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Amor Patológico: sofrimento ou norma?

Resumo

Com o surgimento de novas doenças mentais como “Amor Patológico”


caracterizadas pela adicção comportamental renasce também o debate em torno da
medicalização da vida. Este artigo faz uma revisão bibliográfica sobre a disputa de
concepções sobre a produção de novas doenças mentais relacionadas a sexualidade,
gênero e violência. De um lado a psiquiatria e um olhar centrado na biologia e
neurociência e de outro lado um olhar sociológico e antropológico do fenômeno.
Assunto delicado e complexo que precisa ser compreendido sob os diversos olhares dos
múltiplos atores que o compõe.

Palavras-chave: Amor patológico; Ciúme patológico; Medicalização; violência


doméstica.

Introdução

Quando se fala em medicalização, mais do que o fenômeno mesmo


sociologicamente estudado a correlação mais rápida que se faz é do debate sobre a
medicalização da educação e da infância. Isto porque a partir do DSM-IV (Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) passou-se a reconhecer Transtornos
do Espectro Autista e os Trasntornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
como doenças mentais. Houve uma explosão diagnóstica desses transtornos no mundo e
uso de psicotrópicos por crianças como nunca havia acontecido antes (Frances, 2016).

A partir disso vários foram os trabalhos sobre o assunto. Dos mais recentes deles
Beltrame, Gesser e Souza (2019) faz uma análise histórica sobre os processos de
medicalização no Brasil. Firbida e Vasconcelos (2019) em esforço semelhante e
também debruçando-se sobre o tema da medicalização na educação buscam fazer um
resgate histórico entre as alianças e influência da medicina sobre a psicologia no Brasil
e sobre a escola, norteado centralmente pelo movimento higienista brasileiro. Houve
também a formação de um Fórum Sobre Medicalização da Educação e da Sociedade 1,
assinado por diversas entidades o CFP (Conselho Federal de Psicologia), o CNTE
(Conselho Nacional dos Trabalhadores em Educação) entre outros conselhos,
sindicatos, Faculdades e políticos. Integrantes do fórum organizaram um livro que
debatem o assunto Viegas (2014).

Contudo, com o protagonismo de pesquisadoras e pesquisadores brasileiros do


Instituto de Psiquiatria da USP na criação e validação da nova doença mental “amor
patológico” e a construção de serviços de referência em atendimento a pessoas
portadoras de adicções comportamentais, entre elas amor e ciúmes patológicos pelo
PRO-AMITI (Programa Ambulatorial Integrado dos Transtornos do Impulso), há uma
renovação desse debate sobre medicalização, que agora ampliada e centrada na área dos
relacionamentos amorosos e questões de gênero.

Este artigo tem como objetivo fazer uma breve apresentação desse novo embate
científico sobre medicalização e a criação de novas doenças mentais ligadas aos
relacionamentos amorosos em que concepções são criadas e questionadas formando
reflexões necessárias e o enriquecimento da produção de conhecimento. Para isso foi
realizada uma revisão de literatura sobre o tema. Em uma primeira parte é realizado
debate sobre medicalização e o uso de novas categorias psicopatológicas baseadas na
adicção comportamental, aquela que não é resultante da dependência de substâncias. A
definição e características que compõem amor e ciúme patológicos foram desenvolvidos
a seguir e, posteriormente, as críticas e controvérsias que foram suscitadas a partir da
criação e uso dessas novas doenças mentais.

Medicalização e psiquiatria: um assunto dos nossos tempos.

A medicalização é um fenômeno da modernidade que consiste em transformar


experiências consideradas indesejáveis ou incômodas que fazem parte do cotidiano e da
1
Site do Fórum Sobre Medicalização da Educação e da Sociedade em http://medicalizacao.org.br/,
acessado em 10/07/2019.
vida das pessoas em objeto de ordem e práticas médicas, em decorrência de um
conjunto de fatores entre eles políticos, morais, sociais. (Freitas e Amarante, 2015.) A
medicalização das emoções e do sofrimento humano, como os processos de
medicalização em geral, é o resultado da convergência de diferentes atores que vão
desde a indústria farmacêutica e a produção de tecnologias, com os seus interesses em
expandir o consumo de seus produtos (medicamentos, exames, técnicas terapêuticas),
como também pesquisadores e cientistas que dão o argumento e suporte científicos para
o processo de medicalização, os seguros de saúde, escritórios de advocacia e grupos de
pacientes e familiares que lutam pela medicalização, segundo Freitas e Amarante
(2015).

