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ARGUMENTO: Amor toxico

- Sessão de terapia, levanta e vai revivendo

PERSONAGENS:

Eva

Doutora

Pai

Mãe

Hibrido de cobra

(Duas cadeiras ao centro)


Toco a vida prá frente
Fingindo não sofrer
Mas o peito dormente
Espera um bem querer
Eva: Doutora algo tem me perturbado todas as noites e eu não consigo dormir direito. Tento
fingir que nada aconteceu, mas sempre quando repouso sobre o meu travesseiro esse mesmo
sonho volta para me assombrar. É como se fosse meu Bicho Papão particular.

Doutora: Entendo e como seria esse sonho?

Eva: Tem uma mulher (mãe se posiciona com um avental e uma faca preparando a comida) ela
parece estar com um objeto brilhante na mão não consegui identificar ao certo o que era e
tem um homem que parece estar meio mole.

Doutora: Certo. Essa mulher ela está em que local?

Eva: Parece uma cozinha. Pera parece a cozinha da minha antiga casa.

Doutora: Certo. E essa mulher você consegue me dizer se te lembra alguém?

Eva: Bom ela tem cabelos brancos, usa uma espécie de lenço na cabeça, tá com um avental e
parece estar fazendo comida. O cheiro parece muito com o da comida da minha mãe, há anos
não sinto essa sensação.

Doutora: Bom estamos chegando a um lugar (Mãe sai de cena). E esse homem mole você o
descreveria como para alguém?

Eva: (Entra Pai) Usa sempre a mesma touca preta, seu rosto está sempre sujo e ele fede a
bebida.

Doutora: Consegue me dar mais detalhes do rosto?

Eva: Infelizmente não doutora, é como se eu estivesse sempre de cabeça baixa quando
envolve ele (começa a demonstrar medo). (Pai olha fixamente para ela e sai)

Doutora: Certo. Acho que cheguei a um veredito, você lembra como sua mãe morreu?

Eva: Não doutora, não cheguei a ver. Só me recordo de ela e meu gritando na cozinha antes do
jantar.
Doutora: Entendo, acho que meu veredito estava certo. Olha vou utilizar de uma terapia
alternativa com você, já ouviu falar em Constelação Familiar?

Eva: Não Doutora.

Doutora: Pode entrar atores (Atores entram). Eva esses são meus amigos, eles vão representar
uma cena do seu sonho e você pode interferir a qualquer momento pois você quem dirigi-los.
Pode deixar fluir o que tiver que vir, pode até ser aqueles diretores fdp tipo o diretor famoso
de Bauru... Qual era o nome dele mesmo? (triangula) Edu Carriel.

Eva: Ok, eu aceito.


Doutora: Então vamos lá. Atores decidam entre vocês quem fará o que.
(Ator que interpreta a mãe vai até um canto de cena)
Mãe: Cadê a mardita da batata? Não dá pra fazer guisado sem a batata. O Zé! O Zé! José
Ramalho Neto! (Perdeu a paciência e sai jogando tudo da cozinha para cima).
Mãe: Onde será que esse homi colocou o raio da batata? O Zé! (Para para pensar) deve
estar fora de casa e vorta tarde denovo.
(Cobra entra em cena e senta na mesa do lado da mãe)
Cobra: Boa noite, Senhora Ramalho.
Mãe: (assustada apontando a faca) Quem é você e como sabe o meu nome?
Cobra: Sou um conhecido teu de muito tempo. Seu Marido é conhecido como Zé Ramalho,
não é?
Mãe: Sim, como sabe disso? Bruxaria! (Avança com a faca para cima da cobra)
Cobra: Sem perdão a bruxa. Ooooh! (Triangula) Opa musical errado.
Cobra: Eu abaixaria essa faca se fosse você, eu sei de coisas suas que ninguém mais
sabe. Além do mais isso não funciona comigo, sou apenas um estado mental.
Mãe: Ora sô, seu... seu... Lu...
Cobra: (Leva o dedo até a boca dela em sinal de silêncio) Shhh! Shhh! Eu não diria esse
nome em voz alta se fosse você. Mas agora doce Maria, vamos ao que interessa. Eu não
estou aqui para te machucar não.... Muito pelo contrário, que interesse eu teria em
machucar alguém tão bela e obediente como você?
Mãe: Veio fazer o que então? (ainda assustada e com a faca na mão)
Cobra: (Pega a faca da mão dela) Calma Santa Maria. Eu estou aqui para te ajudar, seu
marido o Zé tem te cansado cada vez mais né? Ele controla cada passo seu, como se
fosse uma marionete e ele não faz o mínimo por você... Como guardar uma batata no
lugar correto (tira a batata do local onde estava e coloca na frente da mesma)
Mãe: Mai num é possívi. Nunca contei isso a ninguém! Então ucê só podi ser eu mesma.
Ou pelu menus parte de mim.
Cobra: É por aí mesmo. Tenho te acompanhado a tempo o suficiente para dizer que por
exemplo o Zé te proibi de escutar músicas que não sejam superficiais e que inclusive o
rádio fica escondido quando ele sai.
Mãe: Sim, mas eu abaixo a cabeça por ter medo de que ele pode fazer.
Cobra: E ele tá conseguindo o que quer... Te tornar uma marionete fácil de controlar.
Mãe: Pera aí, num é bem assim
Cobra: A não é? Olha para como você deixou eu te tratar desde que cheguei. Pois é
Mãe: Mas eu quero mudar, o que poso fazer para isso?
Cobra: Bom... Ele não está aqui não é mesmo? (Pega o rádio atrás da porta e coloca na
mesa). Começa indo contra algumas coisas simples que ele impõe para você, fazendo
assim rapidamente você se tornará quem realmente é
Mãe: Tem razão, tenho que ser livre né (dá play no rádio. Toca pedaço de conserve o seu
medo. Cobra senta-se próximo a coxia)
(Pai entra cambaleando e com uma garrafa na mão)
Pai: Eu já não falei pra ucê não ouvir esse tipo de música?(gritando e puxa o rádio da
tomada)
(Cobra se aproxima da cena)
Mãe: Sim, mas cansei de ser controlada comu fantoche! Eu vou faze sim u que eu quisé! E
têm mais ucê, num presta nem pra guardar as compras, quem dirá mandar em mim!
Cobra: (Se aproxima do Pai) Vai deixar ela falar assim com você? Faz alguma coisa seu
FROUXO. Sei lá dá com o cabo do rádio na mesa, ela é medrosa mesmo.
Pai: (Bate com a mão na mesa) Cala a porra da boca! Sou eu quem sustento essa casa e
não vou tolerar esse desaforo!
Cobra: (Vai até Eva) Manda eles pararem. Você sabe muito bem o que acontece a partir
daqui
Eva: Não vai me fazer bem esse processo (entra na cena) Mamãe, Papai está tudo bem?

Há um brilho de faca
Onde o amor vier
E ninguém tem o mapa
Da alma da mulher
Ninguém sai com o coração sem sangrar
Ao tentar revê-la
Um ser maravilhoso
Entre a serpente e a estrela

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