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Na Sala de Espera da UTI

Uma história do Mundo

Colégio Arautos do Evangelho


23 de Outubro de 2010

Personagens:

N Narrador
P Preocupado
Z Zombador
D Desanimado
C Consciente
MP Médico Principal
MA1 Médico Auxiliar 1
MA2 Médico Auxiliar 2
MA3 Médico Auxiliar 3
E1 Enfermeiro 1
E2 Enfermeiro 2
E3 Enfermeiro 3
DM Doente na Maca

Abrem-se as cortinas.
Ambiente de sala de espera de um hospital. Ninguém em cena. Música trágico-grandiosa.
Efeito Sonoro: Sirene e logo em seguida Ambulância chegando, parando e abrindo as portas.

Sem aparecer em cena:

E1 – Vamos, rápido com isso! Ele precisa ser atendido logo!


E2 – Cuidado com essa maca, não deixe ele cair...
E3 – Ele está sangrando muito... precisa ser atendido rapidamente!
E1 – Vá logo! Vá logo!

[E1, E2 e E3 entram carregando, ou empurrando o DM numa maca e atravessam o palco. São


seguidos por P, Z, D e C que se espalham pelo palco. Em seguida entra o Narrador.]

Narrador – Terrível situação esta que encontramos aqui! Tudo é incerto para eles... e a
cada momento, pode chegar uma notícia... fatal...
Aqui, as paredes parecem ecoar as dores dos pacientes que estão lá dentro, sendo atendidos.
E, no ambiente, paira um pesado ar de incertezas e angústias...
Estamos numa Sala de Espera da UTI. Diante de nossos olhos se desenrolará uma cena que
é mais comum, do que podemos imaginar...

[Entra o MP, apressado, mas é interrompido em seu caminho por P]


P – Doutor, por favor, onde nós estamos? O que vai acontecer?

MP - Bem, é... Estamos na UTI... numa Unidade de Terapia Intensiva. Normalmente vêem
para cá pacientes que estão em estado grave, ou que necessitam de uma recuperação de
emergência!

P – Mas, esse é o caso do Paciente 302?! Eu preciso receber informações dele!!!

MP – Eu não sei... eu não sei... acabei de chegar...

Voz gravada: Dr. Ernesto Socorro, Dr. Ernesto Socorro, favor comparecer no quarto 302
para ação de emergência! Dr. Socorro, Dr. Socorro, comparecer urgentemente no quarto
302!

D – Ai, ai, ai! E agora?!

MP – Com licença, preciso ir, com licença!

P – Ai! O que é que vai acontecer com ele?!?!?!

D – Tenho certeza que vai ser alguma coisa de ruim...

P – Vira essa boca pra lá!

Z – Ha, ha, ha, ha! Ha, ha, ha, ha!

D – Ei! Você tá rindo do quê? Não tem nada aqui para achar graça...

Z – Ha, ha, ha! Do que é que eu tô rindo? Tô rindo de vocês... tô rindo de tudo... Eu t,abém
quero saber como é que vai acabar esse negócio...

P – E você? Você também está esperando alguma notícia?

C – Sim! Estou esperando notícias dele também... o seu caso não é simples... mas, não
podemos perder a esperança...

Voz gravada: Atenção, Dr. Boldo! Chamando Dr. Boldo! Atenção Dr. Artério, chamando
Dr. Artério! Atenção Dr. Velório, chamando Dr; Velório! Favor dirigem-se com urgência à
UTI para integrar à junta médica. Comparecer ao quarto 302!

[Entram MA1, MA2 e MA3. Apressados eles cruzam o palco. O P fica mais
preocupado, o Z se diverte com a cena, o D fica mais desanimado e o C toma uma
atitude mais reflexiva]
Narrador – É curioso...Todos esperam notícias de um mesmo paciente. Entretanto, olhem
só... cada um deles está com uma fisionomia e um estado de espírito diferente.
Por que será? O que os une e ao mesmo tempo os diferencia tanto?

P – Ai, ai, ai! Espero que nada de ruim aconteça!!! Eu não ia suportar! Ele é muito
importante para mim!!! É como se fosse um pai! Ele é tudo para mim! Com ele eu consigo
viver... Se ele acabar, para mim acaba tudo, tudo! Nada mais existe!!!

Z - Ha, ha, ha, ha! Isso é muito engraçado! Ô! Chega de stress aí, ô! Pra falar a verdade, eu
não tô nem aí, ó! Só quero saber qual vai ser o final dessa história, e tratar de salvar a minha
própria pele, o resto que se dane! Ha, ha, ha, ha! Mas eu devo falar a verdade, ele me
diverte... ele me diverte... Mas dele eu não quero nada e por ele eu não faço nada! Se ele se
acabar... acabou! Deixa tudo acabar! Ha, ha, ha, ha!

D – Tá tudo errado! Tá tudo errado! Não pode acontecer isso... Mas não tem jeito... não dá
para fazer mais nada... tá tudo acabado... não adianta fazer mais nada... Mas eu gosto tanto
dele... coitado de mim... coitadinho de mim... Ele tava me proporcionando tanto coisa, ele
dava tanta coisa para mim... mas eu acho que vai acabar... e não dá para fazer mais nada...
acabou... vai acabar...

Narrador – A situação está ficando crítica! Lá dentro encontra-se um paciente em situação


muito, muito complicada! E aqui fora esses esperam a situação se definir... Um, encontra-se
desesperadamente preocupado... outro, acha tudo engraçado e não mede ennhuma
consequência, aquele está com o espírito completamente abatido e desanimado... E ainda há
um outro, que até agora não se pronunciou...

