências reativas nos compensadores síncronos).

Figura 28: Tensão na extremidade aberta da LT 1.000 kV após rejeição de carga

Figura 29: Potência reativa nos compensadores síncronos

200 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Comparação de custo entre as alternativas com


compensação série e com compensadores síncronos
Neste item, será feita uma comparação de custo entre as alternativas
analisadas para o sistema de transmissão de 2.500 km: sistema com com-
pensação série e sistema com compensadores síncronos. Na tabela 13, estão
apresentados somente os custos dos equipamentos cujos montantes são di-
ferentes para cada alternativa. Assim, as linhas de transmissão de 1.000 kV,
os autotransformadores 500/1.000 kV, as subestações terminais e a compen-
sação da carga no lado receptor são os mesmos para as duas alternativas e
não terão seus custos discriminados na tabela.

Tabela 13: Tabela comparativa de custos – Compensação série X compensador síncrono


Custos (em milhões de R$)
Alternativa: Alternativa: compensador síncrono
Equipamento
compensação Cinco SE’s Sete SE’s
série intermediárias Intermediárias
Reator derivação 901,760 464,768 464,768
SE’s seccionadoras 382,804 (4 SE’s) 478,505 669,907
Capacitor série 1.136,832 – –
Comp. síncrono 4.604,400 4.297,440

Conjunto: (255,80 R$/kVA) (18.000 MVA) (16.800 MVA)
compensador síncrono Transformador Elevador 693,000 646,800

+ transformador (38,50 R$/kVA) (18.000 MVA) (16.800 MVA)
elevador + conexão de Conexão de
transformador 1.000 kV 179,085 179,085
transformador –
(15 CT) (15 CT)
(11,939 milhões de R$)
Total parcial da alternativa 2.421,396 6.419,758 6.258,000

Analisando os resultados da tabela 13, verifica-se que a alternativa com


compensação série apresenta menor custo que a alternativa com compen-
sadores síncronos e, entre estas, a configuração com sete SE’s seccionadoras
apresenta menor custo que a com cinco SE’s.

CAPÍTULO 6 201
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Em termos de custos anuais, têm-se os valores apresentados na tabela 14.

Tabela 14: Tabela comparativa de custos anuais –


Compensação série X compensadores síncronos
Custos anuais (em milhões de R$)
Item
Alternativa: compensação série Alternativa: compensadores síncronos
Equipamentos 499,55 850,10
LT 1.000 kV 777,22 777,22
Perdas Joule 455,26 370,64
Perdas corona 36,27 36,27
Total 1.768,30 (100%) 2.034,23 (115%)

Analisando os valores da tabela 14, verifica-se que a alternativa com


compensadores síncronos apresenta um custo da ordem 15% superior à al-
ternativa com compensação série.

Conclusões
Das análises efetuadas, foram obtidas as seguintes conclusões:
• Necessidade de instalação de compensação derivada correspondente
a 97% da potência reativa gerada pela LT.
• Necessidade do seguinte montante de compensação série por trecho:
65% (sistema com cinco trechos); 70% (sistema com quatro trechos);
70% (sistema com três trechos) e 75% (sistema com dois trechos).
• Os custos das alternativas convencionais com compensação série
praticamente independem do número de SE’s seccionadoras (núme-
ro de trechos). A maior diferença é da ordem de 2%.
• Em relação às alternativas em meia-onda e CC correspondentes, a
alternativa convencional com compensação série apresenta custos
superiores da ordem de 9% (meia-onda) e 45% (CC).
• A alternativa convencional com compensadores síncronos apresen-
tou um custo 15% superior à alternativa com compensação série.

Referências
[1] ONS. Procedimentos de Rede. Submódulo 23.3.

202 Sistema de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

CAPÍTULO 7

Avaliação do Limite Econômico


da Transmissão CC e CA

Thales Sousa
Milana L. Santos
Ronaldo P. Casolari
José A. Jardini

203
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Objetivo
O presente capítulo tem como objetivo apresentar a avaliação dos limi-
tes econômicos dos sistemas de transmissão CC e CA, quando considerada
a variação do nível de tensão (kV), a potência transmitida (MW) e o com-
primento de linha (km).
As etapas para avaliação dos limites econômicos propostos são seme-
lhantes às apresentadas no capítulo 4.

Avaliação econômica – Sistema CC


Para a avaliação econômica do sistema de transmissão CC, foram con-
sideradas as seguintes características de configuração:
• Distâncias: 750, 1.500 e 3.000 km.
• Número de linhas: 1.
• Número de condutores: 4 e 6.
• Capacidade total: 1.000, 2.000, 3.000, 4.000, 5.000 e 6.000 MW.
• Tensões: 500, 600, 700 e 800 kV.

Cálculo econômico

O cálculo econômico, para os itens a seguir, foi realizado conforme apre-


sentado no capítulo 4:
• Custo da linha por km.
• Custo das perdas Joule.
• Manutenção.
• Custo anual da linha por km.
• Perdas corona.
• Custo das conversoras.
• Custo de perdas nas conversoras.

204 Avaliação do Limite Econômico da Transmissão CC e CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

A equação (ver capítulo 4) utilizada para o cálculo do custo da linha CC


por km é dada por:

CLCC = 150.266 + 226,68 V + N ∗ S1 (2,7602 ∗ N + 45,1) (R$/km) (1)

Onde:
V é a tensão em kV.
N é o número de condutores por polo.
S1 é a secção de um subcondutor em MCM.

Para a avaliação realizada foram definidos condutores econômicos, con-


siderando diferentes níveis de tensão e número de subcondutores. O valor
proposto para o condutor econômico busca atender aos critérios técnicos
(por exemplo, valor de máximo gradiente) e menor custo global.
De acordo com [2], o custo da conversora para uma potência até
4.500 MW foi calculado por:

Cconv = 1,74 ∗ 1,5 ∗ 0,698 ∗ V0,317 ∗ P0,557 ∗ 106 (R$) (2)

Onde:
V é a tensão em kV.
P é a potência em MW.

Para conversoras com uma potência maior que 4.500 MW, conforme
[2], o custo destas foi calculado por:

Cconv = 1,74 ∗ 1,5 ∗ 0,154 ∗ V0,244 ∗ P0,814 ∗ 106 (R$) (3)

Para o custo anual das conversoras, foi utilizado o mesmo procedimen-


to do capítulo 4.

Resultados obtidos – Sistema CC

Os resultados obtidos para a análise do sistema de transmissão CC são


apresentados a seguir. A figura 1 apresenta a solução econômica consideran-
do o sistema de transmissão CC de 3.000 km.

CAPÍTULO 7 205
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Figura 1: Solução econômica considerando o sistema


de transmissão CC de 3.000 km

A figura 2 apresenta a solução econômica considerando o sistema de


transmissão CC de 1.500 km.

Figura 2: Solução econômica considerando o sistema


de transmissão CC de 1.500 km

A figura 3 apresenta a solução econômica considerando o sistema de


transmissão CC de 750 km.

206 Avaliação do Limite Econômico da Transmissão CC e CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Figura 3: Solução econômica considerando o sistema


de transmissão CC de 750 km

A figura 4 apresenta a composição das soluções apresentadas nos grá-


ficos anteriores. Essa composição permitiu, conforme ilustrado, a definição
de áreas de mínimo custo do sistema de transmissão CC quando se analisa
o nível de tensão, a potência transmitida e o comprimento de linha.

Figura 4: Definição de áreas de mínimo custo do sistema


de transmissão CC quando se analisa o nível de tensão,
a potência transmitida e o comprimento de linha

CAPÍTULO 7 207
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Avaliação econômica – Sistema CA


Para a avaliação econômica do sistema de transmissão CA, foram con-
sideradas as seguintes características de configuração:

• Distâncias: 500, 1.000, 1.500, 2.000 e 2.500 km.


• Número de linhas: 1.
• Número de condutores: 3, 4, 6 e 8.
• Capacidade total: 1.000, 1.500, 2.000, 2.500, 3.000, 3.500 e 4.000 MW.
• Tensões: 500, 765 e 1.000 kV.

As geometrias das torres consideradas, do tipo Cross-rope, são confor-


me figura 5 e tabela 1. O valor de db (diâmetro do bundle) é igual a separ/
sen(180°/N), onde N é o número de subcondutores por fase e separ a sepa-
ração entre subcondutores adjacentes no feixe.

pv pv
ph ph
db
df df

hmin

solo
Figura 5: Geometria das torres Cross-rope

Tabela 1: Distâncias, alturas e flechas consideradas na geometria das torres Cross-rope


pv (m) ph (m) df (m) hmin (m) separ (m) flecha (m)
[5] [5] [5] [5] [5]
500 kV 8,0 6,0 7,0 10,0 0,457 23,0
765 kV 12,0 12,0 9,1 15,5 0,457 23,5
1.000 kV 15,0 15,0 15,3 23,0 0,457 23,5

208 Avaliação do Limite Econômico da Transmissão CC e CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Cálculo econômico

Para todos os casos, foram calculados os seguintes custos:

• Custo das linhas.


• Custo das perdas Joule.
• Custo das subestações (terminais e intermediárias).
• Custo das transformações.
• Custo das compensações shunt, série e carga.

Para que as configurações atendam ao critério do gradiente superficial,


isto é, ser menor que o gradiente de início do corona visível, foram definidos
os mínimos condutores para cada configuração de torre, tabela 2.

Tabela 2: Raios mínimos dos condutores para atendimento


ao critério do gradiente superficial
N Raio mínimo do subcondutor
500 kV 3 1,540 cm (1.033,5 MCM Ortolan)
500 kV 4 1,334 cm (715,5 MCM Starling)
765 kV 4 1,860 cm (1.510,5 MCM Nuthutch)
765 kV 6 1,334 cm (715,5 MCM Starling)
1.000 kV 6 1,708 cm (1.272 MCM Bittern)
1.000 kV 8 1,334 cm (715,5 MCM Starling)
1.000 kV 10 1,257 cm (636 MCM Grosbeak)*
*menor condutor considerado no estudo

Os condutores econômicos foram definidos segundo a metodologia


descrita no capítulo 4, sendo verificado o critério do gradiente superficial
mencionado anteriormente. Os parâmetros resultantes para as linhas estão
apresentados na tabela 3.

CAPÍTULO 7 209
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Tabela 3: Número e bitola de condutores adotados e parâmetros de linha obtidos


Tensão Potência
nominal máxima N Condutor r (Ω/km) x (Ω/km) C (nF/km)
(kV) (MW)
500 1.000 3 1.510,5 MCM Nuthutch 0,0139 0,3144 13,98
500 1.500 3 2.312 MCM Thrasher 0,0099 0,3091 14,23
500 2.000 4 2.312 MCM Thrasher 0,0076 0,2835 15,52
500 2.500 4 2.515 MCM Joree 0,0071 0,2827 15,57
765 1.000 6 715,5 MCM Starling 0,0139 0,2743 15,93
765 1.500 6 715,5 MCM Starling 0,0139 0,2743 15,93
765 2.000 4 1.510,5 MCM Nuthutch 0,0104 0,3059 14,28
765 2.500 4 1.780 MCM Chukar 0,0091 0,3041 14,36
765 3.000 4 2.167 MCM Kiwi 0,0078 0,3027 14,44
765 3.500 6 1.590 MCM Lapwing 0,0068 0,2700 16,22
765 4.000 6 1.780 MCM Chukar 0,0062 0,2692 16,27
1.000 2.500 8 715,5 MCM Starling 0,0107 0,2855 15,34
1.000 3.000 8 795 MCM Tern 0,0097 0,2856 15,35
1.000 2.000 8 715,5 MCM Starling 0,0107 0,2855 15,34
1.000 3.500 6 1.272 MCM Bittern 0,0084 0,3079 14,21
1.000 4.000 6 1.431 MCM Bobolink 0,0076 0,3071 14,25

Custo da linha por km


Para o cálculo dos custos das linhas, foi adotada a mesma expressão
apresentada no capítulo 4:

CLCA = 136.159 + 437,86 ∗ V + N ∗ S1 (2,4193 ∗ N + 59,714) (R$/km) (4)

Onde:
V = tensão máxima da linha, em kV (550 kV, para tensão nominal de
500 kV; 800 kV, para tensão nominal de 765 kV; e 1.100 kV, para tensão
nominal de 1.000 kV).
N = número de subcondutores por fase.
S1 = seção transversal de cada subcondutor, em MCM.

Custo das perdas Joule


Para o custo das perdas Joule, foram utilizados a expressão e dados do
capítulo 4.

Custo das subestações (terminais e intermediárias)


Foi considerado que as subestações emissoras (lado geração) estão co-
nectadas a um sistema de 500 kV, e que as subestações receptoras (lado car-
ga) estão conectadas a um sistema de 345 kV.

210 Avaliação do Limite Econômico da Transmissão CC e CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Os custos das conexões e dos módulos de infraestruturas foram obtidos


da base de dados Aneel [3], conforme mencionado no capítulo 3. Os cus-
tos para 1.000 kV foram extrapolados a partir dos dados para 500 e 765 kV.
As configurações de subestações emissoras, intermediárias e recepto-
ras estão apresentadas nas figuras 6 a 8. Os custos foram divididos em: lado
sistemas da geração e da carga (em laranja), lado da linha (em amarelo) e
transformação (em verde). Os custos dos módulos de infraestrutura foram
incluídos nos custos do lado da linha.

Figura 6: Subestações para sistema de transmissão em 500 kV

Figura 7: Subestações para sistema de transmissão em 765 kV

Figura 8: Subestações para sistema de transmissão em 1.000 kV

CAPÍTULO 7 211
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Para as subestações anteriores, os custos das conexões de transformador


(regiões em verde) foram considerados como parte dos custos de transfor-
mação, descritos na próxima subseção.

Custo das transformações


Nos custos das transformações, foram incluídos os custos dos bancos
de autotransformadores e das conexões de transformador associadas. Estes
últimos foram calculados com base nos dados Aneel [3].
Para atender ao critério N-1 de transformação, admitindo-se uma sobre-
carga de 33% nos autotransformadores, foram estimadas as seguintes quantida-
des e potências para os bancos de autotransformadores monofásicos, tabela 4.

Tabela 4: Quantidade e potência dos bancos de autotransformadores


Quantidade e potência dos bancos
Potência máxima transmitida
de autotransformadores
1.000 MW 3 x 400 MVA
1.500 MW 3 x 600 MVA
2.000 MW 3 x 800 MVA
2.500 MW 3 x 1.000 MVA
3.000 MW 3 x 1.200 MVA
3.500 MW 3 x 1.400 MVA
4.000 MW 3 x 1.500 MVA

Os custos por kVA dos autotransformadores, tabela 5, foram obtidos


da base de dados Eletrobrás [4]. Os dados de 1.000 kV foram extrapolados a
partir dos dados para 500 e 765 kV.

Tabela 5: Custo por kVA dos autotransformadores


500/345 kV 500/765 kV 765/345 kV 1.000/500 kV 1.000/345 kV
400 MVA (3 x 133 MVA) R$ 32/kVA R$ 43/kVA R$ 58/kVA
600 MVA (3 x 200 MVA) R$ 26/kVA R$ 36/kVA R$ 48/kVA
800 MVA (3 x 267 MVA) R$ 24/kVA R$ 33/kVA R$ 44/kVA R$ 49/kVA R$ 60/kVA
1.000 MVA (3 x 333 MVA) R$ 22/kVA R$ 30/kVA R$ 41/kVA R$ 44/kVA R$ 55/kVA
1.200 MVA (3 x 400 MVA) R$ 27/kVA R$ 37/kVA R$ 40/kVA R$ 50/kVA
1.400 MVA (3 x 467 MVA) R$ 25/kVA R$ 33/kVA R$ 38/kVA R$ 47/kVA
1.500 MVA (3 x 500 MVA) R$ 25/kVA R$ 33/kVA R$ 37/kVA R$ 46/kVA

212 Avaliação do Limite Econômico da Transmissão CC e CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Custo das compensações shunt, série e carga


Inicialmente foram ajustadas as compensações shunt, série e da carga,
de maneira a atender aos seguintes critérios:

• Ângulo δ entre os terminais da linha ≤ 36° [6].


• Máxima tensão durante energização ≤ 1,10 pu [7].
• Tensão em todos os trechos entre 0,90 pu e 1,10 pu.
• Máxima tensão após rejeição de carga ≤ 1,40 pu [7].

Alguns exemplos de valores definidos de compensação estão apresen-


tados nas tabelas 6 a 14.

Tabela 6: Compensação shunt, série e carga para sistemas 500 kV, 1.000 MW
Quantidade Compensação Compensação Compensação carga
de trechos shunt série (Mvar)
2 x 250 km 56% 0% 50
3 x 333 km 89% 49% 190
4 x 375 km 95% 70% 320
5 x 400 km 98% 81% 500
5 x 500 km 99% 94% 900

Tabela 7: Compensação shunt, série e carga para sistemas 500 kV, 2.000 MW
Quantidade Compensação Compensação Compensação carga
de trechos shunt série (Mvar)
2 x 250 km 56% 43% 280
3 x 333 km 89% 75% 460
4 x 375 km 95% 88% 780
5 x 400 km 98% 95% 1.100

Tabela 8: Compensação shunt, série e carga para sistemas 765 kV, 1.000 MW
Quantidade Compensação Compensação Compensação carga
de trechos shunt série (Mvar)
2 x 250 km 55% 0% 0
3 x 333 km 89% 0% 0
4 x 375 km 95% 4% 90
5 x 400 km 98% 29% 240
5 x 500 km 99% 47% 470

CAPÍTULO 7 213
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Tabela 9: Compensação shunt, série e carga para sistemas 765 kV, 2.000 MW
Quantidade Compensação Compensação Compensação carga
de trechos shunt série (Mvar)
2 x 250 km 55% 0% 0
3 x 333 km 89% 37% 280
4 x 375 km 95% 60% 480
5 x 400 km 98% 74% 800
5 x 500 km 99% 86% 1.380

Tabela 10: Compensação shunt, série e carga para sistemas 765 kV, 3.000 MW
Quantidade Compensação Compensação Compensação carga
de trechos shunt série (Mvar)
2 x 250 km 55% 19% 150
3 x 333 km 89% 60% 540
4 x 375 km 95% 77% 900
5 x 400 km 98% 86% 1.320

Tabela 11: Compensação shunt, série e carga para sistemas 765 kV, 4.000 MW
Quantidade Compensação Compensação Compensação carga
de trechos shunt série (Mvar)
2 x 250 km 56% 29% 400
3 x 333 km 89% 67% 760
4 x 375 km 95% 82% 1.280

Tabela 12: Compensação shunt, série e carga para sistemas 1.000 kV, 2.000 MW
Quantidade Compensação Compensação Compensação carga
de trechos shunt série (Mvar)
1 x 500 km 55% 0% 0
2 x 500 km 89% 0% 0
3 x 500 km 95% 19% 280
4 x 500 km 98% 43% 640
5 x 500 km 99% 59% 1.060

Tabela 13: Compensação shunt, série e carga para sistemas 1.000 kV, 3.000 MW
Quantidade Compensação Compensação Compensação carga
de trechos shunt série (Mvar)
1 x 500 km 55% 0% 0
2 x 500 km 89% 23% 300
3 x 500 km 95% 52% 840
4 x 500 km 98% 69% 1.440
5 x 500 km 99% 79% 1.920

214 Avaliação do Limite Econômico da Transmissão CC e CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 14: Compensação shunt, série e carga para sistemas 1.000 kV, 4.000 MW
Quantidade Compensação Compensação Compensação carga
de trechos shunt série (Mvar)
1 x 500 km 55% 0% 0
2 x 500 km 89% 49% 680
3 x 500 km 95% 73% 1.560
4 x 500 km 98% 84% 2.160
5 x 500 km 99% 91% 2.840

Após ajuste das compensações shunt, série e da carga, foram utilizados


os custos dos equipamentos informados por fabricantes tradicionais, lista-
dos nas tabelas 15 e 16.

Tabela 15: Custos dos capacitores série, R$/kvar


Tensão nominal Custo
500 kV R$ 36/kvar
765 kV R$ 37/kvar
1.000 kV R$ 38/kvar

Tabela 16: Custos dos reatores shunt, R$/kvar


Tensão nominal Custo
500 kV R$ 24/kvar
765 kV R$ 30/kvar
1.000 kV R$ 32/kvar

O custo da compensação reativa na carga adotado foi de R$ 180/kvar


(mesmo valor de um compensador 230 kV, 300 Mvar, na base de dados Aneel).

Resultados obtidos – Sistema CA

Os custos totais das diversas alternativas (tensão, comprimento e po-


tência) encontram-se representados de forma gráfica na figura 9 na qual é
sugerida a tensão nominal mais adequada, dados os valores de potência e
comprimento, de acordo com os estudos realizados.

CAPÍTULO 7 215
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Figura 9: Custos totais em função da potência máxima transmitida,


para diferentes distâncias totais

À medida que o comprimento total da linha aumenta, a transição entre


dois valores sugeridos de tensão ocorre para menores valores de potência,
devido aos custos de transformação, que permanecerem constantes com a
variação do comprimento.
Os pontos de transição entre 765 kV e 1.000 kV para 1.500 km e 2.000 km,
destacados em vermelho, não seguem estritamente esta tendência devido aos
custos de compensação shunt, que aumentam em função da distância e tam-
bém com o quadrado da tensão, aumentando os custos da transmissão 1.000
kV. Para 2.500 km, o ponto de transição ocorre em um valor de potência me-
nor, destacado em roxo, devido aos menores custos da compensação série
para 1.000 kV.
As figuras 10 a 12 ilustram exemplos para o sistema CA, alguns exem-
plos detalhados dos custos, de forma a ser possível visualizar quais as parce-
las de custos que influenciam a transição de uma tensão nominal sugerida
para outra.

216 Avaliação do Limite Econômico da Transmissão CC e CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Figura 10: Custos detalhados para diferentes tensões nominais, 1.500 km, 1.000 MW

Figura 11: Custos detalhados para diferentes tensões nominais, 1.500 km, 3.000 MW

CAPÍTULO 7 217
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Figura 12: Custos detalhados para diferentes tensões nominais, 2.000 km, 3.000 MW

Ponto de interseção obtido para os sistemas CC e CA


Considerando a avaliação dos limites econômicos dos sistemas de trans-
missão CC e CA, quando considerada a variação do nível de tensão (kV),
a potência transmitida (MW) e o comprimento de linha (km), a figura 13
apresenta o ponto de interseção obtido para estes.

Figura 13: Ponto de interseção obtido para os sistemas CC e CA

218 Avaliação do Limite Econômico da Transmissão CC e CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Referências
[1] FDTE. Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica em Longas Distâncias, NT-020-R1-11 - Definição
de projetos e comparação econômica entre HVDC e HVAC meia
onda para transmissão de 6.000 MW com dois circuitos, 2011.
[2] CIGRÉ. Impacts of HVDC Lines on the Economics of HVDC Pro-
jects. Brochura 388. Joint Working Group B2/B4/C1.17, Ago/2009.
[3] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Despacho n.º
1.531, de 1° de junho de 2010. Disponível em <http://www.aneel.
gov.br/cedoc/dsp20101531.pdf>. Acesso em 14 de janeiro 2011.
[4] ELETROBRAS. Ref Custos jun/2004 rev-dezembro.xls. Referên-
cias de Custos LTs e SEs de AT e EAT.
[5] FDTE. Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica em Longas Distâncias. NT-016-R1-11 - Coorde-
nação de Isolamento, Geometria da Torre LT’s HVAC, 2011.
[6] FDTE. Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica em Longas Distâncias. NT-027-R0-11 - Sistema
de Transmissão 1.000 kV CA Tradicional – 6.000 MW, 2011.
[7] OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO. Submódu-
lo 23.3. Diretrizes e critérios para estudos elétricos. Disponível em
<http://www.ons.org.br/procedimentos/index.aspx>. Rev 1.1. Aces-
so em 04 de novembro de 2011.

CAPÍTULO 7 219
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

CAPÍTULO 8

Sistemas Multiterminais CC

Ricardo L. Vasquez-Arnez
Marcos T. Bassini
José A. Jardini
Gerson Y. Saiki

221
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Objetivo
Neste capítulo são apresentados os estudos realizados para verificar a
viabilidade de inserção de um sistema CC multiterminal numa rede especí-
fica que, no caso, é semelhante à rede em 500 kV do Nordeste brasileiro. O
estudo consistiu na simulação dos seguintes aspectos:

• Desempenho do sistema CC multiterminal em programa de simula-


ção de transitórios eletromagnéticos, no caso o PSCAD/EMTDC®1,
visando examinar a resposta do sistema CC durante faltas;
• Estudo de transitórios eletromecânicos para ver o efeito da falta e
ação dos controles, fazendo também uso do programa anteriormen-
te mencionado e;
• Cálculo econômico visando obter o custo do sistema.

Considerações iniciais
O sistema multiterminal em CC foi simulado considerando a sua inser-
ção dentro de uma rede CA adotada com características semelhantes à rede
de 500 kV do Nordeste, tendo como base o benchmark para CC disponibi-
lizado pelo CIGRÉ [1]. No primeiro estudo, isto é, analisando a resposta do
sistema usando o programa de transitórios eletromagnéticos, foram consi-
deradas quatro máquinas equivalentes (Tucuruí, Belo Monte, Paulo Afonso
e Xingó) operadas como fonte de tensão “ideal”.

1 Paulo Fischer de Toledo foi autor do modelo básico de sistema multiterminal CC utilizado no programa PSCAD/
EMTDC®. Lineu Belico dos Reis colaborou com o estabelecimento dos conceitos do sistema multiterminal CC.

222 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Numa segunda etapa, quando do estudo da estabilidade no sistema, os


geradores são substituídos por modelos de máquinas reais, contemplando
efeitos mocionais e variacionais do campo magnético no entreferro, inércia
das massas girantes, atrito viscoso, e balanço de potências e torques aceleran-
tes. Foi incluso um regulador de tensão (à imagem da usina de Ilha Solteira)
com um controlador por avanço-atraso de fase. Para o regulador de veloci-
dade, foi adotado um modelo simplificado que não interfere nos resultados,
visto que sua resposta é geralmente lenta considerando o período de tempo
em que se avalia a estabilidade transitória do sistema [4].
Atualmente, existem em operação dois sistemas multiterminais [5]. O
primeiro é o sistema Sardenha – Córsega – Itália (SACOI); o segundo o da
Hydro Québec – New England (Canadá). Recentemente a Powergrid da Ín-
dia teria aprovado um projeto para a construção de um sistema multitermi-
nal em ±800 kV e 6.000 MW.

Simulação com programa do tipo Transitórios


Eletromagnéticos (Primeira etapa)
Na figura 1, apresenta-se o sistema utilizado nas simulações. Os dois ter-
minais retificadores (Rect 1 e Rect 2) foram conectados à Barra 550 (Xingu)
do sistema adotado, enquanto o Inversor 2 (Inv-2) está conectado na Barra
506 (Sobradinho). Já o Inversor 3 (Inv-3) está conectado à Barra 574 do sis-
tema considerado (Camaçari). Em princípio, o sistema multiterminal pos-
suía apenas 3 conversores (Rect 1, Inv-2 e Inv-3), daí o porquê de não apare-
cer nenhum conversor chamado de Inv-1.
Inicialmente, apresentam-se as respostas do sistema em regime perma-
nente a fim de observar o desempenho do sistema multiterminal. Nesta fase,
é importante observar o comportamento das principais grandezas elétricas
(tensão, corrente e potência) bem como dos ângulos de disparo α dos retifi-
cadores e de extinção γ dos inversores.
Em seguida, é apresentado o seu desempenho diante de faltas na rede
CA conectada ao sistema multiterminal, tais como curtos-circuitos mono-
fásico e trifásico, e bloqueio na condução dos inversores.

