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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS


CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA E GESTÃO DE ÁGUA

DESCRIÇÃO DA TECNOLOGIA DE COAGULAÇÃO PARA TRATAMENTO DE


AFLUENTES.

ANTÓNIO ACÁCIO MORELA

Engenheiro Civil Pela UniZambeze – BEIRA


Especialista em Design de Interiores e Processamento Tecnológico de Madeira pelo IFSP -
Brasil
antonioacacio4675@gmail.com

BEIRA
Setembro, 2022
UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

DESCRIÇÃO DA TECNOLOGIA DE COAGULAÇÃO PARA TRATAMENTO DE


AFLUENTES.

ANTÓNIO ACÁCIO MORELA

DOCENTES: PROF. DOUTOR CASTELO BRANCO

Trabalho individual de Mestrado


denominado MEGA de caracter
avaliativo, do módulo Tecnologia para
Tratamento de Águas Residuais
submetido a apreciação do professor.

BEIRA
Setembro, 2022
ÍNDICE

RESUMO ....................................................................................................................... III


ABSTRACT ................................................................................................................... IV
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................V
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... VI
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURA ..................................................................... VII
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
Estrutura do trabalho ........................................................................................................ 2
CAPITULO I: MARCO TEÓRICO ................................................................................. 3
1.0 Introdução .............................................................................................................. 3
1.1 Caracterização da tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes. ............... 3
1.2 Princípio de funcionamento da tecnologia de coagulação para tratamento de
afluentes. ........................................................................................................................... 3
1.2.1 Propriedade das partículas coloidais........................................................................ 3
1.2.2 Desestabilização das partículas coloidais. ............................................................... 5
1.2.3 Fatores que condicionam a coagulação química. .................................................... 7
1.2.3.1 pH da água ............................................................................................................ 8
1.2.3.2 Temperatura da água ............................................................................................ 9
1.2.3.3 Concentração de SS coloidais............................................................................... 9
1.2.3.4 Tipo e dose do coagulante. ................................................................................... 9
1.2.3.5 Adição de adjuvantes da coagulação. ................................................................. 10
1.2.3.6 Efeitos de mistura. .............................................................................................. 11
1.3 Requisito da tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes. ..................... 11
1.4 Dimensionamento de misturadores da tecnologia de coagulação para tratamento de
afluentes. ......................................................................................................................... 12
1.4.1 Critérios Gerais. ..................................................................................................... 12
1.4.2 Dimensionamento de misturadores em linha estáticos. ......................................... 13
1.4.3 Dimensionamento de misturadores mecanizados – Tanque de mistura com
agitador rotativo. ............................................................................................................. 14
1.4.4 Dimensionamento de camara de mistura em linha mecanizada. ........................... 16
1.5 Processamento de lodo na tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes. 18
1.6 Vantagens e desvantagens da tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes.
........................................................................................................................................ 19
1.7 Tipologia dos reagentes utilizados na coagulação química. ..................................... 19
I
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 22
ANEXO I: Variação de características físicas da água com a temperatura, adaptado
(VENNARD e STREET, 1975)...................................................................................... 23

II
RESUMO

Os microrganismos que escapam nos tratamentos de águas residuais por meios primários
e secundários devem ser removidos por tecnologias de tratamentos de águas residuais do
terceiro nível, no entanto uma das tecnologias largamente aplicados para este efeito é a
desestabilização das partículas coloidais por meio da coagulação seguido da floculação e
demais processos de separação de misturas como decantação, flotação ou filtração. No
entanto por meio de uma revisão bibliográfica, realiza-se a descrição da tecnologia de
coagulação de tratamento de aguas afluentes, tendo em conta caracterização da tecnologia
de coagulação para tratamento de afluentes, descrição do princípio de funcionamento da
tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes, descrição dos requisitos da
tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes, descrição do dimensionamento da
tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes, descrição do processamento de
lodo na tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes e descrição das vantagens
e desvantagens da tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes, Podendo chegar
concluir que tecnologia de coagulação para tratamento de águas residuais permite
desestabilizar as partículas coloidais que se encontram suspensas nas águas residuais, que
são agregados por meio da floculação, possibilitando assim a remoção ou captação destas
partículas por métodos de separação de mistura a citar decantação, flotação ou filtração
onde o método de coagulação para tratamento de aguas residuais não pode ser aplicada
de forma separada, isto é, somente se torna possível o tratamento de aguas residuais
atendendo a combinação com a floculação e um dos métodos de separação de misturas
homogenias ou heterogenias e a eficiência de remoção de partículas coloidais é maior
com o uso de coagulantes.

Palavra-chave: Tecnologia de tratamento, coagulante, águas residuais,


dimensionamento.

III
ABSTRACT

Microorganisms that escape in wastewater treatments by primary and secondary means


are removed by treatment technologies must be third-level wastewater, however, one of
the technologies widely applied for this purpose is the destabilization of colloidal particles
through coagulation. followed by coagulation followed by flocculation and mixture
separation processes such as decanting, flotation or filtration. However, through a
literature review, a description of the coagulation technology for wastewater treatment is
carried out, taking into account the characterization of coagulation for treatment of
tributaries, description of the operating principle for treatment of tributaries, description
of the requirements of the coagulation technology of coagulation treatment for
coagulation treatment, description of the processing of coagulation treatment technology
for fluent coagulation treatment and description of advantages and coagulation
technology for coagulation treatment for fluent coagulation treatment of wastewater
separation, can get to the coagulation wastewater solution for wastewater separation
treatment that can be found, which are aggregated through flocculation, which are
aggregated through flocculation, which are aggregated through flocculation, which are
aggregated through of flocculation, which are aggregated through flocculation, which are
aggregated through flocculation, which are aggregated through flocculation If flotation
or residual coagulation treatment methods cannot be applied separately, i.e. only
wastewater treatment becomes possible, making possible the treatment of wastewater
with flocculation and one of the methods of separating homogeneous or heterogeneous
mixtures and the greater removal of colloidal particles with the use of coagulants.