O que é considerado como uma doença mental em nossa sociedade? Como que
algo vira doença? A história da psiquiatria moderna está atrelada a construção de
diversos modelos classificatórios das doenças mentais. A classificação dos chamados
Transtornos Mentais é a base da construção da psiquiatria e é também pilar do processo
de medicalização.

A Associação Americana de Psiquiatria (APA) hoje é a principal entidade


responsável pela criação de novas doenças mentais. Respeitada no mundo inteiro, criou
o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o conhecido DSM. Este
manual tem direcionado a política global de saúde mental determinando o que é saúde e
doença e influenciando as categorizações de outros manuais. As doenças são debatidas e
votadas por um conjunto de psiquiatras americanos que determinam o que será ou não
publicado no DSM. Considerada como bíblia da psiquiatria o DSM já está em sua
quinta versão e a cada dia há mais controvérsias e contestações sobre a inclusão de
novas doenças mentais em seu manual e sobre o processo de escolha dessas doenças.

A publicação da quarta versão do DSM, o conhecido DSM-IV, incluiu Autismo


e Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH). Seguiu-se o que France (2016) chama de
inflação diagnóstica. Allen France é o psiquiatra da APA responsável pelo que foi
publicado no DSM nas versões DSM-III, DSM-IIIR e DSM-IV e admite que depois da
publicação do DSM-IV a categorização do autismo e do TDAH abriu espaço para uma
falsa epidemia dessas doenças. Em sua defesa, France diz que resistiu a criação de
muitas outras doenças e que o lobby de grandes grupos de médicos e da indústria
farmacêutica é forte. Diz ainda que no caso do TDAH e autismo não havia como prever
que haveria o desvio de uso das categorias diagnósticas. France diz que a inflação
diagnóstica foi efetuada por uma série de forças externas de poder que utilizou métodos
astuciosos para estimular o seu mau uso. O resultado da falta de controle de como as
categorias médicas são utilizadas gerou um crescimento explosivo do uso de drogas
psicotrópicas e lucros exorbitantes para a indústria farmacêutica.

Esse processo de medicalização se aprofunda com a publicação do DSM-V, que


incluiu muitas outras novas doenças. Allen France (2016), então, decide se posicionar
sobre essa controvérsia na psiquiatria alertando que o novo manual pode ser responsável
por muitas outras novas falsas epidemias. Dentre elas, a que vamos debater aqui neste
artigo, as adicções comportamentais. No caso do nosso estudo nos interessa os novos
transtornos mentais chamados de amor patológico e ciúme patológico e o impacto delas
na vida das mulheres, especialmente das mulheres vítimas de violência doméstica.

Adicção: comportamento normal ou vício irremediável?

A ideia de que o comportamento compulsivo pode equivaler ao uso compulsivo


de substâncias pode parecer algo válido, interessante, mas não há comprovação
científica segura que prove isto, segundo France (2016), sendo assim uma justificativa
prematura para embasar a enorme ampliação diagnóstica que é a inclusão dos
comportamentos compulsivos. Allen diz que o conceito mesmo de adicção está sendo
usado erroneamente até mesmo com usuários de droga. Qualquer pessoa que faz uso
frequente de substâncias tem sido chama de adicta, quando o termo surgiu para
caracterizar pessoas que fazem o uso compulsivo de substâncias, contra a sua vontade,
reconhecendo que não consegue parar o uso ainda que este não faça mais sentido algum
em sua vida e traga grandes transtornos. Em relação a isso France diz

O conceito de “adição comportamental” tem o defeito básico de insinuar que


todos somos “adictos comportamentais”. A busca do prazer repetitivo faz
parte da natureza humana e é demasiado comum para ser considerada um
transtorno mental. Milhões de novos “pacientes” poderiam ser criados por
decreto, medicalizando toda forma de interesses apaixonados e dando a
desculpa do “papel do doente” pelo hedonismo impulsivo. Posso imaginar a
legenda da charge revista New Yorker: “Desculpe, amor, não resisti a (o
leitor preenche a lacuna). O médico disse que não é culpa minha: sou adicto.”
A responsabilidade individual talvez não sobreviva ao choque. (p.226, 2016)

France (2016) defende ainda que a nossa sobrevivência como espécie depende
dos centros cerebrais de prazer de curto prazo, que estão relacionados a comida e sexo.
O mundo moderno oferece oportunidades tentadoras que só passaram a existir muito
recentemente na história evolutiva da humanidade. Por isso é tão difícil resistir a essas
tentações. É um desafio da atualidade equalizar a alta expectativa de vida e o
planejamento com os prazeres que garantiram a manutenção da espécie. France também
diz que não há evidências suficientes de pesquisas seguras que garantem que o
comportamento de fato produz alterações equivalentes ao uso de substâncias. Essas
críticas no interior da corte de psiquiatria mundial são importantes pois fazem frente a
principal argumentação da criação da adicção comportamental, a de que na química
cerebral o vício em determinado comportamento equivale ao vício em uma substância.