CAPÍTULO 8 223
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Figura 1: Sistema multiterminal CC inserido na rede CA adotada.


Imagem do sistema NE do Brasil em 500 kV

Os principais parâmetros e características do sistema multiterminal a


ser considerados são os seguintes:

• Potência de curto-circuito (Pcc) nos terminais dos conversores.


O valor de Pcc na barra de entrada comum aos dois retificadores (fi-
gura 1) é igual a 15.200 MVA, enquanto que este valor na entrada dos
inversores é de 3.000 MVA (Inversor 2) e 2.900 MVA (Inversor 3).

• Descrição da linha CC
O comprimento do elo CC, comum aos dois retificadores e dois in-
versores, é de 1.300 km. O retificador 1 e o retificador 2 estão co-
nectados na mesma barra CA. A distância do inversor 2 ao inversor
3 é de 300 km. No primeiro trecho, foi utilizada uma configuração
de condutores de 4 x 1.510 MCM e, no segundo, de 4 x 954 MCM
que levam às resistências de 10 Ω/polo e 5 Ω/polo, respectivamente.

224 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

• Capacidade de cada terminal


As potências nominais dos conversores são as seguintes:
Retificador 1 e retificador 2 = 1.000 MW, ±500 kV cada uma.
Inversor 2 e Inversor 3 = 1.000 MW, ±500 kV cada uma.
Os conversores foram modelados como monopolares (assim, no re-
tificador existirão 4 x 500 MW de conversores).

• Tensão/Corrente CC nominal
A tensão CC e corrente nominal na saída do terminal retificador
são de ±500 kV e 4 kA. Com isso, tem-se uma potência nominal de
2.000 MW fluindo no elo CC. A corrente e potência nominal ingres-
sando em cada inversor são iguais a 2 kA e 1.000 MW.

• Compensação reativa e filtros CA em cada terminal


Nos terminais não foram representados os filtros CA, porém foram
alocados bancos capacitivos para a compensação reativa na barra
CA comum aos retificadores (1.000 Mvar) e na saída dos inversores
(600 Mvar em cada um), conforme figura 1.

• Filtros CC no sistema multiterminal


Foram representados filtros CC típicos nos terminais, consistindo
em um filtro tipo R, L, C proposto por um dos fabricantes de equi-
pamentos de CC (figura 2).

Figura 2: Filtro CC usado na simulação

CAPÍTULO 8 225
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Principais componentes do sistema de


controle do sistema multiterminal CC
O detalhe do conversor de 12 pulsos, especificamente do retificador 1,
é mostrado na figura 3. A constituição do retificador 2 é idêntica à do reti-
ficador 1. Cada conversor de 12 pulsos é composto por duas pontes de seis
pulsos, conectadas à rede CA (500 kV) através de transformadores Y-Δ e Y-Y
providos de taps. Nota-se, ademais, a presença do indutor de alisamento e do
filtro no lado CC do conversor.
A configuração dos inversores 2 e 3 são semelhantes ao do retificador
apresentado na figura 3. O retificador possui controle de corrente através do
ângulo de disparo α. O sistema de controle dos inversores é também seme-
lhante ao do retificador, porém ajustado para controlar o ângulo de extin-
ção (γ) e a tensão no sistema CC. O valor mínimo do ângulo α foi estabele-
cido em 5°, enquanto que o valor mínimo do ângulo γ é igual a 15°.
0.5968 [H] NL1
bus
A
V 0.001 [ohm] 0.001 [ohm]
0.001 [ohm]

Com.
Bus
tapr1 AM ARD DC FILTER
GM
GRD Gamma meas

#1 #2 A
VRec11 V
AO AOR
KB Alpha Order
0.001 [ohm] 6 Pulse
A Bridge
AC1_a
0.001 [ohm]
B
AC1_b rectifier
0.001 [ohm] 1000MW, 500kV
C
AC1_c

Com.
Bus
tapr1 AM ARS
GM
GRS

#1 #2
VRe2
AO
1.0 [Mohm]

KB
6 Pulse 1 TIME
KBR
Bridge
0.001 [ohm]

NN1

Figura 3: Modelo global dos conversores

O diagrama de controle do ângulo a (saída AOR no retificador) é mos-


trado na figura 4, na qual pode ser observada, entre outras, a função VDCL
ou VDCOL (Voltage Dependent Current Order Limit).
O objetivo da função VDCOL é melhorar a estabilidade da tensão e po-
tência durante e após a ocorrência da falta no sistema. Este controle está en-

226 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

carregado de reduzir a corrente de referência (current order) segundo o valor


da tensão CC, o qual ocorre quando a tensão CA sofre uma queda devido a
faltas na rede CA, ou em caso de faltas na linha CC. Maiores detalhes em re-
lação a esta função de controle pode ser encontrada em [2].

Alpha Order
Angle Order

AOR

F
+
-
D

Pi
BETAR
P

I
Ctrl = 1

Rectifier Current Order


Ctrl
Delay

A
B
CERRR

1.0
Down_Rect_BL1

CORD
F
+
-
D

Min
CMRS

D
CO
1 + sT
G

VDCL

Power
dc current measured

[Main] Rec1_Term1_Io

POWER
CMR
at rectifier

*
compounding
MPVS

voltage
RECTIFIER

CMRS2

0.01
F
VDCOL

D + +

*
CONTROLS
RECTIFIER
CURRENT

1 + sT
DCVF

dc current measured
1 + sT

CMR
G

at rectifier
dc voltage measured
VDCR

at rectifier

Figura 4: Diagrama de controle do ângulo α nos retificadores

Conforme se pode observar na figura 5, o sistema de controle no inver-


sor é semelhante ao do retificador, diferindo pelo sinal CMARG, que repre-
senta a margem de corrente. Além disso, inclui-se o pré-cálculo do ângulo β
utilizado durante a inicialização da simulação.

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input current
order (pu)

INVERTER CURRENT CO current order


CONTROLS [Main] Inv_Term2_Io
for rectifier

VDCI G VDCL D CORD


Min CORDER
1 + sT DCVF D + + MPVS S_Vctrl
F
dc voltage voltage
measured at compounding
inverter Ctrl
CMARG
B 0.1
POWER
0.01

*
*

current order 1 = Ctrl A 0.1


for rectifier
F F
P
CMI G D - + CERRI D + - CERRIM BETAIC
1 + sT CMIS
I

Angle Order for


dc current measured inverter
Pi
at inverter positive compound
0.873
contribution = 5deg B
BETAI + AOI
Max -
D D
CERRI G E
*
1 + sT

IDIFF B
(ID_error) + BETAIG_CALC
+ Cos + ArcCos
D D -
F
Gamma_REF

G
CMI 1 + sT

dc current measured
at inverter

0.09 * * N
N/D
2.0

VrmsI_terminal2 N G
N/D
1 + sT
Tap_Inv_Term2 D

Figura 5: Diagrama geral de controle nos inversores

Em um sistema CC de dois terminais (ponto a ponto), apenas um deles


fará o controle da corrente; e o outro, o controle da tensão. No caso do siste-
ma multiterminal apresentado, mais de um conversor controla sua corren-
te, e um controla a tensão. Desta forma, será necessário o estabelecimento
de um sistema de controle central (master control) que calcule e distribua as
correntes de referência a cada conversor, satisfazendo a condição de que a
soma de todas as correntes preestabelecidas seja igual a zero (1).
n

∑I o_i =0 (1)
i=1

No caso do sistema utilizado, tem-se (figura 6):

Io_ R = ( Io_ 2 + Io_ 3 ) (2)

Onde:
Io_R: Corrente de referência dos retificadores.
Io_2: Corrente de referência do inversor 2.
Io_3: Corrente de referência do inversor 3.

228 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

O controle central (master control) é encarregado de gerar a corrente de


referência (current order) para os sistemas de controle de corrente de todos
os conversores (figura 6). Entre as suas principais funções estão:

• O controle de potência pelas linhas CC.


• Balanceamento de diferenças entre ordens de corrente.
• Sincronização das correntes de referência entre conversoras, princi-
palmente durante o período dinâmico do sistema, bem como deter-
minação das condições de resposta entre a rede CA e o sistema CC.
Master Control
Set power transm ission

Current order
Set_Io_Term2_Zero
(Inverter 2)

Ctrl
B -sT Inv_Term2_Io
e
Inv_Term2_Io
Ctrl = 1 Io_2
A
B
0.0
+
* Rec1_Term1_Io
+
F Io_R
Current order Set_Io_Term3_Zero KC
(Inverter 3)
KC
Ctrl
B e-sT Inv_Term3_Io
B
Inv_Term3_Io Io_3 -
A Ctrl = 1 1.0 + Rec2_Term1_Io
D

0.0

Figura 6: Detalhe do controle central utilizado

Em um terminal com mais de um conversor, é necessário realizar uma


distribuição de corrente entre eles. Na figura 6, o fator KC permite esta divisão
entre os retificadores 1 e 2. O controle básico de potência do sistema CC, para
a transmissão ponto a ponto, pode ser encontrado na referência [5].

Desempenho do sistema multiterminal em regime permanente


Nas figuras 7(a) e (b) são apresentados o ângulo α nos retificadores e γ
nos inversores. Nota-se que o valor de α corresponde a um valor típico de
operação de um sistema CC (α ≈ 17°).

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Retificador 1

Retificador 2

(a)

Inversor 2

Inversor 3

(b)
Figura 7: (a) ângulo α nos retificadores 1 e 2; (b) ângulo γ nos inversores 2 e 3

Nota: Os valores mostrados dentro das figuras correspondem ao instan-


te de tempo ‘x’, em segundos.

230 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Com base nos valores do ângulo de extinção γ, em regime permanen-


te, pode-se estabelecer que o inversor 2 encontra-se controlando a tensão
(γ ≈ 16°), e o inversor 3 (γ ≈ 23°) controla a corrente.
Nas figuras 8(a) e (b) são mostradas as tensões CC no terminal retifica-
dor (Edc_R) e na entrada aos Inversores 2 e 3 (Edc_Inv2, Edc_Inv3), assim como as
correntes CC na saída dos retificadores (Idc_1) e entrada aos inversores (Idc_2,
Idc_3) do sistema multiterminal (vide figura 1).

Rectifier : Graphs
Edc_R Edc_Inv2 Edc_Inv3
600
500

400
300
(kV)

200
100

0
-100
x 0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00

(a)

Rectifier : Graphs
Idc1 Idc_2 Idc3
4.0

3.0

2.0
(kA)

1.0

0.0

x 0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00

(b)
Figura 8: (a) Tensão CC e, (b) Correntes no elo CC e na entrada aos inversores 2 e 3

A potência ativa transmitida pelo elo CC (Pdc_1) e a potência recebida


pelos inversores 2 (Pdc_2) e 3 (Pdc_3) estão mostradas na figura 9.

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Rectifier : Graphs
Pdc1 Pdc_2 Pdc_3
2.3k
2.0k
1.8k
1.5k
1.3k
1.0k
(MW)

0.8k
0.5k
0.3k
0.0
-0.3k
x 0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00

Figura 9: Potência CC (MW) na linha CC e na entrada aos inversores

Os resultados apresentados mostram o bom desempenho do sistema


multiterminal CC em regime permanente.

Aplicação de faltas no sistema


Com o objetivo de observar o desempenho do sistema multiterminal
diante de condições transitórias, foram aplicadas faltas na rede básica de
500 kV e próxima aos conversores (figura 1). Para todos os casos, a aplica-
ção da falta franca (curto-circuito monofásico) ocorre em t =1,0 s, com uma
duração de 100 ms após a qual esta é removida.

Falta monofásica (Fase A) no lado CA do retificador.

Poderá ser observado que a falta tem maior influência sobre o termi-
nal retificador (figura 10c), sendo que a queda de tensão é maior nesta bar-
ra (Vrms_R1), mas que o sistema multiterminal como um todo restabelece sua
condição operativa após a eliminação da falta. Durante o período de falta, o
ângulo “α” no retificador 1 (e no retificador 2, conforme constatado) dimi-
nui até atingir o seu valor mínimo (αmin = 5°, Alpha Order na figura 11) na
tentativa de elevar a tensão nos terminais CC, a fim de manter a corrente no
elo igual a sua referência.

232 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Rectifier : Graphs
Edc_R Edc_Inv2 Edc_Inv3
1.0k
0.8k
0.6k
0.4k
0.2k
(kV)

0.0
-0.2k
-0.4k
-0.6k
x 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50

(a)

Rectifier : Graphs
Idc1 Idc_2 Idc3
8.0
7.0
6.0
5.0
4.0
(kA)

3.0
2.0
1.0
0.0
-1.0
x 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50

(b)

Rectifier : Graphs
Vrms_R1 Vrms_Inv2 Vrms_Inv3
1.20

1.00

0.80

0.60
(pu)

0.40

0.20

0.00
x 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50

(c)
Figura 10: (a) Tensões CC, (b) Correntes no elo CC e, (c) Tensões eficazes no lado CA dos
retificadores e inversores para a falta F2

CAPÍTULO 8 233
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Rectifier : Graphs
Alpha Order
120

100 Retificador 1

80

60

40

20

0
x 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50

(a)
Inverter : Graphs
GMES
120
100
Inversor 2
80
60
40
20
0
x 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50

(b)
Inverter : Graphs
GMES
120
100 Inversor 3
80
60
40
20
0
x 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50

(c)
Figura 11: (a) Ângulo α no retificador, (b) Ângulo γ no inversor 2, (c) Ângulo γ no inversor 3

Falta monofásica (Fase A) no lado CA do inversor 3

A maior influência ocorre sobre o terminal inversor 3 (figura 12c) que


apresenta uma maior queda de tensão no lado CA (Vrms_inv3). Observa-se
também (figura 13) que, durante o período da falta, o valor do ângulo “γ”
cai praticamente para zero.

234 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Rectifier : Graphs
Edc_R Edc_Inv2 Edc_Inv3
600
500
400
300
200
(kV)

100
0
-100
-200
-300
x 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50

(a)

Rectifier : Graphs
Idc1 Idc_2 Idc3
7.0
6.0
5.0
4.0
3.0
(kA)

2.0
1.0
0.0
-1.0
x 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50

(b)

Rectifier : Graphs
Vrms_R1 Vrms_Inv2 Vrms_Inv3
1.20

1.00

0.80

0.60
(pu)

0.40

0.20

0.00
x 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50

(c)
Figura 12: (a) Tensões CC, (b) Correntes no elo CC e, (c) Tensões eficazes no lado CA dos
retificadores e inversores para a falta F4

CAPÍTULO 8 235
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Rectifier : Graphs
Alpha Order
120

100 Retificador 1

80

60

40

20

0
x 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50

(a)
Inverter : Graphs
GMES
120
110
100 Inversor 2
90
80
70
(deg)

60
50
40
30
20
10
x 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50

(b)

Inverter : Graphs
GMES
140
120 Inversor 3
100
80
60
40
20
0
x 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50

(c)
Figura 13: (a) Valor de α no retificador, (b) Ângulo γ no inversor 2, (c) Ângulo γ (GMES)
no inversor 3

Contudo, fica evidenciada a capacidade de restabelecimento do sistema


multiterminal após a ocorrência e extinção de um curto-circuito monofá-
sico próximo ao inversor 3.

236 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Bloqueio dos inversores


Podem existir situações nas quais seja necessário o bloqueio do con-
versor, por exemplo, no caso de faltas internas, erros no sistema de controle
de potência, queda extrema da tensão CA, entre outros. Durante a condi-
ção de bloqueio do conversor, não haverá comutação dos tiristores e, con-
sequentemente, não haverá corrente CC no elo CC.
Com o objetivo de mostrar a resposta do sistema multiterminal CC,
diante desta condição operativa, será inicialmente bloqueado o inversor 3
e na sequência o inversor 2 (mantendo-se bloqueado o inversor 3). Especi-
ficamente, o inversor 3 é bloqueado em t = 1,5 s, e o inversor 2 em t = 3,0 s.
No intervalo t = 0,0 → 1,5 s, cada inversor transmite 50% da potên-
cia do sistema multiterminal (figura 14c). Com o bloqueio do inversor 3,
a partir de t = 1,5 s, apenas a potência nominal do inversor 2 é transmitida
pelo elo CC, isto é, só 50% da capacidade do sistema multiterminal é trans-
mitido pelo inversor 2. Finalmente, em t = 3,0 s, o inversor 2 é também
bloqueado, interrompendo completamente a transmissão no elo CC. Os
ângulos α e γ nos conversores seguem padrões esperados durante a opera-
ção de bloqueio (figura 15).

Rectifier : Graphs
Edc R Edc Inv2 Edc Inv3
600
500
400
300
200
100
0
-100
-200
-300
-400
x 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 4.00 4.50 5.00

(a)

CAPÍTULO 8 237
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Rectifier : Graphs
Idc1 Idc 2 Idc3
6.0
5.0

4.0
3.0

2.0
1.0

0.0
-1.0
x 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 4.00 4.50 5.00

(b)

Rectifier : Graphs
Pdc1 Pdc_2 Pdc_3

2.0k

1.5k

1.0k

0.5k

0.0

x 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 4.00 4.50 5.00

(c)
Figura 14: (a) Tensões no elo CC, (b) Correntes CC, (c) Potência saindo dos retificadores
e entrando nos inversores

Rectifier : Graphs
Alpha Order
140
120 Retificador 1
100
80
(deg)

60
40
20
0
Gamma meas
200
180
160
140
120
(deg)

100
80
60
40
x 0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0

(a)

238 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Inverter : Graphs
GMES
120
100 Inversor 2
(deg) 80
60
40
20

Alpha Order
160
140
120
(deg)

100
80
60
x 0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0


(b)

Inverter : Graphs
GMES
120

100 Inversor 3
80

60

40

20

Alpha Order
160

140

120

100

80

60
x 0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0

(c)
Figura 15: (a) Ângulos α e γ no retificador 1, (b) no inversor 3, e (c) no inversor 3

CAPÍTULO 8 239
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Falta na linha CC
Outra possibilidade de falta que pode ocorrer no sistema é a falta na própria
linha CC. A falta é aplicada no início da linha CC no ponto de medição Edc_R,
mostrado na figura 1, e tem uma duração de 100 ms começando em t = 3,0 s.
Observa-se (figura 16) que também neste caso o sistema apresenta uma
boa recuperação diante desta condição, tanto para a tensão, corrente e po-
tência CC que restabelecem seu valor de regime pré-falta.

Rectifier : Graphs
Edc_R Edc_Inv2 Edc_Inv3
600

400

200
(kV)

-200

-400

Idc1 Idc_2 Idc3


6.0
5.0
4.0
3.0
(kA)

2.0
1.0
0.0
-1.0
Pdc1 Pdc_2 Pdc_3
2.0k

1.5k

1.0k
(MW)

0.5k

0.0

x 0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0

Figura 16: Comportamento do sistema multiterminal diante do curto-circuito na linha CC

240 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Desempenho do sistema considerando


a modelagem das fontes CA com suas
características dinâmicas (Segunda etapa)
É importante examinar o desempenho do sistema, considerando a mo-
delagem das máquinas e seus reguladores na rede CA, verificando, dessa
forma, o comportamento dinâmico do sistema (transitório eletromecânico
e estabilidade). De forma sucinta, o modelamento das máquinas no sistema
CA considerou:
• Especificação das reatâncias síncronas, transitórias e subtransitórias
nos eixos d-q (equações de Park completas).
• Especificação das constantes de tempo transitórias e subtransitórias.
• Representação das máquinas como hidrogeradores (polos salientes).
• Reguladores de tensão com constates de tempo e ganhos iguais para
todas as máquinas.
• Reguladores de velocidade típicos simplificados.

Na figura 17(a), mostra-se a representação do hidrogerador síncrono o


qual está conectado ao sistema através de um transformador 13,8/500 kV, e
seu regulador de velocidade. Na figura 17(b), mostram-se os principais com-
ponentes do regulador de tensão implementado na ferramenta de simulação.

(a)

CAPÍTULO 8 241
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

(b)
Figura 17: Detalhes: (a) da máquina equivalente incluindo o regulador de velocidade,
(b) do regulador de tensão

Os parâmetros do regulador de tensão utilizados correspondem às má-


quinas da usina de Ilha Solteira. Estes parâmetros dentro dos blocos de avan-
ço-atraso de fase têm os seguintes valores: ganho global G = 750, constante
de tempo de avanço T1 = 1,963 s e de atraso T2 = 18,654 s. O regulador de
tensão está configurado para controlar a tensão na barra de alta tensão, com-
pensando a regulação do transformador.
O regulador de velocidade consiste da soma de dois sinais, um para re-
ferência de potência mecânica constante, e outro para compensação do erro
de velocidade. O controlador do tipo PI (Proportional-Integral) possui um
ganho proporcional Kp = 5 e constante de tempo do integrador Ti = 40 s. Res-
salta-se que este regulador não representa completamente o comportamento
e dinâmica das comportas de admissão ou das turbinas hidráulicas, mas que
ele é suficiente para o controle de velocidade, fornecendo um torque amor-
tecedor e estabilizante à máquina.
Os sinais ENAB e S2M (figura 17) são utilizados para inicialização dos
reguladores, permitindo que a máquina opere como fonte ideal até que seja
estabelecido o regime permanente, suprimindo oscilações e transitórios de
partida devido à dinâmica dos reguladores.
O procedimento para a operação e inserção dos geradores na rede de
500 kV, no cálculo, é o seguinte:

• O sistema parte de condições iniciais nulas, e as máquinas operam como


fontes de tensão fixa e com velocidade constante para inicializar o regu-
lador de tensão e atingir uma condição de regime (inclusive do elo CC).
• Em t = 0,5 s, o regulador de tensão do gerador é ativado (a variável
S2M muda de estado), e a máquina funciona como uma fonte de ten-
são controlada e com velocidade (frequência) constante.
• Em t = 4,0 s, após o término do transitório de inicialização e atin-
gido o regime permanente da rede, é inserido no sistema o modelo

242 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

dinâmico das máquinas equivalentes (a variável ENAB muda de es-


tado), com injeção de potência mecânica constante e igual à de regi-
me, mais um sinal de erro. A partir deste instante, as equações ele-
tromecânicas e de oscilação da máquina são utilizadas, liberando-se
a variação de torque mecânico e velocidade.

Uma grandeza importante em estudos de estabilidade é a constante de


inércia H, definida como a relação entre a energia cinética armazenada na
máquina na velocidade síncrona, em MJoules e a sua potência nominal em
MVA [5]. Ela varia pouco com o porte da máquina, com valores tipicamente
entre 1,5 e 4,3 segundos para geradores hidráulicos do tipo vertical para bai-
xas rotações [9]. Para o caso de máquinas coerentes conectadas a um mesmo
ponto da rede, é possível considerar o conjunto como uma única máquina
com constante de inércia equivalente.
Se o deslocamento do rotor em relação ao eixo de referência for δ, com
posição inicial δ0, sendo que ωnominal igual à velocidade síncrona e, para uma
máquina com potência nominal Snominal, então, o ângulo de referência θ(t) e
a equação do swing da máquina, desconsiderando atrito viscoso e elastici-
dade do eixo, serão [10]:

θ (t) = ω nomin al t + δ (t) + δ 0 (3)

dδ ω nomin al ( Pmecânica − Pelétrica )


δ

dt
= ∫δ0 Snomin al H
d(t) (4)

A transformada de Park é utilizada para deixar constante a matriz de


indutâncias dos enrolamentos mencionados, desacoplando as equações de
eixo direto e de quadratura da máquina [11]. Esta expressão (5) é aplicada
para que as potências fiquem invariantes sob a transformação.

⎡ 2 2 ⎛ 2π ⎞ 2 ⎛ 2π ⎞ ⎤
⎢ cosθ cos ⎜ θ −
⎝ ⎟ cos ⎜ θ +
⎝ ⎟ ⎥
⎢ 3 3 3 ⎠ 3 3 ⎠ ⎥
⎢ ⎥
2 2 ⎛ 2π ⎞ 2 ⎛ 2π ⎞ ⎥
⎡⎣TPark _ dq0 ⎤⎦ = ⎢
−1
sin θ sin ⎜ θ − ⎟ sin ⎜ θ + ⎟ (5)
⎢ 3 3 ⎝ 3 ⎠ 3 ⎝ 3 ⎠ ⎥
⎢ ⎥
⎢ 1 1 1 ⎥
⎢ 3 3 3 ⎥
⎣ ⎦

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Assim, a nova equação matricial da máquina será:

⎡ −ωλq ⎤
⎢ ⎥
⎢ +ωλd ⎥
⎢ ⎥
d ⎡⎣ λdq0 ⎤⎦ ⎢ 0 ⎥
⎡⎣ vdq0 ⎤⎦ = − [ R ] ⎡⎣idq0 ⎤⎦ − +⎢ 0 ⎥ (6)
dt ⎢ 0 ⎥
⎢ ⎥
⎢ 0 ⎥
⎢⎣ 0 ⎥⎦

Onde:
vdq: Tensão trifásica terminal após a transformação.
idq0: Corrente de armadura após a transformação.
λdq0: Fluxos concatenados dos enrolamentos após a transformação.
λd: Fluxo resultante de eixo direto.
λq: Fluxo resultante de eixo de quadratura.
ω: Velocidade da máquina.
R: Matriz diagonal de resistência de armadura da máquina.

Os termos de tensão induzida por efeito mocional -ωλq e +ωλd surgem


devido à rotação dos polos de campo e à transformação aplicada serem uma
função do tempo.

Nota: Para estudos em que é necessário levar em consideração as va-


riações de velocidade, o modelo deve representar a influência da inércia das
massas acopladas ao eixo, dos efeitos de amortecimento e da rigidez (ou elas-
ticidade) das conexões mecânicas entre partes rotativas. A representação por
massa única é normalmente adequada para estudo de unidades hidráulicas,
onde turbina e gerador são conectados por um eixo rígido. Para o estudo de
unidades térmicas, é necessária a representação através das diversas massas
acopladas no sistema de geração. A expressão (7) representa a equação de
swing reescrita para massas múltiplas, incluindo os coeficientes de perdas.

d2 d
[J ] dt 2
[δ ] + [ D ] dt [δ ] + [ K ][δ ] = [Tacelerante ] (7)

244 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Onde:
[J]: Matriz diagonal de momento de inércia das massas rotativas.
[δ]: Vetor de posição angular.
[ω]: Vetor de velocidades.
[D]: Matriz de coeficientes de amortecimento.
[K]: Matriz de coeficientes de rigidez do eixo.
[Tacelerante]: Diferença entre o vetor de torques mecânicos e o vetor de
torques eletromagnéticos.

A interface entre as grandezas elétricas e mecânicas é feita por meio da


expressão (8).
−v f i f + I 2f Rexc
p
(
Tmecânico = λd iq − λqid +
2
)
ω mecânica
(8)

Onde:
P: Número de pares de polos da máquina;
vf, if, Rexc: Tensão, corrente e resistência no ramo de excitação;
Tmecânico: Torque mecânico exigido no eixo da máquina.