Keywords: Treatment technology, coagulant, wastewater, sizing.

IV
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Variação com a distância da energia de interação entre partículas (ALVES,
2010).………………………………………………………………………………….…4

Figura 1.2: Processo de coagulação e floculação (MONTE et all,


2016)………………………………………………………………………………..……5

Figura 1.3: Partícula coloidal – modelo da dupla camada (MONTE et all,


2016)……………………………………………………………………………….…….6

Figura 1.4: Partícula coloidal – potencial associado (MONTE et all,


2016)……………………………………………………………………………….…….6

Figura 1.5: Formação de agregados polímeros – partículas por pontes. (MONTE et all,
2016)……………………………………………………………………………………..7

Figura 1.6: Diagramas de equilíbrio de solubilidade em água dos hidróxidos de a)


alumínio e b) ferro. (MONTE et all, 2016)……………………………………………….8

Figura 1.7: Equipamento laboratorial jar-test. (MONTE et all, 2016)……………….…10

Figura 1.8: Dimensões típicas do tanque misturador com turbina. (McCabe,


1993)……………………………………………………………………………………15

Figura 1.9: Polieletrolitos utilizado como coagulantes, (MONTE et all,


2016)……………………………………………………………………………………20

V
LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1: Velocidade de sedimentação de partículas de diferente dimensão, adaptado


(ALVES, 2010)..………………………………………………………………..………..4

Tabela 1.2: ph ótimo para coagulantes metálicos adaptado. (MONTE et all,


2016).……………………………………………………………….…………………....9

Tabela 1.3: Valores típicos de G para instalações de mistura, adaptado. (BRITO et all,
2010).……………………………………………………………………...……………12

Tabela 1.4: Valores típicos de G para instalações de mistura, adaptado. (BRITO et all,
2010)…………………………………………………………………………………....15

Tabela 1.5: Parâmetros de dimensionamento de tanques de mistura com agitador rotativo,


adaptado. (METCALF e EDDY, 2003)………………………………………………....16

Tabela 1.6: ph Aumento da eficiência de remocao de poluentes com coagulação química,


adaptado. (MONTE et all, 2016)………………………………………………………..19

VI
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURA

AR – Água Residual

Er – forças de repulsão eletrostática

Ea – forças de atração – forças de van der Waals.

SS –Sólidos Sedimentáveis

CBO – Carência Bioquímica de Oxigénio

CQO – Carência Química de Oxigénio

SSV – Sólidos Suspensos Voláteis

O&M – Operação & Manutenção

VII
INTRODUÇÃO

Após o tratamento dos níveis preliminares, primários e secundários, alguns micro-


organismos não visíveis a olho nu passam e continuam dispersas nas águas residuais,
quando não tratadas podem levar a carência bioquímica de oxigénio, carência química de
oxigénio, existência de sólidos sedimentares, fosforo entre outros, no entanto a uma
grande necessidade de se introduzir o tratamento do terceiro nível de modo a remove-los
e evitar problemas para o ambiente. Este trabalho tem como objetivo geral descrever a
tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes no entanto para concretizar este
objetivo foram delimitadas seis atividades, denominadas por objetivos específicos:

1. Caracterizar a tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes.


2. Descrever o princípio de funcionamento da tecnologia de coagulação para tratamento
de afluentes.
3. Descrever os requisitos da tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes.
4. Descrever o dimensionamento da tecnologia de coagulação para tratamento de
afluentes.
5. Descrever o processamento de lodo na tecnologia de coagulação para tratamento de
afluentes.
6. Descrever vantagens e desvantagens da tecnologia de coagulação para tratamento de
afluentes.

Havendo a necessidade de delimitar o objeto de investigação de forma mais estreita


possível, há que precisar o seguinte campo de ação: estudo de tecnologia de coagulação
para tratamento de afluentes e dos objetivos a serem alcançados se tem a seguinte
hipótese: Se se fazer uma revisão bibliográfica, utilizando técnicas de investigação tais
como: observações, entrevistas, caracterização da tecnologia de coagulação para
tratamento de afluentes, descrição do princípio de funcionamento da tecnologia de
coagulação para tratamento de afluentes, descrição dos requisitos da tecnologia de
coagulação para tratamento de afluentes, descrição do dimensionamento da tecnologia
de coagulação para tratamento de afluentes, descrição do processamento de lodo na
tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes e descrição das vantagens e
desvantagens da tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes é possível
chegar a descrever a tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes.

1
Estrutura do trabalho

Este trabalho desenvolve-se em um capítulo fundamental, sendo concernente ao marco


teórico onde realiza-se desdobramento de caracterização da tecnologia de coagulação
para tratamento de afluentes, descrição do princípio de funcionamento da tecnologia de
coagulação para tratamento de afluentes, descrição dos requisitos da tecnologia de
coagulação para tratamento de afluentes, descrição do dimensionamento da tecnologia de
coagulação para tratamento de afluentes, descrição do processamento de lodo na
tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes e descrição das vantagens e
desvantagens da tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes.

2
CAPITULO I: MARCO TEÓRICO

1.0 Introdução
Este capitulo cinge-se essencialmente nos conceitos fundamentais de caracterização da
tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes, descrição do princípio de
funcionamento da tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes, descrição dos
requisitos da tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes, descrição do
dimensionamento da tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes, descrição do
processamento de lodo na tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes e
descrição das vantagens e desvantagens da tecnologia de coagulação para tratamento de
afluentes.