O psiquiatra considera que seria interessante essa ideia de compulsão


comportamental se fosse possível garantir que apenas pessoas que repetem o
comportamento incontáveis vezes ainda que não haja recompensa imediata, mas sim
punições extremamente severas fossem diagnosticadas. Essa ausência total de valor da
própria vida seria a justificativa viável para definir uma doença mental de uso muito
restrito. Mas não há garantias dessa aplicação e sim o risco de se diagnosticar
erroneamente ao atrapalhar repetição compulsiva e desagradável com
autocomplascência impulsiva. Por fim, France alerta que o DSM-V abriu as portas para
novas falsas epidemias e novas doenças mentais de construção duvidosa ao incluir a
adição à internet como um transtorno mental. A difícil tarefa de traçar o limiar entre o
uso “normal” das tecnologias que já fazem parte da nossa vida de forma intensa e
irreversível pode levar a designar como doentes todas as pessoas. E concui que tratar os
problemas atuais através da redução a um problema médico não é a melhor solução, há
outras formas de pensar o problema de forma não medicalizante e mais efetiva, com
políticas públicas e pensando essas questões como de ordem social e cultural.

Amor e ciúme patológicos: novas leituras sobre o sofrimento amoroso.

Pesquisadores psiquiatras e psicólogos do Instituto de Psiquiatria da USP,


através de trabalhos de pesquisa desenvolvidos no Programa Ambulatorial Integrado
Dos Transtornos do Impulso (PRO- AMITI)2, estudam e caracterizam transtornos
mentais que nomeiam como transtornos do impulso. A impulsividade, defendem eles,
característica normal que nos faz agir de forma rápida e impensada, quando vivenciada
de forma inadequada, a partir de uma perda de controle sistemática pode causar
transtornos como transtorno Borderline, Transtorno de déficit de atenção, e outros
transtornos como Amor e Ciúme patológicos, jogos, dependência de comida,

2
https://www.proamiti.com.br/, Site do PRO-AMITI com informações básicas sobre as pesquisas,
doenças mentais e serviços oferecidos pelo grupo. Acessado em 11/06/2019.
cleptomania, compras compulsivas, impulso sexual excessivo, entre outras (Abreu,
Tavares e Cordás, 2007).

A categoria amor patológico designa um transtorno mental que se caracteriza por


prestar atenção e cuidados excessivos e sem controle ao parceiro em um relacionamento
amoroso e geralmente acontecem acompanhados de baixa autoestima, sentimentos
difusos de rejeição e abandono e raiva. A característica central de amor patológico, no
entanto, que diferencia dos relacionamentos normais é a centralidade que o cônjuge tem
na vida, deixando de importar outros aspectos fundamentais para a vida em sociedade
como família, trabalho e amigos (Sophia, Tavares e Cordás, 2008).

Córdas e Sophia (2018) definem a personalidade de alguém portadora de amor


patológico como impulsiva, acentuada autotranscendência e baixo autodirecionamento.
A impulsividade elevada em pessoas com amor patológico geralmente é observada por
escolhas tomadas muito rapidamente e sem planejamento. Pode ser a escolha
precipitada de parceiros ou a tomada de decisão por um casamento ou união, sem o
tempo necessário para maturar a escolha. A perda da identificação de limites entre as
mulheres e seus parceiros e a ideia de fusão com o ser amado está associada a
autotranscendência, que é a crença em uma espiritualidade, em uma divindade em algo
transcendente. Como também há a dificuldade de estabelecer e executar metas e tarefas
referentes às necessidades pessoais havendo, assim, um baixo autodirecionamento.

Neste trabalho mais recente Córdas e Sophia (2018) descrevem seis


características de amor patológico. São eles: apresentar sintomas de abstinência quando
o parceiro está longe como insônia, taquicardia, tensão muscular, intensa agitação ou
excessiva lentidão; cuidado excessivo com os interesses do parceiro que passam a ter
uma prioridade maior do que as da própria pessoa; falta de controle de si quando tenta
diminuir a atenção dada ao parceiro e suas demandas; grande gasto de energia
elaborando e executando técnicas de controle do outro; abandono de interesses e
responsabilidade como o cuidado com filhos, convivência com amigos ou abandono de
compromissos de trabalho; por fim, não conseguir mudar os comportamentos ainda que
saiba que estes a prejudica.