Desempenho dinâmico do sistema diante de faltas


É importante também observar a resposta do sistema multiterminal CC,
considerando a modelagem das máquinas, em relação à estabilidade diante
de faltas na rede CA. De forma análoga à aplicação de faltas apresentada an-
teriormente, serão também mostrados os resultados para os casos:

• Curto-circuito monofásico (Fase A) no lado CA dos retificadores.


• Curto-circuito monofásico (Fase A) no lado CA do inversor 3.

A falta é aplicada em t = 4,5 s e tem uma duração de 100 ms, instante no


qual a falta é removida.

CAPÍTULO 8 245
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Falta monofásica (Fase A) no lado CA do retificador

Na figura 18, mostra-se o comportamento das potências elétrica e me-


cânica (Pelt_i, Pmec_i), da frequência (F_i), do ângulo de carga da máquina (Lang),
dos torques elétrico (T_elt_i) e mecânico (TM_i) assim como da tensão terminal
(V_i_rms) em p.u. das máquinas equivalentes na Barra 71 (Tucuruí) e Barra 14
(Paulo Afonso), para o caso da falta monofásica no lado CA dos retificadores.
Podem-se observar as oscilações e posterior restabelecimento amorte-
cido destas grandezas à condição de equilíbrio após a remoção da falta. Este
comportamento também é verificado para as grandezas correspondentes ao
retificador 1 e inversor 2, mostrados na figura 19. O ângulo α cai para o va-
lor mínimo (α = 5°) durante o período de curto em ambos os retificadores,
pelos motivos apresentados anteriormente.

Barra 71 (Tucuruí) Barra 14 (Paulo Afonso)


Tucurui_3 PauloAfonso_1
P_elt_71 P_mec_71 P_elt_14 P_mec_14
9.0k 4.5k
4.3k
8.5k 4.0k
3.8k
3.5k
8.0k
(MW)
(MW)

3.3k
3.0k
7.5k 2.8k
2.5k
7.0k 2.3k
F_71 F_14
60.100

60.050 60.10

60.000 60.00
(Hz)

(Hz)

59.950 59.90

59.900 59.80

59.850 59.70
T_elt_71 T_mec_71 T_elt_14 T_mec_14
1.20

1.000 1.10

1.00
0.950
(pu)

(pu)

0.90
0.900
0.80
0.850
0.70
V_71_rms V_14_rms
1.100
1.100
1.050
1.050
1.000
1.000
(pu)

(pu)

0.950 0.950

0.900
0.900
0.850
x 0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 x 0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0

(a) (b)

Figura 18: Potência elétrica, frequência, ângulo de carga, torques mecânico e elétrico,
e tensão terminal na: (a) Barra 71 – Tucuruí, (b) Barra 14 – Paulo Afonso

246 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Retificador 1 Inversor 2
Rectifier : Graphs Inverter : Graphs
Pdc_R1 Pdc_I2
1.2k 1.2k

1.0k 1.0k

0.8k 0.8k

(MW)
(MW)

0.6k 0.6k

0.4k 0.4k

0.2k 0.2k
Vdc_R1 Vdc_I2
1.0k 800
0.8k 600
0.6k
400
0.4k
(kV)

(kV)
0.2k 200

0.0 0
-0.2k
-200
-0.4k
Idc_R1 Idc_I2
3.50 3.50

3.00 3.00
2.50
2.50
2.00
2.00
(kA)

(kA)
1.50
1.50
1.00
1.00 0.50
0.50 0.00
Alpha Order GMES
120 80
100 70
60
80
50
60
(deg)

40
(Deg)

40 30
20
20
10
0 0
x 0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 x 0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0

(a) (b)

Figura 19: Potência, tensão e corrente CC no retificador 1 e inversor 2 e: (a) ângulo “α”
no retificador 1, (b) ângulo “γ” no inversor 2

A figura 20 mostra a diferença angular entre as máquinas de Belo Mon-


te (Barra 4941), Paulo Afonso (Barra 14) e Xingó (Barra 89) em relação à
máquina de Tucuruí (Barra 71). Observa-se que as barras 14 e 89 possuem
aproximadamente o mesmo ângulo relativo à barra de referência (curvas
vermelha e verde) devido a sua proximidade elétrica. As diferenças angula-
res das barras 14 e 89 são maiores do que a diferença da máquina 4941, que
está mais próxima da barra de referência (Barra 71).
Comparando-se os gráficos de velocidade (figura 18) com o de ângulo
relativo das máquinas (figura 20), é possível notar a influência da aplicação
do curto monofásico no terminal retificador (Barra 550) sobre o carrega-
mento das usinas. Logo após a falta, a potência transmitida pelo elo CC cai,
efetivamente reduzindo a carga equivalente vista pelas máquinas nas barras
4941 e 71, causando um desbalanceamento entre potência mecânica entre-

CAPÍTULO 8 247
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
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gue pelas turbinas e potência elétrica solicitada pela rede, acelerando-as (fi-
gura 18a). Por outro lado, como a transmissão pelo elo CC foi brevemente
reduzida, as máquinas em 14 e 89 deverão suprir uma maior potência elétri-
ca (figura 18b) para alimentar as cargas locais, utilizando sua energia arma-
zenada e reduzindo sua velocidade.
Isto também pode ser verificado pela análise da figura 20, onde o ân-
gulo relativo das máquinas na Barra 14 e Barra 89 aumenta, enquanto que
o da Barra 4941 diminui, o que indica que a falta teve um efeito acelerante
sobre a região do terminal retificador e um efeito desacelerante sobre os ter-
minais inversores.
Contudo, fica também evidente o restabelecimento das máquinas após
a falta, visto que as respostas são amortecidas e retornam às mesmas condi-
ções iniciais de regime.
Main : Graphs
Ang Rel BMonte-Tuc Ang Rel PAfonso-Tuc Ang Rel Xingo-Tuc
5.0
0.0
-5.0
-10.0
-15.0
-20.0
(deg)

-25.0
-30.0
-35.0
-40.0
-45.0
-50.0
x 0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0

Figura 20: Ângulo das máquinas relativo à máquina de Tucuruí (Barra 71) para a falta
no lado CA do retificador

Falta monofásica (Fase A) no lado CA do inversor 3

No caso da falta monofásica no lado CA do inversor 3, observam-se


também as oscilações e posterior restabelecimento das grandezas na rede CA
e CC à condição de equilíbrio após remoção desta (figuras 21 e 22).

248 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Barra 71 (Tucuruí) Barra 14 (Paulo Afonso)


Tucurui_3 PauloAfonso_1
P_elt_71 P_mec_71 P_elt_14 P_mec_14
9.3k 4.3k
9.0k 4.0k
8.8k 3.8k
3.5k
8.5k
3.3k
8.3k

(MW)
(MW)

3.0k
8.0k 2.8k
7.8k 2.5k
7.5k 2.3k
7.3k 2.0k
F_71 F_14
60.150
60.100 60.20
60.050 60.10
60.000 60.00
(Hz)

(Hz)
59.950 59.90
59.900 59.80
59.850 59.70
59.800 59.60
T_elt_71 T_mec_71 T_elt_14 T_mec_14

1.20
1.000
1.10
0.950 1.00
(pu)

(pu)
0.90
0.900
0.80

0.850 0.70

V_71_rms V_14_rms
1.030
1.100
1.020
1.050
1.010 1.000
(pu)

(pu)
0.950
1.000
0.900

0.990 0.850
0.800
x 0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 x 0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0

(a) (b)

Figura 21: Potência elétrica, frequência, ângulo de carga, torques mecânico e elétrico,
e tensão terminal na: (a) Barra 71 – Tucuruí, (b) Barra 14 – Paulo Afonso

Retificador 1 Inversor 2
Rectifier : Graphs Inverter : Graphs
Pdc_R1 Pdc_I2
1.2k 1.2k

1.0k 1.0k

0.8k 0.8k

0.6k 0.6k
(MW)
(MW)

0.4k 0.4k

0.2k 0.2k
0.0 0.0
Vdc_R1 Vdc_I2
800 800
600 600
400
400
200
(kV)

(kV)

0 200

-200 0
-400
-200
-600
Idc_R1 Idc_I2
3.50 3.00
3.00 2.50
2.50 2.00
2.00 1.50
(kA)

(kA)

1.50 1.00
1.00 0.50
0.50 0.00
0.00 -0.50
Alpha Order GMES
120 100
90
100 80
80 70
60
60
(deg)

50
(Deg)

40 40
30
20 20
10
0 0
x 0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 x 0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0

(a) (b)
Figura 22: Potência, tensão e corrente CC no retificador 1 e inversor 2 e: (a) ângulo “α”
no retificador 1, (b) ângulo “γ” no inversor 2

CAPÍTULO 8 249
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Foi também possível constatar que, devido à proximidade entre os in-


versores, a potência e tensão em ambos os terminais (Inversor 2 e 3) foram
as mais afetadas. Caso os inversores estiverem a uma distância considerável,
o efeito da falta sobre o inversor afastado será bem menor.
Na ocorrência de uma falta no lado CA muito próxima ao inversor, po-
de haver falha de comutação das válvulas do conversor. Entretanto, isso não
foi o objeto de estudo nas simulações realizadas.
Foram também simuladas faltas na rede CA (curto-circuito trifásico
na Barra 525 da figura 25), e no lado CA do inversor 2 (curto-circuito mo-
nofásico), referidas como F1 e F3 na figura 1, respectivamente. As respostas
do sistema multiterminal CC e das fontes de geração modeladas mostraram
comportamento e recuperação semelhante aos resultados aqui apresentados.
Para esta perturbação na rede, os ângulos nas barras 4941 (Belo Monte),
14 (Paulo Afonso) e 89 (Xingó), em relação à barra 71 (Tucuruí), mostraram
também respostas amortecidas com retorno à condição de pré-falta (vide fi-
gura 23). Comparando-se as potências na figura 19 e figura 22, pode-se di-
zer que a falta monofásica aplicada no terminal inversor 3 é mais severa, pois
interrompe completamente a transmissão de ambos os terminais, devido à
proximidade entre eles (~300 km). Assim, o efeito deste defeito sobre o ba-
lanço de potência, acelerações e ângulos relativos é mais proeminente, con-
forme verificado nas figuras 18 e 21 e figuras 20 e 23.
Main : Graphs
Ang Rel BMonte-Tuc Ang Rel PAfonso-Tuc Ang Rel Xingo-Tuc
20
10
0
-10
-20
(deg)

-30
-40
-50
-60
-70
x 0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0

Figura 23: Ângulo das máquinas relativo à máquina de Tucuruí (Barra 71) para a falta
no lado CA do retificador

250 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Avaliação econômica do sistema multiterminal CC


Um aspecto de interesse referente a sistemas multiterminais CC é o cus-
to destes sistemas em relação às demais alternativas de transmissão, prin-
cipalmente o CA tradicional. O sistema multiterminal analisado corres-
ponde ao apresentado na figura 1, isto é, ele possui quatro terminais, dois
retificadores conectados a uma barra comum e dois inversores. As distân-
cias dos elos CC são as mesmas às apresentadas no início do capítulo, ou
seja, o elo CC principal tem 1.300 km e a distância entre os inversores 2 e
3 é de 300 km.
No caso do sistema CA tradicional, este apresentaria três subestações,
uma no lugar do terminal retificador e as outras duas no lugar dos terminais
inversores, com as mesmas distâncias utilizadas no sistema multiterminal.
Foi considerado um bipolo interligando os terminais CC e um circuito du-
plo para o sistema CA tradicional. Dessa forma, são comparadas linhas de
confiabilidade semelhante.
O custo das conversoras foi calculado utilizando a mesma expressão e
a mesma taxa de conversão do dólar apresentado no capítulo 4, ressaltando
que os custos apresentados nesse capítulo referem-se ao conjunto retifica-
dor + inversor. Portanto, o custo de um terminal (retificador ou inversor)
corresponde à metade dos custos do conjunto.
Na tabela 1 (Coluna A) a especificação 4/4 no item número de sub-
condutores indica que o feixe (bundle) de quatro condutores calculado cor-
responde tanto para o trecho de 1.300 km como para o trecho de 300 km.
No item referente ao condutor (MCM), o condutor econômico
1.510,5 MCM, por exemplo, foi obtido para o trecho de 1.300 km, enquan-
to que para o trecho de 300 km o condutor econômico seria o 954 MCM.
Para a alternativa 2.000 MW CC (coluna A), foi considerado o custo de
um terminal retificador de 2.000 MW (Representado pelos retificadores 1 e
2), um terminal inversor de 1.000 MW (Inversor 2) e um terminal inversor
de 1.000 MW (Inversor 3).
Da mesma forma, para a alternativa 3.000 MW CC (Coluna C), foi con-
siderado o custo de metade de um terminal retificador de 3.000 MW (Reti-
ficadores 1 e 2), um terminal inversor de 1.500 MW (Inversor 2) e um ter-
minal inversor de 1.500 MW (Inversor 3).

CAPÍTULO 8 251
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Foi considerada uma perda de 0,75% em cada terminal (Retificador ou


inversor). Vale notar que no capítulo 4, foi considerada uma perda de 1,5%
no conjunto retificador + inversor.
Na tabela 1, apresenta-se a referida análise econômica consideradas po-
tências transmitidas de 2.000 MW e 3.000 MW e onde estão sendo compa-
radas as alternativas multiterminal CC e CA tradicional.
Observa-se que as opções A e B (sistema multiterminal em CC) apresen-
tam custos totais menores em relação às demais alternativas, principalmente
porque estas desconsideram custos referentes a subestações terminais e com-
pensação shunt e série; além de que os custos, devido às linhas, são menores.
A alternativa CC em ± 600 kV (Opção A) apresenta um custo ligeira-
mente inferior à alternativa em ± 500 kV (Opção B). Mesmo assim, ambas
têm custos sensivelmente menores que o CA tradicional (Opção C). No caso
de potências de transmissão 3.000 MW, a opção D apresenta um custo me-
nor em relação à opção E.

Tabela 1: Comparação de custos entre as diversas alternativas de transmissão


(valores em milhões de R$/ano)
A B C D E
Descrição 2.000 MW 2.000 MW 2.000 MW 3.000 MW 3.000 MW
± 600 kV CC ± 500 kV CC 500 kV CA ± 600 kV CC 500 kV CA
Número de subcondutores
4/4 4/4 3/3 4/4 3/3
Trechos 1.300 km/300 km
Condutor (MCM) 1.510,5/ 1.780/ 1.590/ 2.167/ 2.515/
Trechos 1.300 km/300 km 954 (*) 900 1.113 1.113 1.192,5
Custo total das linhas 113,6 139,0 263,5 161,7 323,3
Custo total perdas Joule 64,0 79,9 115,8 102,3 170,7
Custo total perdas corona 15,0 6,3 6,7 12,9 4,9
Subtotal:
212,6 225,1 386,0 276,9 498,9
linhas + Joule + corona
Custo subestações terminais:
– – 19,5 – 19,5
Conexões e módulos de infraestrutura
Custo compensação shunt – – 11,2 – 11,4
Custo compensação série – – 32,5 – 71,8
Subtotal: compensação – – 43,7 – 83,2
Custo conversoras 142,0 134,0 – 178,0 –
Custo perdas conversoras 25,4 25,4 – 38,1 –
Subtotal: conversoras 167,4 159,4 – 216,0 –
Custo total 380,0 384,5 449,2 492,9 601,5
Relação 100% 101% 118% 130% 158%
(*) Se não fosse considerado o critério do gradiente superficial máximo ser menor que o gradiente do corona visível,
os condutores econômicos (Opção A) seriam 1.510,5/715,5 MCM

252 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Para as subestações principais, que, comparativamente, correspondem


aos retificadores 1 e 2, inversor 2 e inversor 3, foram consideradas as con-
figurações mostradas na figura 24. Não foram considerados os custos de
eventuais subestações intermediárias. Os custos das subestações (conexões
de entrada de linha, interligação de barra e infraestrutura) foram obtidos a
partir da base de preços Aneel [8].

1.300 km 300 km

Inversor 2 Inversor 3

Figura 24: Configuração das subestações terminais

Em suma, a partir da avaliação econômica realizada no estudo, é pos-


sível verificar que esta tecnologia mostrar-se-ia competitiva principalmente
no caso de distâncias de transmissão consideráveis.

CAPÍTULO 8 253
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Figura 25: Sistema CA equivalente (500 kV) adotado para inserção do sistema
multiterminal CC

254 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Conclusões
O sistema multiterminal CC estudado, especificamente os retificadores
e inversores, mostrou uma boa recuperação frente às perturbações impostas
ao sistema. As máquinas equivalentes (geradores) implementadas voltaram
à condição de equilíbrio após o período transitório. Tanto as tensões como
os ângulos das máquinas se restabeleceram após a perturbação transitória
da rede. Isto mostra que o sistema multiterminal CC pode ser factível para
aplicação no Sistema Interligado Nacional.
Do ponto de vista econômico, esta alternativa de transmissão mostrou-se
também competitiva em relação à transmissão CA tradicional. Assim, pode
ser considerada como uma opção a ser considerada quando da transmissão
de grandes blocos de potência ao longo de grandes distâncias.

Referências
[1] SZECHTMAN, M.; WESS, T.; THIO, C.V. A Benchmark Model for
HVDC System Studies. Elektra, n° 135, Apr/1991.
[2] KHATIR, M.; ZIDI, S-A.; HADJERI, S.; FELLAH, M-K.; DAHOU,
O. Effect of the DC Control on Recovery from Commutation Failu-
res in an HVDC Inverter Feeding a Weak AC Network. Journal of
Electrical Engineering, v. 58, nº. 4, 2007, 200-206.
[3] LESCALE, V. F.; KUMAR, A.; JUHLIN, L.-E.; BJÖRKLUND, H.;
NYBERG, K. Challenges with Multi-Terminal UHVDC Transmis-
sions. Int. Conf. POWERCON 2008, New Delhi, Oct. 12-15, 2008.
[4] ANDERSON, P. M.; FOUAD, A. A. Power System Control and Sta-
bility. New York, IEEE Press, 1994.
[5] PROJETO TRANSMITIR. Alternativas não Convencionais para
a Transmissão de Energia Elétrica – Estado da Arte. Primeira edi-
ção, Brasília, 2011.
[6] FDTE. Nota Técnica 1159-NT-036-R1-12. Desempenho do Sistema
Multiterminal HVDC inserido em uma rede de 500 kV CA. Alter-
nativas Não Convencionais para a Transmissão de Energia Elétrica
em Longas Distâncias. Projeto FDTE no 1159, mai/2012.
[7] FDTE. Nota Técnica 1159-NT-037-R0-12. Estabilidade do Sistema
Multiterminal HVDC diante de Faltas na Rede CA. Alternativas
Não Convencionais para a Transmissão de Energia Elétrica em
Longas Distâncias. Projeto FDTE no 1.159, mai/2012.

CAPÍTULO 8 255
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

[8] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Despacho n.º


1.531, de 1º de junho de 2010. Disponível em <http://www.aneel.
gov.br/cedoc/dsp20101531.pdf.>
[9] STEVENSON JR., W. D. Elements of Power System Analysis. Four-
th edition, McGraw Hill, 1978.
[10] KIMBARK, E. W. Power System Stability. V. 1, eighth edition, John
Wiley & Sons, New York, 1967.
[11] DOMMEL, H. W. Electromagnetic Transients Program Reference
Manual: EMTP Theory Book. Portland, BPA (Bonneville Power
Administration), 1986.

256 Sistemas Multiterminais CC


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

CAPÍTULO 9

Comparação entre Linha Hexafásica e


Trifásica em Circuito Duplo

Mario Masuda
José A. Jardini

257
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Objetivo
Este capítulo tem por objetivo apresentar os resultados da comparação
econômica entre uma linha trifásica em circuito duplo de 500 kV e uma li-
nha hexafásica equivalente com a mesma tensão fase-terra da linha trifásica
que é igual 289 kV.
Para atingir o objetivo, houve a necessidade de realizar preliminarmen-
te os estudos a seguir:
• Estudos de sobretensões nas linhas hexafásica e trifásica.
• Definição da geometria da torre 289 kV hexafásica e 500 kV trifásica.

Estudo de sobretensão na linha hexafásica/trifásica


Este item apresenta o estudo de sobretensão de manobra para a linha
hexafásica cujos resultados foram utilizados para dimensionamento das ge-
ometrias das cabeças de torre das linhas dos sistemas hexafásico e trifásico.
Para este estudo foram definidos preliminarmente:
• Condutor econômico calculado com base nos custos do banco de
dados de linhas da Aneel.
• A configuração típica para efeito de cálculo de parâmetros.
• A quantidade dos transformadores defasadores.

Escolha preliminar do condutor econômico

Para determinação do condutor econômico, foram utilizados os seguin-


tes dados e premissas:
• Linha de 500 kV, circuito simples.
• A equação de regressão obtida para o custo da linha, a partir dos da-
dos do banco de dados da Aneel, resultou em:

CL500 kV =192.789 + 425,76 ∗ V + N ∗ S1 (16,46 ∗ N +13,25) (R$/km) (1)

258 Comparação entre Linha Hexafásica e Trifásica em Circuito Duplo


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

• Potência de linha: 1.000 MVA.


• Custo da energia: 138 R$/MWh.
• Fator de perda: 0,7.

O condutor econômico para estas condições resultou 4 x 1.058 MCM, sen-


do o condutor mais próximo de catálogo o cabo 1.033,5 MCM Ortolan.

Definição preliminar da configuração hexafásica

A configuração circular da cabeça de torre para a linha hexafásica foi


baseada nos seguintes parâmetros:
• Comprimento da cadeia de isoladores: 4,20 m (isolador rígido).
• Dimensões das chapas e ferragens de fixação: 1,00 m.

Considerando os parâmetros acima, a configuração das fases resultante


encontra-se ilustrada na figura 1.

5,2m
5,2
m
5,2

mm
5,2

5,2
m

5,2m

Figura 1: Configuração das fases da torre hexafásica

Para efeito do cálculo de parâmetros da linha, foi considerado:

• Temperatura do cabo 60 °C.


• Flecha do condutor: 23,13 m.
• Distância mínima ao solo: 10 m.
• Distância dos condutores no feixe: 0,457 m.

CAPÍTULO 9 259
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Definição da configuração de transformadores

Foi verificado também número de transformadores defasadores que re-


sulta mais econômico.
Para isso, considerou-se:

• Potência: 2.000 MVA.


• Atendimento ao critério N-1.
• Duas linhas trifásicas defasadas, de forma a garantir a defasagem de
60° entre fases consecutivas.

As alternativas de configurações de transformadores defasadores con-


sideradas para cada linha trifásica foram:

• 2 x 750 MVA.
• 3 x 376 MVA.
• 4 x 250 MVA.

Para avaliação dos custos das alternativas, foram utilizados os custos dos
equipamentos e módulos do banco de dados da Aneel conforme a seguir:
Para o custo do transformador 500/500 kV monofásico e sem comuta-
dor, foi adotado o custo do transformador 500/345 kV do banco de dados
da Aneel, cujo valor é dado pela expressão, onde ln(P) é o logaritmo nepe-
riano de P.

Custotransformador = 1.912,473 ln(P) - 2.522,781 (R$) (2)

Os custos dos módulos para a configuração disjuntor e meio confor-


me tabela 1.

Tabela 1: Custos Aneel para módulos de SE 500 kV


Módulo Custo Aneel (em milhares de R$)
Conexão de transformador 5.571
Conexão de linha 6.306
Interligação de barras 5.900

260 Comparação entre Linha Hexafásica e Trifásica em Circuito Duplo


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Os quantitativos dos módulos de cada uma das alternativas encontram-se


na tabela 2.

Tabela 2: Quantitativos de módulos de 500 kV por terminal para as alternativas


Alternativas Entrada LT Interlig. Barra Conexão saída trafo Qt. trafos
2 x 750 2 7 8 4
3 x 376 2 8 12 6
4 x 250 2 11 1 8

Na tabela 3 encontram-se apresentados os custos finais para as alterna-


tivas. Deve-se ressaltar que não foi considerado o custo do módulo geral que
é comum para todas as alternativas.

Tabela 3: Custo das alternativas propostas


Bay entrada Bay entrada Custo da alternativa
Alternativas Conexão saída trafo Trafos
trafo trafo (em milhares de R$)
2 x 750 12.612 41.300 44.568 40.551,720 139.031,72
3 x 376 12.612 47.200 66.852 52.904,389 179.568,39
4 x 250 12.612 64.900 89.136 64.294,912 230.942,91

Dos resultados acima, constatou-se que a alternativa com dois transfor-


madores defasadores de 750 MVA resulta mais econômica.

Energização da linha hexafásica

Para a simulação da energização da linha hexafásica, foram considerados:

• Potência da linha: 2.000 MVA.


• Tensão da linha: 289 kV (Vfase-terra = Vfase-fase).
• Comprimento da linha: 300 km.
• Parâmetros quilométricos da linha: conforme configuração das fa-
ses da figura 1.
• Geração: três máquinas de 170 MVA com X”d = 20%.
• Reatância dos transformadores: elevadores 8% e defasadores 7%.
• Compensação shunt: 77% (2 x 3 x 108,2 MVA) (resulta em regime
1,1 pu no final da linha).

CAPÍTULO 9 261
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

A configuração do sistema estudado encontra-se ilustrada na figura 2.


500/500 kV 500/500 kV
D-30 D-30
LT
2x750 2x750
13,8/500kV

D+30 D+30

LT
2x750 2x750

Figura 2: Configuração para estudo da energização

Para se obter a defasagem de 60° entre as fases adjacentes conforme fi-


gura 3, na simulação com o ATP, utilizou-se uma defasagem de -30° para
um dos conjuntos de transformadores e +30° para o outro conjunto. O ATP
permite também utilizar como alternativa para obtenção dessa defasagem a
opção de +30° e +90°.
1 2

6 3

5 4
Figura 3: Sequência de fases do hexafásico para transformação em dois trifásicos

Sobretensões fase-terra

Nas simulações foram considerados:


• Duas condições para a energização da linha. Uma condição é quan-
do a primeira linha vai ser energizada com a segunda desligada (con-
siderada aterrada nos dois extremos). A outra condição é a energiza-
ção da segunda linha quando a primeira já se encontra energizada.

262 Comparação entre Linha Hexafásica e Trifásica em Circuito Duplo


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

• Alternativa com compensação somente no final da linha e alterna-


tiva com metade da compensação no início e outra metade no fi-
nal da linha.
• Sem resistor de pré-inserção e com resistor de pré-inserção de 400 Ω
por 8 ms.

Os resultados obtidos para a tensão fase-terra encontram-se nas tabe-


las a seguir.
A tabela 4 apresenta os resultados da sobretensão na linha manobrada
com a linha paralela desligada, com reator no final da linha e sem resistor
de pré-inserção.

Tabela 4: Sobretensões na linha manobrada, reator no final e sem resistor


Sobretensão na linha manobrada
Sobretensão (pu)
Condição Fase Parâmetro
Inicio Meio Fim
V50% 1,95 2,07 2,04
A
σ 0,114 0,125 0,139
LT paralela
desligada, V50% 1,84 1,92 1,9
B
um só reator σ 0,139 0,121 0,135
no final da linha
V50% 1,9 1,98 1,95
C
σ 0,116 0,124 0,128

A tabela 5 apresenta os resultados da sobretensão na linha manobrada


com a linha paralela desligada, com um só reator no final da linha e com re-
sistor de pré-inserção de 400 Ω.

