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MATÉRIA: Direito Civil

PROFESSOR: Murilo Sechieri


AULA E DATA: Aula 03 – 12.02.2010

PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL – PESSOAS - Personalidade jurídica

● Extinção

- Espécies de morte (continuação)

Observação: Comoriência - é a presunção de mortes simultâneas que se aplica quando 02 ou


mais pessoas tiverem falecido na mesma ocasião e não for possível estabelecer a precedência
das mortes (ausência de qualquer elemento de prova). O objetivo é impedir a transmissão de
direitos entre eles.

Embora não exista transmissão de direito hereditários entre os comorientes, é possível que um
deles seja representado por sua estirpe na sucessão do outro. Por exemplo, os netos
representam o pai na herança do avô.

Para alguns, a comoriência deve ser aplicada ainda que as mortes tenham ocorrido por eventos
diversos, desde que, ocorridos concomitantemente.

● Ausência (arts. 22 a 39, Código Civil)

Ausente é aquele que desaparece de seu domicílio sem deixar notícias ou procurador para
administrar seus interesses. Também haverá ausência quando o procurador não puder ou não
quiser exercer o mandato.

- Procedimento judicial

O procedimento é escalonado; desenvolve-se em 03 fases1:

1ª Fase - Administração provisória ou curadoria de ausentes

Em primeiro lugar é necessária a notícia do desaparecimento (por qualquer interessado) ao


juiz, após o que o juiz, convencido da ausência, proferirá sentença declarando-a.

Nessa sentença, o juiz também determina a arrecadação dos bens, nomeia curador, determina
a publicação de editais (por um ano, de 02 em 02 meses) e procede ao registro da sentença no
Registro Civil (art. 9º, IV, CC).

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O objetivo do legislador ao fixar fases para este procedimento é compatibilizar a tomada das medidas judiciais
que se farão necessárias com o estado de espírito dos familiares do ausente.

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“Art. 9º. Serão registrados em registro público:
[...]
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.”

2ª Fase - Sucessão provisória

Também exige requerimento de abertura por qualquer interessado (curador, herdeiros, credor
do ausente, Ministério Público), após 01 ano da arrecadação dos bens, segundo o art. 26,
Código Civil. O Código de Processo Civil, que estabelece que o prazo deve ser contado a
partir da publicação dos editais, fica revogado em relação a esta matéria, em vista do critério
temporal.

“Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou
procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se
abra provisoriamente a sucessão.”

Observação: O prazo será de 03 anos na hipótese de o ausente ter deixado algum procurador.

A sentença implica na abertura de testamento, realização de inventário e de partilha, tudo


como se o ausente fosse morto.

Os herdeiros serão beneficiados apenas com a posse dos bens (pois é possível a volta do
ausente), o que só ocorre após 06 meses do trânsito em julgado que autorizou a abertura da
sucessão provisória. No caso de retorno do ausente, ele terá direito a reaver os bens. O
legislador, preocupado com tal circunstância, exigiu que, para serem emitidos na posse dos
bens, os herdeiros prestassem alguma garantia.

Foram dispensados da prestação dessa garantia os descendentes, ascendentes e cônjuge


(presumidos como confiáveis pelo legislador). Assim, será exigida garantia por parte dos
herdeiros que forem colaterais do ausente e também dos eventuais sucessores testamentários.
Se forem contemplados colaterais, serão obrigados a capitalizar metade dos frutos gerados
pelos bens.

3ª Fase - Sucessão definitiva

Só a partir dela é que se presume a morte do ausente. Até então, o ausente é tratado como
vivo.

A sucessão provisória pode ser convertida em definitiva em 03 hipóteses: próxima aula.

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