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Personagens:
(Ele devolve)
Ele – Será que vai demorar mesmo hein, aloooou alguém aí,
alguém me escuta?
Ela – Não adianta, ninguém ouve... Você vende o que que
você não me disse...
Ele – Alguém me escutaaaaaaaaa...
Ela – Acho bonito homem de terno, fica com ar de
importante, de executivo...Já namorei com homem de terno...
Ele – Alou...alguém me escuta...
Ela – (continua) Ele era pastor de igreja (come) não deu
certo, ele implicava demais com as minhas roupas, dizia que
era curtinha, que era colada, eu não suporto homem que me
regula, homem não nasceu pra mandar em mim (come) Ta pra
nascer ainda um homem que me mande (come) que grita comigo
(come) ou que levante a mão pra mim por que...
Ele – Você quer calar a boca!
Ela – Não me mande calar a boca eu sou livre e falo o que
bem entender...
Ele – Eu não sou obrigado a ficar ouvindo você, não tenho o
menor interesse na sua vida e não tenho a menor paciência
para...
Ela – Devolve... devolve o sanduiche.
Ele – Mas eu paguei por ele.
Ela – Eu te devolvo o dinheiro, alias a metade porque você
já mordeu.
Ele – Não vou dar eu paguei e ele é meu!
Ela – Devolve meu sanduíche...
Ele – Não! (Dá uma super mordida)
Ela – Não me provoca! Devolve o sanduíche!
Ele – Não devolvo! (Enfia ele inteiro dentro da boca)
Ela – Seu...seu... cafajeste!
Ele – (de boca cheia) Sua...sua..fracassada!
(essa fala dói como uma facada nela, silêncio. Ela senta-se
no chão do elevador. Desconforto – Clima – Silêncio. Aos
poucos ela balbucia.)
Ela – Fracassada...
Ele – Olha desculpe eu...
Ela – Fracassada.
Ele – Desculpe eu falei sem...
Ela – Nunca ninguém gritou isso na minha cara...ninguém
nunca me chamou de fracassada...de vaca, galinha , piranha
já...mas fracassada...
Ele – Me desculpe, não tive a intenção de...
Ela – Teve sim, você disse bem, eu sou uma fracassada...
Ele – Olha...
Ela – Quieto, já falou a merda e pronto, eu sou mesmo uma
fracassada... quem é que sonha em trabalhar apertando o
botão de elevador me diz? Ninguém...quando criança todo
mundo diz que quer ser bailarina, médica, advogada mas
nunca ascensorista de elevador, você já ouviu alguma
criança falando isso, ouviu...
Ele – Olha...
Ela – Nunca... eu também nunca sonhei isso pra mim, mas to
aqui já com tantos anos apertando botão de elevador...que
merda de emprego é esse? Será que quem entra nesta merda
não pode apertar seu próprio botãozinho? Vai cair a porra
do dedo, vai aleijar?(irritada) não vai...fico o dia todo
subindo e descendo, subindo e descendo...porra eu tenho
labirintite...pois não, o 12°, pois não, o 6° pois não...
5° ...quinto dos infernos e a maioria que nem agradece ou
dá bom dia, boa noite...mundo cão, empregado é uma merda,
tem que ter sempre alguém pra servir...
Ele – Você tem que dar graças a Deus de apertar esse botão,
de existir esse emprego, você poderia estar na rua.
Ela – Eu vou te matar! Seu cachorro sem sensibilidade! Eu
aqui me abrindo, dividindo meus sentimentos e você vem com
grosseria...
Ele- Todo mundo só sabe reclamar...
Ela- Homem é tudo igual, seu canalha
Ele- e mulher também é tudo igual
Ela- tanta gente nesse mundo pra dividir um elevador e
tinha que parar bem com você?
(ele senta e pega um Sudoku na bolsa)
(oferece um fone)
( a Música acaba)
(ela para, esta arfando cansada, olha para Ele que esta
desmaiado no chão, mexe nele para verificar se esta
desmaiado mesmo e começa a abrir a bolsa dele)