Tabela 5: Sobretensões na linha manobrada, reator no final e com resistor


Sobretensão na linha manobrada
Sobretensão (pu)
Condição Fase Parâmetro
Inicio Meio Fim
V50% 1,55 1,58 1,56
A
LT paralela σ 0,102 0,114 0,12
desligada, V50% 1,45 1,47 1,44
reator no final B
da linha com σ 0,0933 0,0995 0,0985
resistor 400 Ω V50% 1,47 1,51 1,48
C
σ 0,0679 0,0826 0,0886

CAPÍTULO 9 263
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Da análise efetuada, verificou-se que:


• As sobretensões com a linha paralela energizada resultaram inferio-
res aos casos com a linha paralela desligada (aterrada).
• Casos com resistor de pré-inserção resultam em sobretensões infe-
riores a caso sem resistor.

Para efeito dos estudos, foi utilizado o caso com a linha paralela desliga-
da, com resistor de pré-inserção e um só reator no final da linha.

Sobretensões fase-fase

No estudo foi utilizado o caso com resistor de pré-inserção e um só re-


ator no final da linha.
Verifica-se que, para o caso com a linha paralela desligada e aterrada,
a sobretensão entre fases adjacentes é igual à fase terra. Verificou-se que o
caso da energização da linha com uma delas já energizada também resultou
inferior ao caso com a linha paralela desligada.

Energização da linha trifásica

A simulação da energização da linha de circuito duplo trifásica foi efe-


tuada para as mesmas considerações da linha hexafásica e os dados a seguir:
• Mesmo condutor do sistema hexafásico.
• Tensão da linha: 500 kV (Vfase-fase).
• Comprimento da linha: 300 km.
• Parâmetros quilométricos da linha: conforme configuração da tor-
re figura 4.
• Geração: três máquinas de 170 MVA com X”d = 20%.
• Reatância dos transformadores: elevadores 8%.
• Compensação shunt: 87% 370 MVA (trifásico).

A configuração do sistema estudado encontra-se ilustrada na figura 5.


Para efeito do cálculo de parâmetros da linha, foi considerado:
• Temperatura do cabo 60 °C.
• Flecha do condutor: 23,13 m.
• Distância mínima ao solo: 10 m.
• Distância dos condutores no feixe: 0,457 m.

264 Comparação entre Linha Hexafásica e Trifásica em Circuito Duplo


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

6,0m

1c 2a

6,0
m
6,0

m
1b 2b
6,0

m
6,0
m

6,0m
1a 2c

Figura 4: Configuração da geometria da torre trifásica circuito duplo

LT

13,8/500kV

LT

Figura 5: Configuração para estudo da energização

CAPÍTULO 9 265
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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Sobretensões fase-terra

Nas simulações foram verificadas:


• Alternativa com compensação no final da linha e alternativa com
metade da compensação no início e outra metade no final da linha.
• Com resistor de pré-inserção de 400 Ω por 8 ms.

Os resultados obtidos para a tensão fase-terra encontram-se a seguir.


A tabela 6 apresenta os resultados da sobretensão na linha manobrada
com a linha paralela energizada, com reator no final da linha e com resistor de
pré-inserção que resultou mais desfavoráveis entre as alternativas estudadas.

Tabela 6: Sobretensões na linha manobrada, com a linha paralela energizada,


reator no final e com resistor
Sobretensão na linha manobrada
Sobretensão (pu)
Condição Fase Parâmetro
Inicio Meio Fim
V50% 1,56 1,65 1,65
A
LT paralela σ 0,0494 0,0684 0,0865
energizada, V50% 1,54 1,63 1,63
reator no final B
da linha com σ 0,0591 0,0868 0,0919
resistor 400 Ω V50% 1,51 1,55 1,5
C
σ 0,0687 0,0993 0,107

Da análise efetuada verificou-se que:


• As sobretensões com a linha paralela energizada são maiores que as
sobretensões com a linha paralela desligada (aterrada).
• As sobretensões na linha paralela energizada devido à energização
da outra resultam em sobretensões maiores que na linha manobrada.

Para efeito dos estudos, foi utilizado o caso com a linha paralela mano-
brada, resistor de pré-inserção e reator no final da linha conforme tabela 6.

Sobretensões fase-fase

Foi simulado o caso com a linha paralela energizada e com resistor de


pré-inserção e com reatores no início e final da linha, visto que resultaram
em sobretensões mais desfavoráveis. Na tabela 7 encontram-se apresentados
os resultados para essa condição.

266 Comparação entre Linha Hexafásica e Trifásica em Circuito Duplo


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 7: Sobretensões entre fases com a linha paralela energizada reatores no início e final
Sobretensão na linha manobrada
Sobretensão (pu)*
Condição Fase Parâmetro
Inicio Meio Fim
V50% 2,68 2,85 2,87
1A-1B
σ 0,079 0,0932 0,107
V50% 2,55 2,75 2,78
1B-1C
σ 0,105 0,151 0,175
LT paralela V50% 2,63 2,83 2,83
energizada, 1C-2A
σ 0,0694 0,123 0,126
reatores no início
e final da linha com V50% 2,68 2,93 2,97
2A-2B
resistor 400 Ω σ 0,079 0,143 0,179
V50% 2,55 2,69 2,72
2B-2C
σ 1,05 0,117 0,126
V50% 2,64 2,81 2,86
2C-1A
σ 0,0694 0,115 0,14

Definição da geometria da torre 289 kV


hexafásica e 500 kV trifásica
Neste item, são apresentados os estudos efetuados com o propósito de
dimensionar as geometrias das cabeças das torres para a linha do sistema he-
xafásico para tensão de 289 kV e para a linha 500 kV trifásica.
Ressalta-se que em ambos os casos foram adotados os mesmos requisi-
tos [2] para definição das distâncias mínimas.
Não foram efetuados estudos referentes ao desempenho a descargas at-
mosféricas, em virtude de este aspecto, para as tensões em estudo, não ser
influente no dimensionamento das distâncias da geometria da torre.

CAPÍTULO 9 267
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Coordenação de isolamento

Estudo da tensão operativa

Distância em ar
Para a distância mínima em ar foram considerados:
• Tensão máxima operativa: 550 kV/√3.
• k1 = 1,064.
• k2 = 0,95.

A tabela 8 apresenta os resultados obtidos para as tensões acima men-


cionadas.

Tabela 8: Solicitação máxima para tensão operativa e distância mínima


Tensão da linha ( kV) Tensão máxima ( kV) Distância mínima (m)
289 550 kV/√3 0,90

Número de isoladores
A distância de escoamento específica das cadeias deve atender aos re-
quisitos dos editais da Aneel e [2], ou seja:
• Ser definida com base na publicação IEC 60 815 [1] e no nível de po-
luição da região atravessada pela LT.
• Ser maior ou igual a 14 mm/kV fase-fase (trifásico).

O nível de poluição da região adotado no projeto corresponde à classifica-


ção “leve” para “média”. Foi adotado 14 mm/kV fase-fase do sistema trifásico.
Os isoladores do tipo polimérico para as cadeias da linha hexafásica e
trifásica possuem as características conforme apresentado na tabela 9 e re-
sultaram nos seguintes valores:
Distância de escoamento total requerida para 550 kV trifásico:
• Fase-terra: 14 mm/kV ∗ 550 kV = 7.700 mm.
• Fase-fase: 14 mm/kV ∗ 550 kV ∗ √3 = 13.337 mm.

Distância de escoamento total requerida para 550 kV/√3 hexafásico:


• Fase-terra e fase-fase: 14 mm/kV ∗ 550 kV = 7.700 mm.

268 Comparação entre Linha Hexafásica e Trifásica em Circuito Duplo


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Em uma primeira verificação, constatou-se que o esforço de compres-


são devido à ação do vento é muito elevado e que não existe em catálogo de
fabricante isoladores que suportam esse esforço.

Tabela 9: Características de isoladores poliméricos 500 kV


Comprimento Distância Peso do Carga de
Tipo de saia Nº de saias do isolador escoamento isolador ruptura do
(m) (mm) (kg) isolador (ton)
117 3,85 8.307 13,6 13,6
SS 131 4,26 9.301 14,9 13,6
117 3,90 8.307 14,0 22,7
SN 131 4,32 9.301 15,3 22,7
70 4,06 9.800 27,9 36,2
117 3,85 15.254 27,1 13,6
SE
117 3,90 15.254 27,5 22,7
SL
131 4,51 14.621 35,5 36,2

Ref: catálogo NGK

Isolamento para sobretensão de manobra

Distâncias mínimas para o risco de critério


Para determinação das distâncias mínimas foram adotados:
• Somente a manobra de energização.
• Valor médio de correção devido às condições climatológicas igual
a 0,95.

Resultados para distâncias mínimas fase-terra


Nas tabelas 5 e 6 encontram-se apresentados os valores de sobretensões
fase-terra para o sistema hexafásico e o trifásico respectivamente.
Os resultados obtidos para as distâncias mínimas fase-terra encontram-
se apresentadas na tabela 10. Os valores das distâncias mínimas para os gaps
acima mencionados foram considerados separadamente e obtidos para um
risco de 10-2, dividido igualmente entre as fases.

Tabela 10: Distâncias mínimas para manobra


Distância mínima Distância mínima
Gap
para hexafásico (m) para trifásico (m)
Condutor-solo 3,36 3,44
Condutor-torre 2,07 2,09
Condutor-estai 1,95 1,96
Condutor-solo
2,2 + 4,5 2,22 + 4,5
(objeto; 4,5 m; abaixo)

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Resultados para distâncias mínimas fase-fase


As sobretensões de energização fase-fase para o hexafásico resultaram
inferiores ao valor fase-terra. Dessa forma, serão utilizadas estas sobretensões
como fase-fase (tabela 5). Para o trifásico, os valores encontram-se na tabela 7.
Nas tabelas 11 e 12, encontram-se apresentados os resultados das dis-
tâncias fase-fase para a linha hexafásica e trifásica respectivamente, para um
risco de critério de 10-4.

Tabela 11: Distâncias fase-fase Tabela 12: Distâncias fase-fase


para o hexafásico para o trifásico
Distância entre fases (m) Distância entre fases (m)
Fases Fases
Hexafásico Trifásico
1A-2A 2,35 1A-1B 3,5
2A-1B 2,17 1B-1C 3,7
1B-2B 2,17 1C-2A 3,5
2B-1C 2,01 2A-2B 4,1
1C-2C 2,01 2B-2C 3,3
2C-1A 2,35 2C-1A 3,7

Capacidade de corrente do condutor e flechas

Capacidade de corrente

A capacidade do cabo ACSR 1.033,5 MCM Ortolan foi calculada basea-


da na publicação CIGRÉ [3]. As seguintes considerações foram feitas:

• Conforme os requisitos da referência [4]:


▷ Velocidade de vento (mínima): 1 m/s.
▷ Radiação solar global: 1.000 W/m2.

• Dados utilizados:
▷ Temperatura máxima média: 35 °C.
▷ Altitude média em relação ao nível do mar: 300 m.

• Foram adotados:
▷ Coeficiente de emissividade e absorção: 0.5 e 0,5.
▷ Ângulo de incidência do vento: 45°.

270 Comparação entre Linha Hexafásica e Trifásica em Circuito Duplo


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Na figura 6 encontram-se apresentados os valores de corrente em fun-


ção da temperatura.

Figura 6: Corrente em função da temperatura do condutor

Verifica-se que para uma potência na linha de 2.000 MVA tem-se uma
corrente de 288 A e, mesmo em condição de emergência com o dobro da
corrente 576 A, a temperatura do cabo resulta em torno de 55 °C. Para efeito
de distância mínima ao solo foi adotada a temperatura de 60 °C.

Flecha para a temperatura máxima no condutor

O cálculo da flecha foi efetuado para a temperatura de 60 °C, conside-


rando os dados abaixo:

• Vão de 500 m.
• EDS: Every Day Stress.
▷ Tensão de 20% da carga de ruptura.
▷ Temperatura média: 23 °C.

A flecha resultante para essas condições foi de 23,16 m.

CAPÍTULO 9 271
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Altura da torre

As distâncias mínimas ao solo para a configuração hexafásica e trifá-


sica foram obtidas do estudo de campo elétrico a partir do critério abaixo:
• O campo elétrico a um metro do solo no limite da faixa de servidão
deve ser inferior ou, no máximo, igual a 4,16 kV/m. Adicionalmente,
o campo elétrico no interior da faixa de servidão não deve provocar
efeitos nocivos em seres humanos, considerando a utilização que for
dada a cada trecho (8,33 kV/m).

Os resultados obtidos encontram-se na tabela 13.

Tabela 13: Distância mínima ao solo no meio do vão por critério de campo elétrico
Tensão ( kV) Configuração Distância ao solo (m)
Hexafásica 9,7
550
Trifásica 9,1

Deve-se observar que, conforme [4], o valor da distância ao solo consi-


derando a máxima tensão de 550 kV resulta em 8,7 m.
Os parâmetros utilizados para definição da altura do condutor inferior
ao solo encontram-se a seguir.
Altura do condutor inferior na torre (hp) foi obtida pela expressão:

hp = CS + sg + R (3)

Onde:
• hp = distância do centro do feixe de condutores ao solo.
• CS = distância mínima ao solo no meio vão, conforme tabela 13.
• sg = flecha do condutor igual a 23,2 m.
• R = 0,457/2 m (metade do espaçamento entre subcondutores).

Na tabela 14 encontram-se apresentadas as alturas do feixe dos condu-


tores ao solo para as torres hexafásica e trifásica.

Tabela 14: Altura do condutor inferior ao solo para vão de 500 m


Flecha Distância ao solo Altura condutor-solo
Configuração
(m) (m) (m)
Hexafásica 23,2 9,7 32,9
Trifásica 23,2 9,1 32,3

272 Comparação entre Linha Hexafásica e Trifásica em Circuito Duplo


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Faixa de passagem

A largura da faixa de passagem deve ser definida considerando dois aspectos:


• Balanço do condutor com a distância mínima condutor.
• Efeito corona e campos [2].

Neste item foi verificado somente o aspecto do balanço do condutor.


O ângulo de balanço do condutor será obtido a partir da expressão:
qod
tgβ = k (4)
p(V/H)
Onde:
• qo = pressão dinâmica de referência (kg/m2).
• d = diâmetro do condutor (m).
• p = peso unitário do condutor (kg/m).
• V/H = 1,0 relação (vão de peso)/(vão de vento).
• k = 0,32 valor da figura 7 referência [4] (vento de 29,39 ∗ 1,21 = 35,56 m/s).

A deflexão do cabo para as condições acima resultou em 26,9°.


Para um vão de 600 m, a flecha do condutor na condição de EDS com
20% da CR do cabo resultou em 31,13 m.
A largura mínima da faixa será determinada pela expressão:

FAIXA = ((D + S) senθ + dmin) ∗ 2 + EFEXT (5)

Onde:
• dmin = distância mínima para tensão de operação (ver tabela 8).
• D = diâmetro do feixe de quatro subcondutores – 0,32 (m) (foi con-
siderada a distância entre subcondutores igual a 0,457 m).
• S = Flecha do condutor igual 31,13 m.
• θ = ângulo de balanço do condutor para vento de retorno de 50 anos
igual 26,9°.
• EFEXT = espaçamento entre as fases externas: para hexafásico = 5,0 m
e para trifásico = 6,0 m.

A tabela 15 apresenta os resultados para o vão de 600 m considerado.

CAPÍTULO 9 273
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Tabela 15: Largura da faixa de passagem para cadeia I


Largura da faixa
Condutor
(m)
Hexafásico 36
Trifásico 37

Estes valores são menores que os determinados pelos critérios de coro-


na e campos.

Isolamento para manutenção em linha viva

A tabela 16 da referência [5] recomenda, para as operações de manuten-


ção em linha viva, os valores apresentados na tabela 17. Para obtenção desses
valores foram considerados:
• Fator de surto igual a 2,0 pu;
• Uma folga de 1,0 m para movimentação do trabalhador.

Tabela 16: Distâncias mínimas para manutenção em linha viva [5]


Ar Ferramenta de linha viva
Tensão fase-fase nominal/máxima, kV
345/362 500/550 700/765 345/362 500/550 700/765
1,5 ou abaixo 5/5 5/5 7 / 8,5 5/5 5 / 5,5 8/9
1,6 5/5 5 / 5,5 8/9 5/5 5,5 / 6 8,5 / 10
1,7 5/5 5/6 8,5 / 10 5/5 5,5 / 6,5 9,5 / 10,5
1,8 5/5 5,6 / 6,5 9,5 / 11 5/5 6,5 / 7 10,5 / 12
1,9 5/5 6/7 10,5 / 12 5/5 7/8 11 / 13
Fator de surto

2,0 5/5 6,5 / 7,5 11,5 / 13 5/5 7,5 / 8,5 12 / 14


2,1 5/5 7 / 8,5 12 / 14 5/5 8/9 13 / 15
2,2 5/5 7,5 / 9 13 / 15,5 5 / 5,5 8,5 / 9,5 14 / 16,5
2,3 5/5 8,5 / 9,5 5 / 5,5 9 / 10,5
2,4 5 / 5,5 9 / 10 5,5 / 6 9,5 / 11
2,5 5,5 / 6 9,5 / 11 6 / 6,5 10 / 12
2,6 5,5 / 6 6 / 6,5
2,7 6 / 6,5 6,5 / 7
2,8 6,5 / 7 7 / 7,5
Nota: Para sistemas onde a tensão é controlada para operar em um valor máximo entre o nominal e o máximo
listados na tabela acima, as distâncias mínimas podem ser determinadas por interpolação, arredondando para
o próximo valor superior com resolução de meio pé

274 Comparação entre Linha Hexafásica e Trifásica em Circuito Duplo


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 17: Distância para manutenção em linha viva


Distância mínima (m) Distância adotada (m)
Tensão da LT ( kV)
Ar Ferramenta Ar Ferramenta
550 7 ½’ (2,29) 8 ½’ (2,59) 3,3 3,6

Resultados finais

Dos estudos efetuados, verifica-se que:

• A distância mínima em ar para a tensão operativa é de 0,90 m.


• A distância fase-terra (condutor estrutura) para hexafásico e trifá-
sico é de 2,10 m.
• A distância fase-fase de critério necessária para o hexafásico é de
2,35 m para o hexafásico e 4,1 m para o trifásico.
• A distância requerida para manutenção em linha viva é de 3,3 m para
distância em ar e 3,6 m para trabalhos com ferramental.
• A distância resultante para a configuração circular fica dimensionada
pelo comprimento dos isoladores rígidos (poliméricos). Assim, pa-
ra a distância para o hexafásico será adotado o valor de 5,0 m (sendo
4,0 m do isolador + 1,0 m da ferragem) e para o trifásico com a mes-
ma configuração será adotada uma distância de 5,5 m (sendo 4,5 m
do isolador + 1,0 m da ferragem).

Verifica-se, entretanto, que as dimensões dos isoladores rígidos, defini-


dos a partir do critério da distância de escoamento, são maiores que as dis-
tâncias mínimas acima obtidas.
A seguir encontram-se definidas as geometrias das torres para a linha
hexafásica e trifásica.

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Configurações típicas de torres

Torre hexafásica 500 kV – Configuração circular

m
4,0
4,0
m 5,0m
m

5,0
5,0

4,0m 4,0m

m
3,6
m
5,0

m
5,0
m

5,0m
3,
6m
32,9m

Figura 7: Torre hexafásica 500 kV – Configuração circular

276 Comparação entre Linha Hexafásica e Trifásica em Circuito Duplo


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Torre trifásica 500 kV CD – Configuração circular

m
4,0
4,0
m
1c 2a
5,5m

m
5,5

5,5
m
4,0m 4,0m

3,6
1b 2b

m
m

5,5
5,5
m

5,5m

1a 2c
3,
6m
32,3m

Figura 8: Torre trifásica 500 kV CD – Configuração circular

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Torre trifásica 500 kV CD – Tronco-piramidal [3]

2,5m
4,5m

10º
8,5m
8,5m

4,5m

º 34,9
14,8 0,9m º
2,5m
32,3m

Figura 9: Torre trifásica 500 kV CD – Tronco piramidal

278 Comparação entre Linha Hexafásica e Trifásica em Circuito Duplo


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Comparação econômica da LT 289 kV hexafásica


com LT 500 kV circuito duplo trifásica
Neste item, foi efetuada a comparação econômica entre a linha 289 kV
hexafásica com uma linha em circuito duplo em 500 kV trifásica, ambas in-
seridas em uma rede para transporte de grandes blocos de energia.
Para esta comparação, foram utilizadas as geometrias das torres de con-
figuração circular das figuras 7 e 8, e os demais parâmetros necessários en-
contram-se definidos a seguir.

Definição da faixa de passagem

Um dos aspectos que possui influência significativa nos custos das linhas
é a faixa de passagem requerida para a linha do sistema trifásico e hexafásico.
Ressalta-se que serão apresentados apenas os resultados do estudo go-
vernante na definição da faixa que, neste caso, foram aqueles referentes a rá-
dio interferência.
Os resultados obtidos do estudo da rádio interferência para a faixa de
passagem considerando as configurações da figuras 7 e 8 resultaram em:
• LT hexafásica: 58 m.
• LT CD trifásica: 84 m.

Pesos das estruturas

Com base na geometria das torres das figuras 7 e 8, concluiu-se, a partir


das estimativas dos pesos das torres, que:
• A torre trifásica compacta (figura 8) é 760 kg mais pesada que a tor-
re hexafásica (figura 7).
• A torre trifásica do tipo tronco piramidal (figura 9) é mais pesada
que a torre trifásica compacta (figura 8).

Assim, a comparação efetuada neste item foi entre a torre hexafásica e a


trifásica de configuração circular, figuras 7 e 8 respectivamente.

CAPÍTULO 9 279
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Resultados econômicos obtidos da comparação das linhas

O custo adicional para linha trifásica, devido ao aumento no peso da


torre de 760 kg e aumento da faixa de passagem de 26 m em relação à linha
hexafásica, encontra-se definido a seguir. Ressalta-se que os demais itens de
linhas são iguais para as duas alternativas, excetuando a diferença dos isola-
dores entre fases que, no hexafásico, é ligeiramente menor e em face da difi-
culdade de suas caracterizações serão considerados somente nas conclusões.
As diferenças (peso e faixa de passagem) acima mencionadas, em ter-
mos de custo adicional do trifásico, encontram-se na tabela 18.

Tabela 18: Custo adicional do trifásico


Custo adicional do trifásico
Descrição
(R$/km)
Torre 9.680,88
Fundação 7.218,94
Faixa de passagem 7.800,00
Transporte de materiais 280,03
Inspeção 169,00
Administração da construção 494,00
Contingências 740,99
Total 26.383,84

Verifica-se, portanto, que o custo adicional de uma linha trifásica de circui-


to duplo em relação a uma linha hexafásica é de R$ 26.384,00 por quilômetro.

Custo dos transformadores e módulos associados

Considerando a configuração apresentada na figura 10, tem-se que o


sistema hexafásico apresenta uma maior quantidade de transformadores e
os módulos associados (8 unidades) em relação ao sistema trifásico.

280 Comparação entre Linha Hexafásica e Trifásica em Circuito Duplo


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

500/500 kV 500/500 kV
D-30 D-30
LT
2x750 2x750
13,8/500kV

D+30 D+30

LT
2x750 2x750

Figura 10: Sistema hexafásico sem substituição do transformador normal pelo defasador

Utilizando-se os valores da tabela 3 e expressão (2), tem-se que o custo


adicional para um sistema hexafásico em relação ao trifásico resulta confor-
me apresentado na tabela 19.

Tabela 19: Custos dos transformadores e módulos associados


Entrada LT Interlig. Barra Conexão Trafo Trafos
Quantidade 4 14 16 8 Custo total
Custo unitário (em milhares
Aneel (em 6.306 5.900 5.571 10.137,93 de R$)
milhares de R$)
Custo total 25.224 82.600 89.136 81.103 278.063,44

Observa-se na figura 10 que os transformadores elevadores poderiam


ser utilizados para efetuar a defasagem para transformar no hexafásico. Nes-
te caso, o custo da defasagem seria reduzido pela metade do valor obtido na
tabela 19, ou seja, R$ 139.031.720.

Resultados e conclusões

Os resultados acima obtidos foram:


• O custo adicional do sistema trifásico em relação à hexafásico de-
vido à maior dimensão da torre e da maior faixa de passagem é de
R$ 26.383,84/km.
• O custo adicional do sistema hexafásico em relação ao trifásico devido
à necessidade dos transformadores defasadores é de R$ 278.063.440.

CAPÍTULO 9 281
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Dos resultados acima mencionados constata-se que:

• A linha hexafásica é mais econômica que a linha trifásica para com-


primento da linha maior que 10.539 km.
• Caso sejam utilizados os transformadores elevadores também como
defasadores, reduzindo pela metade o custo necessário para o defa-
samento, a linha hexafásica seria mais econômica que a trifásica para
um comprimento de linha maior que 5.270 km.
• Mesmo considerando que o custo dos isoladores entre fases do tri-
fásico é maior que do hexafásico em R$ 12.000,00/km (custo unitá-
rio do isolador hexafásico = R$ 2.000,00 e do trifásico = R$ 3.000,00,
portanto, R$ 1.000 x 6 isoladores x 2 torres por km), ainda assim se-
ria necessário um comprimento maior que 3.622 km para linha he-
xafásica ser mais econômica que a linha trifásica.

Portanto, pode-se concluir que, para tensões de 500 kV, a linha hexafá-


sica para transporte de grandes blocos de energia não é competitiva em re-
lação à linha trifásica.

Referências
[1] IEC 60 815. Guide for the selection of insulators in respect of pollu-
ted conditions.
[2] ONS. Submódulo 2.4 Requisitos mínimos para Linhas de Transmis-
são aéreas.
[3] CIGRÉ. Brochure 207. Thermal Behavior of Overhead Conductors.
August, 2002.
[4] ABNT. NBR 5422. 1985.
[5] ANSI C2. National Electrical Safety Code, 1981.

282 Comparação entre Linha Hexafásica e Trifásica em Circuito Duplo


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

CAPÍTULO 10

Uso do Hidrogênio para Transporte de Energia


Gerada a partir de Usinas Hidroelétricas

Gerhard Ett
Volkmar Ett
José A. Jardini

283
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Objetivo
O presente texto tem como objetivo avaliar o custo de geração de hidro-
gênio a partir de um valor de referência para a energia vertida turbinável, o
custo de transporte do hidrogênio gerado e o custo de geração de energia
elétrica a partir de células combustíveis.
Para a análise proposta, será utilizado o valor de 100MWh/h como re-
ferência.

Introdução
Normalmente as usinas hidroelétricas estão programadas para gerar a
sua potência assegurada.
Entretanto, muitas vezes as condições hidrológicas são favoráveis e vo-
lumes de água são vertidos quando podiam gerar energia. Essa energia que
poderia ser gerada é denominada por energia vertida turbinável.
Assim, se a energia vertida turbinável fosse utilizada na geração de hidro-
gênio, este poderia ser armazenado e utilizado nos processos industriais e na
geração de energia elétrica a partir de células combustíveis. No futuro, o hidro-
gênio poderá ser usado diretamente como fonte de energia dos automóveis.
Por esta razão, neste relatório procurar-se-á determinar o custo deste
processo, comparando-o com a transmissão da energia elétrica.

Caso estudado e resultados


Estabeleceram-se para esta avaliação as seguintes hipóteses:

• Energia vertida turbinável disponível igual a 100 MWh por hora.


• Geração de H2 por eletrólise.
• Transporte para 100 km de distância (tubulação).
• Reconversão por células combustíveis.