1.1 Caracterização da tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes.


Segundo MONTE et all (2016) a coagulação química é um processo que tem por objetivo
a desestabilização de partículas coloidais em suspensão na água, possibilitando a sua
subsequente floculação e remoção por decantação, flotação ou até filtração.

Para MONTE et all (2016), a coagulação é utilizada no tratamento de AR nas seguintes


situações:

 Aumentar a eficiência da remoção de SS na sedimentação primária e secundária;


 Tratamento preparatório para operações e processos de tratamento subsequentes,
e.g. filtração;
 Na desidratação das lamas.

1.2 Princípio de funcionamento da tecnologia de coagulação para tratamento de


afluentes.

1.2.1 Propriedade das partículas coloidais.


As partículas em suspensão coloidal presentes na AR podem ter origem natural ou
artificial, serem orgânicas ou inorgânicas, caraterizando-se pela sua reduzida dimensão,
da ordem de 0,01 a 1 µm (Metcalf & Eddy, 2003 e Alves, 2010). A reduzida dimensão
das partículas coloidais faz com que a sua velocidade de sedimentação seja extremamente

3
baixa, inferior a 10−8 m/s (ver tabela 1.1), originando suspensões estáveis, de remoção
gravítica praticamente impossível.

Tabela 1.1: Velocidade de sedimentação de partículas de diferente dimensão, adaptado (ALVES, 2010).

Tipo de partícula Diâmetro (mm) Velocidade de sedimentação


(m/s) Equivalente a
Areia grossa 1 0,23 ----
−2
Areia fina 0,1 1 × 10 0,6 m/min
Argila 0,01 1 × 10−4 8,6 m/d
Coloide fino 0,0001 1 × 10−8 0,3 m/ano
Coloide muito fino 0,00001 1 × 10−13 3 m /milhão ano

Segundo METCALF e EDDY (2003), A quantidade de SS coloidais presente numa AR


varia entre 1012 a 106 partículas por mL, dependendo do ponto da fileira de tratamento
em que se toma a amostra de AR.

Conforme MONTE et all (2016), as partículas coloidais tendem a desenvolver uma carga
elétrica à sua superfície, geralmente negativa, o que constitui um fator determinante da
estabilidade da sua manutenção em suspensão na água. Efetivamente, da existência de
cargas elétricas negativas à superfície da partícula resulta que as forças de repulsão
eletrostática (Er) entre partículas são superiores às forças de atração – forças de van der
Waals (Ea), pelo que as partículas se mantêm em suspensão de forma estável, não tendo
tendência para se agregarem. Quando as partículas se aproximam as forças de repulsão
são as predominantes até se ultrapassar a distância crítica (P), após a qual se vence a
barreira de energia que impede a aproximação, passando as forças atrativas a
prevalecerem, conforme representado na Figura 1.1.

Figura 1.1: Variação com a distância da energia de interação entre partículas (ALVES, 2010).

4
Segundo MONTE et all (2016), as partículas coloidais podem apresentar diversas formas
– esféricas, cilíndricas, elipsoidais, espirais mais ou menos enroladas, etc. – o que
condiciona as propriedades elétricas das partículas e a sua interação com o solvente.

Segundo MONTE et all (2016), a dimensão das partículas, juntamente com a sua
quantidade, forma e interações com o solvente, são os fatores que determinam as
caraterísticas da suspensão coloidal e os métodos mais apropriados para a sua remoção.

Segundo MONTE et all (2016), do ponto de vista da interação entre as partículas coloidais
e a água, as partículas coloidais podem classificar-se em hidrófilas (como o amido,
resinas, proteínas, polieletrólitos) e hidrófobas (como hidróxidos e sulfuretos metálicos),
consoante existe tendência para atração ou para repulsão eletrostática entre a partícula
coloidal e as moléculas de água.

1.2.2 Desestabilização das partículas coloidais.


Segundo MONTE et all (2016), a remoção das partículas coloidais da água requer uma
sequência de processos e operações unitárias de tratamento, que se inicia com a
desestabilização da suspensão, através da adição de um coagulante, processo designado
por coagulação química, seguido da agregação das partículas coloidais desestabilizadas
em flocos com dimensões e densidades adequadas para poderem ser removidas, numa
operação denominada floculação e completada pela separação dos flocos por decantação,
flotação ou filtração, conforme esquematizado na Figura 1.2

Figura 1.2: Processo de coagulação e floculação (MONTE et all, 2016).

Para MONTE et all (2016), quando a partícula coloidal desenvolve carga elétrica à sua
superfície (geralmente negativa) passa a constituir um núcleo rodeado de uma dupla
camada de iões, pois a partícula coloidal atrai iões de carga contrária, os quais aderem à
sua superfície por forças de atração eletrostática e de van der Waals, formando a chamada

5
camada fixa ou de Stern, em torno da qual se forma uma camada de iões mais difusa,
conforme representado na Figura 1.3.

Figura 1.3: Partícula coloidal – modelo da dupla camada (MONTE et all, 2016).

Conforme MONTE et all (2016), a magnitude da carga elétrica da partícula coloidal e da


dupla camada de iões que a envolve determina a estabilidade da suspensão das partículas
na água, podendo ser avaliada pela diferença de potencial elétrico existente entre a parte
imóvel da dupla camada do coloide e o seio da solução, conhecida como potencial zeta
(ζ). O potencial zeta é uma medida tanto da carga elétrica da partícula como da distância
até onde se estende o efeito dessa carga (ver figura 1.4). A força iónica do meio influencia
a extensão da dupla camada de iões.

Figura 1.4: Partícula coloidal – potencial associado (MONTE et all, 2016).

