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As Fadas - Perrault

Contadora 1: Era uma vez uma viúva que tinha dois filhos e uma filha.
Contadora 2: Os mais velhos se pareciam tanto com ela que, quando os viam, pensavam
estar vendo a mãe.
Contadora 3: Os conhecidos costumavam comentar o quanto eram desagradáveis e
orgulhosas, tanto que diziam: - Tal mãe, tal filhos!
Contadora 1: A caçula, filha menor, era o verdadeiro retrato do pai, pela doçura e por ser
boa pessoa. E, além disso, muito bonita!
(Entra caçula e começa limpar)
Contadora 2: A mãe não se preocupava em demonstrar o quanto preferia os filhos mais velhos,
por parecerem mais com ela, tendo um enorme desprezo e antipatia pela filha menor.
Contadora 1: A pequena, era responsável pela cozinha e trabalhava sem descanso.
Contador 3: Entre outras coisas, essa menina era forçada à ir a uma fonte distante, duas
vezes por dia.
(Mãe entra)
Mãe: Ei, garota! Vá buscar água. Ainda não foi? O que está esperando?
Contadora 1: Coitada, andava muito para trazer na volta um grande e pesado
barril, cheio de água.
Contador 3: Mas um dia, em que estava lá, aproximou-se dela uma pobre mulher...
Fada: Você pode me dar de beber, minha menina?
Contador 3: A bela menina, na mesma hora, lavou uma pequena folha que estava à beira
do rio e com todo cuidado deu água à senhora que parecia ter muita sede. Ao terminar de
beber toda água...
Fada: Tu és tão boa, que eu vou te dar um dom.
Contadora 1: E não é que a pobre mulher era uma fada? Que tinha tomado forma de
camponesa pobre, para ver até que ponto iria à bondade daquela pequena menina.
Fada: Eu te faço o dom de que, a cada palavra que você disser, saia de tua boca algumas
pérolas e diamantes.
Contadora 2: E partiu... bosque adentro. A menina não entendia, mas agradeceu com toda
bondade que tinha em seu coração.
Contador 3: Assim que ela chegou a sua casa...
Contadores: (juntos) Ihhh...
Mãe: Garota, sua peste! Isso são horas? Onde é que você andou esse tempo todo?
Menina: Desculpa por ter demorado, minha mãe!
Contadora 1: E mal disse essas palavras, saíram de sua boca muitas pérolas e diamantes!
Contadora 2: A mãe ficou impressionada com o que via, perguntou a filha como isso
havia acontecido.
Mãe: (Impressionada) Mas minha filha!
Contadora 1: Sim, foi a primeira vez que a chamou de filha.
Contador 3: A menina contou tudo o que aconteceu na beira do
lago, e sua ajuda à pobre mulher que na verdade era uma fada. Enquanto contava à mãe,
centenas de diamantes saiam de sua boca.
Contadora 2: A mãe, que se achava à esperta...
Mãe: Jovino e Joaquim! Venham aqui! Quero que vão ao lago!
Jovino e Joaquim: Mas mãe, não, eu não quero, ah, não que saco!
Mãe: Calma meus queridos, não é para buscar água!
Jovino e Joaquim: Ahhhh bom!
Mãe: Quero que vão lago e dêem de beber a uma velha que vai chegar pedindo. Sejam
gentis com ela. Pois ela é uma fada, e nos deixará ricos, ricos, ricos! Hahahahaha.
Contadora 1: Levaram o mais bonito jarro de prata que havia em casa.
Contador 3: Nem bem tinham chegado, viram sair do bosque uma dama muito linda,
com um vestido desses de rainha, de um reino muito rico. A mulher linda e bem vestida
pediu a eles um pouco de água para beber, que foram logo respondendo de forma
malcriada:
Jovino: Acha que vim aqui para matar sua sede?
Joaquim: Eu não vou dar um jarro de prata para dar de beber a madame!
Jovino: Se quiser beber, beba sozinha!
Contadora 1: O que elas não sabiam, é que se tratava da mesma fada que apareceu à sua
irmã, mas desta vez havia tomado outra aparência para ver até que ponto iria os maus
modos daqueles jovens.
Fada: Vocês não são pessoas direitas, e por isso darei um dom ruim a vocês… a cada palavra
que vocês dirão sairá de suas bocas uma serpente ou um sapo.
(Contadoras 1 e 2 fazem barulhos de cobra)
Contadora 2: A mulher desapareceu pelo bosque...
(Mãe impaciente espera)
Mãe: Então, meus lindos queridos amores da mamãe?
(Jovino e Joaquim tentam falar - inicia barulhos de sapo, e contadoras fazem barulho de
serpente)
Mãe: (Gritando) Socorro! Olha o que a aquela peste fez com vocês!
Contador 3: Sim, tratou de culpar a filha mais jovem sobre o que aconteceu com seus irmãos!
Contadora 1: A menina, coitada, saiu correndo para se esconder no bosque!
(Entra o Príncipe fazendo gestos como se estivesse caçando)
Contadora 2: Ahhhh, o filho do Rei!
Contadora 1: O que? Onde? Quer me matar do coração?
Contador 3: (Com tédio) O Príncipe…
(As duas juntas: Ahhhhhhh)
Príncipe: Oh, bela menina! O que fazes aqui tão solitária e chorando?
(Caçula faz sinal de não com a cabeça e sai correndo, Príncipe para na frente dela e
interrompe - música)
Contadora 2: A menina contou ao jovem moço que a mãe havia lhe expulsado de casa,
por conta do que aconteceu no rio.
Contadora 1: Ao dizer estas palavras, saiam de sua boca cinco ou seis pérolas e alguns
tantos diamantes.
Contador 3: Ele ficou impressionado. Apaixonou-se pela história de bondade daquela
pequena moça, e considerou que tal dom valia mais que qualquer dote que outra noiva
pudesse trazer.
Contadora 2: Levou-a ao palácio de seu pai, o Rei...
(Entra Rei e Rainha – música imperial)
Príncipe: Querido, meu Pai, Rei deste povo! E minha querida, amada mãe, esposa do Rei
deste povo! Essa é...Como é mesmo seu nome?
Caçula: (Sorri e faz sinal de não com a cabeça, como quem não pode falar – cai uma
pérola da boa)
Rainha: Ela não sabe falar?
Rei: Ela não tem nome?
Príncipe: A história é um pouco longa, meus amados! Quero me casar com essa donzela...
Mas, precisamos de um nome!
Rainha: É, meu filho, não dá para casar sem nome!
Contadora 2: Olha, me desculpem a intromissão, mas a gente aqui deste lado da história
decidiu que o nome dela é Caçula!
Rei: Caçula? De quais terras deste mundo é “Caçula”?
Contadora 1: Ah, meu Rei! Aí fica difícil.
Rainha: Está ótimo! Caçula soa bem aos meus ouvidos!
Contador 3: Maravilha! Casados em nome do Rei, da Rainha, de nós três e desse povo aí
que não deve estar entendendo nada (para público).
(Entra música de festa e as contadoras começam a jogar confetes – todos dançam e vão
saindo)
Contadora 2: Ih, quanto as irmãs e sua mãe, brigaram tanto e se detestaram tanto, a ponto
de não quererem mais ficar perto uma da outra.
Contadora 1: Infelizes, sem encontrar ninguém para compartilhar a vida, perderam-se em
algum canto do bosque, bem pertinho daquele rio.
Contador 3: Se é verdade, não sei. Mas dizem que até hoje, quem passa por perto do
bosque, ouve os gritos daquelas quatro que se perderam e não voltaram mais.
(Gritos)

FIM

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