284 Uso do Hidrogênio para Transporte de Energia Gerada a partir de Usinas Hidroelétricas
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

A seguir são discutidos os seguintes passos:

1. Supõe-se que uma hidroelétrica tem disponível 100 MWh/h de ener-


gia vertida turbinável.

2. Por eletrólise, pode-se produzir 1 Nm3H2 a partir de 5 kWh. Dessa


forma, considerando a energia vertida turbinável, seriam produzidos
20.000 Nm³H2/h. O custo de produção seria igual a US$ 150 milhões.

3. Transporte do hidrogênio por tubulação de 350 mm de aço sem cos-


tura pro 100 km resulta em um custo de US$ 35 milhões.

4. Considerando a geração de energia elétrica a partir de células com-


bustíveis, a partir de 20.000 Nm³H2/h pode-se gerar 30 MWh/h. O
custo de produção seria igual a US$ 240 milhões.

5. Considerando um período de amortização de 30 anos com juros


10% a.a., um investimento V teria um custo anual de Van = 0,11 V e
um custo horário de:

Van 0,11V
Vhora = =
8.760 8.760

Resultando para os componentes os seguintes custos em R$ (taxa de


conversão 1 US$ = R$ 1,80), conforme tabela 1.

Tabela 1: Custo das etapas desenvolvidas em R$


Custo
Por ano Por MWh
Componentes (em milhões de R$) (em R$)
Eletrólise 29,70 113,00
Transporte 6,93 26,34
Célula combustível 47,52 180,80
Custo anual do investimento 84,15 320,14

Nota: Investimento total seria de R$ 765 milhões

6. Por outro lado, a eficiência do processo é de 30%, ou seja:

30 MWh/h
100 MWh/h

CAPÍTULO 10 285
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
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Admitindo um cenário em que energia vertida turbinada pudesse ser co-


mercializada e, dessa forma, para o processo descrito nos itens 1 a 6 optasse
pela compra de energia a um valor de 100 R$/MWh, resulta-se em custo de
geração e por consequência um valor de energia a ser vendida igual a:

(3 ∗ 100,00 + 320,14) ≅ 620 R$/MWh

Discussão
As seguintes discussões são aplicáveis:

• Pode ser que o custo de compra de energia seja avaliado em zero ou


quase isto, pelo fato de a energia ser vertida, não sendo preciso in-
vestimento adicional para a geração.
• O custo de eletrólise poderá cair 20% a 30% nos próximos 10 anos.
• O custo de célula de combustível poderá cair até 65% nos próximos 10
anos (principalmente se ajudado pelo uso de hidrogênio em automóvel).
• A célula de combustível produz cerca de 15 m³/h de água destilada a
90 °C e este calor poderia ser aproveitado (Water Chiling).
• Melhor rendimento do processo.
• Contabilizando estas melhorias e admitindo um aumento de rendi-
mento para 50% (nos dois últimos itens), ter-se-ia:

0,7 ∗ 113,0 + 26,34 +0,35 ∗ 180,8 = 170,00 R$/MWh

A este novo custo de investimento, deve-se adicionar o custo de ge-


ração de energia quando não houver energia vertida turbinada e se
optar pela compra de energia.

• O oxigênio produzido no processo de eletrólise (10.000 Nm³/h)


poderia ser comercializado (transportado por tubo de 200 mm).
Isto acarretaria uma redução de 15% no custo da geração pela cé-
lula de combustível e um incremento de 50% no custo do trans-
porte-tubulação adicional.

286 Uso do Hidrogênio para Transporte de Energia Gerada a partir de Usinas Hidroelétricas
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

APÊNDICE A

Definição da Geometria da Torre CA

Mario Masuda
José A. Jardini

287
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Coordenação de isolamento
Isolamento para tensão operativa

Distância em ar

As tensões máximas fase-fase rms (Vmáx) adotadas foram as seguintes:


550 kV, 800 kV e 1.100 kV. Usualmente, as curvas ou equações aplicáveis aos
valores de suportabilidade elétrica dos espaçamentos fornecem a tensão com
50% de probabilidade de descarga, referida a condições atmosféricas padro-
nizadas (Vs). Torna-se necessário, portanto, calcular V50% a partir de Vs, con-
forme indicado a seguir:
k1
V50% = Vs *
k2
Onde:
• V50% = Tensão fase-terra, com 50% de probabilidade de ocorrência
de descarga.
2
Vs = Vmax *
3
• k1 = Fator de correção, de modo que a suportabilidade do espaça-
mento corresponda a uma probabilidade de ocorrência de descargas
compatível com o nível de confiabilidade desejado para a LT.
• k2 = Fator de correção para as condições atmosféricas da região atra-
vessada pela LT.

Para o estudo, foi adotado para k1 o valor correspondente a uma pro-


babilidade de ocorrência de descargas situada três desvios-padrão de V50%.
Considerando que a distribuição de tensões disruptivas é normal e que seu
desvio padrão é 2%, tem-se:
1
k1 =
1− 3 * 0,02
k1 = 1,064

O valor de k2 é função da densidade relativa e umidade do ar, da dimen-


são e forma dos espaçamentos e do tipo de solicitação elétrica. Foi adotado
para k2 um valor médio igual a 0,95.

288 Definição da Geometria da Torre CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Utiliza-se a figura 1 para determinação das distâncias.

Figura 1: Distâncias mínimas para tensão operativa [1]

A tabela 1 apresenta os resultados obtidos para as tensões acima men-


cionadas.

Tabela 1: Solicitação máxima para tensão operativa e distância mínima


Tensão da linha (kV) Tensão máxima (kV) Distância mínima (m)
500 550 0,90
765 800 1,32
1.000 1.100 1,91

Os valores da tabela acima deverão ser associados aos respectivos ân-


gulos de balanço de cadeia.

Número de isoladores

A distância de escoamento específica das cadeias deve atender aos re-


quisitos dos editais da Aneel e [2], ou seja:
• Ser definida com base na publicação IEC 60 815 [3] e no nível de po-
luição da região atravessada pela LT.
• Ser maior ou igual a 14 mm/kV fase-fase.

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EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

O nível de poluição da região a ser adotado no projeto deve correspon-


der à classificação “leve” para “média”. Foi adotado então 14 mm/kV fase-fase.
Para as cadeias de suspensão e ancoragem dos condutores, está sendo pre-
vista a utilização de isoladores com as características conforme item c a seguir.

Característica suspensão normal

As características dos isoladores a serem utilizados encontram-se apre-


sentadas na tabela 2.

Tabela 2: Características dos isoladores


Distância de
Carga de ruptura Diâmetro do disco Passo Peso
escoamento
(kN) (mm) (mm) (kg)
(Di) (mm)
160 280 170 6,5 380
210 280 170 7,2 380
240 280 170 7,5 380
300 320 195 10,9 480
Ref: Catálogo Seves

O número de isoladores na cadeia é determinado a partir da expressão abaixo:

Vmáx *De
N=
Di
Onde:
• N = número mínimo de isoladores da cadeia.
• Vmáx = Tensão máxima de operação.
• De = 14 mm/kV distância de escoamento específica.
• Di = distância de escoamento, ver tabela 2.

Na tabela 3, encontram-se apresentados os números de isoladores ne-


cessários para a cadeia de suspensão simples em função da tensão da linha.

Tabela 3: Número de isoladores na cadeia de suspensão simples


Número de isoladores – Cadeia de suspensão simples
Carga de ruptura (kN)
550 kV 800 kV 1.100 kV
160 21 30 41
210 21 30 41
240 21 30 41
300 17 24 33

290 Definição da Geometria da Torre CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Deverá ser acrescentado um (ou mais) isolador adicional na cadeia de


ancoragem, para compensar o comprimento do uso de anéis anticorona.
Na tabela 4 encontram-se apresentados os comprimentos e pesos apro-
ximados das cadeias de suspensão que serão utilizados no estudo.

Tabela 4: Comprimento e peso das cadeias de suspensão


Comprimento Peso da cadeia Carga de ruptura
Tensão (kV) N° de isoladores
da cadeia (m)* (kg) do isolador (kN)
21 4,0 190 1 x 210
550
21 4,1 345 2 x 160
30 5,6 250 1 x 210
800 30 5,7 460 2 x 160
30 5,7 500 2 x 210
41 7,7 670 2 x 210
1.100
41 7,7 700 2 x 240
*Comprimento da cadeia até o ponto de tangência da circunferência dos subcondutores

Ângulo de balanço da cadeia

Os editais da Aneel especificam que o isolamento à tensão máxima operati-


va deve ser dimensionado considerando o balanço da cadeia de isoladores sob a
ação de vento com período de retorno de, no mínimo, 50 anos (29,39 m/s). Para
o cálculo do ângulo de balanço, será adotada a metodologia indicada no item
10.1.4.3 da referência [4] para velocidade do vento com período de retorno de
50 anos e tempo de integração de 30 segundos. Com base no critério indicado,
o ângulo de balanço das cadeias de suspensão será definido da seguinte forma:

tgβ = k qod (1)


p(V/H)
Onde:
• qo = pressão dinâmica de referência (kg/m2).
• d = diâmetro do condutor (m).
• p = peso unitário do condutor (kg/m).
• V/H = 0,7 relação (vão de peso)/(vão de vento) mais desfavorável.
• k = 0,32 valor da figura 7 referência [4] (vento de 29,39 ∗ 1,21 = 35,56 m/s).

As características dos condutores utilizados encontram-se na tabela 5 e


os resultados obtidos para o ângulo de balanço para a tensão operativa en-
contram-se na tabela 6.

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Tabela 5: Características do condutores utilizados


Diâmetro Peso Carga de ruptura RCC 20 °C
Condutor
(m) (kg/m) (kgf) (Ω/km)
954 Rail 0,02961 1,603 11.835 0,059932
1.113 Bluejay 0,03198 1,871 13.527 0,051370
1.272 Bittern 0,03417 2,134 15.464 0,044949
1.590 Lapwing 0,03822 2,671 19.103 0,035959
2.312 Thrasher 0,04579 3,761 25.668 0,024850

Tabela 6: Ângulo de balanço da cadeia para tensão operativa


Condutor Ângulo de balanço (°)
954 Rail 36,0
1.113 Bluejay 33,9
1.272 Bittern 32,2
1.590 Lapwing 29,3
2.312 Thrasher 25,6

Isolamento para sobretensão de manobra

Metodologia

Conhecidas as sobretensões de manobra obtidas através de programas


digitais, as distâncias mínimas são calculadas baseadas num critério acei-
tável de risco de falha, considerando a suportabilidade dos gaps estimados
conforme a seguir.
V50 = k 500 d0,6

Onde:
• V50 = suportabilidade com probabilidade de ocorrência de 50%, em kV.
• d = distância do gap (m).
• k = fator de gap, com os seguintes valores conforme o tipo:
▷ k = 1,15 condutor-plano.
▷ k = 1,30 condutor-estrutura abaixo.
▷ k = 1,35 condutor-estrutura lateral ou acima.
▷ k = 1,40 condutor-estai.
▷ k = 1,50 condutor-braço da torre.

A equação acima se aplica a torres de extra alta tensão para 2 < d < 5 m.

292 Definição da Geometria da Torre CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Uma alternativa quando 5 < d < 15 m, é:


3, 400
V50% = k
1+ 8 / d

As distâncias são determinadas e baseadas no perfil de sobretensão ori-


ginadas pela aplicação de falta e também considerando um determinado cri-
tério de risco falha, de acordo com a tabela 2 do capítulo 2.
Notar que, se a linha foi prevista para utilização de cadeia I, deve ser con-
siderado no risco de falha o efeito do vento simultâneo com a sobretensão.
Existem duas formas para essa consideração: a primeira, calculando as distân-
cias para um determinado critério de risco e supondo que essas distâncias se-
rão mantidas para certa deflexão na cadeia devido ao vento; a segunda, consi-
derar o vento simultâneo com a sobretensão e calcular o risco nesta condição.

Distâncias mínimas para o risco de critério

Para determinação das distâncias mínimas, serão adotados os seguin-


tes parâmetros:
• Somente o caso de religamento, considerando uma distribuição de so-
bretensões fase-terra com valor médio de 2,0 pu e um desvio padrão
de 5% em aproximadamente 1/8 do comprimento da linha (300 km).
• A sobretensão fase-fase foi considerada igual a √3 vezes a sobreten-
são fase-terra.
• Um valor médio de correção devido às condições climatológicas
igual a 0,95.

Resultados para distâncias mínimas fase-terra


Os resultados obtidos para as distâncias mínimas fase-terra encontram-
se apresentadas na tabela 7. Os valores das distâncias mínimas para os gaps
acima mencionados e considerados separadamente. Estes foram obtidos pa-
ra um risco de 10-2, dividido igualmente entre as fases.

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Tabela 7: Distâncias mínimas para manobra


Distância mínima para manobra (m)
Gap
1.100 kV 800 kV 550 kV
Condutor-torre 9,3 5,2 2,5
Condutor-braço de torre 7,6 4,3 2,1
Condutor-estai 8,7 4,9 2,4
Condutor-solo 13,9 6,9 3,3
Condutor-solo (objeto; 4,5 m; abaixo) 10,2 + 4,5 5,5 + 4,5 2,7 + 4,5

Resultados para distâncias mínimas fase-fase


Os resultados obtidos para as distâncias mínimas fase-fase encontram-se
apresentadas na tabela 8. Estes foram obtidos para um risco de 10-3.

Tabela 8: Distâncias mínimas entre fases


Distâncias entre fases (m)
1.100 kV 800 kV 550 kV
15,3 9,1 4,5

Ângulo de balanço de cadeia para sobretensão de manobra

Para determinar o deslocamento da cadeia de isoladores devido ao ven-


to durante a ocorrência da sobretensão de manobra, foi considerado um ba-
lanço da cadeia utilizando o valor médio da distribuição de vento referido
ao tempo de integração de 30 s (19,71 ∗ 1,21 = 23,85 m/s).
Os ângulos de balanço resultantes encontram-se na tabela 9.

Tabela 9: Ângulo de balanço da cadeia para tensão operativa


Condutor Ângulo de balanço (°)
954 Rail 15,4
1.113 Bluejay 14,3
1.272 Bittern 13,4
1.590 Lapwing 12,0
2.312 Thrasher 10,3

294 Definição da Geometria da Torre CA


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Capacidade de corrente do condutor e flechas


Capacidade de corrente

A capacidade do cabo ACSR foi calculada baseada na publicação CIGRÉ


[5]. As seguintes considerações foram feitas:

Conforme os requisitos da referência [6]


• Velocidade de vento (mínima) 1 m/s
• Radiação solar global 1.000 W/m2

Dados utilizados:
• Temperatura máxima média 35 °C
• Altitude média em relação ao nível do mar 300 m

Foram adotados:
• Coeficiente de emissividade e absorção 0,5 e 0,5
• Ângulo de incidência do vento 45°

Geralmente, condutores escolhidos com base em critério econômico


(custo da linha e custo de perdas) resultam em temperaturas para a condição
normal muito menor que 70 °C. Na figura 2 a seguir, encontram-se apresen-
tados os valores de corrente em função da temperatura.

Figura 2: Corrente em função da temperatura do condutor

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Na tabela 10, encontram-se apresentados os valores de flecha para al-


gumas configurações de condutores, na condição de emergência (em geral
saída de um circuito num sistema com dois circuitos).

Tabela 10: Temperatura para as configurações


Tensão (kV) Condutor N° Cond. Potência (MW) Corrente (A) Temperatura (°C)
550 954 Rail 4 3.000 866 73
550 954 Rail 6 3.000 577 57
550 1.272 Bittern 6 3.000 577 55
800 1.113 Bluejay 4 6.000 1.132 84
800 2.312 Thrasher 4 6.000 1.132 61
800 954 Rail 6 6.000 755 65
800 1.272 Bittern 6 6.000 755 58
1.100 954 Rail 8 12.000 866 72
1.100 1.590 Lapwing 8 12.000 866 62
1.100 954 Rail 10 12.000 693 62
1.100 1.113 Bluejay 10 12.000 693 58

Verifica-se que somente o caso de 800 kV com 4 Bluejay apresenta um


temperatura acima de 80 °C.

Flecha para a temperatura máxima no condutor

A seguir, encontram-se apresentados os resultados das flechas para as


temperaturas da tabela 10 acima.
Para esses cálculos, foram utilizados os seguintes parâmetros:
• Vão de 500 m.
• EDS (Every Day Stress).
▷ Tensão de 20% da carga de ruptura.
▷ Temperatura média: 23 °C.

Os resultados podem ser observados na tabela 11.

296 Definição da Geometria da Torre CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
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Tabela 11: Flechas dos condutores para vão de 500 m


Tensão (kV) Condutor N° Cond. Temperatura (°C) Flecha (m)
550 954 Rail 4 73 23,6
550 954 Rail 6 57 23,0
550 1.272 Bittern 6 55 22,9
800 1.113 Bluejay 4 84 24,2
800 2.312 Thrasher 4 61 24,4
800 954 Rail 6 65 23,3
800 1.272 Bittern 6 58 23,1
1.100 954 Rail 8 72 23,6
1.100 1.590 Lapwing 8 62 23,5
1.100 954 Rail 10 62 23,2
1.100 1.113 Bluejay 10 58 23,1

Verifica-se que, apesar da variação da temperatura, as flechas resultan-


tes para os cabos variam em torno de 23 m e 24 m.

Altura da torre (altura do condutor inferior ao solo)


As distâncias mínimas ao solo para as tensões de 550 kV, 800 kV e 1.100 kV
foram obtidas do estudo de campo elétrico a partir do critério abaixo:
• O campo elétrico a um metro do solo no limite da faixa de servidão
deve ser inferior ou, no máximo, igual a 4,16 kV/m. Adicionalmente,
o campo elétrico no interior da faixa de servidão não deve provocar
efeitos nocivos em seres humanos, considerando a utilização que for
dada a cada trecho (para tal, adotou-se 8,33 kV/m).
• As torres de 800 kV e 1.100 kV foram calculadas para as do tipo
Chainette com delta invertido, e as de 550 kV foram calculadas para
as do tipo Cross-rope.

Os resultados obtidos encontram-se na tabela 12.

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Tabela 12: Distância mínima ao solo no meio vão, por critério de campo elétrico
Tensão (kV) Condutor N° Cond. Distância ao solo (m)
550 954 Rail 4 9,5
550 954 Rail 6 10,3
550 1.272 Bittern 6 10,3
800 1.113 Bluejay 4 14,0
800 2.312 Thrasher 4 14,5
800 954 Rail 6 15,4
800 1.272 Bittern 6 15,6
1.100 954 Rail 8 22,1
1.100 1.590 Lapwing 8 22,3
1.100 954 Rail 10 23,4
1.100 1.113 Bluejay 10 23,4

A definição da altura do condutor inferior ao solo na torre (hp) foi ob-


tida pela expressão:

hp = CS + sg + R

Onde:
• hp = distância do centro do feixe de condutores ao solo.
• CS = distância mínima ao solo no meio vão, conforme tabela 12.
• sg = flecha do condutor conforme tabela 11.
• R = raio do feixe de condutor (variável).

Na tabela 13, encontram-se apresentadas as alturas do condutor inferior


ao solo, na torre para as torres consideradas no estudo.
Ressalta-se que o raio do feixe deverá ser definido em função da neces-
sidade ou não da expansão do feixe para modificar a impedância caracterís-
tica necessária para cada alternativa.

298 Definição da Geometria da Torre CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tabela 13: Altura do condutor inferior ao solo para vão de 500 m


Distância Raio do feixe Altura
Tensão (kV) Condutor N° Cond. Flecha (m)
ao solo (m) (m) condutor-solo (m)
550 954 Rail 4 23,6 9,5 33,1
550 954 Rail 6 23,0 10,3 33,3
550 1.272 Bittern 6 22,9 10,3 33,2
800 1.113 Bluejay 4 24,2 14,0 38,2
800 2.312 Thrasher 4 24,4 14,5 38,9
800 954 Rail 6 23,3 15,4 Variável 38,7
800 1.272 Bittern 6 23,1 15,6 38,7
1.100 954 Rail 8 23,6 22,1 45,7
1.100 1.590 Lapwing 8 23,5 22,3 45,8
1.100 954 Rail 10 23,2 23,4 46,6
1.100 1.113 Bluejay 10 23,1 23,4 46,5

Faixa de passagem
A largura da faixa de passagem será definida considerando dois aspectos:
• Balanço do condutor com a distância mínima condutor para ten-
são operativa.
• Efeito corona e campos [2].

Neste item, foi verificado somente o aspecto do balanço do condutor.


Na determinação da largura da faixa de passagem, a distância mínima
para a tensão operativa foi adotada conforme indicada na tabela 1 e compri-
mento da cadeia de isoladores conforme tabela 4. O ângulo de balanço do
condutor foi calculado a partir da expressão 1 utilizando-se adicionalmente
os seguintes parâmetros:
• Vão de vento máximo: 600 m.
• Relação Vp/Vv (Vão de peso/Vão de vento): 1,0.
• Vento com período de retorno de 50 anos.

Os valores de deflexão na cadeia obtidos encontram-se na tabela 14.

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Tabela 14: Ângulo de balanço da cadeia


Condutor Ângulo de balanço (graus)
954 Rail 26,9
1.113 Bluejay 25,2
1.272 Bittern 23,8
1.590 Lapwing 21,5
2.312 Thrasher 18,5

As flechas do condutor foram adotadas para a condição de EDS de 20%


da CR do cabo e encontram-se na tabela 15.

Tabela 15: Flechas para os vãos na condição EDS 20%


Condutor Flecha (m)
954 Rail 31,9
1.113 Bluejay 31,2
1.272 Bittern 31,2
1.590 Lapwing 31,5
2.312 Thrasher 33,0

A largura mínima da faixa foi determinada pela expressão:

FAIXA = ((D + L + S) senθ + dmin) ∗ 2+ EFEXT

Onde:
• dmin = distância mínima para tensão de operação (ver tabela 1).
• D = diâmetro do feixe de subcondutores – variável (m) (foi conside-
rada a distância entre subcondutores igual a 0,457m).
• L = comprimento da cadeia de isoladores igual a 4,0 m para 550 kV
e 0,0 m para 800 kV e 1.100 kV.
• S = Flecha do condutor (m) (ver tabela 15).
• θ = ângulo de balanço do condutor para vento de retorno de 50 anos.
• EFEXT = Espaçamento entre as fases externas: para 550 kV = 11,0 m,
para 800 kV = 9,1 m e para 1.100 kV = 15,3 m.

300 Definição da Geometria da Torre CA


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A tabela 16 apresenta os resultados para o vão de 600 m.

Tabela 16: Largura da faixa de passagem para cadeia I


Tensão (kV) Condutor N° Cond. Largura da Faixa (m)
550 954 Rail 4 45,9
550 954 Rail 6 46,1
550 1.272 Bittern 6 41,9
800 1.113 Bluejay 4 39,9
800 2.312 Thrasher 4 34,2
800 954 Rail 6 42,5
800 1.272 Bittern 6 38,7
1.100 954 Rail 8 42,7
1.100 1.590 Lapwing 8 36,8
1.100 954 Rail 10 43,0
1.100 1.113 Bluejay 10 40,6

Estes valores são menores que os determinados pelos critérios de coro-


na e campos (o dobro do valor aproximadamente).

Isolamento para manutenção em linha viva


A tabela 17 apresentada a seguir obtida de [7] recomenda, para as ope-
rações de manutenção em linha viva, os valores resumidos na tabela 18. Para
obtenção desses valores, foram considerados:
• Fator de surto igual a 2,0 pu, para todas as tensões.
• Uma folga de 1,0 m para movimentação do trabalhador.
• Os valores referentes a 1.100 kV foi extrapolado baseando-se nos va-
lores de 550 kV e 765 kV.

APÊNDICE A 301
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Tabela 17: Distâncias mínimas para manutenção em linha viva [7]


Ar Ferramenta de linha viva
Tensão fase-fase nominal/máxima, kV
345/362 500/550 700/765 345/362 500/550 700/765
1,5 ou abaixo 5/5 5/5 7 / 8,5 5/5 5 / 5,5 8/9
1,6 5/5 5 / 5,5 8/9 5/5 5,5 / 6 8,5 / 10
1,7 5/5 5/6 8,5 / 10 5/5 5,5 / 6,5 9,5 / 10,5
1,8 5/5 5,6 / 6,5 9,5 / 11 5/5 6,5 / 7 10,5 / 12
1,9 5/5 6/7 10,5 / 12 5/5 7/8 11 / 13
Fator de surto

2,0 5/5 6,5 / 7,5 11,5 / 13 5/5 7,5 / 8,5 12 / 14


2,1 5/5 7 / 8,5 12 / 14 5/5 8/9 13 / 15
2,2 5/5 7,5 / 9 13 / 15,5 5 / 5,5 8,5 / 9,5 14 / 16,5
2,3 5/5 8,5 / 9,5 5 / 5,5 9 / 10,5
2,4 5 / 5,5 9 / 10 5,5 / 6 9,5 / 11
2,5 5,5 / 6 9,5 / 11 6 / 6,5 10 / 12
2,6 5,5 / 6 6 / 6,5
2,7 6 / 6,5 6,5 / 7
2,8 6,5 / 7 7 / 7,5
Nota: Para sistemas onde a tensão é controlada para operar em um valor máximo entre o nominal e o máximo
listados na tabela acima, as distâncias mínimas podem ser determinadas por interpolação, arredondando para
o próximo valor superior com resolução de meio pé

Tabela 18: Distância para manutenção em linha viva


Distância mínima (m) Distância adotada (m)
Tensão da LT (kV)
Ar Ferramenta Ar Ferramenta
550 7 ½’ (2,29) 8 ½’ (2,59) 3,3 3,6
800 13’ (3,96) 14’ (4,27) 5,0 5,3
1.100 – – 6,8 7,1

Verifica-se que as distâncias acima obtidas são inferiores aos demais re-
quisitos acima estudados.

302 Definição da Geometria da Torre CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Referências
[1] EPRI. Transmission Line Reference Book 345 kV and Above. Second
edition, 1982.
[2] ONS. Submódulo 2.4 – Requisitos mínimos para Linhas de Trans-
missão aéreas.
[3] IEC 60 815. Guide for the selection of insulators in respect of polluted
conditions.
[4] ABNT. NBR 5422 – Projeto de Linhas aéreas de Transmissão de
Energia Elétrica. Fev/1985.
[5] CIGRÉ. Brochure 207 – Thermal Behavior of Overhead Conduc-
tors. August, 2002.
[6] IEC 60 826. Design criteria of overhead transmission lines. Third
edition, Oct/2003.
[7] ANSI C2. National Electrical Safety Code, 1981.

APÊNDICE A 303
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

APÊNDICE B

Hipóteses de Carregamento para


Dimensionamento de Torres CC e CA

Mario Masuda
Takuo Nakai
José A. Jardini

305
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

B.1. Hipóteses de carregamento para


dimensionamento de torres CC
Neste apêndice, são apresentadas as hipóteses de carregamento que fo-
ram utilizadas na determinação dos pesos das estruturas das alternativas CC.

Dados gerais

Apresentam-se a seguir os dados necessários para elaboração das hipó-


teses de carregamento para o dimensionamento das torres CC.

Cabos

O condutor utilizado na alternativa básica foi o CAA (Condutor de


Alumínio-Aço) 1.590 MCM (Lapwing) em toda a extensão da linha, e cabo
para-raios utilizado foi o de aço galvanizado 3/8” EAR. As características
destes cabos encontram-se na tabela 1.