Os autores também dão uma explicação biológica (neuroquímica) para a


ocorrência de amor patológico. Para eles, o relacionamento amoroso pode ser dividido
em três fases. Cada uma delas com a preponderância da atuação de um composto
químico. A primeira fase, a da atração sexual, há atuação da testosterona. A paixão é a
segunda fase em que a dopamina promove a sensação de prazer e bem-estar inerente ao
apaixonamento, a norepinefrina provoca aumento dos batimentos cardíacos e exaltação
ao ver o parceiro. A terceira fase é onde há o fortalecimento do vínculo amoroso com a
ação da ocitocina hormônio da fidelidade e monogamia, que é liberada a partir do
contato físico amoroso e a vasopressina responsável por determinar a preferência em um
determinado parceiro. Córdas e Sophia (2018) acreditam que na ocorrência de amor
patológico há a fixação na fase da paixão, em que reinam o prazer com a presença do
ser amado e o descontrole do sentimento devotado ao parceiro.

As pesquisas foram desenvolvidas no serviço de atendimento para tratar amor


patológico no Programa Ambulatorial Integrado Dos Transtornos do Impulso (PRO-
AMITI). Foi dessa experiência de atendimento que surgiram os principais trabalhos
sobre o tema que caracterizam e delineiam a nova doença mental, suas principais
características, causas e comorbidades. Porém há também atendimento especializado já
em funcionamento e atendimento em amor patológico (reconhecido pelo grupo de
psiquiatras do AMITI) na Santa Casa de Misericórdia no Rio de Janeiro. Este é o único
programa de atendimento em amor patológico que está no guia sobre amor patológico
lançado recentemente pelo grupo do AMITI (Córdas e Sophia, 2018) e já citado aqui
anteriormente. Porém uma busca rápida na internet revela que já há inúmeros
profissionais da psiquiatria e da psicologia atuando e se identificando como
especialistas em atendimento e tratamento de amor e ciúme patológicos.

Entretanto, a concepção de adicção em um parceiro não é uma construção


originária dessas pesquisadoras e pesquisadores do Instituto de Psiquiatria da USP, mas
foi incorporada a partir da influência do que já havia sido construído pelo grupo de
terapia leiga Mulheres que Amam Demais Anônimas (MADA) 3. Esse grupo surgiu
como uma adaptação ao AA (Alcóolicos Anônimos) e baseado no livro Mulheres que
Amam Demais de Robin Norwood, terapeuta americana que propôs tratar o vício em
amar alguém que produzia sofrimentos da mesma maneira que era feito com o vício em
bebidas alcóolicas.

O grupo Mada começou no Brasil em abril de 1994, em São Paulo, ganhou


popularidade quando foi retratada na novela “Mulheres Apaixonadas” na Globo em
2003, e hoje já possui muitos grupos espalhados pelo país. Robin Norwood (2005)
3
Site do grupo MADA, https://grupomadabrasil.com.br/, acessado em 14/06/2019.
concebe que amar demais acontece quando uma mulher ama alguém que a faz sofrer, e
não consegue se desprender desse relacionamento ou desse modo de amar. É também
Norwood (2005) que correlaciona “amar demais” com a adicção a substâncias,
considerando vícios correlatos. Defende que a mulher que ama demais tem como causa
uma infância em que não teve suporte emocional da família “desestruturada”, sendo
assim desenvolvido um tipo de apego inseguro que acarreta na vivência de
relacionamentos amorosos destrutivos na idade e adulta. Norwood (2005) já dizia que
há a tendência de pessoas que “amam demais” em se relacionar com pessoas adictas a
outras substâncias como álcool e drogas. Todos esses argumentos foram adotados pelos
pesquisadores e compõe também a delimitação de amor patológico (Abreu, Tavares e
Cordás, 2007; Sophia, 2008; Sophia, 2014; Cordás e Sophia, 2018). Mas a contribuição
MADA ao amor patológico não se resume a estruturação conceitual da doença. Embora
relatem nos estudos que a participação da pesquisa foram vivenciadas por pessoas que
foram selecionadas a partir de uma convocatória realizada em jornais através da internet
(Sophia. 2008, 2014), houve uma participação considerável de pessoas frequentadoras
do MADA nos estudos que embasaram a construção de amor patológico (Ferreira,
2012) que ocorreram no AMITI. E apesar do trabalho cuidadoso dos pesquisadores que
constroem amor patológico em delimitar as diferenças entre este e a codependência
(maneira como as madas chamam a patológia associadas ao vício de amar alguém que
as faz sofrer), os grupos MADA são citados no guia sobre amor patológico como
referências para o tratamento, além dos ambulatórios do AMITI, em São Paulo, e da
Santa Casa de Misericórdia no Rio de janeiro.