A adição de determinados iões à água (e o consequente aumento da força iónica) pode


baixar o potencial zeta, assim reduzindo a distância de influência das forças de repulsão
eletrostática entre partículas coloidais (entendidas no conjunto com a sua dupla camada)
e facilitando a atração entre as mesmas. A adição desses iões pode influenciar o potencial
zeta através de quatro mecanismos diferentes, mas que podem ocorrer em simultâneo
(Howe et al., 2012):

6
 Neutralização das cargas superficiais da partícula coloidal, reduzindo as forças de
repulsão entre partículas;
 Compressão da dupla camada, pela redução da espessura da camada difusa, pois
a presença de mais iões em solução diminui o volume da camada difusa,
diminuindo as forças de repulsão;
 Aprisionamento das partículas num precipitado – inclusão dos coloides numa rede
formada pela rápida precipitação do coagulante, sendo o que acontece, por
exemplo, com a formação do precipitado de Fe(OH)3 por adição do coagulante
FeCl3 .
 Adsorção e formação de pontes entre as partículas – este mecanismo ocorrem
quando se utiliza um polímero sintético de cadeia linear fortemente ramificada,
com grupos de átomos capazes de interagir com a superfície da partícula coloidal,
conforme representado na Figura 1.5.

Figura 1.5: Formação de agregados polímeros – partículas por pontes. (MONTE et all, 2016).

Os mecanismos das reações entre os iões metálicos e as partículas coloidais são


complexos, mas pode dizer-se que os iões adequados a induzir os efeitos de redução
do potencial zeta sobre a suspensão de partículas coloidais devem ter carga contrária
à do coloide, sendo o seu efeito tanto mais acentuado quanto maior for a carga do ião
adicionado, o que é conhecido como a lei de Shultze-Hardy. Assim se explica o facto
de os coagulantes de iões metálicos mais eficazes serem sais de iões metálicos
trivalentes, como o Al3+ e o Fe3+ .

1.2.3 Fatores que condicionam a coagulação química.


Além do potencial zeta da solução e da afinidade do coloide com a água, a coagulação é
influenciada pelo pH e temperatura da água, concentração de SS coloidais, tipo e dose de
coagulante, bem como pelo tempo de mistura dos reagentes com a AR e a velocidade de
agitação.

7
1.2.3.1 pH da água
Conforme MONTE et all (2016), o pH da AR que recebe o coagulante pode ser o fator
mais importante na eficiência do processo de coagulação. Quando a coagulação não
ocorre na zona de pH ótima para o coagulante a eficiência de coagulação é reduzida, o
que geralmente resulta num desperdício de reagentes e inferior qualidade do efluente.

Conforme MONTE et all (2016), os sais metálicos usados como coagulantes originam
um abaixamento de pH, parcialmente compensado pela alcalinidade da AR. Conforme
ilustrado na figura 1.6, o intervalo de pH favorável à precipitação de Al3+ Varia entre 5 a
cerca de 7, sendo o pH = 6 o correspondente à solubilidade mínima do precipitado. Para
o precipitado de Fe3+ a solubilidade mínima ocorre a pH = 8, no intervalo entre 7 a 9.
Fora destes intervalos, ou seja para:

 Valores de pH < 5 ou > 7, para coagulantes de Al;


 Valores de pH < 7 ou > 8, para coagulantes de Fe

Conforme MONTE et all (2016), os iões destes metais mantêm-se em solução, não
formando precipitado de hidróxido, perdendo-se a ação de aprisionamento das partículas
coloidais.

Figura 1.6: Diagramas de equilíbrio de solubilidade em água dos hidróxidos de a) alumínio e b) ferro. (MONTE et all,
2016).

Conforme MONTE et all (2016), em alguns casos, o abaixamento do pH produzido pela


adição do coagulante de catiões metálicos pode ser suficiente para que o pH se situe no
intervalo pretendido. Por outro lado, se a AR não possuir alcalinidade suficiente para
compensar este abaixamento do pH e mantiver o pH dentro dos intervalos atrás
mencionados, pode não ser possível a formação de hidróxido necessário à coagulação.
Por consequência, em muitas estações de tratamento é necessário ajustar o valor do pH

8
antes ou conjuntamente com a adição do coagulante, o que requer a adição de um álcali,
como a cal ou a soda cáustica, ou de ácidos, como o ácido sulfúrico, consoante seja
necessário elevar ou baixar o pH da AR, respetivamente. Na tabela 1.2 indicam-se os
intervalos de valores de pH ótimos para a coagulação com os coagulantes de ferro e de
alumínio mais utilizados.

Tabela 1.2: ph ótimo para coagulantes metálicos adaptado. (MONTE et all, 2016).

Coagulantes pH
Sulfato de alumínio 4,0 – 7,0
Sulfato ferroso ≥ 8,5
Sulfato ferroso clorado 3,5 – 6,5 e ≥ 8,5
Cloreto férrico 3,5 – 6,5 e ≥ 8,5
Sulfato férrico 3,5 – 7,0 e ≥ 8,5

1.2.3.2 Temperatura da água


Para MONTE et all (2016), a coagulação química é desfavorecida em AR de baixa
temperatura, porque as reações decorrem mais lentamente a baixa temperatura, mas
também porque o aumento da viscosidade da água com o abaixamento da temperatura
dificulta não só a mistura uniforme do coagulante na água como a sedimentabilidade dos
flocos formados. O resultado é que o processo de coagulação se torna menos eficiente a
baixas temperaturas, e maiores dosagens de coagulante são geralmente necessárias para
compensar este efeito.