Tabela 1: Características dos cabos utilizados


Descrição Unidade 1.590 MCM Ø 3/8”
Tipo de cabo CAA EAR
4,77 – Al
Diâmetro nominal do fio mm 3,05
3,18 – aço
Número de fios fios 45 x 7 7
Diâmetro nominal do cabo mm 38,16 9,52 (3/8”)
Carga mínima de ruptura kgf 19.072 6.990
Peso aproximado kgf/m 2,667 0,406

306 Hipóteses de Carregamento para Dimensionamento de Torres CC e CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Torre

A configuração da torre utilizada é a mesma da referência [1], porém


para um vão de vento de 500 m e com novas condições de vento do projeto.
A configuração resultante encontra-se apresentada na figura 1 do capítulo 2,
tendo sido considerados adicionalmente os seguintes parâmetros:
• Flecha na temperatura 65 °C: 23,7 m.
• Distância mínima ao solo: 12,5 m.
• Altura condutor solo para torre básica: 36,2 m.

As características da torre utilizada encontram-se na tabela 2.

Tabela 2: Características da torre utilizada


Vãos máximos (m)
Tipo torre
Vento Peso Ângulo
500 750 0°
Estaiada
(447) 750 2°

Trações nos cabos

As tabelas 3 e 4 apresentam os valores das trações no condutor CAA


1.590 MCM (Lapwing) e no cabo para-raios 3/8” EHS respectivamente.

Tabela 3: Trações para o condutor CAA 1.590 MCM


Cond θ (°C) P.V. (kgf/m²) Tf (kgf) Tf (%) Ti (kgf)
EDS 23 0 3.828 20,0 4.175
Vmax 15 138,20 8.044 42,1 8.324
V45 15 69,10 5.336 28,0 5.700
Vai90 15 48,25 4.403 23,0 4.771
Vai45 15 24,12 4.024 21,1 4.384
θmin 0 0 4.009 21,0 4.385
θmax 65 0 3.550 18,6 3.851
Tf → Tração final; Ti → Tração inicial

APÊNDICE B 307
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Tabela 4: Trações do cabo para-raios 3/8” EHS


Cond θ (°C) P.V. (kgf/m²) Tf (kgf) Tf (%)
EDS 23 0 685 9,8
Vmax 15 148,2 2.027 29,0
V45 15 74,1 1.245 17,8
Vai90 15 48,25 980 14,0
Vai45 15 24,12 778 11,1
θmin 0 0 709 10,1
θmax 40 0 669 9,6

Pressão de vento

a) Na estrutura: conforme tabelas 5 e 6 do capítulo 2.


b) Nos isoladores: conforme tabela 5.

Tabela 5: Pressão de vento na cadeia de isoladores


Vento Pressão (kgf/m²)
Extremo 208,6
Alta intensidade 193

Cálculo dos esforços

Apresentam-se a seguir as expressões gerais para os cálculos dos esforços


verticais, transversais e horizontais. Os cálculos foram efetuados conforme [2].

Cargas verticais

V = CS ∗ [(n ∗ g ∗ ag) + Pci] – Hipóteses normais.


V = CS ∗ [(n ∗ g ∗ ag) + Pci + 0,3162 ∗ ( Tc ∗ n)] – Hipóteses de cabos
ancorados no solo.
V = CS ∗ [(n ∗ g ∗ ag) + Pci] + CS1 ∗ CM – Hipóteses de montagem.

Onde:
CS = Coeficiente usado na hipótese.
n = número de subcondutores por fase ou para-raios.
g = peso do cabo condutor ou para-raios.

308 Hipóteses de Carregamento para Dimensionamento de Torres CC e CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

ag = vão peso.
Pci = peso da cadeia de isoladores.
Tc = tração no cabo condutor ou para-raios.
CS1= coeficiente de segurança do peso dos montadores.
CM = carga devido ao peso dos montadores.

Cargas transversais

T = CS ∗ [(((n ∗ d ∗ av ∗ pvc)+(Aci ∗ pvi)) ∗ (sen2(i+a/2))) cos(a/2)


+ ((Acj/2) ∗ pvi) ∗ sen(i) + (2T ∗ n ∗ sen(a/2))] – Hipóteses normais
com vento.

Onde:
CS = Coeficiente usado na hipótese.
n = número de subcondutores por fase ou para-raios.
d = diâmetro do cabo condutor ou para-raios.
av = vão de vento.
pvc = pressão de vento no cabo condutor ou para-raios.
Aci = área exposta ao vento da cadeia de isolador do condutor ou para-raios.
pvi = pressão de vento na cadeia de isolador do condutor ou para-raios.
a = ângulo de deflexão da linha.
i = ângulo de incidência do vento.
Acj = área exposta ao vento da cadeia do jumper do condutor.
T = tração no cabo condutor ou para-raios.

Cargas longitudinais

T = CS ∗ [(((n ∗ d ∗ av ∗ pvc)+(Aci ∗ pvi)) ∗ (sen2(i+90+a/2))) sen(a/2)


+ ((Acj/2) ∗ pvi) ∗ cos(i+90) + (T ∗ n ∗ cos(a/2))] – Hipóteses normais
com vento.

Os parâmetros da expressão acima são os mesmos relacionados acima.

APÊNDICE B 309
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Árvores de carregamento

As árvores de carregamento foram determinadas para as seguintes hipóteses:


• Vento transversal extremo: V1 e V1R.
• Vento extremo oblíquo a 45°: V4 e V4R.
• Vento de tormentas elétricas transversal: W1 e W1R.
• Vento de tormentas elétricas a 45°: W3 e W3R.
• Ruptura de um cabo para-raios: R1 e R1R.
• Ruptura de um cabo para-raios: R2 e R2R.
• Ruptura de um feixe de cabo condutor: R4 e R4R.
• Ruptura de um feixe de cabo condutor: R5 e R5R.
• Contenção de cascata: D1 e D1R.
• Montagem de para-raios: M1 e M2.
• Montagem de condutor: M4 e M5.

As condições acima com terminação em “R” são para hipóteses consi-


derando o vão peso mínimo.
A título de exemplo na figura 1, encontra-se apresentada a árvore de
carregamento referente à hipótese de vento transversal extremo V1 e V1R.

310 Hipóteses de Carregamento para Dimensionamento de Torres CC e CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Figura 1: Exemplo da árvore de carregamento

APÊNDICE B 311
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

B.2. Hipóteses de carregamento para


dimensionamento de torres CA
Introdução

Para o levantamento dos custos das linhas CA, foram calculados os


pesos de algumas torres com a finalidade de obter uma expressão em fun-
ção da bitolas de cabo, números de condutores no feixe e da tensão da li-
nha. Assim, para determinação dos pesos foi necessária a elaboração das
hipóteses de carregamento para as alternativas propostas de estruturas.
Essas hipóteses são compatíveis com as hipóteses utilizadas para as linhas
CC do item B.1.
Neste item, encontram-se apresentadas as hipóteses de carregamento
que foram utilizadas na determinação dos pesos das estruturas das alter-
nativas CA.

Dados gerais

Os dados para determinação das hipóteses de carregamento encon-


tram-se apresentados a seguir.

Cabos

Os condutores utilizados nas alternativas são do tipo CAA “Cabo de


Alumínio-Aço”, e o cabo para-raios utilizado é do tipo de aço galvanizado
3/8” EAR. As características destes cabos encontram-se na tabela 6.

Tabela 6: Características dos cabos utilizados


Descrição MCM 954 1.113 1.272 1.590 2.312 Ø 3/8”
Código Rail Bluejay Bittern Lapwing Thrasher
Tipo de cabo CAA CAA CAA CAA CAA EAR
3,70 – Al 3,99 – Al 4,27 – Al 4,77 – Al 4,43 – Al
Diâmetro nominal do fio mm 3,05
2,46 – aço 2,66 – aço 2,85 – aço 3,18 – aço 2,07 – aço
Número de fios fios 45 x 7 45 x 7 45 x 7 45 x 7 76 x 19 7
Diâmetro nominal do cabo mm 29,58 31,92 34,17 38,16 45,79 9,52 (3/8”)
Carga mínima de ruptura kgf 11.637 13.457 15.425 19.072 25.668 6.990
Peso aproximado kgf/m 1,603 1,868 2,134 2,667 3,761 0,406

312 Hipóteses de Carregamento para Dimensionamento de Torres CC e CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Torre

Na tabela 7 encontram-se apresentadas as características da torre calculada.

Tabela 7: Características da torre


Vãos máximos (m)
Tipo torre
Vento Peso Ângulo
500 750 0°
Estaiada
(447) 750 2°

Pressão de vento extremo

As pressões de vento no condutor, no para-raios e na cadeia de isolado-


res encontram-se apresentadas na tabela 8.

Tabela 8: Pressão de vento no condutor, para-raios e cadeia de isoladores


Pressão vento (kgf/m²)
Número de
Tensão (kV) Condutor Cadeia de
condutores Condutor Para-raios
isoladores
550 954 Rail 4 135,0 205,3 146,0
550 954 Rail 6 135,2 205,7 146,2
550 1.272 Bittern 6 135,0 205,6 146,0
800 1.113 Bluejay 4 140,7 211,4 149,8
800 2.312 Thrasher 4 140,6 212,0 149,9
800 954 Rail 6 141,3 211,9 150,2
800 1.272 Bittern 6 141,2 211,9 150,2
1.100 954 Rail 8 147,5 218,4 154,6
1.100 1.590 Lapwing 8 147,4 218,5 154,6
1.100 954 Rail 10 148,1 218,8 155,2
1.100 1.113 Bluejay 10 148,0 218,7 155,1

Constata-se da tabela acima que os valores da pressão de vento são pra-


ticamente iguais para uma mesma tensão. Dessa forma, para os para-raios
foram adotados os seguintes valores conforme tabela 9.

Tabela 9: Pressão de vento adotada para o para-raios


Tensão (kV) Pressão vento para-raios (kgf/m²)
550 146,2
800 150,2
1.100 155,2

APÊNDICE B 313
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Pressão de vento alta intensidade

A pressão de vento de alta intensidade:


• condutor e para-raios será de a 48,25 kgf/m².
• cadeia de isoladores: 193 kgf/m².

Tração nos cabos

Apresentam-se a seguir as trações nos cabos utilizadas na determinação


dos esforços na estrutura.
Ressalta-se que os valores de tração para um mesmo cabo variam con-
forme a tensão da linha em virtude da variação da altura ao solo, como ve-
rificado no cálculo da pressão de vento. A seguir, são apresentados alguns
valores como exemplo.

Tensão 550 kV – 4 x 954 Rail

Tabela 10: Trações para o condutor CAA 4 x 954 MCM


Cond θ (°C) P.V. (kgf/m²) Tf (kgf) Tf (%) Ti (kgf)
EDS 23 0 2.350 20,0 2.502
Vmax 15 134,95 5.818 49,5 5.894
V45 15 67,47 3.672 31,3 3.850
Vai90 15 48,25 3.128 26,6 3.304
Vai45 15 24,12 2.598 22,1 2.763
θmin 0 0 2.465 21,0 2.636
θmax 73 0 2.143 18,2 2.262
Tf → Tração final; Ti → Tração inicial.

Tensão 800 kV – 4 x 1.113 Bluejay

Tabela 11: Trações para o condutor CAA 4 x 1.113 MCM


Cond θ (°C) P.V. (kgf/m²) Tf (kgf) Tf (%) Ti (kgf)
EDS 23 0 2.703 20,0 2.927
Vmax 15 140,71 6.540 48,4 6.683
V45 15 70,36 4.150 30,7 4.398
Vai90 15 48,25 3.494 25,9 3.742
Vai45 15 24,12 2.956 21,9 3.193
θmin 0 0 2.834 21,0 3.080
θmax 84 0 2.426 18,0 2.602

Tf → Tração final; Ti → Tração inicial.

314 Hipóteses de Carregamento para Dimensionamento de Torres CC e CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Tensão 1.100 kV – 8 x 954 Rail

Tabela 12: Trações para o condutor CAA 8 x 954 MCM


Cond θ (°C) P.V. (kgf/m²) Tf (kgf) Tf (%) Ti (kgf)
EDS 23 0 2.184 18,6 2.297
Vmax 15 147,45 5.874 50 5.917
V45 15 73,72 3.611 30,7 3.749
Vai90 15 48,25 2.914 24,8 3.048
Vai45 15 24,12 2.413 20,5 2.536
θmin 0 0 2.278 19,4 2.403
θmax 72 0 2.017 17,2 2.108

Tf → Tração final; Ti → Tração inicial.

Tensão 800 kV – Cabo 3/8” EHS

Tabela 13: Trações do cabo para-raios 3/8" EHS para 800 kV


Cond θ (°C) P.V. (kgf/m²) Tf (kgf) Tf (%)
EDS 23 0 709 10,2
Vmax 15 150,20 2.093 30,0
V45 15 75,09 1.291 18,5
Vai90 15 48,25 1.011 14,5
Vai45 15 24,12 805 11,6
θmin 0 0 735 10,5
θmax 40 0 692 9,9

Pressão de vento na estrutura

Os valores para pressão de vento na estrutura foram adotados conforme


tabelas 5 e 6 do capítulo 2.

Cálculo dos esforços

A metodologia utilizada encontra-se apresentada no apêndice B.1.

Árvores de carregamento

Foram consideradas as mesmas hipóteses de carregamento do apêndice B.1.

APÊNDICE B 315
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Exemplo de árvores de carregamento

A título de ilustração encontram-se apresentados nas figuras 2, 3 e 4


exemplos das árvores de carregamento para as torres de 550 kV, 800 kV e
1.100 kV respectivamente.

Figura 2: Exemplo da árvore de carregamento para 550 kV

316 Hipóteses de Carregamento para Dimensionamento de Torres CC e CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Figura 3: Exemplo da árvore de carregamento para 800 kV

APÊNDICE B 317
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Figura 4: Exemplo da árvore de carregamento para 1.100 kV

318 Hipóteses de Carregamento para Dimensionamento de Torres CC e CA


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Referências
[1] CIGRÉ. Brochure 388. Impacts of HVDC lines on the economics of
HVDC projects. WG B2/B4/C1.17, Aug/2009.
[2] IEC-60826. Design criteria of overhead transmission lines. Third
edition, 2003-10.

APÊNDICE B 319
Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

APÊNDICE C

Mémórias de Cálculos de
Torres CA e CC e de Fundações

Takuo Nakai

321
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Cálculo da torre básica CC


Introdução

A seguir, encontra-se apresentada a memória de cálculo para a estrutu-


ra estaiada pata LT CC ±500 kV para três condutores por polo 1.590 MCM
Lapwing.
Para os carregamentos da linha, foram utilizadas as hipóteses de carga
calculadas conforme item anterior.

Característica da linha
• Tensão: ±500 kV
• Quantidade de polos: dois
• Número de condutores: três condutores CAA Lapwing
1.590 MCM por polo
• Disposição dos polos: horizontal
• Número de cabos para-raios: dois cabos de aço galvanizado
ϕ 3/8” EAR
Característica da torre
• Utilização: suspensão em alinhamento
• Deflexão (graus): dois
• Vão de vento (m): 500
• Vão de peso (m): 750

Materiais
Laminados planos: ASTM A36
Laminados não planos: ASTM-A572, Gr.50 e A572, Gr. 60
Parafusos: ASTM A394, Grau T0
• ASTM A36
Tensão de escoamento: Fy = 2.531 kgf/cm²
Tensão de ruptura: Fu = 4.078 kgf/cm²
Tensão de esmagamento: Fp = 5.343 kgf/cm² (ϕ 5/8”)

322 Mémórias de Cálculos de Torres CA e CC e de Fundações


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

• ASTM A572, Gr. 50


Tensão de escoamento: Fy = 3.515 kgf/cm²
Tensão de ruptura: Fu = 4.570 kgf/cm²
Tensão de esmagamento: Fp = 5.988 kgf/cm² (ϕ 5/8”)
• ASTM A572, Gr. 60
Tensão de escoamento: Fy = 4.218 kgf/cm²
Tensão de ruptura: Fu = 5.273 kgf/cm²
Tensão de esmagamento: Fp = 6.909 kgf/cm² (ϕ 5/8”)
• ASTM A394, Gr. T0
Tensão de cisalhamento: Fv = 3.225 kgf/cm²

Metodologia de cálculo
A torre estaiada foi calculada pelo método dos deslocamentos, utilizan-
do-se de um sistema de programa para análise estática não linear de estrutu-
ra composta de barras e cabos.

Critério de dimensionamento
O dimensionamento das ligações e das barras em cantoneiras laminadas
foi efetuado de acordo com a norma ASCE 10-97 [1].
No calculo da resistência limite de cada elemento, foi utilizado fator de
minoração de 0,93.
A resistência limite dos estais foi obtida multiplicando-se a carga de rup-
tura mínima da cordoalha pelo fator 0,75 x 0,93.

Tabela de dimensionamento
Cargas críticas (kgf) Tensões (kgf/cm2) Paraf. Tensões (kgf/cm2)
Grupo Perfil
Compr. HIP Tração HIP L (cm) R (cm) L/R C Fa fa Ft ft N x Diam Cisalh. Esmag.
m 1 L 90 90 8 G 39.937 1 19.424 2 100 1.76 57 1 3.255 2.873 3.923 1.750 8 x 1.59 2.514 3.924
m 2 L 90 90 8 G 46.122 1 20.912 2 150 2.73 55 1 3.301 3.300 3.923 1.884 8 x 1.59 2.903 4.532
m 3 L 90 90 8 G 44.896 1 19.446 2 150 2.73 55 1 3.301 3.230 3.923 1.752 8 x 1.59 2.826 4.411
m 4 L 90 90 8 G 42.097 1 16.089 2 150 2.73 55 1 3.301 3.029 3.923 1.449 8 x 1.59 2.650 4.136
m 5 L 90 90 8 G 34.627 3 10.947 4 150 2.73 55 1 3.301 2.491 3.923 986 8 x 1.59 2.179 3.402
m 6 L 90 90 8 G 31.035 3 7.090 4 150 2.73 55 1 3.301 2.233 3.923 639 8 x 1.59 1.953 3.049
m 7 L 90 90 8 G 26.832 3 4.207 8 150 2.73 55 1 3.301 1.930 3.923 379 8 x 1.59 1.689 2.636
m 8 L 90 90 8 G 23.054 3 1.084 8 150 2.73 55 1 3.301 1.659 3.923 98 8 x 1.59 1.451 2.265
m 9 L 75 75 7 H 18.647 3 0 0 124 1.47 84 1 2.262 1.846 3.269 0 8 x 1.59 1.173 2.094
t 1 2L 65 65 5 H 1.889 2 2.770 1 591 2.82 210 4 424 150 2.942 255 2 x 1.59d 348 871
t 2 L 65 65 4 H 5.060 11 4.549 10 220 1.99 111 3 1.402 986 2.942 1.027 2 x 1.59 1.274 3.978
t 3 2L 90 90 6 H 5.142 2 41.462 21 650 3.60 181 4 571 243 2.942 2.253 5 x 1.59d 2.088 3.259
t 4 L 100 100 7 G 31.600 13 23.896 14 150 3.10 48 3 2.412 2.307 3.530 1.915 6 x 1.59 2.652 4.732
t 5 L 90 90 6 H 14.005 1 14.133 1 258 2.76 93 2 1.824 1.328 2.942 1.544 3 x 1.59 2.372 3.703
t 6 L 90 90 6 H 20.510 17 15.154 18 190 2.76 69 3 1.955 1.944 2.942 1.656 4 x 1.59 2.582 4.031
t 7 L 60 60 4 H 6.010 2 9.250 21 190 1.84 103 3 1.504 1.273 2.942 2.301 3 x 1.59 1.553 4.848
t 8 L 65 65 5 H 8.555 15 7.179 16 134 1.29 104 2 1.603 1.356 2.942 1.321 2 x 1.59 2.154 5.380
t 9 L 65 65 5 H 12.509 13 10.313 16 138 1.98 70 2 2.297 1.983 2.942 1.897 3 x 1.59 2.100 5.245
t 10 L 65 65 4 H 6.737 13 4.093 16 138 1.30 106 2 1.552 1.313 2.942 924 2 x 1.59 1.696 5.296
t 11 L 75 75 5 H 7.251 18 4.214 17 190 1.49 128 4 1.141 985 2.942 650 2 x 1.59 1.826 4.560
t 12 L 50 50 4 H 0 0 4.603 13 190 .98 194 4 497 0 2.942 1.438 2 x 1.59 1.159 3.619
t 13 L 65 65 5 H 12.944 16 15.417 13 138 1.98 70 2 2.297 2.051 2.942 2.836 4 x 1.59 1.941 4.848
t 14 L 65 65 4 H 7.307 13 5.040 18 138 1.30 106 2 1.552 1.424 2.942 1.138 3 x 1.59 1.226 3.829
t 15 L 90 90 6 H 0 0 21.627 1 190 1.77 107 3 1.451 0 2.942 2.363 4 x 1.59 2.723 4.250

APÊNDICE C 323
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Tabela de dimensionamento (continuação)


Cargas Críticas (kgf) Tensões (kgf/cm2) Paraf. Tensões (kgf/cm2)
Grupo Perfil
Compr. HIP Tração HIP L (cm) R (cm) L/R C Fa fa Ft ft NxDiam Cisalh. Esmag.
t 16 L 75 75 7 H 17.448 2 6.616 1 190 2.28 83 3 1.798. 1.728 2.942 745 4 x 1.59 2.196 3.919
t 17 L 50 50 4 H 3.039 16 3.306 15 134 .98 137 4 996 779 2.942 1.033 2 x 1.59 832 2.599
t 18 L 75 75 8 H 17.332 1 2.892 2 131 1.46 90 3 1.695 1.507 2.942 286 4 x 1.59 2.182 3.406
t 19 L 90 90 7 H 488 16 29.741 13 330 2.75 120 3 1.298 40 2.942 2.710 5 x 1.59 2.995 5.344
t 20 L 45 45 3 H 1.039 5 960 6 120 .89 135 4 1.026 391 2.942 450 1 x 1.59 523 2.178
t 20 L 45 45 3 H 1.039 5 960 6 120 .89 135 4 1.026 391 2.942 450 1 x 1.59 523 2.178
t 21 L 45 45 3 H 1.048 6 1.096 5 118 .89 133 4 1.057 394 2.942 513 1 x 1.59 552 2.297
t 22 L 45 45 3 H 1.222 5 1.079 6 115 .89 129 4 1.124 460 2.942 506 1 x 1.59 615 2.563
t 23 L 45 45 3 H 1.177 6 1.313 5 113 .89 127 4 1.159 443 2.942 615 1 x 1.59 661 2.753
t 24 L 45 45 3 H 1.483 5 1.220 6 110 .89 124 4 1.216 558 2.942 571 1 x 1.59 746 3.109
t 25 L 45 45 3 H 174 3 84 3 150 .89 169 4 655 65 2.942 39 1 x 1.59 87 364
t 26 L 45 45 3 H 939 3 918 3 119 .89 134 4 1.041 353 2.942 430 1 x 1.59 473 1.968
t 27 L 45 45 3 H 1.156 3 1.001 3 125 .89 140 4 954 435 2.942 469 1 x 1.59 582 2.425
t 28 L 45 45 3 H 1.047 3 1.293 3 117 .89 131 4 1.090 394 2.942 606 1 x 1.59 651 2.712
t 29 L 45 45 3 H 1.278 3 1.132 3 115 .89 129 4 1.124 481 2.942 530 1 x 1.59 643 2.680
t 30 L 45 45 3 H 1.202 3 1.449 3 112 .89 126 4 1.178 452 2.942 679 1 x 1.59 729 3.038
t 31 L 45 45 3 H 1.424 3 1.295 3 108 .89 121 4 1.277 535 2.942 607 1 x 1.59 717 2.985
t 32 L 45 45 3 H 1.205 3 730 4 150 1.36 110 3 1.414 453 2.942 342 1 x 1.59 607 2.527
t 33 L 45 45 3 H 1.596 1 1.478 2 106 .89 119 2 1.315 600 2.942 693 1 x 1.59 803 3.346
t 34 L 45 45 3 H 62 4 236 3 150 .89 169 4 655 24 2.942 111 1 x 1.59 119 496
t 35 L 45 45 3 H 1.036 3 981 3 106 .89 119 2 1.315 390 2.942 459 1 x 1.59 521 2.172
t 36 L 45 45 3 H 278 3 224 3 150 .89 169 4 655 105 2.942 105 1 x 1.59 140 583
t 37 L 45 45 3 H 0 0 2.227 3 150 1.36 110 3 1.414 0 2.942 1.043 1 x 1.59 1.121 4.668
t 38 L 45 45 3 H 0 0 2.283 3 150 .89 169 4 655 0 2.942 1.069 1 x 1.59 1.149 4.786
t 39 L 45 45 3 H 231 15 0 0 106 .89 119 2 1.315 87 2.942 0 1 x 1.59 116 484
t 40 L 45 45 3 H 41 3 67 3 106 .89 119 2 1.315 15 2.942 32 1 x 1.59 34 142
t 41 L 45 45 3 H 0 0 1.663 1 106 .89 119 2 1.315 0 2.942 779 1 x 1.59 837 3.487

Estais de cordoalha de aço galvanizado


• Diâmetro: 22,2 mm
• Formação: 37 fios
• Carga de ruptura = 41.000 kgf
• Carga do estai = 25.355 kgf
• Fator de majoração = 25.355/(41.000 x 0,92) = 0,67 < 0,75

Pesos da estrutura
Foram calculados os pesos para a estrutura estaiada para as alturas de
41,60 m e 47,60 m.
Os resultados obtidos encontram-se na tabela 1 a seguir:

Tabela 1: Resultados obtidos para as torres


Altura (m) Pesos (kg) Quatro Estais (m)
41,6 5.765 192,6
47,6 6.250 225,2

Altura: distância da mísula do condutor ao solo.


Estais: cordoalha de aço galvanizado, ϕ = 22,2 mm, Ruptura = 41 tf

324 Mémórias de Cálculos de Torres CA e CC e de Fundações


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Silhueta da torre

APÊNDICE C 325
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Exemplo de cálculos de torres CA


A título de exemplo encontram-se apresentadas a seguir três memórias
de cálculos das seguintes torres:
• 550 kV 6 x 1.272 Bittern.
• 800 kV 6 x 1.272 Bittern.
• 1.100 kV 8 x 1.590 Lapwing.

Também encontram-se apresentados os demais projetos das estruturas


consideradas no estudo.

Memória de cálculo para estrutura 550 kV CA 6 x Bittern

Introdução
No presente trabalho, encontra-se apresentada a memória de cálculo para a
estrutura estaiada em CA ±550 kV para 6 condutores/fase 1.272 MCM Bittern.
Para os carregamentos da linha foram utilizadas as hipóteses de carre-
gamento apresentadas do apêndice B.2.