Ciúme patológico4 é definido pelos pesquisadores do AMITI como conjunto de


pensamentos, emoções e preocupações exageradas e irracionais, associadas a
comportamentos inaceitáveis ou extravagantes, nos quais o tema predominante é a
possível infidelidade do parceiro. Geralmente esses comportamentos se manifestam
como suspeitas e perseguições através de vigilância exarcerbada na busca de evidências
sobre traições, atitudes violentas física e verbalmente contra o parceiro, fortes
sentimentos de raiva, medo, tristeza e culpa. Tudo isso leva a angústia e prejuízos nas
relações interpessoais e manifestações físicas equivalentes a abstinência de dependência
química.

4
Informações retiradas do site do AMITI https://www.proamiti.com.br/amoreciume?in=slide2,
acessadas em 01/07/2019.
Não há uma produção tão desenvolvida e consistente pelo grupo de
pesquisadores do AMITI sobre ciúme patológico quanto o que já foi escrito sobre amor
patológico, que já conta, além dos artigos, com dissertação e tese (Sophia 2008, 2014) e
livro guia para profissionais e pacientes (Córdas e Sophia, 2018). Talvez porque, ao
contrário do amor patológico, o ciúme patológico já está incorporado aos manuais de
transtorno mental DSM-IV, DSM-V e CID-10 como um subtipo do transtorno delirante,
diferente de amor patológico que ainda não é reconhecido como um transtorno mental.

Entretanto, no livro de “Como lidar com o amor patológico” Cordás e Sophia,


(2018), diferenciam amor de ciúme patológico. Enquanto que pessoas portadoras de
amor patológico têm medo de serem abandonadas, possuem sintomas depressivos, são
muito tolerantes as violências sofridas, estabelecem vínculo excessivo com o parceiro,
priorizam o outro ao invés de si mesmos e são impulsivas. Pessoas com ciúme
patológico tendem a abandonar seus parceiros, estabelecendo relacionamentos curtos e
sem vínculo emocional. Possui dificuldade de confiar no outro, tem como base de suas
relações jogos de sedução e age de forma menos impulsiva e mais planejada. Pessoas de
amor patológico tendem a sofrer violência do parceiro, ao passo que pessoas com ciúme
patológico tendem a cometer violência contra seus parceiros.

Almeida, Silva e Rodrigues (2008) diferenciam o ciúme romântico, inerente a


natureza humana e que está presente nos relacionamentos em maior ou menor grau,
principalmente os relacionamentos amorosos, o ciúme, nesse sentido, é o medo de
sermos dispensáveis a quem amamos. Contudo, o ciúme patológico, segundo os autores,
diferencia-se por ser um medo profundo de perder a pessoa amada, a partir de crenças e
desconfianças infundadas e irracionalidade não apenas na forma de pensar, mas também
nos comportamentos, gerando uma inadequação social acentuada. Os autores concluem
que os incômodos produzidos pelo ciúme, seja ele patológico ou não são sinalizações
importantes sobre como as pessoas estabelecem as relações afetivas com o outro e
consigo e que, havendo desconfortos, o melhor é procurar ajuda especializada.

Freire (2016), em sua dissertação sobre ciúme patológico em neuropsiquiatria,


associa ciúme patológico a violência contra a mulher. Freire diz ciúmes geralmente é a
principal justificativa de homens que cometeram crimes contra mulheres e que apenas
4% das pessoas diagnosticadas com ciúme patológico preenchem os critérios
estabelecidos pelo DSM-V como condicionantes diagnósticos. Sobre a definição de
ciúme patológico Freire diz
O ciúme é patológico quando o indivíduo tiver convicção absoluta de que o
parceiro está sendo infiel e o ciúme desencadeado pela infidelidade atual é de
tal intensidade que deixa o indivíduo perigosamente agressivo
(CARVALHO; BUENO, 2008). O sentimento de ciúme é intenso e
desproporcional em indivíduos muito possessivos e inseguros podendo ser
eventualmente difícil de diferenciar do delírio de ciúme. O ciúme patológico,
nesse sentido, pode ser tanto um verdadeiro delírio ou, em muitos casos,
apenas uma ideia prevalente (superestimação afetiva) com temática de
ciúmes. Pode ocorrer em todas as psicoses, mas é mais característico no
alcoolismo crônico e no transtorno delirante persistente. Pacientes com
intensa atividade delirante do tipo ciúme não raramente cometem violência
física ou mesmo homicídio contra o suposto traidor ou traidora
(DALGALARRONDO, 2008). (p.20, 2016).