1.2.3.3 Concentração de SS coloidais.


Conforme MONTE et all (2016), geralmente, concentrações de SS mais elevadas
requerem a adição de doses de coagulantes mais elevadas. No entanto, a relação entre a
concentração de SS e a dosagem ótima de coagulante não é linearmente proporcional,
conforme se refere na secção seguinte, pelo que é necessário a determinação da dose de
coagulante em ensaios laboratoriais.

1.2.3.4 Tipo e dose do coagulante.


Conforme MONTE et all (2016), a seleção do coagulante adequado é importante, na
medida em que a composição química da AR não é constante e é necessário manter a
eficiência do processo de coagulação em compatibilidade com a variação das

9
caraterísticas da AR. Assim, na seleção do coagulante há que atender às caraterísticas
químicas da AR, nomeadamente o pH e a alcalinidade, a variação diária e sazonal da
temperatura, mas também à disponibilidade do reagente no mercado e ao seu custo, bem
como ao tipo de operação de separação dos SS previsto após a coagulação-floculação. Os
sais de ferro, como o cloreto férrico (FeCl3), cujo intervalo de pH ótimo é bastante
alargado, são mais utilizados como coagulantes no tratamento da fase líquida das AR,
sendo os polímeros orgânicos atualmente muito utilizados no tratamento de lamas.

MONTE et all (2016), acrescenta ainda além da seleção do coagulante é também muito
importante selecionar a dose de reagente a adicionar à água, pois o uso de quantidade
excessiva de coagulante tem um efeito contraproducente, visto provocar a inversão das
cargas elétricas da dupla camada das partículas coloidais, continuando estas a repelir-se.
A seleção do tipo e da dose de coagulante, do pH ótimo e do grau de agitação, deve ser
efetuada experimentalmente em ensaios laboratoriais, conhecidos como ensaios de jar-
test (ver figura 1.7).

Conforme MONTE et all (2016), os ensaios em jar-test consistem na observação visual


ou instrumental, em diversos copos de igual volume de AR, da remoção mais eficiente
das partículas coloidais em condições de diferentes tipo e dose de coagulante, pH e grau
de agitação.

Figura 1.7: Equipamento laboratorial jar-test. (MONTE et all, 2016).

1.2.3.5 Adição de adjuvantes da coagulação.


Conforme MONTE et all (2016), a eficiência da coagulação pode beneficiar pela adição
à água (além do coagulante e do corretor do pH) de substâncias que melhoram a
velocidade da reação do coagulante com as partículas coloidais, as quais são designadas
por adjuvantes da coagulação, que podem ser naturais ou sintéticos, de que são exemplo

10
do primeiro grupo o calcário pulverizado, a bentonite e a sílica e certas argilas, e os
polieletrólitos do segundo grupo.

1.2.3.6 Efeitos de mistura.


Conforme MONTE et all (2016), a dispersão homogénea do coagulante na AR é essencial
à eficiência do processo de coagulação, de contrário torna-se necessário utilizar dosagens
de coagulantes superiores para se alcançar o nível pretendido de eficiência da remoção
dos SS coloidais. Essa dispersão homogénea é conseguida pela operação de mistura
rápida do reagente na água.

Conforme MONTE et all (2016), a dose de coagulante é determinada pelos resultados de


jar-test, que também indica a velocidade de agitação que deve ser adotada na mistura dos
reagentes e a dose de corretor do pH, embora esta também possa ser determinada
estequiometricamente, com base no conhecimento da alcalinidade da AR ou das lamas

1.3 Requisito da tecnologia de coagulação para tratamento de afluentes.


Segundo MONTE et all (2016), os requisitos de O&M de uma instalação de coagulação
do ponto de vista da operação de instalações de mistura, as variáveis que se podem
controlar são: a potência dissipada, o gradiente de velocidade G e o tempo de retenção
hidráulico.

Conforme MONTE et all (2016), a monitorização da potência dissipada permite controlar


o gradiente de velocidade adequado ao grau de agitação pretendido.

Segundo MONTE et all (2016), a viscosidade de um fluido é influenciada pela


temperatura, a mistura pode ser ajustada à temperatura ambiente através do controlo do
gradiente de velocidade ou do tempo de retenção hidráulico (sempre que possível).

MONTE et all (2016), acrescenta ainda que a manutenção das instalações de mistura
consiste na realização das ações de lubrificação dos equipamentos eletromecânicos e
outras recomendadas pelos fornecedores dos equipamentos e na limpeza periódica dos
recipientes (condutas, canais, cuvas) onde se realiza a mistura, para o que é indispensável
dispor de mangueira de água pressurizada junto da instalação de mistura.

11
1.4 Dimensionamento de misturadores da tecnologia de coagulação para tratamento
de afluentes.
Conforme MONTE et all (2016), a realização do processo de coagulação requer uma

unidade que englobe instalações para: armazenamento dos reagentes; preparação das

soluções desses reagentes a adicionar à AR ou às lamas a tratar; mistura dos reagentes

com a AR ou as lamas.

Segundo MONTE et all (2016), o dimensionamento de instalações de coagulação consiste


essencialmente na determinação das doses de reagentes a adicionar e da instalação de
mistura desses reagentes com o líquido a tratar.

Para MONTE et all (2016), a dose de coagulante é determinada pelos resultados de jar-
test, que também indica a velocidade de agitação que deve ser adotada na mistura dos
reagentes e a dose de corretor do pH, embora esta também possa ser determinada
estequiometricamente, com base no conhecimento da alcalinidade da AR ou das lamas.

1.4.1 Critérios Gerais.


Segundo MONTE et all (2016), o dimensionamento de instalações de mistura consiste
essencialmente na determinação de: volume necessário para assegurar o tempo de
contacto adequado para o caudal de dimensionamento; gradiente de velocidade G, que
assegure o grau de agitação pretendido. Nos misturadores mecanizados há ainda que
calcular a potência do agitador, que proporcione o gradiente de velocidade desejado.