Característica da linha
• Tensão: ±550 kV
• Quantidade de fases: três
• Número de condutores: seis condutores CAA Bittern 1.272 MCM
por fase
• Disposição das fases: triangular
• N° de cabos para-raios: dois cabos de aço galvanizado ϕ 3/8” EAR

Característica da torre
• Utilização: suspensão em alinhamento
• Deflexão (graus): dois
• Vão de vento (m): 500
• Vão de peso (m): 750

Materiais
Laminados planos: ASTM A36
Laminados não planos: ASTM-A572, Gr.50 e A572, Gr. 60
Parafusos: ASTM A394, Grau T0

326 Mémórias de Cálculos de Torres CA e CC e de Fundações


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

• ASTM A36
Tensão de escoamento: Fy = 2.531 kgf/cm²
Tensão de ruptura: Fu = 4.078 kgf/cm²
Tensão de esmagamento: Fp = 5.000 kgf/cm²
• ASTM A572, Gr. 50
Tensão de escoamento: Fy = 3.515 kgf/cm²
Tensão de ruptura: Fu = 4.570 kgf/cm²
Tensão de esmagamento: Fp = 5.500 kgf/cm²
• ASTM A572, Gr. 60
Tensão de escoamento: Fy = 4.218 kgf/cm²
Tensão de ruptura: Fu = 5.273 kgf/cm²
Tensão de esmagamento: Fp = 6.500 kgf/cm²
• ASTM A392, Gr. T0
Tensão de cisalhamento: Fv = 3.225 kgf/cm²

Metodologia de cálculo
As torres estaiadas foram calculadas pelo método dos deslocamentos,
utilizando-se de um sistema de programa para análise estática não linear de
estrutura composta de barras e cabos.

Critério de dimensionamento
O dimensionamento das ligações e das barras em cantoneiras laminadas
foi efetuado de acordo com a norma ASCE 10-97 [1].
No cálculo da resistência limite de cada elemento, foi utilizado fator de
minoração de 0,93.
A resistência limite dos estais foi obtida multiplicando-se a carga de rup-
tura mínima da cordoalha pelo fator 0,75 x 0,93.

APÊNDICE C 327
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Tabela de dimensionamento
Cargas críticas (kgf) Tensões (kgf/cm2) Paraf. Tensões (kgf/cm2)
Grupo Perfil
Compr. HIP Tração HIP L (cm) R (cm) L/R C Fa fa Ft ft NxDiam Cisalh. Esmag.
m 1 L 90 90 7 H 30.757 2 0 0 154 2.75 56 1 2.579 2.521 2.988 0 8 x 1.59 1.936 3.454
m 2 L 90 90 7 G 32.508 2 3.832 5 150 2.75 55 1 3.017 2.665 3.585 393 8 x 1.59 2.046 3.650
m 3 L 90 90 7 G 36.582 5 10.073 5 150 2.75 55 1 3.017 2.999 3.585 1.033 8 x 1.59 2.303 4.108
m 4 L 90 90 7 G 36.984 5 10.319 5 150 2.75 55 1 3.017 3.016 3.585 1.058 8 x 1.59 2.328 4.153
m 5 L 90 90 7 G 36.800 5 9.916 5 150 2.75 55 1 3.017 3.016 3.585 1.017 8 x 1.59 2.316 4.133
m 6 L 90 90 7 G 32.755 2 3.279 5 150 2.75 55 1 3.017 2.685 3.585 336 8 x 1.59 2.062 3.678
m 7 L 90 90 7 H 31.286 2 0 0 154 2.75 56 1 2.579 2.564 2.988 0 8 x 1.59 1.969 3.513
t 1 L 45 45 3 H 991 4 992 4 119 .89 134 4 952 373 2.689 445 1 x 1.27 783 2.603
t 2 L 45 45 3 H 940 4 919 4 130 .89 146 4 802 354 2.689 412 1 x 1.27 742 2.469
t 3 L 45 45 3 H 869 4 881 4 134 .89 151 4 750 327 2.689 395 1 x 1.27 695 2.313
t 4 L 45 45 3 H 863 4 836 4 145 .89 163 4 643 325 2.689 375 1 x 1.27 681 2.266
t 5 L 45 45 3 H 772 4 779 4 143 .89 161 4 659 290 2.689 349 1 x 1.27 615 2.045
t 6 L 45 45 3 H 741 4 722 4 148 .89 166 4 620 279 2.689 324 1 x 1.27 585 1.945
t 7 L 45 45 3 H 692 4 702 4 152 .89 171 4 584 260 2.689 315 1 x 1.27 554 1.843
t 8 L 45 45 3 H 678 4 655 4 158 .89 178 4 539 255 2.689 294 1 x 1.27 535 1.781
t 9 L 45 45 3 H 699 4 699 4 159 .89 179 4 533 263 2.689 313 1 x 1.27 551 1.834
t 10 L 45 45 3 H 68 2 64 2 159 .89 179 4 533 26 2.689 29 1 x 1.27 54 179
t 11 L 45 45 3 H 711 4 711 4 159 .89 179 4 533 268 2.689 319 1 x 1.27 561 1.868
t 12 L 45 45 3 H 0 0 3.125 2 100 .89 112 3 1.270 0 2.689 1.401 2 x 1.27 1.233 4.101
t 13 L 45 45 3 H 72 2 1.090 2 140 .89 157 4 693 27 2.689 489 1 x 1.27 860 2.861
t 14 L 45 45 3 H 315 4 326 4 140 .89 157 4 693 119 2.689 146 1 x 1.27 257 855
t 15 L 45 45 3 H 0 0 98 2 141 .89 158 4 685 0 2.689 44 1 x 1.27 77 259
t 16 L 45 45 3 H 23 2 0 0 198 .89 222 4 347 9 2.689 0 1 x 1.27 18 62
t 17 L 45 45 3 H 10 2 7 2 198 .89 222 4 347 4 2.689 3 1 x 1.27 8 27

Estais de cordoalha de aço galvanizado


• Diâmetro: 33,3 mm
• Formação: 37 fios
• Carga de ruptura = 94.400 kgf
• Carga do estai = 61.891 kgf
• Fator de majoração = 61.891/(94.400 x 0,93) = 0,70 < 0,75

Cargas nas fundações

Hipótese 2 Hipótese 3 Hipótese 5


• Estais • Estais • Estais
Fx = 22.011 kgf Fx = 17.584 kgf Fx = 14.972 kgf
Fy = 16.880 kgf Fy = 13.708 kgf Fy = 11.747 kgf
Fz = 40.067 kgf Fz = 32.333 kgf Fz = 27.667 kgf
• Mastro • Mastro • Mastro
Fx = 15.342 kgf Fx = 12.056 kgf Fx = 11.171 kgf
Fy = 0 kgf Fy = 1.901 kgf Fy = 2.519 kgf
Fz = 09.567 kgf Fz = 85.507 kgf Fz = 73.222 kgf

328 Mémórias de Cálculos de Torres CA e CC e de Fundações


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Peso da estrutura e acessórios


Peso de dois mastros = 6.810 kg

Estais:
• Quantidade total por torre = 210 m
• Diâmetro da cordoalha = 33,3 mm
• Número de fios = 37
• Carga de ruptura mínima = 94,4 tf
• Peso unitário = 5,40 kg/m

Armação para cadeias de isoladores


• Quantidade total por torre = 26 m
• Diâmetro da cordoalha = 33,3 mm
• Número de fios = 37
• Carga de ruptura mínima = 94,4 tf
• Peso unitário = 5,40 kg/m

Cabo de interligação
• Quantidade total por torre = 25 m
• Diâmetro da cordoalha = 15,9 mm (5/8”)
• Número de fios = sete
• Carga de ruptura mínima = 20,7 tf
• Peso unitário = 1,20 kg/m

Cadeias de isoladores
• Cadeias de isoladores = 3 x 1 x 210 kN

Deslocamento na condição EDS

APÊNDICE C 329
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Silhueta da torre 550 kV CA 6 x Bittern

330 Mémórias de Cálculos de Torres CA e CC e de Fundações


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Memória de cálculo para estrutura 800 kV CA 6 x Bittern

Introdução
No presente trabalho, encontra-se apresentada a memória de cálculo para
a estrutura estaiada em CA ±800 kV para 6 condutor/fase 1.272 MCM Bittern.
Para os carregamentos da linha, foram utilizadas as hipóteses de carre-
gamento apresentadas no apêndice B.2.

Característica da linha
• Tensão: ±800 kV
• Quantidade de fases: três
• Número de condutores: seis condutores CAA Bittern
1.272 MCM por fase
• Disposição das fases: triangular
• Número de cabos para-raios: dois cabos de aço galvanizado
ϕ 3/8” EAR
Característica da torre
• Utilização: suspensão em alinhamento
• Deflexão (graus): dois
• Vão de vento (m): 500
• Vão de peso (m): 750

Materiais, metodologia de cálculo e critério de dimensionamento


Idem torre 550 kV CA 6 x Bittern.

APÊNDICE C 331
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Tabela de dimensionamento
Cargas Críticas (kgf) Tensões (kgf/cm2) Paraf. Tensões (kgf/cm2)
Grupo Perfil
Compr. HIP Tração HIP L (cm) R (cm) L/R C Fa fa Ft ft NxDiam Cisalh. Esmag.
m 1 L 102 102 9.5 H 36.378 2 4.709 2 194 3.12 62 1 2486. 1972. 2988. 311. 8 x 1.59 2.290 3.004
m 2 L 102 102 9.5 G 43.168 3 9.219 3 180 3.12 58 1 2953. 2340. 3585. 635. 8 x 1.91 1.883 2.967
m 3 L 102 102 11.1 G 56.007 3 19.583 5 180 3.12 58 1 2953. 2622. 3585. 1168. 8 x 1.91 2.443 3.302
m 4 L 102 102 11.1 G 62.462 5 25.335 5 180 3.12 58 1 2953. 2924. 3585. 1511. 8 x 1.91 2.725 3.682
m 5 L 102 102 11.1 G 62.761 5 25.313 5 180 3.12 58 1 2953. 2938. 3585. 1510. 8 x 1.91 2.738 3.700
m 6 L 102 102 11.1 G 58.481 5 20.102 5 180 3.12 58 1 2953. 2738. 3585. 1199. 8 x 1.91 2.551 3.448
m 7 L 102 102 9.5 G 46.955 3 10.759 4 180 3.12 58 1 2953. 2545. 3585. 741. 8 x 1.91 2.048 3.227
m 8 L 102 102 9.5 H 42.028 2 7.242 4 194 3.12 62 1 2486. 2278. 2988. 479. 8 x 1.59 2.645 3.470
t 1 L 45 45 3 H 1.466 4 1.436 4 105 .89 118 2 1217. 551. 2689. 673. 1 x 1.59 738 3.073
t 2 L 45 45 3 H 1.258 4 1.257 4 109 .89 122 4 1148. 473. 2689. 589. 1 x 1.59 633 2.638
t 3 L 45 45 3 H 1.117 4 1.081 4 113 .89 127 4 1060. 420. 2689. 506. 1 x 1.59 562 2.343
t 4 L 45 45 3 H 976 4 977 4 117 .89 131 4 996. 367. 2689. 458. 1 x 1.59 492 2.049
t 5 L 45 45 3 H 1.341 5 1.345 5 117 .89 131 4 996. 504. 2689. 630. 1 x 1.59 677 2.821
t 6 L 45 45 3 H 685 5 698 5 117 .89 131 4 996. 258. 2689. 327. 1 x 1.59 351 1.464
t 7 L 45 45 3 H 503 3 561 3 117 .89 131 4 996. 189. 2689. 263. 1 x 1.59 282 1.177
t 8 L 45 45 3 H 1.165 5 1.178 5 117 .89 131 4 996. 438. 2689. 552. 1 x 1.59 593 2.469
t 9 L 45 45 3 H 885 4 3.082 12 130 .89 146 4 802. 333. 2689. 1444. 2 x 1.59 776 3.231
t 10 L 50 50 3 H 443 4 806 2 180 .99 182 4 516. 150. 2689. 331. 1 x 1.59 203 845
t 11 L 50 50 3 H 416 2 85 5 180 .99 182 4 516. 141. 2689. 35. 1 x 1.59 209 873
t 12 L 45 45 3 H 0 0 2.147 2 92 .89 103 2 1487. 0. 2689. 1006. 1 x 1.59 1.081 4.502
t 13 L 45 45 3 H 0 0 556 2 127 .89 143 4 836. 0. 2689. 261. 1 x 1.59 280 1.167
t 14 L 45 45 3 H 243 3 28 5 127 .89 143 4 836. 92. 2689. 14. 1 x 1.59 122 510

Estais de cordoalha de aço galvanizado


• Diâmetro: 31,75 mm
• Formação: 37 fios
• Carga de ruptura = 73.000 kgf
• Carga do estai = 50.358 kgf
• Fator de majoração = 50.358/(73.000 x 0,93) = 0,74 < 0,75

Cargas nas fundações

Hipótese 2 Hipótese 3 Hipótese 5


• Estais • Estais • Estais
Fx = 22.545 kgf Fx = 19.286 kgf Fx = 16.301 kgf
Fy = 17.548 kgf Fy = 15.279 kgf Fy = 12.962 kgf
Fz = 41.214 kgf Fz = 35.633 kgf Fz = 30.187 kgf
• Mastro • Mastro • Mastro
Fx = 22.545 kgf Fx = 14.377 kgf Fx = 13.678 kgf
Fy = 17.548 kgf Fy = 3.389 kgf Fy = 4.429 kgf
Fz = 41.214 kgf Fz = 94.012 kgf Fz = 79.267 kgf

332 Mémórias de Cálculos de Torres CA e CC e de Fundações


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Peso da estrutura e acessórios


Peso de dois mastros = 12.680 kg

Estais:
• Quantidade total por torre = 272 m
• Diâmetro da cordoalha = 31,75 mm (1 1/4”)
• Número de fios = 37
• Carga de ruptura mínima = 73,0 tf
• Peso unitário = 4,90 kg/m

Armação de cadeias de isoladores


• t15 = 4 x 240 kN
• t16 = 4 x 160 kN
• t19 = 2 x 160 kN

Cabo de interligação
• Quantidade total por torre = 31 m
• Diâmetro da cordoalha = 15,9 mm (5/8”)
• Número de fios = sete
• Carga de ruptura mínima = 20,7 tf
• Peso unitário = 1,20 kg/m

Deslocamento na condição EDS

APÊNDICE C 333
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Silhueta da torre 800 kV CA 6 x Bittern

334 Mémórias de Cálculos de Torres CA e CC e de Fundações


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Memória de cálculo para estrutura 1.100 kV CA 8 x Lapwing

Introdução
No presente trabalho, encontra-se apresentada a memória de cál-
culo para a estrutura estaiada em CA ±1.100 kV para 8 condutor/fase
1.590 MCM Lapwing.
Para os carregamentos da linha, foram utilizadas as hipóteses de carre-
gamento apresentadas no apêndice B.2.

Característica da linha
• Tensão: ±1.100 kV
• Quantidade de fases: três
• Número de condutores: oito condutores CAA Lapwing
1.590 MCM por fase
• Disposição das fases: triangular
• Número de cabos para-raios: dois cabos de aço galvanizado
ϕ 3/8” EAR

Característica da torre
• Utilização: suspensão em alinhamento
• Deflexão (graus): dois
• Vão de vento (m): 500
• Vão de peso (m): 750

Materiais, metodologia de cálculo e critério de dimensionamento


Idem torre 550 kV CA 6 x Bittern.

APÊNDICE C 335
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Tabela de dimensionamento
Cargas críticas (kgf) Tensões (kgf/cm2) Paraf. Tensões (kgf/cm2)
Grupo Perfil
Compr. HIP Tração HIP L (cm) R (cm) L/R C Fa fa Ft ft NxDiam Cisalh. Esmag.
m 1 L 127 127 9.5 H 53.491 2 12.842 3 210 3.96 53 1 2868. 2297. 3269. 643. 8 x 1.59 3.367 4.417
m 2 L 127 127 12.7 H 62.405 3 25.765 3 150 2.50 60 1 2755. 2036. 3269. 1015. 10 x 1.91 2.178 2.572
m 3 L 127 127 12.7 G 76.306 5 34.151 5 150 2.50 60 1 3183. 2490. 3923. 1345. 12 x 1.91 2.219 2.621
m 4 L 127 127 12.7 G 92.603 5 44.855 2 150 2.50 60 1 3183. 3021. 3923. 1766. 12 x 1.91 2.693 3.181
m 5 L 127 127 12.7 G 93.907 5 45.636 2 150 2.50 60 1 3183. 3064. 3923. 1797. 12 x 1.91 2.731 3.226
m 6 L 127 127 12.7 G 93.026 5 43.540 4 150 2.50 60 1 3183. 3035. 3923. 1714. 12 x 1.91 2.705 3.195
m 7 L 127 127 12.7 G 82.873 5 35.804 2 150 2.50 60 1 3183. 2704. 3923. 1410. 12 x 1.91 2.410 2.847
m 8 L 127 127 12.7 H 65.629 2 20.313 2 150 2.50 60 1 2755. 2141. 3269. 800. 10 x 1.91 2.290 2.705
m 9 L 127 127 9.5 H 56.747 2 11.974 5 210 3.96 53 1 2868. 2437. 3269. 619. 8 x 1.91 2.475 3.901
t 1 L 45 45 3 H 2.460 4 2.281 4 115 .89 129 4 1124. 925. 2942. 1069. 2 x 1.59 619 2.579
t 2 L 45 45 3 H 2.093 4 2.232 4 119 .89 134 4 1041. 787. 2942. 1046. 1 x 1.59 1.124 4.680
t 3 L 45 45 3 H 2.061 4 1.907 4 122 .89 137 4 996. 775. 2942. 893. 1 x 1.59 1.038 4.322
t 4 L 45 45 3 H 1.771 4 1.888 4 125 .89 140 4 954. 666. 2942. 884. 1 x 1.59 951 3.959
t 5 L 45 45 3 H 1.761 4 1.626 4 129 .89 145 4 889. 662. 2942. 762. 1 x 1.59 887 3.693
t 6 L 45 45 3 H 1.523 4 1.624 4 132 .89 148 4 854. 573. 2942. 761. 1 x 1.59 818 3.405
t 7 L 45 45 3 H 2.138 4 2.147 4 133 .89 149 4 842. 804. 2942. 1006. 1 x 1.59 1.081 4.501
t 8 L 45 45 3 H 1.362 4 1.360 4 133 .89 149 4 842. 512. 2942. 637. 1 x 1.59 685 2.855
t 9 L 45 45 3 H 157 2 152 2 133 .89 149 4 842. 59. 2942. 71. 1 x 1.59 79 329
t 10 L 45 45 3 H 881 4 875 4 133 .89 149 4 842. 331. 2942. 410. 1 x 1.59 443 1.847
t 11 L 45 45 3 H 2.016 4 2.016 4 133 .89 149 4 842. 758. 2942. 944. 1 x 1.59 1.015 4.228
t 12 L 45 45 3 H 1.260 2 4.335 2 160 .89 180 4 577. 474. 2942. 2030. 2 x 1.59 1.091 4.544
t 13 L 60 60 4 H 538 2 1.259 3 220 1.19 185 4 546. 114. 2942. 313. 2 x 1.59 317 990
t 14 L 65 65 4 H 162 2 231 2 220 1.30 169 4 655. 32. 2942. 52. 2 x 1.59 58 181
t 15 L 45 45 3 H 463 5 3782 2 113 .89 127 4 1159. 174. 2942. 1771. 2 x 1.59 952 3.965
t 16 L 45 45 3 H 598 2 1328 2 156 .89 175 4 611. 225. 2942. 622. 1 x 1.59 668 2.784
t 17 L 45 45 3 H 755 4 755 4 156 .89 175 4 611. 284. 2942. 354. 1 x 1.59 380 1.583
t 18 L 127 127 12.7 0 0 0 0 1961 2.50 784 4 30. 0. 2118. 0. 5 x 2.22 0 0e
t 19 L 127 127 12.7 0 0 0 0 862 2.50 345 4 157. 0. 2118. 0. 6 x 2.22 0 0e
t 20 L 127 127 12.7 0 0 0 0 1200 2.50 480 4 81. 0. 2118. 0. 7 x 2.22 0 0e
t 21 L 127 127 12.7 0 0 0 0 8881 2.50 3552 4 1. 0. 2118. 0. 8 x 2.22 0 0e

Estais de cordoalha de aço galvanizado


• Diâmetro: 35,0 mm
• Formação: 37 fios
• Carga de ruptura = 110.000 kgf
• Carga do estai = 74.986 kgf
• Fator de majoração = 74.986/(110.000 x 0,93) = 0,73 < 0,75

Carga nas fundações

Hipótese 2 Hipótese 3 Hipótese 5


• Estais • Estais • Estais
Fx = 33.868 kgf Fx = 28.777 kgf Fx = 23.451 kgf
Fy = 25.759 kgf Fy = 22.583 kgf Fy = 18.557 kgf
Fz = 60.733 kgf Fz = 52.318 kgf Fz = 42.952 kgf
• Mastro • Mastro • Mastro
Fx = 29.658 kgf Fx = 23.056 kgf Fx = 21.365 kgf
Fy = 0 kgf Fy = 5.894 kgf Fy = 7.279 kgf
Fz = 181.671 kgf Fz = 139.298 kgf Fz = 115.661 kgf

336 Mémórias de Cálculos de Torres CA e CC e de Fundações


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Peso da estrutura e acessórios


• Peso de dois mastros = 19.830 kg

Estais:
• Qtde total por torre = 815 m
• Diâmetro da cordoalha = 35,0 mm (1 3/8”)
• Numero de fios = 37
• Carga de ruptura mínima = 110,0 tf
• Peso unitário = 5,79 kg/m

Armação de cadeias de isoladores


• t18 = 4 x 400 kN
• t19 = 4 x 300 kN
• t22 = 2 x 300 kN

Cabo de interligação
• Quantidade total por torre = 49 m
• Diâmetro da cordoalha = 15,9 mm (5/8”)
• Número de fios = sete
• Carga de ruptura mínima = 20,7 tf
• Peso unitário = 1,20 kg/m

Deslocamento na condição EDS

APÊNDICE C 337
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Silhueta da torre 1.100 kV CA 8 x Lapwing

338 Mémórias de Cálculos de Torres CA e CC e de Fundações


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Exemplo de cálculo de fundações


Fundação dos mastros – Sapata com fuste vertical –
Torre 1.100 kV 8 x 1.590 Lapwing – memória de cálculo

Determinação de H1 teórico para puncionamento


• parâmetro 1: σe ∗ Cf.L2 = 496.464
• parâmetro 2: 4√fck/1,40 = 38,33
• parâmetro 3: par.1/par.2 = 12.951,48
• H1= 87,69 cm

Características dos materiais

Concreto armado
• Resistência característica à compressão (Fck) = 180,00 kgf/cm²
• Resistência de cálculo (fcd) = 129 kgf/cm²
• Tensão de trabalho do concreto (fc) = 109 kgf/cm²
• Peso específico do concreto armado (γc) = 2.500 kg/m3

Aço da armadura
• Resistência característica à tração (Fyk) = 5.000 kgf/cm²
• Tensão característica de projeto (fyd) = 4.348 kgf/cm²
• Cobrimento da armadura (c) = 4 cm

Solo
• Peso específico do solo (γs) = 1.700 kg/m3
• Tensão admissível σs = 3,00 kgf/cm²
• Ângulo de arrancamento α = 30°

Coeficientes de segurança
• Coeficiente de segurança do concreto (Cc) = 1,40
• Coeficiente de segurança do aço (Cs) = 1,15
• Coeficiente de segurança das cargas (Cf) = 1,00

APÊNDICE C 339
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Cargas máximas no topo da fundação

Compressão máxima com vertical na direção ortogonal

Hipótese: 3
• Compressão na direção do montante (C) = 181.671 kgf
• Horizontal transversal (Tc) = 29.658 kgf
• Horizontal longitudinal (Lc) = 0 kgf
• Resultante horizontal (Hc) = 29.658 kgf

Tração máxima com vertical na direção ortogonal

Hipótese: 3
• Tração na direção do montante (A) = 100 kgf
• Horizontal transversal (Ta) = 100 kgf
• Horizontal longitudinal (La) = 100 kgf
• Resultante horizontal (Ha)= 100 kgf

Verificação ao tombamento e cálculo das tensões de base

Esquema

Dados da fundação
• L = 3,10 m • H1= 0,60 m
• b = 0,60 m • H2= 1,00 m
• H = 2,00 m • H3= 0,30 m

340 Mémórias de Cálculos de Torres CA e CC e de Fundações


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Peso de concreto
a) Volume de concreto
Vc = L² ∗ H1 + (H2 + H3)b² = 10,08 m³

b) Peso de concreto armado


Pc = γc ∗ Vc = 25.195 kgf

Peso de terra sobreposta sobre a sapata


a) Volume de terra sobreposta
Vts = L² ∗ H + b² ∗ H3 - Vc = 9,25 m³

b) Peso de terra sobreposta


Pts = γs ∗ Vts = 15.725 kgf

Cargas atuantes na base da fundação


ΣP = Cf.C + Pc + Pts = 222.591 kgf

Momento atuante na base da fundação


Ma = Cf ∗ Hc(H + H3) = 6.821.340 kgf ∗ cm

Excentricidade

β = arctg(Lc/Tc) = 0°
Max = Ma ∗ senβ = 0 kgf ∗ cm
May = Ma ∗ cosβ = 6.821.340 kgf ∗ cm
Ex = May/ΣP = 30,65 cm
Ey = Max/ΣP = 0,00 cm
(ex/L)² + (ey/L)² = 0,0098 < 1/9 = 0,11

APÊNDICE C 341
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Tensão na base
a) Tensão máxima
σe = ΣP[1 + 6(ex + ey)/L]/(L)² = 3,69 kgf/cm² < 1,3σs = 3,9

b) Tensão mínima
σe = ΣP[1 - 6(ex + ey)/L]/(L)² = 0,94 kgf/cm²

Resultado da verificação ao tombamento


As tensões indicadas acima, maiores que zero, mostram que a fundação
é estável ao tombamento, pois a resultante das cargas atuantes passa pelo nú-
cleo central da base.

Verificação da estabilidade ao arranque

Peso de terra reagente ao arranque


a) Volume de terra reagente ao arranque
Vtra = L² ∗ H + 2L ∗ H² ∗ tgα + (π ∗ H³ ∗ tg²α)/3 +b² ∗ H3 - Vc =
26,43 m³

b) Peso de terra reagente ao arranque


Ptra = Vtra ∗ γs = 44.936 kgf

c) Segurança ao arranque
K = (Ptra + Pc)/(Cf ∗ A) = 701,31 > 1

Dimensionamento estrutural do fuste

Armadura longitudinal (posição 1)

• Hipótese de compressão máxima


a) Carga de compressão na seção de transição
Nc = Cf ∗ C + b²(H2 + H3)γc = 182.841 kgf

b) Momento atuante na seção de transição


Mac = Cf ∗ Hc(H2 + H3) = 3.855.540 kgf ∗ cm

c) Excentricidade
ec = Mac/Nc = 21,09 < b/2 = 30,00 cm

342 Mémórias de Cálculos de Torres CA e CC e de Fundações


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

d) Armadura longitudinal
Para efeito de cálculo da armadura, a seção transversal quadrada do
fuste foi considerada como seção circular com diâmetro igual a b.
• n = Nc/(fcd ∗ b²) = 0,40
• m = Mac/(fcd ∗ b³) = 0,14

Com n e m determina-se ρ a partir do ábaco de Lobo B. Carneiro.