Embora Freire (2016) contribua com o processo de medicalização (tomando


medicalização aqui como transformação em problema médico questões de origem
social, político e cultural) esse processo se diferencia por não apresentar como
causalidade médica da patologia distúrbios neuroquímicos, mas apresentar como algo
mais amplo e complexo que precisa ser tratado de forma interdisciplinar. Freire diz

Encontrou-se ecos perfeitos em estudos sobre autonomia, poder, dominação,


e sobretudo violência, e transferiu-se para o contexto psiquiátrico e
psicanalítico. O resultado é apresentado de modo a que a compreensão dos
fenômenos saúde e doença, violência e gênero, sob uma visão mais humana,
contemplem várias possibilidades e que possam ser remetidas à clínica
psiquiátrica agora com uma reflexão mais completa desses fenômenos do
amor e da patologia, e tal se conclui, se consegue notar mais o doente que a
doença, uma visão mais abrangente do problema no ponto de vista médico
psiquiátrico. (p.42, 2016).

É essa fronteira entre a dor psíquica e as questões que compõem as relações


humanas que está sendo posta em questão. Sofrimento, amor e ciúmes são sentimentos e
experiências inerente as relações amorosas, mas as relações amorosas são atravessadas
por sentidos sociais, culturais e políticos. Como ler, dar sentido aos sentimentos e o
sofrimento na vida talvez é o que esteja em disputa. Ciúmes e amor são questões da
esfera médica? É necessário criar novas categorias patológicas para dar conta de antigos
problemas humanos que já eram tratados nas clínicas psicológicas e psiquiátricas? Não
é sem resistência que essas novas doenças mentais estão sendo criadas. Especialidades
da psiquiatria, amor e ciúmes patológicos entram no debate da medicalização da vida já
anteriormente inaugurado por outras doenças como autismo e TDAH (Viégas, 2014).
Da mesma forma, essas novas produções científicas estão sendo questionadas e
debatidas em sua eficácia e pertinência.

As controvérsias e resistências a ciúme e amor patológico.


Silva (2017) conceitua “rede de medicalização do amor” referindo-se a uma
aliança entre os grupos MADA, o ambulatório de atendimento da Santa Casa de
Misericórdia no Rio de janeiro e o que chama de produção erudita sobre o “amor
patológico” dos profissionais da psiquiatria que integram o “Ambulatório Integrado de
Transtorno do Impulso” (AMITI) vinculados à Faculdade de Medicina da USP, onde
funciona o “Ambulatório de Atendimento ao Amor e Ciúme Patológicos”. Essa rede se
constitui a partir da troca e compartilhamento de saberes, práticas e valores e pessoas
entre psicólogos, psiquiatras e pessoas dos grupos de ajuda mútua.

Silva observa que as categorizações “amor patológico” e “amor demasiado” são


um esforço interpretativo regulador da conduta humana inserido em um processo de
normalização vinculados a organização da família. Ainda que em sua caracterização
seja o que a autora chama de “inadequações sociais” produzidas por fatores biológicos,
psicológicos e sociais, é dado uma explicação biologizante (conceituações
neuroquímicas próprias do contexto médico atual) restrita basicamente a patologização
da mulher, já que é considerado um transtorno especialmente feminino. Essa aliança que
forma o que a autora chama de “rede de medicalização do amor” faz parte do processo
de medicalização do sofrimento humano e tem como objetivo ser reconhecido e inserido
no DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), como foi revelado
pelo presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, salienta Silva (2017). E sobre
esse processo de adequação da mulher às normas a partir do processo de medicalização
Silva conclui

Aqui vemos, a respeito do que chamei de ‘medicalização do amor’, não


somente a biologização do comportamento, mas o engajamento com ideais
morais próprios à instituição do individualismo, tais como “autonomia”,
“igualdade” e “liberdade”. Enquanto, no século XVIII, até meados do século
XX, as mulheres eram patologizadas por não corresponderem ao ideal de
mulher que pressupunha uma esposa e mãe submissa e dedicada, hoje estão
sendo patologizadas por não corresponderem ao ideal de indivíduos livres,
iguais e autônomos, o que confere historicidade à “patologia” de “amar
demais”. Ou seja, quando as configurações sociais e expectativas da
performance de gênero se transformam, também se transformam os discursos
e problemas médicos. Assim, vemos problemas sociais sendo tratados como
individuais, psicológicos e não como fruto de determinada organização
sociocultural. (p. 10 e 11, 2017).