Segundo MONTE et all (2016), o valor de G varia entre 500 e 6 000 1/s, consoante o grau
de agitação pretendido, que é mais elevado quando o objetivo é a mistura de reagentes.

Para BRITO el al (2010), apresentam-se na tabela 1.3 valores típicos de G e de tempo de


retenção hidráulico (tR) para diversos tipos de instalações de mistura.

Tabela 1.3: Valores típicos de G para instalações de mistura, adaptado. (BRITO et all, 2010).

Tipo de misturador 𝐭 𝐑 (𝐬) 𝐆 (𝟏/𝐬)


Misturadores em linha 0,5 3500
Ressaltos hidráulicos 2 800
10-20 1000
Misturadores 20-30 900
mecânicos 30-40 800
>40 700

12
1.4.2 Dimensionamento de misturadores em linha estáticos.
Segundo MONTE et all (2016), em misturadores de linha estática, o grau de mistura está
relacionado com a perda de carga. Assim, o gradiente de velocidade para misturadores
em linha estáticos é calculado pela expressão 1.1.

g×h
G = √ υ×tL (1.1)

Onde:

G: Gradiente de velocidade (1/s).

𝜐: Viscosidade cinemática (m²/s)

g: Aceleração de gravidade (m/s²).

hL : Perda de carga (m)

t: tempo de retenção hidrático (s)

A perda de carga é determinada pela expressão 1.2.

V2
hL ≈ K × 2×g ≈ k sm × V 2 (1.2)

Onde:

k: Gradiente de velocidade (1/s).

v : Velocidade de escoamento do fluido (m/s)

g: Aceleração de gravidade (m/s²).

k SM : Coeficiente de mistura (s²/m)

t: tempo de retenção hidrático (s)

Para MONTE et all (2016), os valores típicos para K SM variam entre 1 a 4,0, sendo 2,5 o
valor típico para aplicações no tratamento de AR. Geralmente para cada tipo de
misturador o fabricante fornece gráficos que ajudam a estimar a perda de carga. Deste

13
modo, a potência dissipada para cada tipo de misturador estático é calculada pela
expressão 1.3.

γ×Q×hL
P= (1.3)
η

Onde:

P: Energia dissipa (KW).

γ : peso específico do líquido (KN/m³)

Q: Caudal (m³/s).

η: eficiência de agitação.

1.4.3 Dimensionamento de misturadores mecanizados – Tanque de mistura com


agitador rotativo.
Conforme Rushton (1952), a potência necessária para assegurar a mistura depende do
tipo de equipamento que efetua a agitação (sua velocidade de rotação) e das caraterísticas
do fluido, designadamente a massa volúmica e a viscosidade. A mistura ocorre em regime
turbulento, condições em que a potência de agitação pode ser calculada através da
expressão 1.4.

P = k × ρL × N 3 × d5pás (1.4)

Onde:

P: Energia de agitação (W).

ρL : massa volúmica do liquido (Kg/m³)

k: Constante de proporcional adimensional.

N: velocidade de rotação do agitador (rps).

d: diâmetro do agitador (m).

Na tabela 1.5 apresentam-se os valores típicos da constante K, para o calculo da


potencia requerida por diversos tipos de agitador mecânico.

14
Tabela 1.4: Valores típicos de G para instalações de mistura, adaptado. (BRITO et all, 2010).

Tipo de agitador 𝐤
Hélice com veio quadrado e 3 pás 0,32
Hélice com veio de 2 ou 3 pás 1,00
Turbina com 6 pás planas 6,30
Turbina com 6 pás curvas 4,80
Roda de pás com duas lâminas 1,70

Segundo McCabe, (1993), As dimensões do agitador em relação ao tanque devem


respeitar determinadas proporções. Nos tanques de mistura cilíndrica recomendam-se os
critérios representados na figura 1.7.

Para MONTE et all (2016), a configuração dos agitadores rotativos é variável no que se
refere ao número e dimensão das pás, das anteparas, o que determina proporções variáveis
entre as dimensões do agitador e do tanque de mistura. Por exemplo, pode ser conveniente
colocar o agitador mais ou menos perto do fundo ou ter um tanque mais profundo.

Figura 1.8: Dimensões típicas do tanque misturador com turbina. (McCabe, 1993).

Segundo METCALF e EDDY (2003), nas câmaras de mistura mecanizadas com


geometria quadrada ou retangular os critérios recomendados são referentes as proporções
entre o diâmetro das pás do agitador e o diâmetro equivalente da cuva (DE ), definido
conforme a expressão 1.5

DE = 1,3 √L × W (1.5)

Onde:

DE : Diâmetro equivalente da cuva.

15
L: Comprimento das pás do agitador

W: largura das pás do agitador

A seguir apresenta-se na tabela 1.5 os parâmetros de dimensionamento de um tanque de


mistura com agitação mecânica.

Tabela 1.5: Parâmetros de dimensionamento de tanques de mistura com agitador rotativo, adaptado. (METCALF e EDDY, 2003).