P – E você? Não diz nada? Não se pronuncia?

C – Como diz o velho ditado, “o falar vale prata, e o calar vale ouro”. Mas, já que pediram
que eu me pronunciasse e depois de ter ouvido o que cada um disse... Nesse caso, “o falar é
um dever, e o calar é uma traição.” Eu também estou preocupado com a situação do
paciente, mas longe de mim tomarei uma atitude desesperada ou desanimadora, e muito
menos uma atitude inconsciente e zombeteira. Eu sei que ele, lá dentro, está muito doente,
mas espero que ele seja curado... mas a sua cura não depende só dos médicos... depende de
nós... de cada um de nós... e não será através do desespero, do desânino ou da falta de
responsabilidade que poderemos ajudá-lo a ser aquilo que ele foi chamado a ser e a fazer...
Na verdade, nós mesmos, se não tomarmos cuidado, somos a causa de sua doença... A nossa
ambição, o nosso egoísmo, a nossa falta de fé, provavelmente são as causas de sua doença...
E não podemos apenas assistir ao seu fim, temos que ser conscientes e cumprir com o nosso
dever!

Narrador – Mas o que será que está acontecendo? Como algo pode gerar opiniões e
atitudes tão diferentes? Esperem... estão chegando os médicos... talvez eles possam dizer
alguma coisa...

[Os quatro personagens se movimentam em direção aos médicos]


P – E então, doutor? O que está acontecendo? Ele vai sobreviver?

MP – A situação é grave, muito grave!

D – Eu sabia, eu sabia... vai acabar tudo, vai dar tudo errado... não adianta fazer mais nada!

MP – Não! Ainda há tempo, talvez consigamos salvá-lo...

Z – Ah! Que é isso? Pensei que você ia dizer algo mais emocionante e divertido!

C – Doutor, o senhor pode dizer qual é a real situação dele, e o que podemos fazer para
curá-lo e especialmente fazer com que ele faça o que deva fazer?

MP – São três perguntas difíceis de serem respondidas, mas vou começar pela primeira...
São inúmeros problemas: hipertrofia sensorial, com prejuízo dos comandos neuronais,
acelerada progressão inversa, distúrbios neurovegetativos, incapacidade para a consecução
final...

[Na medida que o Médico explica, cada personagem toma a sua respectiva atitude]

C – Certo, doutor, mas o senhor poderia traduzir isto de uma maneira que pudéssemos
entender melhor?

MP – Está bem, está bem! Vou procurar ser o mais claro e breve possível... porque eu acho
que o paciente está para sair... Foi um caso que se tornou crônico com o passar dos séculos:
primeiro ocorreu uma quebra da unidade espiritual, que acabou dando em ateísmo, em
esquecimento de Deus, com um egoísmo e uma ambição que juntos demoliram e
prejudicaram as suas capacidades naturais... Todas essas coisas somadas estão matando a
ele... e estão incapacitando-o a atingir a finalidade para qual ele foi criado... Bom, agora
deixe-me buscar o paciente...

[Entram os médicos trazendo o “paciente”. Ao chegar no meio do palco, um globo do


planeta terra é descoberto.]

MP – Senhores! Aqui está o paciente! O seu estado é grave... mas ainda há solução... se
existirem pessoas conscientes que tomem as atitudes certas na hora certa!

P – Ele está vivo!!! Ele está vivo!!! Anda, me dá mais dinheiro, mais oprtunidades, mais
facilidades tecnológicas...

Z – Ah! Para com isso! Não adianta fazer mais nada! Pra quê? O negócio é viver sem pensar
nas consequências, quando acabar, acabou!

D – Agora tá tudo bem, ele tá vivo... mas depois vai ficar tudo ruim... não adianta fazer mais
nada...
C – Não! Parem! Tudo o que vocês estão dizendo está errado! Ainda há uma solução! Mas,
eu digo: Se cada um de nós procurar fazer a sua parte, o mundo estará perdido! Sim! Cada
um de nós deve fazer mais do que a sua própria responsabilidade, pois a solução do
problema está ao alcance de nossas mãos. Mas não de mãos que se estendem só para fazer
algo, mas de mãos que se juntam para rezar e rezar fervorosamente a Deus para que Ele
toque os corações dos homens; para que estes se conscientizem da hora presente, e queiram
salvar o Mundo, não só ambientalmente, mas espiritualmente, pois se o Mundo se voltar
sinceramente a Deus, tudo, tudo se resolverá e florescerá abundantemente, pois os homens
quererão fazer da terra um reflexo do Paraíso! E aí sim, a natureza não só será preservada,
mas chegará a um extremo auge de beleza!

Narrador – Senhoras e Senhores e caros alunos aqui presentes. Talvez alguns já tivessem
percebido do que se tratava. Mas, este é um caso real. O mundo em que vivemos está
doente. E com uma doença mortal. Alguns amam tanto este mundo que não quereriam
jamais vê-lo como deve ser, outros, se divertem com ele sem desejar melhorá-lo, outros
ainda, egoístas e preguiçosos não querem fazer nada para ajudá-lo. Mas, felizmente, existem
também os que não se conformam com o estado em que ele se encontra e desejam mudá-lo!
E desejam que o Mundo seja aquilo para o qual Deus, verdadeiramente o criou, ou seja, um
lugar que nos prepara para o Céu!

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