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O texto descreve que nas últimas décadas aumentou o uso de drogas ditas
sintéticas, pela oferta de novas modalidades mais baratas e facilitarem o consumo
para os usuários de diferentes classes sociais. Além disso, nos últimos anos não só
se restringe a compulsão ao consumo de drogas, mas se propagou para outras
práticas compulsórias como comida, computador e internet, etc. A compulsão numa
leitura psicanalítica é a tentativa realizada pelo sujeito para desembaraçar e assim
elaborar uma experiência da ordem do trauma, então seria essa experiência que
leva o sujeito à compulsão à repetição
O artigo contribui com uma leitura histórica referindo-se ao fato de que, nos
anos 50, 60 e 70 o que estava em pauta com a utilização de drogas pelo sujeito era
a sua utopia de pretensão de encantamento do mundo, já nos anos 80 e 90 o que
ficou em pauta foi o desencantamento do mundo em decorrência de outras
modalidades de subjetivação da performace do sujeito na atualidade. A performance
do sujeito se fundaria numa atividade permanente e insistente do sujeito, que
enuncia um gozo fálico que coloca em evidencia uma feminilidade inaceitável e
repudiada, colocando em pauta uma afirmação permanente da masculinidade
implicando uma virilidade como valor moral, tanto para homens e mulheres. No que
concerne à virilidade performática a propagação da violência e da crueldade é um
dos efeitos mais expressivos desta modalidade de subjetivação, que se construiu
evidenciando o uso de drogas ilícitas, porém não se restringe a essa modalidade do
uso de drogas, mas sim as drogas prescritas pela medicina.
O texto aponta para o fato de que o tráfico das drogas ilícitas cresceu muito e
a comercialização dos psicotrópicos se transformou em uma das mercadorias mais
valorizadas no mundo contemporâneo, logo a indústria farmacêutica expandiu
bastante seus lucros acumulando riquezas, porém quase não se fala nada sobre
essa expansão, que se justifica pelas finalidades terapêuticas e para a promoção do
bem e não do mal da população, contrariando assim as drogas ilícitas. O uso legal
dos psicofármacos produziu uma diminuição aparente nos sujeitos no que diz
respeito à dor e angustia isso seria, enfim, o que dá garantia ao consumo de
psicotrópicos pelas pessoas hoje. Pode-se dizer que a desconstrução do espaço
público e na inflação correlatas do espaço privado de forma a produzir intimidade na
existência do sujeito em espaços públicos se desdobraria na cultura do narcisismo
como marca fundamental nas formas de subjetivação, que promoveria a corrosão do
caráter do sujeito.
O artigo trouxe de forma positiva uma análise para o fato de que, essas
transformações sociais remeteram a novos processos de globalização da economia
internacional e a constituição do neoliberalismo. O Estado então, se transformou em
mercadoria, a sociedade em mercado e o cidadão em consumidor e neste contexto
social cada indivíduo foi transformado numa microempresa e num empresário de si
mesmo em todos os campos das práticas sociais, como disse Foucault. Em
decorrência do desemprego que cresce acelerado, a rivalidade social entre os
trabalhadores aumentou em nome da disputa dos postos de trabalho que se
reduzem a cada dia e isso vai se desdobrando rapidamente para um mal-estar social
e psíquico gerando angustia e perda da estima de si. O mal-estar foi assim
configurado como condição concreta de possibilidade para promover a
psiquiatrização das individualidades em nossos dias, portanto, é por essa via que os
indivíduos são regulados hoje em dia. O processo de psiquiatrização do mal-estar se
fundou nos discursos da neurobiologia e da psicofarmacologia, por um lado, e na
expansão da psicologia comportamental, pelo outro.