Tanque Parâmetro Unidade Gama


Tempo de mistura s 20 – 60
Diâmetro do tanque de mistura, DT m 1–3
Diâmetro do agitador, Da m 0,2 – 0,4
Cilíndrico
Velocidade da turbina de pás planas rpm 10 – 150
Velocidade da hélice rpm 150 – 1 500
Gradiente de velocidade 1/s 700 – 1 000
Fluxo horizontal
Gradiente de velocidade 1/s 500 – 2 500
Velocidade de rotação rpm 40 – 125
Razão entre diâmetro do agitador e
diâmetro equivalente do tanque, adm 0,25 – 0,40
Quadrado
Da/DE
ou
Fluxo vertical
retangular
Gradiente de velocidade 1/s 500 – 2 500
Velocidade de rotação rpm 25 – 45
Razão entre diâmetro do agitador e
diâmetro equivalente do tanque, adm 0,40 – 0,50
Da/DE

1.4.4 Dimensionamento de camara de mistura em linha mecanizada.


Segundo DAVIS, (2010), os sistemas de mistura em linha não estáticos têm dispositivos
de elevada potência de agitação e são unidades padronizadas ajustadas à canalização
existente. O dimensionamento baseia-se na informação dos catálogos do fabricante e
considerando o gradiente de velocidade pretendido, o tempo de retenção hidráulico e a
perda de carga introduzida pelo dispositivo.

A seguir o exemplo pratico 1 de dimensionamento de uma camara de mistura com


agitação mecânica apresento por MONTE et all (2016).

Exemplo pratica 1: Uma ETAR trata um caudal de 1 150 m³ /d de águas residuais


urbanas. A temperatura média anual é 15 °C. Dimensionar uma câmara de mistura com
agitação mecânica para adição de um coagulante. Considerar que a câmara tem forma
cilíndrica e que o tempo de retenção é de 30 s.

16
Resolução do exemplo pratica 1:

1° - Determinação do volume da camara de mistura com a expressão 1.6

V = Q × tr (1.6)

Q=1150 m³/d= 0,0133 m³/s

t r = 30 s

V=0,3993 m³=0,4 m³

Onde:

V: Volume da camara de mistura (m³).

Q: Caudal (m³/s)

t r : tempo de retenção (s).

Considerando um tanque de mistura com formato cilíndrico, com um diâmetro de 1 m, a


altura útil é dada pela expressão 1.7.

π×D2T
V= ×h (1.7)
4

4 × 0,4 𝑚3
h= = 0,5 m
π × 1 𝑚2

Onde:

V: Volume da camara de mistura (m³).

ℎ: altura útil (m)

Ao volume útil haverá que adicionar o volume correspondente a um rebordo de segurança


da altura útil, que poderá ser de 0,3 m.

2° - Determinação da potência do agitador

Considerando G = 900 1/s (tabela 1.5) e utilizando a expressão 1.8, calcula-se a potência
do agitador.

P
G = √μ×V (1.8)

P = μ × V × G2 (1.9)

17
Onde:

G: Gradiente da velocidade (1/s).

𝑃: Potencia do agitador (W)

μ: viscosidade dinâmica do liquido (N. s/m2 )

V: Volume da camara de mistura (m³).

Entrando no Anexo I com a temperatura extrai-se a viscosidade dinâmica, assim sendo


temos

T=15 °C ; μ = 1,139 × 10−3 N. s/m2

s 1 2
P = 1,139 × 10−3 N. × 0,4 m3
× 9002
( ) = 369,04 W
m2 s

Resposta: Camara de mistura Vutil = 0,4 𝑚³ e P=369 W

1.5 Processamento de lodo na tecnologia de coagulação para tratamento de


afluentes.
Segundo BATISTA (2015), a gestão do lodo produzido por uma estação de tratamento
de afluentes é um dos maiores desafios para o sucesso técnico e operacional de um
sistema, portanto, é necessário que a metodologia de manejo dos lodos, em um
determinado sistema, seja definida ainda na fase de projeto da estação e que seus objetivos
sejam fixados de acordo com o destino final previsto para o lodo.

Para HAANDEL e SOBRINHO (2006), os processos de tratamento de lodo visam reduzir


o teor de material orgânico biodegradável, a concentração de organismos patogênicos e o
teor de água para que se obtenha um material sólido e estável, que não constitua perigo
para a saúde e possa ser manipulado e transportado com facilidade e a baixo custo.

Para BATISTA (2015), as fases de adensamento (quando necessário), estabilização e


desidratação devem ser compatíveis entre si e coerentes com o destino final a ser dado ao
lodo. Se o destino do lodo for o uso agrícola, a concentração de patógenos e seu potencial
de geração de odores são de extrema importância.

18
1.6 Vantagens e desvantagens da tecnologia de coagulação para tratamento de
afluentes.
Conforme MONTE et all (2016), a inclusão de coagulação química antes da operação de
decantação primária pode aumentar extraordinariamente a eficiência de remoção de SS,
CBO e CQO no tratamento primário, conforme se compara na tabela 1.6. Por outro lado,
o inconveniente da inclusão da coagulação química antes da decantação primária resulta
no aumento da produção de lamas primárias, de difícil desidratação e no consequente
aumento de custos de operação. Este aumento de produção de lamas deve ser considerado
no dimensionamento dos decantadores e/ou dos digestores.

Tabela 1.6: ph Aumento da eficiência de remocao de poluentes com coagulação química, adaptado. (MONTE et all,
2016).

Eficiência de remoção (%)


Parâmetro
Sem coagulação Com coagulação
SS 40 - 70 60 – 90
CBO 25 – 40 40 – 70
CQO - 30 – 60
P 5 - 10 70 - 90

1.7 Tipologia dos reagentes utilizados na coagulação química.


Conforme MONTE et all (2016), os reagentes utilizados na coagulação podem se
classificados em:

 Coagulantes – compostos responsáveis por destabilizar a suspensão coloidal;


 Corretores do pH – geralmente alcalinos, pois a adição de coagulantes metálicos
baixa o pH da água;
 Adjuvantes da coagulação.

