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Ator 1: Eu não sei onde deixei esse isqueiro! Que merda! Logo agora que eu preciso fumar…
Não dá, olha, é cada nervoso que a gente passa que não tem como a gente não fumar. O povo
anda louco… (Insiste procurando alguém pra conseguir fogo - Perguntando pra platéia) Alguém
tem fogo? (Volta perguntar pro ator 2) Tem certeza que cê não tem?
Ator 2: (Faz sinal com cara estranha que não tem mesmo).
Ator 1: Pô, poderiam colocar um isqueiro amarrado nesse banco né, pensar no povo que fuma,
meu. (Sentando e triste) A vida é dura, amigo… Já é o segundo da minha família! Você sabe o
que é isso? O segundo! Primeiro foi minha mãe…
CENA 2
Mãe: Oh, querido, vamos sim!!! Mas espera só a mãe terminar aqui…
Tia: Ai, Lúcia, pra que mentir pro menino…Me dá mais um aqui! (Riem)
Ator 1: Ela adorava brincar comigo sabe… A gente se divertia muito, subia em árvore, tomava
banho de mangueira… Ela passava horas comigo…
Mãe: Vem filho, senta aqui, mais uma história! Era uma vez… (tosse) Um menino que adorava
ouvir histórias para dormir…
Ator 1: Eu lembro disso até hoje! (Nervoso) Ah, que saco! Cadê esse isqueiro e ninguém que
aparece aqui! (Silêncio) Essas lembranças não são muito fáceis… Me desculpa…
CENA 4
Tia: Lúcia, você já fez o pré natal né? Sabe que oh, vai ter que cortar isso aqui (mostrando o
cigarro)...
Mãe: Ah, claro menina, não não… o médico já me instruiu… malefícios né? (Ri)
Tia: Deixa eu lá ver como tá a água do feijão antes que isso queime!
Ator 1: Você sabe que horas são? A essa hora já deve estar acontecendo!
Ator 1: Ah, meu Deus… Entrou agora… Cadê essa merda de isqueiro.
CENA 5
Pai: Meu Deus, que cheiro estranho! Lúcia, você andou fumando?
Mãe: Não me enche! A dona da minha vida sou eu e faço o que quiser! E de vez em quando
não faz mal algum. Quer que eu morra de nervoso!
Pai: Você mentiu pra mim! E ainda está fazendo esta merda!
Pai: Cala boca Lucia! Olha o que você tá fazendo com a vida da sua filha!
Ator 1: Engraçado como não importa o quanto o tempo passe a gente não consegue esquecer
as coisas né?
Mãe (sozinha em cena): Ele acha que manda em mim? Eu vou fazer o que eu quiser! (pega um
cigarro - pergunta ao público) Alguém tem fogo? Acordei hoje com umas dores estranhas no
peito… acho que é o leite… não sei bem, dizem que grávida sente falta de ar né? (Tentando
levantar, suspira, desmaia) Aaaai.
Ator 1: Foi um caminho sem volta. Meu pai e eu nunca estivemos tão próximos naqueles
tempos.
CENA 6
(Médico entrando)
Pai: Doutor?
Ator 1: Obrigado! (Disfarçando) Sabe se tem algum lugar aqui perto pra comprar fogo?
Ator 1: E tudo por causa disso aqui? Cê fuma? Quer um? Olha, trás um benefício danado… É
cada tranquilidade pra esse mundo louco de ansiosos…
Ator 1: Que isso? Ficou louca? Você sabe o que tá acontecendo? É minha tia, passando pela
mesma situação que minha mãe! Tratamentos, medicamentos… e agora vai ter que ficar com
aquela joça no pescoço… E aquilo funciona? Funciona… matou minha mãe, minha irmã!
Juntas… sabe o que é isso? Ela vai sair viva? Quem garante? Eu fumo é pa morrer logo e não
ver nada disso aí acontecendo…
Ator 1: Não quero que tenha pena de mim não, dona. (Solta mão)
Ator 1: Acho que não preciso falar mais nada e já entendi que ela pode sair viva dessa sim.
Você está aí, não é mesmo?
Ator 2: (Ri)
Ator 1: Preciso mesmo repensar isso aqui… (Mostrando a carteira de cigarro) Eu tenho uma
filha sabe, linda. Sofia… mesmo nome da minha irmã.
Ator 2: (Sorri)
Ator 1: (Emocionado) Desculpa, tenho que ir nessa. Acho que a cirurgia já acabou e vou atrás
de notícias dela, minha tia. Obrigado, e sinto muito.
SAEM
Fim.