• ρ= 0,030
Asc = ρ ∗ π ∗ b² ∗ fcd/(4 ∗ fyd) = 2,51 cm²

• Hipótese de tração máxima


a) Carga de tração na seção de transição
Nt = Cf ∗ A - b²(H2 + H3)γc = -1.070 kgf

b) Momento atuante na seção de transição


Mat = Cf ∗ Ha(H2 + H3) = 13.000 kgf ∗ cm

c) Excentricidade
ec = Mat/Nt = (12,15) < b/2 = 30,00 cm

d) Armadura longitudinal
Para efeito de cálculo da armadura, a seção transversal quadrada do
fuste foi considerada como seção circular com diâmetro igual a b.
• n = Nt/(fcd ∗ b²) = 0,00
• m = Mat/(fcd ∗ b³) = 0,00

Com n e m determina-se ρ a partir do ábaco de Lobo B. Carneiro.


• ρ = 0,035
Ast = ρ ∗ π ∗ b² ∗ fcd/(4 ∗ fyd) = 2,93 cm²

▷ Armadura mínima
Asmin = 0,005 ∗ b² = 18,00 cm²

▷ Armadura longitudinal
Armadura: ϕ (mm) = 10,00 As(cm²) = 0,79
n1= Ast/As = 24

Qtde p/face Φ (mm)


12 10,00

APÊNDICE C 343
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Armadura transversal (posição 2)


twd = Cf ∗ Hc/b² = 8,24 kgf/cm²
τc = 3,22 kgf/cm²
τd = 1,15twd - τc = 6,25
As = (b ∗ τd)/fyd = 8,63 cm²/m
(As)min = 0,14b = 8,40 cm²/m

Resultado:
Passo(cm) Quantidade Φ (mm)
17 14 10

Dimensionamento estrutural da sapata

Armadura inferior (posição 3)


Mi = σe[(L)³ + (b)² ∗ L - 2b(L)²]/8 = 8.936.919 kgf ∗ cm
μ = Mi/[L(H1 - c)² ∗ fc] = 0,029

Da tabela para viga retangular com armadura simples, tem-se


k = 0,031 (tabela 30 da Ref. 1)
Asi = k ∗ fc ∗ b ∗ d/fyd = 4,49 cm²
Asm = 0,10H1 = 10 cm²/m. Para ext. L = 31 cm²
Armadura: ϕ (mm) = 10,00 As(cm²) = 0,79
n3 = Asi/As = 40

Resultado:
Quantidade Φ (mm)
31 10,00

Armadura superior (posição 4)


a) Momento na seção de transição

344 Mémórias de Cálculos de Torres CA e CC e de Fundações


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

• θ = arctg(La/Ta) = 45,00 graus


• Mss =Ha(H + H3) = 23.000 kgf ∗ cm
• Msx = Mss ∗ senθ = 16.263 kgf ∗ cm
• Msy = Mss ∗ cosθ = 16.263 kgf ∗ cm

b) Carga líquida de tração


Cliq = A - Pc = -800 kgf

c) Excentricidade
esx = Msy/Cliq = -20,33 cm
esy = Msx/Cliq = -20,33 cm
6(esx + esy)/L = -0,79 < 1 → pequena excentricidade

d) Área líquida
Aliq = (L)² - (b)² = 92.500 cm²

e) Tensão máxima na face superior


σb = Cliq[1 + 6(esx + esy)/L]/Aliq = 0,00 kgf/cm²

f) Momento na seção de transição


Ms = σb[(L)³ + (b)² ∗ L - 2b(L)²]/8 = -4.463 kgfm

g) Área de aço
μ = Ms/[L(H1 - c)² ∗ fc] = 0,000

Da tabela para viga retangular com armadura simples, tem-se


k = 0,000 (tabela 30 da Ref. 1)
Ass = k ∗ fc ∗ b ∗ d/fyd = 0,00 cm²
Asm = 0,10H1 = 10 cm²/m. Para ext. L = 31 cm²
Armadura: ϕ (mm) = 10,00 As(cm²) = 0,79
n4 = Ass/As = 40

Resultado:
Quantidade Φ (mm)
31 10,00

APÊNDICE C 345
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Verificação ao puncionamento
Q = σe(L² - Lb - LH1)/2 = 85.794 kgf
τ = C/[4(H1 - c)(H1 + b)] = 5,59 kgf/cm² < √fck/1,4 = 9,58

Armadura de distribuição (posição 5)

Armadura de construção = 3,88 cm²


Quantidade Φ (mm)
13 6,30

Resumo
Concreto 10,08 m3
Armadura 805 kgf
Escavação 19,33 m3
Aterro 9,25 m3
Bota-fora 10,08 m3

Forma e armadura

Posição 1: 24 Φ 10,00 total


Posição 2: 14 Φ 10,00 total
Posição 3: 31 Φ 10,00 em cada direção
Posição 4: 31 Φ 10,00 em cada direção
Posição 5: 13 Φ 6,30 total

346 Mémórias de Cálculos de Torres CA e CC e de Fundações


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Fundação dos estais – Torre 1.100 kV


8 x 1.590 Lapwing – memória de cálculo

Qualidade dos materiais

Concreto armado
• Resistência específica à compressão (f ’c) = 200 daN/cm²
• Resistência efetiva à compressão (ϕ 0,85 f ’c) (fcd) = 170 daN/cm²
• Peso específico do concreto armado (γc) = 2.500 daN/m³
• Peso específico do concreto submerso (γc’) = 1.500 daN/m3

Aço da armadura
• Resistência específica à fluência (fy) = 5.000 daN/cm²
• Resistência de cálculo da armadura (ϕ fy) (fyd) = 5.000 daN/cm²
• Recobrimento da armadura d’ = 7,5 cm

Solo
• Tensão vertical admissível (σs) = 2,50 daN/cm²
• Tensão horizontal admissível (σl) = 2,50 daN/cm²
• Peso específico do solo (γs) = 2.200 daN/m³
• Ângulo de arrancamento (α) = 20 grado
• Ângulo de atrito (ϕ) = 18 grado

Coeficientes de segurança e de redução


• Fator de redução da resistência (ϕ) = 1,00
• Fator de segurança das cargas (Cf) = 1,10

Solicitações na fundação

Cargas de tração

Hipótese 1
• Carga no estai (N) = 74.156 daN
• Componente transversal (Nh) = 41.714 daN
• Componente vertical (Nv) = 61.310 daN

APÊNDICE C 347
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Esquema


d = 120 cm
L = 160 cm
H = 600 cm
β = 34,25°

Verificação do arrancamento

Peso do concreto armado


Vc = π ∗ d²L/4 = 1,81 m³
Pc = γc ∗ Vc = 4.524 daN

Peso do solo relativo ao arranque


R1 = d/2 + (H - L)tgα = 220 cm
Vr = 0,2618(H - L)(4R1² + 2R1 ∗ d + d²) = 30,08 m³
Pr = γs ∗ Vr = 66.167 daN

Segurança ao arrancamento
(Pr + Pc)/Nv ∗ Cf = 1,05 > 1

348 Mémórias de Cálculos de Torres CA e CC e de Fundações


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Verificação ao deslizamento
Tensão lateral
S1 = Nh ∗ Cf/(d.L) = 2,39 < σl = 2,50

Estabilidade ao deslizamento
O resultado indicado acima assegura a estabilidade ao deslizamento.

Dimensionamento estrutural

Armadura longitudinal (posição 1)


Asl = 0,0015 ∗ π ∗ d²/4 = 16,96 cm²
Armadura: ϕ (mm) = 7,90 As(cm²) = 0,49
n = Asl/As

Quantidade Φ (mm) Espaçamento (cm)


35 7,90 9,4

Armadura transversal (posição 2)


Ast = Fh ∗ Cf/(2 ∗ fcd) = 4,59 cm²
Armadura: ϕ (mm) = 6,50 As(cm²) = 0,33
n = Ast/As

Quantidade Φ (mm) Espaçamento (cm)


14 6,50 10,36

Quantidade de materiais e serviços para uma fundação

Concreto 1,81 m³
Armadura 35,00 kg
Concreto pobre 0,06 m³
Escavação 7,92 m³
Reaterro 6,11 m³
Reaterro em excesso 1,81 m³
Nota: A haste de âncora será fornecida pelo
fabricante de torres

APÊNDICE C 349
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Figuras

Referências
[1] ASCE 10-97. Design of Latticed Steel Transmission Structures.
American Society of Civil Engineers. 01/Jan/2000.
[2] PFEIL, W. Concreto Armado.
[3] Fundações. Teoria e Prática. Editora PINI.

350 Mémórias de Cálculos de Torres CA e CC e de Fundações


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

APÊNDICE D

Alongamento de LT Utilizando
Reatores Série e Capacitores em Derivação

Gerson Y. Saiki
Ricardo L. Vasquez-Arnez
Ronaldo P. Casolari

351
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Objetivo
Neste apêndice, são apresentadas considerações sobre a utilização de re-
atores série e capacitores em derivação para alongar uma linha de transmis-
são CA até o comprimento de meia-onda e, com isso, utilizar as vantagens
de uma linha sem compensação ao longo de seu comprimento. Assim, foram
adicionados dois trechos complementares, no inicio e fim da linha, utilizan-
do os equivalentes PI e/ou T de uma linha de transmissão.
Foram realizadas simulações em ATP (Alternative Transients Program)
utilizando-se uma linha de transmissão de 2.000 km onde foram conectados,
no início e no fim desta, um conjunto de reatores série e capacitores em deri-
vação ligados em PI, de tal forma que esse conjunto correspondesse a 250 km
de linha. Esse conjunto de 2 PIs mais a linha de transmissão deve representar
uma linha de 2.500 km de meia-onda. Também foram realizadas simulações
utilizando-se o modelo T, em substituição aos PIs anteriores, também repre-
sentando 250 km de linha. Esse sistema transmite 6.000 MW (3.000 MW por
linha) e a potência característica da linha é de 4.500 MW.
As figuras 1 e 2 apresentam os sistemas simulados.
1.000 kV
2.000 km 6.000 MW

IL1
EQUIV. EQUIV.

L1 2.000 km L2

C1 C2 C3 C4

A B C D E
IL2
Figura 1: Modelos PI no sistema

1.000 kV
2.000 km
6.000 MW

EQUIV. EQUIV.

L1 L2 2.000 km L3 L4

C1 C2

A B C D E

Figura 2: Modelos T no sistema

352 Alongamento de LT Utilizando Reatores Série e Capacitores em Derivação


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Para a determinação dos valores das indutâncias e capacitâncias dos


modelos PI e T, foi utilizada a sub-rotina LCC (Line Constants) do ATP. Es-
ta determinação levou em conta o condutor econômico (Rail, 954 MCM, 8
condutores/fase). Os valores obtidos para esta configuração foram:
• Z = (8,22 x 10-3 + j 0,281) W/km.
• C = 0,0153 mF/km.

Os valores obtidos para um T e seu equivalente PI, representando uma


linha de 250 km, são apresentados nas figuras 3 e 4, respectivamente.
35,13 Ω 35,13 Ω

3,82 μF

Figura 3: Modelo T

68,5 Ω

1,96 μF 1,96 μF

Figura 4: Modelo PI

A equivalência entre os modelos T e PI pode ser realizada utilizando a


transformação Y e D. Os valores de indutância e capacitância são os mesmos
para os PIs e Ts do início e fim da linha de transmissão.

Conjuntos de simulações
Foram realizados dois conjuntos de simulações.
No primeiro, duas linhas de 2.000 km foram acrescidas de PIs e/ou Ts
no início e fim para simular mais 500 km e a linha se comportar como uma
LT de meia-onda. Foram obtidos os valores e gráficos das tensões nos pontos
A, B, C, D e E ao longo da linha de transmissão (ver figura 1). Esses valores
foram comparados com uma linha de 2.500 km de meia-onda.
No segundo conjunto, as simulações foram realizadas utilizando-se ape-
nas uma linha de transmissão que conduz os 6.000 MW. A outra linha per-
maneceu aberta. Esse procedimento foi realizado a fim de atender a condi-

APÊNDICE D 353
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

ções críticas de operação (critério n-1) e assim poder determinar as potências


dos capacitores e reatores no pior caso. O objetivo é determinar o custo dos
PIs e Ts e comparar com o valor das linhas de 250 km.
A seguir são apresentados os resultados das simulações realizadas.

Comparação entre os sistemas simulados X meia-onda

Após calcular os elementos dos circuitos PI e T (reatores e capacitores),


foram realizadas simulações para determinar se o perfil das tensões ao longo
da linha se comporta como o de uma linha original de 2.500 km. Foram reali-
zadas medições das tensões (tabela 1) nos pontos A, B, C, D e E (ver figura 1).

Tabela 1: Comparação entre meia-onda, LT com PI e LT com T


Tensão (pu)*
1 linha de transmissão 2 linhas de transmissão
LT de 2.500 km LT de 2.500 km
LT de 2.000 LT de 2.000 LT de 2.000 LT de 2.000
Ponto (meia-onda (meia-onda
km + PI km + T km + PI km + T
original) original)
A 1,04 1,07 1,07 1,03 1,06 1,06
B 1,08 1,08 1,08 1,00 1,02 1,02
C 1,33 1,34 1,34 0,69 0,69 0,69
D 1,00 1,05 1,05 0,98 1,02 1,02
E 0,98 1,00 1,00 1,00 1,03 1,03
*VBASE = 1.000 kV

Os valores apresentados na tabela 1 podem ser também observados na


figura 5.

(a)

354 Alongamento de LT Utilizando Reatores Série e Capacitores em Derivação


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

(b)
Figura 5: Perfil de tensões (pu) do sistema de transmissão quando esta opera com:
(a) uma linha de transmissão, (b) duas linhas de transmissão

Determinação das potências dos reatores e capacitores


Modelo PI

Na tabela 2 apresentam-se os valores de corrente e tensão sobre os capacito-


res e reatores do modelo PI no início e fim da linha de transmissão (ver figura 1).

Tabela 2: Resultados das simulações do modelo PI


PI do início da LT PI do fim da LT
IC1 455,4 A IC3 448,2 A
VC1 616,1 kV VC3 606,8 kV
IC2 461,2 A IC4 427,9 A
VC2 624,0 kV VC4 579,4 kV
IL1 3.604,8 A IL2 3.464,7 A

Observa-se que os piores valores de corrente e tensão ocorrem no PI do


início da linha (valores em negrito). Com esses valores, calculam-se os valo-
res das potências do capacitor e reator.

Capacitor
• QC = VC2 ∗ IC2 = 624.000 ∗ 461,2.
• QC = 288 Mvar/fase.
Portanto, será adotado 300 Mvar por fase por capacitor.

APÊNDICE D 355
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Reator
• QL = XL ∗ IN2 = 68,5 ∗ 3.604,82 /fase.
• QL = 889,8 Mvar.
Portanto, será adotado 900 Mvar por fase por reator.

Modelo T

Na tabela 3, estão sendo apresentados os valores de corrente e tensão so-


bre os capacitores e reatores do modelo PI no início e fim da linha de trans-
missão (ver figura 2).

Tabela 3: Resultados das simulações do modelo T


T do início da LT T do fim da LT
IC1 898,2 A IC2 858,4 A
VC1 623,5 kV VC2 596,4 kV
IL1 3.570,3 A IL3 3.366,1 A
IL2 3.514,3 A IL4 3.440,4 A

Observa-se que os piores valores de corrente e tensão ocorrem no T do


início da linha. Com esses valores, calculam-se os valores das potências do
capacitor e reator.

Capacitor
• QC = VC1 ∗ IC1= 623.500 x 898,2.
• QC = 560 Mvar/fase.

Reator
• QL = VL1 ∗ IL1 = 125.300 x 3570,3.
• QL = 447,3 Mvar.
Pode-se observar que os valores totais para PI e T são semelhantes, por-
tanto a avaliação econômica será feita apenas para o PI.

Comparação de custos
A partir dos valores das potências dos reatores e capacitores para o mo-
delo PI e T, foram estimados seus custos para comparação com 250 km de
uma linha de transmissão em meia-onda.

356 Alongamento de LT Utilizando Reatores Série e Capacitores em Derivação


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Os preços unitários utilizados nesta seção foram obtidos a partir dos


custos disponibilizados pelos principais fabricantes e pela EPE (Empresa de
Pesquisa Energética). Os preços da Aneel foram apenas utilizados para con-
ferir se existia alguma correlação entre ambos. Por outro lado, em consul-
ta com os principais fabricantes destes equipamentos, foi possível saber que
existem limitações quanto à fabricação de reatores e banco de capacitores
para elevadas tensões e capacidades nominais.
Ressalta-se que não existem valores para reatores série e capacitores em de-
rivação operando na tensão de 1.000 kV. Foram utilizados os seguintes valores:
• Custo unitário de capacitores em derivação: 38,00 R$/kvar (conside-
rado igual ao custo de capacitor série).
• Custo unitário de reatores série: 32,00 R$/kvar (considerado igual ao
custo de reator em derivação).

Custo do circuito PI

Considerando o preço e valor dos Mvar necessários para o caso do cir-


cuito PI, a configuração (para uma fase) seria a mostrada na figura 6.
900 Mvar

300 Mvar 300 Mvar

Figura 6: Configuração do circuito PI (uma fase)

• Custo de 900 Mvar de reatores:


900 Mvar x 32,00 R$/kvar = R$ 28,8 milhões.

• Custo de 600 Mvar de capacitores:


600 Mvar x 38,00 R$/kvar = R$ 22,8 milhões.

• Custo do PI (monofásico):
CPI1ϕ = (28,8 milhões + 22,8 mi) = R$ 51,6 milhões.

• Custo do PI (trifásico) será:


CPI3ϕ = R$ 154,8 milhões.

APÊNDICE D 357
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Custo de 250 km de linha de transmissão em meia-onda

O custo de uma linha de transmissão em meia-onda pode ser calculado


conforme capítulo 2, para torres do tipo Chainette(a) e Cross-rope (b), res-
pectivamente.

CLT = -221.076 + 1.068,3 V + N ∗ S1 (2,1374 ∗ N + 64,5) (R$/km) (a)

CLT = 136.159 + 437,86 ∗ V + N ∗ S1 ∗ (2,4193 * N + 59,714) (R$/km) (b)

Onde:
• V: Tensão máxima da linha (1.100 kV).
• N: Número de condutores no bundle (N = 8).
• S1: Seção do condutor (954 MCM).

No caso da torre Cross-rope considerada, tem-se:

CLT = 136.159 + 437,86 * (1.100) + 8 * 954 * (2,4193 * 8 + 59,714) (R$/km)

CLT = 1,22 milhões R$/km


Considerando o comprimento de 250 km, o custo a ser comparado será:

C250km = 1,22 milhões (R$/km) ∗ 250 (km)

C250km = R$ 305,3 milhões

Este valor representa o custo “total” de 250 km de linha.


Assim, a relação de custo de um PI trifásico e 250 km de linha de trans-
missão seria:
C250km 305,3
= = 1,97
CPI3ϕ 154,8

Assim, o custo de 250 km de linha (1.000 kV) seria 1,97 vezes mais caro
que a instalação de um circuito PI.

358 Alongamento de LT Utilizando Reatores Série e Capacitores em Derivação


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Desempenho dos sistemas com circuitos PI e T


Para a análise de desempenho dos sistemas utilizando circuitos PI e Ts,
foram utilizados os programas ANAREDE e ANATEM. Para isso, foi utilizado
um caso das usinas do Rio Madeira para o ano de 2016 com carga pesada. O
sistema de transmissão do Madeira foi substituído por duas linhas de 1.000 kV
em meia-onda com 2.500 km. A figura 7 abaixo apresenta o sistema simulado.
Porto Velho 500 kV Araraquara 500 kV

5211 5212 5213 5214 5215 5216 5217 5218 5219 5220 5221

1.000 kV
250 km

5231 5232 5233 5234 5235 5236 5237 5238 5239 5240 5241

LT de 2.500 km
5201 5202

Figura 7: Linha de transmissão em meia-onda – 2.500 km

Estudos de fluxo de potência

Foram realizados os seguintes estudos de fluxo de potência:


• Considerando a linha de 2.500 km em meia-onda.
• Substituindo-se 250 km no início e no fim por um PI.
Para estes casos, as potências ativa e reativa no início, meio e fim da LT
são apresentadas a seguir (para apenas uma linha).
Porto Velho 500 kV Araraquara 500 kV

1.000 kV

3.319,5 3.156,9 3.000,8


35,7 31,3 1,1

Figura 8: Potências ativa e reativa para LT de 2.500 km em meia-onda

Porto Velho 500 kV Araraquara 500 kV

1.000 kV
PI PI

3.319,5 3.177,6 3.040,2


89,8 29,4 25,3

Figura 9: Potência ativa e reativa na LT de 2.000 km incluindo dois PIs

APÊNDICE D 359
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Observa-se que o caso com PI recebe mais potência ativa em Araraqua-


ra. Isso ocorre porque no caso da linha de meia, há 500 km de cabos conduto-
res a mais, ou seja, maior resistência. No PI há apenas reatores em série com
a linha, cuja resistência é bem menor que a de 500 km de linha.

Perdas no reator e capacitor

Para o cálculo das perdas Joule no reator, foi estimado um fator de qua-
lidade X/R = 300.
O valor da reatância série que substitui o trecho de 250 km em qualquer
dos extremos da linha de meia-onda a ser alongada é 0,281 W/km.

Xind = 0,281 (Ω/km) ∗ 250 km = 70,25 Ω

Logo,
Xind
Rind = = 0,2342 Ω
300

A perda Joule no reator equivalente (por fase) de um circuito PI será:

3.000 MW
Pind = Rind ∗ I2 = 0,2342 = 0,7026 MW
√3 ∗ 1.000

Quanto à perda Joule no(s) capacitor(es), esta pode ser calculada consi-
derando a ESR (Equivalent Series Resistance) ou através da relação Watt/kvar
(perdas garantidas) ambas fornecidas pelo fabricante. Contudo, estas perdas
no capacitor são normalmente muito menores quando comparada com as
perdas no indutor e também devido ao fato de estar conectado em deriva-
ção, assim, neste caso, esta perda será desprezada.

Estudo de estabilidade do sistema

Para o cálculo de estabilidade, foi aplicado um curto-circuito monofási-


co na barra 5231 da figura 7, durante 100 ms, seguido da remoção do curto
e abertura da linha. Toda a potência passa então a ser transmitida pela linha
sã (barramento 5211 a 5221).

360 Alongamento de LT Utilizando Reatores Série e Capacitores em Derivação


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

As figuras 10 a 20 apresentam os resultados das simulações (azul é a li-


nha de meia-onda original de 2.500 km; vermelho é a linha de 2.000 km com
PI; e verde é a linha de 2.000 km com T).

Figura 10: Tensão na barra 5211 (Início da LT – 1.000 kV)

Figura 11: Tensão na barra 5216 (Meio da LT – 1.000 kV)

Observa-se que nos três casos traçados (meia-onda, linha com PI e li-
nha com T), o comportamento dinâmico é semelhante, não havendo perda
na estabilidade da tensão.

APÊNDICE D 361
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Figura 12: Tensão na barra 5221 (Fim da LT – 1.000 kV)

Figura 13: Tensão na barra 5201 (Porto Velho – 500 kV)

362 Alongamento de LT Utilizando Reatores Série e Capacitores em Derivação


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Figura 14: Tensão na barra 5202 (Araraquara – 500 kV)

Figura 15: Fluxo de potência ativa no início da LT 1.000 kV

APÊNDICE D 363
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Figura 16: Potência elétrica na usina de Jirau

Figura 17: Frequência da máquina de Jirau

364 Alongamento de LT Utilizando Reatores Série e Capacitores em Derivação


Alternativas Não Convencionais para a Transmissão de
Energia Elétrica – Estudos Técnicos e Econômicos

Figura 18: Frequência da máquina de Marimbondo

Figura 19: Ângulo da máquina de Jirau

APÊNDICE D 365
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.
EXECUTORA: FDTE. PROPONENTES: Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Cemig GT, CTEEP e EATE.

Figura 20: Ângulo da máquina de Marimbondo

Verifica-se que todos os parâmetros (tensões, potências elétricas, ângulo


e frequência das máquinas) tenderam à estabilidade após o curto-circuito se-
guido da remoção da linha afetada, indicando o comportamento semelhante
das três configurações analisadas.

366 Alongamento de LT Utilizando Reatores Série e Capacitores em Derivação


Texto composto em Minion Pro
e títulos em Rotis SemiSerif 55

Brasília – Distrito Federal – Brasil


MMXII
Mario Masuda
Pesquisador FDTE
Engenheiro eletricista pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Mes-
tre em Sistema de Potência pela Escola Politécnica da USP. Trabalhou na Themag
Engenharia Ltda, Furukawa Empreendimentos Ltda e no Grupo de Automação
da Geração, Transmissão e Distribuição (GAGTD) do PEA-USP.

Milana Lima dos Santos


Pesquisadora FDTE
Engenheira eletricista pela Universidade Federal da Paraíba (1998), mestre e
doutora em Sistemas de Potência pela Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo (2010 e 2012). Trabalhou no Consórcio de Alumínio do Maranhão
(ALUMAR), na ABB Ltda e Eletrobras Eletronorte. Atualmente é pesquisadora
ligada à Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE).

Patricia Oliveira da Silveira


Pesquisadora FDTE
Engenheira eletricista pela Escola de Engenharia Mackenzie (Universidade Pres-
biteriana Mackenzie), em 2009. Atualmente trabalha como pesquisadora ligada à
Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE).

Ricardo Leon Vasquez-Arnez


Pesquisador FDTE
Engenheiro eletricista pela Universidade Técnica de Oruro (Bolívia, 1994). Mes-
tre em Power Electronics and Drives pela University of Birmingham (UK, 1999).
Possui doutorado e pós-doutorado em Engenharia de Energia e Automação
Elétricas pela Universidade de São Paulo em 2004 e 2006, respectivamente. Atu-
almente trabalha como pesquisador ligado à Fundação para o Desenvolvimento
Tecnológico da Engenharia (FDTE).

Ronaldo Pedro Casolari


Pesquisador FDTE
Engenheiro eletricista pela Escola de Engenharia Mauá-SP, 1972. Mestre em Sis-
temas Elétricos de Potência pela Universidade de São Paulo, 1996. Trabalhou na
Themag Engenharia Ltda, Companhia Energética de São Paulo (Cesp), Main
Engenharia S.A e Marte Engenharia Ltda. A partir de 1993 atuou como pesqui-
sador no Centro de Excelência da Distribuição (IEE-USP) e Engenharia Elétrica
da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Takuo Nakai
Pesquisador FDTE
Engenheiro civil pela Escola de Engenharia de São Carlos, 1972. Trabalhou na
SADE, Themag, CAEEL, MDK e atualmente é sócio-diretor da SELT Engenharia
Ltda. É especialista em ferragens de linhas de alta tensão e em estruturas metá-
licas, tendo participado de dezenas de projetos de linhas de transmissão, junto à
Eletronorte, CESP, Eletrosul, CHESF, COPEL entre outras.

Thales Sousa
Pesquisador FDTE
Engenheiro eletricista pela Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (UNESP).
Mestre em Engenharia Elétrica pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP)
e doutor em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica (USP). Atualmente é
Professor Adjunto da UFABC. Desde 2003 vem trabalhando como pesquisador
em projetos de pesquisa e desenvolvimento junto aos agentes do setor elétrico.

Volkmar Ett
Pesquisador FDTE
CEO da Electrocell Ind e Com Ltda, com mais de 50 anos de experiência em
Engenharia de Corrosão, Tratamento de Superfícies e Administração. Presidiu a
International Union for Surface Finishing e foi distinguido com o título de Fellow
do Institute of Metal Finishing – UK.
PROPONENTES

EXECUTORA

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