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Mente, coração e alma do ator estão envolvidos em sua profissão. Algumas vezes
a mente assume o comando. Outras vezes a alma está mais envolvida. Isto traz à baila a
questão da emoção. Toda emoção exigida dele pode ser encontrada através da
imaginação dentro das circunstâncias.
Se na peça o ator necessita de uma ação à qual não responde, pode voltar à sua
própria vida, não em busca da emoção, mas de uma ação similar. Isso é chamado de
memória emotiva. Em sua própria experiência pessoal você teve uma ação semelhante à
qual correndo uma reação emocional. Volte à ação e às circunstancias específicas em
que esteve e lembre-se do que fez. Se você recordar o lugar, os sentimentos voltarão.
Muitos atores que não conseguem chorar em cena, usam a memória emotiva ou
até mesmo a técnica. Lembrar de um ente querido que faleceu, algo que era apegado e
teve que desapegar. Essas memórias estimulam o ator a chorar e trazer em cena a
emoção necessário. Ninguém precisa saber o que você está pensando, mas todos
precisam saber que você está sentindo dor e está triste. A ação irá mostrar ao público o
seu sofrimento, a ação de chorar. A sua memória emotiva fica guardada contigo.
EXERCÍCIO: 1) Texto: Fazer o texto com a emoção que achar e depois o professor
vai orientar dando uma emoção para cada um.
ATOR 2: - Estou.
ATOR 1: - Mesmo?
ATOR 2: - Sim.
ATOR 1: - Ah é?
ATOR 2: - E você?
ATOR 2: - Maravilha.
ATOR 2: - Legal!
ATOR 1: - E de mim? Você não sente minha falta? (T) Ai, desculpa. Parei.
ATOR 2: - 2kg.
ATOR 1: - É a roupa!
(Silêncio).
ATOR 2: - E a casa?
ATOR 2: - Eu ligo para você avisando quando eu for pegar o resto das minhas coisas, ta?
ATOR 1: Ok.
2) Texto PARA CASA: Trazer a emoção necessária para a cena.
ATOR 2: - Obrigado pelo convite, mas eu já disse para Julia que eu não vou por ir…
(Silêncio).
ATOR 1: - Meses já se passaram e nada justifica que você continue desse jeito.
ATOR 2: - Para você, talvez. Agora não cabe a você julgar o que eu sinto.
ATOR 1: - Eu não estou julgando ninguém, pelo contrário, é você que está me julgando
por um erro que cometi…
ATOR 2: - Um erro que destruiu muita coisa. Minha confiança por você, por exemplo.
ATOR 2: - É impossível, porque eu digo e repito que eu jamais teria feito uma coisa dessa
no seu lugar.
ATOR 2: - Mas você matou! Matou minha confiança, o amor que eu sentia e pra nada! Por
mero capricho!
ATOR 1: - Como assim por mero capricho? Do que você está falando?
ATOR 2: - Eu to falando da minha relação que você destruiu! As suas atitudes são infantis!
Eu não daria um passo em uma decisão daquele tamanho envolvendo a Julia para depois
amarelar e voltar para trás. O amor que eu sinto pela Julia é imenso, um amor que talvez
você não saiba o que é porque você não sabe amar, você usa as pessoas! Você é o
centro do universo! E até a atenção exagerada que a mamãe te deu a vida inteira, as
vezes eu me pergunto, se ela não cabia muito bem.
ATOR 1: - Eu não vou levar em consideração o que você está falando, você está
magoado.
ATOR 2: - Pelo visto você continua fazendo a mesma coisa, né? Só que a vítima dessa
vez é…
ATOR 1: - Presta atenção no que você vai falar. Tudo tem limite. E se o tom da conversa
for esse, eu vou embora.
ATOR 2: - Isso… Vai embora. Nem com uma conversa difícil você é capaz de bancar. Não
tem coragem, nunca teve. Vai embora e depois deixa que os outros arrumem o caos que
você deixou.
ATOR 1: - Escuta aqui! Quem você pensa que é para você subir nesse seu pedestal e vim
falar de coragem?
ATOR 1: - Da sua covardia. De ter abandonado a Júlia no momento que mais precisava
de você.
ATOR 2: - Eu não abandonei ela. Eu não tinha condições e ela é também a sua filha.
ATOR 1: - É melhor para quem? Melhor para você? Porque é muito fácil você apontar o
dedo na minha cara como se você fosse íntegra, como se você fosse certa.
ATOR 1: - Você é o centro do universo! Você virou as costas para a minha filha no
momento que ela mais precisava de você! Deixou ela sofrer, me rejeitar porque você se
afirmava a pessoa perfeita, né? Você me acusa de ter amarelado, de ter voltado na minha
decisão, mas fique sabendo que foi você que causou tudo isso quando se recusou a
tentar restabelecer uma amizade entre mim e a Júlia! Sabe pra que? Pra se vingar! Se
vingar do fato da Júlia sempre ter me amado.
ATOR 2: - Cala a boca! Cala a boca! Eu não sou obrigado a ouvir isso! Eu estou na minha
casa!
ATOR 1: - É obrigado sim porque essa casa deveria ser minha! Essa vida deveria ser
minha e a Júlia é a minha filha, não é sua filha! Eu só estou te chamando para essa festa
porque a Júlia pediu! Eu queria que a nossa amizade voltasse, mas quem não quer é
você!
(Ator 1 sai).
HISTÓRIA: Ator 1 e Ator 2 são irmãos. O Ator 1 sofreu um acidente após o nascimento da
filha e o Ator 2 tomou a decisão de cuidar da Júlia durante o período que o Ator 1 estava
em coma. Após anos, o Ator 1 sai de coma e sem querer destrói a relação atual do irmão
e por vingança, o Ator 2 usa a filha para atingir o Ator 1 e fazer com que a Júlia odeie o
Ator 1. A cena não envolve só esse subtexto. É uma lavagem de roupas de irmãos que
envolve desde a infância até o atual ocorrido. A Júlia considera o Ator 1 e o Ator 2 a
família dela. Os pais unidos que ela nunca teve.