A pesquisa de Peixoto e Heilborn (2016) sobre as mulheres que amam demais


(madas) corrobora com o pensamento de Silva (2017) na medida em que afirma que as
madas sofrem buscando ajustar-se as exigências sociais de como deve ser um
relacionamento amoroso (envolvendo questões de posição social, financeiras e
expectativas sobre a formação de um núcleo familiar tradicional) diante do dilema entre
o novo modelo igualitário de relação em que a mulher precisa ser livre e o modelo de
família tradicional. Peixoto e Heilborn, porém, registram que em suas pesquisas a
violência doméstica surge como resultado dos conflitos e inadequações do casal e que
geralmente, quando há denúncia das violências, são feitas tardiamente após muitos
episódios de agressões. As autoras expõem que a pesquisa sobre o MADA e as
mulheres que amam demais apontam a necessidade de que haja políticas públicas
voltadas para a prevenção da violência doméstica. E concluem

A análise das entrevistas aponta como o fenômeno das "mulheres que amam
demais" se insere em um contexto cultural regido pelo ideário individualista,
produtor de uma concepção moderna de pessoa. A antropologia das emoções
desconstrói o conceito de que os sentimentos são próprios de uma
subjetividade inata, ao demonstrar o quanto estão subordinados às relações
sociais em que emergem. A perspectiva relacional de gênero conduz a análise
do material, evidenciando as formas como as condições culturais modelam a
conjugalidade heterossexual e a construção do "amar demais". (p. 60, 2016)

Fabeni (2015), ao abordar a permanência das mulheres em relacionamentos


abusivos, apresenta dados de pesquisa que mostram que as principais justificativas das
mulheres para não denunciarem seus agressores são: Medo do agressor 74%,
dependência financeira 34%, preocupação com os filhos 34%, vergonha da agressão
26%, a impunidade do agressor 23%. Desta forma, as autoras defendem de que taxar a
mulher que permanece no relacionamento de louca, dependente ou frágil só reforça
estereótipos que não representam os verdadeiros motivos da manutenção do vínculo
com o agressor. Para além do silenciamento de questões importantes a serem
enfrentadas por mulheres que sofrem violência doméstica, Fabeni também alerta que
este tipo de estigmatização contribui para o descrédito na palavra da mulher
denunciante, tendência já presente no sistema jurídico. Sobre isso Fabeni coloca que

Isso foi corroborado pela Relatora Especial de Violência contra as Mulheres


das Nações Unidas que aponta, dentre os fatores que dificultam o acesso à
justiça pela mulher em situação de violência: o preconceito dos órgãos da
justiça e dos juízes e juízas sobre o tema violência de gênero, o medo e as
inibições que sofrem as mulheres em suas demandas judiciais e a falta de
grupos de promoção poderosos que apoiem as suas demandas de justiça
(Mello, 2012). Para Minayo, Abdala e Silveira (2011), não basta à mulher ter
consciência de que precisa denunciar, é necessário investir num trabalho de
conscientização daqueles/as que devem apoiá-la na sua tentativa de saída da
situação de violência. Muitas vezes a ânsia de punir do sistema penal é tão
grande que faz com que se ignore a vontade das mulheres. Segundo Larrauri
(2008), o sistema somente trabalha com a lógica do castigo, desqualificando
qualquer outra demanda da mulher que não seja punir, como por exemplo, se
separar ou até reatar a reação. Ele não sabe lidar com estas demandas,
alimentando a ideia da mulher como irracional e justificando a escolha da
mulher através de discursos como os da dependência afetiva. (...)Essa
produção discursiva sobre a dependência afetiva ignora muitas vezes as
questões de gênero e reforça representações sobre o que Foucault (2005)
chamou de "histerização do corpo da mulher". Os discursos sobre
dependências e os programas de recuperação podem se relacionar ao que o
autor chama de vontade de saber e de verdade. A importância da "verdade"
seria para justificar a interdição e definir a loucura. Essas estratégias de
normatização das condutas têm nos aspectos relacionados à sexualidade seu
lugar privilegiado, difundindo-se "receitas para a vida". (p.39 e 44, 2015).

Assim como o movimento contra a medicalização que surgiu a partir do


questionamento dos diagnósticos de TDAH e Transtornos de Espectro Autista, as
críticas que surgiram contra a construção de amor patológico têm como principal
argumento a utilização da construção patológica como forma de estabelecer regras de
normalidade e conduta moralmente adequadas à época. A doença mental é vista, assim,
como instrumento normatizador que determina as regras e meios de adequação à vida
social.

