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Resumo

A perspectiva existencial diante da comunidade carente de recursos


socioeconômicos

Alunos: Dilucas Santana

Diante do crescimento populacional, a nível mundial, das comunidades em favelas,


o autor justifica a importância da realização do estudo uma vez que a literatura até
então não tem se mostrada próxima da realidade da práxis no campo. Dessa forma
suas ponderações partirão de uma perspectiva pós-moderna.

Após um breve apanhado histórico do núcleo de atendimento da comunidade onde


desenvolveu seu trabalho profissional, o autor constata que a realidade que
encontrara na comunidade lhe deixou em lugar de pôr em xeque suas preferências
teóricas por não terem sido estruturadas para a realidade em que o mesmo estava,
e técnicas por perceber que a utilização destas esvaziava o encontro distanciando-
se da relação com o cliente.

Deveras o atendimento na comunidade traz consigo uma gama de nuances que


desafiam a psicologia tradicional, situações que envolvem o narcotráfico e a
segurança do ambiente de atendimento, o contexto socioeconômico dos usuários, o
abuso de substâncias psicoativas, etc. Diante de tão distintas variáveis o autor
sustenta sua aproximação de métodos mais pré-reflexivos antepredicativos por seu
aspecto mais holístico.

O autor relata várias situações onde suas referências teóricas "importadas" não se
mostraram compatíveis com a realidade em que se implicava de maneira que
começou a refletir sobre aspectos éticos e teóricos inerentes a Psicologia, tais como
o tempo de atendimento, questões de sigilo em decorrência a condições estruturais
precárias, a impossibilidade de atender parentes, o curioso paradoxo de crianças
espertas/problemas que não rende na escola e as implicações do sistema
educacional entre outros.

A crítica a sistemas "importados" não se dá pela inadequação global da referência


teórica. O autor faz referência a obra de Rogers e a ACP como abordagem utilizada
por ele durante certo tempo. De fato, a abordagem criada por Rogers traz acervo
teórico para a prática em grupos, aconselhamento psicológico e plantão, sendo
compatível com a realidade em comunidades, todavia a crítica se dá muito mais aos
aspectos socioeconômicos da realidade norte americana do século passado, onde a
teoria em questão nasceu em paralelo as mesmas questões na realidade do
profissional inserido em uma comunidade brasileira nos dias atuais. A disparidade
entre às realidades geram diferenças que não devem ser desconsideradas e é
sobre isso que o autor desce críticas.

Um aspecto importante levantado pelo autor é a validade desse tipo de trabalho


realizado nas comunidades, para além dos parâmetros tradicionais, não só o
trabalho propriamente dito, mas a simples presença dos profissionais na
comunidade gera resultados que uma análise mais tradicionalista possa deixar
passar em branco. Perceber que o trabalho feito pelo Centro e seus colaboradores
geraram reconhecimento e respeito não só dos usuários, mas até dos agentes do
narcotráfico é um ponto a ser reconhecido.

O autor finaliza refletindo como a favela é, visivelmente, um lugar de movimento, um


lugar de mudança, um lugar onde há possibilidade de vir a ser. Não só fisicamente,
como pode ser facilmente constatado pela construção de novas habitações,
reformas, etc. Mas da possibilidade de mudança imaterial, humana e como a práxis
"descompromissada" com os modelos tradicionais tornam o novo, o inesperado, o
adverso um instrumento para a maturação e crescimento pessoal.

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