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Cantar o rio que vem: diáspora e composição de mundo em barrankeiro, de marku

ribas.
Brenda K. Souza Gomes1
Jordhanna Neris Sampaio Cavalcante2

Esta proposta de comunicação é, assim como um rio que se bifurca, um modo de


tracejar um encontro entre perspectivas que atravessam o nosso trabalho e que, a
despeito de lidar com "objetos" distintos, estão firmadas num mesmo território. Desse
modo, propomos, a partir da leitura do álbum Barrankeiro (1978), do compositor Marku
Ribas, pensar como a música é uma ferramenta capaz de organizar um território
geográfica e simbolicamente, no interior dos fluxos migratórios que formam
determinada localidade. Nesse disco, especificamente – que leva no nome um adjetivo
“gentílico”, para dizer do sujeito que experimenta a vida estando à margem de um rio –,
a voz que guia as narrativas presentes nas canções nos apresenta um espaço aberto às
contingências, rupturas e continuidades provocadas pela possibilidade do trânsito sobre
as águas. As águas as quais o músico se refere ao longo dessa produção – e que
possibilitam toda natureza de deslocamentos – não recaem na generalidade, mas dizem
respeito ao rio São Francisco, o rio da integração nacional. No interior do Barrankeiro,
Marku Ribas reafirma ser um sujeito tributário das tradições constituídas pelos
encontros afro atlânticos na diáspora africana. Ao cantar sobre como a cidade a beira-rio
se forma, ele recupera a natureza desses fluxos, os reitera, nos comunicando inclusive as
outras dinâmicas internas desses movimentos de migração. Para possibilitar que essa
conversação aconteça, partimos dos resultados provisórios recolhidos no acervo pessoal
do compositor e das narrativas de sujeitos que estão implicados nesses fluxos cantados
em Barrankeiro.
Palavras-chave: Marku Ribas; território; Pirapora-MG; diáspora; fluxos migratórios.

1
Doutoranda em Literatura – PÓS-LIT/UnB.
2
Doutoranda em Antropologia – PPGAS/UnB.

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