Conforme MONTE et all (2016), os coagulantes não devem ser tóxicos para o Homem
nem para o meio ambiente, não devendo danificar as instalações, por corrosão ou
incrustação. Existem coagulantes orgânicos, como os polieletrólitos (iónicos ou não
iónicos), de que são exemplo as poliacrilamidas e coagulantes inorgânicos, como os sais
de alumínio e ferro.

MONTE et all (2016), acrescenta ainda que os Polieletrolitos (ver figura 1.7), podem ser
utilizados isoladamente como coagulantes ou como floculantes.

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Conforme MONTE et all (2016) os sais de Al e de Fe têm sido mais usados na clarificação
de águas para abastecimento público e industrial. No tratamento de AR têm sido
utilizados principalmente na remoção de fósforo, mas também de SSV. Deste tipo de
coagulantes, o mais utilizado em AR é o cloreto férrico, pela amplitude do intervalo de
pH ótimo (ver tabela 1.2) e por ser compatível com a presença de sulfureto de hidrogénio
na água.

Para MONTE et all (2016), O cloreto férrico reage como um ácido na água, reduzindo a
alcalinidade da solução, de acordo com a expressão a seguir.

2FeCl3 + 3Ca(HCO3)2 → 2Fe(OH)3 + 3CaCl2 + 6CO2

O calcário em pó constitui um bom adjuvante da coagulação com cloreto férrico.

Figura 1.9: Polieletrolitos utilizado como coagulantes, (MONTE et all, 2016).

20
CONCLUSÃO

1. A tecnologia de coagulação para tratamento de águas residuais permite desestabilizar


as partículas coloidais que se encontram suspensas nas águas residuais, que são
agregados por meio da floculação, possibilitando assim a remoção ou captação destas
partículas por métodos de separação de mistura a citar decantação, flotação ou
filtração. O método de coagulação para tratamento de AR não pode ser aplicada de
forma separada, isto é, somente se torna possível o tratamento de AR atendendo a
combinação com a floculação e um dos métodos de separação de misturas
homogenias ou heterogenias.
2. Por meio de adição de um coagulante cujas proporções são definidas no jar-test as
partículas coloidais são desestabilizadas e desenvolve carga elétrica formando um
núcleo rodeado por dupla camada de iões e começam atrair carga contrária que
aderem a superfície por forças electroestáticas de van der waals e são agregados por
meio da floculação, e separados por um dos métodos convenientes de separação de
misturas.
3. As variáveis que devem ser controladas em uma instalação de coagulação são, a
potência dissipada, o gradiente de velocidade G e o tempo de retenção hidráulico.
Deve se garantir a manutenção dos equipamentos das instalações de modo a manter o
funcionamento pleno das misturadoras.
4. As proporções dos coagulantes e a velocidade de agitadores das misturadoras são
determinadas no ensaio laboratorial jar-fast. O dimensionamento do tanque e do
agitador se encontra intimamente ligado com o caudal de aguas residuais, tempo de
retenção, temperatura, gradiente da velocidade.
5. O método de processamento de lodo na tecnologia de coagulação para tratamento de
afluentes é determinado em função dos objetivos já preconizado na fase de projeto de
acordo com a natureza e o destino do lodo.
6. A tecnologia de coagulação no tratamento de AR, aumenta significativamente a
eficiência de remoção dos sólidos SS (60% - 90%), CBO (40% - 70%), CQO (30% -
60%), e P (70% - 90%). Esta eficiência é menor caso não seja realizado o tratamento
de nível primário contribuindo para o aumento de lamas primárias.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. MONTE, Maria Helena Mareco, “Tratamento de aguas Residuais – Operações e


Processos de tratamento Físico e Químico”, Gide – Artes Graficas, Lda, Liboa, 2016.
2. METCALF & EDDY – Wastewater Engineering Treatment and Reuse.
TCHO BANOUGLOS, G.; BURTON, F. L.; STENSEL, H. D. 4th ed., McGraw
Hill, 2003. ISBN-978-007-0416-90-1.
3. ALVES, C. – Tratamento de Águas de Abastecimento. 3.a ed., Publindústria –
Edições Técnicas, Porto, 2010.
4. BRITO, A. G.; OLIVEIRA, J. M.; PEIXOTO, J. M. – Tratamento de água para
consume humano e uso industrial – Elementos teóricos – práticos. Publindústria,
2010. ISBN 978-989-20-1923-9.
5. RUSHTON, J. H. – Mixing of Liquids in Chemical Processing. Industrial &
Engineering Chemistry, vol. 44 (12), 2931-1936. 1952.
6. McCABE, W. L.; SMITH, J. C.; HARRIOTT, P. – Operations of Chemical
Engineering. 5th McGraw-Hill, Inc. 1993. ISBN 0-07-044844-2.
7. DAVIS, M. L. – Water and Wastewater Engineering – Design Principles and Practice.
McGraw-Hill Companies, 2010. ISBN: 978-0-07-171385-6.
8. BATISTA, Lucilene Ferreira, “Lodos gerados nas estacoes de tratamento de esgotos
no distrito federal: um estudo de sua aptidão para o condicionamento, utilização e
disposição final”, PTARH.DM – 168/2015, Brasilia/DF.
9. Pedroza, E.C.L., Moreira, E.A., Cavalcanti, P.F. F., Além Sobrinho, P.; Andreoli, C.,
van Haandel. (2006) “Aplicação de leitos para secagem de lodo gerado em estações
de tratamento de esgotos”. In: Andreoli, C. V (ed). Alternativas de Uso de Resíduos
do 193 Saneamento – Projeto PROSAB. Rio de Janeiro: ABES.

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ANEXO I: Variação de características físicas da água com a temperatura, adaptado
(VENNARD e STREET, 1975).

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