Porém, há aspectos que surgem de modo peculiar quando se trata de amor e


ciúme patológico. O primeiro é que ao tratar sobre o problema de relacionamento
amoroso não há recorte de um grupo possível. Relacionar-se é algo inerente a
experiência humana, assim como o afeto e o sofrimento intrínsecos a esta experiência.
Um segundo aspecto a ser observado é o vasto debate que envolve as questões de
gênero. Desde de como pesquisadoras e pesquisadores concebem as categorias e as
utilizam para delimitar o problema estudado até as consequências desse uso na pesquisa
nas concepções de gênero da forma como é tratada na sociedade. E por fim, uma
questão que está correlacionada com a anterior, de como a construção e uso dessas
doenças mentais afetam as concepções acerca da violência contra as mulheres e outros
grupos minoritários não problematizados neste artigo, como as pessoas LGBTQI+.

Considerações finais

A noção mesma de medicalização como é concebida em saúde mental que


entende medicalização como uma apropriação pela medicina de algo que originalmente
é social, moral, cultural ou político pode ser interpretada como sinônimo da produção de
uma ilusão de algo enganoso ou forçado. Isto acontece pois marca como sendo algo de
fora da medicina, mas que foi incorporado artificialmente. Essa interpretação ganha
força quando a medicina localiza a causa dos transtornos de adicção comportamental,
como amar demais, em desequilíbrios neuroquímicos, construindo uma argumentação
biológica para questões tidas por outras áreas científicas como construções
socioculturais.

Neste sentido, Freire (2016) dá um novo sentido ao processo de medicalização


quando argumenta que, embora os fenômenos sejam multicausais e interdisciplinares a
psiquiatria pode ser uma aliada na medida em que consegue identificar comorbidades
(doenças associadas) que auxiliam a dirimir os problemas causados por distúrbios como
o ciúme. Porém, também Freire alerta a correlação de ciúme patológico com os casos de
violência doméstica.

A violência contra mulheres não é uma questão orgânica, mas um problema


social que requer enfrentamento com políticas públicas. Um desafio que deve ser
enfrentado por toda a sociedade pela sua gravidade e caráter interdisciplinar. Da mesma
forma que estar submetida a um relacionamento violento não pode ser considerado um
problema de origem em uma desordem biológica ou neuroquímica. Cordás e Sophia
(2018) reconhecem que pessoas portadoras de amor patológico estão mais propensas a
cometer violência contra si mesmas (e isto representa centralmente permanecer em um
relacionamento violento), mas não citam em seus estudos nada sobre relacionamentos
abusivos ou violência doméstica como questões que de alguma forma estão associadas
aos relatos de pessoas que sofrem de amor patológico. Questões que frequentemente
aparecem nos estudos sobre as mulheres que amam demais (MADA), principal público
associado a nova patologia de amor patológico (Peixoto e Heilborn, 2016; Gonzalez,
2012; Olégário 2010; Silva 2008).

A crítica de Fabeni (2015) ao uso de categorias médicas como amor patológico


não diz respeito a questões conceituais sobre causas ou sobre a construção dos critérios
clínicos diagnósticos, mas do uso dessas categorias patológicas fora da medicina, mais
especificamente nos processos jurídicos sobre violência contra a mulher. Fabeni alerta
que a justificativa de que a mulher não consegue se desvincular do agressor porque o
ama pode silenciar outros importantes fatores que fazem com que a mulher permaneça
no relacionamento abusivo sem formalizar uma denúncia contra o agressor como medo,
dependência financeira e ineficiência da polícia e justiça para proteger a vítima e
resolver os casos de violência.
Esse alerta de Fabeni de que o diagnósticos médicos podem alicerçar um
discurso de descrédito da palavra da vítima em um sistema de justiça que já tende a
trata-la com suspeição deve ser tratado como uma importante sinalização sobre o tema.
Em um país em que há níveis elevados de violência doméstica existir duas doenças
mentais, uma que caracteriza o homem agressor e potencialmente homicida enquanto
um doente mental (ciúme patológico) e a mulher vítima de violência doméstica também
como doente mental (amor patológico) pode influenciar na forma como a lei Maria da
Penha é concebida e aplicada.

A questão da medicalização e a aplicação de medidas preventivas e protetivas


em casos de violência doméstica deve girar em torno de que não basta haver suporte
psicológico e eventualmente psiquiátrico a agressores e vítimas, mas também que isso
só não basta e tão pouco deve ser o central nesses casos. Debater o uso de novas
categorias psiquiátricas nesse contexto é importante para reconhecer a importância e
limites da atuação médica nesses casos, como também que tipo de políticas públicas
deverão ser consideradas efetivas e prioritárias para a construção de uma sociedade mais
segura e menos violenta.

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